Você está na página 1de 9

Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.559.749 - SP (2019/0240491-7)

RELATOR : MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK


AGRAVANTE : FELIPE DONIZETH CALCAVARA
ADVOGADO : LEOPOLDO DALLA COSTA DE GODOY LIMA - SP236409
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
EMENTA

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. 1) VIOLAÇÃO AO ART. 155 DO
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL – CPP. PROVA DA MATERIALIDADE
E INDÍCIOS DE AUTORIA SUFICIENTES PARA EMBASAR A DECISÃO
DE PRONÚNCIA. 2) REVISÃO DE ENTENDIMENTO QUE DEMANDA
INCURSÃO NA SEARA FÁTICO-PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DO ÓBICE
DA SÚMULA N. 7 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA – STJ. 3) A
FASE DE PRONÚNCIA SE CARACTERIZA COMO JUÍZO DE
ADMISSIBILIDADE DA ACUSAÇÃO, NA QUAL VIGORA O PRINCÍPIO DO
IN DUBIO PRO SOCIETATE. 4) AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Não há que se falar em violação ao art. 155 do Código de
Processo Penal, uma vez que as instâncias ordinárias, com base no
acervo probatório dos autos, entenderam existente prova da materialidade
e indícios de autoria delitiva imprescindíveis à pronúncia.
2. Para se concluir de forma diversa do entendimento
consignado pelas instâncias ordinárias, seria inevitável o revolvimento das
provas carreadas aos autos, procedimento sabidamente inviável na
instância especial. A referida vedação encontra respaldo no enunciado n.
7 da Súmula desta Corte, verbis: "A pretensão de simples reexame de
prova não enseja recurso especial".
3. A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que,
a sentença de pronúncia, que configura juízo da admissibilidade da
acusação, não demanda a certeza necessária à sentença condenatória,
uma vez que as eventuais dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se
em favor da sociedade - in dubio pro societate.
4. Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima


indicadas, acordam os Ministros da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, negar provimento ao agravo regimental.
Os Srs. Ministros Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador
convocado do TJ/PE), Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Ribeiro Dantas
votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 05 de dezembro de 2019(Data do Julgamento)


Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 1 de 4
Superior Tribunal de Justiça

MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK


Relator

Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.559.749 - SP (2019/0240491-7)

AGRAVANTE : FELIPE DONIZETH CALCAVARA


ADVOGADO : LEOPOLDO DALLA COSTA DE GODOY LIMA - SP236409
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK:


Cuida-se de agravo regimental interposto por FELIPE DONIZETH
CALCAVARA em face de decisão monocrática proferida pela Presidência desta Corte,
às fls. 947/949, que conheceu do agravo para não conhecer do recurso especial, com
base no art. 21-E, inciso V, do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça –
RISTJ, em razão da incidência do óbice da Súmula n. 7 do Superior Tribunal de Justiça
– STJ.
No presente regimental, o agravante sustenta a desnecessidade de
reexame de provas, mas a revaloração dos aspectos fáticos. Repisa os argumentos do
recurso especial, no sentido de que o acórdão recorrido violou o disposto no art. 155 do
Código de Processo Penal – CPP, uma vez que manteve a pronúncia do recorrente
sem prova da autoria, com base na versão apresentada na delegacia de polícia, sem a
respectiva corroboração em Juízo.
Requer o provimento do agravo regimental para apreciar o mérito do
recurso denegado.
O Ministério Público Federal opinou pelo não provimento do agravo
regimental, mantendo-se a decisão agravada (fls. 970/971).
É o relatório.

Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 1.559.749 - SP (2019/0240491-7)

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO JOEL ILAN PACIORNIK (RELATOR):


Em que pesem os argumentos veiculados no presente agravo regimental,
a decisão agravada deve ser mantida.
Conforme consignado na decisão agravada, a pretensão recursal
demanda o reexame do acervo fático-probatório carreado aos autos. O voto condutor
assim se posicionou quanto à controvérsia, no que importa, verbis (fls. 892/896):

Respeitados os argumentos expostos nas razões de


inconformismos, a r. decisão recorrida foi acertada, devendo assim
prevalecer para que os acusados possam ser julgados oportunamente
pelo Tribunal do Júri da comarca de Rio Claro.
Como é sabido, no presente momento da persecução penal
não há cogitar sobre a cognição exauriente da prova até então trazida
para os autos, importando, apenas o reconhecimento da admissibilidade
da acusação nos termos do atual art. 413 do Cód. de Processo Penal.
Assim sendo, não é demais assinalar que a impronúncia ou
a absolvição sumária, considerado o princípio norteador da fase do
iudicium accusationis, só são cabíveis quando os indícios relativos à
autoria ou materialidade delitiva forem absolutamente insuficientes para a
caracterização da justa causa da imputação, ou quando demonstrada,
estreme de dúvidas, hipótese de exclusão do crime ou da pena, o que, a
despeito do esforço das defesas, não é o caso.
O momento oportuno para o aprofundado exame e
valoração da prova é o julgamento em plenário.
Fixados estes parâmetros e, dessa forma, considerados os
elementos de prova colhidos ao longo da persecução penal como dispõe
o atual art. 413, § 1°, do estatuto processual, não há como acolher a tese
defensiva de negativa de autoria apresentada pelos recorrentes.
Com efeito, a materialidade delitiva (laudo de exame
necroscópico - fls. 101/103; e laudos periciais) e a autoria aos recorrentes
atribuída, a princípio, restaram demonstradas.
Pelo que se infere dos autos, os recorrentes, mediante
motivo fútil, consistente em ciúmes por parte do acusado Matheus
Gustavo e em dívida de tráfico por parte de Guilherme, através de
recurso que dificultou a defesa do ofendido, pois pego de surpresa e
desarmado, teriam ceifado a vida de Matheus Lucas Alves de Jesus,
executando-o com 9(nove) disparos de arma de fogo.
Há elementos de prova nos autos que indicam que a vítima,
segundo o testemunho extrajudicial do genitor José Marcos (fls. 57/58),
traficava entorpecentes para o acusado Guilherme e, por conta disso,
Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 4 de 4
Superior Tribunal de Justiça
tinha dívida com ele.
Por outro lado, como confirmaram as testemunhas Marcos
Vinícios (fls. 464) e Rafael (fls. 634 CD), o recorrente Matheus Gustavo já
havia agredido fisicamente a vítima, e a teria jurado de morte pelo fato de
ela ter um relacionamento amoroso com a sua ex-namorada.
Portanto, os elementos indiciários dos autos indicam que
Matheus Gustavo planejou a morte da vítima com os demais recorrentes.
No dia, Felipe, utilizando-se de um automóvel Parati buscou a vítima
Matheus Lucas em sua residência sob o pretexto de que o
acompanhasse até a igreja; mas, na sequência, dirigiu-se até a casa de
Guilherme e o pegou, tomando outro rumo, quando, então,
encontraram-se com os demais recorrentes Matheus Gustavo e Jonatan,
os quais ocupavam um veículo Gol, que deixaram para ingressar também
na Parati guiada por Felipe. Juntos levaram a vítima até o local onde a
executaram com nove disparos de arma de fogo.
Há imagens nos autos do automóvel Parati próximo ao local
onde o corpo da vítima foi encontrado, sendo que em seu interior foi
apreendida uma bermuda com manchas de sangue. Já no interior do
veículo, Gol, localizou-se uma caixa vazia de munição calibre 7.65
idênticas as que alvejaram a vítima como demonstrado pelas perícias.
Daí que, por ora, as negativas de autoria sustentadas pelos
recorrentes (fls. 612/619) não convencem, sendo que até o momento,
eles não lograram infirmar o conjunto de provas incriminatório.
Portanto, inviável a absolvição sumária ou a impronúncia
dos recorrentes nesta fase do procedimento, pois, por enquanto, não há
dúvida do acerto da imputação.
Acrescente-se, ainda, que as qualificadoras do motivo fútil e
do recurso que dificultou a defesa da vítima, como se viu acima, não
atentam contra a prova, e não têm como ser excluídas da imputação,
devendo ser deixadas ao escrutínio dos Jurados, já que somente
poderiam ser rechaçadas se manifestamente impertinentes, o que não é
a hipótese.
[...]
Assim, pese o esforço da defesa técnica, nesta fase
processual, em que são necessários, como dito, apenas razoáveis
indícios de autoria e materialidade, vigorando o princípio do in dubio pro
societate, os elementos de prova referidos constituem suporte suficiente
para a pronúncia.

Da análise dos trechos acima transcritos, verifica-se que as instâncias


ordinárias, com base no acervo probatório dos autos, entenderam existente prova da
materialidade e indícios de autoria imprescindíveis à pronúncia, tendo consignado,
ainda, que nesta fase processual, em que são necessários apenas razoáveis indícios
de autoria e materialidade, vigora o princípio do in dubio pro societate.
De fato, para se concluir de forma diversa do entendimento consignado
pelas instâncias ordinárias, seria inevitável o revolvimento das provas carreadas aos
Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 5 de 4
Superior Tribunal de Justiça
autos, procedimento sabidamente inviável na instância especial. A referida vedação
encontra respaldo no enunciado n. 7 da Súmula desta Corte, verbis: "A pretensão de
simples reexame de prova não enseja recurso especial".
Nesse sentido, são os precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO DESCLASSIFICAÇÃO.
PRESENÇA DE ELEMENTOS AUTORIZADORES DA PRONÚNCIA.
REVISÃO INVIÁVEL. REEXAME DO ACERVO
FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO
SOCIETATE. INSURGÊNCIA DESPROVIDA.
1. A decisão de pronúncia não exige a existência de prova
cabal da autoria do delito, sendo suficiente a mera existência de indícios
da autoria, devendo estar comprovada, apenas, a materialidade do crime.
2. O Tribunal estadual concluiu pela presença de
indícios de autoria e materialidade a fim de sustentar a decisão de
pronúncia, considerando os elementos produzidos durante a
instrução, sobretudo os depoimentos testemunhais.
3. A desconstituição do julgado, no intuito de abrigar o
pleito defensivo de desclassificação da conduta, não encontra
espaço na via eleita, porquanto seria necessário aprofundado
revolvimento do contexto fático-probatório, providência incabível em
recurso especial, conforme já assentado pelo enunciado n. 7 da
Súmula desta Corte.
4. "A legislação em vigor admite como prova tanto a
testemunha que narra o que presenciou, como aquela que ouviu. A
valoração a ser dada a essa prova é critério judicial, motivo pelo qual não
há qualquer ilegalidade na prova testemunhal indireta" (HC 265.842/MG,
Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, Rel. p/ Acórdão Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 16/08/2016, DJe 01/09/2016).
5. Agravo regimental desprovido (AgRg no AREsp
1446019/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe
2/8/2019).

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL


NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. JÚRI. HOMICÍDIO.
PRONÚNCIA. ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA. REEXAME DO ACERVO
FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7 DO STJ. EXCLUSÃO DAS
QUALIFICADORAS. IMPOSSIBILIDADE. SOMENTE PODEM SER
AFASTADAS QUANDO MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTES.
CONCESSÃO DE HABEAS CORPUS, DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE
DIANTE DA AUSÊNCIA DE FLAGRANTE ILEGALIDADE. AGRAVO
NÃO PROVIDO.
1. A Corte de origem confirmou a sentença de
pronúncia por entender haver indícios de materialidade e autoria do
delito de homicídio, bem como ressaltou que "não havendo prova
robusta e inconteste a infirmar a qualificadora considerada na
Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 6 de 4
Superior Tribunal de Justiça
pronúncia, a decisão nesse sentido deve ser reservada ao Conselho
de Sentença, sob pena de violação à cláusula garantista inserta no
art. 5º, XXXVIII, da CRFB/88" (e-STJ, fl. 566).
2. Para alterar a conclusão a que chegaram as
instâncias ordinárias e decidir pela absolvição sumária do
recorrente, ou para excluir as qualificadoras, demandaria,
necessariamente, revolvimento do acervo fático-probatório
delineado nos autos, procedimento que encontra óbice na Súmula
7/STJ, que dispõe: "a pretensão de simples reexame de prova não
enseja recurso especial."
3. Esta Corte entende que, ao se prolatar a decisão de
pronúncia, as qualificadoras somente podem ser afastadas quando se
revelarem manifestamente improcedentes, o que não é o caso dos autos.
(Precedentes).
4. Não sendo possível se vislumbrar a ocorrência de
ilegalidade flagrante ou de constrangimento ilegal, resta descabida a
concessão de habeas corpus, de ofício.
5. Agravo regimental não provido (AgRg no AREsp
1258682/TO, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe
1º/3/2019).

Ademais, o acórdão impugnado está em consonância com a


jurisprudência desta Corte, firmada no sentido de que "a decisão de pronúncia encerra
simples juízo de admissibilidade da acusação, satisfazendo-se, tão somente, pelo
exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria. A pronúncia não demanda
juízo de certeza necessário à sentença condenatória, uma vez que as eventuais
dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se em favor da sociedade - in dubio pro
societate" (AgRg no AREsp 1276888/RS, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA
TURMA, DJe 25/3/2019).
Nesse sentido:

RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO DUPLAMENTE


QUALIFICADO TENTADO. PRONÚNCIA. QUALIFICADORAS.
MOTIVO TORPE. RECURSO QUE IMPOSSIBILITOU A DEFESA DAS
VÍTIMAS. AFASTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. USURPAÇÃO DA
COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE SENTENÇA.
1. A decisão de pronúncia encerra simples juízo de
admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico
somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua
autoria, não se demandando aqueles requisitos de certeza
necessários à prolação de um édito condenatório, sendo que as
dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se contra o réu e a favor
da sociedade, conforme o mandamento contido no art. 413 do
Código Processual Penal.

Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 7 de 4
Superior Tribunal de Justiça
[...]
6. Na fase de pronúncia, eventuais dúvidas estão
sujeitas ao princípio in dubio pro societate, e devem ser dirimidas
em momento próprio, pelo Conselho de Sentença, por ocasião do
julgamento em plenário.
7. Recurso provido (REsp 1745982/RS, Rel. Ministro
JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, DJe 26/9/2018).

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. REBELIÃO. HOMICÍDIOS TENTADOS E CONSUMADOS,
LESÕES CORPORAIS, ARREBATAMENTO DE PRESOS, MOTIM DE
PRESOS, DANO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO, INCÊNDIO E
FORMAÇÃO DE QUADRILHA. SENTENÇA DE
PRONÚNCIA.ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE PROVAS:
DESCUMPRIMENTO DO ART. 414, CPP. INOCORRÊNCIA.
PRINCÍPIO IN DUBIO PRO SOCIETATE.
1. É de competência exclusiva do Tribunal do Júri o
julgamento de crimes dolosos contra a vida. Por esse motivo, o
magistrado de primeiro grau exerce mero juízo de admissibilidade da
acusação, quando convencido da materialidade do delito e da existência
de indícios suficientes de autoria.
2. Nesta fase processual, por conseguinte, somente é
possível absolver o acusado sumariamente quando provados a
inexistência do fato ou não ser ele o autor ou partícipe do evento, o fato
não constituir infração penal ou quando demonstrada causa de isenção da
pena ou de exclusão do crime, nos termos do artigo 415, CPP.
3. Todavia, se remanescerem dúvidas quanto a essas
questões, o réu deve ser pronunciado, por força do princípio in
dubio pro societate e a fim de que não seja usurpada a competência
do Tribunal do Júri.
4. Assim, não sendo o réu capaz de dirimir as dúvidas
suscitadas pelas provas que o apontam como autor do fato, deve ser
mantida a pronúncia, a fim de que os questionamentos sejam
resolvidos pelo Conselho de Sentença. Precedentes.
Agravo Regimental não provido (AgRg no AREsp
1231175/RJ, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
TURMA, DJe 2/4/2018).

Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao agravo regimental.

Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 8 de 4
Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2019/0240491-7 AREsp 1.559.749 /
SP
MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 00023560520148260510 23560520148260510 287/2014 2872014

EM MESA JULGADO: 05/12/2019

Relator
Exmo. Sr. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RIBEIRO DANTAS
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. ÁUREA M. E. N. LUSTOSA PIERRE
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL

AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : FELIPE DONIZETH CALCAVARA
ADVOGADO : LEOPOLDO DALLA COSTA DE GODOY LIMA - SP236409
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO
CORRÉU : MATHEUS GUSTAVO LEITE DA SILVA
CORRÉU : JONATAN ALVES RIBEIRO
CORRÉU : GUILHERME FELIPE DE OLIVEIRA

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes contra a vida - Homicídio Qualificado

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : FELIPE DONIZETH CALCAVARA
ADVOGADO : LEOPOLDO DALLA COSTA DE GODOY LIMA - SP236409
AGRAVADO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental."
Os Srs. Ministros Leopoldo de Arruda Raposo (Desembargador convocado do TJ/PE),
Jorge Mussi, Reynaldo Soares da Fonseca e Ribeiro Dantas votaram com o Sr. Ministro Relator.

Documento: 1898491 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 16/12/2019 Página 9 de 4

Você também pode gostar