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MANUAL DE ENERGIA SOLAR

1 – APROVEITAMENTO DA ENERGIA SOLAR

2. Aproveitamento da energia
1. Introdução
solar

Arranjo fotovoltaico na residência do autor, potência: 4,1 Figura 1: Formas de aproveitar a energia solar
kWp, primeiro SFCR do Rio de Janeiro
Existem, basicamente, duas formas de se
A convite da revista O Setor Elétrico começamos
aproveitar a energia solar (fig. 1): aquecimento
em janeiro de 2019 um manual de energia solar.
solar e energia fotovoltaica. O aquecimento solar
Ele tem como objetivo ensinar as etapas para
aproveita a energia térmica em que se transforma
projetar um sistema fotovoltaico conectado à
a irradiação solar quando atinge um corpo.
rede (SFCR).
O corpo pode ser um coletor solar, onde o calor
Iniciamos com uma introdução, situando este do sol é transferido para a água que percorre o
tipo de sistema dentro das formas de coletor e encaminhada para o reservatório. O uso
aproveitamento da energia solar para, então, final é água quente para tomar banho, para uso
abordar uma visão geral dele. em cozinhas ou em processos industriais.

A estrutura dos fascículos segue aquela que se Aquecimento de ar é outra tecnologia simples e
mostrou eficaz nos cursos ministrados desde empregada em regiões com clima moderado, mas
2012 na nossa empresa Solarize. nunca ganhou grande escala. Resfriamento solar
transforma o calor em frio, usando maquinas de
O detalhamento das matérias segue o espaço gelo. Como é uma tecnologia bem mais complexa
disponível na revista. Se pretender empreender do que a combinação de energia fotovoltaica com
nesta área recomendamos fortemente participar aparelhos de ar condicionado comuns, ela perdeu
de um curso reconhecido que entra em muito viabilidade na medida que os painéis
mais detalhes e oferece treinamento prático. fotovoltaicos caíram de preço.

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Figura 2: Tipos de sistemas fotovoltaicos

Usinas termossolares concentram a irradiação Aplicações novas incluem pontos de aluguel de


mediante espelhos para aquecer um fluído e bicicletas, para os quais uma instalação elétrica
gerar energia numa turbina. A vantagem é o fixa seria muito onerosa frente ao baixo consumo
armazenamento da energia térmica por algumas de energia.
horas após o pôr do sol e a consequente geração
O custo das baterias e a capacidade limitada delas
de eletricidade no horário de pico.
torna sistemas autônomos desinteressantes
onde há opção para usar a rede da
3. Tipos de sistemas concessionária.
fotovoltaicos Postes solares também ganham na simplicidade
Podemos dividir os sistemas fotovoltaicos em três da instalação, porém devem ser avaliados
grupos (fig. 2). O primeiro é representado por financeiramente em longo prazo por causa da
bombas solares, única aplicação onde os módulos troca das baterias no final da vida útil.
fotovoltaicos são conectados diretamente a um
Localidades afastadas, como sítios ou aldeias na
aparelho. Estas bombas adaptam sua velocidade
região amazônica, frequentemente contam com
à energia disponível e são indicadas em locais
mais do que uma fonte de energia: solar, eólica e
sem rede elétrica, como fazendas.
gerador a diesel. Neste caso, o gerador é ligado
somente em última necessidade, por causa do
3.1. Sistemas autônomos (off-grid)
custo de combustíveis e manutenção. A
A característica principal de sistemas autônomos combinação requer um controle automatizado
é o armazenamento da energia em baterias, para que atenda às características de cada fonte.
uso à noite ou em dias chuvosos. Essa tecnologia
O termo “sistema híbrido” pode gerar confusão,
já é empregada há muitas décadas em localidades
porque é usado tanto para sistemas que usam
sem acesso à rede elétrica, aplicações
fontes diferentes, explicados acima, quanto para
automatizadas, como pontos de transmissão
inversores conectados à rede com baterias, que
telefônica ou estações meteorológicas.
serão abordados em seguida.

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3.2. Sistemas conectados à rede 4. Conexão do sistema solar à


(on-grid) instalação predial
Usinas representam o tipo clássico de sistemas
conectados à rede: toda a energia gerada é
escoada instantaneamente à rede da
concessionária, sem armazenamento local. Essa
modalidade é denominada de Geração
Centralizada (GC).
A Geração Distribuída (GD) ocorre em locais onde
há consumo próprio, como residências, prédios
ou empresas. A energia gerada é aproveitada em
primeiro lugar na instalação local, e apenas o
excedente é injetado na rede da concessionária.
No Brasil, a legislação determina que a
concessionária devolva a energia injetada em Figura 3: Esquema da instalação predial com sistema solar

outro horário, como se fosse uma bateria Na geração distribuída, o sistema solar é
(compensação em net-metering). introduzido em uma unidade de consumo que é
formada por consumidores (iluminação, motores,
Há duas situações distintas onde a combinação
refrigeração etc.), conectados a um quadro de
com baterias em sistemas híbridos pode ser
distribuição, que recebe energia da rede da
interessante: no nobreak solar, a energia
concessionária com medição unidirecional do
armazenada é revertida quando a rede da
consumo.
concessionária falha. Neste caso, a potência e a
autonomia do nobreak devem ser dimensionados O sistema solar é composto por
conforme carga a ser alimentada, similarmente a
• um arranjo fotovoltaico, um conjunto de
sistemas autônomos. módulos fotovoltaicos interligados, que
Já o gerenciamento de energia por baterias é gera a energia em corrente contínua,
usado na Europa e nos Estados Unidos: durante o • e inversor(es) que transformam a energia
gerada para corrente alternada em
dia armazena-se a energia para convertê-la à
sincronismo com a rede.
noite, durante o horário da ponta. No Brasil, esta
opção começa a ficar viável em regiões com O sistema solar é conectado à instalação predial
grande diferença entre as tarifas da ponta e fora em algum quadro de distribuição adequado (fig.
da ponta. 3), não necessariamente o quadro do ponto de
conexão. Após aprovação da instalação, a
Os fascículos que publicaremos ao longo deste concessionária substitui o medidor por um
ano focarão em sistemas de geração distribuída. modelo bidirecional que mede a energia
consumida e a energia injetada, de forma
independente. As duas leituras são usadas para
emitir a conta de energia a cada mês
(abordaremos detalhes em outro fascículo).

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5. Funcionamento dinâmico ao chaveamento. O inversor simplesmente gera


energia em uma tensão levemente superior à da
longo do dia rede, o que garante o escoamento preferencial.
A situação descrita acima ocorre em diversas
ocasiões, não somente numa passagem de
nuvens:
• No início e no final do dia, quando a
irradiação é baixa
• Em dias nublados ou chuvosos
• Quando o consumo supera a geração,
mesmo em dias ensolarados
• Na ocasião de defeitos do sistema solar
Observamos um ponto muito importante: o
funcionamento dos aparelhos não depende do
sol ou do sistema solar. Os moradores ou
funcionários da empresa não precisam mudar sua
Figura 4: Fluxo da energia em geração solar superior ao
consumo rotina conforme o tempo – é a concessionária
que garante a alimentação da unidade.
Fig. 4 mostra o fluxo de energia em momentos
com geração superior ao consumo: do inversor, a
energia flui em direção ao quadro de distribuição.
Dali, ela alimenta os consumidores. O excedente
é injetado na rede da concessionária e
contabilizado pelo medidor de injeção.

Figura 6: fluxo da energia à noite

À noite (fig. 6) não ocorre mais geração solar


(aliás, é um mito que a lua consiga gerar energia)
e toda a energia é suprida pela rede da
concessionária.
Figura 5: Fluxo da energia com geração inferior ao consumo

Na fig. 5 observamos o momento de passagem de


uma nuvem. A energia gerada cai
instantaneamente e não supre mais a demanda
total dos consumidores. A energia da
concessionária complementa a energia solar.
A alimentação oscilante entre inversor e
concessionária funciona em fluxo natural, sem

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Figura 5: a falha da rede causa desligamento do inversor

A figura 5 mostra a situação da falta de energia. O


inversor desliga automaticamente, por duas
Figura 8: : Inversor com quadros de proteção
razões. Primeiramente, para evitar um choque no
técnico da concessionária. Segundo, porque o resfriamento que liga automaticamente
sistema solar sem baterias não consegue garantir quando o inversor esquenta;
a potência necessária para alimentar qualquer • Reduz carga térmica no prédio: a
aparelho. O desligamento automático é chamado cobertura recebe muito menos sol, o que
de proteção “anti-ilhamento” (mais detalhes no diminui a demanda por ar condicionado
fascículo sobre inversores) e a reconexão é na edificação.
automática. Um sistema de alta qualidade requer como
manutenção constante somente a limpeza dos
6. Características do sistema módulos, duas vezes ao ano, que é efetuada com
água e um pano macio. Apenas em locais com
fotovoltaico
elevada carga de sujeira atmosférica recomenda-
A instalação elétrica em uma residência ou uma se uma limpeza mais frequente.
empresa é simples, já que dispensa modificações
na instalação existente. Apenas no quadro da Além disso, uma revisão periódica da instalação
física e elétrica garante a longevidade com os
conexão é inserido mais um disjuntor (vemos
detalhes da instalação elétrica mais adiante). benefícios previstos.

O sistema solar traz as seguintes vantagens: 7. Previsão próximo fascículo


• Redução do custo de energia; No fascículo do próximo mês conheceremos as
• Maior autonomia: para muitas pessoas é
etapas da elaboração de um projeto fotovoltaico
importante saber que grande parte do
na visão macro.
consumo é gerado no próprio telhado;
• Silencioso: na maioria dos inversores só Acesse o manual completo aqui – é grátis!
se escutam os relês na hora de ligar.
Alguns poucos têm um cooler de

FiguraHans
O autor, 6: Inversor com quadrosédesócio-gerente
Rauschmayer, proteção da empresa Solarize Treinamentos
Profissionais Ltda, onde montou a abrangente grade de capacitação.
Reconhecido especialista em energia solar, ele já foi convidado para ensinar e
palestrar em universidades, instituições, congressos nacionais e internacionais
e vários programas de TV. Entre em contato pelo site www.solarize.com.br.

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