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CAIADO, Cristiane Faria.

​ A Guerra de Todos Contra Todos e a Formação dos Mercados


de Poder:​ A contemporaneidade de Thomas Hobbes. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos
em Sociologia Política da UFSC Vol.2 n.1 (2), janeiro-junho 2004, p 33-40.

Marina Barros Coelho1

Resenha crítica

Cristiane Faria Caiado é Mestre em Sociologia pela UFPR, e Docente pela


UPES-PR/FIC-PR. Em seu texto, objeto desta resenha, busca explicar a ideia de uma natureza
econômica do homem no pensamento de Thomas Hobbes, comparando-a com o modelo da
livre concorrência de Adam Smith, de forma a expor a contemporaneidade existente na
abordagem de Hobbes.
No primeiro tópico da obra, intitulado “O Valor Humano e o Poder”, a autora trata
sobre a concepção hobbesiana de valor de um indivíduo, que está diretamente relacionado ao
poder conferido a esse. Antes de se aprofundar nessa discussão, o introduz a obra “O Leviatã”
de forma simples, comentando que foi escrita num contexto marcado pela insegurança gerada
pelos climas revolucionários, que relaciona a estrutura do Estado com o desenvolvimento das
sociedades e que discute sobre a natureza humana conflituosa, argumentando que essa só seria
controlada na presença do Estado. Assim, a partir dessa última defesa, a do poder central,
Hobbes faz uma relação entre o poder de um indivíduo e o conceito de honra, além de
argumentar que as relações humanas seriam caracterizadas por disputas advindas da tendência
geral de todos: a busca incessante pelo poder.
Já no segundo tópico, denominado “A Abordagem Econômica dos Mercados
Competitivos”, Cristiane primeiro busca definir o que seria um mercado competitivo,
caracterizado pela presença de muitos compradores e vendedores, impedindo que esses,
individualmente, arbitrem o preço do que é produzido. Em seguida alega que, à luz do
pensamento hobbesiano, o nível de poder atribuído a cada indivíduo seria uma forma de
mercadoria, e que seria oferecida competitivamente, dada a sua utilidade. Além disso, ressalta
que, tal afirmação acerca da natureza do homem hobbesiano leva como base a origem
etimológica da palavra economia, que a autora traduz como ​o ato de administrar ou governar,
gastando-se pouco.
Posteriormente, ainda na discussão sobre mercados competitivos, trata da conceituação
de poder de Hobbes, que seria um intermédio que o indivíduo dispõe para obter um bem
futuro, e pode se manifestar de duas formas: o “poder natural” (ex.: força, beleza) e o “poder
instrumental” (ex.: riqueza, reputação). Assim, o valor conferido à uma pessoa seria
equivalente ao seu preço, quanto seria oferecido pelo uso de seu poder. A partir dessa
discussão, menciona a ligação, em Hobbes, do conceito de honra e de valor, e que somente é
merecedor de honra aquele que detém valor, ou seja, infere-se que o valor é representado pela
honra ou desonra que se recebe.

1
Acadêmica de Relações Internacionais na Universidade da Amazônia (UNAMA).
Por fim, relata que, nesse mercado existente no pensamento de Hobbes, o caráter
competitivo se dá pela questão de que o poder de cada um está em oposição ao poder de
outros, e a partir disso se torna coerente atacar uns aos outros com o objetivo de vencer ou
unicamente prevenir um possível ataque. Concluindo, diz que o objetivo final de Hobbes não
seria uma intervenção nesse mercado, e sim a sua substituição por um poder central (o
Estado).
O texto de Cristiane Caiado se mostra de suma importância para se aprofundar na obra
hobbesiana, e compreender não apenas o seu pensamento mais comumente difundido em
meios estudantis (fundamentos do estado moderno; teoria do contrato social), mas também o
viés econômico existente nela, na lógica de mercados competitivos exposta ao longo do texto,
o que mostra como a lógica e a abordagem de Thomas Hobbes ainda pode ser aplicada na
hodiernidade.

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