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DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 16. Ed.

rev. e ampl. – São Paulo: LTR, 2017. p. 1529-1531

Receitas Sindicais — A ordem justrabalhista brasileira faz menção a

quatro tipos de contribuições dos trabalhadores para sua respectiva

entidade sindical.

Trata-se da contribuição sindical obrigatória, da contribuição

confederativa, da chamada contribuição assistencial e das

mensalidades dos associados do sindicato.

A contribuição sindical obrigatória é a mais controvertida, do ponto

de vista político-ideológico, dessas receitas. Prevista na ordem jurídica

desde a implantação do tradicional sistema sindical corporativista, há várias

décadas, inicialmente sob a denominação de imposto sindical, foi, tempos

depois, rebatizada com epíteto mais eufemístico, ainda hoje prevalecente.

Encontra- -se regulada de modo minucioso pela CLT (arts. 578 a 610).

Trata-se de receita recolhida uma única vez, anualmente, em favor

do sistema sindical, nos meses e montantes fixados na CLT, quer se trate

de empregado, profissional liberal ou empregador (art. 580 e seguintes).

Ilustrativamente, no caso de empregado, este sofrerá o respectivo

desconto, na folha de pagamento do mês de março, à base do salário

equivalente a um dia de labor.

Derivada de lei e incidindo também sobre os trabalhadores não

sindicalizados, a receita tem indisfarçável matiz parafiscal. Com isso, atrai

severas críticas quanto à agressão que propiciaria aos princípios da


liberdade associativa e da autonomia dos sindicatos. Entretanto,

contraditoriamente, sua manutenção na ordem jurídica foi autorizada pelo

Texto Máximo de 1988 (art. 8º, IV, in fine: “independentemente da

contribuição prevista em lei”) — embora a regra constitucional não impeça a

revogação dos preceitos legais instituidores da verba.

A contribuição confederativa surgiu por previsão do próprio

Texto Constitucional de 1988, em seu art. 8º, IV: a assembleia geral fixará

a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será

descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da

representação sindical respectiva, independentemente da contribuição

prevista em lei.

É bastante óbvia a contradição da Lei Maior, sob o ângulo

democrático: não só manteve, como visto, a velha contribuição sindical de

origem celetista; foi além, permitindo a fixação de nova contribuição,

voltada ao financiamento da cúpula do sistema.

A jurisprudência dos Tribunais Superiores tem compreendido

que a contribuição confederativa somente é devida, entretanto,

pelos trabalhadores sindicalizados, não sendo válida sua cobrança

aos demais obreiros (Precedente Normativo n. 119, SDC/TST; Súmula n.

666, STF).

No tocante à contribuição assistencial, diz respeito, em regra, a

recolhimento aprovado por convenção ou acordo coletivo, normalmente

para desconto em folha de pagamento em uma ou poucas mais parcelas ao

longo do ano. Recebe também outras denominações, na prática trabalhista,


como taxa de reforço sindical, contribuição de fortalecimento

sindical, cota de solidariedade, etc.

Tem previsão genérica na CLT (art. 513, “e”). Embora o diploma

celetista estipule ser prerrogativa dos sindicatos impor contribuições a todos

aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das

profissões liberais representadas, está claro que o recolhimento tem de ser

aprovado na respectiva assembleia geral de trabalhadores.

A jurisprudência do TST, contudo, tem considerado inválida tal

contribuição quando dirigida a trabalhadores não sindicalizados, na

esteira do que também compreende com relação à contribuição

confederativa (PN 119, SDC/TST; OJ n. 17, SDC/TST). O argumento é

de que fere a liberdade sindical constitucionalmente assegurada a cobrança

encetada contra trabalhadores não sindicalizados, mesmo sendo efetivos

integrantes da respectiva base sindical.(21)

A diretriz dessa jurisprudência trabalhista dominante, entretanto —

ao reverso do que sustenta — não prestigia os princípios da liberdades

sindical e da autonomia dos sindicatos. Ao contrário, aponta restrição

incomum no contexto do sindicalismo dos países ocidentais com experiência

democrática mais consolidada, não sendo também harmônica à

compreensão jurídica da OIT acerca do financiamento autonômico das

entidades sindicais por suas próprias bases representadas. Além disso, não

se ajusta à lógica do sistema constitucional trabalhista brasileiro e à melhor

interpretação dos princípios da liberdade e autonomia sindicais na estrutura

da Constituição da República.
É que, pelo sistema constitucional trabalhista do Brasil, a negociação

coletiva sindical favorece a todos os trabalhadores integrantes da

correspondente base sindical, independentemente de serem (ou não)

filiados ao respectivo sindicato profissional. Dessa maneira, torna-se

proporcional, equânime e justo (além de manifestamente legal: texto

expresso do art. 513, “e”, da CLT) que esses trabalhadores também

contribuam para a dinâmica da negociação coletiva trabalhista, mediante a

cota de solidariedade estabelecida no instrumento coletivo negociado.

Naturalmente que sendo abusivo o montante fixado, pode ser

judicialmente corrigido quanto ao excesso, uma vez que a ordem jurídica

não autoriza, em qualquer situação, o abuso do direito.

Por fim, como última das quatro contribuições dos trabalhadores, há

que se citar as mensalidades dos associados do sindicato. Consistem em

parcelas mensais pagas estritamente pelos trabalhadores sindicalizados.

São modalidades voluntárias de contribuições, comuns a qualquer tipo de

associação, de qualquer natureza, e não somente sindicatos.

Assim entendemos que a única contribuição que era obrigatória para

os não sindicalizados era a contribuição sindical obrigatória que estava

contida nos artigo 578 à 610, sendo que era no valor de 1 (um) dia de

trabalho descontado de cada trabalhador no mês de março.

Destacamos que diante da lei 13.467/2017 houve alteração no

artigo 578, que assim dipõem:

Art. 578. As contribuições devidas aos

sindicatos pelos participantes das categorias


econômicas ou profissionais ou das profissões

liberais representadas pelas referidas

entidades serão, sob a denominação de

contribuição sindical, pagas, recolhidas e

aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo,

desde que prévia e expressamente

autorizadas.

Portanto hoje qualquer contribuição ao sindicado só deve ser

realizada desconto por meio de autorização do empregado ou por decisão

judicial.

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