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Gilvicentejudeu
Gilvicentejudeu
(O
O Auto da Barca do Inferno de Gil Vicente)
Vicente
Sub-unidade: o Judeu
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Sumário: Revisão dos fenómenos fonéticos. Leitura e análise da «cena» do Judeu.
Tipos de Cómico. Caracterização directa / Caracterização indirecta.
Competências gerais:
Competências transversais:
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Competências Conteúdos/ Recursos:
específicas conhecimento explicito:
Conhecimento
explicito: • Tipos de cómico: Ficha
-Apropriar-se, pela reflexão e Situação informativa
pelo treino, de conhecimentos Carácter
gramaticais que facilitem a Linguagem
compreensão do funcionamento
dos discursos e o
aperfeiçoamento da expressão
pessoal.
- Descobrir aspectos Caderno
fundamentais da estrutura e do • Fenómenos fonéticos
diário.
funcionamento da língua, a partir
de situações de uso.
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Operacionalização:
Depois, desta leitura, a professora pergunta aos alunos se estes fizeram a ficha de
trabalho relativa aos fenómenos fonéticos e pergunta se tiveram dificuldades ao fazê-la.
A partir daí, a professora diz, então, que vai recordar os fenómenos fonéticos dados na
aula passada e que para isso precisa da ajuda dos alunos. Mas, antes de se iniciar esta
revisão a professora pergunta aos alunos se estes sabem o porquê da língua ter evoluído
e o porque destes fenómenos acontecerem. Possivelmente, dirão que não sabem e, aí, a
professora explicará que a língua foi evoluindo ao longo dos tempos e evoluiu mediante
fenómenos que foram ocorrendo na língua de forma lenta e inconsciente ou através do princípio
do menor esforçam i.e. a tendência natural que os falantes têm para reduzir ao mínimo o esforço
necessário na pronúncia de certos fonemas. Os fenómenos fonéticos podem estar a ocorrer
há já algum tempo e os falantes não notarem porque a mudança foi gradativa, isto é, foi
ocorrendo lentamente ao longo do tempo até chegar aos vocábulos que conhecemos
hoje, como é o caso do vocábulo Fidalgo que derivou da aglutinação de três palavras:
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“filho de alguém”. Para clarificar ainda mais a questão da mudança linguística, a
professora escreve no quadro alguns exemplos como o “despois”, o“alevantar”, o
“home”; o “arrecuar” ou o “senhore” e pergunta aos alunos quais os fenómenos que
estão ali a ocorrer. A professora dá ainda como exemplo a palavra àgua e pergunta se as
avós deles não dizem de forma diferente a palavra àgua, se não dizem “auga”. Desta
forma, penso que os alunos ficarão mais motivados para a aula.
Após esta explicação, os alunos estarão, então, preparados para rever os fenómenos
fonéticos. Esta revisão é feita questionando os alunos acerca de cada fenómeno
individualmente. Para que haja participação de todos, a professora pode dirigir as
perguntas para alunos a nível individual.
Terminada esta parte, a professora diz aos alunos que a aula desse dia será acerca de
outra cena do Auto da Barca do Inferno: a «cena» do Judeu. Para introduzir a cena e a
personagem, a professora utiliza um pequeno excerto do Filme O Pianista que aborda a
temática da segunda guerra mundial e a perseguição aos judeus. Antes de se iniciar o
visionamento, a professora entrega aos alunos uma ficha informativa que servirá de
contextualização ao filme e às personagens, bem como de apoio para a compreensão do
mesmo. (Anexo 1) É pedido aos alunos que vão preenchendo a ficha à medida que o
filme é visionado.
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os séculos da inquisição, os judeus foram excluídos, massacrados, convertidos e
expulsos, inclusive, do nosso país. A professora, a título de curiosidade, entrega uma
ficha informativa relativa aos Judeus em Portugal. (anexo 2)
Em seguida, é pedido aos alunos que abram os seus manuais na «cena» do Judeu
(página 125) para que seja possível o início da análise. Mas, antes disso, os alunos
ouvirão a cena através de um suporte de áudio e ser-lhes-á pedido que atentem na forma
como o judeu se apresenta em cena, como é tratado pelas outras personagens e qual o
percurso cénico efectuado por ele. Antes da audição, a professora entrega um glossário
que ajudará os alunos na compreensão da cena.
Após a audição, a professora perguntará aos alunos se gostaram ou não desta leitura
expressiva e se era esta a interpretação que fariam dos diálogos. Caso os alunos
demonstrem interesse, propor-se-lhes-ia que lessem outra vez a «cena» do Judeu, agora
com o intuito de treino de leitura.
Para iniciar a análise da cena, a professora pergunta aos alunos:”Em que medida se pode
afirmar que a movimentação cénica do Judeu é diferente das outras? A qual das barcas
se dirige ele primeiro? Qual é o percurso cénico do judeu durante a cena?”. Os alunos
deverão responder que esta personagem tem um percurso cénico diferente das outras já
que esta não se dirige a barca da Glória, permanecendo sempre no mesmo local. A
professora questiona, então, os alunos: “Porque é que acham que o Judeu tem um
percurso cénico diferente?”, “Porque não tenta o judeu aproximar-se da barca do
paraíso?”Ao que os alunos poderão responder que o judeu é uma personagem pouco
considerada, mesmo discriminada e, por isso, não teria acesso a outra barca que não a
do Inferno. Tendo os alunos dificuldade em responder a estas perguntas, a professora
relembra o que foi falado no início da aula relativamente aos Judeus e à sua condição no
Portugal da época. (“ Não se lembram do que foi falado no início da aula acerca da
discriminação feita aos judeus?” Então, digam-me porque é que ele é das únicas
personagens com percurso cénico diferente?”) Os alunos possivelmente conseguirão
chegar à conclusão de que o Judeu é discriminado pela sua condição social e religiosa.
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que o elemento que o caracteriza é o bode, que ele se apresenta com um bode às costas.
A professora, então, pergunta: “Nas outras «cenas» aquilo que as personagens traziam
consigo era definidor da sua classe, i.e., símbolos cénicos, será que acontece o mesmo
aqui? Que significado terá o facto do Judeu se apresentar com o bode? Qual a
importância do Judeu se apresentar com o bode?” e “Como interpretam a recusa do
judeu em deixar o bode em Terra?” Os alunos deverão responder que o bode é,
realmente, um símbolo cénico e que este define o Judeu e que ao apresentar-se assim
este está a afirmar a sua religião. A recusa tem a ver com a impossibilidade do judeu de
renegar a sua condição.
Como, possivelmente, seria difícil para os alunos associarem o Bode à religião judaica a
professora poderia informar que o bode para além de símbolo cénico é também símbolo
dessa mesma religião. (“ Não sei se sabem, mas o bode é também representativo da
religião judaica, sendo assim, alguém me consegue dizer, agora, o porquê dele se
apresentar com o bode e o porquê dele não o querer deixar em terra?”)
Para que os alunos fiquem com apontamentos organizados será pedido para que
sublinhem a parte do texto em que é identificado o símbolo e que escrevam ao lado:
Símbolo caracterizador do judeu.
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atribuir a esse meio utilizado pelo judeu ao nível da sua caracterização? Que
importância tem para a sua caracterização que o judeu tente comprar a sua passagem
com dinheiro? O que é que isto nos diz acerca da personagem? Qual foi a personagem
que também quis comprar a sua passagem com dinheiro?”) Provavelmente, os alunos
dirão que este facto o caracteriza como sendo ligado ao dinheiro, dependente do
dinheiro para tudo, em suma, ganancioso, tal como, o onzeneiro, só que o judeu tenta
comprar a passagem para o Inferno, enquanto o Onzeneiro queria ir para o céu. A
professora pergunta aos alunos: ”Tendo em conta as cenas anteriormente dadas, acham
que Gil Vicente teria outra intenção ao representá-lo desta forma? Qual?”. Os alunos
poderão responder que ele está a tentar caracterizar a classe e não um só homem. A
professora faz ainda atentar na fala: Porque não irá o judeu onde vai Brízida Vaz e
pergunta: “Como é que o judeu tenta entrar de novo na barca?” O que é que ele diz
quando o diabo lhe nega, mais uma vez, a entrada? Porque é que acham que ele diz
isso? Que intenção tem o judeu ao dizer isso?” Para ajudar a responder, a professora
dirá que o judeu só diz isso quando o Diabo lhe nega mais uma vez a entrada na barca.
A professora ajuda a concluir que o judeu está a tentar entrar na barca dizendo que se a
Brízida lá entrou que ele também pode lá entrar.
Para explorar melhor a crítica feita ao judeu, a professora diz: “A quem é que o judeu
se dirige depois?” Quais os epítetos que utiliza para designar o fidalgo? Que significam
eles? Que pretende ele do Fidalgo?” Os alunos deverão responder que o Fidalgo é
apelidado de “Meirinho”, “corregedor”, “coronel” porque este, na terra, era o detentor
do poder. Assim sendo, o judeu apela para quem ele acredita que tem o poder de fazê-lo
entrar na barca. A professora questiona: “ São os apelos do Judeu atendidos?” Porquê?
Devendo os alunos responder que não porque, com a morte, o fidalgo perdeu todo
poder, é igual a todos os que já estão na barca. Caso os alunos não consigam responder
às perguntas, então, a professora questioná-los-á desta forma: “Acham que o Fidalgo
ainda tem algum poder? Então o que é que o Judeu está a tentar fazer?” A professora
volta a questioná-los dizendo: “Acham que o judeu tem consciência de que morreu?
Porquê?” Então, porque é que se pode dizer que o judeu ainda se condena mais?” Os
alunos deverão responder que este se condena mais porque não consegue desamarrar-se
dos costumes terrenos, neste caso, de tudo aquilo que o condena.
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Após esta resposta, a professora pede, agora, aos alunos que atentem na fala seguinte e
pergunta-lhes que tipo de linguagem é usada nesta fala e nesta cena. (“Sabem dizer-me
que tipo de Cómico está a ser usada nesta fala e nesta cena? Justifiquem com falas do
texto.”) Os alunos terão que responder que o cómico prevalecente na «cena» do Judeu é
o cómico de linguagem. Podendo justificar isso com as falas do diabo, do judeu e do
parvo:”nem eu nom passo cabrões”, “Azará, pedra miúda, lodo, chanto, fogo, lenha,
caganeira que te venha”, “Furtaste a chiba, Cabrão?”. A professora pede para que lhe
relembrem que tipo de cómico é que até agora foi estudado e em que é cada um
consiste. (“ Relembrem-me os tipos de cómico estudados até agora e em que consiste
cada um deles?” Ao que os alunos deverão responder: cómico de situação, cómico de
linguagem e cómico de carácter. Sendo que o Cómico de situação resulta das
circunstâncias da sua actuação, i.e., das atitudes que toma; O cómico de carácter da
forma como a personagem se apresenta, i.e., da sua maneira de ser; O cómico de
linguagem da forma como as personagens falam i.e. o próprio discurso e o vocabulário
que empregam. A professora entrega uma ficha sistematizadora dos três tipos de
cómico. (vide anexo 3)
A professora pergunta seguidamente: ”Que outras coisas podem caracterizar o judeu
para além das que já foram ditas?” Os alunos podem responder que ele pode ser
caracterizado através das falas do Parvo como falso Cristão-novo, mentiroso. “E comia
a carne da panela no dia de nosso Senhor”, “Ele mijou nos finados n´Érgueja de São
Gião”. Caso os alunos tenham muitas dificuldades para acharem outros elementos
caracterizadores, a professora perguntará: “ Como é que o Parvo o caracteriza? De que é
que ele acusa o judeu?”. Para resumir, a professora pede aos alunos que apontem ao
lado das falas do Parvo e do judeu: Caracterização directa. Nesta altura, será bom
distinguir os dois tipos de caracterização, para isso, a professora dá uma ficha
informativa acerca desta matéria (anexo 4). A professora opta por ler a ficha em voz alta
para esclarecer quaisquer dúvidas que possam surgir a partir dessa mesma leitura.
Depois, com vista a uma análise mais aprofundada da «cena» do Judeu, pede aos alunos
que identifiquem a partir do texto o papel desempenhado pelo Parvo. (“Depois de
termos visto que o Parvo caracteriza a personagem do Judeu, qual é o papel que lhe
podemos atribuir? Qual é o papel do parvo nesta cena?” Caso os alunos tenham
dificuldades em responder, a professora perguntará: “Quem é que acusa o judeu?” Os
alunos terão que responder que o parvo tem o papel de acusador do judeu já que o
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diabo, ao contrário de cenas anteriores, não se manifesta a esse nível. A professora
pergunta agora: “Na maioria das cenas anteriormente estudadas, existe uma acusação e
uma defesa, qual é a defesa apresentada pelo Judeu? O judeu apresenta alguma defesa?”
Os alunos poderão responder que o Judeu se defende com a fala “Porque nom irá o
judeu onde vai Brízida Vaz”. A professora, em seguida questionará: “ Mas será que esta
é uma verdadeira defesa? “ A professora concluirá em conjunto com os alunos que, na
verdade, o judeu não apresenta argumentos de defesa, ele é simplesmente culpado.
Feita esta pequena revisão, a professora faz os alunos atentarem na fala final do judeu,
particularmente, no vocábulo “Dize.” Pretende-se que os alunos ponham em prática
aquilo que aprenderam na última aula. Assim sendo, a professora pergunta: “De acordo
com aquilo que aprendemos na última aula que fenómeno ocorreu aqui na passagem
para o Português contemporâneo?”. Ao que os alunos deverão responder que o
fenómeno ocorrido é o da apócope de – e.
Para terminar a análise da cena, a professora diz aos alunos para relerem a última fala
do Diabo, perguntando-lhes:” O que é que acontece com o judeu?” Ao que os alunos
responderão que é levado à toa. A professora pergunta: “ Qual é a sua sentença? Qual é
o significado subjacente a esta sentença? O que significa ser levado à toa?” Os alunos
deverão responder que através desta sentença, o Judeu é, mais uma vez, discriminado
porque nem sequer tem direito a ir dentro da Barca. Em jeito de conclusão, a professora
pergunta:”Acham que esta seria a sentença justa? Porquê?” Os alunos podem dividir-se.
Pretende-se que cheguem à conclusão que esta seria a sentença dada a um judeu na
época, mas que esta não é, de forma alguma, uma sentença justa.
Chegados ao final da aula: a professora pede a um dos alunos que faça um pequeno
resumo oral de tudo aquilo que foi dito acerca desta personagem. Este resumo deve
conter: percurso cénico; caracterização; Símbolos e personagem tipo. A partir deste
resumo, a professora escreverá no quadro o sumário.
Para finalizar, a professora avisa que a próxima aula será dada pelo professor Rui e que
a cena a analisar será a do Corregedor/ Procurador.
Deste modo, a professora dá a aula por encerrada, arruma as suas coisas,
despede-se dos alunos e sai da sala.
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