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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP

CURSO DE DIREITO
TURMA DIR RF 1VA
DISCIPLINA: CIÊNCIAS POLÍTICAS E ECONOMIA
PROFESSOR: EDUARDO KALINIEWICZ

TRABALHO EM GRUPO
QUESTÕES COM BASE NO LIVRO:
ELEMENTOS DA TEORIA GERAL DO ESTADO
(DALMO DE ABREU DALLARI)

Alunos (as):
Deisy Araújo Silva
Edilene Francisca Da Silva
Eliana De Lima Melo
Jessica Priscila Almeida
Luciana da Costa Silva Almeida
Manasses Araújo Silva
Sandriely Albuquerque do Vale

NATAL/RN
2010
INTRODUÇÃO

O presente trabalho, realizado em grupo e trata-se basicamente de um


questionário que compreende dentro da sua temática correlacionar os assuntos
Teoria Geral do Estado e Ciência Política, escolhidos pelo professor para a 2ª
avaliação da II Unidade da turma RF-1 VA do curso de Direito. É pretensão
deste trabalho que todos do grupo contribuam com suas respostas e analisem
as respostas de todos afim de que estudem os temas abordados nas questões
e contribuam para uma boa concepção do trabalho, pois é um trabalho de
grupo.
Com o livro Elementos da Teoria Geral do Estado, de Dalmo de Abreu
Dallari, nos baseamos para responder as questões com clareza. Os assuntos
que foram trabalhados nos permitiram observar que Dalmo de Abreu Dallari
expõe um amplo estudo das estruturas do estado e das transformações que
este passa ao longo da história. A partir do estudo desta disciplina conhecemos
melhor o funcionamento do Estado e as formas de política que o envolvem.
Teoria Geral do Estado com a Ciência Política para fins acadêmicos de
compreensão sobre a importância do Estado no contexto sócio-político, pois os
estudos relacionados a ambas as disciplinas só é possível com a devida
compreensão sobre a estrutura do Estado, Dallari explica isso ao citar a
observação de Max Weber sobre política: “o conjunto de esforços feitos com
vista a participar do poder ou influenciar a divisão do poder, seja entre Estados
seja no interior de um Estado”. Ou seja, Dallari explica bem sua visão sobre a
importância da compreensão de Política e consequentemente o Estado
Quanto à organização do trabalho, é possível encontrar palavras
destacadas para uma leitura mais detalhada.
Por fim, ressaltamos que através do estudo da visão da Dallari
respondemos as questões que seguem.
1. Como surgiu o Estado Democrático complementado pela
noção de Estado Constitucional?

A Grécia antiga foi o berço onde nasceu a democracia, é possível


confirmar isso através de obras literárias de Platão (as leis) e Aristóteles (A
Política) que revelam a noção de direito e sociedade da época, que geralmente
discutia os mais variados assuntos a fim de instituir as suas idéias a respeito da
razão de todas as coisas, na Grécia a noção que as pessoas tinham a respeito
de seus direitos era própria de um autoconhecimento, a Democracia nasceu na
Grécia, porém a noção de Estado Democrático ainda não era a que
conhecemos hoje em dia.
Conforme analisa Dallari, o Estado Democrático só surgiu mais a frente,
das lutas contra o regime absolutista, como na passagem da Revolução
francesa que derrubou o absolutismo no final do século XVIII e também durante
o processo de Independência dos Estados Unidos, marco histórico considerado
uma Revolução. Documentos como a “a Declaração de Independência dos
Estados Unidos” e “Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão” foram
bastante influenciadas pelo Iluminismo e resultaram em princípios usados por
todos os Estados que se digam democráticos.
Devidamente por conseqüência do Estado Democrático surgiu o Estado
Constitucional com a finalidade de organizar as teorias das Constituições
propostas exatamente como um fator complementar do Estado. Esse
complemento concedeu ao Estado a possibilidade de chegar ao modelo atual
da democracia instituída. O Estado Democrático positivou os objetivos
fundamentais do Estado e, ao fazer isso, transformou-os em lei e pôs em si
mesmo a obrigação legal de respeitá-los, promovê-los e cumpri-los.
O Brasil, por exemplo, é um Estado de Direito porque possui nas leis a
limitação do exercício do poder político e, é um Estado Democrático porque o
poder político é subordinado à soberania popular.
O Estado Constitucional, no qual toda a lei fica submetida à Constituição,
posta como lei maior é como um fundamento de toda a ordem jurídica. A
Revolução Francesa, a Revolução Americana e as outras revoluções liberais
que de imediato as seguiram – ao escrever a constituição do Estado nacional
em um código formal e rígido, por isso dito constituição, e nele inscrever a
separação de poderes e a declaração de direitos – acreditaram que bastaria
isso para garantir o indivíduo contra quem governasse e administrasse o
estado-nação, cuja soberania ficaria assim relativizada.
(75)

2. Como a diferente idéia de cidadão induziu a existência de


diferenciação entre a democracia da Grécia Antiga e a Democracia
Moderna.
A partir das obras literárias como “A Política” de Aristóteles é possível
notar qual a diferença entre a democracia na Grécia antiga e a democracia
Moderna. Foi justamente os ideais gregos que influenciaram fortemente a
Democracia Moderna, pois muitas idéias permaneceram. Somente algumas
modificações foram implícitas para melhor adequação aos ideais democráticos
de hoje. Na Grécia antiga era bem determinado quem deveria governar
diferente da Democracia moderna, mais baseada nos idéias iluministas, onde
qualquer cidadão livre pode assumir um cargo eletivo. Aristóteles determinava
ainda que o nome de cidadão só devesse dar com propriedade àqueles que
tivessem parte na autoridade deliberativa e na autoridade judiciária, ou seja, ou
cargos eram totalmente elencados e era impossível um cidadão comum chegar
ao poder, na Grécia a política era liderada pelas classes de filósofos e. Ao
longo da história as pessoas sempre lutaram por ideais que fizessem mudar
essas formas de concepção, principalmente na época do Iluminismo de Karl
Max e Friedrich Engels.
Explicando melhor, na Grécia de Platão e Aristóteles, eram considerados
cidadãos todos aqueles que estivessem em condições de opinar sobre os
rumos da sociedade. Entre tais condições, estava a de que fosse um homem
totalmente livre, isto é, não tivesse a necessidade de trabalhar para sobreviver,
uma vez que o envolvimento nos negócios públicos exigia dedicação integral.
Portanto, era pequeno o número de cidadãos, que excluíam além dos homens
ocupados (comerciantes, artesãos), as mulheres, os escravos e os
estrangeiros. Praticamente apenas os proprietários de terras eram livres para
ter o direito de decidir sobre o governo. A cidadania grega era compreendida
apenas por direitos políticos, que eram identificados com a participação nas
decisões sobre a coletividade.
Após a Idade Média os princípios de cidadania e de nacionalidade dos
gregos e romanos estariam “suspensos” e seriam retomados com a formação
dos Estados modernos, a partir de meados do século XVII.
Como Estado moderno o mundo passou por um momento de transição de
uma modernidade inacabada justamente pela imperfeição na concretização de
seus mais significativos valores, os da liberdade, da igualdade, da
solidariedade, da autonomia, da subjetividade e da justiça, e que ainda
hoje, cerca de três séculos depois de sua proclamação ainda são perseguidos
e desejados, exatamente porque tais princípios poderiam, de certa maneira,
contribuir para a efetivação de uma sociedade mais justa, equânime e fraterna.
(76)

3. Como realmente nasceu o Estado Democrático Moderno?


Este, tendo surgido muito após o surgimento da democracia foi
acompanhado do constitucionalismo, forma como se denomina o movimento
social, político e jurídico e até mesmo ideológico, a partir do qual emergem
as constituições nacionais. O direito natural foi uma característica que bastante
influiu no nascimento do Estado Democrático, isso porque as idéias dos direitos
naturais do ser humano ganharam força junto às idéias iluministas da época
tendo sido impulsionada pelos movimentos revolucionários que contribuíram
para a formação do Estado Democrático. Moderno. No final do século XVIII,
surgiu a ideologia iluminista que inspirou a Revolução Francesa e foi após
essa época que foi criado então o Estado Democrático. Neste Estado qualquer
pessoa é considerada cidadã e tem assegurados os seus direitos e deveres, na
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é possível ver a descrição de
tais diretos.
O Estado nem sempre existiu, mas sempre serviu de sustentáculo e
fundamento da Democracia. Nada é melhor do que o Estado para regular e
garantir a repartição da riqueza (produção), as relações entre os indivíduos!
Esta é uma realidade concreta e todo mundo sabe; como vemos, o Estado é o
guardião (com o terror e as armas) das relações de reprodução da sociedade
do capital, uma sociedade atravessada por interesses antagônicos de classes
(proletariado e burguesia). A democracia tenta se consolidar como Estado
Democrático para assegurar e perpetuar sua grande mentira: a de "que na
sociedade se pode viver em bem-estar, igualdade, paz", sendo os miseráveis
cidadãos submetidos ao modo de governo (seja qual for) e à dominação de
uma classe que, através do Estado Democrático, une e concilia os interesses
contrários existentes. Um exemplo claro são as chamadas "frentes amplas" que
nas mobilizações passadas saíam às ruas pedindo democracia e nas quais
podíamos ver organizações constituídas por patrões e trabalhadores, ou seja,
exploradores e explorados, como se ambos tivessem os mesmos interesses,
como se ambos pertencessem à mesma classe.
Com Hobbes Começam a surgir os fundamentos da teoria moderna
do Estado, que posteriormente receberá uma formulação mais completa nos
séculos XVII e XVIII através do filósofo inglês Thomas Hobbes. Este assistiu à
revolução democrática inglesa de 1648, dirigida pelos puritanos de Oliver
Cromwell (1599-1658), opondo-se a ela a partir de um ponto de vista
aristocrata. A teoria do Estado de Hobbes é a seguinte: quando os homens
primitivos vivem no estado natural, como animais, eles se jogam uns contra os
outros pelo desejo de poder, de riquezas, de propriedades. É o impulso à
propriedade o que dirige os homens. Percebe-se já nisso a sociedade
burguesa que se desenvolve na Inglaterra: “homo homini lupus”, cada homem
é um lobo para o seu próximo. Mas como, dessa forma, os homens destroem-
se uns aos outros, eles percebem a necessidade de estabelecerem entre eles
um acordo, um contrato. Um contrato para constituírem um Estado que refreie
os lobos, que impeça o desencadear-se dos egoísmos e a destruição mutua.
Esse contrato cria um Estado absoluto, de poder absoluto (Hobbes apresenta
nuanças que lembram Maquiavel). A noção do Estado como contrato revela
o caráter mercantil, comercial das relações sociais burguesas. Os homens, por
sua natureza, não seriam propensos a criarem um Estado que limitasse sua
liberdade; eles estabelecem as restrições em que vivem dentro do Estado,
segundo Hobbes, com a finalidade de obter dessa forma sua própria
conservação e uma vida mais confortável. Isto é, para saírem da miserável
condição de guerra permanente que é a conseqüência necessária das paixões
naturais. Mas os pactos, sem espadas, não passam de palavras sem força; por
isso o pacto social, a fim de permitir aos homens a vida em sociedade e a
superação de seus egoísmos, deve produzir um Estado absoluto, duríssimo
em seu poder. Jean Jacques Rousseau, posteriormente, vai opor a Hobbes
uma brilhante objeção: ao dizer que o homem, no estado natural, é um lobo
para seus semelhantes, Hobbes não descreve a natureza do homem mas sim
os homens de sua própria época. Rousseau não chega a dizer que Hobbes
descreve os burgueses de sua época; mas, na realidade, Hobbes descreve o
surgimento da burguesia, a formação do mercado, a luta e a crueldade que o
caracterizam.
Analisando melhor o Estado moderno, este também perdeu qualquer
amarra com a lei natural, passando o processo legislativo a ser completamente
autônomo e arbitrário em relação à lei divina e à lei natural. Além de fazer do
poder a fonte única do direito, o novo legislativo, na sua imanência radical, tem
buscado o que a Igreja e as Escrituras rejeitaram desde sempre:
o perfectibilismo humano. O que temos visto é precisamente isso: os novos
príncipes, para terem o poder de mando sobre o Estado, prometem ao povo
todo tipo deperfectibilismo, como se estivesse ao seu alcance eliminar as
tragédias humanas. Começa pela enorme blasfêmia contida na afirmação de
que “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”, se esquecendo
que todo poder emana de Deus ele mesmo.
(77)

4. Explique os três grandes movimentos político-sociais que


conduziram ao movimento democrático.

O primeiro deles foi a Revolução Inglesa, nela o poder monárquico,


severamente limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas ao
Parlamento e instaurou-se o regime parlamentarista que permanece até hoje.
O processo que começou com a Revolução Puritana de 1640 e terminou com a
Revolução Gloriosa de 1688. Esse movimento revolucionário criou as
condições indispensáveis para a Revolução Industrial do século XVIII, limpando
terreno para o avanço do capitalismo. Deve ser considerada a primeira
revolução burguesa da história Européia, pois antecipou em 150 anos a
Revolução Francesa. Introduz-se a idéia de representação em oposição a
Hobbes, que defende o Estado forte para garantir a segurança. Desejo da
liberdade religiosa associada ao direito de culto impulsionou a democracia
(historicamente, há reação às perseguições religiosas). Holanda ® onde a
liberdade religiosa é mais antiga há mais tradição quanto ao princípio da
tolerância.

O segundo foi a Revolução Americana que originou documentos como


“a Declaração do Bom povo da Virginia” e o mais importante deles, “a
Declaração de Independência norte-americana”, nesses documentos estão
contidas as especificações dos direitos requeridos pelos cidadãos que
promoveram a Revolução, ideais democráticos bastante influenciados pelos
ideais iluministas, esse processo foi promovido pelos puritanos ingleses que se
rebelaram contra a Inglaterra a fim de formar uma nação livre da submissão
colonial. Foi um movimento importante para a idéia de República. Defesa da
liberdade religiosa mais a luta contra as monarquias absolutistas. Declaração
da Independência - 1776 (Thomas Jefferson). Teve as Principais idéias
democráticas e republicanas, além de Idéias avançadas contra a escravidão.
Idéia de que o povo tem o direito de demitir o atual
governo. Federalista divulgou a idéia de República e de Federação (Madison-
Hamilton) idéia do controle do poder do governo, uma Igualdade formal.

E por último a Revolução Francesa, considerada um marco para a


história, esse movimento derrubou o absolutismo, a “Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão” concretizou finalmente a idéia de um Estado
Democrático, formado por cidadãos livres e de regimes opressores e injustos,
afinal foi inspirada pelo movimento iluminista. Após esse movimento o povo
ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram a ser respeitados. A
vida dos trabalhadores urbanos e rurais melhorou significativamente. Por outro
lado, a burguesia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio social.
As bases de uma sociedade burguesa e capitalista foram estabelecidas
durante a revolução. Essa Revolução influenciou muitos outros movimentos e
seus impactos são perceptíveis até hoje, este movimento nos legou os valores
da liberdade, igualdade e solidariedade (hoje corresponde ao princípio da
dignidade da pessoa humana), capitais para a democracia atual.
(77)

5. Explique os três pontos fundamentais que passaram a


nortear os Estados como exigências da democracia.
Segundo os ensinamentos de Dalmo de Abreu Dallari, temos como
exigências fundamentais para nortear os Estados: a) supremacia da vontade
popular, b) preservação da liberdade e c) igualdade de direitos. O jurista ainda
afirma que a preocupação primordial foi sempre a participação do povo na
organização do Estado, na formação e na atuação do governo, por se
considerar implícito que o povo, expressando livremente sua vontade
soberana, saberá resguardar a liberdade e a igualdade.
Tanto isso é verdade, que nossa Lei Suprema fixou no parágrafo único do
mesmo dispositivo que: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Desse modo, constatamos a importância conferida por nossa Constituição
aos políticos, aos quais compete a representação do povo. Para tanto, existem
as segundas, as leis que limitam a atuação estatal, tendo surgido essas
barreiras com os movimentos do constitucionalismo nos séculos XVII e XVIII, a
partir das Revoluções Americana, Inglesa e Francesa.
Em um Estado Democrático de Direito, devemos ainda lembrar, da
mesma forma, que assim como se deve prevalecer a supremacia da vontade
popular, não se deve negligenciar os direitos das minorias, visto que deve
existir a igualdade de direitos. É o que notamos para se exercer as liberdades
inerentes aos seres humanos e cidadãos de forma digna e consciente, no
momento em que seria preciso igualmente respeitar as diferenças, entre as
quais, podemos citar: religiosas, étnicas, políticas, de orientação sexual e de
pessoas com mobilidade reduzida. Portanto, o Estado deve nortear-se pelos
princípios democrático e da legalidade em suas atividades.
Os movimentos detalhados na questão anterior determinaram as
diretrizes na organização do Estado Moderno, mas conforme a visão de
Dallari ao analisar os princípios que passaram a nortear o Estado desde então
é possível indicar os três pontos fundamentais que seguem.
O primeiro dos pontos elencados por Dallari é a supremacia da vontade
popular. Nela estão impressos os problemas da vontade popular, que antes era
submetida ao absolutismo e também o direito ao sufrágio e a possibilidade de
qualquer cidadão livre chegar ao poder. O segundo, a preservação da
liberdade, ponto fundamental garantido pela democracia, todo cidadão é livre e
dono de seus bens, contudo não devem incomodar os outros. E o último ponto,
a igualdade de direitos, que claramente expressa o fato de todos serem
tratados como cidadãos iguais, atitude própria de um estado democrático.
(78)

6. Diferencie a democracia direta da democracia semidireta e da


democracia representativa, incluindo suas instituições.

A democracia grega (chamada pelos teóricos de democracia dos


antigos) era caracterizada pelo fato de os cidadãos (escravos, por exemplo,
não eram cidadãos) decidirem de forma direta uma questão. O povo se reunia
na "ágora" (praça pública principal) e por votação direta resolvia os problemas
da "pólis" (cidade). É por causa desta forma de decidir na "ágora" (praça
pública) que as cidades ocidentais valorizam tanto as praças como centro da
vida pública de uma cidade. Não é à-toa, por exemplo, que os fóruns são, na
sua imensa maioria, nas praças principais das cidades. Perceba que a
democracia não era representativa (através de partidos políticos e
representantes do povo), mas direta. A democracia direta está em extinção
porque a quantidade de pessoas aumentou tanto que se tornou impossível o
povo
decidir tudo e também porque o mundo moderno adquiriu novas necessidades
como veremos adiante. A democracia direta ainda existe na Suíça nos cantões
(estados autônomos).
A democracia atual (democracia moderna) é semi-direta, ou seja,
possui representação (partidos políticos e pessoas eleitas pelo povo para
representá-lo) e formas diretas de decisão (como referendo e plebiscito).
Possui um pouco de democracia direta e um pouco de democracia
representativa. Outra diferença é que a democracia antiga era exatamente (e
somente) o que a literalidade diz: poder do povo.
Hoje democracia (democracia moderna) implica um conjunto de valores que
vão além do fato de ser um poder do povo, pelo povo e para o povo.
Democracia hoje também é respeito às minorias, respeito ao dogma jurídico da
dignidade da pessoa humana, controle dos abusos da democracia direta
(excesso de plebiscito e referendo) e valores da liberdade.
Para um regime ser considerado democrático na Grécia antiga, bastava que o
poder (as decisões) emanasse do povo.
Para um regime ser considerado democrático hoje, além do poder (decisões)
ser emanado do povo, deve-se respeitar as minorias (o povo não pode
esmagar as minorias), respeitar a dignidade da pessoa humana (o povo não
pode decidir contra esse dogma jurídico) e não haver abuso de plebiscitos e
referendos para legitimar restrições aos direitos e liberdades individuais (como
acontece com uma nação irmã, a Venezuela de Chávez).

A democracia moderna deve também possuir instituições autônomas e


fortes para controlar o Estado (como, por exemplo, o Ministério Público e o
Judiciário), bem como entidades civis (como OAB).
Em suma, hoje só é democracia o regime do povo que garante os direitos
e liberdades individuais.
Na Democracia Representativa devido à impossibilidade da reunião de
grande número de pessoas para a tomada de decisões e à desconfiança com
relação à capacidade do povo de tomar decisões (v. Montesquieu), a
democracia no Estado Moderno é predominantemente representativa, ou seja,
o povo elege representantes para tomar as decisões em seu lugar. 

(79-81)
7. Apresente as mais importantes características do mandato
político.
Assim como mostra Dallari o mandato é uma das peculiaridades do
instituto, ele delega poderes a outrem para tomar decisões em nome do povo,
é um elemento jurídico que influi diretamente sobre o Estado.
Mandante, outorgante, comitente: aquele que concede, outorga poderes.
Ele é representado pelo contratado. Mandatário, outorgado, comissionário,
procurador: quem recebe tais poderes. Ele representa o contratante.
O Mandato Político atualmente é livre (não vinculado), geral (para
qualquer assunto de competência do representante), autônomo (os atos do
representante não dependem de confirmação), irresponsável (o representante
não deve explicações por suas decisões) e irrevogável (com exceção do recall,
que não existe no Brasil. 
O mandato geral é relativo a todos os negócios do mandante, conferindo
ao mandatário poderes de administração, restando excluídos os atos que
importem em diminuição patrimonial (compra, venda, doação, etc), para os
quais são necessários poderes expressos, através do mandato especial.
O mandatário é então a pessoa que, investida de poderes outorgados
pelo mandante, executa atos ou efetiva os negócios em nome daquele de
quem recebeu os poderes.
(82)
8. Explique a representação política através dos partidos.
Como mostrado no livro, desde a Grécia antiga a política sempre
esteve vinculada aos interesses e a mercê de preferências ligadas a esses
interesses, pois sempre gerando situações conflituosas, surgindo então a
existência do estado democrático. Quando em Roma isso já era mais claro, os
partidos políticos já se digladiavam a respeito da política, assim como também
existia a luta dos plebeus pelos seus direitos.
Os políticos no sentido moderno só aparecem a partir de 1850.
Como observado por Dallari e explicado através de Duverger a analogia das
palavras quase contradiz esta data, pois dá-se o nome de “partidos” às
facções, aos clãs, aos clubes, aos comitês, às vastas organizações populares
que participaram da política ao longo da história.
Mais a frente outra forma de classificação passou a existir, quanto ao
âmbito de atuação e também a profunda crítica, envolvendo não só os partidos,
mas também a representação política, afim de que se tenham partidos
autênticos e que respeitem a vontade geral comum a todos.
Dallari faz colocações ainda sobre o final do século XVIII, quando os
partidos já eram entendidos como “um corpo de homem que se unem,
para colocar seus esforços comuns a serviço do interesse nacional, sobre o
principio o qual todos aderem”, ou seja, os partidos eram para todos e não
somente para uma classe de privilegiados políticos. Já no século XIX, o
partido era conceituado como “uma reunião de homens que professam a
mesma doutrina política”, o partido político já era visto como instrumento para
lutar por compartilhar necessidades, anseios sociais. As noções de partido,
geral, universal e material, consideram este como a qualificação de um
movimento de idéias centralizado no problema político e cuja originalidade é
suficientemente percebida pelos indivíduos, para que estes aceitem ver nele
uma realidade objetiva independente dos comportamentos sociais.
A partir do entendimento dos partidos a partir do século XIX, Dallari
classifica três tipologias a respeito deste: Quanto à organização interna
(partidos de quadros e de massas) e quanto à organização externa (havendo
sistemas do partido único, sistemas bipartidários e sistemas pluripartidários).
Todos estes tipos com suas respectivas complexidades.
No Brasil, há partidos políticos que existem no Brasil há mais de cento e
sessenta anos. Nenhum deles, porém, dos bem mais de duzentos que
surgiram nesse tempo todo, durou muito. Não existem partidos centenários no
país, como é comum, por exemplo, nos Estados Unidos, onde democratas
(desde 1790) e republicanos (desde 1837) alternam-se no poder. E o motivo
disso, dessa precariedade partidária, da falta de enraizamento histórico dos
programas nas camadas sociais é a inconstância da vida política brasileira.
(84-87)
9. Explique a representação profissional, corporativa e
institucional.
Em contraponto da Representação Política, que é própria de um
artificialismo surgiram outras bases da representação para uma maior
fidelidade dos representantes em relação ao papel de sua função e em relação
ao povo. A seguir as três formas de representação profissional que Dallari
explica.
Uma democracia é representativa no duplo sentido: possui um órgão no
qual as decisões coletivas são tomadas por representantes; e espelha, através
dos representantes, os diferentes grupos de interesse que se formam na
sociedade. Ainda que esta concepção de representação seja geralmente
aceita, não há acordo sobre como se dá esta representação. Diferentes
respostas foram dadas à pergunta sobre quais os direitos e obrigações do
representante político (o eleito) em relação aos representados (os eleitores)
durante o exercício de seu mandato. Os distintos modelos de representação
nascem desta questão.

O modelo da representação profissional atribui às organizações


profissionais e ideológicas o papel de representação legítima da sociedade.
Assim, os diferentes ramos da vida econômica, mas também os outros grupos
sociais e de interesses, como as religiões, as etnias, as preferências sexuais,
deveriam estar representadas no parlamento, pois seriam a expressão dos
interesses da sociedade. Atualmente, a representação de interesses
profissionais faz-se através dos grupos de pressão.

A Representação Corporativa não caminha junto à representação


política, opõe-se radicalmente a esta, considera ultrapassados os partidos
políticos pois não traduzem coletividade. A base desta representação é esta, a
coletividade, que se repartirá por força organizaconal da divisão do trabalho
com diferentes funções sociais definidas.

A representação institucional visa também a substituição da


representação política. A base para tal teoria. É a idéia de empresa, feitas com
reivindicações, diferentemente do corporativismo e do sindicalismo, as idéias
se farão coletivamente, e terão de ser realizadas, postas em prática, os
verdadeiros anseios, assim colocamos juntos, banqueiros, trabalhadores,
profissionais liberais, marginais, etc.

No modelo de representação brasileiro, notamos a ausência de


mecanismos de controle do eleito pelos eleitores. Os representantes têm
absoluta liberdade para decidir, em geral de modo secreto, sem que os
eleitores possam intervir no seu mandato. Com isso, em geral os
representantes acabam desvinculados dos interesses dos cidadãos, em nome
dos quais deveriam decidir.

(88-96)
10. Explique o sufrágio (voto) como um dos principais pontos
fundamentais da democracia representativa e indique as restrições mais
conhecidas de direito ao voto em diferentes Estados.
O processo eleitoral é a forma que mais se aproxima da expressão
direta da vontade popular e também a mais justa e essencial aos deveres do
Estado.
Considerando as idéias a respeito da nobreza do voto, ou sufrágio,
afirmam que este seria um direito ou então uma função ou então apenas um
direito eleitoral. O direito ao voto consiste em algumas restrições que
demonstram a tendência relativa à concessão da cidadania ativa.
O sufrágio é o direito concedido aos cidadãos para a escolha dos
seus representantes, o voto direto e secreto, com igual valor para todos.
Esses representantes têm seu mandato por determinado tempo, sendo
garantido a todos os cidadãos o direito de participar, conforme as condições de
elegibilidade estabelecidas. Sem esse direito político, não estaria configurado o
processo democrático que prevê, entre os seus princípios, a igualdade de
todos.
Faz-se necessária a diferenciação entre sufrágio, voto e eleição. O
sufrágio é o direito da escolha, como já dito anteriormente; o voto é o ato que
assegura o sufrágio; a eleição é o processo dessa escolha.
A evolução do processo democrático brasileiro foi influenciada por vários
fatores históricos da nossa República, desde a sua proclamação em 15 de
novembro de 1889.
No início do período republicano, o voto só poderia ser exercido por
homens, com idade superior a 21 anos que tivessem certo nível de renda.
Em 1964, com o golpe militar, esse direito foi negado à população,
cabendo a um pequeno grupo formado por representantes, que faziam parte da
Assembléia Nacional Constituinte, exercê-lo pelo povo. Tinham como
justificativa a necessidade de preservar a segurança nacional, já que os
representantes escolhidos pelo povo fizeram o desgaste econômico, político e
social do país. Cumpre ressaltar que, nesse período, o voto ainda não era
estendido a todas as classes sociais.
Até chegarmos à Constituição de 1988, foram necessárias várias
manifestações populares para firmar-se o direito de escolha dos
representantes no parlamento brasileiro, sem distinção de cor, raça, cultura etc.
Em nossa Carta Magna estão estabelecidas as formas de participação
do povo na tomada de decisões no governo, concedendo-lhes, além do
exercício do voto, o direito de apresentar projeto de lei à Câmara dos
Deputados.
O ideal para a garantia do processo democrático seria a
conscientização política do povo, familiarizando-o com os dispositivos
estabelecidos em lei, afirmando que o seu poder social é peça fundamental
para a estruturação de melhorias das condições de qualidade de vida.

(97-100)
11. Apresente os sistemas eleitorais
A classificação mais freqüente para os sistemas eleitorais são o
majoritário e o proporcional. No majoritário só o grupo majoritário é que
elege representantes. Não importando o número de partido nem também a
amplitude da superioridade eleitoral. Desde que um determinado grupo
obtenha maioria, ainda que de um único voto, conquista o cargo de governo
objeto da disputa. Já no sistema eleitoral proporcional todos os partidos
têm direito a uma representação, estabelecendo-se uma proporção entre o
número de votos recebidos pelo partido e o número de cargos que ele obtém,
assegurando também aos grupos minoritários a possibilidade de participação
no governo. O sistema proporcional privilegia o partido, e não o candidato. Por
isso, é comum ocorrer de candidatos serem eleitos com menos votos que
outros que ficam de fora. Existe ainda uma polêmica, relativa à conveniência
de se adotar o sistema de distritos eleitorais. Nesse sistema o colégio eleitoral
é divido em distritos, devendo o eleitor votar apenas no candidato de seu
respectivo distrito. 
(101-103)

12. Explique o Estado Constitucional


Apesar de ser uma criação moderna, é possível encontrar nas
civilizações antigas traços semelhantes ao constitucionalismo, assim é
apontado o povo Hebreu com as tabuas dos dez mandamentos, outros afirmam
que a Grécia foi berço deste sistema com as leis de Sólon e Dracon, além de
outras civilizações antigas que já praticavam o ato de estabelecer leis. O
constitucionalismo passou ainda pela época medieval, chegando então ao
século XVIII, onde surgiram finalmente os documentos legislativos, estes foram
chamados de constituição.
A Magna Carta na Idade Média foi um importante documento
considerado constitucional. Outros eventos também marcaram o processo de
início do sistema constitucional: a Revolução Inglesa, com a consagração do
parlamento como órgão legislativo e a Revolução Francesa, com a Queda do
regime absolutista e a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”,
influenciada pelo Iluminismo. Os movimentos revolucionários da América do
Norte também obtiveram documentos importantes, como a primeira
constituição criada, sendo esta a do Estado de Virgínia. A partir da analise
desses movimentos é possível perceber o caráter revolucionário do
constitucionalismo.
As constituições escritas asseguram a definição de novas condições
políticas e ao mesmo tempo tornam difícil qualquer retrocesso, isso é um dos
pontos fundamentais deste sistema. Outra característica foi o liberalismo
econômico que rapidamente incorporou-se ao constitucionalismo. Mas as
coisas nãos mudaram tão severamente, ainda houve países em que foram
geradas monarquias constitucionais, onde o absolutismo perdeu o caráter
pessoal para adquirir um fundamento legal. Devido a isto, o conceito de
constituição é distinto em dois sentidos, o material e o formal.
Estes sentidos competem entre a constituição autentica, da realidade
das pessoas e a constituição baseada em leis.
Por fim a noção geral de constituição decorre que o titular do poder
constituinte é sempre o povo e também que o padrão jurídico fundamental se
impõe ao Estado, aos governantes e governados.
(104-108)

13. Explique como Dallari esclarecer sobre as declarações de


direitos e as normas de direitos humanos.

Entusiasmados por suas sucessivas vitórias políticas frente Luís XVI, o rei
da França, os parlamentares franceses, então reunidos numa assembléia
constituinte em Paris, resolveram elaborar uma Declaração de Direitos que
servisse de preâmbulo à Constituição que ainda estava em discussão.
Somaram-se então à mesa da Comissão Constituinte, presidida por Mirabeau
e Mounier, mais de uma vintena de Declarações que, após um intenso trabalho
de seleção feita item por item, foram apresentadas na forma final de 17 artigos
para serem aprovados na Assembléia Nacional.

A Declaração que foi lida na emocionante secção do dia 26 de


agosto de 1789. Para Jacques Godechot, a aparência de um decálogo da
Declaração francesa devia-se ao passado cristão dos parlamentares que,
apesar de declararem-se seguidores de Voltaire, haviam quase todos passado
sua vida escolar nos bancos dos colégios católicos. Tratava-se de dar aos
franceses, entenderam eles, um “catecismo cívico”, uma espécie de
secularização dos Dez Mandamentos, relativamente fácil de ser memorizado
pelo povo.
A Magna Carta (significa "Grande Carta" em latim), cujo nome completo é
Magna Charta Libertatum seu Concordiam inter regem Johannen at barones
pro concessione libertatum ecclesiae et regni angliae (Grande Carta das
liberdades, ou Concórdia entre o rei João e os Barões para a outorga das
liberdades da Igreja e do rei Inglês), é um documento de 1215 que limitou o
poder dos monarcas da Inglaterra, especialmente o do Rei João, que o
assinou, impedindo assim o exercício do poder absoluto. Resultou de
desentendimentos entre João, o Papa e os barões ingleses acerca das
prerrogativas do soberano. Segundo os termos da Magna Carta, João deveria
renunciar a certos direitos e respeitar determinados procedimentos legais, bem
como reconhecer que a vontade do rei estaria sujeita à lei. Considera-se a
Magna Carta o primeiro capítulo de um longo processo histórico que levaria ao
surgimento do constitucionalismo.
Jusnaturalismo é a teoria do direito natural configurada nos séculos XVII
e XVIII a partir de Hugo Grócio (1583 - 1645), também representada por
Hobbes (1588 - 1679) e por Pufendorf (1632 - 1694). Essa doutrina, cujos
defensores formam um grande contingente de autores dedicados às ciências
políticas, serviu de fundamento à reivindicação das duas conquistas
fundamentais do mundo moderno no campo político: o princípio da tolerância
religiosa e o da limitação dos poderes do Estado. Desses princípios nasceu de
fato o Estado liberal moderno. O Jusnaturalismo distingue-se da teoria
tradicional do direito natural por não considerar que o direito natural represente
a participação humana numa ordem universal perfeita, que seria Deus (como
os estóicos julgavam) ou viria de Deus (como julgaram os escritores
medievais), mas que ele é a regulamentação necessária das relações
humanas, a que se chega através da razão, sendo, pois, independente da
vontade de Deus. “Assim, o Jusnaturalismo representa, no campo moral e
político, reivindicação da autonomia da razão que o cartesianismo afirmava no
campo filosófico e científico.” (Nicola Abbagnano, Dicionário de Filosofia)

O liberalismo, no início da modernidade, é o correlato, na política, do


individualismo e do subjetivismo na teoria do conhecimento. A concepção da
existência de direitos naturais ao homem corresponde do ponto de visa
epistemológico à concepção de idéia inatas e de faculdades da mente que
tornam possível o conhecimento. A valorização da livre iniciativa e da
liberdade individual no campo da política e da economia equivale no campo
do conhecimento à valorização da experiência individual, tanto intelectual
(racionalismo) quanto sensível (empirismo).
Em conclusão pode-se afirmar que a proclamação dos direitos do
homem, com a amplitude que teve, objetivando a certeza e a segurança dos
direitos, sem deixar de exigir que todos os homens tenham a possibilidade de
aquisição e gozo dos direitos fundamentais, representou um progresso. Mas
sua efetiva aplicação ainda não foi concebida, apesar do geral reconhecimento
de que só o respeito a todas as suas normas poderá conduzir a um mundo de
paz e justiça social. Essa é a visão de Dallari e seu esclarecimentosobre os
direitos e as normas do povo baseado nessas declarações.
(109-114)

14. Explique a separação de poderes e as características das


formas de Governo.
Um dos princípios fundamentais da democracia moderna é o da
separação de poderes. A idéia da separação de poderes para evitar a
concentração absoluta de poder nas mão do soberano, comum no Estado
absoluto que precede as revoluções burguesas, fundamenta-se com as teorias
de John Locke e de Montesquieu. Imaginou-se um mecanismo que evita-se
esta concentração de poderes, onde cada uma das funções do Estado seria de
responsabilidade de um órgão ou de um grupo de órgãos. Este mecanismo
será aperfeiçoado posteriormente com a criação de mecanismo de freios e
contrapesos, onde estes três poderes que reúnem órgãos encarregados
primordialmente de funções legislativas, administrativas e judiciárias
pudessem se controlar. Estes mecanismos de controle mútuo, se construídos
de maneira adequada e equilibrada, e se implementados e aplicados de forma
correta e não distorcida (o que é extremamente raro) permitirá que os três
poderes sejam independentes (a palavra correta é autônomo e não
independente) não existindo a supremacia de um em relação ao outro (o que
também é raro acontecer conforme demonstrado no Tomo II do nosso Direito
Constitucional).
Importante lembrar que os poderes (que reúnem órgãos) são autônomos
e não soberanos ou independentes. Outra idéia equivocada a respeito da
separação de poderes é a de que os poderes (reunião de órgãos com funções
preponderantes comuns) não podem, jamais, intervir no funcionamento do
outro. Ora, esta possibilidade de intervenção, limitada, na forma de controle, é
a essência da idéia de freios e contrapesos. Nos sistema parlamentar
contemporâneo, também estudado no Tomo II, há a separação de poderes,
existindo entretanto mecanismo de intervenção radical no funcionamento do
legislativo por parte do executivo (dissolução antecipada da parlamento) e do
legislativo no executivo (a queda do governo por perda do apoio da maioria no
parlamento). No sistema presidencial, onde os mandatos são fixos, não
existindo as possibilidades de intervenção radical do parlamentarismo, a
intervenção ocorre na forma de controle e de participação complementar, como
por exemplo quando o executivo e legislativo participam na escolha dos
membros do Supremo Tribunal Federal.
Outro aspecto importante é o fato de que os Poderes tem funções
preponderantes, mas não exclusivas. Desta forma quem legisla é o legislativo,
existindo entretanto funções normativas, através de competências
administrativas normativa no judiciário e no executivo. Da mesma forma a
função jurisdicional pertence ao Poder Judiciário, existindo entretanto funções
jurisdicionais em órgãos da administração do Executivo e do Legislativo. O
Contencioso administrativo no Brasil não faz coisa julgada material, pois a
Constituição impõe que toda lesão ou ameaça a Direito seja apreciada pelo
Judiciário (Artigo 5 inciso XXXV da CF). Entretanto em sistemas
administrativos como o Francês há no contencioso administrativo diante de
tribunais administrativos, a coisa julgada material, o que significa dizer que da
decisão administrativa não há possibilidade de revisão pelo Poder Judiciário.
Finalmente é obvio que existem funções administrativas nos órgãos dos três
poderes.
Com a evolução do Estado moderno, percebemos que a idéia de
tripartição de poderes se tornou insuficiente para dar conta das necessidades
de controle democrático do exercício do poder, sendo necessário superar a
idéia de três poderes, para chegar a uma organização de órgãos autônomos
reunidos em mais funções do que as três originais. Esta idéia vem se
afirmando em uma prática diária de órgãos de fiscalização essenciais a
democracia como os Tribunais de Contas e principalmente o Ministério Público.
Ora, por mais esforço que os teóricos tenham feito, o encaixe destes órgãos
autônomos em um dos três poderes é absolutamente artificial, e mais,
inadequado.
O Ministério Público recebeu na Constituição de 1988 uma autonomia
especial, que lhe permite proteger, fiscalizando o respeito a lei e a Constituição,
e logo, os direitos fundamentais da pessoa, o patrimônio publico, histórico, o
meio ambiente, o respeito aos direitos humanos, etc. Para exercer de forma
adequada as suas funções constitucionais o Ministério Público não pode estar
vinculado a nenhum dos poderes tradicionais, especialmente porque sua
função preponderante é a de fiscalização e proteção da democracia e dos
direitos fundamentais e não de legislação, administração, governo, ou
jurisdição.
Embora o constituinte de 87-88 não tenha dito expressamente tratar-se o
Ministério Público um quarto poder, o texto assim o caracteriza, ao
conceder-lhe autonomia funcional de caráter especial. Qualquer tentativa de
subordinar esta função de fiscalização típica do Ministério Público a qualquer
outra função, é tentativa de reduzir os mecanismos de controle democrático, e
logo, inconstitucional.
Além da separação (melhor divisão) de poderes (melhor funções)
horizontal até aqui tratada, temos ainda uma divisão vertical de poderes (ou
competências), já estudada de forma detalhada no Tomo II, quando estudamos
as formas de organização territorial no Estado contemporâneo (o Estado
Unitário descentralizado, o Estado Regional, o Estado Autonômico e
principalmente nas várias formas de federalismo). A separação vertical de
poder no Estado Federal permite superar o monismo jurídico, permitindo a
convivência de ordenamentos jurídicos de até três níveis dentro de um mesmo
sistema constitucional. Trata-se de uma forma plural de produção legislativa.
(115-125)

15. Explique a separação de poderes e as características do


parlamentarismo, do presidencialismo e as tendências do governo no
Estado contemporâneo
Parlamentarismo é um sistema de governo em que o poder legislativo
(parlamento) oferece a sustentação política (apoio direito ou indireto) para o
poder executivo. Logo, o poder executivo necessita do poder do parlamento
para ser formado e também para governar. No parlamentarismo, o poder
executivo é, geralmente, exercido por um primeiro-ministro (chanceler).
A vantagem do sistema parlamentarista sobre o presidencialista é que o
primeiro é mais flexível. Em caso de crise política, por exemplo, o primeiro-
ministro pode ser trocado com rapidez e o parlamento pode ser destituído. No
caso do presidencialismo, o presidente cumpre seu mandato até o fim, mesmo
havendo crises políticas.
O parlamentarismo pode se apresentar de duas formas. Na República
Parlamentarista, o chefe de estado (com poder de governar) é um presidente
eleito pelo povo e nomeado pelo parlamento, por tempo determinado. Nas
monarquias parlamentaristas, o chefe de governo é o monarca (rei), que
assume de forma hereditária. Neste último caso, o chefe de estado (que
governa de fato) é um primeiro-ministro, também chamado de chanceler.
O sistema parlamentarista tem origem na Inglaterra Medieval. No final do
século XIII, nobres ingleses passaram a exigir maior participação política no
governo, comandado por um monarca. Em 1295, o rei Eduardo I tornou oficiais
as reuniões (assembléias) dos os representantes dos nobres. Era o berço do
parlamentarismo inglês.
Países parlamentaristas na atualidade: Canadá, Inglaterra, Suécia, Itália,
Alemanha, Portugal, Holanda, Noruega, Finlândia, Islândia, Bélgica, Armênia,
Espanha, Japão, Austrália, Índia, Tailândia, República Popular da China,
Grécia, Estônia, Egito, Israel, Polônia, Sérvia e Turquia.
Já no Presidencialismo é o sistema de governo no qual os poderes,
funções e deveres de chefe de governo e de chefe de estado se reúnem numa
só pessoa e no qual o executivo, legislativo e judiciário são poderes
independentes entre si que funcionam em harmonia. Eleito pelo voto direto ou
por colégio eleitoral, para mandato com período determinado em lei
constitucional, o presidente não se subordina ao Parlamento nem pode nele
interferir. Entre suas atribuições estão a de liderar a vida política da nação,
representar o país interna e externamente, comandar as forças armadas,
firmar tratados, encaminhar projetos de lei ao Congresso, responder pela
administração e pelas decisões nos setores do executivo e escolher os
ministros de estado.
O presidencialismo divergiu em muitos aspectos do modelo americano.
Nos países europeus em que a forma de governo é republicana e o sistema
parlamentarista, o presidente é eleito para um mandato estabelecido por lei e
ocupa a posição de chefe de estado, enquanto o primeiro-ministro exerce a
função de chefe de governo. As atribuições do presidente se assemelham às
dos monarcas constitucionais. Na Suíça o poder executivo é exercido pelo
Conselho Federal, colegiado de sete membros eleitos para um período de
quatro anos pela Assembléia Federal, que a cada ano elege um deles para o
exercício da presidência. Na América Latina, a tendência histórica tem sido o
fortalecimento do executivo sem equilíbrio entre os poderes, o que levou com
freqüência muitas nações a ditaduras que prescindiam não só do legislativo e
do judiciário como da própria participação popular.

No Brasil, o presidencialismo estabelecido na constituição republicana de


1891 passou por mudanças profundas, ocasionadas por conflitos políticos,
revoltas regionais civis, rebeliões militares e inquietação econômica decorrente
da grave crise financeira mundial de 1929. A revolução de 1930 deu início ao
"presidencialismo forte" de Getúlio Vargas, que se prolongou até 1945. Nas
duas décadas seguintes, o presidencialismo pautou-se pela constituição de
1946, com voto direto e popular. A intervenção militar de 1964 interrompeu o
ciclo, substituído pela presidência dos generais, que se revezaram no poder
pelo voto indireto do Congresso, transformado em colégio eleitoral. Com a
constituição de 1988, o presidencialismo recuperou características próximas às
do sistema americano, com o fortalecimento do legislativo e do judiciário.
Tal tentativa de adaptação do Estado de Direito às constantes
transformações decorrentes das novas condições sociais da civilização
industrial e pós industrial visa também a sobrevivência do Estado nos tempos
modernos. Sabe-se que o Estado está submetido a constantes pressões, a
crises políticas permanentes, gerando crises sociais gigantescas, sendo que a
história nos mostra que tais situações geralmente foram abafadas mediante a
imposição de formas estatais totalitárias acarretando a supressão da liberdade,
a violência constante, o império do terror, a política externa agressiva. Desta
forma, se o Estado como instituição desejasse subsistir-se deveria
primeiramente empenhar-se em controlar de modo permanente, os aspectos
econômicos, sociais e culturais da sociedade. Em relação ao Estado
Democrático de Direito, a sobrevivência do mesmo depende, além das
adequações acima citadas, do acréscimo aos seus objetivos, da
regulamentação permanente do sistema social, ou seja, da constante
adaptação das normas às mudanças sociais visando a primazia do coletivo
(promoção pelo estado do bem estar social).
O estado contemporâneo tem função eminentemente social, é o Estado
das Prestações. O estado tem como função precípua zelar pelo bem estar
social, para tanto destina parte do produto nacional bruto para tal. Na função
social do estado, inclui-se também a prestação de serviços que o cidadão
como indivíduo pode não considerar como sendo prioritários, como a defesa
nacional, porém, ao zelar pelo bem estar social, cabe ao estado zelar pela
segurança nacional do território.
Acredita-se que tal função social do estado contemporâneo contribui
para a redistribuição de renda decorrente da implantação e o funcionamento de
serviços públicos mediante organizações complexas que confiam a eficiência
de tais serviços à responsabilidade coletiva, visando a confiança no bem
público, na propriedade de todos e de ninguém.
O direito social decorrente da adaptação do Estado Democrático de
Direito em um Estado Social implica a limitação jurídica de determinados
direitos individuais. O estado social desencadeia um processo de integração de
vários grupos nacionais.
(126-138)

16. Apresente as principais idéias de Dallari sobre o Estado


Federal.

   O Estado Federal, por sua vez, identifica-se pela distribuição territorial
do poder político, com a coexistência de esferas de governo com competências
definidas, possibilitando a coordenação e a independência das mesmas. Em
regra, não há no Estado Federal, um poder centralizador, que regule todos os
aspectos da atividade estatal. O governo central tem suas competências
limitadas, tendo em vista que importantes esferas da atividade governamental
são dirigidas às unidades locais. O Estado Federal é um fenômeno da
modernidade. Teve seu nascimento com a Constituição dos Estados Unidos da
América, em 1787, quando as treze colônias britânicas da América declarando-
se independentes celebraram entre si um Tratado aliando-se para uma ação
conjunta visando, principalmente, à preservação da independência. Restou
estabelecido no art. 2º de referido Tratado que “Cada Estado reterá sua
soberania, liberdade e independência, e cada poder, jurisdição e direitos,
que não sejam delegados expressamente por confederação para os
Estados Unidos, reunidos em Congresso’’(Dallari). Entretanto, sendo a
relação jurídica entre os Estados Membros fundados em Tratado Internacional,
referido compromisso era passível de denúncia. Verificou-se a fragilidade do
sistema Confederativo e a pouca eficácia de seus resultados. Surge, então, a
idéia de se unirem sob nova conformação que mais vantagens trouxessem aos
Estados Membros.

O Estado Federal é aquele que se organiza mediante a coexistência


de mais de um centro de poder detentor de autonomia política, administrativa e
legislativa. Permite maior grau de descentralização do poder, razão pela qual é
a forma de estado mais adotada por governos democráticos. Possibilita
adequada discurssividade no processo de elaboração de leis, exatamente por
aproximar o povo do centro de poder. “Quanto mais próximo do centro de
decisões políticas estiver o cidadão, mais a comunidade participa do exercício
do poder e mais legitimidade tem esse exercício. Logo, o princípio da
participação política plural aperfeiçoa-se mais facilmente com a
descentralização política, pelo que se fortalece o princípio federativo que a
contempla”.

(139-145)

17. Faça um esquema (resumo das principais idéias) dos


problemas do Estado contemporâneo.
Um dos principais motivos de crise do Estado contemporâneo é que o
homem do século XX está preso a concepções do século XVIII, quanto à
organização e aos objetivos de um Estado Democrático. A necessidade de
eliminar o absolutismo dos monarcas, que sufocava a liberdade dos indivíduos,
mantinha em situação de privilégio uma nobreza ociosa e negava segurança e
estímulo às atividades econômicas, levou a uma concepção individualista da
sociedade e do Estado.  A aspiração máxima era a realização de valores
individuais, e para isso considerou-se indispensável conter o poder político
através da própria estruturação de seus organismos.  Procurou-se, então,
impor ao Estado um mecanismo de contenção do poder, destinado a assegurar
um mínimo de ação estatal, deixando aos próprios indivíduos a tarefa de
promoção de seus interesses.  Desde então, todas as discussões sobre o
Estado e todas as experiências levadas a efeito foram motivadas pela busca da
melhor forma de atingir aqueles objetivos.
O grande problema do sistema representativo no século XX acaba sendo o
encontro de uma fórmula adequada para a integração política das massas
operárias.  Os representantes tradicionais, originários das classes
economicamente superiores, têm mentalidade, métodos de trabalho e até
linguagem que não se entrosam com as características dos representantes,
provindos das classes trabalhadoras. Estes têm mais agressividade,
pretendem reformas profundas e imediatas, revelando sempre acentuada
desconfiança no seu relacionamento com os primeiros.  E apesar desses
desencontros tão pronunciados eles devem conviver nos partidos políticos e
nos parlamentos. As primeiras formas de Welfare visavam, na realidade a
contrastar o avanço do socialismo, procurando criar a dependência do
trabalhador ao Estado, mas, ao mesmo tempo, deram origem a algumas
formas de política econômica, destinadas a modificar irreversivelmente a face
do Estado contemporâneo. A conseqüência foi o descrédito do próprio sistema
representativo, pois os conflitos freqüentes e profundos tornaram o processo
legislativo demasiado lento e tecnicamente imperfeito, pela necessidade de
acordos e transigências sempre que se debate um assunto relevante.  E à vista
disso tudo, vários autores e muitos líderes concluíram que a falta está no povo,
que é incapaz de compreender os problemas do Estado e de escolher bons
governantes.  Esse é um dos impasses a que chegou o Estado Democrático: a
participação do povo é tida como inconveniente, e a exclusão do povo é
obviamente antidemocrática.
Assim continuamos no Século XXI com o objetivo de aperfeiçoarmos o
modelo do Estado a fim de que o mesmo atinja o quanto antes o equilíbrio
entre a liberdade e igualdade dos seres humanos. Na esperança de ser
preservada a verdadeira Democracia  nossos destinos estão depositados nas
mãos desta atual geração que saberá manter o conceito do Estado de Direito
Social Democrático balanceando a autoridade estatal com o uso das
liberdades individuais, dentro de um efetivo igualitarismo que reduza ao mínimo
a exclusão dos milhões de cidadãos que vivem sem o  indispensável a uma
cidadania decente com educação, casa e saúde.

(146-172)
CONCLUSÃO

Nosso principal objetivo nesse trabalho é conseguir transmitir aos


leitores o conhecimento que adquirimos na formação do mesmo, tendo em
vista a grande importância e reconhecimento que atribuímos a esta matéria de
grande peso em nossa formação como profissionais em busca da justiça, pois
de fato é uma tarefa que a princípio requer de nós um interesse imediato e que
começa no agora, e uma dedicação contínua, que se estende por toda a vida.
Portanto é esse reconhecimento que nós já entendemos e queremos transmitir,
e é através deste trabalho que encontramos uma forma de consecução de
nosso objetivo. Identificamos sobre ele também, como sendo um degrau que
precisamos subir, pois nele estão algumas das informações primordiais que
precisamos saber e acima de tudo compreender sobre Ciência Política, mais
especificamente neste assunto de TGE, e que vale salientar a boa referência a
nós apresentada sobre Dallari.
E o mais interessante de tudo para nós como alunos, é a satisfação
proveniente com a conclusão de todos os nossos esforços reunidos,
compactados e expressos por meio deste trabalho, sendo, pois bastante
gratificante para nós. E assim esperamos que também o fosse para quem lê.
REFERÊNCIAS

DALLARI, Dalmo de Abreu, Elementos da Teoria Geral do Estado, 26 ed., São


Paulo: Saraiva, 2007.

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