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EMEB.

AMÉLIO DE PAULA COELHO

FILOSOFIA
9º ANO

4º BIMESTRE
AULA Nº 04
09/11/2020 a 13/11/2020

PROFESSOR: FERNANDO AUGUSTO FRESSATTI

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

A Filosofia Contemporânea é
desenvolvida a partir do final do
século XVIII, que tem como marco a
Revolução Francesa, em 1789.
Engloba, portanto, os séculos XVIII,
XIX e XX. Note que a chamada
"filosofia pós-moderna", ainda que
para alguns pensadores seja
autônoma, foi incorporada a filosofia
contemporânea, reunindo os
pensadores das últimas décadas.
Imagem disponível em: < https://www.facebook.com/ide1a/>
Acesso em 26/10/2020.

Esse período é marcado pela consolidação do capitalismo gerado pela


Revolução Industrial Inglesa, que tem início em meados do século XVIII. Com
isso, torna-se visível a exploração do trabalho humano, ao mesmo tempo que se
vislumbra o avanço tecnológico e científico.
Nesse momento são realizadas diversas descobertas. Destacam-se a
eletricidade, o uso de petróleo e do carvão, a invenção da locomotiva, do
automóvel, do avião, do telefone, do telégrafo, da fotografia, do cinema, do rádio,
etc. As máquinas substituem a força humana e a ideia de progresso é
disseminada em todas as sociedades do mundo.
Por conseguinte, o século XIX reflete a consolidação desses processos e as
convicções ancoradas no progresso técnico-científico. Já no século XX, o
panorama começa a mudar, refletido numa era de incertezas, contradições e
dúvidas geradas pelos resultados inesperados.
Acontecimentos desse século foram essenciais para formular essa nova visão
do ser humano. Merecem destaque as guerras mundiais, o nazismo, a bomba
atômica, a guerra fria, a corrida armamentista, o aumento das desigualdades
sociais e a degradação do meio ambiente.
Assim, a filosofia contemporânea reflete sobre muitas questões, sendo que a
mais relevante é a "crise do homem contemporâneo". Ela está baseada em
diversos acontecimentos. Destacam-se a revolução copernicana, a revolução
darwiniana (origem das espécies), a evolução freudiana (fundação da
psicanálise) e ainda, a teoria da relatividade proposta por Einstein.
Nesse caso, as incertezas e as contradições tornam-se os motes dessa nova
era: a era contemporânea.

CONTEXTO HISTÓRICO DA FILOSOFIA


CONTEMPORÂNEA

Imagem disponível em: < https://pesquisaescolar.site/filosofia-contemporanea-conceito/> Acesso em 26/10/2020.

Durante o Iluminismo, no fim da modernidade, havia uma crença comum de que


o avanço das ciências, das técnicas e do conhecimento aliados à popularização
desse conhecimento por meio da educação, trariam o avanço moral da
sociedade. O positivismo de Auguste Comte permanece, de certo modo, numa
linha iluminista, mas acrescenta a necessidade de um conhecimento
estritamente científico e de uma rigorosa ordem social para o avanço social.
Como método historiográfico, o positivismo afirma a necessidade de atenção
aos fatos estritos da história como fonte única de conhecimento. Já
o materialismo histórico dialético, de Karl Marx, afirma a necessidade de se
entender a história humana como história de sua produção material.
Discordando de algumas ideias iluministas que se fundem para iniciar o
pensamento liberal e concordando com outras, como o ideal da igualdade entre
os homens amplamente difundido durante a Revolução Francesa, Marx
fundamenta o socialismo científico com base em um pensamento político
prático e revolucionário. Dessa feita, o idealismo alemão, corrente filosófica da
modernidade representada por pensadores como Kant e Hegel, é duramente
criticado por Marx.
Talvez, contando os fatos históricos, os que mais influenciaram o início do
pensamento contemporâneo sejam as revoluções Francesa, Americana e
a Revolução Industrial. Em termos práticos, as revoluções políticas trouxeram
um novo modo de governar, afastando o autoritarismo do Antigo Regime,
enquanto a Revolução Industrial representou um imenso avanço técnico e
científico para a Europa.
O filósofo alemão Arthur Schopenhauer, opondo-se à visão idealista e aos
sistemas totalizantes da razão moderna, que pretendiam enquadrar o ser
humano em um molde inteiramente racional, lança o conceito de Vontade como
uma força motriz da natureza que tudo causa, ao acaso, independentemente de
qualquer vontade humana e de qualquer existência divina.

Arthur Schopenhauer – Imagem disponível em: < https://www.revistaprosaversoearte.com/a-arte-e-uma-redencao-segundo-o-filosofo-


arthur-schopenhauer/> Acesso em 26/10/2020.

O Filósofo Kierkegaard lança a ideia de que a Filosofia deve prestar atenção


à vida individual humana, para que o próprio ser humano entenda e se
conforme com a sua condição, muitas vezes permeada pela angústia.
De todos os pensadores que marcaram o início da contemporaneidade, talvez
esteja em Friedrich Nietzsche a maior ruptura com a filosofia tradicional e uma
grande enunciação do que viria no século XX. Um crítico mordaz do que se
tornou a filosofia produzida entre Sócrates e Kant (com exceção de Spinoza), ou
seja, quase toda a Filosofia ocidental.
Nietzsche criticou a pretensão do ser humano de se chegar a uma verdade
objetiva e puramente racional, fundamentando o conhecimento no que ele
chamou de perspectivismo. Além da crítica à teoria do conhecimento e a
fundação de um novo método filosófico para entender o mundo, Nietzsche
elabora uma crítica aos sistemas morais que pretendem estabelecer uma
valoração unilateral e desprezam a origem histórica e cultural dos valores
morais.
Frase de Nietzsche – Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/830984568724944947/?amp_client_id=CLIENT_ID(_)&mweb_unauth_id=&simplified=true> Acesso
em 26/10/2020.

Já em uma marca cosmológica, Nietzsche trabalha com o conceito de Vontade


de Poder, que seria uma espécie de força que tudo conduz mediante o acaso
promovido pelo embate de forças naturais opostas. Seria a Vontade de Poder o
que moveria a natureza e as pulsões humanas, a vida animal, as determinações
cósmicas etc.
O intenso século XIX também acompanhou o nascimento de novas ciências,
como a Sociologia, a Antropologia e a Psicologia. Em meio ao avanço técnico e
às novas maneiras de explicar a realidade, o pensamento ocidental foi se
estabelecendo como um mote para o desenvolvimento futuro, apesar de filósofos
como Nietzsche duvidarem do suposto progresso alavancado pela modernidade,
que atingiria seu ápice no século XIX.
O século XX inicia com a suspeita de que as teorias iluministas e modernas
talvez não fossem tão certas. A Primeira Guerra Mundial foi um desses fatores
e o Holocausto foi o ápice do pessimismo contemporâneo em relação à ciência
e à técnica. Theodor Adorno e Max Horkheimer, no livro Dialética do
Esclarecimento, classificam o Holocausto como o máximo da barbárie que a
humanidade chegou devido ao que eles chamaram de “razão instrumental”.
A razão instrumental é a utilização não reflexiva da ciência e das
técnicas visando a uma finalidade. O capitalismo já vinha se utilizando da
racionalidade como instrumento de poder e o nazismo, por meio da câmara de
gás e dos experimentos científico cruéis que utilizavam prisioneiros de campos
de concentração como cobaias, marcaram a contemporaneidade como uma
época em que o avanço científico não garantiu o avanço moral humano.
Essa crítica de Adorno e Horkheimer recai, sobretudo, sobre o ideal iluminista
que acreditava que o avanço e a popularização do conhecimento garantiriam o
avanço social.
O QUE CARACTERIZA A FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA
Podemos dizer que a principal marca da Filosofia Contemporânea é a crítica
aos modelos filosóficos desenvolvidos até a modernidade. Nietzsche, ao
criticar o padrão de racionalidade que, segundo ele, deixava de lado a potência
animal e natural do ser humano e ao apontar que a moral que nós tínhamos
como natural era fruto de uma inversão dos valores antigos, coloca em xeque
toda a história da Filosofia.
Ludwig Wittgenstein, filósofo filiado ao Círculo de Viena, investigava
as condições da linguagem por meio da lógica e da Filosofia analítica. Para
ele, em sua juventude, os problemas filosóficos eram problemas de linguagem
mal resolvida, o que também anula a produção filosófica feita até então.
Para Jean-Paul Sartre, filósofo existencialista, a liberdade humana era
incondicional, de modo que o ser humano estaria, paradoxalmente, condenado
a ter essa liberdade. Para Sartre e para os existencialistas em geral, não havia
uma essência que definiria o ser humano (ao contrário do pensamento antigo e
moderno que afirmava a racionalidade como essencial ao animal humano).

Frase de Sartre – Disponível em: https://www.pensador.com/frase/MTMyMzE3OQ/ Acesso em 26/10/2020.

Assim, para esse existencialista o que tornava o homem um ser angustiado e


desamparado, já que ele seria totalmente responsável por si mediante suas
ações. Segundo Sartre, o ser humano teria criado a ideia de Deus para se
livrar do peso da existência.
Os filósofos da Escola de Frankfurt, como Adorno e Horkheimer, dedicaram-se
a uma filosofia com forte tom político, que atualizaria o marxismo para o século
XX e reveria antigas concepções sobre o conhecimento, a ciência e a
técnica. Hannah Arendt também parte para a questão política. A filósofa judia
alemã (como Adorno e Horkheimer) vivencia o horror da perseguição nazista, o
que motiva a sua atuação filosófica com o intuito de teorizar o fenômeno
do totalitarismo.
Filósofos mais recentes que iniciaram suas produções na segunda metade do
século XX, como Michel Foucault, Gilles Deleuze e Jacques Derrida, fundam
um pensamento que ficou conhecido como pós-estruturalista (chamado por
alguns, em tom de crítica, de pensamento pós-moderno). O pós-estruturalismo
visava a quebrar a estrutura formal de pensamento baseada na razão e no
método rigoroso, estabelecendo que a Filosofia deve atuar por meio do
pensamento livre para chegar às suas conclusões.

O QUE É A RAZÃO NA FILOSOFIA


CONTEMPORÂNEA?

A Filosofia Contemporânea, em
geral, tentou estabelecer um novo
padrão de racionalidade.
Pensando que a razão não era
aquela marca tradicional do ser
humano e que o impulso
positivista poderia estabelecer
uma relação instrumental do ser
humano com a racionalidade, a
razão passa a ser evocada
como instrumento de
emancipação intelectual por meio
da reflexão sobre a própria razão. Imagem disponível em: < https://vanzolini.org.br/weblog/2018/09/05/por-
que-gostamos-de-ter-razao/> Acesso em 26/10/2020.

Os modernos encaravam a racionalidade como um instrumento que permitiria ao


ser humano dominar a própria natureza. Se o Holocausto foi a marca da
instrumentalização da razão como meio de domínio político, hoje, também
vemos que o domínio da natureza traz consequências catastróficas para a
humanidade, devido à degradação ambiental.
A Filosofia Moral e a ética contemporâneas também passaram por um
processo de revisitação e reestruturação de seus sistemas teóricos morais
por perceberem que a razão não é garantia das ações moralmente corretas.
Aliás, o que se entendia como ação moralmente correta até o século XIX passa
a ser questionado, por filósofos como Marx e Nietzsche, que enxergam a
necessidade de mudanças sociais com a finalidade de, segundo os seus
julgamentos, estabelecer um novo tipo de sociedade, para Marx, e um novo tipo
humano mais forte, segundo Nietzsche.
PRINCIPAIS FILÓSOFOS DA FILOSOFIA
CONTEMPORÂNEA
- Friedrich Nietzsche: o pensador alemão é um dos mais
característicos da contemporaneidade, por ter influenciado muitos filósofos e
correntes filosóficas importantes do século XX, como o existencialismo e o pós-
estruturalismo.

Martin Heidegger: o filósofo alemão estruturou uma crítica à


técnica e estabeleceu novo modo de se chegar a um conhecimento mediante
uma nova estrutura filosófica.

Theodor Adorno: também alemão, o pensador contemporâneo


questiona elementos políticos fundamentais da sociedade do século XX e
elabora uma crítica ao iluminismo.

Jean-Paul Sartre: um dos principais teóricos do existencialismo,


questionou o modo como o ser humano encarava a existência.

Simone de Beauvoir: filósofa existencialista e feminista, elabora


as primeiras teorias feministas do século XX, baseada no que ela chamou de
condição feminina.

Hannah Arendt: judia alemã perseguida pelo nazismo, falou sobre a


condição humana em meio aos conflitos globais e estudou profundamente o
totalitarismo.

Michel Foucault: estudou os novos parâmetros da convivência


humana e da sociedade por meio da visão biopolítica, que são políticas públicas
que tratam da gestão e do controle tanto da vida quanto da morte.

BIBLIOGRAFIAS
PORFÍRIO, Francisco. "Filosofia Moderna"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/filosofia-
moderna.htm. Acesso em 26/10/2020.
ATIVIDADES
(9º Ano – Aula 04 - 4º Bimestre – Semana: 09/11/2020 a 13/11/2020)

1) Podemos dizer que a principal marca da Filosofia Contemporânea é:

A) ( ) a crítica aos modelos filosóficos desenvolvidos até a modernidade


B) ( ) a concordância aos modelos filosóficos desenvolvidos até a modernidade
C) ( ) a ignorância aos modelos filosóficos desenvolvidos até a modernidade
D) ( ) nenhuma das anteriores

2) Complete as lacunas do trecho retirado do texto:

“Nietzsche criticou a pretensão do ser humano de se chegar a uma verdade


objetiva e puramente racional, fundamentando o conhecimento no que ele
chamou de _______________________. Além da crítica à teoria do conhecimento
e a fundação de um novo método filosófico para entender o mundo, Nietzsche
elabora uma crítica aos ______________________ que pretendem estabelecer
uma valoração unilateral e desprezam a origem histórica e cultural dos valores
morais.”

3) A Filosofia Contemporânea, em geral, tentou estabelecer um novo padrão de


racionalidade. Pensando que a razão não era aquela marca tradicional do ser humano
e que o impulso positivista poderia estabelecer uma relação instrumental do ser humano
com a racionalidade, a razão passa a ser evocada como:
A) ( ) instrumento de emancipação intelectual por meio da reflexão sobre a própria
razão.
B) ( ) instrumento de ALIENAÇÃO intelectual por meio da NÃO reflexão sobre a própria
razão.
C) ( ) instrumento de PERTURBAÇÃO intelectual por meio da NÃO reflexão sobre a
própria razão.
D) ( ) nenhuma das anteriores

4) São filósofos do período contemporâneo:


A) ( ) Immanuel Kant e René Descartes
B) ( ) Friedrich Nietzsche e Hannah Arendt:
C) ( ) Sócrates e Platão
D) ( ) Platão e Aristóteles

BONS ESTUDOS.

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