Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Costa 2013B PDF
Costa 2013B PDF
histórica
Lavras do Ab
Patrimônio cult
e nat
39
Costa, D. M.
em ponto de vegetação mais dispersa, foi também às margens do rio das Al-
com o solo composto basicamente por mas, abaixo de uma ponte na saída da
pouco cascalho e areia, com coloração cidade de Pirenópolis. O PC-10 apre-
marrom-avermelhada. sentou uma densa vegetação com um
solo de coloração marrom e arenoso
O quinto ponto de coleta foi feito
com pequenos afloramentos rochosos.
no início do córrego Barriguda – um
tributário do rio das Almas, em um As amostras de solo foram analisadas
banco de areia às margens do córrego. pelo Prof. Dr. Carlos A. B. Garcia do
O PC-05 apresentou uma vegetação Departamento de Química da Univer-
bem menos densa do que dentro da sidade Federal de Sergipe. A metodolo-
mina e solo quase todo composto por gia utilizada para determinação da con-
areia com coloração marrom-avermelha- centração de metais pesados nos solos
da. O sexto ponto de coleta localizou- coletados foi através da dissolução
se no meio do córrego da Barriguda, de parte das amostras em ácido e a
próximo à área de captação de água da medição do produto em um espec-
cidade de Pirenópolis. No PC-06 a vegeta- trômetro de absorção atômica (Alves,
ção também se apresentou dispersa e o Garcia & Xavier 2006). Em seguida,
solo esteve caracterizado por uma areia as concentrações de metais pesados
húmica com rochas expostas e colora- foram calculadas em mg/kg conforme
ção marrom. O sétimo ponto de coleta as massas do solo amostrado, e o re-
foi no início do rio das Almas e final sultado foi comparado com referência
do córrego da Barriguda. No PC-07 a aos valores estipulados para poluição
vegetação era pouco densa, com algu- de solos no Brasil.
mas plantas dispersas; o solo também
Conforme a Companhia de Saneamen-
apresentou coloração avermelhada e
to de São Paulo, o Valor de Referên-
areia húmica com rochas expostas. O
cia de Qualidade ou VRQ (CETESB
oitavo ponto de coleta foi em uma
2005) é a quantidade de concentração
praia do rio das Almas na entrada da
de uma determinada substância em
cidade de Pirenópolis. O PC-08 não
solo ou água subterrânea, que define a
apresentou nenhuma vegetação e solo
limpeza de um solo ou a qualidade de
quase todo composto de areia marrom-
consumo da água. O VRQ é estatistica-
avermelhada com rochas expostas. O
mente estabelecido conforme análises
nono ponto de coleta foi localizado às
químico-físicas de diversas amostras
margens do rio das Almas, próximo
de solo e água. O VRQ é regularmente
a algumas construções históricas no
utilizado como referencial para tomada
meio da cidade de Pirenópolis. O PC-
de medidas preventivas contra a con-
09 apresentou uma pequena vegetação
taminação de solos e águas. No caso
com um solo de coloração marrom-
das Lavras do Abade, a área estudada
amarelado e formado basicamente por
não apresentou valores superiores aos
areia húmica e grandes rochas expos-
estabelecidos pelo VRQ para poluição
tas. O décimo e último ponto de coleta
de uma determinada área.
Por outro lado, as concentrações apre- Abade também podem ser associadas
sentadas de Cu, Zn, Pb, Ni e Hg tam- aos depósitos de ouro na área, enquan-
bém apresentaram outros padrões que to em outras áreas esta concentração se
merecem ser considerados. O cobre, manteve estável. O chumbo também
por exemplo, apresentou uma concen- esteve presente na amostra e com uma
tração três vezes maior no PC-02 e PC- distribuição similar ao cobre e zinco,
01 do que nos outros oitos pontos de ou seja, concentrado nos PC-01 e PC-
coleta. A alta presença do cobre nestes 02 do sítio com um leve decréscimo no
dois pontos de controle pode ser inter- PC-07. Da mesma forma, o chumbo
pretada como uma associação direta à também apresentou um acréscimo no
presença do minério aurífero do sítio. PC-08 e PC-10, o que pode ser com-
Por outro lado, uma pequena compa- parado à distribuição do cobre na
ração entre os padrões estabelecidos área da cidade. Assim como o cobre
com a presença de cobre entre os PC- e o zinco, o chumbo também pode
03 e PC-04, e ainda os PC-09 e PC-10 ser associado à presença dos depósi-
pode indicar outros depósitos de ouro tos auríferos na área. Por outro lado,
na região. a distribuição do níquel foi diferente
dos outros minerais; sua concentração
Similar com a distribuição de cobre na
ocorreu em maior número no PC-04
área, o zinco também apresentou um
e posteriormente nos pontos PC-05 e
padrão de concentração que indica
PC-03. Outras informações que po-
os pontos de controle PC-04, PC-02
dem ser destacadas sobre o níquel é
e PC-01 com três vezes mais que os
que este metal sempre ocorre associa-
outros pontos. Neste caso, as concen-
do com depósitos de ouro, assim como
trações de zinco na área das Lavras do
o cobre, zinco e chumbo; porém a dis-
Tabela 1
Análise das amostras coletadas
Pontos de Concentração de Metais em mg/kg
Coleta Cd Cu Zn Pb Ni Hg
PC-01 0.00 19.99 15.98 4.49 4.16 0.04
PC-02 0.00 22.95 16.49 3.49 4.49 0.05
PC-03 0.00 6.99 11.48 2.50 5.49 0.04
PC-04 0.00 6.50 18.49 2.50 8.49 0.02
PC-05 0.00 4.00 11.50 2.00 6.00 0.01
PC-06 0.00 3.49 9.98 2.00 4.49 0.01
PC-07 0.00 2.99 7.48 1.00 2.49 0.01
PC-08 0.00 3.00 9.00 1.50 2.00 0.02
PC-09 0.00 6.00 8.00 2.50 3.00 0.02
PC-10 0.00 5.00 9.50 3.00 3.50 0.03
VRQ <0,5 35 60 17 13 0.05
de Aracaju-Sergipe, in Anais da 29ª Reunião Village in the end of Nineteenth Century, Mid-
Anual da Sociedade Brasileira de Química: So- Western Brazil. Tese de Doutorado. Univer-
ciedade Brasileira de Química (SBQ). sity of Florida, Gainesville, FL, USA.
Balée, W. & C. Erickson. 2006. Time and —. 2011a. Archaeo-environmental study
Complexity in Historical Ecology: Studies in of the Almas River: Mining pollution and
the Neotropical Lowlands. New York: Colum- the Cerrado Biome in the end of the nine-
bia University Press. teenth Century in midwestern, Brazil. Jour-
nal of Archaeological Science 38: 3497-3504.
Bawden, G. & R. M. Reycraft. 2001. En-
vironmental Disaster and the Archaeology of —. 2011b. Water and war at Pyreneus moun-
Human Response. Anthropological Papers. New tains: Historical eco-archaeology of Lavras do
Mexico: University of New Mexico. Abade. Saarbrücken: LAP Lambert Aca-
demic Publishing.
Borrero, L. A. 2007. The archaeology of
the Neotropics. Quaternary International —. 2012. Arqueologia da mineração nas
180: 152-157. Lavras do Abade: entre propostas e práti-
cas. Vestígios. Revista latino-americana de ar-
Bustamante, R., J. Butterworth, M. Fli-
queologia histórica 6:83-112.
erman, D. Herbas, M. d. Hollander, S. v.
d. Meer, P. Ravenstijn, M. Reynaga & G. —. No prelo. Lembrando e esquecendo as
Zurita. 2004. Livelihoods in conflict: dis- Lavras do Abade: Memórias de um sítio ar-
putes over water for household-level pro- queológico Histórico. Teoria e Sociedade.
ductive uses in Tarata, Bolivia. Disponível
Costa, E. V. d. 1985. The Brazilian Empire.
em http://www.its.caltech.edu/~e105/
Chicago: University of Chicago.
readings/cases/water_use_conflicts.pdf.
Crumley, L. C. 2006. Archaeology in the
CETESB. 2005. Valores Orientadores para
new world order: what we can offer the
Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São
planet, in Space and spatial analysis in Archae-
Paulo. Disponível em http://www.cetesb.
ology. Editado por C. E. Robertson, D. J.
sp.gov.br/solo/relatorios/tabela_va-
Seibert, C. D. Fernandez & U. M. Zender.
lores_2005.pdf
Calgary: University of Calgary Press.
Costa, D. M. 2003. Lavras do Abade: Estra-
Crutzen, P. J. 2002a. The “Anthropocene”.
tégias de Gestão para o Patrimônio Arqueológico
Journal de Physique IV 12(10):1-5.
Histórico em Pirenópolis, Goiás. Dissertação de
Mestrado. Pontifícia Universidade Católica —. 2002b. Geology of mankind. Nature
de Goiás, Goiânia, GO. 415(6867):23.
—. 2006. Arqueologia histórica nas Lavras —. 2003. How long have we been in the an-
do Abade: Uma proposta de gestão do thropocene era? Climatic Change 61(251-257).
Patrimônio. Anais do Museu Histórico Nacio-
Greenberg, J. B., & T. K. Park. 1994. Politi-
nal 38:71-102.
cal Ecology. Journal of Political Ecology: Case
—. 2010a. Arqueologias históricas: um Studies in History and Society 1:1-12.
panorama temporal e espacial. Vestígios. Re-
Hadley, R. F., & D. T. Snow. 1974. Water
vista latino-americana de arqueologia histórica 4:
resources problems related to mining. Minnesota:
176-200.
American Water Resources Association.
—. 2010b. Water and war at Pyreneus Moun-
Hardesty, D. L., & D. D. Fowler. 2002. Ar-
tains: Historical eco-archaeology of a goldmine