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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CÂMPUS ANÁPOLIS DE CIÊNCIAS EXTAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA INDUSTRIAL

MARIANNA CARRILHO SILVA

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DE Plenckia populnea


(Celastraceae) EM LINHAGENS DE CÉLULAS TUMORAIS

Anápolis – GO
Novembro-2017

6
MARIANNA CARRILHO SILVA

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE CITOTÓXICA DE Plenckia populnea


(Celastraceae) EM LINHAGENS DE CÉLULAS TUMORAIS

Trabalho de Curso I submetido ao corpo docente da


Coordenação de Curso de Química Industrial da
Universidade Estadual de Goiás como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do título de
Bacharel em Química Industrial.

Orientador: Prof.° Dr. Antônio Carlos Severo


Menezes

Anápolis – GO
Novembro-201

7
Lista de abreviaturas

DMSO Dimetilsulfóxido

DPM Desvio padrão da média

HCT-116 Linhagens de célula de câncer de cólon

MTT 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2-H-brometo de tetrazolium

NCI National Cancer Institute

OMS Organização Mundial da Saúde

PC-3 Linhagens de células de câncer de próstata

PPFE P. populenae folhas etanol – Extrato etanólico

PPFEA P. populenae folhas etanol- Fração acetato-etílica

PPFED P. populenae etanol diclorometano – Fração diclorometânica

PPFEH P. populenae etanol hexano – Fração hexânica

PPFEM P. populenae folhas etanol metanol – Fração metanólica

RMN Ressonância Magnética Nuclear

SF-295 Linhagens de células de câncer de glioblastoma

UEG Universidade Estadual de Goiás

8
Lista de figuras

Figura 1: Fórmulas estruturais do derivado catecólico brasilina (1) e do fenoldienônico


brasileína (2).................................................................................................................... 7

Figura 2: Salicilatos que marcaram o desenvolvimento de fármacos no período de


1800-1900 ....................................................................................................................... 8

Figura 3: Salicilatos que marcaram o desenvolvimento de fármacos no período de


1800-1900 ....................................................................................................................... 9

Figura 4: Fármacos utilizados na terapêutica do câncer ............................................... 12

Figura 5: Triterpenos pentacíclicos biologicamente ativos ............................................ 13

Figura 6 : Plenckia populnea Reissek ........................................................................... 14

9
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 7

2.1 PRODUTOS NATURAIS ..................................................................................................... 7

2.2 METABOLISMO SECUNDÁRIO DE PLANTAS .............................................................. 9

2.3 PRODUTOS NATURAIS NA TERAPIA DO CÂNCER ................................................. 11

2.4 CELASTRACEAE ............................................................................................................... 13

2.5 PLENCKIA POPULNEAE REISSEK ............................................................................... 14

3. OBJETIVO ......................................................................................................... 15

3.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................................. 15

3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 15

4. METODOLOGIA ................................................................................................ 15

4.1. MATERIAL BOTÂNICO E OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO ........................... 15

4.2. OBTENÇÃO DAS FRAÇÕES ............................................................................................... 16

4.3. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTITUMORAL IN VITRO.............................................. 16

5. RESULTADOS ESPERADOS ........................................................................... 17

6. CRONOGRAMA ................................................................................................ 18

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 19

10
1. INTRODUÇÃO

Os produtos naturais são utilizados desde os tempos antigos, onde se


utilizavam ervas e folhas de plantas para alívio e cura de doenças, e é uma das áreas
de estudo mais antigas e que envolve mais pesquisadores dentro da química brasileira
(PINTO et al., 2002).
Ao longo de 25 anos a química de produtos naturais vem mostrando grande
desenvolvimento. Em 1994 foi criada a divisão das áreas científicas, fortalecendo ainda
mais a Química dos produtos naturais devido ao trabalho conjunto das diretorias eleitas
e de seus membros. No Brasil, ela teve seu marco com a fitoquímica clássica
(isolamento e determinação estrutural) inserida por pesquisadores de
excelência, entretanto com o passar do tempo foi tomado uma perspectiva diferente,
onde testes biológicos começaram a ser realizados, como o teste antitumoral (PINTO
et al.,2002).
A Química dos produtos naturais é bem aplicada no Brasil devido a sua
biodiversidade cuja fauna é estimada em mais de 103.870 espécies, e a flora 43.020
espécies. Toda essa abundância está dividida em seis biomas, os quais possuem
características distintas, sendo eles a Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica,
Pampa e Pantanal (BORGES et al., 2010).
Por essa mesma razão, as plantas podem ser consideradas uma rica fonte para
obtenção de substâncias que apresentarem atividades terapêuticas comprovadas, por
isso o conhecimento de suas atividades biológicas tais como, como anti-inflamatória,
antifúngica, bactericida, antitumoral, calmante, entre outras, são importantes para o
desenvolvimento de diferentes tipos de fármacos (FOGLIO et al., 2006; SOUSA et al.,
2008).
A família botânica Celastraceae desperta interesse pela importância
farmacológica. Várias substâncias dessa família foram isoladas, como maitansinóides
com atividade antitumoral, triterpenos quinoides e dímeros triterpenos com atividade
citotóxica, alcaloides piridinicos, sesquiterpenoides com atividade fagorrepelente e
imunossupressora e poliésteres sesquiterpenos com atividade antitumoral (SHIROTA
et. al., 1994).
Dentre a grande diversidade das substâncias bioproduzidas pelas plantas dessa
família e destaca-se o gênero Plenckia, que possui poucos estudos avaliativos relativos
às suas atividades biológicas, o que justifica a escolha de uma espécie desse gênero.
6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PRODUTOS NATURAIS

O Brasil por a grandeza de sua flora e de sua extensão territorial possui a maior
floresta equatorial e tropical úmida do planeta, não pode renegar sua capacidade para
obtenção de produtos naturais (PINTO, 2002). Como exemplo da importância dos
produtos naturais, tem-se a herança oriunda do conhecimento indígena acerca das
plantas medicinais, que passados aos colonizadores, se tornaram amplamente
explorados, o que propiciou valiosas contribuições (PEREIRA; CARDOSO, 2012).
Ainda versando sobre história, a colonização do Brasil se deu basicamente pela
transformação do território em colônia extrativista, privilegiando o comércio de
especiarias e produtos naturais, época na qual o principal produto a ser exportado para
a metrópole era a madeira de Pau-brasil, Cesalpinia echinata Lam. Um aspecto
histórico interessante e que contextua a temática de produtos naturais no país, visto
que, os lenhos desta árvore contém o derivado catecólico, brasilina (1), que ao ser
extraída, oxida a um fenoldienônico, chamado brasileína (2) (Figura 1), o que conferia
colaboração vermelha ao corante utilizado no tingimento de roupas e como tintas de
escrever (PINTO, 1995; VIEGAS JR. BOLZANI; BARREIRO, 2006).

Figura 1: Fórmulas estruturais do derivado catecólico brasilina (1) e do fenoldienônico brasileína (2).

OH OH

HO HO

O O
HO O
OH OH
(1)
(2)

Fonte: Adaptado de Veigas Jr; Bolzani; Barreiro (2006)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou na década de 1990 que 65-


80% da população dos países subdesenvolvidos dependiam das plantas medicinais
como forma de acesso aos cuidados básicos de saúde. Ainda hoje é comum encontrar

7
comercialização de matérias-primas naturais (folhas, cacas e raízes) em feiras-livres
devido ao seu potencial terapêutico (JUNIOR, 2005).
As substâncias consideradas como marco zero para o desenvolvimento de
fármacos a partir de produtos naturais foi o descobrimento dos salicilatos em 1757,
obtidos a partir de Salix alba que demonstrou propriedades analgésicas e antipiréticas
do extrato da planta, contudo durante aproximadamente cinquenta anos cientistas
empenharam-se em melhorar o rendimento e qualidade da salicilina (3), até
sintetizarem o ácido salicílico (4); Em 1898, Félix Hofmann através de várias pesquisas
solucionou o problema dos efeitos colaterais do salicilato de sódio, quando descobriu o
ácido acetil-salicílico (5) (Figura 2), que manteve a mesma propriedade analgésica
porém contendo menos ácido que o ácido salicílico (VIEGAS JR. BOLZANI;
BARREIRO, 2006).

Figura 2: Salicilatos que marcaram o desenvolvimento de fármacos no período de 1800-1900

OH O OH O OH

O- glicose OH O

O
(3) (4) (5)

Fonte: Adaptado de Veigas Jr; Bolzani; Barreiro (2006)

Além disso, substâncias como morfina (6), quinina (7), mescalina (8), vincristina
(9), (figura 3) entre outras, podem ser tomadas como exemplos de constituintes
químicos oriundos do metabolismo secundário de plantas, ambos com expressiva
utilidade farmacológica (BARREIRO; BOLZANI, 2009)

8
Figura 3: Constituintes químicos oriundos do metabolismo secundário de plantas

NCH3 H
H2C
H
HO
N
H
H3CO
HO O OH
N
(6) (7)

N CH3
OH

H N
O
H3CO
OCH3 N
H3CO NH2

N
H3CO O
O
OCH3 OH
(8) (9)
O

Fonte: Adaptado de Barreiro; Bolzani (2009)

2.2 METABOLISMO SECUNDÁRIO DE PLANTAS

O metabolismo é o conjunto total das reações biosintéticas de moléculas


orgânicas catalisadas por enzimas em células vivas, compondo o organismo de energia
e revitalizando suas moléculas, garantindo assim, seu estado organizado. Essas
reações ocorrem devido a enzimas específicas que estabelecem rotas metabólicas,
visando a utilização de nutrientes para atender as exigências fundamentais da célula
(PEREIRA; CARDOSO, 2012).
De acordo com as espécies e a importância biológica, os metabólitos podem ser
divididos em primários e secundários.
O metabolismo primário é aquele essencial para a realização das funções vitais
da planta, que envolve o metabolismo básico fotossintético ou respiratório o qual
sintetiza carboidratos, lipídeos, proteínas e os ácidos nucleicos.
9
O metabolismo secundário produz pequenas moléculas orgânicas geradas pelo
primeiro (EMERY et al., 2010). Alguns produtos do metabolismo secundário
apresentam utilidades ecológicas específicas como os pigmentos de flores e frutos que
possuem um papel crucial na dispersão de sementes, atraindo insetos polinizadores ou
animais que irão utilizar seus frutos como fonte de alimentos (GARCÍA; CARRIL, 2009).
Além disso, apresentam um papel farmacológico e econômico devido aos seus
efeitos biológicos na saúde humana. Os metabolitos secundários se dividem em quatro
classes principais: terpenos (pigmentos, óleos essenciais), compostos fenólicos
(cumarinas, flavonoides, lignina e taninos), glicosídeos (saponinas, glicosídeos
cardíacos, glicosídeos cianogênicos e glucosinolatos), e alcaloides (GARCÍA; CARRIL,
2009).
Os terpenos são encontrados em 90% dos óleos essenciais em diversas
estruturas da planta como caule, raiz, folhas, flores e sementes. Com relação às
utilidades farmacológicas, destaca-se as atividades do sistema cardiovascular onde
exercem funções vasorrelaxante, hipotensiva e na diminuição da frequência cardíaca
(SOUZA et al.,2015).
Os compostos fenólicos possuem atividade antioxidante, sendo de suma
importância para prevenção de algumas doenças inflamatórias, cardiovasculares,
cancerígenas e neurológicas. Isso, devido a absorção de radicais livres e inibição da
cadeia de propagação das reações oxidativas promovidas pelos radicais que causam
os danos no organismo e contribuem para o aparecimento de tais doenças (SILVA et
al., 2010).
Os glicosídeos se dividem em três grupos: as saponinas, os glicosídeos
cardíacos e os glicosídeos cianogênios. As saponinas possuem propriedades
detergentes, os glicosídeos cianogênicos exibem papel protetor frente algumas
espécies herbívoras, em quanto os glicosídeos cardíacos se destacam como
medicamentos utilizados no tratamento de doenças cardíacas (GARCÍA; CARRIL,
2009).
Os alcaloides possuem grande atividade biológica como relaxantes musculares,
tranquilizantes, estimulante do sistema nervoso central, anticancerígenos entre outras,
entretanto quando em doses altas apresentam grande toxicidade que atuam como
repelente para herbívoros. (EMERY et al., 2010).
Muitos metabólitos secundários despertam interesse de indústrias farmacêuticas
e os quimioterápicos são um importante exemplo (VIEGAS JUNIOR et al., 2006).

10
2.3 PRODUTOS NATURAIS NA TERAPIA DO CÂNCER

O câncer é uma doença que se caracteriza pelo crescimento desordenado de


células devido a uma mutação em seu material genético. O acúmulo dessas células
anormais em um determinado tecido é denominado tumor ou neoplasma. Esse pode
ser considerado benigno ou maligno, benigno quando a massa celular mantém-se
unida num mesmo tecido, ou maligno, quando essas têm capacidade para escapar do
tecido de origem passando para a corrente sanguínea ou linfática, o que proporciona a
formação de tumores secundários espalhados em outras partes do corpo, recebendo
assim o nome de metástase. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2009).
As mutações dessas células são causadas por fatores químicos, físicos ou
biológicos. Os fatores químicos que podem ser agentes carcinógenos encontrados na
fumaça do cigarro, e contaminantes da dieta, como aflotaxina B1, entre outros. Os
fatores físicos podem ser radiação UV, raios-X e raios gama. Já os fatores biológicos
podem ser vírus, bactérias, patogênicos etc. (FREIRE; ALVES, 2014).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é um problema de
saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento, onde ocorre mais de
60% dos casos, e espera-se que o impacto nessa população corresponda a 80% dos
20 milhões de novos casos estimados para 2025 (INCA, 2015).
Uma estimativa mundial realizada em 2012, pelo projeto Globocan/Iarc apontou
que os tipos de câncer mais incidentes no mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama
(1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e próstata (1,1 milhão). Nos homens, os mais
frequentes foram pulmão (16,7%), próstata (15,0%), intestino (10,0%), estômago
(8,5%) e fígado (7,5%). Em mulheres, as maiores reiterações encontradas foram mama
(25,2%), intestino (9,2%), pulmão (8,7%), colo do útero (7,9%) e estômago (4,8%)
(INCA, 2015).
Tendo em vista a alta ocorrência dessa enfermidade em todos o mundo,
diversos esforços vem sendo realizados para o aperfeiçoamento de seu tratamento. As
formas de combate mais utilizadas de combate ao câncer são a cirurgia, radioterapia,
hormonoterapia e quimioterapia (SOUZA, 2013).
Cerca de 60% dos fármacos utilizados na terapêutica do câncer são oriundos
dos produtos naturais, como a vimblastina (10) e a vincristina (11), o etoposídeo (12), o
teniposídeo (13) e o taxol (14); sendo estes importantes fármacos introduzidos na
terapêutica nos últimos 20 anos (Figura 4) (VIEGAS JUNIOR et al., 2006).
11
Figura 4: Fármacos utilizados na terapêutica do câncer

N N

N N
N OH N OH
H H
H OAc H OAc
O O
O O
N OH N OH
H3CO H O H3CO H O
(10) O (11) O O

H3C O O
O O O
O
HO S HO
OH OH
O O
O O
O O
O O
(12) (13)

H3CO H3CO OCH3


OCH3
OH OH

AcO O OH

O NH O

O O
H
OH OH AcO
(14) O

Fonte: Adaptado de VIEGAS JUNIOR et al., (2006).

Apesar dos notáveis êxitos no tratamento de alguns tipos de cânceres, existem


tumores sólidos mais freqüentes que não sofreram grandes avanços, como o câncer de
próstata, mama, cólon e pâncreas. Por esses motivos existe um grande interesse em
pesquisas para o desenvolvimento de novos e mais eficientes fármacos para a
terapêutica desses cânceres (COSTA-LOTUFO et al., 2010).

12
2.4 CELASTRACEAE

As plantas da família Celastraceae possuem cerca de 98 gêneros contendo


1260 espécies encontradas essencialmente nas regiões tropicais e subtropicais
(SOUZA, 2012). Essa família compõe-se de árvores, arbustos, lianas lenhosas e,
menos freqüentemente, ervas perenes e anuais. Suas folhas são geralmente
pequenas, actinomorfas, bi ou unissexuais, tetrâmeras ou pentâmeras e apresentam
uma ampla variedade de frutos e carúnculas (PAZ, 2016).
Em geral, as espécies dessa família são conhecidas principalmente na China e
América Latina por seu emprego como inseticida, bactericida e fungicida na agricultura
tradicional e também para o tratamento de doenças como distúrbios estomacais, artrite
reumatoide, antiulcerogênica, imunossupressora, ação curativa de feridas na pele,
antirreumática e câncer (LIMA, 2016).
Há muito, esta espécie desperta interesse devido à grande quantidade de
metabólitos secundários isolados como triterpenos, sesquiterpenos, alcalóides,
flavonoides e esteróides glicosilados. Dos citados os mais abundantes são os
triterpenos pentacílicos, os quais são biologicamente ativos, como e friedelina (15),
atribuídas ao 3-oxo-friedelano que possui ações anti-inflamatória, analgésica e
antipirética, o ursano α-amirina (16) que apresentou atividade contra Staphylococcus
aureus, e o lupeol (17) atividades antiurolítica, antioxidante, anti-inflamatória,
hepatoprotetora e antilipidêmica (figura 5) (SOUZA, 2012).

Figura 5: Triterpenos pentacíclicos biologicamente ativos

O HO
HO
(15) (16) (17)

Fonte: Adaptado de SOUZA, (2012)

13
2.5 Plenckia populneae Reissek

A planta Plenckia populneae Reissek (figura 6), pertencente à família


Celastraceae é conhecida popularmente como marmeleiro, e tem seu habitat em mata
de galeria, cerradão, cerrado (stricto sensu), e campo com murundus. É distribuída por
vários estados brasileiros como Mato Grosso, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais,
São Paulo, Paraná e Goiás (MEDEIROS, 2011).

Figura 6 : Plenckia populnea Reissek

Fonte: Maurício Mercadante

Até o presente momento existem poucos estudos avaliativos sobre essa planta,
sendo de total interesse a pesquisa de suas atividades biológicas e constituintes,
devido aos resultados satisfatórios relatados em sua família.

14
3 OBJETIVO

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a atividade citotóxica de Plenckia populnea (Celastraceae) em linhagens


de células tumorias.

3.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Obter o extrato etanólico e as frações hexânica, diclorometânica, aceto-etilíca e


metanólica das folhas de Plenckia Populnea

- Avaliar a citotoxidade do extrato e frações das folhas de Plenckia Populnea em


linhagens de células tumorais tais como: SF-295 (glioblastoma), PC-3 (próstata) e
HCT-116 (colon).

4. METODOLOGIA

A metodologia deste trabalho consiste em três partes distintas:


1) Material botânico e obtenção do extrato etanólico
2) Obtenção das frações
3) Avaliação do potencial antitumoral in vitro

4.1. MATERIAL BOTÂNICO E OBTENÇÃO DO EXTRATO ETANÓLICO

As folhas de Plenckia populnea serão coletadas no Campus da Universidade


Estadual de Goiás (UEG), Br 153 nº 3.105 - Fazenda Barreiro do Meio, Anápolis-GO. O
material coletado passará por uma triagem onde serão selecionadas as folhas sadias,
que em seguida serão lavadas e secadas em estufa com circulação de ar a 45 oC e
pulverizadas em moinho Willey.
As folhas de Plenckia populnea passarão por sucessivas extrações a frio com
solvente álcool etílico 95% P.A., o solvente será filtrado. O filtrado então será seco
evaporando o solvente com auxílio do rotaevaporador sob pressão reduzida, a
temperatura de 45-50 °C, será obtido assim o extrato bruto etanólico (PPFE). O
procedimento será repetido até que o filtrado tornar-se translúcido.
15
1.1 4.2. OBTENÇÃO DAS FRAÇÕES
O fracionamento do extrato bruto etanólico (PPFE) das folhas será realizado
com celulose microcristalina D para cromatografia de camada fina como fase
estacionária, colunas cromatográficas e solventes por ordem de polaridade crescente:
hexano, diclorometano, acetato de etila e metanol.
O fracionamento resultará nas frações: Fração hexânica (PPFEH); Fração
diclorometano (PPFED); Fração acetato- etílica (PPFEA), Fração metanólica (PPFEM).

4.3. AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTITUMORAL IN VITRO


Serão utilizadas linhagens de células tumorais humanas, SF-295 (glioblastoma),
PC-3 (próstata) e HCT-116 (colon). As células serão cedidas pelo Instituto Nacional do
Câncer (EUA). Tendo sido cultivadas em meio RPMI 1640, suplementado com 10 % de
soro fetal bovino e 1 % de antibióticos, mantidas em incubadora a 37 °C e atmosfera
contendo 5% de CO2.
Todas as amostras serão diluídas em Dimetilsulfóxido (DMSO) puro estéril.
Seguindo o padrão do laboratório, extratos serão testados na concentração única de 50
µg.mL-1, enquanto que frações e substâncias puras serão testadas na concentração
única de 25 µg.mL-1.
A análise de citotoxicidade pelo método do MTT é um dos métodos utilizados no
programa de screening do National Cancer Institute dos Estados Unidos (NCI), que
testa mais de 10.000 amostras a cada ano (SKEHAN et al., 1990). É um método
rápido, sensível e barato, tendo sido descrito primeiramente por Mosman (1983). Este
método é capaz de analisar a viabilidade e o estado metabólico da célula. É uma
análise colorimétrica baseada na conversão do sal 3-(4,5-dimetil-2-tiazol)-2,5-difenil-2-
H-brometo de tetrazolium (MTT) em formazan, a partir de enzimas mitocondriais
presentes somente nas células metabolicamente ativas (MOSMANN, 1983). O estudo
citotóxico pelo método do MTT permite definir facilmente a citotoxicidade, mas não o
mecanismo de ação (BERRIDGE et al., 1996).
As células tumorais serão plaqueadas nas concentrações 0,1 x 106cél.mL-1 para
as linhagens SF-295, PC-3 e 0,7 x 105 cél.mL-1 para a linhagem HCT-116. Após 24
horas de incubação, as células serão tratadas com os compostos-teste e incubadas por
72 horas em estufa a 5% de CO2 a 37°C. Ao término deste, as mesmas serão
16
centrifugadas e o sobrenadante removido. Em seguida, serão adicionados 150 µL da
solução de MTT (sal de tetrazolium) a 1%, e as placas serão incubadas por 3h. A
absorbância foi lida, após dissolução do precipitado em 150 µL de DMSO puro, em
espectrofotômetro de placa a 595nm.
Os experimentos serão analisados segundo a média ± desvio padrão da média
(DPM) da porcentagem de inibição do crescimento celular, usando o programa Graph
Pad Prism.

5. RESULTADOS ESPERADOS

Espera-se traçar o perfil em linhagens de células SF-295, PC-3 e HCT-116.


Após esta triagem, os extratos serão biomonitorados em busca de substâncias
bioativas. Aqueles que apresentarem resultados mais promissores sofrerão
fracionamentos por métodos cromatográficos com intuito de isolamento, purificação e
determinação estrutural das substâncias com atividade.
As substâncias depois de puras terão suas estruturas elucidadas por métodos
1 13
espectroscópicos como Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de H e C,
ultravioleta, infravermelho e espectrometria de massas.

17
6. CRONOGRAMA

ATIVIDADES AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Pesquisa
X X X X _ _ _ _ _ _ _
bibliográfica
Elaboração do
_ X X _ _ _ _ _ _ _ _
projeto
Entrega e
apresentação _ _ _ X _ _ _ _ _ _ _
do projeto
Coleta da
_ _ _ _ X _ _ _ _ _ _
planta
Secagem e
moagem da _ _ _ _ X _ _ _ _ _ _
planta
Maceração:
obtenção do _ _ _ _ X X _ _ _ _ _
Extrato Bruto
Fracionamento
do extrato _ _ _ _ _ X X _ _ _ _
bruto
Bioensaio com
células _ _ _ _ _ _ X X X _ _
tumorais
Avaliação dos
resultados _ _ _ _ _ _ _ _ X X _
obtidos
Elaboração do
_ _ _ _ _ _ _ X X X X
projeto final
Apresentação
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ X
do projeto final

18
7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARREIRO, E. J.; BOLZANI, V. S. Biodiversidade: fonte potencial para a descoberta de


fármacos. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 679-688, 2009.
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Incidência de Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2015.

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Klotzsch ex Reissek e o seu potencial antimicrobiano. 2016. 126 f. Tese
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