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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS – UNIMONTES

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA


Curso de Direito
Professora: Maria Natividade
Acadêmico: Ian Bernar Santos Barroso

FICHAMENTO
SOCIOLOGIA: INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA SOCIEDADE

Montes Claros (MG)


Maio/2015
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA
Curso: Direito noturno – 1º período
Disciplina: Sociologia Geral
Professora: Maria Natividade
Acadêmico: Ian Bernar Santos Barroso

FICHAMENTO

COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à ciência da sociedade.2.ed. São Paulo: Moderna,


1997. III. A SOCIOLOGIA CLÁSSICA

POSITIVISMO: UMA PRIMEIRA FORMA DE PENSAMENTO SOCIAL


“A primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o
positivismo, a primeira a definir o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de
investigação[...] Seu primeiro representante e principal sistematizador foi o pensador francês
Auguste Comte.” (p.46)
“O positivismo derivou do “cientificismo”, isto é, da crença no poder exclusivo e
absoluto da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais[...]
Seu conhecimento pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum
por meio das quais – até então – o homem explicava a realidade.” (p.46)
“O positivismo reconhecia que os princípios reguladores do mundo físico e do
mundo social diferiam quanto à sua essência: os primeiros diziam respeito a acontecimentos
exteriores aos homens; os outros, a questões humanas.” (p.46)
“O próprio Comte deu inicialmente o nome de “física social” às suas análises da
sociedade, antes de criar o termo sociologia” (p.47)
“Essa filosofia social positivista se inspirava no método de investigação das
ciências da natureza, assim como procurava identificar na vida social as mesmas relações e
princípios com os quais os cientistas explicavam a vida natural [...] Por isso o positivismo foi
chamado também de organicismo.” (p.47)
“Podemos apontar, portanto, como primeiro princípio teórico dessa escola a
tentativa de constituir se objeto, pautar seus métodos e elaborar seus conceitos à luz das
ciências naturais, procurando dessa maneira chegar à mesma objetividade e ao mesmo êxito
nas formas de controle sobre os fenômenos estudados. (p.47)”

O DARWINISMO SOCIAL
“[...] darwinismo social, isto é, o princípio de que as sociedades se modificam e
se desenvolvem num mesmo sentido e que tais transformações representariam sempre a
passagem de um estágio inferior para outro superior, em que o organismo social se mostraria
mais evoluído, mais adaptado e mais complexo. Esse tipo de mudança garantiria a
sobrevivência dos organismos – sociedades e indivíduos – mais fortes e mais evoluídos.”
(p.49)
“[...] Assim, as sociedades mais simples e de tecnologia menos avançada deveriam
evoluir em direção a níveis de maior complexidade e progresso na escala da evolução social,
até atingir o “topo”: a sociedade industrial européia.” (sic) (p.49)

UMA VISÃO CRÍTICA DO DARWINISMO SOCIAL – ONTEM E HOJE


“[...] serviu entretanto como como justificativa de uma ação política e econômica
que nem sequer avaliava efetivamente aquilo que representaria o ‘mais forte’ ou mais
evoluído.” (p.50)
“A regra darwinista da competição e da sobrevivência do mais forte é aplicada às
leis de mercado, principalmente pela doutrina do liberalismo econômico” (p.50)

DUAS FORMAS DE AVALIAR AS MUDANÇAS SOCIAIS


“O darwinismo social [...] refletia o grande otimismo com que o progresso matéria
da industrialização era recebido pelo europeu.” (P.50)
“Os primeiros pensadores sociais positivistas responderam com as idéias de ordem
e progresso. (sic)” (p.50)
“Haveria, então, [...] tipos característicos de movimento a sociedade. Um levaria
à evolução transformando as sociedades, segundo a lei universal, da mais simples à mais
complexa, da menos avançada à mais evoluída. Outro procuraria ajustar todos os indivíduos
às condições estabelecidas, garantindo o melhor funcionamento da sociedade, o bem comum
e os anseios da maioria da população.” (p.50)
“Auguste Comte identificou na sociedade esses dois movimentos vitais: chamou
de dinâmico o que representava a passagem para forma mais complexas de existência, [...] e
de estático o responsável preservação dos elementos permanentes de toda organização social.”
(p.51)

ORGANICISMO
“[...] organicismo, que teve como seguidores cientistas que procuram aplicar seus
princípios na explicação da vida social” (p.51)
“Todos esses cientistas partem do princípio de que existem caracteres universais
presentes nos mais diversos organismos vivos, dispostos sob a forma de órgãos e sistemas –
partes interdependentes cuja função primordial é a preservação do todo social. Procuravam
assim, criar uma identidade entre leis biológicas e leis sociais, hereditariedade e história.”
(p.51 – 52)

DA FILOSOFIA SOCIAL À SOCIOLOGIA


“O positivismo [...] procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação
à coesão, à harmonia natural entre os indivíduos, ao bem estar do todo social” (p.52)
“[...]postura de que a vida em sociedade era passível de estudo e compreensão;
que o homem possuía [...] uma natureza social; que as emoções, os desejos e as formas de
vida derivavam de contingências históricas e sociais” (p.52)
“A maioria dos primeiros pensadores sociais positivistas permanece pois, presa
por uma reflexão de natureza filosófica sobre a história e ação humanas.” (p.53)
A SOCIOLOGIA DE DURKHEIM

“Embora Comte seja considerado o pai da sociologia, Durkheim é apontado como


um de sus primeiros grandes teóricos. [...] sua preocupação foi definir com precisão o objeto,
o método e as aplicações dessa nova ciência.” (p.59)
“[...] Durkheim definiu com clareza o objeto da sociologia – os fatos sociais.”
(p.59)
“Distingue-se três características dos fatos sociais. [...] a coerção social, ou seja,
a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando – os a conformar-se às regras da
sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha.” (p.59)
“A educação [...] desempenha, segundo Durkheim, uma importante tarefa nessa
conformação dos indivíduos à sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as
regras estarem internalizadas e transformadas em hábitos.” (p.60)
“A segunda característica dos fatos sociais é que eles [...] são exteriores aos
indivíduos. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas,
são a elas impostos por mecanismos de coerção social. (p.60)
“A terceira característica apontada por Durkheim é a generalidade. É social todo
o fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.”
(p.60)

A OBJETIVIDADE DO FATO SOCIAL


“[...] Durkheim procurou definir o método de conhecimento da sociologia. Para
ele [...] a explicação exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em
relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise” (p.60)
“[...] é preciso, segundo Durkheim, que o sociólogo deixe de lado suas
prenoções.” (p.60)
“[...] Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas,
isto é, objetos que lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados
independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a seu
respeito”(p.61)
“Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria com esse rigor, à maneira
do método que garantia o sucesso das ciências exatas.” (p.61)

SOCIEDADE: UM ORGANISMO EM ADAPTAÇÃO


“A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos”
(p.61)
“Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra
generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua
adaptação ou sua evolução” (p.61)
“Quando um fato põe em risco a harmonia, o acordo, o consenso e, portanto, a
adaptação e a evolução da sociedade, estamos diante de um acontecimento de caráter mórbido
e de uma sociedade doente” (p.62)
“Portanto, normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos
mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela
maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos
pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são
considerados transitórios e excepcionais.” (p.62)

A CONSCIÊNCIA COLETIVA
“A definição de consciência coletiva [...] trata-se do ‘conjunto das crenças e dos
sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade’ que ‘forma um sistema
determinado com vida própria’”. (p.62)
“A consciência coletiva é [...] a forma moral vigente na sociedade. Ela aparece
como um conjunto de regras fortes e estabelecidas que atribuem valor e delimitam os atos
individuais. É a consciência coletiva que define o que, numa sociedade, é considerado
‘imoral’, ‘reprovável’ ou ‘criminoso’.” (p.63)

MORFOLOGIA SOCIAL: AS ESPÉCIES SOCIAIS


“Para Durkheim, a sociologia deveria ter ainda por objetivo comparar as diversas
sociedades. Constitui assim o campo da morfologia social, ou seja, a classificação das
espécies sociais [...]” (p.63)
“Durkheim considerava que todas as sociedades haviam evoluído a partir da
horda, a forma social mais simples, igualitária, reduzida a um único segmento onde os
indivíduos se assemelhavam aos átomos, isto é, se apresentavam justapostos e iguais. Desse
ponto de partida, foi possível uma série de combinações das quais originaram-se outras
espécies sociais.” (p.63)
“[...] Estabeleceu a passagem da solidariedade mecânica para a solidariedade
orgânica como motor de transformação de toda e qualquer sociedade.” (p.63)
“[...] As sociedades variam de estágio, apresentando formas diferentes de
organização social que tornam possível defini-las como ‘inferiores’ ou ‘superiores.’” (p.64)

DURKHEIM E A SOCIOLOGIA CIENTÍFICA


“[...] Durkheim procuro estabelecer os limites e as diferenças entre a
particularidade e a natureza dos acontecimentos filosóficos, históricos, psicológicos e
sociológicos. [...] Elaborou um conjunto coordenado de conceitos e de técnicas de pesquisas
que [...] guiava o cientista para o discernimento de um objeto de estudo próprio e dos meios
adequados para interpretá-lo.” (p.65)
“Distinguiu diferentes instâncias da vida social e seu papel na organização social,
como a educação, a família e a religião” (p.65)
“Em vista de todos esses aspectos tão relevantes e inéditos, os limites antes
impostos pela filosofia positivista perderam sua importância, fazendo dos estudos de
Durkheim um constante objeto de interesse da sociologia contemporânea” (p.65)
SOCIOLOGIA ALEMÃ: A CONTRIBUIÇÃO MAX WEBER
“Na Alemanha [...] o pensamento burguês se organiza tardiamente e quando o faz,
já no século XIX, é sob influência outras correntes filosóficas e da sistematização de outras
correntes filosóficas como a história e a antropologia.” (p.70)
“O pensamento alemão se volta para a diversidade, enquanto o francês e o inglês,
para a universalidade.” (p.70)
“Essa associação entre história, esforço interpretativo e facilidade em discernir
diversidades caracterizou o pensamento alemão e quase todos seus cientistas [...]” (p.70)
“Mas foi Marx Weber o grande sistematizador da sociologia na Alemanha” (p.70)

A SOCIEDADE SOB UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA


“Para ele (Max Weber), a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das
sociedades. Essa pesquisa, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das
fontes, permite o entendimento das diferenças sociais, que seriam para Weber, de gênese e
formação, e não estágios de evolução.” (p.71)
“Weber consegue combinar duas perspectivas: a histórica, e a sociológica, que
ressalta os elementos mais gerais de cada fase do processo histórico.” (p.71)
“Weber [..] não achava que uma sucessão de fatos históricos fizesse sentido por si
mesma. [...] Por isso, propunha para esse trabalho o método compreensivo, isto é, um esforço
interpretativo do passado e de sua repercussão nas características peculiares das sociedades
contemporâneas.” (p.72)

A AÇÃO SOCIAL: UMA AÇÃO COM SENTIDO


“[..] o ponto de partida da sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas,
grupos ou instituições. Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana dotada
de sentido, isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada.” (p.72)
“Não existe oposição entre indivíduo e sociedade: as normas sociais só se tornam
concretas quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação. Cada sujeito
age levado por um motivo que é dado pela tradição, por interesses racionais ou pela
emotividade.” (p.72)
“A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humana presentes
na realidade social que lhe interesse estudar. [...] O caráter social da ação individual decorre,
segundo Weber, da interdependência dos indivíduos” (p.73)
“Ao cientista compete captar, pois, o sentido produzido pelos diversos agentes em
todas as suas consequências. As conexões que o cientista estabelece entre os motivos e ações
sociais revelam as diversas instâncias da ação social – políticas, econômicas ou religiosas [...]
Essa interdependência entre os sentidos das diversas ações [...] é que dá a esse conjunto de
ações seu caráter social.” (p.73)
“Weber distingue a ação da relação social. Para que se estabeleça uma relação
social, é preciso que o sentido seja compartilhado.” (p.73)
A TAREFA DO CIENTISTA
“O cientista, como todo indivíduo em ação, também age guiado por seus motivos,
sua cultura, sua tradição, sendo impossível descartar-se, como propunha Durkheim, de suas
prenoções.” (p.74)
“Entretanto, uma vez iniciado o estudo, este deve se conduzir pela busca da maior
objetividade na análise dos acontecimentos.” (p.74)
“Para a socióloga weberiana, os acontecimentos que integram o social têm origem
nos indivíduos. O cientista parte de uma preocupação com significado subjetivo [...]” (p.74)
O TIPO IDEAL
“Para atingir a explicação dos fatos sociais, Weber propôs um instrumento de
análise que chamou de tipo ideal.” (p.74)
“Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares
analisados. O cientista, pelo estudo sistemático das diversas manifestações particulares,
constrói um modelo acentuando aquilo que lhe pareça característico ou fundante. Nenhum dos
exemplos representará de forma perfeita e acabada o tipo ideal, mas manterá com ele uma
grande semelhança e afinidade, permitindo comparações e a percepção de semelhanças e
diferenças.” (p.75)

ANÁLISE HISTÓRICA E MÉTODO COMPREENSIVO


“Weber teve uma contribuição importantíssima para o desenvolvimento da
sociologia. Em meio a uma tradição filosófica peculiar, a alemã, e vivendo os problemas de
seu país, diversos dos da França e da Inglaterra na mesma época, pôde trazer uma nova visão,
não influenciada pelos ideais políticos nem pelo racionalismo positivista de origem anglo-
francesa.” (p.77)
“Weber desenvolveu suas análises de forma mais independente das ciências exatas
e naturais. Foi capaz de compreender a especificidade das ciências humanas como aquelas
que estudam o homem como um ser diferente dos demais e, portanto, sujeito a leis de ação e
comportamento próprios.” (p.77)
KARL MARX E A HISTÓRIA DA EXPLORAÇÃO DO HOMEM

“Com o objetivo de entender o capitalismo, Marx produziu obras de filosofia,


economia e sociologia. Sua intenção, porém, não era apenas contribuir para o
desenvolvimento da ciência, mas propor uma ampla transformação política, econômica e
social.” (p.84)

A IDÉIA DE ALIENAÇÃO(sic)
“Marx desenvolve o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a
propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dosa meios de produção [...]
Separava também, ou alienava, o trabalhador do fruto do seu trabalho, que também é
apropriado pelo capitalista.” (p.84 – 85)
“Politicamente, também, o homem se tornou alienado, pois o princípio da
representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão político
imparcial, capaz de representar toda a sociedade [...] Marx mostrou, entretanto, que na
sociedade de classes esse Estado representa apenas a classe dominante e age conforme o
interesse desta.” (sic) (p.85)
“Uma vez alienado, separado e mutilado, o homem só pode recuperar sua
condição humana pela crítica radical ao sistema econômico, à política e à filosofia que o
excluíram da participação efetiva na vida social.” (p.85)
“Marx propôs não apenas um novo método de abordar e explicar a sociedade mas
também um projeto para ação sobre ela” (p.85)

AS CLASSES SOCIAIS
“Segundo Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram
provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que dividem os homens em
proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As desigualdades são a base da
formação das classes sociais.” (p.85)
“Marx identificou relações de exploração da classe dos proprietários – a burguesia
– sobre a dos trabalhadores – o proletariado” (p.85)
“Essas mesmas relações são também de oposição e antagonismo, na medida em
que os interesses da classe são inconciliáveis. O capitalista deseja preservar seu direito à
propriedade dos meios de produção e dos produtos e à máxima exploração do trabalho
operário [...] O trabalhador, por sua vez, procura diminuir a exploração [...]” (p.86)
“Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois uma só
existe em ralação à outra. [...] As classes sociais são, pois, apesar de sua oposição intrínseca,
complementares e interdependentes.” (p.86)
“A história do homem é, segundo Marx, a história da luta de classes [...] As
divergências, oposições e antagonismos de classes estão subjacentes a toda relação social, nos
mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade
privada.” (p.86)
A ORIGEM HISTÓRICA DO CAPITALISMO
“A Revolução Industrial introduziu inovações técnicas na produção que
aceleraram o processo de separação entre o trabalhador e os instrumentos de produção. As
máquinas e tudo o mais necessário ao processo produtivo – força motriz, instalações, matérias
primas – ficaram acessíveis somente aos mais ricos. Os artesãos, isolados, não podiam
competir com o dinamismo dessas nascentes indústrias e do conseqüente crescimento do
mercado. Com isso, multiplicou – se o número de operários, isto é, trabalhadores ‘livres’
expropriados, artesãos que desistiam da produção individual e empregavam – se nas
indústrias” (sic) (p.86 – 87)

O SALÁRIO
“No capitalismo, a força de trabalho se torna uma mercadoria, algo útil, que se
pode comprar e vender. Surge assim um contrato entre capitalista e operário, mediante o qual
o primeiro compra ou ‘aluga por um certo tempo’ a força de trabalho e, em troca, paga ao
operário uma quantia em dinheiro, o salário.” (p.87)
“[...] o salário deve garantir a reprodução das condições de subsistência do
trabalhador e sua família.” (p.87)

A MAIS VALIA
“Visualiza – se [...] que uma coisa é o valor da força de trabalho, isto é, o salário,
e outra é o quanto esse trabalho rende ao capitalista. Esse valor excedente produzido pelo
operário é o que Marx chama de mais-valia.” (p.90)
“O capitalista pode obter a mais – valia procurando aumentar constantemente a
jornada de trabalho [...] Essa é, segundo Marx, a mais-valia absoluta.” (p.90)
“Agora, pensemos numa indústria altamente mecanizada. A tecnologia aplicada
faz aumentar a produtividade [...] A mecanização também faz com que a qualidade dos
produtos dependa menos da habilidade e do conhecimento técnico do trabalhador individual.
Numa situação dessas, portanto, a força de trabalho vale cada vez menos e, ao mesmo tempo,
graças à maquinaria desenvolvida, produz cada vez mais. Esse é, em síntese, o processo de
obtenção daquilo que Marx denomina mais – valia relativa.” (p.90)

AS RELAÇÕES POLÍTICAS
“Diante da alienação do operariado, as classes economicamente dominantes
desenvolveram formas de dominação políticas que lhes permitem apropriar – se do aparato de
poder do Estado e, com ele, legitimar seus interesses sob a forma de leis e planos econômicos
e políticos.” (p.91)
“Para Marx as condições específicas de trabalho geradas pela industrialização
tendem a promover a consciência de que há interesses comuns para o conjunto da classe
trabalhadora e, consequentemente, tendem a impulsionar a sua organização política para a
ação. [...] Essa organização é que permite a tomada de consciência da classe operária e sua
mobilização para a ação política.” (p.91)
MATERIALISMO HISTÓRICO
“Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a
forma como os homens organizam a produção social de bens. A produção social, segundo
Marx, engloba dois fatores básicos: as forças produtivas e as relações de produção.” (p.91)
“As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. [...]
O homem, principal elemento das forças produtivas, é o responsável por fazer a ligação entre
a natureza e a técnica e os instrumentos.” (p.91)
‘As relações de produção são as formas pelas quais os homens se organizam para
executar a atividade produtiva. [...] as relações de produção podem ser, num determinado
momento, cooperativistas (como num mutirão), escravistas (como na Antiguidade), servis
(como na Europa feudal), ou capitalistas (como na indústria moderna).” (p.92)
“Em cada modo de produção, a desigualdade de propriedade, como fundamento
das relações de produção, cria contradições básicas com o desenvolvimento das forças
produtivas. Essas contradições se acirram até provocar um processo revolucionário, com a
derrocada do modo de produção vigente e a ascensão de outro.” (p.93)

A HISTORICIDADE E A TOTALIDADE
“Além de elaborar uma teoria que condenava as bases sociais da espoliação
capitalista, conclamando os trabalhadores a construir, por meio de sua práxis revolucionária,
uma sociedade assentada na justiça social e igualdade real entre os homens, Marx conseguiu,
como nenhum outro, com sua obra, estabelecer relações profundas entre a realidade, a filosofia
e a ciência.” (p.93)
“Por sua formação filosófica, Marx concebia a realidade social como uma
concretude histórica, isto é, como um conjunto de relações de produção que caracteriza cada
sociedade num tempo e espaço determinados.” (p.93 – 94)
“Por outro lado, cada sociedade representava para Marx uma totalidade, isto é, um
conjunto único e integrado das diversas formas de organização humana nas suas mais diversas
instâncias – família, poder, religião.” (p.94)

A SOCIOLOGIA, O SOCIALISMO E O MARXISMO


“A teoria marxista teve ampla aceitação teórica e metodológica, assim como
política e revolucionária. Já em 1864, em Londres, Karl Marx e Friedrich Engels [...]
estruturaram a Primeira Associação Internacional de Operários, ou Primeira Internacional,
promovendo a organização e a defesa dos operários em nível internacional. Extinguida em
1873, a difusão das idéias e das propostas marxistas ficou por conta dos sindicatos existentes
em diversos países e nos partidos, especialmente os social-democratas.” (sic) (p.95)
“A segunda Internacional surgiu na época do centenário da Revolução Francesa
(1889), quando diversos congressos socialistas tiveram lugar nas principais capitais europeias,
com várias tendências, nem sempre conciliáveis. A Primeira Guerra Mundial pôs fim à
Segunda Internacional, em 1914. Em 1917, uma revolução inspirada nas idéias marxistas, a
Revolução Bolchevique, na Rússia, criava no mundo o primeiro Estado operário. Em 1919,
inaugurava – se a Terceira Internacional ou Comitern, que, como a primeira, procurava
difundir os ideais comunistas e organizar os partidos e a luta dos operários pela tomada do
poder. Ela continua atuante até hoje, enfrentando intensa crise provocada pelo fim da União
Soviética e pela expansão mundial do neoliberalismo.” (sic) (p.95 – 96)
“O marxismo deixou de ser um método de análise da realidade social para
transformar – se em ideologia, perdendo, assim, parte de sua capacidade de elucidar os homens
em relação ao seu momento histórico e mobilizá–los para uma tomada consciente do poder.”
(p.96)
“Assim, não se devem confundir tentativas de realizações levadas a efeito por
inspiração das teorias marxistas com as propostas por Marx de superação das contradições
capitalistas – e de maneira mais rigorosa – confundir a ciência com o ideário política de
qualquer partido. Pode haver integração entre um e outro mas nunca identidade.” (p.97)
“Por mais que pretendesse entender o desenvolvimento universal da sociedade
humana, Marx jamais deixou de respeitar cientificamente a especificidade e a historicidade de
cada uma de suas manifestações.” (p.98)

Montes Claros, 23 de março de 2015

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