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M. P. C. Borges1 R. M. Moraes2
1
NETEB - Universidade Federal da Paraíba - Campus I, Caixa Postal 5095, CEP: 58051-970, João Pessoa-PB, Brasil
clomarb@zaz.com.br
2
Departamento de Estatística - Universidade Federal da Paraíba - Campus I - João Pessoa-PB, Brasil
ronei@de.ufpb.br
Fig. 2. Mapa das meso e micro regiões do Estado da Paraíba e suas principais rodovias.
A Fig. 3 mostra o mapa da variável “leitos hospitalares” cruzamento: número de leitos hospitalares menores ou
correspondendo ao final do período estudado, dezembro iguais a 25 e recursos maiores ou iguais a
de 1999, apresentando tendências dos maiores centros R$20.000,00, como mostra a Fig. 4
hospitalares ao longo da BR-230 e uma certa O resultado deste cruzamento apresentou uma maior
predominância na meso-região da Mata. A maioria dos concentração na meso-região do Brejo. São 37
municípios que não apresentaram estrutura de municípios que se enquadram nesta consulta,
atendimento hospitalar está próxima às fronteiras sul e representando 22,5% do total de municípios.
norte do Estado. Esta mesma tendência se repete para Com o cruzamento da variável recursos e população,
internação hospitalar. para verificar municípios menos populosos recebendo
Com o objetivo de verificar se há municípios com baixo recursos relativamente altos, foram encontrados 33
número de leitos hospitalares e recebem um valor municípios, representando 42,3% de um total de 78
alto de recursos, foi feito o seguinte municípios poucos populosos.
Fig. 3. Mapa do Estado da Paraíba de leitos hospitalares referente à dezembro de 1999, selecionados em 8 faixas de grupos de leitos.
Fig. 4. Mapa de municípios com número baixo de leitos mas valores relativamente altos de recursos
Analogamente cruzando recursos com internações modelos foi rejeitada a hipótese da não existência de
hospitalares foram encontrados 60 municípios regressão, para o nível de 5% de significância adotado.
correspondendo a 31,7% do total de municípios com Nos gráficos de ajuste de distribuição normal foram
baixa incidência de internações. observados a normalidade dos resíduos para todos os
agrupamentos.
4. DISCUSSÃO A variável “produção ambulatorial” dentro de todos os
modelos, precisou ser transformada em raiz quadrada
Foram comprovadas tendências espaciais nos resultados porque foi observada uma distribuição assimétrica em
da análise exploratória. Os municípios poucos populosos seus valores e principalmente porque provocava uma
que receberam recursos relativamente altos tendência quadrática na análise dos resíduos.
provavelmente utilizam parte destes recursos com o Inicialmente todas as variáveis fizeram parte dos
deslocamento dos pacientes para municípios vizinhos em modelos de regressão, porém por não obter um bom
busca de melhores atendimentos hospitalares. resultado a nível de 5% de significância algumas
Através da análise de regressão linear foram gerados variáveis foram descartadas de alguns modelos dos
gráficos e tabelas para cada um dos sete agrupamentos. agrupamentos, resultando em modelos de melhor
Os modelos estatísticos de cada agrupamento qualidade.
responderam com boa qualidade de ajuste. Em todos os
5. CONCLUSÕES fronteiras da meso-região do Sertão e na micro-região
do Litoral Sul.
Propomos neste trabalho uma metodologia para a análise É importante ressaltar ainda que a espacialização dos
espacial de dados de saúde pública, na presença de dados favorece a certas conclusões que não seriam
heterogeneidade nas observações. A metodologia prevê o possíveis ou bem mais dificultosas sem o auxílio da
agrupamento de municípios similares e a modelagem análise espacial.
individual de cada grupo. Por fim, deve-se ressaltar que a metodologia descrita
Foi estudado o caso dos recursos financeiros destinados neste trabalho pode ser aplicada a outros contextos
aos de municípios do Estado da Paraíba, no Brasil, a espaciais similares ao estudo de caso realizado sobre os
partir de dados coletados junto ao Sistema Único de dados do Estado da Paraíba.
Saúde brasileiro - SUS. Neste estudo, o método de
classificação hierárquica, a partir dos 223 municípios do
estado, permitiu a criação de agrupamentos bem
REFERÊNCIAS
definidos, que podem ser considerados diferentes quanto
a distribuição de recursos do SUS. [1] M. P. C. Borges, “Utilização de sistema de informações
O método de regressão linear múltipla permitiu a geográficas na análise espacial de dados oficiais de saúde
pública”, Dissertação de Mestrado de Engenharia Biomédica,
caracterização matemática dos recursos destinados pelo UFPB, Novembro de 2000.
SUS para todos os sete grupos de municípios da Paraíba. [2] P. A. Burrough, “Principles of geographic information systems
A variável distância permaneceu no modelo da maioria for land resources assessment. Oxford, Claredon, 193 p., 1986.
dos agrupamentos, refletindo a dependência espacial [3] G. Câmara, “Modelos, Linguagens e Arquiteturas para Banco
de Dados Geográficos”. Tese de Doutoramento em
entre os municípios. Computação Aplicada. São José dos Campos, INPE, 1995.
As técnicas de análise espacial, consultas simples e [4] G. Câmara, J. S. Medeiros, A. M. V. Monteiro,
consultas cruzadas, proporcionaram as seguintes “Geoprocessamento para projetos ambientais”. Cap. 23, livro
conclusões espaciais: On-line, Geoprocessamento: Teoria e Aplicações, INPE, 1999.
[5] M. S. Carvalho, “Aplicação de métodos de análise espacial na
Foi constatado que há uma tendência geral tanto dos caracterização de áreas de risco à saúde. Tese de Doutoramento
maiores centros hospitalares quanto de um maior número em Engenharia Biomédica, COPPE/UFRJ, Maio de 1997.
de atendimentos ambulatoriais estarem mais próximos às [6] M. S. Carvalho, O. G. Cruz, “Mortalidade Por Causas
rodovias, principalmente a BR-230. Seguindo a mesma Externas, Análise Exploratória Espacial Região Sudeste do
Brasil”. Anais do XI° Encontro Nacional de Estudos
tendência dos grandes núcleos populacionais em áreas populacionais, Caxambu, 19 a 23 de Outubro de 1998.
que margeiam as principais rodovias. Analogamente, há [7] N. R. Draper, H. Smith, “Applied Regression Analysis”. New
uma tendência de maior concentração dos municípios York, John Wiley & Sons, Inc., 1981
com condições mais baixas nas fronteiras do Estado. [8] R. A. Johnson, D. W. Wichern, “Applied Multivariate
Statistical Analysis”. 3ª ed., New Jersey: Prentice Hall, 1992.
Há uma predominância de atendimentos ambulatoriais [ 9] H. J. Matos, “Um Sistema de Informações Geográficas para
nas meso-regiões da Mata e do Brejo, a oeste do Sertão e Vigilância Nutricional em Atenção Primária à Saúde”.
ao longo da BR-421. A variável “recursos” segue Dissertação de mestrado em Engenharia Biomédica,
praticamente esta mesma tendência. COPPE/UFRJ, Maio de 1992.
[10] NETGIS, “Spring 3.0 – Manual do Usuário”. São José dos
Comprovamos a existência de municípios de pequeno Campos, Junho de 1998.
porte que recebem recursos relativamente altos. Apesar [11] P. D. Rodriguez, “Variações Espaciais de Fatores de Risco em
de representarem uma pequena parcela, correspondendo Saúde em Áreas Geográficas Pequenas”. Dissertação de
apenas a 14,7% do total geral de municípios, apresentam Mestrado em Engenharia Biomédica, COPPE/UFRJ, Junho
de 1996.
um percentual de 42,3 % em relação ao total de [12] G. Rose, “Indivíduos Enfermos y Poblaciones Enfermas”.
municípios deste porte. Há uma maior incidência destes Boletim Epidemiológico OPAS, v.6,n.3,pp.1-8, 1985.
municípios na região central do estado, compreendendo a [13] R. J. Stimson, “Spatial aspects of epidemiological
maior parte da meso-região da Borborema. phenomena and of the provision and utilization of health care
services in Australia: a review of methodological problems
A maioria desses municípios não possui atendimento and empirical analysis”. Environment and Planning A,
hospitalar, o que aparentemente justifica que os recursos v.12,pp.881-907, 1980.
mencionados seriam referentes às despesas com o envio [14] M. F. Worboys, “GIS: A computing perspective”. London:
de pacientes para centros maiores e possivelmente mais Taylor and Francis. 1995.
próximos. Espacialmente estes municípios se encontram
em maior concentração na região central do estado.
Existe um mesmo comportamento das variáveis
“recursos” e “produção ambulatorial”, uma vez que o
município apresentando “produção ambulatorial” deve
receber recursos para tal atividade. Portanto essas
variáveis apresentam tendências espaciais semelhantes,
com uma maior incidência leste e a oeste do Estado, bem
como ao longo da BR-412.
Constatamos que 189 municípios apresentam um número
abaixo de 100 internações mensais, desses municípios,
31,7% recebem recursos relativamente altos e estão em
maior concentração na meso-região do Brejo, nas
SPACE ANALYSIS OF DATA OF PUBLIC HEALTH
ABSTRACT
This paper presents the statistical modeling from health municipal data of the State of Paraíba, corresponding
to the years of 1998 and 1999. The variables are: number of hospital beds, amount of hospitalizations,
resources of the Brazilian Health System (SUS), outpatients department services and Paraíba’s state
population. These variables were incorporated to a Geographical Information System to generate a
geographical database. We applied simple and crossed consultations techniques on the database, multivariate
classification and multivariate regression analysis. Our objective was obtain statistical models for the SUS
resources destined to the municipal districts. The hierarchical classification obtained 7 groups from the data
set, which were modeled by regression analysis. The obtained results evidenced spatial tendencies on the
studied variables. Without the use of the analysis space certain conclusions they would not be possible or
much more difficult and that this resource is desirable whenever it is had phenomenons that can be described
in a space context. The presented methodology is effective for data of public health and it can be applied for
analyses in similar contexts