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CDD 343.04
1.1. Introdução
1.2. Conceituação do Direito Tributário
1.3. Sistema Jurídico e Sistema Jurídico Tributário Nacional
1.4. Normas gerais de Direito Tributário e o Poder de Tributar
1.5. Funções das Principais Normas Tributárias
Síntese do capítulo
Jurisprudência sobre o tema
Questões
Gabarito 27
Referências Bibliográficas 29
CAPÍTULO 1
DIREITO TRIBUTÁRIO
NACIONAL
1.1. Introdução
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Assim é que, princípios são conhecidos como “mestres das regras” dentro do sistema
das normas como um todo, aqui considerando normas lato senso, nos quais são espécies, por
exemplo, as leis, os princípios, as portarias, cabendo ao intérprete do sistema jurídico, buscar
identificar as estruturas básicas, os fundamentos, os alicerces do sistema em análise.
No momento, importa-nos dar destaque aos princípios constitucionais, para, a par-
tir deles, compreender a função do sistema jurídico tributário e seus princípios basilares.
Isto porque, no Brasil o sistema tributário é constitucional e, portanto, é um sis-
tema rígido. Tal afirmação quer dizer que para que haja qualquer alteração é necessário
um procedimento mais solene e complexo, do que o exigido na confecção de outras leis.
Nesse sentido, Sacha Calmon (COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Di-
reito Tributário Brasileiro. 10.ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2.009) aduz que são três as
consequências desta constitucionalização:
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No primeiro contato com o Direito Tributário, o foco será o “Direito Constitu-
cional Tributário”, assim entendido como o conjunto de princípios e normas de Direito
Constitucional que regulam o poder impositivo do Estado, tanto no que se refere à ação
estatal dirigida à percepção e lançamento dos tributos, como as correlativas garantias
jurisdicionais dos contribuintes.
Posteriormente, trataremos do Direito Tributário tendo como foco o Código Tribu-
tário Nacional e suas imposições legais, relativamente às normas gerais do Direito Tributário.
a) Receitas Originárias
As receitas originárias são representadas, em sua maioria, pelos chamados preços
públicos, entendidos como a remuneração paga pelo uso de bens e serviços estatais, assim
como pela produção, industrialização e comercialização de mercadorias, por meio de em-
presas e instituições públicas. Exemplos: as rendas de bancos estatais e receita da Petrobrás.
b) Receitas Derivadas
As receitas derivadas são chamadas de compulsórias. Ou seja, é obrigatório o ato
de exigi-las pelo Estado, forçosa é sua exigibilidade sem necessariamente uma contra-
prestação direta de serviços prestados, sob pena de descumprimento do dever estatal.
Neste caso, o contribuinte, que é o sujeito passivo inter-relacionado com o Esta-
do, por força do disposto em Lei, está sujeito a suportar o ônus da criação dessas receitas.
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Exemplos de receitas derivadas: os tributos e as penalidades pecuniárias.
É sobre essas receitas que iremos abordar durante todo esse curso. As receitas
tributárias – preocupação do Direito Tributário como um todo.
- Princípio da Legalidade - significa que não pode ser exigido ou aumentado tributo sem
que haja estipulação de lei (Art.5.º, II e Art.150, I da CF).
- Princípio da Isonomia - todos os contribuintes são iguais perante o fisco (Art.5.º e
Art.150, I da CF).
- Princípio da Anterioridade - proíbe a União, os Estados e os Municípios de cobrar
tributos no mesmo exercício de sua instituição (ou seja, os impostos só podem ser co-
brados no ano seguinte de sua aprovação em lei). As exceções para esse princípio são o
Imposto de Importação, o Imposto de Exportação, o IPI, o IOF e os impostos extraor-
dinários (em caso de guerra) (Art. 150, III a, da CF).
- Princípio da Irretroatividade da lei - proíbe a lei de retroagir, ou seja, não podem ser
exigidos tributos sobre fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que
instituiu ou aumentou algum tributo (Art.150, III a, da CF).
- Princípio da Capacidade Tributária - os impostos serão graduados conforme a capaci-
dade econômica do contribuinte (Art.145, parágrafo I da CF).
- Princípio da Uniformidade - os tributos instituídos pela União serão uniformes em
todo o território nacional (Art.151, I da CF).
- Princípio da Inconstitucionalidade - a lei tributária será inconstitucional, quando emanar
contra os contribuintes faltosos, prevendo pena de prisão civil (Art. 5°, LXII da CF).
- Princípio de Proteção Fiscal - concessão de mandado de segurança para proteger o
direito fiscal líquido e certo do contribuinte (Art.5.º, LXIX, da CF).
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1.5. Funções das Principais Normas Tributárias
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 1.º. Esta Lei regula com fundamento na Emenda Constitucional n.º 18 de 1.º
de dezembro de 1965 o Sistema Tributário Nacional e estabelece, com fundamento no art.
5.º, inciso XV, alínea b, da Constituição Federal, as normas gerais de Direito Tributário
aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, sem prejuízo
da respectiva legislação complementar, supletiva ou regulamentar (g.n.).
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que o estabeleça (Princípio da Legalidade), essa lei que a Constituição Federal refere-se
é a Lei Ordinária.
A respeito dessas funções, passamos a dispor mais especificamente em momento
oportuno. Assim, podemos afirmar que:
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- Estabelecer normas gerais sobre legislação tributária, definindo tributos e as suas espé-
cies, prefixando fato gerador, contribuinte e base de cálculo de cada imposto, e delinean-
do as regras e os procedimentos aplicáveis às obrigações e ao crédito tributário.
SÍNTESE DO CAPÍTULO
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Jurisprudência sobre o Tema
TRIBUTÁRIO.COMPENSAÇÃO.ART.66DALEI8.383/1991.ART.170,
DO CTN. ART. 146, III, B, CF/1988.
1. (...).
6. O art. 146, iii, “b”, da CF/1988, dispõe que somente lei complementar pode tra-
tar de obrigação, lançamento e crédito tributários. O art. 170, do CTN, ao exigir liquidez e
certeza para ser efetivada a compensação e lei complementar. Ainda mais, quando diz que a
compensação só pode ser feita nos termos da lei ordinária. Fixa, assim, pressuposto nucle-
ar a ser cumprido pelas partes, não dispensável pela lei ordinária, que e existência de crédito
líquido e certo. A seguir exige que a lei ordinária autorize a compensação e fixe garantias e o
modo da mesma se proceder. O art. 66 da lei 8.383/1991, em consequência e derivado do
art. 170, do CTN. Não criou um novo tipo de compensação. Se o fizesse, não seria acolhi-
do pelo Sistema Jurídico Tributário, por violar norma hierarquicamente superior.
7. Recurso conhecido, porém improvido. (resp. 109.531/ mg., rel. Ministro José
Delgado, primeira turma, julgado em 06/02/1997, dj 07/04/1997, p. 11073)
TRIBUTÁRIO-TAXA-EMPRESAPRESTADORADESERVIÇODETVA
CABO - SÚMULAS 280, 282 e 284 DO STF - RECURSO ESPECIAL NÃO-CONHE-
CIDO-QUESTÕESDEBATIDASDEDIREITOLOCALECONSTITUCIONAL.
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QUESTÕES
1. A União, por meio de Lei Complementar, passa a dispor sobre regras gerais do ICMS,
estabelecendo alíquotas, mudando base de cálculo, bem como o destino do recurso. Tal
fato, à luz do sistema e dos princípios do direito tributário é:
2. As limitações constitucionais ao poder de tributar devem ser reguladas por meio de:
a) lei complementar.
b) lei ordinária.
c) resolução do Senado Federal.
d) decreto-legislativo.
e) decreto regulamentar.
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CAPÍTULO 2
Princípios Fundamentais
Constitucionais do Estado
Brasileiro com repercussão no
campo Tributário
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“Na Federação, não existe direito de secessão. Uma vez efetivada a adesão de
um Estado, este não pode mais se retirar por meios legais. Em algumas Constituições, é
expressa tal proibição, mas ainda que não o seja ela é implícita.” (DALLARI, Dalmo de
Abreu. Elementos de teoria geral do Estado. 11.ª ed.. São Paulo: Saraiva, 1985. p. 227).
a. A Soberania
O sentido democrático previsto no § 1.º da CFRB, ao proclamar que todo poder
emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos
termos lá expostos, consiste que a titularidade dos mandatos – executivo ou legislativo
– somente se materializa mediante a um ato concreto de expressão popular.
A soberania, nas palavras de Marcelo Caetano consiste em:
b. A Cidadania
A cidadania representa um status do ser humano – tanto como objeto como de
direito fundamental das pessoas – e no sentido lato, qualifica os participantes da vida do
Estado http://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/texto.asp?id=997 - _ftn3#_ftn3,
reconhecendo-os como pessoas integradas na sociedade estatal e onde esse Estado está
submetido à vontade popular dos seus cidadãos.
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pessoa, que se manifesta na autodeterminação consciente e responsável da própria vida
e que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à
vida privada, à intimidade, à honra, à imagem – é a consagração da dignidade da pessoa
humana como fundamento da República Federativa do Brasil – com total aplicação em
relação ao planejamento familiar – derivada do casamento estável entre homem e mu-
lher, da paternidade responsável – competindo ao Estado propiciar recursos educacio-
nais e científicos – art. 226, § 7.º, in verbis:
Daí decorre que a ordem econômica há de ter por fim assegurar a todos exis-
tência digna a uma ordem social ligada a uma justiça social (art. 170) e a Educação com
o desenvolvimento da pessoa e de seu preparo para o exercício da cidadania (art. 205).
Todos alicerçados não como meros enunciados formais, mas como indicadores do con-
teúdo normativo, positivado, eficaz da dignidade da pessoa humana.
d. O Pluralismo Político
O legislador constituinte consagrou o pluralismo político como fundamento do
Estado brasileiro, ao afirmar, considerar, a ampla e livre participação popular nos desti-
nos políticos do país, garantindo a liberdade de convicção filosófica e política, asseguran-
do a possibilidade de organização e participação em partidos políticos.
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O ideal Republicano permeia todo o ordenamento jurídico, condicionando a
produção normativa, pelos agentes credenciados, a estrita observância de seus ditames,
sejam eles implícitos ou explícitos.
O Princípio Republicano é o princípio informador de todo nosso sistema jurídi-
co e também do subsistema do Direito Constitucional Tributário, influenciando a inter-
pretação de todos os demais princípios constitucionais.
E a posição de primazia deste sobreprincípio em relação aos demais prestigia-
dos pelo constituinte, encontra-se vivificada ao longo do Texto Constitucional, tendo
diversos dos elementos republicanos sido alçados à condição de cláusulas pétreas pelo
parágrafo 4.º do artigo 60 da Constituição.
A Lei Tributária deve ser igual para todos e a todos deve ser aplicada com igual-
dade. Todos devem receber o mesmo tratamento tributário.
a. Características
- descentralização política ou repartição constitucional de competências;
- repartição constitucional de rendas – Título-VI e arts. 153 a 162;
- participação da vontade das entidades locais – ordens jurídicas parciais – na
formação da vontade nacional – ordem jurídica central;
- possibilidade de autoconstituição – em que os Estados-membros podem elaborar
suas próprias Constituições, respeitando os princípios básicos da Constituição Federal e
aos Municípios elaborarem sua própria lei orgânica, como mera manifestação do poder
legislativo municipal ou local;
- autonomia administrativa;
- autonomia política.
b. Aspectos
- rigidez constitucional;
- indissolubilidade do pacto federativo;
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- o STF é o guardião da Constituição – dirimindo qualquer dúvida relativa à distribuição de
competências, fazendo cumprir a partir de sua interpretação, o pacto federalista;
- intervenção federal nos Estados-membros – no exercício de algumas prerrogativas
expressamente anunciados na Constituição.
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O Brasil é uma República Federativa, e sendo a Federação uma forma complexa
de organização política, é, na verdade, forma de descentralização do poder, de descen-
tralização geográfica do poder do Estado, consubstanciado pelo princípio da autonomia
dos entes parciais que o formam, sendo que suas competências e limitações decorrem
tão somente das prescrições normativas do Texto Constitucional de 1.988.
O art. 1.º da CRFB proclama que a República Federativa do Brasil é formada
pela união indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito Federal, determinando-se,
assim, a existência de várias ordens na composição de nossa Federação: a União – ordem
total, os Estados – ordens regionais e os Municípios – ordens locais; ficando assim o
poder político repartido entre os entes coletivos que compõem a Federação.
A equiparação formal dos Municípios com os Estados-membros e a União me-
diante a sua elevação para a terceira esfera estatal da Federação foi ainda fortalecida pelas
prescrições contidas nos arts. 18, 29 e 30 da Constituição Federal.
Vê-se que ficou garantida a autonomia aos Estados Federados e aos Municípios,
que se consubstancia na sua capacidade de auto-organização, de autolegislação, de auto-
governo e de autoadministração, modificando, dessa forma, profundamente a posição
do Município na Federação, porque o considera componente da estrutura federativa, en-
tidade estatal integrante da Federação, entidade político-administrativa, dotada, inclusive,
de autonomia política.
Autonomia significa capacidade ou poder de gerir os próprios negócios, den-
tro de um círculo prefixado por entidade superior, detendo a Constituição Fede-
ral, exclusivamente, o poder de distribuir as competências e impor limites às três
esferas de governo.
Criou-se assim uma nova instituição municipal no Brasil, sendo-lhe reconhecido
o poder de auto-organização, ao lado de governo próprio e de competências exclusivas.
Ficaram ainda estipulados na Constituição Brasileira de 1.988 os limites do poder
constituinte decorrente para a promulgação das Constituições Estaduais e das Leis Or-
gânicas Municipais – espécie de Constituição Municipal, sendo que estas deverão atender
os princípios estabelecidos na Constituição Federal e na Constituição Estadual respectivas.
A obediência será aos princípios.
A autonomia das coletividades parciais é essencial para a existência de uma Fe-
deração, a tal ponto que sem ela a organização federal não se distinguiria de um Estado
unitário complexo.
Observa-se, então, que a autonomia dos Estados e dos Municípios está na base
do princípio republicano, sendo um dos mais importantes princípios do nosso direito públi-
co, que na pena de GERALDO ATALIBA ganha o seguinte destaque:
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dência dos poderes (inciso IV) –, protegido pela mais drástica das sanções institucionalmente
previstas (a intervenção federal, art. 34), é, no Brasil, ingrediente necessário e ínsito da pró-
pria República; é decorrência imediata e indissociável do princípio republicano.”
Tem-se assim que o princípio da autonomia dos entes federados (Estados e Mu-
nicípios) é uma derivação dos princípios fundamentais da República e da Federação.
Ou seja, a República Federativa do Brasil estabeleceu-se em um trinômio inte-
grado, pois além do Governo Central e dos Estados-membros, também, em um terceiro
nível, trouxe os Municípios.
Conquanto ocupe um terceiro nível na escala constitucional federativa, estabe-
lece a Constituição plena igualdade entre os entes federados, não se permitindo falar
em supremacia de um sobre qualquer dos outros, pois todos dispõem de autonomia, e
limitados aos ditames vicejados pela Carta Magna.
Vê-se ainda que o art. 35, caput da Constituição Federal, é taxativo ao asseve-
rar que o Estado-membro não intervirá no Município, ressalvados os casos em que a
própria Carta Fundamental especifica, não prestando a cláusula aparentemente aberta
do art. 35, IV, que fala da observância de "princípios indicados na Constituição Esta-
dual" a fim de criar novas hipóteses de intervenção. Isto porque os princípios da cons-
tituição estadual não são nada mais que os princípios da própria Constituição Federal,
a ela incorporados automaticamente.
Nada mais é observado de que como a entidade municipal integra a Federação
Brasileira, na condição de pessoa política autônoma (arts. 1.º e 18 da Constituição Fede-
ral) não se pode ter como válida qualquer norma estadual, inclusive de sua Constituição,
que, ao cuidar, do tema, agrida, restrinja ou anule a autonomia municipal. Tudo o que
exceder à condição constitucional autônoma do município é contrário à organização
federativa adotada pelo poder constituinte originário e não deve subsistir validamente no
Sistema Jurídico Brasileiro.
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tar deve se conformar, formal e materialmente ao texto constitucional, como diz José
Afonso da Silva.
Embora seja possível, não é papel da Lei Complementar estabelecer minúcias,
ainda que digam respeito aos tributos da União. Exemplo: a Constituição funciona
como um cliente que encomenda o quadro a um artista, dando as especificações que
quer, tamanho da tela, motivo, cores e tintas. A moldura do quadro, ou seus limites,
são como a Lei Complementar. O preenchimento do quadro, o trabalho do artista é
reservado à Lei Ordinária.
Com relação à Lei Ordinária e a Lei Complementar, cada uma deve atuar dentro
de seu campo material exclusivo, não havendo que se falar em hierarquia.
A Lei Ordinária é obrigada a respeitar o campo privativo da legislação comple-
mentar, tal como esta não pode invadir o campo da Lei Ordinária.
É a Lei Complementar que determina a elaboração da Lei Ordinária? Resposta:
Não. É a Constituição.
O teor da Lei Ordinária é ditado pela Lei Complementar? Resposta: Não. Quem
diz isto é a Constituição.
O conflito entre a Lei Ordinária e a Lei Complementar é uma violação desta úl-
tima? Resposta: Não. É uma violação à Constituição.
A Constituição estabelece em seu artigo 146, inciso I, que a Lei Complemen-
tar é competente para dispor sobre conflitos de competência em matéria tributária,
entre os entes federados. Desta forma, qualquer conflito existente nessa área, a Lei
Complementar irá estabelecer os critérios para sua solução, respeitando sempre o
princípio federativo.
O inciso II, do artigo acima mencionado, dispõe sobre regulação às limi-
tações constitucionais ao poder de tributar.
O Código Tributário Nacional, embora tenha sido formalmente editado como
Lei Ordinária, entende-se que foi recepcionado com status de Lei Complementar, por-
tanto, só podendo ser alterado ou revogado por meio de outra Lei Complementar. Em
2.001, houve a edição da Lei Complementar n.º 104, que alterou e acrescentou alguns
dispositivos do CTN.
Definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos dis-
criminados na Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contri-
buintes, cabe à Lei Complementar, conforme dispõe o art. 146, III, "a". Deixando claro
que, em regra, a instituição de um tributo é feita por meio de Lei Ordinária.
Excepcionalmente, Lei Complementar poderá instituir alguns tributos:
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Outros dispositivos constitucionais prescrevem que Lei Complementar deve re-
gular alguns aspectos dos arts. 155, 156 e 161. Esses tributos só podem ser instituídos
em casos de relevância e urgência.
SÍNTESE DO CAPÍTULO
- O princípio republicano leva à igualdade, pois exige que os contribuintes recebam tra-
tamento isonômico.
- A Constituição Federal consagrou o princípio do federalismo delimitando e dividindo
entre os entes políticos (União, Estados-Membros, Distrito Federal e Município) o po-
der de tributar.
- A CF não cria efetivamente tributos, apenas outorga competência tributária para as
pessoas políticas, ou seja, confere aos entes políticos a aptidão para criar, modificar, e
extinguir, por meio de lei, tributos. A repartição da competência esta disciplinada nos
artigos 153 a 156 da CF.
- A autonomia municipal decorre então do princípio federativo, logo qualquer violação
à autonomia do Município ter-se-á também a intromissão ao pacto federativo, já que a
existência de múltiplas ordens jurídicas dentro de um mesmo Estado Federal exige uma
compatibilidade entre elas.
- A Lei Complementar em matéria tributária possui relevante importância, enquanto
norma geral, pois não possui função precípua de criar tributos, os institui apenas em si-
tuações excepcionais, constantes da própria CRFB, sob pena de desvirtuar sua natureza.
- O Código Tributário Nacional não institui nenhum tributo, deve apenas defini-los,
como no caso dos impostos, que estabelece os fatos geradores, bases de cálculo e con-
tribuintes a serem descritos na Lei Ordinária que os instituirá.
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2. Ante a falta de previsão legal, não se admite a quitação do tributo por meio de dação
em pagamento de Títulos da Dívida Agrária, quer por compensação, quer por ação de
consignação. Precedentes do STJ.
AC 15937 MG 2000.38.00.015937-1
EMENTA TRIBUTÁRIA - ISS - SERVIÇOS DE COMPOSIÇÃO GRÁFICA
- MUNICÍPIO COMPETENTE PARA EXIGIR - LOCAL DA REALIZAÇÃO DO
FATO GERADOR - INTERPRETAÇÃO DO ART. 12 DO DECRETO-LEI 406/68
- PRECEDENTES - Consoante iterativa jurisprudência desta eg. Corte, o Município
competente para a cobrança do ISS é aquele em cujo território realizou-se o fato gera-
dor, em atendimento ao princípio constitucional implícito, que atribui àquele Município,
o poder de tributar os serviços ocorridos em seu território. Executados os serviços de
composição gráfica em estabelecimentos localizados em outros Municípios, não tem a
Municipalidade de Curitiba competência para exigir ISS referente a esses fatos geradores.
Recurso especial não conhecido.
Roque Carrazza defende ponto de vista similar, lembrando que o art. 12 do DL
406 é válido nos casos em que o serviço é prestado no próprio Município. Afirma o jurista:
“Aantinomiaconstitucional,porque,sedeumladoprestigiaoprincípiodaterritorialidadeda
tributação,harmonizando-secomoprincípiodaautonomiamunicipal(competênciaparaexigibilidadede
seusprópriosimpostos),deoutro,implicaofensaaoDL406/68,facemesmomunicípioemqueestáo
estabelecimentoprestador.Criticaorenomadomestreasoluçãodanormainfraconstitucional.”
“Assim,afastam-seporinconsistência,ascríticasàjurisprudênciadoSTJ,dentreasquaisestáado
ProfessorJoséEduardoMelo,quandoafirmacaberaoSTFojulgamentodaquerelaemnívelconstitucional.”
QUESTÕES
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2. A competência tributária da União, Estados e Municípios é definida:
a) na Constituição Federal.
b) em Lei Complementar.
c) em Lei Ordinária.
d) nos decretos regulamentares.
e) nas resoluções do Senado Federal.
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GABARITO
Capítulo 1
1-D│2-A│3-E
Capítulo 2
1-E│2-A│3-B
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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