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Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão

Departamento de Eletroeletrônica

Sistemas de Energia Elétrica

Professor : Helton do Nascimento Alves

São Luis – Ma – Outubro de 2007


SUMÁRIO
Capítulo 1 – SISTEMA DE ENERGIA ........................................................................ 4
1.1 Introdução ................................................................................................................ 4
1.2 Sistema de Energia Elétrica ..................................................................................... 4
Capítulo 2 – GERAÇÃO DE ENERGIA ...................................................................... 9
2.1 Introdução ................................................................................................................ 9
2.2 Geração ................................................................................................................... 9
2.3 Grupos Geradores .................................................................................................. 26
Capítulo 3 – TRANSMISSÃO DE ENERGIA ........................................................... 36
3.1 Transmissão de Energia Elétrica ............................................................................ 36
3.2 Interligação do Sistema Elétrico ............................................................................ 37
3.3 Estruturas e Cabos ................................................................................................. 40
Capítulo 4 – SUBESTAÇÃO DE ENERGIA ............................................................. 47
4.1 Introdução .............................................................................................................. 47
4.2 Subestações de Energia .......................................................................................... 47
4.3 Partes da SE ........................................................................................................... 56
ANEXO ............................................................................................................... 117
Capítulo 5 – MANUTENÇÃO EM SUBESTAÇÕES .............................................. 119
5.1 Introdução ............................................................................................................ 119
5.2 Tipos de Manutenção ........................................................................................... 120
5.3 Linhas de Transmissão Aérea – Manutenção .......................................................122
5.4 Subestações- Manutenção .................................................................................... 123
5.5 Manutenção de Instalações Energizadas .............................................................. 129
Capítulo 6 – SISTEMAS DE ATERRAMENTO ...................................................... 147
6.1 Introdução ............................................................................................................ 147
6.2 Conceitos Importantes ......................................................................................... 149
6.3 Resistividade do Solo .......................................................................................... 154
6.4 Estruturas Utilizadas no Aterramento ................................................................. 157
6.5 Proteção ao Usuário e Equipamentos .................................................................. 160
6.6 Proteção de Equipamentos Eletrônicos Sensíveis ............................................... 163
6.7 Uso em Sistemas Trifásicos ................................................................................. 168
6.8 Projeto de Sistemas de Aterramento .................................................................... 172
6.9 Proteção Contra Descargas Atmosféricas ............................................................ 174
Capítulo 7 – DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ......................................................... 179
7.1 Sistema de Distribuição ....................................................................................... 179
7.2 Alimentador Primário ........................................................................................... 181
7.3 Alimentador Secundário ....................................................................................... 189
Capítulo 8 – CARACTERÍSTICAS DA CARGA ..................................................... 196
8.1 Curva de Carga ..................................................................................................... 197
8.2 Perdas na Distribuição .......................................................................................... 204
8.3 Compensação Reativa .......................................................................................... 205
Capítulo 9 –TARIFAÇÃO E MEDIÇÃO .................................................................. 223
9.1 Terminologia Usada na Tarifação de Energia ...................................................... 224
9.2 Tarifação ............................................................................................................... 231
9.3 Medição ................................................................................................................ 240

Capítulo 10 – PROJETOS DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO ................................. 247


10.1 Terminologia Usada no Projeto de Redes ........................................................ 247
10.2 Roteiro para Elaboração de Projetos ................................................................. 249
ANEXOS .......................................................................................................... 301
CAPITULO 1

SISTEMA DE ENERGIA
1.1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo será mostrado um panorama geral de um sistema de energia, bem


como uma introdução das suas principais partes.

1.2 SISTEMA DE ENERGIA ELÉTRICA

O sistema de energia elétrica pode ser dividido em 4 grandes áreas : geração,


transmissão, distribuição e utilização. A figura 1.1 mostra um exemplo de um sistema
de energia.

Figura 1.1 – Exemplo de um sistema de energia elétrica.

Um outro exemplo de sistema elétrico é mostrado na figura 1.2 através de um


diagrama unifilar.
Helton do Nascimento Alves 1. Sistema de Energia 5
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Figura 1.2 – Diagrama unifilar de um sistema de energia elétrica.

1.2.1 GERAÇÃO

A energia elétrica produzida nas centrais geradoras, segue um longo caminho até
chegar ao seu consumidor final. Esta geração ocorre geralmente em locais distantes dos
centros consumidores. No caso predominante no Brasil (geração hídrica) a natureza
impõe os locais onde sejam viáveis as construções das barragens. É comum usinas
geradoras distantes centenas ou milhares de quilômetros dos grandes centros. A geração
de energia elétrica pode ser realizada por meio do uso da energia potencial da água
(hidrelétricas), energia potencial dos combustíveis (termelétricas e termonucleares), a
partir da energia dos ventos (eólica) e solar (células fotovoltaicas). A tensão de geração
é característica do tipo de equipamento e está relacionada com a tecnologia do gerador e
agregados. Ela é limitada pela capacidade dielétrica e de troca térmica dos materiais de
isolamento, confinados pelos requisitos de compacidade inerentes destes equipamentos,
e pela tensão de trabalho dos outros componentes ligados ao gerador. Situa-se
normalmente entre 2,3 e 13,8 kV, podendo excepcionalmente atingir 22 kV, selecionada
entre valores padronizados pela tecnologia de máquina e normas técnicas internacionais.
A potência de uma central é eletricamente o produto da tensão de geração pela corrente
entregue ao sistema elétrico. Em sistemas de geração trifásicos, obedece a fórmula P =
V.I (MW), se a tensão for em kV e a corrente em kA. Esta relação indica que uma dada
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potência pode ser o resultado conjugado de diversos valores de tensão de corrente,


desde que o produto potência seja o mesmo. No lado da produção, esta relação está
presente nos terminais do gerador ou do transformador elevador como a tensão e
corrente de geração.

No Brasil, cerca de 95% da energia gerada é através de hidrelétricas pois o país


possui um rico potencial hidráulico, estimado em mais de 150 milhões de kW. As
termelétricas utilizam combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, etc), combustíveis
não fósseis (madeira, bagaço de cana, etc) ou combustível nuclear (urânio enriquecido).
A energia dos ventos é uma abundante fonte de energia renovável, limpa e disponível
em todos os lugares. A utilização desta fonte energética para a geração de eletricidade,
em escala comercial, teve início há pouco mais de 30 anos e através de conhecimentos
da indústria aeronáutica os equipamentos para geração eólica evoluíram rapidamente em
termos de idéias e conceitos preliminares para produtos de alta tecnologia. No início da
década de 70, com a crise mundial do petróleo, houve um grande interesse de países
europeus e dos Estados Unidos em desenvolver equipamentos para produção de
eletricidade que ajudassem a diminuir a dependência do petróleo e carvão. Mais de
50.000 novos empregos foram criados e uma sólida indústria de componentes e
equipamentos foi desenvolvida. Atualmente, a indústria de turbinas eólicas vem
acumulando crescimentos anuais acima de 30% e movimentando cerca de 2 bilhões de
dólares em vendas por ano (1999). A energia solar pode ser captada na forma de calor
por coletores solares, que a armazenam pelo aquecimento de fluídos (líquidos ou
gasosos). A energia solar fotovoltáica, fruto da conversão direta em eletricidade, é
contudo, a que tem apresentado o impulso mais notável nos últimos anos. O surgimento
de uma diferença de potencial elétrico nas faces opostas de uma junção semi-condutora
quando da absorção da luz, efeito fotovoltáico, constitui o princípio básico de
funcionamento de uma célula fotovoltáica. Os sistemas de geração de energia
fotovoltáica têm recebido grande atenção por parte da comunidade técnica internacional
e, como conseqüência, têm sido apontados como uma das grandes oportunidades no
setor energético nesta virada de século. A produção mundial de painéis fotovoltáicos
vem crescendo expressivamente, tendo ultrapassado um total de 120 MW, no ano de
1997. A expectativa é que esta forma de geração de energia elétrica atinja níveis
comparáveis ao consumo mundial em torno do ano 2010.
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1.2.2 TRANSMISSÃO

A transmissão da energia deve ser feita de tal forma a satisfazer as necessidades


das cargas acopladas ao sistema, considerando as distâncias aos pontos de conexões e à
manutenção de valores de tensão normalizados pela distribuidora na região. Além disso,
a energia deve ser transmitida até os pontos de distribuição com qualidade, perdas
reduzidas e rentabilidade elevada. Assim, são necessários meios eficientes de levar essa
energia.

Os custos e as dificuldades técnicas de transmissão de potência e


conseqüentemente de energia após a geração, aumentam exponencialmente com o valor
da corrente elétrica, e em menor proporção com o da tensão do sistema. Por este motivo
o transporte de energia é feito em tensões mais elevadas e correntes mais reduzidas que
as suas homólogas no lado da geração. A conversão dos valores de V e I inerentes aos
equipamentos de geração, para valores adequados à transmissão, é realizada por
subestações elevadoras, que são projetadas para receber a potência produzida pela
central na tensão e corrente do gerador, e entregar esta mesma potência na tensão de
transmissão.

1.2.3 DISTRIBUIÇÃO

A tensão de transmissão deve obedecer à padronização para os equipamentos de


alta tensão do Sistema Interligado, em particular da distribuidora regional. As tensões
usuais de distribuição, dependendo da distribuidora, são 23 kV, 34,5 kV e 69 kV, e de
transmissão 138 kV, 230 kV e 550 kV, que são mais largamente utilizadas. As linhas de
Itaipu em corrente alternada operam em 760 kV.

Uma rede de distribuição deve fazer a energia chegar até os consumidores de


forma mais eficiente possível. A subestação redutora diminui a tensão da linha de
transmissão para 13,8 kV, chamada distribuição primária, que é o padrão geralmente
usado nos centros urbanos no Brasil. São aqueles 3 fios que se vê normalmente no topo
dos postes. Essa tensão primária é fornecida aos consumidores de maior porte os quais,
por sua vez, dispõem de suas próprias subestações para rebaixar a tensão ao nível de
alimentação dos seus equipamentos. A tensão primária também alimenta aqueles
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transformadores localizados nos postes que reduzem a tensão ao nível de ligação de


aparelhos elétricos comuns (127/220 V), para consumidores de pequeno porte. É
chamada de distribuição secundária.A rede é formada pelos quatro fios (separados e
sem isolação ou juntos e com isolação) que se observam na parte intermediária dos
postes. Algumas vezes tem-se 5 fios onde o 5º condutor é usado na iluminação pública.
É evidente que uma distribuição simples assim é típica de uma cidade de pequeno porte.
Cidades maiores podem ser supridas com várias linhas de transmissão, dispondo de
várias subestações redutoras e estas podem conter múltiplos transformadores, formando
assim várias redes de distribuição. Também pode haver várias tensões de distribuição
primária. Indústrias de grande porte em geral são supridas com tensões bastante altas, às
vezes a da própria transmissão, para evitar altos custos da rede.

1.2.4 UTILIZAÇÃO

A potência absorvida pelo sistema é característica da carga, e nada mais é do que


a soma das potências das utilidades elétricas atendidas, como motores que convertem
energia elétrica em trabalho mecânico, aquecedores que convertem em calor, etc. A
potência requerida pela carga é conseqüência do porte do equipamento que a utiliza, e é
expressa em unidades como CV, kW e kcal, conforme o tipo de transformação. A
energia elétrica fornecida é a potência entregue pela central geradora no ponto de
consumo durante um certo tempo, que é o tempo de fornecimento. A energia produzida
e entregue é a potência sendo gerada e consumida durante um determinado tempo. Em
sistemas trifásicos (E = V.I.h MWh), sendo h o tempo em horas que a potência é
disponibilizada e utilizada. A intensidade e densidade da carga, bem como o tipo de
consumidor (residencial, rural, comercial ou industrial) tem um papel fundamental na
definição das características do sistema de distribuição que vai atende-la.
CAPITULO II

GERAÇÃO DE ENERGIA

2.1 INTRODUÇÃO

Podemos definir energia elétrica como a energia resultante do movimento de


cargas elétricas em um condutor. É companheira inseparável da era moderna. Não é
difícil imaginar como nossa vida seria diferente sem ela. Mas o que a faz tão importante
a ponto de se tornar praticamente indispensável à vida atual? São muitos os motivos.
Seguem alguns pontos essenciais:

a) É facilmente transportável. Pode ser produzida no local mais conveniente e


transmitida para consumidores distantes por uma simples rede de
condutores (fios).

b) É facilmente transformável em outras formas de energia. Exemplo: calor,


luz, movimento.

c) É elemento fundamental para a ocorrência de muitos fenômenos físicos e


químicos que formam a base de operação de máquinas e equipamentos dos
tempos atuais. Exemplo: eletromagnetismo, efeito termiônico, efeito
semicondutor, fotovoltaico, oxidação e redução, etc.

Entretanto, como qualquer forma de energia, ela deve obedecer ao primeiro


princípio da termodinâmica. Assim, quando dizemos geração de energia elétrica,
devemos entender como uma transformação de uma outra forma de energia em energia
elétrica.

2.2 GERAÇÃO

As fontes primárias usadas para a produção de energia elétrica podem ser


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classificadas em renováveis e não-renováveis. São consideradas como fontes não-


renováveis aquelas passíveis de se esgotarem por serem utilizadas com velocidade bem
maior que os milhares de anos necessários para sua formação. Nesta categoria estão os
derivados de petróleo, gás natural, etc. Já as fontes renováveis são aquelas cuja
reposição pela natureza é bem mais rápida do que sua utilização energética como, por
exemplo, as águas dos rios, os ventos, o sol.

Existem várias formas de se gerar energia elétrica. Mas as opções diminuem


quando se trata de quantidades para consumo de uma sociedade. A seguir são mostradas
as mais comuns:

2.2.1 ENERGIA TÉRMICA

A energia que se transforma é o calor resultante da queima de algum combustível


(derivado de petróleo como óleo combustível, gás natural, carvão, madeira, resíduos
como bagaços, etc). Em nível mundial representa provavelmente a maior parcela. As
instalações usam basicamente caldeiras que geram vapor que aciona turbinas que
acionam geradores. Ou então máquinas térmicas como motores diesel ou turbinas a gás.
No aspecto ecológico apresenta problemas pois a queima de combustíveis joga na
atmosfera poluentes variados como o enxofre além do dióxido de carbono, responsável
pelo já preocupante efeito estufa (aquecimento global). Se madeira ou carvão vegetal
são usados, a conseqüência é o desmatamento.

2.2.2 ENERGIA NUCLEAR

pode ser entendida como uma térmica que usa caldeira, sendo a fonte de calor um
reator nuclear em vez da queima de combustível. Por algum tempo foi considerada a
solução do futuro para a geração de energia elétrica. Mas os vários acidentes ocorridos
ao longo do tempo revelaram um enorme potencial de risco. Os resíduos (lixo atômico)
são outro grave problema. Em vários países, não é mais permitida a construção de novas
usinas nucleares. Existe duas formas de conseguir energia trabalhando com o núcleo :
fusão nuclear e fissão nuclear.
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2.2.2.1 Fusão nuclear

A energia termonuclear é obtida durante processamento dos núcleos dos átomos.


Os processos de fissão ou fusão, bem como a energia liberada durante uma reação
nuclear, têm sua origem na própria formação do universo. Sob este aspecto vale a pena
colocar que a energia produzida pelo sol também advém de combustível nuclear, pois
no sol ocorre a constante transformação de átomos de Hidrogênio em Hélio em um
processo contínuo de fusão nuclear. Tal reação tem como resultado a liberação de
energia nas mais variadas formas ou comprimentos de onda. As estrelas, como o nosso
sol, são os principais processadores de material cósmico. Ao final de sua vida útil as
estrelas produzem vários elementos químicos, como o Ferro, dentre outros. O ferro, por
exemplo, que compõe a hemoglobina presente em nosso sangue foi formado, no
passado, no interior de uma estrela. A energia produzida pelo sol pode ser repetida em
pequenas escala, através de sistemas ou bombas onde ocorre a fusão do combustível que
é o hidrogênio ou isótopos dele como o deutério e o trítio. Em linhas gerais, nas bombas
de hidrogênio, uma pequena bomba de fissão age como espoleta e, logo após a reação
em cadeia do hidrogênio se inicia tendo como resultado a produção de energia sob
várias formas (eletromagnética, mecânica, térmica).

A quantidade de energia produzida pela fusão nuclear é extremamente grande se


comparada a fissão nuclear. A utilização da fusão nuclear em reatores para a geração
controlada da energia, encontra dois obstáculos básicos atualmente que não estimulam a
sua utilização, o primeiro é gerar a energia de ignição necessária que é cerca de
50.000.000º Celsius caso se viesse a utilizar o deutério como combustível. O segundo
fator é manter a fusão sob controle haja vista, as altas temperaturas geradas. Neste caso
o problema reside então, em produzir materiais resistentes que suportem de forma
constante as altas temperaturas produzidas. Estudos com confinamento em plasma vêm
mostrando resultados interessantes, tais experimentos consistem basicamente em
revestir local onde a reação ocorre (o reator) internamente com material em estado de
plasma, este parece conter a reação por intervalos de tempo satisfatórios e muito
promissores sob aspecto operacional.
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2.2.2.2 Fissão nuclear

Já há muitos anos a energia nuclear obtida por processo de fissão vem se


mostrando como uma alternativa muito atraente e muito viável tanto em aspectos
técnicos quanto econômicos no que se refere a solucionar os problemas relativos ao
aumento da demanda por energia. De fato o balanço energético final relacionado com a
utilização de fissão nuclear é muito satisfatório pois com uma pequena porção de
combustível físsil é possível gerar quantidades enormes de energia por vários anos
então, terminado o potencial de fissão do combustível, o mesmo é trocado e o reator
pode voltar a funcionar novamente. Um outro aspecto que torna a energia obtida por
processo de fissão nuclear muito atraente é que a comunidade técnica já adquiriu
experiência na tecnologia relacionada a operacionalização e utilização do processo. Para
que seja possível formar uma idéia da capacidade energética relacionada aos processos
de fissão nuclear, é conveniente comparar o urânio físsil com o carvão combustível.
Ambos utilizados em usinas de geração elétrica que utilizam a energia térmica como
processo intermediário, ou usinas termelétricas. Assim 1kg de urânio após completado
todo o processo de fissão dos núcleos de seus átomos, produz cerca de 75 x 1012 Joules
de energia, a mesma quantidade de carvão , é capaz de produzir aproximadamente 4 x
10 7 Joules de energia. A proporção é extremamente desfavorável em relação ao
processamento do carvão, ou seja, se consideradas quantidades iguais, o processo de
fissão dos núcleos dos átomos de urânio é capaz de produzir aproximadamente
1.900.000 vezes mais energia do que o carvão. Logo, é uma relação extremamente
atraente, mesmo considerando os custos do urânio beneficiado e ainda todos os custos
operacionais envolvidos no processo termonuclear de geração elétrica. Entretanto é
necessário enfatizar, conforme já colocado, que a geração de energia elétrica em ambos
os casos, tanto no processo que utiliza o urânio como combustível, quanto no que utiliza
o carvão constituem-se em processos termelétricos, ou seja, a energia cinética fornecida
ao gerador advém da produção de vapor de água sob altas pressões, tal vapor faz girar
uma turbina que é mecanicamente conectada ao eixo de um gerador elétrico. Todo
sistema que utiliza processos de geração envolvendo intermediariamente a produção de
calor acarreta redução de rendimento do mesmo. Assim o processo de geração
termelétrica a partir de combustível físsil ou a partir da queima de carvão, apresenta
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potencialmente valores semelhantes de perdas, porém as perdas térmicas em um reator


nuclear podem ser ignoradas frente ao potencial de geração do urânio comparado ao do
carvão. Isto contribui mais ainda para a utilização de reatores nucleares. Mas os
problemas e desvantagens relacionados ao processo de geração de energia a partir da
fissão consiste, dentre outros, nos níveis de segurança com relação a vazamentos nos
reatores, haja vista a fragilidade que potencialmente a maioria dos materiais utilizados
como blindagem apresentam frente aos elevados níveis energéticos alcançados no
núcleo de um reator. A princípio não há problemas quando a fissão dos núcleos está sob
controle. Entretanto o real, incontestável e virtualmente irremediável fato ocorre quando
por qualquer motivo, normalmente um erro operacional, o controle do processo de
fissão dos núcleos vem a ser perdido. Um dos exemplos mais recentes foi o acidente
ocorrido no reator da usina nuclear de Chernobill na União Soviética em 1989. Lá os
efeitos da radiação estarão presentes nos arredores do local do reator (chamado edifício
do reator) pelos próximos 10 mil anos, em termos comparativos é possível tomar como
exemplo o fato de que as pirâmides do Egito tem em média 5 mil anos de idade. O
problema ocorrido, foi a perda de controle da reação. Um dos mecanismo de controle
utilizados em reatores, se dá por meio de bastões de grafite que são inseridos ou
retirados do núcleo do reator, tais bastões tem por função controlar a quantidade de
partículas (nêutrons) que irão bombardear outros núcleos e assim sucessivamente
constituindo o que se conhece por reação em cadeia. Os bastões são de grafite porque tal
material consegue absorver os nêutrons em excesso, controlando a quantidade dos
mesmos que irão bombardear os demais núcleos de urânio. Quando o mecanismo que
aciona tais bastões de controle vem a falhar, a reação em cadeia não encontra barreiras
de controle ou seja, não há como controlar a quantidade de nêutrons disponíveis para
atingirem outros núcleos de urânio, então o reator se transforma em algo semelhante a
uma bomba de fissão nuclear onde os núcleos de todos os átomos tendem a ser
processados em frações de segundos, tal fato libera todo o potencial energético existente
no combustível contido no reator em curtos espaços de tempo, gerando todos os efeitos
conhecidos, inclusive a fusão do prédio que guarda o reator, expondo uma série de
partículas ao meio ambiente. De fato os conceitos muito são especiais, pois se tratando
de geração de energia por processos de fissão nuclear, a segurança é fator principal
sempre, inclusive os aspectos econômicos ficam ou "devem" ficar em segundo plano,
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esta é uma regra básica ou seja, primeiro a segurança e depois qualquer outro aspecto
relativo ao processo produtivo, mesmo assim os acidentes são potenciais e infelizmente
ocorrem. Como a maior parte dos problemas se dá nos sistemas de controle, estes são
projetados com elevado grau de redundância, procedimento essencial para a operação
razoavelmente segura dos reatores. Deve ficar claro que os riscos de vazamentos de
radioatividade e de acidentes como os de Chernobill nunca estarão totalmente afastados,
isto fica evidente simplesmente pela análise da modalidade do combustível utilizado na
geração e do potencial de energia envolvido. Energia nuclear, deve ser um assunto
comum em todos os níveis da sociedade, envolvendo, cientistas, políticos e toda a
sociedade sem diferenciação. Pois, diante de um problema como o de Chernobill e
tantos outros, todas as pessoas sem diferença de classe social ou hierarquia são,
geneticamente afetadas. Geração de energia por processos que envolvam processos
nucleares é, em primeira instância, um assunto de cidadania.

2.2.3 ENERGIA POTENCIAL DAS AGUAS

A energia potencial de uma queda d'água é usada para acionar turbinas que, por
sua vez, acionam geradores elétricos. Em geral as quedas d'água são artificialmente
construídas (barragens), formando extensos reservatórios, necessários para garantir o
suprimento em períodos de pouca chuva. Não é um método totalmente inofensivo para o
ambiente. Afinal, os reservatórios ocupam áreas enormes, mas é um problema
consideravelmente menor que os anteriores. Evidente que a disponibilidade é totalmente
dependente dos recursos hídricos de cada região. No Brasil representa a maior parcela
da energia gerada.

O setor energético produz impactos ambientais em toda sua cadeia de


desenvolvimento, desde a geração de energia até seus usos finais por diversos tipos de
consumidores. Do ponto de vista global, a energia tem participação significativa nos
principais problemas ambientais da atualidade, tais como desflorestamento,
desertificação, alagamento, etc. Outros meios, considerados ecologicamente limpos,
vêm sendo usados cada vez mais, embora a participação global seja ainda pequena:
solar e eólico.
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2.2.3.1 Usina Hidrelétrica

As principais partes de uma usina hidroelétrica são citadas abaixo, sendo que
algumas delas podem ser identificadas nas Figuras 2.1, 2.2 e 2.3:

1 A barragem: tem por função barrar a água de um rio, represando-a ;


2 As turbinas: são basicamente um eixo em torno do qual é montado um
círculo de pás. O impacto da água nas pás faz o eixo girar e o movimento
aciona a máquina;
3 Vertedouro: controla o nível de água da represa, evitando
transbordamentos;
4 Casa de Máquinas: onde estão instalados os geradores acoplados às
turbinas;
5 Tomada de Água: conduz a água do reservatório até a turbina;
6 Reservatório ou Lago: surge a partir do fechamento da barragem;
7 Gerador: surge a partir da energia mecânica, produz energia elétrica;
8 Casa de Comando: local de onde se opera a usina;
9 Saída de Água: local por onde sai a água após passar pelas turbinas;
10 Subestação Elevadora: local onde se transforma a energia elétrica em alta
tensão para ser transportada.

Figura 2.1 –Funcionamento de um turbo-gerador.


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Figura 2.2 – Tomada geral de uma usina hidrelétrica

Figura 2.3 – Partes externas de uma usina hidrelétrica


Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 17
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2.2.4 ENERGIA SOLAR

O aproveitamento da energia gerada pelo Sol, inesgotável na escala terrestre de


tempo, tanto como fonte de calor quanto de luz, é hoje, sem sombra de dúvidas, uma das
alternativas energéticas mais promissoras para enfrentarmos os desafios do novo
milênio. E quando se fala em energia, deve-se lembrar que o Sol é responsável pela
origem de praticamente todas as outras fontes de energia. Em outras palavras, as fontes
de energia são, em última instância, derivadas da energia do Sol.

É a partir da energia do Sol que se dá a evaporação, origem do ciclo das águas,


que possibilita o represamento e a conseqüente geração de eletricidade
(hidroeletricidade). A radiação solar também induz a circulação atmosférica em larga
escala, causando os ventos. Petróleo, carvão e gás natural foram gerados a partir de
resíduos de plantas e animais que, originalmente, obtiveram a energia necessária ao seu
desenvolvimento, da radiação solar.

Algumas formas de utilização da energia solar são apresentadas a seguir.

2.2.4.1 Energia Solar Fototérmica

Nesse caso, estamos interessados na quantidade de energia que um determinado


corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação solar incidente no
mesmo. A utilização dessa forma de energia implica saber captá-la e armazená-la. Os
equipamentos mais difundidos com o objetivo específico de se utilizar a energia solar
fototérmica são conhecidos como coletores solares

Os coletores solares são aquecedores de fluidos (líquidos ou gasosos) e são


classificados em coletores concentradores e coletores planos em função da existência ou
não de dispositivos de concentração da radiação solar. O fluido aquecido é mantido em
reservatórios termicamente isolados até o seu uso final (água aquecida para banho, ar
quente para secagem de grãos, gases para acionamento de turbinas, etc.).

Os coletores solares planos são, hoje, largamente utilizados para aquecimento de


água em residências, hospitais, hotéis, etc. devido ao conforto proporcionado e a
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redução do consumo de energia elétrica.

2.2.4.2 Arquitetura Bioclimática

Chama-se arquitetura bioclimática o estudo que visa harmonizar as construções ao


clima e características locais, pensando no homem que habitará ou trabalhará nelas, e
tirando partido da energia solar, através de correntes convectivas naturais e de
microclimas criados por vegetação apropriada. É a adoção de soluções arquitetônicas e
urbanísticas adaptadas às condições específicas (clima e hábitos de consumo) de cada
lugar, utilizando, para isso, a energia que pode ser diretamente obtida das condições
locais.

A arquitetura bioclimática não se restringe a características arquitetônicas


adequadas. Preocupa-se, também, com o desenvolvimento de equipamentos e sistemas
que são necessários ao uso da edificação (aquecimento de água, circulação de ar e de
água, iluminação, conservação de alimentos, etc.) e com o uso de materiais de conteúdo
energético tão baixo quanto possível.

2.2.4.3 Energia Solar Fotovoltaica

A Energia Solar Fotovoltaica é a energia obtida através da conversão direta da luz


em eletricidade (Efeito Fotovoltaico). O efeito fotovoltaico, relatado por Edmond
Becquerel, em 1839, é o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de
uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz. A célula
fotovoltaica é a unidade fundamental do processo de conversão.

Inicialmente o desenvolvimento da tecnologia apoiou-se na busca, por empresas


do setor de telecomunicações, de fontes de energia para sistemas instalados em
localidades remotas. O segundo agente impulsionador foi a "corrida espacial". A célula
solar era, e continua sendo, o meio mais adequado (menor custo e peso) para fornecer a
quantidade de energia necessária para longos períodos de permanência no espaço. Outro
uso espacial que impulsionou o desenvolvimento das células solares foi a necessidade
de energia para satélites.
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A crise energética de 1973 renovou e ampliou o interesse em aplicações terrestres.


Porém, para tornar economicamente viável essa forma de conversão de energia, seria
necessário, naquele momento, reduzir em até 100 vezes o custo de produção das células
solares em relação ao daquelas células usadas em explorações espaciais. Modificou-se,
também, o perfil das empresas envolvidas no setor. Nos Estados Unidos, as empresas de
petróleo resolveram diversificar seus investimentos, englobando a produção de energia
a partir da radiação solar.

Em 1993 a produção de células fotovoltaicas atingiu a marca de 60 MWp, sendo o


Silício quase absoluto no "ranking" dos materiais utilizados. O Silício, segundo
elemento mais abundante no globo terrestre, tem sido explorado sob diversas formas:
monocristalino, policristalino e amorfo. No entanto, a busca de materiais alternativos é
intensa e concentra-se na área de filmes finos, onde o silício amorfo se enquadra.
Células de filmes finos, além de utilizarem menor quantidade de material do que as que
apresentam estruturas cristalinas, requerem uma menor quantidade de energia no seu
processo de fabricação. Ou seja, possuem uma maior eficiência energética.

2.2.4.3.1 Efeito Fotovoltaico

O efeito fotovoltaico dá-se em materiais da natureza denominados semicondutores


que se caracterizam pela presença de bandas de energia onde é permitida a presença de
elétrons (banda de valência) e de outra onde totalmente "vazia" (banda de condução).

O semicondutor mais usado é o silício. Seus átomos se caracterizam por


possuirem quatro elétrons que se ligam aos vizinhos, formando uma rede cristalina. Ao
adicionarem-se átomos com cinco elétrons de ligação, como o fósforo, por exemplo,
haverá um elétron em excesso que não poderá ser emparelhado e que ficará "sobrando",
fracamente ligado a seu átomo de origem. Isto faz com que, com pouca energia térmica,
este elétron se livre, indo para a banda de condução. Diz-se assim, que o fósforo é um
dopante doador de elétrons e denomina-se dopante n ou impureza n.
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 20
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Figura 2.4 - Corte transversal de uma célula folovoltaica.

Se, por outro lado, introduzem-se átomos com apenas três elétrons de ligação,
como é o caso do boro, haverá uma falta de um elétron para satisfazer as ligações com
os átomos de silício da rede. Esta falta de elétron é denominada buraco ou lacuna e
ocorre que, com pouca energia térmica, um elétron de um sítio vizinho pode passar a
esta posição, fazendo com que o buraco se desloque. Diz-se portanto, que o boro é um
aceitador de elétrons ou um dopante p.

Figura 2.5 - Efeito fotovoltaico na junção pn


Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 21
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Se, partindo de um silício puro, forem introduzidos átomos de boro em uma


metade e de fósforo na outra, será formado o que se chama junção pn. O que ocorre
nesta junção é que elétrons livres do lado n passam ao lado p onde encontram os
buracos que os capturam; isto faz com que haja um acúmulo de elétrons no lado p,
tornando-o negativamente carregado e uma redução de elétrons do lado n, que o torna
eletricamente positivo. Estas cargas aprisionadas dão origem a um campo elétrico
permanente que dificulta a passagem de mais elétrons do lado n para o p; este processo
alcança um equilíbrio quando o campo elétrico forma uma barreira capaz de barrar os
elétrons livres remanescentes no lado n.

Se uma junção pn for exposta a raios solares com energia suficiente para superar a
barreira elétrica criada pelo campo elétrico maior que o gap, ocorrerá a geração de pares
elétron-lacuna; se isto acontecer na região onde o campo elétrico é diferente de zero, as
cargas serão aceleradas, gerando assim, uma corrente através da junção; este
deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial ao qual chamamos de
Efeito Fotovoltaico. Se as duas extremidades do "pedaço" de silício forem conectadas
por um fio, haverá uma circulação de elétrons. Esta é a base do funcionamento das
células fotovoltaicas.

2.2.4.3.2 Módulos Fotovoltaicos

Pela baixa tensão e corrente de saída em uma célula fotovoltaica, agrupam-se


várias células formando um módulo. O arranjo das células nos módulos pode ser feito
conectando-as em série ou em paralelo. Ao conectar as células em paralelo, somam-se
as correntes de cada módulo e a tensão do módulo é exatamente a tensão da célula. A
corrente produzida pelo efeito fotovoltaico é contínua. Pelas características típicas das
células (corrente máxima por volta de 3A e tensão muito baixa, em torno de 0,7V) este
arranjo não é utilizado salvo em condições muito especiais. A conexão mais comum de
células fotovoltaicas em módulos é o arranjo em série. Este consiste em agrupar o maior
número de células em série onde somam-se as tensões de cada célula chegando a um
valor final de 12V o que possibilita a carga de acumuladores (baterias) que também
funcionam na faixa dos 12V.
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 22
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2.2.4.3.3 Componentes de um Sistema Fotovoltaico

Um sistema fotovoltaico pode ser classificado em três categorias distintas:


sistemas isolados, híbridos e conectados a rede. Os sistemas obedecem a uma
configuração básica onde o sistema deverá ter uma unidade de controle de potência e
também uma unidade de armazenamento.

Figura 2.6 - Configuração básica de um sistema fotovoltaico.

2.2.4.3.4 Sistemas Isolados

Sistemas isolados, em geral, utiliza-se alguma forma de armazenamento de


energia. Este armazenamento pode ser feito através de baterias, quando se deseja utilizar
aparelhos elétricos ou armazena-se na forma de energia gravitacional quando se
bombeia água para tanques em sistemas de abastecimento. Alguns sistemas isolados não
necessitam de armazenamento, o que é o caso da irrigação onde toda a água bombeada é
diretamente consumida ou estocadas em reservatórios.

Em sistemas que necessitam de armazenamento de energia em baterias, usa-se um


dispositivo para controlar a carga e a descaga na bateria. O "controlador de carga" tem
como principal função não deixar que haja danos na bateria por sobrecarga ou descarga
profunda. O controlador de carga é usado em sistemas pequenos onde os aparelhos
utilizados são de baixa tensão e corrente contínua (CC).

Para alimentação de equipamentos de corrente alternada (CA) é necessário um


inversor. Este dispositivo geralmente incorpora um seguidor de ponto de máxima
potência necessário para otimização da potência final produzida. Este sistema é usado
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 23
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quando se deseja mais conforto na utilização de eletrodomésticos convencionais.

Figura 2.7 - Diagrama de sistemas fotovoltaicos em função da carga utilizada.

2.2.4.3.5 Sistemas Híbridos

Sistemas híbridos são aqueles que, desconectado da rede convencional, apresenta


várias fontes de geração de energia como por exemplo: turbinas eólicas, geração diesel,
módulos fotovoltaicos entre outras. A utilização de vários formas de geração de energia
elétrica torna-se complexo na necessidade de otimização do uso das energias. É
necessário um controle de todas as fontes para que haja máxima eficiência na entrega da
energia para o usuário.

Figura 2.8 - Exemplo de sistema híbrido.


Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 24
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Em geral, os sistemas híbridos são empregados para sistemas de médio a grande


porte vindo a atender um número maior de usuários. Por trabalhar com cargas de
corrente contínua, o sistema híbrido também apresenta um inversor. Devido a grande
complexindade de arranjos e multiplicidade de opções, a forma de otimização do
sistema torna-se um estudo particular para cada caso.

2.2.4.3.6 Sistemas Interligados a Rede

Estes sistemas utilizam grandes números de painéis fotovoltaicos, e não utilizam


armazenamento de energia pois toda a geração é entregue diretamente na rede. Este
sistema representa uma fonte complementar ao sistema elétrico de grande porte ao qual
esta conectada. Todo o arranjo é conectado em inversores e logo em seguida guiados
diretamente na rede. Estes inversores devem satisfazer as exigências de qualidade e
segurança para que a rede não seja afetada.

Figura 2.9 - Sistema conectado à rede.

2.2.5 ENERGIA EÓLICA

O desenvolvimento apresentado nestas últimas duas décadas pela tecnologia de


sistemas de conversão de energia eólica é comparável à taxa de evolução dos campos
tecnológicos mais agressivos. Os sistemas eólicos estabeleceram-se nos EUA e Europa,
através de uma indústria sólida e evoluíram no projeto, construção e operação. Esta
evolução resultou em uma substancial redução de custos que, segundo a Associação
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Americana de Energia Eólica, permite que as concessionárias de energia elétrica


americanas ofereçam atualmente a seus consumidores a opção de compra de
eletricidade gerada por usinas eólicas ao preço especial de 2 a 2,5 centavos de dólares
por kilowatt-hora. A este preço, um consumidor residencial típico, que consumisse em
média 25% de sua eletricidade de origem eólica, pagaria cerca de 4 a 5 dólares por esta
energia ao mês. Vale ressaltar que a energia eólica representa, hoje, o menor custo, entre
todas as formas de geração de eletricidade e que seus custos encontram-se ainda em
declínio.

A energia eólica, como energia cinética contida nas massas de ar, é proporcional
ao quadrado da velocidade de vento. Logo a potência eólica disponível em uma
determinada área disponível em uma determinada área varrida por turbina é
proporcional ao cubo da velocidade de vento incidente. Assim pequenas diferenças em
valores de velocidade de vento de um local para outro representam grandes diferenças
na produção e custo da energia gerada. Uma turbina eólica é formada essencialmente
por um conjunto de pás (2 ou 3 pás em turbinas modernas), que sob a ação do vento são
sujeitas a forças aerodinâmicas que as impulsionam em movimento rotativo. Duas
componentes de forças caracterizam o funcionamento de uma turbina eólica: a força de
arrasto, que ocorre na direção do vento, e a força de sustentação, perpendicular à ação
do vento.

Figura 2.10 – Exemplo de uma turbina eólica.

Existem diversas concepções de turbinas eólicas, mas as turbinas de última


geração são turbinas de eixo horizontal, de baixo número de pás com perfis
aerodinâmicos eficientes, impulsionadas por forças predominantemente de sustentação,
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 26
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acionando geradores elétricos que operam a velocidade variável. A operação em


velocidade variável, única forma de garantir alta eficiência da conversão para ampla
faixa de variação da velocidade de vento, agrega um aspecto inovador ao processo de
geração de eletricidade que é a geração em freqüência variável.

A operação dos sistemas de energia eólica é muito dependente da aplicação


pretendida para a energia elétrica gerada. Como não se possui intrinsecamente um meio
de armazenar a energia cinética dos ventos, os sistemas eólicos agregam formas de
estocagem da energia na sua forma de eletricidade, utilizando baterias de acumuladores
(em sistemas de pequeno e médio porte) ou interligando-se com o sistema de energia
elétrica convencional, em sistemas de grande porte. As grandes turbinas eólicas, com
potências unitárias entre 100 Kw e 1MW, são instaladas em grande número, conectadas
à rede elétrica, constituindo o que se chama de "fazendas eólicas" que totalizam uma
potência instalada entre 1 e 100 MW. Diversos sistemas deste porte encontram-se
instalados no Brasil, destacando-se as usinas do Camelinho ( 1MW, em MG), do
Mucuripe (1,2MW, no Ceará) e da Prainha (10MW, no Ceará). Pequenas turbinas
eólicas, com potências unitárias entre 0,25 e 20 Kw, são instaladas em aplicações
isoladas da rede elétrica, compondo sistemas híbridos (com geradores diesel ou painéis
fotovoltaicos) ou sistemas para aplicações específicas (eletricidade para residências e
comunidades rurais, estações de telecomunicação, bombeamento de água, entre outras).

Independente à forma de geração (com exceção da energia solar), o processo que


ocorre da usina até o centro consumidor é o seguinte: um combustível (água, vento, gás,
etc.) movimenta uma turbina, que tem seu eixo ligado a um gerador elétrico. Através de
um fenômeno eletromagnético, a potência no eixo do gerador é convertida em energia
elétrica. Assim, está gerada a energia, que é transmitida por linhas de transmissão até
nossas casas.

2.3 GRUPOS GERADORES

Grupos geradores são equipamentos de conversão de energia cinética de uma


fonte primária em energia elétrica. Os grupos geradores são divididos, basicamente, em
duas partes: gerador elétrico e turbina.
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 27
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2.3.1 GERADOR

O gerador é o equipamento que transforma a energia mecânica da turbina em


energia elétrica através de fenômeno eletromagnético. Assim sendo, o gerador é
conectado ao mesmo eixo da turbina e quando esta entra em rotação, movimenta junto
com ela o gerador elétrico.

Desta forma, o movimento de rotação do gerador provoca um fenômeno


eletromagnético entre a parte girante e a parte fixa. Deste fenômeno resulta, nos
terminais do gerador, uma tensão induzida que, quando conectada a uma carga, produz
uma corrente elétrica. O resultado da multiplicação destas duas grandezas é o que
denominamos potência elétrica. Quando conseguimos manter esta potência por um
determinado tempo, temos a energia elétrica.

2.3.2 TURBINA

A turbina é o equipamento que transforma a energia cinética (energia de


movimento) de uma máquina primária, em energia mecânica de rotação. Esta forma de
energia primária define qual o tipo de turbina deverá ser utilizada. Alguns exemplos
são: turbina hidráulica, turbina à gás, turbina à vapor, turbina eólica, entre outras.

A forma construtiva básica é o mesmo para todos os tipos: um rotor dotado de um


certo número de pás ou palhetas, ligados a um eixo que gira sobre um conjunto de
mancais de deslizamento (mancais de rolamento, por questões de durabilidade não são
usados).

As turbinas podem ser usadas para movimentar um outro equipamento mecânico


rotativo, como uma bomba ou ventilador, ou podem ser usadas para a geração de
eletricidade e nesse caso são ligadas a um gerador. Também tem aplicação na área de
propulsão naval, ou aeronáutica.

Todos os tipos de turbina podem ter uma rotação fixa ou variável, dentro de uma
determinada faixa. Contudo, quando são usadas para geração de energia elétrica, a
rotação costuma ser mantida num valor fixo para manter a freqüência da rede constante.
A principal diferença entre os diversos tipos de turbina é o fluido de trabalho. Em
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 28
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decorrência disso, é claro, há outras, tais como a temperatura máxima de operação, a


potência máxima, a vazão mássica de fluido, a pressão de trabalho, os detalhes
construtivos e dimensões.

As maiores já construídas em termos de dimensões são as turbinas hidráulicas; as


que trabalham a maiores temperaturas são as turbinas a gás, e as que são submetidas a
maior pressão são as turbinas a vapor.

Todos os tipos possuem aplicação em uma ampla faixa de potência, que pode
variar de 300 kW, para acionamento de ventiladores, até 1200 MW, estas últimas em
instalações nucleares. As turbinas têm dois aspectos principais que as caracterizam:
potência e eficiência.

2.3.2.1 Turbina a Vapor

Na Turbina a vapor, o fluido de trabalho é vapor de água sob pressão e a alta


temperatura. Há diversas classificações possíveis para as turbinas a vapor, mas a mais
comum é dividi-las entre:

2.3.2.1.1 De condensação

Nestas, o vapor sai da turbina a uma temperatura pouco maior que a ambiente e a
uma pressão um pouco menor. Ao deixar a turbina passa por um condensador para
voltar ao estado líquido, e ser reaproveitado no ciclo. É o tipo mais comum em usinas
termelétricas e nucleares.

2.3.2.1.2 De Contra-Pressão

O vapor não passa por um condensador ao sair da turbina. Ele deixa a turbina
ainda com certa pressão e temperatura e pode ser aproveitado em outras etapas de uma
planta de processo químico, seja em aquecedores, destiladores, estufas, ou simplesmente
é lançado na atmosfera. Este tipo é muito usado em processos de cogeração de energia,
em usinas petroquímicas, navios, plataformas de petróleo, etc.

2.3.2..2 Turbina a Gás

O ciclo básico das turbinas a gás foi idealizado por George Brayton em 1870.
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 29
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Estas turbinas funcionam num ciclo aberto.

Ar em condição ambiente (ou refrigerado) entra no compressor, onde a


temperatura e pressão do mesmo são elevadas. O ar pressurizado (e aquecido) entra na
câmara de combustão, onde também é alimentado por um combustível: gás natural, gás
liquefeito, óleo Diesel, querosene, etc. Depois da combustão, são produzidos gases
quentes, pressurizados, que acionam a turbina de potência. Depois, os gases, ainda
quentes, são finalmente rejeitados. Parte da potência produzida pela turbina é utilizada
no acionamento do compressor, o restante é utilizado para produção de força motriz.

Para aumentar a geração de potência devem ser otimizadas as variáveis


fundamentais de projeto: razão de compressão no compressor, relação ar/combustível,
temperatura de entrada dos gases quentes na turbina de potência.

Quando é necessária maior flexibilidade na operação do equipamento, como nos


casos em que a turbina seja para propulsar um veículo, um compressor, etc, um arranjo
adequado é o mostrado na segunda figura, onde a turbina de potência foi dividida em
duas, sendo a primeira somente para acionar o compressor, e a segunda (com eixo
independente) para produção de potência mecânica ou elétrica.Uma das vantagens deste
sistema é que as duas turbinas de potência podem rodar a diferentes velocidades.

Uma desvantagem é que uma queda súbita na demanda de carga elétrica pode
elevar descontroladamente a velocidade da segunda turbina (um sistema de controle
deve ser previsto). Uma turbina a gás é um único equipamento que inclui três funções:
compressor, câmara de combustão e turbina de potência.

Em termos de geração de potência, as turbinas simples não têm uma eficiência


muito alta. Boa parte do trabalho mecânico é gasto no acionamento do compressor e os
gases rejeitados, com temperatura ainda alta significam uma importante perda
energética.

Vantagens em relação às turbinas a vapor:

1 Utilizam os gases de combustão como fluído de trabalho


2 Em relação aos motores a pistão:
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 30
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• Não apresentam movimento alternativo ;


• Menor atrito;
• Menores problemas de balanceamento;
• Pouco gasto de óleo lubrificante;
• Alta confiabilidade.

As turbinas a gás apresentam vantagens em relação às turbinas a vapor pela razão


de não precisarem de uma instalação (grande e cara) para a produção de vapor e em
relação aos motores a pistão, pelo fato de não ter funcionamento alternativo e ter menos
perdas por atrito mecânico. Elas são acionadas pelos próprios gases quentes, produto da
combustão, o que dispensa a utilização de um fluido de trabalho intermediário, como o
vapor, ou outro fluído. Isto leva a unidades mais compactas, para os mesmos níveis de
produção de potência.

Enquanto as turbinas hidráulicas e a vapor foram as primeiras utilizadas na


produção de potência, hoje é fato o avanço das turbinas a gás, sozinhas ou em ciclo
combinado, para esta finalidade.

2.3.2..3 Turbina Hidráulica

As turbinas hidráulicas são projetadas para transformar a energia mecânica de um


fluxo de água, em potência de eixo. Atualmente são mais encontradas em Usinas
Hidrelétricas, onde são acopladas a um gerador elétrico, o qual é conectado à rede de
energia. Contudo também podem ser usadas para geração de energia em pequena escala,
para as comunidades isoladas.

As turbinas hidráulicas dividem-se entre quatro tipos principais: Pelton, Francis,


Kaplan, Bulbo. Cada um destes tipos é adaptado para funcionar em usinas, como uma
determinada faixa de altura de queda. As vazões volumétricas podem ser igualmente
grandes em qualquer uma delas, mas a potência será proporcional ao produto da queda
(H) e da vazão volumétrica (Q).

Em todos os tipos há alguns princípios de funcionamento comuns. A água entra


pela tomada d’água, a montante da usina que está numa nível maior, e é levada através
de um conduto forçado até a entrada da turbina. Lá a água passa por um sistema de
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palhetas guias móveis, que controlam a vazão volumétrica fornecida à turbina. Para se
aumentar a potência as palhetas se abrem, para diminuir a potência elas se fecham. Após
passar por este mecanismo a água chega ao rotor da turbina. Nas turbinas Pelton, não há
um sistema de palhetas móveis, e sim um bocal com uma agulha móvel, semelhante a
uma válvula. O controle da vazão é feito por este dispositivo.

Por transferência de quantidade de movimento parte da energia potencial dela, é


transferida para o rotor na forma de torque e velocidade de rotação. Devido a isto a água
na saída da turbina está a uma pressão pouco menor que a atmosférica, e bem menor do
que a inicial.

Após passar pelo rotor, um duto chamado tubo de sucção, conduz a água até a
parte de jusante do rio, no nível mais baixo. As turbinas Pelton, têm um princípio um
pouco diferente (impulsão) pois a pressão primeiro é transformada em energia cinética,
em um bocal, onde o fluxo de água é acelerado até uma alta velocidade, e em seguida
choca-se com as pás da turbina imprimindo-lhe rotação e torque.

As turbinas hidráulicas, ao contrário dos outros tipos, são montadas com o eixo no
sentido vertical. Um mancal de escora suporta todo o peso das partes girantes da turbina
e do gerador que é montado logo acima dela.

Normalmente, devido ao seu alto custo e necessidade de ser instalada em locais


específicos, as turbinas hidráulicas são usadas apenas para gerar eletricidade. Por esta
razão a velocidade de rotação é fixada num valor constante.

As principais causas da "perda" de energia nas turbinas são:

• Perdas hidráulicas: a água tem que deixar a turbina com alguma


velocidade, e esta quantidade de energia cinética não pode ser
reaproveitada pela turbina.
• Perdas mecânicas: são originadas por atrito nas partes móveis da turbina e
calor perdido pelo aquecimento dos mancais.

Tipicamente turbinas modernas têm uma eficiência entre 85% e 95%, que varia
conforme a vazão de água e a potência gerada.
Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 32
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2.3.2..3.1 Partes de uma turbina hidráulica

Uma turbina é constituída basicamente por cinco partes: caixa espiral, pré-
distribuidor, distribuidor, rotor e eixo, tubo de sucção.

2.3.2..3.1.1 Caixa espiral

É uma tubulação de forma toroidal que envolve a região do rotor. Esta parte fica
integrada à estrutura civil da usina, não sendo possível ser removida ou modificada. O
objetivo é distribuir a água igualmente na entrada da turbina.

É fabricada com chapas de aço carbono soldadas em segmentos. A caixa espiral


conecta-se ao conduto forçado na secção de entrada, e ao pré-distribuidor na secção de
saída.

2.3.2..3.1.2 Pré distribuidor

A finalidade do pré-distribuidor é direcionar a água para a entrada do distribuidor.


É composta de dois anéis superiores, entre os quais são montados um conjunto de 18 a
24 palhetas fixas, com perfil hidrodinâmico de baixo arrasto, para não gerar perda de
carga e não provocar turbulência no escoamento. É uma parte sem movimento, soldada
à caixa espiral e fabricada com chapas ou placas de aço carbono.

2.3.2..3.1.3 Distribuidor

O distribuidor é composto de uma série de 18 a 24 palhetas móveis, acionadas por


um mecanismo hidráulico montado na tampa da turbina (sem contato com a água).
Todas as palhetas tem o seu movimento conjugado, isto é, todas se movem ao mesmo
tempo e de maneira igual.

O acionamento é feito por um ou dois pistões hidráulicos que operam numa faixa
de pressão de 20 bar nas mais antigas, até 140 bar nos modelos mais novos.

O distribuidor controla a potência da turbina pois regula vazão da água. É um


sistema que pode ser operado manualmente ou em modo automático, tornando o
controle da turbina praticamente isento de interferência do operador.

2.3.2..3.1.4 Rotor e eixo


Helton do Nascimento Alves 2. Geração de Energia 33
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O rotor da turbina é onde ocorre a conversão de energia hídrica em potência de


eixo.

2.3.2..3.1.5 Tubo de sucção

Duto de saída da água, geralmente com diâmetro final maior que o inicial,
desacelera o fluxo da água após esta ter passado pela turbina, devolvendo-a ao rio parte
jusante da casa de força.

2.3.2..3.2 Tipos de Turbina Hidráulica

2.3.2..3.2.1 Pelton

Figura 2.11 – Exemplo de uma turbina Pelton.

São adequadas para operar entre quedas de 350 m até 1100 m, sendo por isto
muito mais comuns em países montanhosos. Este modelo de turbina opera com
velocidades de rotação maiores que os outros, e tem o rotor de característica bastante
distintas. O que se vê na foto, é o rotor ao centro, cercado por cinco bocais. Cada um
desses bocais é controlado por um servo motor e tem uma válvula na forma de agulha
para o controle da vazão. Os jatos de água ao se chocarem com as "conchas" do rotor
geram o impulso. Dependendo da potência que se queira gerar podem ser acionados os
6 bocais simultaneamente, ou apenas cinco, quatro, etc... O número normal de bocais
varia de dois a seis, igualmente espeçados angularmente para garantir um
balanceamento dinâmico do rotor. Um dos maiores problemas destas turbinas, devido à
alta velocidade com que a água se choca com o rotor, é a erosão provocada pelo efeito
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abrasivo da areia misturada com a água, comum em rios de montanhas. As turbinas


pelton, devido a possibilidade de acionamento independente nos diferentes bocais, tem
uma curva geral de eficiência plana, que lhe garante boa performance em diversas
condições de operação.

2.3.2..3.2.2 Francis

São adequadas para operar entre quedas de 40 m até 400 m.

Figura 2.12 – Exemplo de uma turbina Francis.

2.3.2..3.2.3 Kaplan

São adequadas para operar entre quedas de 20 m até 50 m. A única diferença entre
as turbinas Kaplan e a Francis é o rotor. Este se assemelha a um propulsor de navio
(similar a uma hélice) com duas a seis as pás móveis. Um sistema de embolo e
manivelas montado dentro do cubo do rotor, é responsável pela variação do angulo de
inclinação das pás. O óleo é injetado por um sistema de bombeamento localizado fora
da turbina, e conduzido até o rotor por um conjunto de tubulações rotativas que passam
por dentro do eixo.

O acionamento das pás é acoplado ao das palhetas do distribuidor, de modo que


para uma determinada abertura do distribuidor, corresponde um determinado valor de
inclinação das pás do rotor.
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As Kaplans também apresentam uma curva de rendimento "plana" garantindo


bom rendimento em uma ampla faixa de operação.

Figura 2.13 – Exemplo de uma turbina Francis.

2.3.2..3.2.4 Bulbo

Operam em quedas abaixo de 25 m

Figura 2.14 – Exemplo de uma turbina Bulbo.

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