Você está na página 1de 22

“SEGURANÇA ALIMENTAR – UMA

ABORDAGEM SOBRE RESÍDUOS DE


AGROTÓXICOS EM ALIMENTOS”

Maria Helena Wohlers Morelli Cardoso, D.Sc.

Rio de Janeiro - XIV MET - 26 a 30 outubro, 2009.

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 1


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Contaminantes Resíduos

Alimento seguro

Saúde Pública Comércio exterior

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 2


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Análise de Resíduos de Agrotóxicos:

- Matrizes complexas

- Concentrações muito baixas de analitos – ppm, ppb e ppt

- Métodos multiresíduos e específicos:


- 1º método na década de 60 – Mills et al (FDA)
- 1975: Luke et al. – 100g amostra
- década de 1980 (Holanda): mini-Luke – 15g amostra
- 2003: Anastassiades et al. - QuEChERS

- Custo elevado na análise

- Rapidez no resultado

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 3


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Análise de Resíduos de Agrotóxicos :

- Metodologias validadas

- Acreditação – 17025

- Aumento da capacidade analítica

- Delineamento do planejamento a ser utilizado

- Programas de monitoramento em diversos países

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 4


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Análise de Resíduos de Agrotóxicos:

Método multiresíduo ideal:

- Incluir maior número possível de agrotóxicos

- Recuperações próximas a 100%

- Remoção dos possíveis interferentes

- Preciso

- Robusto

- Rápido

- Baixo custo

- Facilidade

- Segurança: pequeno volume de solvente X toxicidade


Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 5
“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Análise de Resíduos de Agrotóxicos:

Amostragem Redução do tamanho Homogeneização

Limpeza Concentração ou
Extração
(“clean=up”) diluição

com
Alíquota troca de solvente
Análise
para análise
Instrumental:
Qualitativa ou
sem
Quantitativa
troca de solvente

Figura 1: Diagrama esquemático das principais etapas envolvidas na análise química


de amostras
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 6
“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

TÉCNICAS DE PREPARO DE AMOSTRAS


Extração Líquido-Líquido (LLE): utiliza propriedade de
miscibilidade dos líquidos – contínua ou descontínua

extração descontínua utiliza-se


um funil de separação, onde ambos
os solventes são adicionados. Com a
agitação do funil de separação, o
soluto passa a fase na qual está o
solvente com maior afinidade. A
separação é feita, então, sendo que
a fase mais densa é recolhida antes.

-existe uma grande diferença de


solubilidade do soluto nos dois
solventes (grande KD).

- DESVANTAGEM: grande volume


Figura 1: extração descontínua
de solvente
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 7
“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-Líquido:
extração contínua, o solvente
orgânico passa continuamente sobre
a solução contendo o soluto, levando
parte deste consigo, até o balão de
aquecimento. Como o solvente está
sendo destilado, o soluto vai se
concentrando no balão de
aquecimento.

-a diferença de solubilidade do soluto


em ambos os solventes não é muito
grande (baixo valor de KD).

- DESVANTAGEM: bastante
Figura 2: extração contínua
demorado

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 8


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-sólido: Extração de substâncias de uma


matriz sólida usando um líquido como fase extratora.

 Extração Soxhlet:

o solvente evapora e condensa sobre o


material sólido.
Quando o solvente condensado
ultrapassa um certo volume, ele escoa
de volta para o balão, onde é aquecido, e
novamente evaporado. Os solutos são
concentrados no balão. O solvente,
quando entra em contato com a fase
sólida, está sempre puro, pois vem de
uma destilação!

LIMITAÇÃO: tempo – horas até dias


Figura 3: modelo de
extrator soxhlet

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 9


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-sólido:

 Extração em Fase Sólida (SPE – solid phase extraction):

Baseada na cromatografia líquida de baixa pressão: partição


entre os analitos e a fase extratora.

Figura 4: Ilustração de um Figura 5: Principais etapas


cartucho típico empregado em empregadas em SPE visando o
SPE isolamento de um analito.

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 10


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-sólido:

 Extração em Fase Sólida (SPE – solid phase extraction):

Figura 5: Ilustração de um extrator de


SPE

Vantagens: mais rápida e barata que a LLE; redução significativa de


solventes; grande variedade de formatos e fases disponíveis; usado para
“clean-up” e/ou concentração de analitos.
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 11
“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-sólido:

 Dispersão da matriz em fase sólida (“Matrix solid-


phase dispersion – MSPD”):

- Surgiu em 1989 por Baker e colaboradores

- Variação da SPE

- utiliza um suporte sólido adsorvente (ex: C18) que atua como


abrasivo para produzir ruptura na estrutura física da amostra,
facilitando o processo de extração.

- A amostra sofre dispersão na superfície do material,


formando uma nova fase que proporciona o isolamento dos
analitos presentes na matriz.

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 12


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-sólido:

 Dispersão da matriz em fase sólida (“Matrix solid-


phase dispersion – MSPD”):

Figura 6: Esquema do procedimento por “MSPD”

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 13


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração com Fluidos Pressurizados (PSE – pressurized


fluid extraction) :

- Principal objetivo – eliminação ou diminuição de grandes


volumes de solventes.

-Utilizam solventes em pressões superiores à ambiente (> 1


atm).

- extração com fluido supercrítico (SFE) e extração acelerada com


solvente (ASE)

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 14


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração com Fluidos Pressurizados

-extração com fluido supercrítico (SFE):

- fluido supercrítico é uma substância química cuja temperatura e


pressão se encontram acima de seu estado crítico, conferindo
vantagens na área de extração.

- Alto poder de solvatação

- Elevada difusividade – penetração em matrizes complexas

- CO2 (Tc = 43 oC)

- CO2 “considerado solvente verde” no estado supercrítico, não


traz problemas ao meio ambiente.

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 15


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração com Fluidos Pressurizados

- extração acelerada com solventes (ASE):

- similar à SFE porém emprega um solvente orgânico


pressurizado, não necessariamente no estado supercrítico.

- Solventes utilizados: metanol, tolueno ou acetona, abaixo das


condições críticas, porém em pressões suficientemente elevadas
para assegurar que estará no estado líquido durante a extração.

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 16


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-sólido:

- Uma das etapas do método QuEChERS


(“Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged, Safe”):

- Primeira publicação em 2003 (ANASTASSIADES et al. 2003)

- 2007 – método oficial da Association of Official Analytical


Chemists (AOAC International) e European Committee for
Standardization.

- 39ª Sessão do Comitê de Resíduos de Pesticidas do Codex,


2007 – proposta para ser método padrão

- Diversas modificações e aplicações

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 17


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Extração Líquido-sólido:

-Uma das etapas do método QuEChERS


(“Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged, Safe”):

10 g amostra

10 mL de MeCN
Agitar vigorosamente por 1 min
4 g MgSo4 e 1 g de NaCl
Agitar vigorosamente por 1 min
Adicionar padrão interno
Agitar por 30 s e centrifugar
Transfere 1 mL para outro tubo contendo 150 mg de MgSO4 e 25 mg PSA
Agitar por 30 s e centrifugar
Transfere 0,5 mL para vial

Análise cromatográfica
Figura 8: Fluxograma representativo do método QuEChERS original (ANASTASSIADES et al., 2003)
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 18
“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Método Multi-Resíduos

15g de amostra (adição do “surrogate” – clorpirifós metil)

Adicionar 30 ml acetona - Agitar por 30 segundos (ultra-turrax)

Adicionar 60 ml de diclorometano : éter de petróleo (1:1, v:v) - Agitar por 30 segundos (ultra-turrax) e centrifugar

Filtrar fase orgânica sob sulfato de sódio anidro

Volume final recolhido ≈ 80 ml

Halogenados Organofosforados N-metilcarbamatos Benzimidazóis/Conazóis CG/DSM


1000 µL 15 mL 3 mL 3 mL 30 mL

Evaporar Evaporar Evaporar Evaporar coluna C18 (condicionamento: 30 mL acetonitrila + 1,5 mL


Adicionar 1ml Avolumar Adicionar 2 ml Adicionar 2 ml de água deionizada ou destilada)
tolueno/isooc. Acetato etila diclorometano metanol OBS: esse volume do condicionamento é descartado
(1:9, v:v) b.v. 2 mL
1 ml 1 ml recolhe em frasco contendo cerca de 5g de Na2SO4
SPE-NH2 SPE-diol deixando de repouso por 1 hora

CG /DCE CG /DFC Adicionar 2 ml Adicionar 1ml retira 25 mL evapora a secura


1 µL 1 µL 1% metanol (diclorometano) metanol (desprezar)
Evaporar Adicionar 2 x 2 ml ressuspende com 1 mL mistura 1:1 de padrão interno :
Adicionar 1 ml FM metanol:H3PO4 (0,1M)(1:1) acetato de etila
Retirar 100 µL filtra 0,45µm para vial

HPLC – coluna rp-8 HPLC/UV CG/DSM


100 µL coluna ODS
hidrólise λ = 200 e 210 nm
derivação
fluorescência

Figura 9: Fluxograma do Método multiresíduos – mini-Luke (Lee et al. 1991;


Working Group – OVR, 1996)

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 19


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

TÉCNICAS DE DETECÇÃO:

Análise de Análise de
substâncias conhecidas CG-EM substâncias desconhecidas

CG-DFC CG-EM-EM

CG-DCE AMOSTRA CL-EM-EM

CG-DNF CLAE-FL

CLAE-UV
Análise qualitativa Análise quantitativa

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 20


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

Bibliografia:

- ANASTASSIADES, M.; LEHOTAY, S. J.; STAJNBAHER, D.; SCHENCK, F. J. J. AOAC Int. 86,
412-431, 2003.
- Analytical Methods for Pesticide Residues in Foodstuffs, General Inspectorate for Health
Protection, 6th ed., The Hage, 1996.
- CODEX ALIMENTAIRUS, Pesticide Residues in Food. Methods of Analysis and Sampling, 2 nd.
Ed., vol. 2ª, 2000, Part 1.
- FERNANDEZ-ALBA. Chromatographic-Mass Spectrometric Food Analysis for Trace
Determination of Pesticide Residues. Elsevier: Amesterdam. 2005.
- LUKE, M. et al. J. AOAC Int., 58, 1020, 1975.
- MILLS, P. A et al. J. Assoc. Agric. Chem. 46, 186, 1963.
- STOPPELLI, I. M. B. S. & MAGALHÃES, C. P. Ciência & Saúde Coletiva, 10 (sup): 91-100,
2005.

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 21


“RESÍDUOS EM ALIMENTOS”

MUITO OBRIGADA PELA ATENÇÃO!!!

helena.wohlers@incqs.fiocruz.br
Tel.: 21-3865.5187

Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde 22

Você também pode gostar