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A palavra “performance” foi por muito tempo empregada no contexto da antropologia como
uma metodologia viável para a exploração do que Dwight Conqergood chamou de “a
natureza fabricada, inventada e construída da realidade humana”. Nesse sentido, a
antropologia performativa buscou enfocar o “fazer” da antropologia, particularmente na
captura da experiência por meio de pesquisa etnográfica. Ainda que historicamente a
antropologia performativa tenha enfatizado o jogo, o processo e a participação no registro
de etnografias, recentes desenvolvimentos das tecnologias digitais e da chamada
antropologia dos sentidos (HOWES, 1991) ampliaram o escopo dessa performance para
incluir novas formas de sensação que o público poderia vir a experimentar diretamente,
para além da imersão visual. Essa palestra aborda pesquisas recentes sobre o papel que
outros sentidos que não a visão podem desempenhar nas histórias do passado, presente e
futuro da performance. Reunindo trabalhos de antropologia sensorial, teoria da
performance e novas mídias, buscarei examinar tanto os antecedentes históricos para
essa nova “virada performativa sensorial” quanto meus próprios projetos interdisciplinares
de pesquisa-criação realizados em colaboração com antropólogos, engenheiros e artistas.
Esses trabalhos buscam alterar, contrariar ou retrabalhar hábitos socioculturais de
percepção. Ao mesmo tempo, tais novos “ambientes sensoriais performativos” dão
prosseguimento a uma longa série de investigações sobre a relação entre experiência
sensorial e as novas tecnologias, nas quais as fronteiras tradicionais entre as sensações
corporais e o ambiente são progressivamente borradas e reimaginadas.