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PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA

1. INTRODUÇÃO

(a) HISTÓRICO

☻ CRESCIMENTO DOS SEE ⇒ COMPLEXIDADE


☻ EXIGÊNCIAS DE SELETIVIDADE E RAPIDEZ
☻ RELÉS DE SOBRECORRENTE ⇒ NÃO INDICADOS
• ALTAS VELOCIDADES

☻ RELÉS DE DISTÂNCIA • BOA COORDENAÇÃO


• TELEPROTEÇÃO,
RELIGAMENTOS, ETC

(b) PLANO DAS IMPEDÂNCIAS VISTAS POR UM RELÉ

Im(ZR) = X

ZR

VR
ZR =
IR (1)
θ1

Re(ZR) = R

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2. CARACTERÍSTICAS NO PLANO Z
2.1. CARACTERÍSTICA DE OPERAÇÃO DOS RELÉS

⎧ S1 = I Z N − V
COF (cos)⎨ (2)
⎩ S2 = V

Definindo
S1
= ρ = ρ ∠θ (3)
S2
então
I ZN −V I/ Z N V

ρ=
I ZN −V
V
= I
V
I
= /
I
V
I
I
Ö ρ=
ZN − ZR
ZR
(4)

⎧ COF (cos): − 90° < θ < 90° ⇒ OPERA



⎨ ⎛ ZN − ZR ⎞
⎪θ = arg( ρ ) = arg⎜⎜ ⎟⎟ (5)
⎩ ⎝ ZR ⎠

A solução gráfica da equação X


(5) acima está ao lado.
Verifica-se que para valores ZN - ZR θ
de ZR dentro do círculo o ZN ZN - ZR
ângulo θ entre ZN – ZR e ZR é θ
ZR
ZN - ZR
agudo, caracterizando a
operação do relé. No círculo, θ ZR

este ângulo é reto,


caracterizando uma condição ZR
limite e, fora do círculo,
obtuso, caracterizando um R
ponto de não operação.

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2.2. CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA ELÉTRICO

(a) CARACTERÍSTICA DE FALTA

A
x
I F I’
ZL (Ω/km)
I RF
V
R
V

V x Z L I + RF (I + I ′) ⎛ I′ ⎞
ZR = = = x Z L + RF ⎜1 + ⎟ (6)
I I ⎝ I⎠

X • RF = 0
ZR = x ZL
ZL

• I’ = 0 ou em fase com I
Z R = x Z L + RF (1 + α ) ; α ≥ 0 (real)

• I’ ≠ 0 e fora de fase com I


R Z R = x Z L + RF (1 + β ) ; β complexo

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(b) CARACTERÍSTICA DE OPERAÇÃO NORMAL

TENSÃO DE OPERAÇÃO : VOPERAÇÃO (ΦΦ)


Linha de
POTÊNCIA DE OPERAÇÃO : (0 - SMÁXIMA(3Φ))
Transmissão
FATOR DE POTÊNCIA: cosθ1(ind) a cosθ2(cap)

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VOPERAÇÃO
θ1 |Zmin| Z MIN =
θ2 R
S MÁXIMA
|Zmin|

(c) CARACTERÍSTICA DE OSCILAÇÕES ELÉTRICAS


A B
ZS1 ZL ZS2

E1 δ1 I E2 δ2
R
A
V

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3. SELEÇÃO DAS GRANDEZAS DE OPERAÇÃO


3.1. HIPÓTESES BÁSICAS

Z S1 x Z L1 (1 − x) Z L Z S' 1
F1

+ I a1 I a' 1 +
E
_ Va1 Va'1
_
E’ Va′1 = Va1− x Z L1 I a1 (7)

ZS 2 x Z L1 (1 − x) Z L1 Z S' 2
F2

Ia2 I a' 2
Va 2 Va' 2 Va′2 = Va 2 − x Z L1 I a 2 (8)

ZS0 x Z L0 (1 − x) Z L 0 Z S' 0
F0

I a0 I a' 0
Va′0 = Va 0 − x Z L 0 I a 0 (9)
Va 0 Va' 0

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3.2. SELEÇÃO DAS GRANDEZAS DE ENTRADA

(a) ANÁLISE PARA FALTA FASE-TERRA (AT)

Para esta falta


Z S1 x Z L1 (1 − x ) Z L1 Z S' 1
F1

+ I a1 I a' 1 + Va′ = 0 (10)


E Va1 E’
_ _
ou seja
ZS 2 x Z L1 (1 − x) Z L1 Z S' 2

Ia2
F2
I a' 2
Va′ = Va′0 + Va′1 + Va′2 = 0 (11)
Va 2 Va' 2
A tensão Va no ponto onde se
ZS0 x Z L0 (1 − x) Z L 0 Z S' 0
encontra o relé é dada por
F0
I a' 0
Va = Va 0 + Va1 + Va 2 =
I a0
Va 0 Va' 0
= x Z L 0 I a 0 + Va′0 +
+ x Z L1 I a1 + Va′1 + (12)
+ x Z L1 I a 2 + Va′2
Rearranjando os termos vem que

Va = x Z L1 (I a1 + I a 2 ) + x Z L 0 I a 0 + (Va′0 + Va′1 + Va′2 ) (13)

Somando e subtraindo x ZL1 Iao vem que

Va = x Z L1 (I a 0 + I a1 + I a 2 ) + x ( Z L 0 − Z L1 )I a 0 + (Va′0 + Va′1 + Va′2 ) (14)

Utilizando a equação (11) acima, nota-se que a soma das


tensões de seqüência no ponto de falta é nula. Além disto, a
soma das três correntes de seqüência é Ia . Então

Va = x Z L1 I a + x ( Z L 0 − Z L1 )I a 0 (15)

Colocando x ZL1 em evidência vem que


Va = x Z L1 (I a + k I a 0 ) (16)

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onde
Z L 0 − Z L1
k= (17)
Z L1
é denominado fator de compensação de seqüência zero.

CONCLUSÕES

• A equação (16) pode ser reescrita como


Va
x Z L1 = (18)
Ia + k Ia0
ou seja, se um determinado relé for alimentado com uma
tensão
VR = Va (19)
e uma corrente
I R = Ia + k Ia0 (20)

então, no caso de uma falta fase A para terra, ele vai


“enxergar” uma impedância igual à impedância de
seqüência positiva do trecho em falta da linha de
transmissão, ou seja.
VR Va
ZR = = = x Z L1 (21)
IR Ia + k Ia0

• São necessárias três unidades de faltas terra, uma para


cada tipo de falta (AT, BT e CT) como mostra a tabela a
seguir.

Unidade Tensão Corrente


AT Va Ia + k Ia0
BT Vb Ib + k Ia0
CT Vc Ic + k Ia0

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(b) ANÁLISE PARA FALTA FASE-FASE (BC)

F2 F0

V a'1 Va' 2 Va' 0

Para esta falta


Va′1 = Va′2 (22)

A tensão Vb no ponto onde se encontra o relé é dada por


Vb = Va 0 + a 2 Va1 + a Va 2 =
(23)
= (x Z L 0 I a 0 + Va′0 ) + a 2 (x Z L1 I a1 + Va′1 ) + a (x Z L1 I a 2 + Va′2 )
A tensão Vc no ponto onde se encontra o relé é dada por
Vc = Va 0 + a Va1 + a 2 Va 2 =
(24)
= (x Z L 0 I a 0 + Va′0 ) + a (x Z L1 I a1 + Va′1 ) + a 2 (x Z L1 I a 2 + Va′2 )
Subtraindo uma da outra, os termos de seqüência zero vão
cortar, resultando então que
Vb − Vc = a 2 (x Z L1 I a1 + Va′1 ) + a (x Z L1 I a 2 + Va′2 ) −
(25)
− a (x Z L1 I a1 + Va′1 ) − a 2 (x Z L1 I a 2 + Va′2 )
Rearranjando os termos vem que
( ) ( )
Vb − Vc = a 2 − a (x Z L1 I a1 + Va′1 ) − a 2 − a (x Z L1 I a 2 + Va′2 ) (26)

Rearranjando novamente os termos


( ) ( )
Vb − Vc = a 2 − a (Va′1 − Va′2 ) + a 2 − a (x Z L1 I a1 − x Z L1 I a 2 ) (27)

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Conforme (22), as tensões de seqüência positiva e negativa no


ponto de falta são iguais, então
( )
Vb − Vc = a 2 − a (x Z L1 I a1 − x Z L1 I a 2 ) (28)

Efetuando-se a multiplicação e rearranjando os termos resulta


em

Vb − Vc = x Z L1 [(a I 2
a1 ) (
+ a I a 2 − a I a1 + a 2 I a 2 )] (29)

Somando e subtraindo x ZL1 Iao vem que

Vb − Vc = x Z L1 [( I a0 ) (
+ a 2 I a1 + a I a 2 − I a 0 + a I a1 + a 2 I a 2 )] (30)

ou seja
Vb − Vc = x Z L1 (I b − I c ) (31)

CONCLUSÕES

• A equação (31) pode ser reescrita como


Vb − Vc
x Z L1 = (32)
Ib − Ic
ou seja, se um determinado relé for alimentado com uma
tensão
VR = Vb − Vc (33)
e uma corrente
I R = Ib − Ic (34)

então, no caso de uma falta entre as fases B e C, ele vai


“enxergar” uma impedância igual à impedância de
seqüência positiva do trecho em falta da linha de
transmissão, ou seja.
VR V − Vc
ZR = = b = x Z L1 (35)
IR Ib − Ic

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• São necessárias então mais três unidades de faltas de


fase, uma para cada tipo de falta (AB, BC e CA), como
mostra a tabela a seguir.
Unidade Tensão Corrente
AB Va − Vb I a − Ib
BC Vb − Vc Ib − Ic
CA Vc − Va Ic − Ia

(c) ANÁLISE PARA FALTA FASE-FASE-TERRA (BCT)

F1 F2 F0

V a'1 Va' 2 Va' 0

Para esta falta


Va′1 = Va′2 = Va′0 (36)

A tensão Vb no ponto onde se encontra o relé é dada por


Vb = Va 0 + a 2 Va1 + a Va 2 =
(37)
= (x Z L 0 I a 0 + Va′0 ) + a 2 (x Z L1 I a1 + Va′1 ) + a (x Z L1 I a 2 + Va′2 )
A tensão Vc no ponto onde se encontra o relé é dada por
Vc = Va 0 + a Va1 + a 2 Va 2 =
(38)
= (x Z L 0 I a 0 + Va′0 ) + a (x Z L1 I a1 + Va′1 ) + a 2 (x Z L1 I a 2 + Va′2 )
Subtraindo uma da outra, os termos de seqüência zero vão
cortar, resultando então que
Vb − Vc = a 2 (x Z L1 I a1 + Va′1 ) + a (x Z L1 I a 2 + Va′2 ) −
(39)
− a (x Z L1 I a1 + Va′1 ) − a 2 (x Z L1 I a 2 + Va′2 )

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Rearranjando os termos vem que


( ) ( )
Vb − Vc = a 2 − a (x Z L1 I a1 + Va′1 ) − a 2 − a (x Z L1 I a 2 + Va′2 ) (40)

Rearranjando novamente os termos


( ) ( )
Vb − Vc = a 2 − a (Va′1 − Va′2 ) + a 2 − a (x Z L1 I a1 − x Z L1 I a 2 ) (41)

Conforme (36), as tensões de seqüência positiva e negativa no


ponto de falta são iguais, então
( )
Vb − Vc = a 2 − a (x Z L1 I a1 − x Z L1 I a 2 ) (42)

Efetuando-se a multiplicação e rearranjando os termos resulta


em

Vb − Vc = x Z L1 [(a I 2
a1 ) (
+ a I a 2 − a I a1 + a 2 I a 2 )] (43)

Somando e subtraindo x ZL1 Iao vem que

Vb − Vc = x Z L1 [( I a0 ) (
+ a 2 I a1 + a I a 2 − I a 0 + a I a1 + a 2 I a 2 )] (44)

ou seja
Vb − Vc = x Z L1 (I b − I c ) (45)

CONCLUSÕES

• Uma falta BCT é vista pela unidade de falta de fase BC da


mesma maneira que uma falta BC é vista. Isto era de se
esperar uma vez que uma falta BCT é formada pela união
das faltas BC com BT e CT.
• Sendo assim, é de se esperar que as unidades de falta de
terra BT e CT também enxerguem esta falta.
• Desta forma, não são necessárias mais nenhum tipo
adicional de unidade de falta para as faltas do tipo
fase-fase-terra.

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A prova que a unidade BT enxerga uma falta BCT é feita a


partir da constatação que, para este tipo de falta, a tensão da
fase b no ponto de falta é nula, ou seja

Vb′ = 0 (46)
A equação (46) pode ser reescrita como

Vb′ = Va′0 + a 2 Va′1 + a Va′2 = 0 (47)


A tensão Vb no ponto onde se encontra o relé é dada por

Vb = Va 0 + a 2 Va1 + a Va 2 = (x Z L 0 I a 0 + Va′0 ) +
+ a 2 (x Z L1 I a1 + Va′1 ) +a (x Z L1 I a 2 + Va′2 )
(48)

Rearranjando os termos vem que

( ) (
Vb = Va′0 + a 2 Va′1 + a Va′2 + x Z L 0 I a 0 + x Z L1 a 2 I a1 + x Z L1 a I a 2 ) (49)
Conforme a equação (47), o primeiro termo da equação (49) é
nulo. Desta forma, rearranjando os termos desta equação vem
que

( )
Vb = x Z L1 a 2 I a1 + a I a 2 + x Z L 0 I a 0 (50)
Como antes, somando e subtraindo x ZL1 Iao vem que

( )
Vb = x Z L1 I a 0 + a 2 I a1 + a I a 2 + (x Z L 0 − x Z L1 )I a 0 (51)

Colocando x ZL1 em evidência vem que


⎛ Z − Z L1 ⎞
Vb = x Z L1 ⎜⎜ I b + L 0 I a 0 ⎟⎟ = x Z L1 (I b + k I a 0 ) (52)
⎝ Z L1 ⎠
Ou seja
Vb
x Z L1 = (53)
Ib + k Ia0
A prova que a unidade CT também enxerga uma falta BCT é
feita de maneira análoga e não será mostrada neste texto.
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(d) ANÁLISE PARA FALTA TRIFÁSICA (ABC) OU


TRIFÁSICA-TERRA (ABCT)

Considerando o sistema equilibrado com tensões e correntes


simétricas antes da falta, a ligação dos diagramas de
seqüência que representa estes dois tipos de falta é

F1 F2 F0

V a'1 Va' 2 Va' 0

Para esta falta


⎧ Va′1 = Va′2 = Va′0 = 0
⎨ (54)
⎩ Ia2 = Ia0 = 0
A tensão Vb no ponto onde se encontra o relé é dada por

Vb = Va 0 + a 2 Va1 + a Va 2 = a 2 Va1 (55)

A tensão Vc no ponto onde se encontra o relé é dada por


Vc = Va 0 + a Va1 + a 2 Va 2 = a Va1 (56)

Subtraindo uma da outra resulta em


( ) ( )
Vb − Vc = a 2 − a Va1 = a 2 − a (x Z L1 I a1 + Va′1 ) =
= (a − a )x Z I ( ) (57)
2
L1 a1 = x Z L1 a I a1 − a I a1
2

Conforme a equação (54), Ia2 = Ia0 = 0. Então

[( ) (
Vb − Vc = x Z L1 I a 0 + a 2 I a1 + a I a 2 − I a 0 + a I a1 + a 2 I a 2 )] (58)

ou seja
Vb − Vc = x Z L1 (I b − I c ) (59)

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Por outro lado, a tensão na fase “a” é dada por


Va = Va 0 + Va1 + Va 2 = Va1 (60)

Pela equação (7) tem-se que


Va1 = Va′1 + x Z L1 I a1 = x Z L1 I a1 (61)

uma vez que Va′1 é nula. Como Va0 e Va2 são nulos e Ia0 e Ia2
também são nulos, vem que
⎧ Va1 = Va
⎨ (62)
⎩ I a1 = I a
Então
Va = x Z L1 I a (63)

CONCLUSÕES

• As equações (59) e (63) mostram que as unidades BC e AT


vão enxergar faltas trifásicas (com ou sem terra).
• As provas de que todas as unidades vão enxergar faltas
trifásicas (com ou sem terra) são análogas ficam a cargo
do leitor.
• Desta forma as seis unidades antes descritas, três de fase
e três de terra, são suficientes para enxergar todos os onze
tipos de faltas possíveis.

(e) ANÁLISE PARA FALTA FASE-TERRA (AT) NA EXISTÊNCIA


DE LINHA DE TRANSMISSÃO EM CIRCUITO DUPLO
Quando a linha de transmissão protegida está compartilhando
uma mesma torre com outra linha de transmissão (circuito
duplo) as equações (10) a (16) sofrem pequena modificação,
uma vez que não é possível, mesmo na condição de
transposição perfeita das linhas, a eliminação da componente
de impedância mútua que vai aparecer no circuito de
seqüência zero entre as linhas de transmissão. Isto pode ser

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mostrado considerando as equações de variação das tensões


das duas linhas de transmissão no domínio das fases, ou seja
⎧ ∂VF (1) ~ ~
⎪ − = Z F (11) ⋅ I F (1) + Z F (12 ) ⋅ I F ( 2 )
⎪ ∂x

⎪ − ∂VF ( 2 ) = Z~ ⋅ +
~ (64)
⎪⎩ I Z F ( 22 ) ⋅ I F ( 2 )
∂x
F ( 21) F (1)

onde os subscritos (1) e (2) se referem a cada uma das linhas


que estão compartilhando uma mesma torre em um circuito
duplo. De uma forma condensada a equação (64) anterior pode
ser escrita como
∂VF ~
− = ZF ⋅ IF (65)
∂x
onde
⎡VF (1) ⎤
[ ]
t
VF = ⎢ ⎥ = Va (1) Vb (1) Vc (1) Va ( 2 ) Vb ( 2 ) Vc ( 2 )
V
⎣ F ( 2) ⎦
⎡ I F (1) ⎤
[I ]
t
IF = ⎢ ⎥= a (1) I b (1) I c (1) I a ( 2) I b ( 2) I c ( 2)
I
⎣ F ( 2) ⎦
⎡ Z p (1) Z m (1) Z m (1) Z m (12) Z m (12) Z m (12 ) ⎤
⎢Z Z1 p (1) Z m (1) Z m (12) Z m (12) Z m (12 ) ⎥⎥ (66)
⎢ m (1)
~ ⎢ Z m (1) Z m (1) Z1 p (1) Z m (12) Z m (12) Z m (12 ) ⎥
ZF = ⎢ ⎥
⎢ Z m (12) Z m (12) Z m (12) Z p ( 2) Z m( 2) Z m( 2) ⎥
⎢ Z m (12) Z m (12) Z m (12) Z m ( 2) Z p ( 2) Z m( 2) ⎥
⎢ ⎥
⎢⎣ Z m (12) Z m (12) Z m (12) Z m ( 2) Z m( 2) Z p ( 2 ) ⎥⎦

sendo os subscritos p e m referentes às impedâncias próprias


e mútuas respectivamente das linhas (1) e (2).
Aplicando a transformação de Fortescue em (64) resulta que

⎪−
~
[
⎧ ∂ Q ⋅ VS (1) ~ ] ~ ~
[ ~
]
= Z F (11) ⋅ Q ⋅ I S (1) + Z F (12 ) ⋅ Q ⋅ I S ( 2 ) [ ]
⎪ ∂x
⎨ ~
[
⎪ ∂ Q ⋅ VS ( 2 ) ~ ] ~ ~
[ ~
]
(67)
[ ]
⎪⎩ − ∂x
= Z F ( 21) ⋅ Q ⋅ I S (1) + Z F ( 22 ) ⋅ Q ⋅ I S ( 2 )

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~
Como a matriz de transformação Q não varia com x , então
⎧ ~ ∂VS (1) ~ ~ ~ ~
⎪⎪ − Q ⋅ = Z ⋅ Q ⋅ I + Z ⋅ Q ⋅ I S ( 2)
∂x
F (11) S (1) F (12 )


⎪ −Q ~ ∂VS ( 2 ) ~ ~ ~ ~ (68)
⋅ = Z F ( 21) ⋅ Q ⋅ I S (1) + Z F ( 22 ) ⋅ Q ⋅ I S ( 2 )
⎪⎩ ∂x
~ −1
Multiplicando por Q à esquerda vem que
⎧ ∂VS (1)
⎪⎪ −
∂x
~ ~
( ~
)
~ ~ ~
(
= Q ⋅ Z F (11) ⋅ Q ⋅ I S (1) + Q ⋅ Z F (12 ) ⋅ Q ⋅ I S ( 2 ) )

⎪ − ∂VS ( 2 ) = Q
⎪⎩ ∂x
~ ~
( ~ ~ ~
) ~
(
⋅ Z F ( 21) ⋅ Q ⋅ I S (1) + Q ⋅ Z F ( 22 ) ⋅ Q ⋅ I S ( 2 ) ) (69)

ou seja
⎧ ∂VS (1) ~ ~
⎪ − = Z S (11) ⋅ I S (1) + Z S (12 ) ⋅ I S ( 2 )
⎪ ∂x

⎪ − ∂VS ( 2 ) = Z~ ⋅ +
~ (70)
⎪⎩ I Z S ( 22 ) ⋅ I S ( 2 )
∂x
S ( 21) S (1)

onde
~ ~ ~ ~
Z S ( ij ) = Q −1 ⋅ Z F ( ij ) ⋅ Q ; i = 1,2 e j = 1,2 (71)
~ ~ ~
Em razão da simetria observada nas matrizes Z11F , Z12 F , Z 21F e
~ ~ ~
Z 22 F , as matrizes Z11S e Z 22 S são matrizes diagonais da forma
⎧ ⎡ Z L 0(1) ⎤ ⎡ Z p (1) + 2 Z m (1) ⎤
⎪ ~ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎪ Z S (11) = ⎢ Z L1(1) ⎥=⎢ Z p (1) − Z m (1) ⎥
⎪ ⎢ Z ⎥ ⎢ Z − Z ⎥
⎪ ⎣ L 2 (1) ⎦ ⎣ p (1) m (1) ⎦

⎪ ⎡Z L 0( 2) ⎤ ⎡Z p ( 2) + 2Z m ( 2) ⎤
⎪⎪ ~ ⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎨ Z S ( 22) = ⎢ Z L1( 2 ) ⎥=⎢ Z p ( 2) − Z m ( 2) ⎥

(72)
⎢ Z ⎥ ⎢ Z − Z ⎥
⎪ ⎣ L 2( 2) ⎦ ⎣ p ( 2) m( 2) ⎦

⎪ ⎡Z L0m ⎤ ⎡3Z m (12) ⎤


⎪ ⎢ ⎥ ⎢ 0 ⎥⎥
~ ~
⎪ Z S (12) = Z S ( 21) = ⎢ Z L1m ⎥=⎢
⎪ ⎢⎣ Z L 2 m ⎥⎦ ⎢⎣ 0⎥⎦
⎪⎩

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A figura abaixo mostra os circuitos de seqüência positiva,


negativa e zero correspondentes à equação (69), com as
matrizes de impedâncias na forma das equações (71). O leitor
pode notar no circuito de seqüência zero a existência da
impedância mútua entre as linhas de transmissão (1) e (2),
como estabelece a terceira das equações (71). Nesta equação,
nota-se claramente que a matriz das impedâncias mútuas
entre as linhas (1) e (2) de seqüência não é vazia e que o único
termo presente diz respeito à impedância mútua de seqüência
zero entre as linhas (1) e (2) que não se consegue eliminar
através do processo de transposição das duas linhas de
transmissão.

ZL1(1) ZL2(1) ZL0(1)

ZL1(2) ZL2(2) ZL0(2) ZL0m

(+) (-) (0)

Considerando faltas na linha de transmissão (1), na barra de


falta F, situada a x pu da barra onde se encontra o relé, os
diagramas de seqüência para esta linha devem ser ligados em
série no ponto de falta, ou seja

x ZL1(1) (1-x) ZL1(1) x ZL1(1) (1-x) ZL1(1) x ZL0(1) (1-x) ZL0(1)


I a1 I a2 I a0
F1 F2 x ZL0m F0
'
I a1 I '
a2 I '
a0

Va'1 Va' 2 Va' 0

(+) (-) (0)

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Para esta falta


Va′ = 0 (73)
ou seja

Va′ = Va′0 + Va′1 + Va′2 = 0 (74)


A tensão Va no ponto onde se encontra o relé é dada por
(
Va = Va 0 + Va1 + Va 2 = Va′0 + x Z L 0 (1) I a 0 + x Z L 0 m I a' 0 + )
+ (Va′1 + x Z L1(1) I a1 ) + (V ′
a 2 + x Z L1(1) I a 2 )
(75)

Rearranjando os termos vem que

Va = (Va′0 + Va′1 + Va′2 ) +x Z L1(1) ( I a1 + I a 2 )+ x Z L 0 (1) I a 0 + x Z L 0 m I a' 0 (76)

Somando e subtraindo x ZL1 Iao vem que

Va = x Z L1(1) ( I a 0 + I a1 + I a 2 )+ (x Z L 0 (1) − x Z L1(1) )I a 0 + x Z L 0 m I a' 0 (77)

ou ainda que

Va = x Z L1(1) I a + (x Z L 0 (1) − x Z L1(1) )I a 0 + x Z L 0 m I a' 0 (78)

Colocando x ZL1 em evidência vem que


(
Va = x Z L1(1) I a + k I a 0 + k ' I a' 0 ) (79)
onde
Z L 0 (1) − Z L1(1)
k= (80)
Z L1(1)
e
Z L0m
k' = (81)
Z L1(1)
Sendo k e k’ denominados respectivamente fator de
compensação de seqüência zero e fator de compensação de
acoplamento mútuo.
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RESUMINDO TEM-SE QUE

RELÉ AT BT CT AB BC CA
VR Va Vb Vc Va-Vb Vb-Vc Vc-Va

IR Ia + K.Ia0 Ib + K.Ia0 Ic + K.Ia0 Ia- Ib Ib - Ic Ic- Ia

Z L 0 − Z L1
K=
Z L1 Ö FATOR DE COMPENSAÇÃO
DE SEQÜÊNCIA ZERO

LINHAS DE TRANSMISSÃO EM CIRCUITO DUPLO

I R = I a + K. I a 0 + K ′. I ′a 0

ZL0m
K′ =
Z L1 Ö FATOR DE COMPENSAÇÃO
DE ACOPLAMENTO MÚTUO

19
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3.3. UNIDADES DE MEDIÇÃO DOS RELÉS DE DISTÂNCIA

(f) INTRODUÇÃO
No item anterior o leitor pôde constatar que um relé de distância é
formado por várias unidades de detecção de falta, a saber,
unidades de faltas para terra (AT, BT e CT), também chamadas de
unidades (ou loops) de terra e unidades de faltas de fase (AB, BC
e CA), ou simplesmente unidades (ou loops) de fase. Estas
unidades de detecção, por sua vez, são formadas por uma ou mais
unidades de medição, que executam uma determinada função de
proteção.

O objetivo deste item é analisar cada uma das unidades clássicas


de medição utilizadas nos relés de distância. A forma utilizada
para se obter suas características de operação vai ser baseada
nos comparadores de fase ou de amplitude, muito comum nos
relés eletromecânicos e estáticos. Nos relés digitais atuais, a
forma de se obter estas características de operação é bem mais
simples e se baseia simplesmente na sua equação analítica final.
No entanto, a maneira aqui utilizada de se deduzir as
características vai contribuir para levar o leitor a perceber o quão
inteligente e interessante era o processo para se obter cada uma
das características.
(g) UNIDADES DE MEDIÇÃO
(b.1) Unidade Direcional
A característica de operação de uma unidade direcional é uma reta
que passa pela origem. A tabela a seguir mostra as grandezas de
entrada de COAs de r =1 COFs do tipo cosseno de forma a obtê-la.
Tabela das Grandezas de Entrada
COA (r =1) COF(cos)
SO SR S1 S2
Tensão V + I ZN V − I ZN I ZN V
Corrente YN V + I YN V − I I YN V

20
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Característica de Operação no Plano RX

Utilizando as tensões de entrada do COA de raio unitário da tabela


anterior, pode-se dizer que ele opera quando

SO V + I ZN V + I ZN
SR
≥1 Ö V − I ZN
=
V − I ZN
≥1 (82)

Dividindo o numerador e o denominador por I, vem que

V
+ ZN ZR + ZN
I Z + ZN
= R = ≥ 1 (83)
V
− ZN ZR − ZN ZR − ZN
I

ou ainda que

ZR + ZN ≥ ZR − ZN Ö ZR + ZN
2
≥ ZR − ZN
2
(84)

Na equação (84) ZN é uma constante de projeto. Já ZR é uma


variável que depende da tensão de alimentação do relé e de sua
corrente, conforme mostra o diagrama a seguir.

X
ZN

ZR

τ θ
R

Desenvolvendo (84) vem que

Z R + Z N + 2 Z R Z N cos(θ − τ ) ≥ Z R + Z N − 2 Z R Z N cos(θ − τ ) (85)


2 2 2 2

21
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ou seja

4 Z R Z N cos(θ − τ ) ≥ 0 (86)

Como 4 e |ZN| são reais positivos, então

Z R cos(θ − τ ) ≥ 0 (87)

Esta equação é a equação de uma reta que passa pela origem e


tem inclinação –ctg(τ), conforme mostra o diagrama a seguir

região de operação onde X


Z R cos (θ − τ ) > 0
Z R cos (θ − τ )
ZN é a projeção de ZR
na direção de ZN

ZR

τ θ
reta onde
Z R cos (θ − τ ) = 0 R

(b.2) Unidade Ohm (ou Ângulo Impedância)


A característica de operação de uma unidade ohm também é dada
por uma reta só que a região de operação é abaixo dela. A tabela a
seguir mostra as grandezas de entrada de COAs de r =1 COFs do
tipo cosseno de forma a obtê-la.
Tabela das Grandezas de Entrada
COA (r =1) COF(cos)
SO SR S1 S2
Tensão 2 I ZN −V V I ZN −V I ZN

Corrente 2 I − YN V YN V I − YN V I

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Característica de Operação no Plano RX

Utilizando novamente as tensões de entrada do COA de raio


unitário da tabela anterior, pode-se dizer que ele opera quando

SO 2 I ZN −V 2 I ZN −V
SR
≥1 Ö V
=
V
≥1 (88)

Dividindo o numerador e o denominador por I, vem que

2 ZN − ZR 2 ZN − ZR
= ≥1 (89)
ZR ZR

ou ainda que

2 ZN − ZR ≥ ZR Ö 2 ZN − ZR
2
≥ ZR
2
(90)

onde, na equação (90), ZN é novamente uma constante de projeto e


ZR é a variável que depende da tensão de alimentação do relé e de
sua corrente. Desenvolvendo (90) vem que

Z R + 4 Z N − 2 Z R 2 Z N cos(θ − τ ) ≥ Z R
2 2 2
(91)

ou seja

4 Z R Z N cos(θ − τ ) ≤ 4 Z N
2
(92)

Ou finalmente

Z R cos(θ − τ ) ≤ Z N (93)

23
Proteção de SEP © Clever Pereira

Esta equação é a equação de uma reta que dista |ZN | da origem e


tem inclinação –ctg(τ), conforme mostra o diagrama a seguir

reta onde Z R cos (θ − τ )


Z R cos (θ − τ ) = Z N ZN é a projeção de ZR
na direção de ZN

região de operação onde ZR


Z R cos (θ − τ ) < Z N
τ
θ

Se, nesta unidade, faz-se o ajuste tal que τ = 90° , então esta
unidade recebe o nome de unidade de reatância, e sua
característica de operação é mostrada na figura abaixo.

X Z R cos (θ − 90°)
é a projeção de ZR
na direção de ZN
reta onde ZN = j XN
Z R cos (θ − 90°) = Z N

ZR

região de operação onde


Z R cos (θ − 90°) < Z N θ
τ = 90°

24
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(b.3) Unidade Impedância

A característica de operação de uma unidade impedância é dada


por um círculo com centro na origem. A tabela a seguir mostra as
grandezas de entrada de COAs de r =1 COFs do tipo cosseno de
forma a obtê-la.

Tabela das Grandezas de Entrada

COA (r =1) COF(cos)


SO SR S1 S2
Tensão I ZN V I ZN −V I ZN +V

Corrente I YN V I − YN V I + YN V

Característica de Operação no Plano RX

Utilizando novamente as tensões de entrada do COA de raio


unitário da tabela anterior, pode-se dizer que ele opera quando

SO I ZN I ZN
SR
≥1 Ö V
=
V
≥1 (94)

Dividindo o numerador e o denominador por I, vem que

ZN ZN
= ≥1 (95)
ZR ZR

ou ainda que

ZR ≤ ZN (96)

25
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A equação (96) descreve um círculo de centro na origem e raio


|ZN|, conforme mostra o diagrama RX a seguir.
X
região de operação onde
ZR < ZN

ZN

ZR
τ
θ

círculo onde
ZR = ZN

(b.4) Unidade Mho

A característica de operação de uma unidade mho é um círculo


que passa pela origem e ela foi idealizada em decorrência da
dificuldade dos engenheiros de proteção ajustarem as proteções
com unidades do tipo impedância devido a possíveis condições
de carga elevada, conforme será visto mais tarde. A tabela a
seguir mostra as grandezas de entrada de COAs de r =1 COFs do
tipo cosseno de forma a obtê-la.

Tabela das Grandezas de Entrada

COA (r =1) COF(cos)


SO SR S1 S2
Tensão I ZN I Z N − 2V I ZN −V V
Corrente I I − 2 YN V I − YN V YN V

26
Proteção de SEP © Clever Pereira

Característica de Operação no Plano RX

Utilizando novamente as tensões de entrada do COA de raio


unitário da tabela anterior, pode-se dizer que ele opera quando

SO I ZN I ZN
SR
≥1 Ö I Z N − 2V
=
I Z N − 2V
≥1 (97)

Dividindo o numerador e o denominador por I, vem que

ZN ZN
= ≥1 (98)
ZN − 2 ZR ZN − 2 ZR

ou ainda que

ZN − 2 ZR ≤ ZN Ö 2 ZR − ZN
2
≤ ZN
2
(99)

Desenvolvendo (99) vem que

4 Z R + Z N − 2 2 Z R Z N cos(θ − τ ) ≤ Z N
2 2 2
(100)

Dividindo tudo por 4 vem que

2 2

cos(θ − τ ) ≤ N
Z ZN Z
+ N − 2 ZR
2
ZR (101)
2 2 2

A equação (101) é a equação de um círculo de raio |ZN /2| e centro


em ( |ZN /2| ,τ ). Isto caracteriza um círculo que passa pela origem,
conforme mostra o diagrama a seguir

27
Proteção de SEP © Clever Pereira

X
região de operação onde
2 2
ZN ZN Z centro C está na metade de ZN
+ − 2 ZR cos(θ − τ ) < N
2
ZR
2 2 2
ZN

C
ZR
τ
θ
círculo onde
2 2
ZN ZN Z
+ − 2 ZR cos(θ − τ ) = N
2
ZR R
2 2 2

(b.5) Unidade Mho Deslocada

A característica de operação de uma unidade mho deslocada é um


círculo que passa abaixo da origem. Esta unidade foi idealizada
em razão do problema que existe com a unidade mho para faltas
na barra onde ela está instalada, ou próximas dela. Quando isto
acontece, a unidade mho perde o sinal de referência (ou de
polarização) S2, o que pode conduzi-la a operações indevidas. A
tabela a seguir mostra as grandezas de entrada de COAs de r =1
COFs do tipo cosseno de forma a obtê-la.

Tabela das Grandezas de Entrada

COA (r =1) COF(cos)


SO SR S1 S2
Tensão I ZA I Z B − 2V I Z1 − V I Z2 + V

Corrente I (I Z B − 2V )YA I − Y1 V (I Z 2 + V )Y1

onde

⎧⎪ Z1 = Z1 ∠τ 1 ⎧⎪ Z A = Z1 + Z 2 = Z A ∠τ A
⎨ e ⎨ (102)
⎪⎩ Z 2 = Z 2 ∠τ 2 ⎪⎩ Z B = Z1 − Z 2 = Z B ∠τ B

28
Proteção de SEP © Clever Pereira

Característica de Operação no Plano RX

Utilizando novamente as tensões de entrada do COA de raio


unitário da tabela anterior, pode-se dizer que ele opera quando

SO I ZA I ZA
SR
≥1 Ö I Z B − 2V
=
I Z B − 2V
≥1 (103)

Dividindo o numerador e o denominador por I, vem que

ZA ZA
= ≥1 (104)
ZB − 2 ZR ZB − 2 ZR

ou ainda que

ZB − 2 ZR ≤ Z A (105)

Na equação (105) ZA e ZB, e por conseguinte, Z1 e Z2, são


constantes de projeto e ajustadas pelo usuário. Já ZR é uma
variável que depende da tensão de alimentação do relé e de sua
corrente, conforme mostra o diagrama a seguir.
X

ZA
Z1
ZB

τB
Z1 ZR
τ1 Z2
τA τ2 θ
R
Z2

29
Proteção de SEP © Clever Pereira

Resolvendo a equação (105) vem que

2 ZR − ZB ≤ ZA
2 2
(106)

ou ainda que

4 Z R + Z B − 2 2 Z R Z B cos(θ − τ B ) ≤ Z A
2 2 2
(107)

Dividindo tudo por 4 vem que

2 2

+ B − 2 Z R B cos(θ − τ B ) ≤ A
2 Z Z Z
ZR (108)
2 2 2

A equação (108) é a equação de um círculo de raio |ZA /2| e centro


em ( |ZB /2| ,τB ), conforme mostra o diagrama a seguir.

região de operação onde círculo onde


ZB
2
ZB Z
2 X ZB
2
ZB Z
2

+ − 2 ZR cos (θ − τ ) < A + − 2 ZR cos (θ − τ ) = A


2 2
ZR ZR
2 2 2 2 2 2

ZA

Z1
ZB

C
Z1
ZR
τ1 Z2
τ2 θ
centro C está na
metade de ZB
R
Z2

A prova que o centro do círculo está na metade do vetor ZB se


encontra no Anexo 1, ao final desta unidade.

30
Proteção de SEP © Clever Pereira

4. RELÉS DE DISTÂNCIA
4.1. PRINCÍPIOS BÁSICOS

Os RELÉS DE DISTÂNCIA identificam a DISTÂNCIA


que existe entre o ponto onde estão instalados e o ponto
de falta (trecho da LT sob falta) através da medição da
IMPEDÂNCIA DE SEQÜÊNCIA POSITIVA deste trecho
(esta impedância guarda uma relação “quase linear” com
a distância do relé à falta ).

ZL1 (Ω/km)
I’
Impedância Longitudinal de
Seqüência Positiva da LT

ZAF = ZL1 . x

4.2. FONTES DE ERROS


(a) SUBALCANDE DEVIDO AO “IN FEED“ DE CORRENTE
V x Z L I + R F (I + I′) ⎛ I′ ⎞
ZR = = = x Z L + R F ⎜1 + ⎟
I I ⎝ I⎠

(b) ERROS DOS TC’s E TP’s


(c) ERROS INTRÍNSECOS DO PRÓPRIO RELÉ
(d) ERROS EM CONDIÇÕES TRANSITÓRIAS
OBS: geralmente a componente DC conduz
o relé a um SOBREALCANCE.

CONCLUSÃO

VAI EXISTIR SEMPRE UMA REGIÃO DE DÚVIDA NA


CARACTERÍSTICA DE OPERAÇÃO DOS RELÉS DE DISTÂNCIA.

31
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4.3. UNIDADES BÁSICAS


CARACTERÍSTICA DE
UNIDADE SINAIS DE ENTRADA
OPERAÇÃO
COF ⎧ S1 = I .Z N − V
IMPEDÂNCIA (cos )⎨⎩ S 2 = I .Z N + V
θ 2 = −90° e θ 1 = 90°
COF ⎧ S1 = I Z N − V
REATÂNCIA (cos) ⎨⎩ S2 = I Z N
ZN = j X N

COF ⎧ S1 = I .Z N − V
MHO ⎨
(cos) ⎩ S 2 = V

COF ⎧ S1 = I .Z N 1 − V
(cos ) ⎨⎩ S 2 = I .Z N 2 + V
MHO DESLOCADA

⎧ S1 = I .Z N − V
COF ⎨
LENTICULAR ⎩S2 = V
θ 2 > −90° ou θ1 < 90°
⎧ S1 = I .Z N − V
COF ⎨
TOMATE ⎩S2 = V
θ 2 < −90° e θ1 > 90°
Equações compostas
por quatro retas, duas
POLIGONAL inclinadas e duas
horizontais.

32
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4.4. AJUSTES DOS RELÉS DE DISTÂNCIA

(a) FILOSOFIA BÁSICA


DEVIDO ÀS INCERTEZAS DEVEM EXISTIR TRÊS ZONAS
DE PROTEÇÃO:
n ZONA 1 ⇒ INSTANTÂNEA
o ZONAS 2 E 3 ⇒ TEMPORIZADAS

AS UNIDADES DE ZONAS 1 E 2 DEVEM DAR PRIORIDADE À


CONTINUIDADE DE SERVIÇO (NUNCA SOBRE-ALCANÇAR)

UNIDADE DE ZONA 3 PREVENIR CONTRA DANOS OU


MESMO DESTRUIÇÃO DA SEÇÃO PROTEGIDA
(NUNCA SUB-ALCANÇAR)


⎪ Ajuste: (0,85 - 0,95).ZL
Zona 1 ⎨
⎪ top ≤ 40 ms ( 2 ciclos )


⎪ Ajuste ≤ 0,75 da próxima seção
Zona 2 ⎨
⎪ top ≈ 200 a 500 ms


⎪ Ajuste: maior que o ajuste Zona 2
Zona 3 ⎨
⎪ top ≈ 1000 ms

33
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4.5. TIPOS CLÁSSICOS DE RELÉS DE DISTÂNCIA

Relé de IMPEDÂNCIA

1 UNIDADE DIRECIONAL
(instantânea)

3 UNIDADES DE IMPEDÂNCIA
1 INSTANTÂNEA (1a zona)
2 COM RETARDO (2a e 3a zonas)

Relé de REATÂNCIA

1 UNIDADE MHO (com retardo 3a zona)

2 UNIDADES DE REATÂNCIA
1 INSTANTÂNEA (1a zona)
1 COM RETARDO (2a zona)

Relé MHO

3 UNIDADES MHO
1 INSTANTÂNEA (1a zona)
2 COM RETARDO (2a e 3a zonas)

34
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4.6. SELEÇÃO DOS RELÉS DE DISTÂNCIA

(a) EFEITO DA RESISTÊNCIA DE ARCO (LINHAS CURTAS)

⎛ I′ ⎞
Z R = x ⋅ Z L + RF ⎜ 1 + ⎟
⎝ I ⎠

1. REATÂNCIA
2. IMPEDÂNCIA
3. MHO

(b) EFEITO DE SOBRECARGAS (LINHAS LONGAS)

1. MHO
2. REATÂNCIA
3. IMPEDÂNCIA

(c) EFEITO DAS OSCILAÇÕES ELÉTRICAS


LG CRÍTICO DAS
OSCILAÇÕES

1. MHO
2. IMPEDÂNCIA
3. REATÂNCIA

35
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ANEXO 1
CARACTERÍSTICA DE OPERAÇÃO DA UNIDADE MHO POLARIZADA

Na característica de operação Mho Deslocada, para provar que o


ponto C está na metade de ZB e também na metade de ZA da figura
abaixo, deve ser provado que:

1 (R1;X1)
ZA
(R1-R2; X1-X2) 3 1. O ponto C é a interseção
Z1
ZB dos segmentos 0-3 e 1-2.

Z1 C (R2;X2)
ZR 2. O ponto C é também a
τ1 Z2
τ2 θ mediana do segmento 1-2 e
0 do segmento 0-3.
R
Z2
(-R2;-X2) 2

As retas definidas pelos segmentos de reta 1-2 e 0-3 são


respectivamente

⎧ X1 + X 2
⎪ Reta 1 − 2 : y= (x + R2 ) − X 2
⎪ R1 + R2

⎪ Reta 0 − 3 : X − X2 (109)
y= 1 x
⎪⎩ R1 − R2

onde Ri e Xi são respectivamente as partes real e imaginária de Zi.

A intercessão destas duas retas, ou seja, o ponto C é determinado


igualando-se as duas equações, ou seja

36
Proteção de SEP © Clever Pereira

X1 − X 2 X + X2
x= 1 (x + R2 ) − X 2 (110)
R1 − R2 R1 + R2

Tirando o mmc no lado direito e multiplicando, vem que

X1 − X 2 ( X + X 2 )(x + R2 ) − (R1 + R2 )X 2
x= 1 (111)
R1 − R2 R1 + R2

Multiplicando cruzado vem

(R1 + R2 )( X 1 − X 2 ) x = (R1 − R2 )( X 1 + X 2 )(x + R2 ) − (R1 − R2 )(R1 + R2 )X 2 (112)

Desenvolvendo vem que

(R1 X 1 − R1 X 2 + R2 X 1 − R2 X 2 ) x = (R1 X 1 + R1 X 2 − R2 X 1 − R2 X 2 )(x + R2 ) − (R12 − R22 )X 2 (113)

ou

(R1 X 1 − R1 X 2 + R2 X 1 − R2 X 2 ) x = (R1 X 1 + R1 X 2 − R2 X 1 − R2 X 2 ) x + (114)


+ (R1 X 1 + R1 X 2 − R2 X 1 − R2 X 2 )R2 − (R12 − R22 )X 2
ou ainda

2(R2 X 1 − R1 X 2 ) x = (R1 X 1 + R1 X 2 − R2 X 1 − R2 X 2 )R2 − R12 − R22 X 2( ) (115)

Colocando ( R1 - R2 ) em evidência no lado direito da equação (115)


resulta que

2(R2 X 1 − R1 X 2 ) x = (R1 − R2 )( X 1 + X 2 )R2 − (R1 − R2 )(R1 + R2 )X 2


= (R1 − R2 )[( X 1 + X 2 )R2 − (R1 + R2 )X 2 ] (116)
= (R1 − R2 )(R2 X 1 + R2 X 2 − R1 X 2 − R2 X 2 )

ou seja

2(R2 X 1 − R1 X 2 ) x = (R1 − R2 )(R2 X 1 − R1 X 2 ) (117)

ou finalmente que

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R1 − R2
x = RC = (118)
2

Esta expressão determina a abscissa do ponto C. Substituindo-a


na equação de uma das retas 1-2 ou 0-3 determina-se a ordenada
do ponto C, ou seja
X1 − X 2 R1 − R2 X − X2
y = XC = = 1 (119)
R1 − R2 2 2

Para provar que C é mediana do segmento de reta 0-3 basta


calcular a distância de C aos extremos e mostrar que são iguais,
ou seja
R − R2 ⎞ ⎛ X − X2 ⎞
2 2

D0C = (0 − RC ) 2
+ (0 − X C )
2
= ⎜0 − 1 ⎟ + ⎜0 − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ (120)
2 2 2 2
⎛ R − R1 ⎞ ⎛ X 2 − X 1 ⎞ ⎛ R − R2 ⎞ ⎛ X 1 − X 2 ⎞
= ⎜ 2 ⎟ +⎜ ⎟ = ⎜ 1 ⎟ +⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠

e
2 2
⎡ ⎛ R1 − R2 ⎞⎤ ⎡ ⎛ X − X 2 ⎞⎤
D3C = (R3 − RC )2 + ( X 3 − X C )2 = ⎢(− R2 + R1 ) − ⎜ ⎟⎥ + ⎢(− X 2 + X 1 ) − ⎜ 1 ⎟⎥
⎣ ⎝ 2 ⎠⎦ ⎣ ⎝ 2 ⎠⎦ (121)
⎛ − 2 R2 + 2 R1 − R1 + R2 ⎞ ⎛ − 2 X 2 + 2 X 1 − X 1 + X 2 ⎞
2 2
⎛ R − R2 ⎞ ⎛ X 1 − X 2 ⎞
2 2

= ⎜ ⎟ +⎜ ⎟ = ⎜ 1 ⎟ +⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠

Para provar que C é também mediana do segmento 1-2, deve-se


proceder de maneira similar para este segmento, ou seja
2 2
⎛ R − R2 ⎞ ⎛ X − X2 ⎞
D1C = (R1 − RC ) 2
+ (X1 − X C )
2
= ⎜ R1 − 1 ⎟ + ⎜ X1 − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠
(122)
⎛ 2 R1 − R1 + R2 ⎞ ⎛ 2 X 1 − X 1 + X 2 ⎞ ⎛ R + R2 ⎞ ⎛ X 1 + X 2 ⎞
2 2 2 2

= ⎜ ⎟ +⎜ ⎟ = ⎜ 1 ⎟ +⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠

38
Proteção de SEP © Clever Pereira

R − R2 ⎞ ⎛ X − X2 ⎞
2 2

D2C = (R2 − RC )2
+ (X 2 − X C )
2
= ⎜ R2 − 1 ⎟ + ⎜ X2 − 1 ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ (123)
⎛ 2 R2 − R1 + R2 ⎞ ⎛ 2 X 2 − X 1 + X 2 ⎞
2 2
⎛ 3R2 − R1 ⎞ ⎛ 3 X 2 − X 1 ⎞
2 2

= ⎜ ⎟ +⎜ ⎟ = ⎜ ⎟ +⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠ ⎝ 2 ⎠

39

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