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DTA Engenharia
Volume II
São Paulo
Dezembro de 2013
Estudo de Impacto Ambiental – EIA
Projeto Terminais Ponta Negra - TPN
Estudo de Impacto Ambiental – EIA
Projeto Terminais Ponta Negra - TPN
Índice
9.1.3. Meio Socioeconômico .....................................................................1
9.2. Ambiente Marinho ...................................................................... 423
9.2.1. Meio Físico ................................................................................. 423
9.2.2. Meio Biótico ................................................................................ 553
10. Estudo de modelagem numérica considerando a instalação
das estruturas previstas no empreendimento ...................................... 873
10.1. Prováveis interferências nos padrões de
circulação hidrodinâmica, de propagação de
ondas e de transporte de sedimentos devido a
instalação das estruturas. ......................................................................... 873
10.1.1. Alterações no campo de correntes e no
campo de ondas ....................................................................................... 873
10.1.2. Alterações na Taxa de Deposição de
Sedimentos ............................................................................................... 878
10.2. Estimativa de assoreamento das áreas
que serão dragadas................................................................................... 882
10.3. Modelagem Numérica da Pluma de
Dragagem .................................................................................................. 883
10.3.1. Especificações das operações de
dragagem ................................................................................................. 883
10.3.2. Dados de entrada e cenários simulados.................................... 886
10.3.3. Cenários da dispersão do material
ressuspendido durante a dragagem......................................................... 886
10.3.4. Resultados da dispersão do material
ressuspendido durante a dragagem......................................................... 886
10.4. Análise do clima de ondas, modelagem
numérica do transporte de sedimento ao longo da
costa para verificar as alterações na morfologia
da linha de costa em função das estruturas
costeiras 890
10.4.1. Clima de ondas em águas profundas ........................................ 891
10.4.2. Modelagem de ondas com o modelo
Oluca 896
10.4.3. Estudo da circulação gerada pela
quebra de ondas – análise de curto prazo
utilizando o modelo Copla ........................................................................ 907
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Lista de Figuras
Figura 9.1.3-1 - Principais Rodovias da AII
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Figura 9.1.3-28 - Peso de rede feita em cerâmica (fase Una). Autoria de:
E. Pinheiro.
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Figura 9.2.1-38 - Distribuição dos metais nos pontos A-01 a A-07 região
do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha
vermelha tracejada representa o limite da resolução CONAMA 357/05.
Figura 9.2.1-42 - Diagrama stick plot dos valores médios diários dos
registros de vento, para o período de 1 de maio a 31 de dezembro de
2011 e 1 de janeiro a 30 de abril de 2012 (convenção vetorial).
Figura 9.2.1-49 - Stick plot dos vetores de vento para o mesmo período
de coleta de dados de corrente.
Figura 9.2.1-73 - Séries temporais do período de pico das ondas (s), para
o período de 28/03 a 03/05/2012. A série temporal dos dados coletados é
apresentada em azul, enquanto que a série temporal dos resultados da
modelagem hidrodinâmica, é apresentada em vermelho.
Figura 9.2.1-74 - Séries temporais da direção de pico das ondas (°), para
o período de 28/03 a 03/05/2012. A série temporal dos dados coletados é
apresentada em azul, enquanto que a série temporal dos resultados da
modelagem hidrodinâmica, é apresentada em vermelho.
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Figura 9.2.2-51 - Curvas do coletor para o MLS (A) e MLI (B) utilizando
os dados de riqueza observada (Sobs) e Estimativa de riqueza Jacknife
de primeira ordem para os dados da macrofauna praial encontrada na
Área de influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha
(Setembro/2012) e 2ª campanha (Janeiro/2013).
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Figura 10.3.4-2 - Área total das trajetórias das plumas, contorno em azul,
e concentração na coluna d’água em um instante de operação na
entrada da área protegida pelo quebra mar para o período de inverno.
Figura 10.3.4-3 - Área total das trajetórias das plumas, contorno em azul,
e concentração na coluna d’água em um instante de operação no canal
(área mais externa a ser dragada) para o período de inverno.
Lista de Gráficos
Gráfico 9.2-1 - Variação cumulativa do PIB de Maricá, Saquarema, Rio de
Janeiro e Brasil - 2000 a 2009, em preços constantes (2000=100).
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Lista de Tabelas
Tabela 9.1.3-1 - Evolução do PIB dos municípios da AII e da AID, 1980 -
2000, em valores constantes (R$ mil) do ano 2000.
Tabela 9.1.3-2 - Produto Interno Bruto (PIB) em mil reais e PIB per capita
dos municípios da AID, da AII e do estado do Rio de Janeiro - 2000 e
2010, a preços de mercado.
Tabela 9.1.3-3 - Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária, indústria
e serviços dos municípios da AID e da AII - 2000 (preços correntes).
Tabela 9.1.3-4 - Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária, indústria
e serviços dos municípios da AID e da AII - 2010 (preços correntes).
Tabela 9.1.3-5 - Valor Adicionado Bruto (VAB) da administração pública
nos municípios da AID e da AII - 2000 e 20010 (preços correntes)
Tabela 9.1.3-6 - Valor e participação das receitas municipais de Maricá e
Saquarema - 2011
Tabela 9.1.3-7 - Valor e participação das receitas municipais de Maricá e
Saquarema - 2011.
Tabela 9.1.3-8 - Valor e participação das despesas municipais de Maricá
e Saquarema - 2011.
Tabela 9.1.3-9 - Domicílios particulares permanentes atendidos com
energia elétrica na AII, 2010
Tabela 9.1.3-10 - Domicílios particulares permanentes atendidos com
energia elétrica na AID.
Tabela 9.1.3-11 - Volume de água trata e distribuída por dia em 2008 e
atendimento dos domicílios pela rede geral de abastecimento de água
em 2010.
Lista de Mapas
Mapa 9.1.3-1 - Áreas de expansão Urbana.
Mapa 9.1.3-2 - Densidade Demográfica e Vetores de Crescimento Urbano
no Município de Maricá.
Lista de Anexos
Anexo XXVIII - Programas governamentais para o setor pesqueiro
Anexo XXIX - Zoneamento Municipal de Maricá
Anexo XXX - Zoneamento Municipal de Saquarema
Anexo XXXI - Certidão de Situação e Aforamento, Dados Cadastrais e
Escrituras
Anexo XXXII - Lei da Pesca (Lei nº 11.959/09)
Anexo XXXIII - Roteiro de entrevistas qualitativas
Anexo XXXIV - Descrição de técnica de captura
Anexo XXXV - Período de defeso das espécies
Anexo XXXVI - Cartas Náutica 23000 (Marinha, 2009)
Anexo XXXVII - Diagnóstico do Patrimônio Cultural e Histórico
Anexo XXXVIII – Laudos laboratoriais - sedimento
Anexo XXXIX – Laudos laboratoriais - água
Anexo XL – Descrição Delft
A) Metodologia de trabalho
A caracterização da estrutura produtiva considerou seu processo histórico de organização e
foi realizada por meio de variáveis relativas à evolução da atividade econômica, à
caracterização setorial das atividades, aos meios e instrumentos de intervenção e à
infraestrutura produtiva. A abrangência da análise se deu no nível das atividades urbanas e
peri-urbanas presentes na área de estudo, com ênfase nos grandes vetores ou eixos de
crescimento. Esta última análise foi realizada à luz do diagnóstico da dinâmica econômica de
toda a região Sudeste, do Estado do Rio de Janeiro e por fim dos municípios sob influência
socioeconômica do empreendimento: Maricá e Saquarema. O município de Maricá será a
sede do futuro empreendimento e beneficiário dos impostos a serem gerados; por outro lado,
o município de Saquarema também está localizado nas proximidades da área do
empreendimento e sofrerá seus impactos - negativos e positivos de forma direta.
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No que se refere às condições de vida, foi dada ênfase aos temas educação, saúde,
habitação e segurança pública. O diagnóstico da habitação foi estruturado de modo a
fornecer um panorama geral da configuração habitacional existente nos municípios da AII e
da AID, de forma comparativa com a situação presente no estado do Rio de Janeiro. Foram
priorizadas as características e a condição dos domicílios tendo por base dados do Censo
Demográfico do IBGE 2010, bem como a análise do déficit habitacional elaborada pela
Fundação João Pinheiro para o ano 2000. Em seguida foi realizada a caracterização dos
domicílios existentes no entorno próximo da ADA, através de observação in loco e vasto
registro fotográfico.
O estudo das condições de saúde da população local e regional foi baseado em dados
secundários e levantamentos de campo. Seu desenvolvimento foi feito considerando os
critérios de regionalização do Sistema Único de Saúde - SUS, conforme orienta a Norma
Operacional de Assistência à Saúde de 2001. Os dados secundários que subsidiam o
trabalho são aqueles sistematizados e disponibilizados pelo Ministério da Saúde e pela
Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro. A base histórica de ocorrência das
doenças e das informações obtidas não apresenta um período uniforme, pois a pesquisa
priorizou as informações mais recentes que obtidas por meio de pesquisas no Departamento
de Informática do Ministério da Saúde - DATASUS, e que eram disponíveis para o ano de
2008 (mortalidade) e de 2009 (demais indicadores). As informações provenientes do Sistema
Nacional de Agravos de Notificação já haviam sido disponibilizadas para o ano de 2010 no
momento dos levantamentos.
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Por último, no que se refere ao sistema viário e à infraestrutura urbana, foram levantados os
dados secundários disponíveis - Censo Demográfico de 2010 e Rede de Cidades do IBGE,
Agência Nacional das Águas - ANA, Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento -
SINIS, Fundação Estadual de Estatística, Pesquisa e Formação de Funcionários Públicos do
Rio de Janeiro - CEPERJ, Código de Trânsito Brasileiro - CTB e Confederação Nacional dos
Transportes - CNT, principalmente. A caracterização da infraestrutura foi complementada
através de levantamentos, com entrevistas com dirigentes de diferentes secretarias, órgão
públicos e de empresas prestadoras de serviços dos municípios da AID, e observações
diretas de campo, com o competente registro fotográfico.
A zona costeira fluminense foi, historicamente, bastante ocupada. No século XX, registrou-se
grande desenvolvimento por conta do histórico de ocupação do próprio país e também pelo
fato de que o município do Rio de Janeiro era o então Distrito Federal (município Neutro). À
essa importância aliou-se o inegável dote portuário da região, que escoava as produções das
minas gerais, além do café produzido também no estado do Rio. Tal combinação resultou em
um expressivo desenvolvimento econômico de toda a região vizinha à capital.
A fusão da cidade do Rio de Janeiro com seu entorno físico veio em 1975, onde as
disparidades existentes entre a primeira e o interior do estado eram notáveis, ratificando a
concentração metropolitana como uma das mais marcantes características do território
fluminense. No decorrer do processo de substituição de importações e acelerado crescimento
econômico brasileiro, a região Sudeste foi a maior expoente, atraindo um vasto contingente
de migrantes para, principalmente, o entorno das áreas metropolitanas. Niterói, por exemplo,
cresceu vertiginosamente com a presença de usos residenciais, comerciais, de serviços e
industriais, para além da presença significativa de usos institucionais.
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Maricá e Saquarema foram preservadas desse movimento principalmente por seu acesso
entremeado pelas serras da Tapuaba, do Lagarto e da Tiririca, à época mais difíceis de
serem transpostas. A divisão serrana e costeira, aliada à presença de propriedades rurais
relativamente vastas, contribuíram para a manutenção de características rurais e de
pequenos aglomerados urbanos próximos aos centros históricos, com o desenvolvimento
modesto de domicílios de veraneio. Enquanto isso, e apesar do dinamismo econômico, a
região metropolitana do Rio de Janeiro acentuava disparidades e contradições sociais,
evidenciados pela má distribuição dos serviços e equipamentos urbanos, a crescente
demanda por habitação e consequente aumento das submoradias (LAGO, 2009)1.
Essa forma desordenada de crescimento, evidenciada pela região de Macaé2 e pela Baía de
Sepetiba3 e seus diversos conflitos ambientais e sociais, teve uma forte contribuição da falta
de planejamento ex-ante a chegada de grandes investimentos em indústrias de base e
portuárias. A instalação do COMPERJ, Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro em Itaboraí
foi objeto de um planejamento social e ambiental voltado para não repetir os exemplos
anteriormente citados e almejar uma inserção que potencialize a criação de empregos e a
ocupação ordenada do território costeiro.
1
Mais de 11% dos habitantes da capital fluminense viviam em domicílios em localidades subnormais em 2000, o que representa
cerca de 1,2 milhão de pessoas.
2
Macaé, sede da Petrobrás na exploração de petróleo e gás da Bacia de Campos, sofreu as consequências de rápido e
desordenado crescimento. Sua população quase triplicou nos últimos 20 anos, período no qual 14 favelas surgiram. A indústria
do petróleo emprega cerca de 50 mil trabalhadores diretos e indiretos, que demandam setores correlatos como serviços,
construção civil e hotelaria. Além do fator natural presente, a região contou com estratégias de incentivos fiscais para a
instalação de indústrias, desde a doação de terrenos e fornecimento de crédito até reduções ou isenções de impostos municipais
e estaduais, a exemplo do Fundo de Desenvolvimento de Campos de Goytacazes (Fundecam) e o Fundo Municipal de
Desenvolvimento Econômico e Social de Macaé (Fumdec).
3
A Baía de Sepetiba abriga grandes conglomerados siderúrgicos, terminais marítimos exportadores de minérios, centrais
térmicas de geração de energia, rodovias federais, ferrovias, concentrações urbano-industriais importantes, instalações militares
da Aeronáutica e da Marinha (incluindo a construção da base dos submarinos nucleares) e áreas urbanas densamente
povoadas - convivendo em áreas exíguas entre a montanha, o mangue e o mar.
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a) Expansão urbana
A maioria dos municípios da região costeira fluminense detém zonas urbanas concentradas
no litoral e no entorno das lagoas que lhe são características. A região dos lagos, que se
inicia em Maricá e se estende para leste por Saquarema, ao longo da costa, apresenta
fenômeno de ocupação acelerada nos últimos anos, motivada pela combinação entre a busca
de opções de moradia e a busca de belas paisagens e praias ainda pouco poluídas. A
combinação dessas duas especializações marca sobremaneira a estrutura e dinâmica
econômica dos municípios da AID: espraiamento do uso residencial por conta da expansão
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e grande concentração de residências
secundárias para lazer.
Segundo Lago (2009), a pressão exercida pelo município do Rio de Janeiro já ocorre desde
os anos 70 no município de Niterói, impulsionado pela construção da ponte que liga ambos
municípios. A área urbana iniciou processo de adensamento e as áreas de expansão
começaram a ser rapidamente ocupadas. Mais recentemente até as áreas outrora destinadas
ao lazer, em especial a chamada região oceânica composta pelos bairros Itaipu e Piratininga,
vem sofrendo conversão em sua ocupação para servirem de moradia permanente. Essa
pressão exercida pela expansão da Região Metropolitana também atinge Maricá, fazendo
com que áreas historicamente ocupadas pela agricultura sejam convertidas em áreas de uso
residencial (RANDOLPH, 2008).
i. a ocupação das áreas de baixada próximas à costa e a barreira criada pelos aclives
acentuados, característica visualizável de forma clara pelas manchas não ocupadas no
município de Niterói, tais como o Morro do Castro (no alinhamento da chegada da ponte
Rio Niterói) e pelo Morro do Pico (oposto ao Pão de Açúcar);
ii. o adensamento da região metropolitana do Rio de Janeiro, característica visualizável
pelas tonalidades mais escuras (representando ocupações mais antigas) no entorno das
manchas urbanas de 1980 de Niterói e São Gonçalo, partindo para as manchas de 1990
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também em Itaboraí e em Maricá; finalmente passando para os anos mais recentes com
mais intensidade em Maricá, Itaboraí, Tanguá e Rio Bonito. Esse último movimento de
expansão (2000/2010), denota a escassez de áreas urbanas próximas à radial que se
cria a partir do centro geográfico do município do Rio de Janeiro. As mesmas
observações quanto à expansão das manchas urbanas faz notar que a dinâmica dos
municípios Araruama, São Pedro da Aldeia, Iguaba Grande, Arraial do Cabo é distinta da
expansão do município do Rio de Janeiro e sua região metropolitana;
iii. a terceira característica marcante, é o papel das estradas e rodovias na determinação
dos vetores de expansão urbana, onde se destacam as ocupações coincidentes com as
áreas de entorno dos principais eixos rodoviários. Evidencia-se que o processo de
ocupação antrópica está inter-relacionado com a oferta de infraestrutura de transportes:
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Segundo Loureiro (2006), deve-se destacar que a intensa valorização imobiliária dos núcleos
urbanos ocasionou a propagação de loteamentos ilegais, em vários municípios da Baixada
Fluminense e São Gonçalo, e, no município do Rio de Janeiro, o crescimento populacional
das favelas. Este fenômeno é confirmado pela diminuição populacional em termos absolutos
nas áreas centrais e aumento significativo nas áreas de expansão de perfil social superior e
de perfil popular (LAGO, 2009).
Serra et al. (2003) demonstrou o espraiamento ocorrido em Macaé por conta da instalação da
sede de exploração de petróleo e gás da Bacia de Santos pela Petrobras no município.
Comparando a evolução dos preços imobiliários (tanto de venda quanto de aluguel) nesse
município com os de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro e Vitória, o estudo em apreço
comprovou que tanto o valor médio de venda quanto o de aluguel em Macaé encontravam-se
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muito acima da média dos demais municípios, levando-se em consideração o mesmo padrão
habitacional e zona de residência.
Outro local onde se verifica um vetor de crescimento, embora com intensidade ainda fraca, é
no bairro do Pilar, Distrito de Manoel Ribeiro, na Unidade de Planejamento 11. De acordo
com a Secretaria, o crescimento mais expressivo se dará à médio/longo prazo, ao longo da
RJ-114 ou Estrada de Ubatiba, no sentido norte. Um importante fator de atração para essa
porção vem sendo a proximidade com o COMPERJ, em Itaboraí, que poderá ser facilmente
acessível através da RJ- 114.
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Nesse contexto, nos anos das décadas de 1970 e 80 foram diversos os projetos de
implantação de grandes empreendimentos imobiliários que foram inviabilizados, entre outros
aspectos, pela transformação da área de restinga em APA. É nesse período, também, que a
AID perde suas características de área rural e de predomínio das atividades primárias -
agropecuária e pesca, para crescentemente se transformar em área privilegiada de
loteamentos, com grande proporção de residenciais secundárias, incremento dos serviços e,
especialmente, da construção civil.
4
MARTINS, Ângela Maria Moreira. O parcelamento da terra no município de Maricá, Estado do Rio de Janeiro. 1986. 160f.
Dissertação (Mestrado em Geociências) – Instituto de Geociências, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ,
1986
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Anos
Município
1940 1950 1960 1970 1980 1990
Vale ressaltar que os loteamentos são investimentos de longo prazo de maturação, de modo
que tende a existir um significativo hiato entre a aquisição das terras com objetivo de
investimento imobiliário dentro da perspectiva de sua valorização, a implantação dos
loteamentos e a efetiva comercialização dos lotes. Desse modo, na AID, a aquisição de
amplas áreas e seu loteamento - especialmente considerando as áreas mais valorizadas -
acessíveis pela rodovia e próximas ao sistema lagunar e marítima, precedeu em muito o
efetivo incremento da urbanização. Estima-se que já no final dos anos da década de 1980 a
quase totalidade da restinga estava loteada, mas não necessariamente colocada no
mercado.
Um dos mais importantes, já citado, foi a duplicação da Rodovia Amaral Peixoto, concluída
entre os anos de 2005 e 2006 no trecho entre Tribobó e Maricá e que criou novas condições
de acessibilidade, colocando Maricá a 1 - 1 ½ hora do centro do Rio de Janeiro. Essa nova
5
SOCHACZEWSKI, Jacques. CONTEXTO DO DESENVOLVIMENTO ADOTADO PELO MUNICÍPIO DE MARICÁ, RJ. Niterói,
2004
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É nesse contexto que se deu a recente “descoberta” do mercado consumidor regional com a
desconcentração de atividades terciárias até então mantidas na cidade do Rio de Janeiro, e
que se direciona para uma população - especialmente aquela de renda média e alta, que
necessitava deslocar-se para o Rio ou para Niterói para adquirir produtos mais sofisticados.
Esse aspecto teve por marco cronológico (2004) a construção do São Gonçalo Shopping Rio
junto à BR- 101, em São Gonçalo, e agora se faz presente em Maricá, com a chegada de
marcas tradicionais e novos equipamentos comerciais e serviços.
Como fator notável deve ainda ser citado o projeto de um grande resort - cujos detalhes são
apresentados no item relativo à atividade turística, que por sua dimensão e vinculação ao
trading turístico internacional, caso seja efetivamente implantado, deverá proporcionar forte
valorização imobiliária de seu entorno mais amplo, especialmente para loteamentos mais
sofisticados e direcionados ao público de renda média e alta.
Em relação especificamente ao distrito de Ponta Negra, vale observar que sua ocupação
também foi fortemente influenciada pela implantação da RJ-118, muito embora, conforme já
observado, não por decorrência de grandes empreendimentos. Maricá em específico e, em
6
Foram identificados apenas os dados relativos ao volume de recolhimento desse imposto municipal, o que indicou uma forte
aceleração das transações imobiliárias nos últimos anos.
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Já as capitais regionais, que reúnem 70 centros, subdividem-se em: a) capital regional A (11
cidades, medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos); b) capital regional B (20
cidades, medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos); e c) capital regional C (39
cidades, medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos).
Os centros sub-regionais, composto por 169 centros, são menos atuantes e geralmente
possuem relacionamento com as metrópoles nacionais. Estão subdivididos em: a) centro sub-
regional A (85 cidades, medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos); e b) centro
sub-regional B (79 cidades, medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos).
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Centro Zona A
Cabo Frio
Centro Sub Regional A
(RJ)
Capital Regional C
Niterói
Capital Regional B
(RJ)
Capital Regional A
Observa-se que Maricá, devido à sua proximidade, subordina-se diretamente a Niterói antes
da capital fluminense. O município em questão foi incluído na criação da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro (Lei Complementar nº 20/1974), juntamente com os
municípios de Niterói, Duque de Caxias, Itaboraí, Itaguaí, Magé, Nilópolis, Nova Iguaçu,
Paracambi, Petrópolis (incluindo São José do Vale do Rio Preto), São Gonçalo, São João de
Meriti e Mangaratiba.
A Lei Complementar nº 97/2001 cria uma nova microrregião denominada dos Lagos,
incluindo ambos municípios da AID e promovendo, assim, a retirada de Maricá da Região
7
Segundo definição do IBGE, a divisão regional serve para “...subsidiar o sistema de decisões quanto à localização de
atividades econômicas, sociais e tributárias; subsidiar o planejamento, estudos e identificação de estruturas espaciais de regiões
metropolitanas e outras formas de aglomerações urbanas e rurais.” (IBGE. Disponível em http://www.ibge.gov.br)
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Metropolitana. Além deste e Saquarema, a região incluiu Araruama, Armação dos Búzios,
Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Silva Jardim, todos
municípios das baixadas litorâneas.
Maricá, bem como o município de Petrópolis, optaram por deixar a composição da Região
Metropolitana. A inclusão de Maricá na região dos Lagos e de Petrópolis na região Serrana,
ambas com vocação turística, reflete a estagnação econômica que permeava o Estado do
Rio de Janeiro à época. Já em 2009, por força da Lei Complementar n° 133, Maricá é retirado
da Região das Baixadas Litorâneas e novamente inserido na Região Metropolitana. Ao
mesmo tempo, a dita Lei confirma a composição da Microrregião dos Lagos, incluindo
Saquarema.
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Conforme já observado, a economia da AII a partir dos anos da década de 1950 entrou num
prolongado período de esvaziamento econômico com a afetação dos principais segmentos
produtivos: o sistema portuário de Niterói, a indústria da construção naval, a cafeicultura do
Norte do estado e o tradicional setor têxtil perderam competitividade e foram
progressivamente desativados. No final do primeiro quinquênio dos anos da década de 1970,
dois fatores impactaram intensamente Niterói: (i) a fusão com a Guanabara e a transferência
da capital para a cidade do Rio de Janeiro, ocasionando o deslocamento de agências e
escritórios, agravando o esvaziamento econômico e, (ii) a entrada em funcionamento da
8
A Bacia de Campos é a maior produtora nacional de petróleo; próximo a ela está a província do pré-sal, com boas perspectivas
de exploração. Uma marcante característica do setor petroleiro, assim como ocorre com grande parte das indústrias de base, é
sua imobilidade - sua dinâmica extrativista e cadeia produtiva necessita estar próxima às áreas produtoras.
9
O empreendimento prevê a geração de mais de 200 mil empregos diretos, indiretos e por “efeito-renda”, durante os cinco anos
da obra e após a entrada em operação; todos em escala nacional. Será formado por unidades de refino (inicialmente para 165
mil barris/dia de óleo pesado nacional, prevendo-se a implantação de planta semelhante três a quatro anos após a entrada em
operação) e unidades geradoras de produtos petroquímicos de 1ª geração (propeno, butadieno, benzeno, entre outros), e com
uma capacidade de eteno da ordem de 1,3 milhão de toneladas/ano. Haverá também um conjunto de unidades de 2ª geração
petroquímica com produção de estireno, etileno-glicol, polietilenos e polipropileno, entre outros. Além disso, haverá uma Central
de Produção de Utilidades (CDPU), responsável pelo fornecimento de água, vapor e energia elétrica necessários para a
operação de todo o Complexo.
ARCADIS Logos 23
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ponte Rio - Niterói, que elevou o grau de centralidade da capital sobre a Grande Niterói e
sobre o interior do Estado.
Em 1980, Niterói respondia por 46% do PIB da AII, tendo como única participação
comparável neste âmbito, a do vizinho Município de São Gonçalo. Para este, no entanto,
assim como para a parcela maior dos municípios restantes da AII - especialmente aqueles
localizados nas franjas periurbanas da metrópole e que conviviam com um prolongado
esvaziamento econômico de suas atividades econômicas predominantemente primárias, os
anos das décadas de 1980 e 1990 foram marcados pelo transbordamento populacional da
metrópole e intenso processo de urbanização. Enquanto Niterói absorveu principalmente
segmentos de média e alta renda, São Gonçalo e os demais municípios mais próximos
absorveram grandes contingentes de famílias que migravam pressionadas pela valorização
imobiliária. Desse modo se especializaram, situação que em grande parte já se fazia presente
em São Gonçalo, como cidades dormitório. Vale observar que em 1980 os deslocamentos
casa-trabalho fora de seu município de residência na metrópole fluminense atingia 52% da
população ocupada.
Afora Niterói e São Gonçalo, os demais municípios da AII apresentavam baixa densidade
econômica e, como visto, predomínio de atividades primárias pouco dinâmicas,
comparecendo com pequenas participações no PIB regional, como pode ser observado na
Tabela 9.1.3-1 a seguir. No conjunto do período 1980 - 2000, foram muito pouco significativas
as alterações nessa distribuição, malgrado o crescimento real do PIB nesses 20 anos - 2,7%
aa - tenha sido importante, especialmente considerando o contexto da economia fluminense
nesse período.
ARCADIS Logos 24
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Tabela 9.1.3-1 - Evolução do PIB dos municípios da AII e da AID, 1980 - 2000, em valores
constantes (R$ mil) do ano 2000.
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relativo ao PIB, PIB per Capita e os valores agregados nos três setores de atividade no ano
de 2009.
Quadro 9.2-3 - Ranking das principais economias do estado do Rio de Janeiro - 2009.
Fonte: IBGE e Anuário Estatístico do Rio de Janeiro (2011). Elaboração: ARCADIS logos.
As posições relativas dos municípios na última década são evidenciadas pela Tabela 9.1.3-2
a seguir, que traz a participação de cada um dos PIBs dos municípios da AID e AII no total do
Estado do Rio de Janeiro. Percebe-se que tanto Maricá quanto Saquarema aumentaram suas
participações relativas no PIB estadual, tendo crescido nesse último período a taxas de
respectivamente 6,8% aa e 5,0% aa em termos reais, enquanto o conjunto da região
apresentou crescimento (1,7%), inferior ao das duas décadas anteriores. Nesse contexto os
municípios da AID atingiram patamares expressivos em seus produtos - o PIB de Maricá
supera a marca de um bilhão de reais, enquanto Saquarema atinge quase um bilhão. Esses
aumentos relativos tornam-se ainda mais expressivos quando comparados aos movimentos
relativos dos demais municípios considerados, que mantiveram na última década suas
atividades estáveis em relação ao restante do Estado. São Gonçalo teve crescimento
negativo em termos reais e Niterói cresceu à taxa anual média de 2,1%.
Cabe ressaltar que a manutenção da participação relativa não se repetiu em todas as regiões
fluminenses, haja vista a descentralização paulatina do PIB estadual impulsionado
principalmente pelo crescimento das regiões Norte Fluminense e Costa Verde, que
comportam infraestruturas para, respectivamente, a indústria petrolífera e
portuária/exportadora.
ARCADIS Logos 26
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Tabela 9.1.3-2 - Produto Interno Bruto (PIB) em mil reais e PIB per capita dos municípios da AID,
da AII e do estado do Rio de Janeiro - 2000 e 2010, a preços de mercado.
2000 2010
Áreas de
Influência /
PIB Participação PIB per PIB Participação PIB per
Municípios e
UF capita capita
(R$ mil) RJ (%) (R$) (R$ mil) RJ (%) (R$)
Corrigindo-se a variação do produto interno pela inflação (IPCA/IBGE), tem-se pelo Gráfico
9.2-1 a seguir, a representação dos movimentos ocorridos ao longo da última década. A base
100 no ano de 2000 permite visualizar com rapidez o brusco desenvolvimento que o
município de Saquarema obteve ao longo dos últimos cinco anos, motivado em grande parte
pelo crescimento do setor de prestação de serviços. Cabe mencionar a estratégia do
município em reduzir a alíquota de seu imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN)
ARCADIS Logos 27
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para atração de um maior número de empresas, estratégia que tem seu respaldo nas Leis
Complementares nº 16/2004 e 20/2007 do dito município10.
Maricá, embora não de forma tão expressiva, também cresceu ao longo da década pari passu
ao Estado do Rio de Janeiro, superando o crescimento estadual nos últimos três anos.
Resultado da década aponta para o crescimento de 60% para o PIB de Maricá e de 40% para
o PIB Estadual. Os movimentos econômicos do Estado ocorreram em linha com o
desenvolvimento econômico do Brasil, que de 2000 para 2009 aumentou sua economia em
50% em termos reais.
Gráfico 9.2-1 - Variação cumulativa do PIB de Maricá, Saquarema, Rio de Janeiro e Brasil - 2000
a 2009, em preços constantes (2000=100).
Fonte: IBGE e Anuário Estatístico do Rio de Janeiro (2011). Elaboração: ARCADIS logos
Acompanhando a evolução do PIB, o PIB per capita dos municípios também sofreu
alterações significativas ao longo da última década. Saquarema, que cresceu seu produto em
pouco mais de 80% de 2000 a 2009, deteve um aumento do PIB per capita da ordem de
40%. Enquanto o PIB de Maricá cresceu em quase 60% no período analisado, a distribuição
10
Os setores prestadores de serviço com incentivos fiscais são: informática e congêneres; pesquisas e desenvolvimento de
qualquer natureza; saúde, assistência médica e congêneres; medicina e assistência veterinária e congêneres; cuidados
pessoais, estética, atividades físicas e congêneres; relativos a engenharia, arquitetura, geologia, urbanismo, construção civil,
manutenção, limpeza, meio ambiente, saneamento e congêneres; educação, ensino, orientação pedagógica e educacional,
instrução, treinamento e avaliação pessoal de qualquer grau ou natureza; relativos a hospedagem, turismo, viagens e
congêneres; intermediação e congêneres; guarda, estacionamento, armazenamento, vigilância e congêneres; relativos à
fonografia, fotografia, cinematografia e reprografia; relativos a bens de terceiros; apoio técnico, administrativo, jurídico, contábil,
comercial e congêneres; regularização de sinistros vinculados a contratos de seguros; inspeção e avaliação de riscos para
cobertura de contratos e seguros; prevenção e gerência de riscos seguráveis e congêneres; portuários, aeroportuários,
ferroportuários, de terminais rodoviários; ferroviários e metroviários; programação e comunicação visual, desenho industrial e
congêneres; chaveiros, confecção de carimbos, placas, sinalização visual, banners, adesivos e congêneres; assistência social;
avaliação de bens de qualquer natureza; biblioteconomia; biologia, biotecnologia e química; técnicos em edificações, eletrônica,
eletrotécnica, mecânica, telecomunicações e congêneres; desenhos técnicos; desembaraço aduaneiro, comissários,
despachantes e congêneres; investigações particulares, detetives e congêneres; reportagem, assessoria de imprensa,
jornalismo e relações públicas; artistas, atletas, modelos e manequins; museologia; e relativos a obras de arte sob encomenda.
ARCADIS Logos 28
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A comparação entre os gráficos de PIB e PIB per capita permite visualizar o crescimento de
forma distinta da renda per capita, que aumentou de forma expressiva porém menos
contundente. O Estado do Rio de Janeiro cresceu em volume 40% e em termos per capita
27%; enquanto que os respectivos dados para o País foram de 50% e 35% ao longo da
última década. Percebe-se, por conta do comparativo estadual e nacional, que a situação
ocorrida em Saquarema não é descolada do desenvolvimento econômico maior, enquanto
que Maricá preocupa por não ter aumento real de PIB per capita ao longo de toda a última
década.
Gráfico 9.2-2 - Variação cumulativa do PIB per capita de Maricá, Saquarema, Rio de Janeiro e
Brasil - 2000 a 2009, em preços constantes (2000=100).
Fonte: IBGE e Anuário Estatístico do Rio de Janeiro (2011). Elaboração: ARCADIS logos.
O Gráfico 9.2-3 a seguir, ilustra como os dois municípios da AID alteraram a composição
relativa de suas atividades econômicas ao longo da década. Maricá viu uma redução relativa
de suas atividades agropecuárias, que já representavam em 2000 apenas 1,4% de seu PIB.
Vale ressaltar que em 1980 essa participação já era reduzida, pouco inferior a 10%,
verificando-se um progressivo desgaste dos remanescentes dessa atividade. Houve um
aumento significativo da indústria em 2010, passando de 12,8% para 31,7%, reduzindo o
percentual dos serviços para 67,8%. Saquarema deteve comportamentos similares tanto em
relação à queda de expressividade da agricultura ( 12,4% em 1980, 1,9% em 2000 e 1% em
2010), quanto ao aumento das atividades industriais, espelho do que ocorreu no Estado do
Rio de Janeiro.
ARCADIS Logos 29
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Fonte: IBGE e Anuário Estatístico do Rio de Janeiro (2012). Elaboração: ARCADIS logos.
De 2000 para 2010 os municípios detiveram crescimentos distintos nos três setores
econômicos. No período, a maioria dos municípios da AII apresentou queda na participação
relativa do setor agropecuário e crescimento no setor de serviços. São Gonçalo, Silva Jardim
e Iguaba Grande detinham em 2000, respectivamente, um setor agropecuário responsável
por 0,4%, 8,5% e 0,9% dos seus PIBs. Esses porcentuais caíram em 2010 para,
respectivamente, 0,3%, 4,3% e 0,6%. Os dados mencionados estão dispostos na Tabela
9.1.3-3 e na Tabela 9.1.3-4 a seguir, sendo o primeiro para o ano de 2000 e o segundo para
2010, ambos em valores correntes (sem correção de movimento de preços).
Tabela 9.1.3-3 - Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária, indústria e serviços dos
municípios da AID e da AII - 2000 (preços correntes).
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São Pedro da
6.984,08 2,2% 30.870,25 9,9% 274.266,64 87,9%
Aldeia
89.380.787,4
Estado do Rio de Janeiro 781.590,28 0,7% 28.549.245,87 24,0% 75,3%
0
Fonte: IBGE e Anuário Estatístico do Rio de Janeiro (2012). Elaboração: ARCADIS logos.
Tabela 9.1.3-4 - Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária, indústria e serviços dos
municípios da AID e da AII - 2010 (preços correntes).
ARCADIS Logos 31
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extraordinário, pois o peso desse setor era de apenas 11,9% e 7,9% para Maricá e
Saquarema.
Tabela 9.1.3-5 - Valor Adicionado Bruto (VAB) da administração pública nos municípios da AID e
da AII - 2000 e 20010 (preços correntes)
O conjunto de Gráfico 9.2-4 a seguir traz as variações cumulativas do valor agregado bruto
dos três setores para cada um dos municípios da AID e, para parâmetro de comparação, do
Estado do Rio de Janeiro e do Brasil. Importa destacar que a variação é calculada sob bases
constantes, isso é, medidas em termos reais por já terem sido descontadas dos movimentos
gerais de preços. A perda de importância relativa do setor agropecuário torna-se nítida, bem
como o avanço do setor de serviços. Em uma década, a agricultura de Maricá decresceu
60%, enquanto que em Saquarema a queda foi de 20%. O estado fluminense também
revelou queda similar, de 20% no período.
ARCADIS Logos 32
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Fonte: IBGE e Anuário Estatístico do Rio de Janeiro (2011). Elaboração: ARCADIS logos.
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Quadro 9.2-4 - Dados do Cadastro Central de Empresas - Maricá - 2000, 2005 e 2009.
MARICÁ SAQUAREMA
Setor
2000 2005 2009 2000 2005 2009
Agências bancárias 5 5 6 4 5 5
Construção Civil 20 16 33 15 13 58
Extrativa Mineral 7 5 10 4 5 5
Ind. De transformação 52 60 86 46 49 91
Serviços Ind. De 1 0 0 1 1 0
utilidade pública (SIUP)
Fonte: IBGE - Cadastro Central de Empresas 2009. Elaborado por: ARCADIS logos, 2011.
Maricá detém uma razão de 155 empresas ativas para cada 10 mil habitantes. Com um total
de 1.374 empresas ativas, Saquarema tem índice de 758. Não há predomínio das empresas
de comércio e serviços no município, com participação de 22%, em Saquarema.
ARCADIS Logos 34
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São
Maricá Niterói Itaboraí Tanguá Guapimirim
Gonçalo
Fonte: IBGE - Cadastro Central de Empresas 2009. Elaborado por: ARCADIS logos, 2011.
Por último, no que se refere às atividades primárias, o Censo Agropecuário de 2006 do IBGE,
indica que existiam à época 162 estabelecimentos rurais no município de Maricá e que
ocupavam uma área de 7,6 mil hectares. Já em Saquarema esses estabelecimentos eram em
número de 327, distribuídos numa área de 9,4 mil hectares. As áreas médias eram de 46,7
hectares em Maricá e 28,7 hectares em Saquarema, com bastante similaridade em relação à
média do Estado, de 35 ha.
As principais culturas permanentes presentes nos dois municípios AID somam uma área
plantada de menos 2 mil ha, com destaque para coco-da-baía, banana e limão. Em
Saquarema, a lavoura de coco-da-baía possui importância no contexto da modesta produção
estadual (com participação de 38,64%, de acordo com o IBGE 2011). Dentre as culturas
temporárias, destacam-se a mandioca e a cana-de-açúcar, muito embora nenhuma em
quantidades e valores significativos. Pela área plantada, percebe-se que há predomínio de
culturas permanentes, características de agricultura não mecanizada e familiar.
ARCADIS Logos 35
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Tabela 9.1.3-6 - Valor e participação das receitas municipais de Maricá e Saquarema - 2011
Maricá Saquarema
Rubrica
(% receita (% receita
(R$) (R$)
total) total)
ARCADIS Logos 36
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A Tabela 9.1.3-7 a seguir traz o ranking de receitas totais no Estado do Rio de Janeiro, onde
evidencia-se a participação dos municípios como sendo modesta tanto em termos absolutos
como per capita. Maricá recebeu em 2011 cerca de R$ 1,8 mil por habitante, enquanto que
Saquarema recebeu R$ 1,9 mil. A operação de um terminal portuário como o TPN deverá
provocar um aumento de receitas em Maricá bastante interessante do ponto de vista de sua
composição, haja visto que implicará em receita independente de fontes de transferência e
exploração de recursos naturais.
Tabela 9.1.3-7 - Valor e participação das receitas municipais de Maricá e Saquarema - 2011.
1
Ranking Município Receita Total (R$) Receita per Capita
(R$)
Fonte: Finanças dos Municípios Fluminenses (2012). Elaboração: ARCADIS logos. 2013.
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Gráfico 9.2-5 - Evolução Recente das Receitas Totais de Maricá, Saquarema e Estado do Rio de
Janeiro, variação real corrigida pelo IPCA (2005=100).
Tabela 9.1.3-8 - Valor e participação das despesas municipais de Maricá e Saquarema - 2011.
Maricá Saquarema
Rubrica
(R$ mil) (% despesa total) (R$ mil) (% despesa total)
Nota-se que Maricá possui 42% e Saquarema 48% das despesas concentradas em despesas
com pessoal, que são em sua maioria rígidas. Esta função de despesa inclui aposentadorias,
pensões, salários-família, obrigações patronais e contribuições para entidades fechadas de
previdência. Os municípios passaram a comprometer uma fatia menor da receita corrente
com pessoal em função do menor crescimento dos gastos com o funcionalismo se
comparado com a expansão de outros itens importantes da despesa, como os demais
custeios e os investimentos, e com o aumento da própria receita corrente.
Na média do Estado do Rio de Janeiro, a maioria do pessoal contratado está sob o regime
estatutário (60%) enquanto 15% são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Os servidores comissionados equivalem a 9,5% do total, os estagiários a 1,6%. Os demais
ARCADIS Logos 38
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13,5% restantes são servidores “sem vínculo permanente”, categoria que abrange os
funcionários cedidos por outros órgãos públicos federais ou estaduais, os prestadores de
serviços que atuam como profissionais liberais.
Maricá detém um perfil mais próximo ao do Estado do Rio de Janeiro, com 36% servindo
como custeio em 2011 frente aos 39% do agregado maior. Já Saquarema dispende 30% com
a despesa corrente da administração pública municipal (exceto pessoal e juros da dívida). A
despesa com pessoal também faz parte do custeio, fazendo com que municípios com peso
maior da administração pública detenham maiores custos com a função - como é o caso de
Maricá11.
O Gráfico 9.2-7 a seguir, mostra a evolução das despesas em Saquarema, onde se percebe
uma efetiva redução na função das despesas pessoais e um brusco aumento com
investimentos. Foram R$ 62,8 milhões investidos, montante bastante superior ao padrão
histórico e alavancado pelo ingresso de transferências voluntárias de capital advinda do
11
Os dois maiores itens das despesas de custeio englobam a aquisição de material de consumo e os serviços de terceiros. O
primeiro contempla todos os produtos de uso não duradouro, tais como medicamentos, materiais hospitalares, combustível,
peças, material utilizado nas escolas etc. Já os serviços de terceiros são as despesas com iluminação, limpeza pública, coleta de
lixo, telefonia, sinalização da cidade, manutenção de parques e jardins e dos prédios públicos, entre outros.
ARCADIS Logos 39
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governo estadual, conforme consta em seu Balanço Anual. Essas transferências, de R$ 30,5
milhões, permitiram o investimento extraordinário em 2010; não obstante, o município sempre
deteve percentuais maiores de suas despesas voltadas para investimentos. Em 2011, houve
novamente um aumento do percentual das despesas com pessoal, levando a uma redução
dos investimentos. Muito embora Saquarema detenha uma população 40% menor do que
Maricá, consegue investir um percentual bastante superior.
Como forma e ilustrar a diferença na gestão dos recursos de ambos municípios da AID,
ilustram-se na sequencia, conforme gráfico a seguir, as principais categorias de despesas,
inclusive aquelas relativas ao Estado do Rio de Janeiro. Faz-se notar que nenhum dos
municípios detém obrigações expressivas quanto ao pagamento de juros e amortizações.
ARCADIS Logos 40
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Gráfico 9.2-8 - Composição das Principais Despesas de Maricá, Saquarema e do Estado do Rio
de Janeiro - 2011.
Como forma de ilustrar a aplicação dos recursos em serviços básicos para a qualidade de
vida das populações, apresentam-se na sequencia o Gráfico 9.2-9, relativo aos gastos com
educação e saúde, corrigidos pelo IPCA e em milhões de reais.
Como forma de relativizar tais dados com a média dos demais municípios do Estado do Rio
de Janeiro, tem-se que os gastos com educação no município de Maricá foram de R$ 4.033
por aluno, número pouco superior à Saquarema, que dispendeu R$ 3.905 por aluno. No
mesmo ano, 2011, a média de dispêndio por aluno no Estado foi de R$ 4.399. Isso é, ambos
municípios da AID invertem recursos inferiores à média em educação. Situação bastante
distante ocorre com os gastos em saúde. O dispêndio médio dos 92 Estados Fluminenses é
de R$ 495 por habitante, enquanto que Saquarema dispende 6% a menos que a média (R$
465) e Maricá 31% (R$ 4.338).
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Dentre as funções de governo, a educação é a que consome a maior parte dos recursos da
administração municipal, respondendo, na média de 2011, a 20% da despesa total no Estado
do Rio de janeiro. Nesta relação, Maricá despende 24% com o setor, enquanto que
Saquarema 30%. Uma das principais razões dessa grande fatia da educação nos orçamentos
municipais é a obrigatoriedade constitucional de aplicação mínima de 25% da receita de
impostos e das transferências oriundas de impostos na área. Dentre os 92 municípios
fluminenses, 32 aplicaram acima de 30% dos recursos vinculados em educação.
F) Infraestrutura
Rodovias
12
As receitas que compõe a base para inferir o percentual mínimo de 15% são: Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU),
Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), Imposto sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISS), Imposto de Renda
Retido na Fonte (IRRF), transferências constitucionais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA),
Imposto Territorial Rural (ITR) e Imposto Sobre Produtos Industrializados – Exportação (IPI exportação).
ARCADIS Logos 42
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ARCADIS Logos 43
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Ponte Rio-Niterói
A interligação entre os dois lados da baia para os caminhões / horários sujeitos às restrições
acima deve ser realizada pela BR 493 (Itaboraí-Magé), BR 116 / BR 493 (Magé-Duque de
Caxias) e BR 116 / BR 040 (Duque de Caxias-Rio de Janeiro);
Principais interligações com outras rodovias: BR 116 / BR 040 no Rio de Janeiro, a oeste
da baia, e, BR 101 e RJ 104 em Niterói, a leste da baia.
ARCADIS Logos 44
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Segundo a Pesquisa Rodoviária 2011 realizada pela CNT, a rodovia foi avaliada como
estando em estado bom em geral e quanto a pavimento e geometria e em estado ótimo
quanto a sinalização.
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140
120
100
altitude - m
80
60
40
20
0
0 2 4 6 8 10 12
extensão - km
Segundo a Pesquisa Rodoviária 2011 realizada pela CNT, a rodovia foi avaliada como
estando em estado bom em geral e quanto a pavimento, sinalização e geometria.
Foto 9.2-1 - Vista no sentido oeste da RJ 104 entre Ponte Rio-Niterói e RJ 106
ARCADIS Logos 46
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120
100
80
altitude - m
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
extensão - km
Segundo a Pesquisa Rodoviária 2011 realizada pela CNT, a rodovia foi avaliada como
estando em estado regular em geral e quanto a pavimento, sinalização e geometria.
ARCADIS Logos 47
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Foto 9.2-2 - Vista no sentido oeste da RJ 106 Foto 9.2-3 - Vista no sentido oeste da RJ 106
entre RJ 104 e acesso a Maricá. Notar pista entre acesso a Maricá e a RJ 118. Notar pista
dupla. simples.
Ferrovias
Niterói-Cabo Frio, linha desativada (atualmente sem trilhos), porém com faixa de domínio
disponível, em condições de reativação, integrante da antiga Estrada de Ferro Imperatriz
Leopoldina, passando por Maricá, com extensão aproximada de 130 km.
A Figura 9.1.3-2 a seguir mostra a localização das duas linhas ferroviárias citadas.
ARCADIS Logos 48
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ARCADIS Logos 49
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Portos
A AII é servida pelo porto de Niterói, que apresenta as seguintes características principais:
Dutovias
ARCADIS Logos 50
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Fonte: Transpetro.
AID
A seguir são analisados aspectos relacionados aos sistemas de logística e transporte que
servem a AID, compreendendo rodovias e ferrovias. Cite-se, adicionalmente, o futuro duto
situado entre o local do empreendimento e o COMPERJ, referido anteriormente em relação à
AII.
Rodovias
RJ 106, interligando a RJ 104 em São Gonçalo com São Pedro da Aldeia na região dos
lagos, passando por Maricá, descrita anteriormente em relação à AII;
RJ 118, interligando a RJ 106 com o núcleo urbano de Sampaio Correia, passando junto
aos núcleos urbanos de Ponta Negra e Jaconé, bem como ao local do empreendimento.
RJ 114, interligando Itaboraí a Maricá, recentemente restaurada.
ARCADIS Logos 51
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RJ 118
ARCADIS Logos 52
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35
30
25
altitude - m
20
15
10
0
0 2 4 6 8 10
extensão - km
Foto 9.2-4 - pista da interseção da RJ 118 com Foto 9.2-5 - Vista no sentido oeste do trecho
a RJ 106 (em segundo plano). da RJ 118 entre o local do empreendimento e a
Ponta Negra.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
ARCADIS Logos 53
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Hierarquização Viária
Para efeito deste estudo, considerou-se a classificação das vias conforme estipula o Código
de Trânsito Brasileiro - CTB, que determina:
Vias de trânsito rápido - (limite de 80 kmh): é “aquela caracterizada por acessos especiais
com trânsito livre, sem interseções em nível, sem acessibilidade direta aos lotes lindeiros e
sem travessia de PEDESTRES em nível”.
Vias coletoras - (limite de 40 kmh): é “aquela destinada a coletar e distribuir o trânsito que
tenha necessidade de entrar ou sair das vias de trânsito rápido ou arteriais, possibilitando o
trânsito dentro das regiões da cidade”.
Vias locais (limite de 30 kmh): é “aquela caracterizada por interseções em nível não
semaforizadas, destinada apenas ao acesso local ou a áreas restritas”.
A rede viária instalada no município de Maricá pode ser hierarquizada conforme informações
disponíveis na Lei nº 2272, de 14 de novembro de 2008, que estabelece o Código de Obras
Municipal. Nela, são indicadas como vias coletoras e arteriais, aquelas inseridas na Zona de
Comércio de Bairro - ZC2, que tem por objetivo estabelecer ao menos um centro de bairro em
cada bairro, onde as atividades comerciais e de serviços de primeira necessidade serão
permitidos através de índices e parâmetros urbanísticos adequados (Art.10 da Lei 2272/08).
Com relação às ciclovias, a Prefeitura não dispõe de levantamento das ciclovias existentes,
embora o Plano Diretor (Lei Complementar nº 145, de 10 de outubro de 2006) indique a
necessidade de se implantar rede de ciclovias e ciclofaixas em cada Unidade de
Planejamento.
Para a classificação das vias, considerou-se os parâmetros indicados pelo Código de Trânsito
Brasileiro - CTB, resultando assim no mapa de hierarquização viária, conforme Figura 9.1.3-5
a seguir.
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Transporte Público
O município também conta com transporte pela empresa Viação Nossa Senhora do Amparo,
cujo itinerário abrange tanto linhas municipais quanto intermunicipais, interligando Maricá aos
municípios do Rio de Janeiro e Niterói. Sua frota é composta por 43 ônibus.
Como meio de transporte complementar, a população conta com 54 vans e 145 moto-táxis,
ambos em processo de recadastramento.
A Prefeitura pretende ainda incluir o Plano de Mobilidade no novo Plano Diretor, realizar
pesquisa de origem/destino, integrar os principais modais e implantar o sistema de integração
entre as linhas por meio do “maricard”.
De acordo com a Secretaria, alguns bairros do 3º distrito (Sampaio Correia) ainda não são
atendidos por transporte público. A previsão é de que, com a implantação do Porto em Ponta
Negra haverá demanda por transporte na região.
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Quanto à satisfação do usuário, o município não dispõe de pesquisa oficial para mensurar o
grau de satisfação em relação ao transporte público oferecido. De qualquer forma, a
Secretaria informou que as principais reclamações recebidas são referentes à falta de
horários disponibilizados pela empresa e a superlotação dos ônibus.
Ferrovias
A AII é servida diretamente pela linha Niterói-Campos dos Goytacazes, parte da malha da
concessionária FCA-Ferrovia Centro-Atlântica (Vale), passando por Rio Bonito, Silva Jardim e
Macaé, conforme descrita anteriormente em relação à AII.
Dutovias
Está situada na AID parte da faixa de domínio de futuro duto da Transpetro, interligando o
local do empreendimento com o COMPERJ-Complexo Petroquímido do Rio de Janeiro, em
fase de implantação no município de Itaboraí, conforme citado anteriormente em relação à
AII.
ADA
A ADA é seccionada pela via de interligação entre a RJ 110 e a RJ 102. Para implantação do
empreendimento o empreendedor deverá obter autorização do DER para desvio desta
interligação para o extremo leste do terreno da DTA.
Na AII o percentual de domicílios atendidos com energia elétrica é superior a 99,6%, com
exceção de Silva Jardim cujo percentual é de 98,73%, conforme a Tabela 9.1.3-9. Uma
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pequena parcela dos consumidores possui outras fontes de energia como gás, diesel, placas
fotovoltaicas, entre outros.
Tabela 9.1.3-9 - Domicílios particulares permanentes atendidos com energia elétrica na AII, 2010
Municípios Fornecimento
Fornecimento por Sem % de
por outras
Cia. Distribuidora fornecimento atendimento
fontes
Tabela 9.1.3-10 - Domicílios particulares permanentes atendidos com energia elétrica na AID.
Municípios
Fornecimento por Fornecimento por Sem % de
Cia. Distribuidora outras fontes fornecimento atendimento
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O perfil do uso da energia elétrica na AID difere significativamente da média do estado do Rio
de Janeiro, onde o setor residencial, apesar de ser o que mais consome, tem uma
representatividade menor (apenas 35,4%), enquanto o setor industrial responde por 25,6% e
o comercial por outros 24,8% (ver Gráfico 9.2-13 a seguir).
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Os municípios que compõem a AII são atendidos pela Companhia Estadual de Águas e
Esgoto - CEDAE e por três outras empresas de menor porte. A área de influência dessas
últimas engloba Araruama e Silva Jardim (empresa concessionária Águas de Juturnaíba), e
Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia (empresa concessionária Prolagos), respondendo
pelos serviços e obras de implantação, ampliação, manutenção e operação dos sistemas de
abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto das áreas urbanas. Seus contratos
de concessão tiveram início em 1998, com duração de 25 anos. Em Niterói, a empresa Águas
de Niterói é responsável pela distribuição de água, utilizando mananciais subterrâneos como
forma de abastecimento complementar. Os demais municípios são atendidos pela CEDAE,
que opera e mantém a captação, tratamento, adução e distribuição das redes de água e
coleta, transporte, tratamento e destino final dos efluentes. Em Itaboraí, Rio Bonito e Tanguá,
essas empresas são responsáveis apenas pelos serviços de abastecimento de água, sendo
os serviços de coleta e tratamento de esgoto de responsabilidade das municipalidades.
Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, recebem a água retirada do Canal de Imunana, proveniente
do rio Macacu, que é tratada na ETA Laranjal em São Gonçalo. Araruama, Silva Jardim, São
Pedro da Aldeia e Iguaba Grande tem por manancial o rio São João/represa Juturnaíba,
sendo que os municípios restantes, Tangua e Rio Bonito, são abastecidos respectivamente
pelos rios Caceribú e Bacaxá.
Previsão de demanda realizada pela Agência Nacional de Águas - ANA, com horizonte em
2015, indica para Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, e Tanguá o risco de escassez do recurso se
os sistemas não forem ampliados. Para os demais municípios o prognóstico é satisfatório. Em
relação a Niterói a avaliação da ANA é reiterada pela Agenda 21 Comperj13, com base na
perspectiva de intensificação do crescimento da cidade em decorrência da implantação e
operação do novo complexo petroquímico, devendo-se ressaltar que esse empreendimento
será abastecido pela Estação Alegria, localizada no município do Rio de Janeiro.
Quadro 9.2-6 - Sistema de Abastecimento de Água e demanda para 2015 nos municípios da AII.
Prestador de Sub-bacia
Municípios Manancial Situação (até 2015)
Serviços Hidrográfica
Requer ampliação
Niterói CAN Baía de Guanabara Canal Imunana do sistema
São Requer ampliação
Gonçalo CEDAE Baía de Guanabara Canal Imunana do sistema
13
Disponível na página http://agenda21comperj.com.br/diagnosticos.
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Prestador de Sub-bacia
Municípios Manancial Situação (até 2015)
Serviços Hidrográfica
Requer ampliação
Itaboraí CEDAE Baía de Guanabara Canal Imunana do sistema
Requer ampliação
Tanguá CEDAE Baía de Guanabara Rio Caceribú do sistema
Rio Bacaxá, Serra do
Rio Bonito CEDAE Baía de Guanabara Sambé Satisfatória
Águas de Rio São João -
Araruama Juturnaíba Lagos São João Represa Juturnaíba Satisfatória
Águas de Rio São João -
Silva Jardim Juturnaíba Lagos São João Represa Juturnaíba Satisfatória
São Pedro Rio São João -
da Aldeia Prolagos Lagos São João Represa Juturnaíba Satisfatória
Iguaba Rio São João -
Grande Prolagos Lagos São João Represa Juturnaíba Satisfatória
Fonte: Agência Nacional das Águas - ANA, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Tabela 9.1.3-11 - Volume de água trata e distribuída por dia em 2008 e atendimento dos
domicílios pela rede geral de abastecimento de água em 2010.
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Cabe ressaltar que a avaliação dos serviços de coleta e tratamento de esgoto sanitário das
cidades brasileiras aponta para a tendência de defasagem da infraestrutura de atendimento
frente ao crescimento urbano, tendo sido priorizada a ampliação das redes de distribuição de
água. A ANA indica ainda que 80% da água de abastecimento que entra nos domicílios
voltam ao sistema na forma de esgoto doméstico. Entre os municípios da AII, Niterói é o que
apresenta os melhores índices de coleta e tratamento de esgoto doméstico. Seu sistema de
tratamento é composto por sete ETEs e trata 100% dos 78% de esgoto coletado, índice de
atendimento que também é superior ao apresentado pelo conjunto do estado do Rio de
Janeiro.
Os dados do Censo Demográfico de 2010 para São Gonçalo indicam que 68% dos esgotos
domésticos estão ligados à rede geral de esgoto ou pluvial. Porém, quando se considera
apenas a rede coletora de esgoto, este percentual caí para 1,6%, levando a que a Agenda 21
do Comperj caracterize este município como de extrema precariedade, colocando-se entre os
piores do país neste segmento. O mesmo ocorre a Itaboraí, onde 40,45% dos esgotos
domésticos eram encaminhados para rede geral de esgoto ou pluvial, mas apenas 0,05%
tinham algum tipo de tratamento antes de ser encaminhado aos corpos hídricos.
Desse modo, também nesse caso, fica configurada uma situação de extrema precariedade,
que é apenas parcialmente atenuada pelo uso de fossas sépticas, aspecto que também se
verifica para Araruama, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia e, em menor proporção, para
Silva Jardim e Rio Bonito. Tanguá, cujo serviço de esgoto é administrado pela Secretaria
Municipal de Meio Ambiente, apresentava um dos melhores índices reais de esgotamento
sanitário na AII, pois apesar de possuir apenas 55,8% de seus domicílios ligados à rede geral
de esgoto ou pluvial, aproximadamente 40% do esgoto produzido recebia algum tipo de
tratamento. Não foram encontradas informações a respeito da taxa de esgoto tratado no
restante dos municípios.
Desse modo, se por um lado a quase totalidade dos domicílios da AII possui banheiro ou
sanitário (conforme a Tabela 9.1.3-12 a seguir), o esgotamento dos resíduos se apresenta
como muito problemático, não apenas pelos baixos percentuais de captação em redes e
tratamento, mas também devido à ampla utilização de modalidades precárias. Considerando-
se a situação média do Estado do Rio de Janeiro, onde a captação em rede (de esgoto ou
pluvial) e o uso de fossa séptica se elevam a 86,19% do total de domicílios, na AII apenas
Niterói apresenta desempenho superior (92,19%), observando-se que à exceção de Iguaba
Grande, nos demais municípios a proporção de modalidades precárias de esgotamento é
superior à média, destacando-se Itaboraí, Tangua, Araruama e Silva Jardim, com percentuais
de domicílios superiores a 30%.
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Quanto à coleta do lixo domiciliar pelos serviços de limpeza urbana, entre os municípios da
AII apenas Niterói e Iguaba Grande apresentam taxa de atendimento inferior à média do
Estado do Rio de Janeiro que era de 86,2% em 2010. São Pedro da Aldeia e Tanguá exibem
os melhores desempenhos (94,6% e 90,56% respectivamente), observando-se que de modo
geral a ausência desse serviço ocorre nas áreas rurais onde predominam a queima ou o
despejo em terrenos baldios. Como pode ser observado na Tabela 9.1.3-13 a seguir, a
situação aparentemente mais crítica era a de São Gonçalo, extremamente populoso e
urbanizado, onde para 2,16% dos domicílios o lixo doméstico era lançado em locais não
apropriados.
Tabela 9.1.3-13 - Domicílios particulares permanentes atendidos por serviço de coleta de lixo.
Coletado
Jogado em
Municípios Diretamente Em caçamba Queimado Terreno Outros
por serviço de de serviço de Baldio
limpeza limpeza
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Coletado
Jogado em
Municípios Diretamente Em caçamba Queimado Terreno Outros
por serviço de de serviço de Baldio
limpeza limpeza
Deste modo se pode observar que o principal problema referente ao lixo nas cidades não
consiste nos sistemas de coleta, mas no destino final, que geralmente é feito de forma
inadequada em lixões ou terrenos baldios. Neste contexto, a Lei Federal nº 12.305 de 2010
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, determina que os municípios formulem
seus Planos de Saneamento Básico até 2012, devendo iniciar sua execução até 2014.
O município de Niterói possui o Aterro Controlado do Morro do Céu desde 1983, e recebeu
em 2008 um total de 210.646 toneladas. Essa unidade de processamento conta com uma
Unidade de Tratamento para Incineração, Célula para RSS (resíduos de serviços de saúde) e
Usina de Triagem e Desidratação do Lixo em área cercada, com sistemas de drenagem de
água, gases e chorume, sendo que este último recebe tratamento fora da unidade. Este
aterro não possui impermeabilização do solo nem aproveitamento dos gases como recurso
energético.
Em Rio Bonito, desde 1996, funciona um Aterro Sanitário Municipal operado pela Prefeitura,
que em 2008 recebeu um total de 13.830 toneladas de resíduo sólido. Essa unidade opera
em área aberta, sem qualquer tipo de drenagem de água, gases ou chorume, sem sistema de
impermeabilização do solo, tratamento de subprodutos ou sua utilização como recurso
energético. Em São Gonçalo funciona a maior unidade de processamento de resíduos sólidos
da AII. O Aterro de Itaoca (Central de Tratamento de Resíduos Alcântara S/A, do grupo
Haztec), funciona desde 2004, e em 2008 recebeu 315.058 toneladas de resíduos sólidos.
Conta com duas unidades de triagem (Azul e Amarela), uma Central de Poda e Galhadas,
uma Central de Entulho e um Incinerador. Essa unidade de processamento funciona em área
cercada, com base impermeabilizada, drenagem de gases e chorume sendo este último
tratado na própria unidade (ver Quadro 9.2-7 a seguir). Os demais municípios não possuem
aterro sanitário, não constando informações sobre o destino do resíduo sólido gerado em
seus territórios no banco de dados do SINIS ou IBGE.
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Figura 9.1.3-7 - Arranjos regionais para disposição final de resíduos sólidos urbanos.
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Fonte: Agência Nacional das Águas - ANA, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Por sua vez o município de Saquarema é atendido (distribuição de água e coleta e tratamento
de esgotos) pela concessionária Água de Juturnaíba, que capta água bruta da represa de
Juturnaíba, passa por estação elevatória e ETA convencional, seguindo por mais de cento e
cinquenta quilômetros e uma série de reservatórios de apoio até chegar à rede de distribuição
de Saquarema, conforme a Figura 9.1.3-9. Segundo indicações da ANA, este sistema requer
ampliação, uma vez que também alimenta Araruama e Silva Jardim (ver também o Quadro
9.2-8).
Fonte: Agência Nacional das Águas - ANA, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
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Quadro 9.2-8 - Sistema de Abastecimento de Água e demanda para 2015 nos municípios da AII.
Prestador de Sub-bacia
Município Manancial Situação (até 2015)
Serviços Hidrográfica
A taxa de cobertura na área urbana de Maricá englobava cerca da quarta parte dos
domicílios nos anos de 2008 e 2009, aumentando para pouco mais da metade em 2010, de
acordo com os dados no sistema da Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisa e
Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro (CEPERJ). A população anteriormente
atendida em 2009 passou de 31.544 para 73.905 em 2010, observando-se ainda que embora
a extensão da rede permaneça em 85km, o número de ligações aumentou de 8.324 para
21.947, nos dois últimos anos estudados.
Municípios e Unidade da
2006 2007 2008 2009 2010
Federação
População Atendida
Número de Ligações
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Maricá - - 84 85 85
Saquarema 198,1 226,4 261,93 276,76 328,67
Estado do Rio de Janeiro 22.833,45 22.998,97 27.141,47 28.903,41 29.990,22
Fontes: CEPERJ, 2010 e SNIS, 2010. Elaboração: ARCADIS logos.
Em 2010, apenas 18,9% dos domicílios de Maricá eram ligados à rede de abastecimento de
água, sendo que 74,1% possuíam poços, conforme a Tabela 9.1.3-13 a seguir. Ainda assim,
de acordo com relato de moradores locais, é frequente a falta de água na rede de
distribuição, principalmente na alta temporada e feriados, períodos em que cresce a demanda
devido ao grande afluxo de veranistas. Por esse motivo, mesmo entre os domicílios ligados à
rede é comum o uso de poços. Estes, em geral, captam água do lençol freático que tem
pouca profundidade na região, e podem facilmente ser contaminados pelo esgoto não
canalizado ou depósitos irregulares de lixo.
Outra solução utilizada pelos moradores é a compra de água de caminhões pipa, que
frequentemente abastecem também os equipamentos públicos, principalmente escolas e
postos de saúde. Nos trabalhos de campo foi observada a frequente circulação desses
caminhões pipa pelo município, assim como localizados alguns pontos de abastecimento
desses caminhões, onde não foram notadas as precauções sanitárias indispensáveis. De
acordo com informantes locais, também não são conhecidos eventuais controles da
qualidade da água que é comercializada.
Em Saquarema 40,7% dos domicílios - em sua totalidade urbanos, estavam ligados à rede de
distribuição de água de Juturnaíba, sendo equivalentes a 53,2% os domicílios que utilizam
água de poço ou nascente. O abastecimento por caminhão pipa também se faz presente,
porém não foram localizados os pontos de abastecimento dos caminhões (ver Foto 9.2-6 e
Foto 9.2-7 a seguir)
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Inoã 71.765 687,99* 24.348 374 1,54 22.602 92,83 47 0,19 1.325 5,44
Manoel Ribeiro 14.995 108,07* 5.117 362 7,07 4.079 79,71 36 0,70 640 12,51
Maricá
Maricá (sede) 40.701 489.75* 13.345 7.376 55,27 5.052 37,86 48 0,36 869 6,51
Total 127.461 351,55 42.810 8.112 18,95 31.733 74,13 131 0,31 2.834 6,62
Bacaxá 35.515 315,13* 10.789 4.161 38,69 6.101 56,73 12 0,11 481 4,47
Sampaio
Correia 11.720 111,30* 3.646 1.099 30,14 2.322 63,69 2 0,05 223 6,12
Saquarema
Saquarema
(sede) 26.999 398,83* 8.668 4.092 47,61 3.811 44,34 54 0,63 637 7,41
Total 74.234 209,96 23.103 9.352 40,67 12.234 53,20 68 0,30 1.341 5,83
Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaboração: ARCADIS logos.
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Quanto ao atendimento dos serviços de água em relação ao total de habitantes (ver Tabela
9.1.3-15), observa-se que no período de 2001 a 2010 o município de Maricá possuía um
atendimento de apenas 25,7% em 2001, mantendo essa faixa até 2009 e aumentando a
cobertura de atendimento apenas em 2010, quando passa a atender 58,0% da população
total. Saquarema já inicia o período com 50,0% de atendimento em 2001, apresentando
crescimento significativo em 2003 (passando a 91,1%), uma queda em 2005 (70,0%) e chega
em 2010 com 90,7%, superior à média do Estado no mesmo ano (87,3%) (ver Gráfico
9.2-14).
Tabela 9.1.3-15 - Atendimento dos serviços de água com base no total de habitantes - 2001 a
2010
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Observa-se que nos anos de 2006 e 2007 o município de Maricá não forneceu informações
ao SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, assim como o município de
Saquarema em 2009.
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Gráfico 9.2-14 - Atendimento percentual dos serviços de água com base no total de habitantes -
2001 a 2010
Esses investimentos, não obstante, ainda não interferem nos serviços de coleta e tratamento
de esgoto sanitário, onde prevalece amplamente uma situação de precariedade. Em Marica,
no ano de 2010, apenas 12,40% dos domicílios estavam ligados à rede geral de esgoto ou
pluvial, 51,95% possuíam fossas sépticas e 28,25% fossas rudimentares. Apesar de o
município contar com uma ETE, segundo a Agenda 21 do Comperj, o percentual tratado é
muito reduzido, levando a que grande parte do que é coletado seja despejado in natura nos
cursos d’água. A CEDAE, na sua previsão de investimentos, não menciona qualquer obra de
ampliação ou melhoria no sistema de coleta e tratamento de esgoto no município. Entretanto,
entre as condicionantes estabelecidas para a concessão da licença ambiental para a
implantação do emissário do COMPERJ que atravessará parte do Município, está prevista a
implantação de rede de esgotos que deve atender 70% da população local, contando com
estação de tratamento e um emissário submarino. Essas obras serão custeadas pela
Petrobras (R$ 60 milhões) e pelo Programa de Aceleração do Crescimento (R$ 33 milhões).
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Inoã 24.348 1.877 7,72 14.829 60,99 5.809 23,89 1.251 5,15 332 1,37 214 0,88 24.312 99,85
Manoel
5.117 167 3,27 2.303 45,04 2.390 46,74 101 1,98 123 2,41 29 0,57 5.113 99,92
Ribeiro
Maricá
Maricá
13.345 3.256 24,43 5.077 38,10 3.878 29,10 811 6,09 253 1,90 52 0,39 13.327 99,87
(sede)
Total 42.810 5.300 12,40 22.209 51,95 12.077 28,25 2.163 5,06 708 1,66 295 0,69 42.752 99,86
Bacaxá 10.789 3.323 30,92 3.090 28,75 3.437 31,98 780 7,26 87 0,81 30 0,28 10.747 99,61
Sampaio
3.646 635 17,42 1.448 39,71 1.063 29,16 456 12,51 39 1,07 5 0,14 3.646 100,00
Saqua Correia
rema Saquarema
8.668 715 8,33 3.572 41,61 3.931 45,79 261 3,04 82 0,96 23 0,27 8.584 99,03
(sede)
Total 23.103 4.673 20,34 8.110 35,30 8.431 36,69 1.497 6,52 208 0,91 58 0,25 22.977 99,45
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De acordo com dados do SNIS (2010), observa-se que no município de Maricá, do total de
esgoto coletado (703,04 mil m³/ano), 66,6% é tratado (468,00 mil m³/ano) e o índice de
esgoto tratado em relação à água consumida é de 11,34%. Esses dados não são fornecidos
por distrito, porém sabe-se que apenas parte do distrito sede de Maricá possui rede e
tratamento, sendo possível afirmar que esses dados são referentes então ao distrito sede e
que os demais não possuem coleta e nem tratamento.
Quanto à Saquarema o volume de esgoto coletado é de 873,00 mil m³/ano, sendo que não
foram informados nem o volume de esgoto tratado e nem o índice de esgoto tratado referido
à água consumida, conforme Quadro 9.2-10.
Quadro 9.2-10 - Informações sobre o esgotamento sanitário nos municípios da AID – 2010.
Volume de esgoto
Município Distrito Capacidade (l/s)
coletado (l/s)
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Tabela 9.1.3-17 - Atendimento dos serviços de esgoto com base no total de habitantes - 2001 a
2010
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Nota-se que nos anos de 2006 e 2007 não há informações disponíveis sobre o atendimento
dos serviços de esgoto no município de Maricá, e para os anos de 2001 a 2004 no município
de Saquarema.
Gráfico 9.2-15 - Atendimento percentual dos serviços de esgoto com base no total de habitantes
- 2001 a 2010
Quanto ao serviço de coleta de lixo, a cobertura alcança 80,3% dos domicílios em Maricá e
89,5% em Saquarema, sendo que no conjunto do estado do Rio de Janeiro esse percentual é
de 86,2%. Assim como nos municípios da AII, o grande problema referente ao lixo não
consiste apenas nos sistemas de coleta, mas na destinação final, geralmente feita de forma
inadequada. Cabe observar em relação a esse aspecto, que a destinação em lixões ou
terrenos baldios gera locais propícios para insetos e roedores transmissores de doenças,
além da contaminando o lençol freático como produto da decomposição e infiltração da
matéria orgânica e demais substâncias tóxicas. Trata-se de um risco grave, mormente
quando uma proporção elevada da população - como nos casos da AII e AID, utiliza água de
poço ou nascente, ficando vulnerável a doenças (ver Tabela 9.1.3-18).
Tabela 9.1.3-18 - Domicílios particulares permanentes atendidos por serviços de coleta de lixo.
Coletado (%)
Municípios e Jogado em
Queimado
Unidade da Diretamente Em caçamba Terreno Outro (%)
(%)
Federação por serviço de de serviço de Baldio (%)
limpeza limpeza
ARCADIS Logos 79
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Quantidade
Ano de início
Municípios Unidade de Processamento recebida Operador
da operação
(ton/ano)
Nos contatos mantidos com as administrações municipais da AID, foi informada a existência
de planos e programas voltados para eliminar ou pelo menos diminuir os importantes déficits
no sistema de coleta e limpeza pública. Prevê-se o reforço na limpeza das praias, a
redefinição das rotas e dias de coleta nas ruas, a inclusão da coleta nos condomínios, sendo
esperada a chegada de novos equipamentos para limpeza da areia, varrição mecanizada das
vias, início da coleta seletiva e o desenvolvimento de campanhas educativas e incremento da
fiscalização. Para o período de férias, quando aumenta fortemente a demanda, está
planejada a instalação de grandes lixeiras provisórias nas praias, além da ampliação das
atividades de reciclagem - atualmente embrionárias, associadas à expansão da coleta
seletiva.
Vale observar que especialmente para Maricá, devido à dimensão de seu território,
espraiamento das áreas urbanizadas, carência geral de infraestruturas e intenso crescimento
populacional, trata-se de uma meta difícil de ser alcançada, pois como será observado no
item em sequencia, estima-se que entre 2010 e 2025 o incremento da população residente
será de cerca de 142 mil pessoas. Para Saquarema o incremento esperado é de 50 mil
pessoas, às quais, em ambos os casos, deve se acrescer o fluxo de veraneio.
G) Dinâmica Populacional
Considerando que qualquer interferência no espaço requer um conhecimento não somente
nas formas de uso e apropriação deste, mas principalmente de quem o ocupa e usa, a
identificação e análise do tamanho e da composição da população, quer seja por idade e
sexo, rural ou urbana, constitui ponto relevante para todas as esferas de planejamento
público ou privado. Deste modo, a partir dos dados obtidos, torna-se possível avaliar e prever
ARCADIS Logos 80
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a) Evolução Demográfica
Considerados os dados do último censo demográfico (IBGE, 2010), observa-se uma maior
concentração de pessoas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro em relação às demais
regiões do estado. O recorte de municípios sob influência do empreendimento, não obstante,
apresenta como destaques os municípios de São Gonçalo e Niterói, que juntos somam um
milhão e meio de pessoas. Ambos detém população apenas urbana, configurando-se como
municípios de alta densidade habitacional.
14
Contudo, é importante dizer que a densidade demográfica é um dado quantitativo que não expressa exatamente a distribuição
espacial real da população no território do município. A distribuição da população pode se dar em função do acesso a bens e
serviços, a conformação geomorfológica da área, dentre outros fatores. Outro elemento que interfere diretamente na análise da
densidade demográfica é o valor da área do território analisado. Esse valor de área é inversamente proporcional ao valor
calculado para a densidade demográfica.
ARCADIS Logos 81
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Tabela 9.1.3-19 - População, população urbana e rural e densidade demográfica dos municípios
da AID e AII, Rio de Janeiro e Brasil - 2000 e 2010.
Estado do Rio de
14.392.106 96% 4% 328,03 15.989.929 97% 3% 365,23
Janeiro
Tal como discutido no histórico de ocupação, os municípios que sofrem pressão pela
expansão da região metropolitana (Itaboraí, São Gonçalo, Maricá e Niterói) são bastante
vinculados à capital fluminense e apresentam, assim, áreas conurbadas em suas manchas
urbanas e/ou áreas fronteiriças. Cabe observar que Niterói e São Gonçalo mantiveram suas
populações mais estáveis ao longo da década por conta da já alta densidade demográfica
atingida - Niterói, por exemplo, não tem área rural desde a década de 1980.
O ponto de saturação atingido pela região faz com que demandas habitacionais não supridas
nesta se dirijam cada vez com maior intensidade para o entorno (LAGO, 2009). O
crescimento de Maricá contra o de Tanguá e Rio Bonito denotam essa distinção - os últimos,
por conta de suas características geomorfológicas, sofrem as pressões de urbanização em
menor grau do que o primeiro, cuja área municipal é grande e detém acesso pelo litoral via
Niterói (ver Quadro 9.2-13 a seguir).
ARCADIS Logos 82
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Quadro 9.2-13 - População, variação absoluta, variação relativa e taxa de crescimento médio
anual da população - Maricá, Saquarema, Rio de Janeiro e Brasil - 1980 a 2010.
Estado do
Ano/Período Maricá Saquarema Rio de Brasil
Janeiro
Esses dados deixam claro que há forte pressão habitacional na região de influência direta do
empreendimento TPN. As taxas de crescimento dos municípios são muito superiores às do
estado, denotando que não são fruto de crescimento da população residente, mas sim
ingresso de migrantes. Reforçando a tendência observada, apresenta-se o Quadro 9.2-14,
equivalente ao anterior, porém com dados exclusivos da população urbana. Verifica-se em
Maricá crescimento médio na última década de 7,1%.
Quadro 9.2-14 - População, variação absoluta, variação relativa e taxa de crescimento médio
anual da população urbana - Maricá, Saquarema, Rio de Janeiro e Brasil - 1980 a 2010.
Rio de
Ano/Período Maricá Saquarema Brasil
Janeiro
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Rio de
Ano/Período Maricá Saquarema Brasil
Janeiro
Por fim, no que ser refere à população rural, observa-se que Maricá detém em 2010 um
contingente de quase duas mil pessoas, sendo que em 2000 o número era de 13 mil
pessoas. Saquarema, mais distante da pressão da região metropolitana, apresentou aumento
no contingente de população rural na última década (ver Quadro 9.2-15).
Quadro 9.2-15 - População, variação absoluta, variação relativa e taxa de crescimento médio
anual da população rural - Maricá, Saquarema, Rio de Janeiro e Brasil - 1980 a 2010.
Rio de
Ano/Período Maricá Saquarema Brasil
Janeiro
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Quadro 9.2-16 - Taxa de fecundidade - Rio de Janeiro, Região Sudeste e Brasil - 1991 / 1995 /
2000 / 2005 / 2008.
Quadro 9.2-17 - Taxa bruta de natalidade (por 1.000 habitantes) - Maricá, Saquarema, Rio de
Janeiro, Região Sudeste e Brasil - 1991 / 1995 / 2000 / 2005 / 2008 / 2010.
Quadro 9.2-18 - Taxa bruta de mortalidade (por 1.000 habitantes) - Maricá, Saquarema, Rio de
Janeiro, Região Sudeste e Brasil - 1991 / 1995 / 2000 / 2005 / 2008 / 2010.
Como produto das dinâmicas demonstradas anteriormente (ver Quadro 9.2-19 e Quadro
9.2-20 a seguir), o crescimento vegetativo diminuiu de forma significativa entre as décadas de
ARCADIS Logos 85
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1990 e 2000. Maricá e Saquarema, mantendo taxas ainda menores que a do estado do Rio
de Janeiro, vêem crescer suas populações por conta de migrações.
Quadro 9.2-19 - Taxa de crescimento vegetativo (%) - Maricá, Saquarema e Rio de Janeiro - 1991
a 1999 / 2000 a 2010.
Municípios e Unidade da
1991 - 1999 2000 - 2010
Federação
A dinâmica dos fluxos migratórios detém grande importância para os municípios de Maricá e,
em menor escala, Saquarema. Como se trata de movimento de pessoas que tomam suas
decisões de forma individual, não há uma maneira padrão de se analisar os fluxos
migratórios. O que se sabe por experiência é que uma determinada região passa a atrair
migrantes quando demonstra ter potencial de diferencial de renda e/ou condições de vida
superiores relativo aos lugares de origem e também aos locais de possível migração.
Quadro 9.2-20 - Taxa líquida de migração (%) - Maricá, Saquarema e Rio de Janeiro - 1991 a
2000.
Maricá 4,50
Saquarema 2,47
De acordo com o IBGE (2011), o Censo de 2000 denota que os deslocamentos entre as
regiões brasileiras envolveram cerca de 3 milhões de pessoas, dentre as quais se destacou a
Região Nordeste que apresentou a maior perda absoluta, tendo as trocas com o Sudeste
contribuído com cerca de dois terços dessa perda. Muito embora condições de vida tais como
menor criminalidade, melhores oportunidades de lazer ou ainda menos poluição influenciem
nas decisões de migração, pelos padrões nacionais há claro predomínio da questão
econômica, principalmente quando as regiões de atração são aquelas com bases industriais
já desenvolvidas ou em expectativa de desenvolvimento.
Ainda segundo o IBGE (2011), de 2004 a 2009, entretanto, houve uma inversão nos padrões
de migração da década de 1990, uma vez que o Sudeste passou a deter taxas negativas; a
região Nordeste, positivas. Um dos vários componente que podem explicar essa inversão é o
desenvolvimento das demais regiões, notadamente a Nordeste por conta do segmento de
óleo e gás, entre outras intervenções e programas sociais e econômicos.
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Ademais, existem outros fatores que não os de atração ou repulsa de migrantes, mas sim
conceitos de rotatividade migratória e migração por conta de expectativas de
desenvolvimento. O Estado do Rio de Janeiro, em especial, é uma área de grande
rotatividade migratória, desde o estabelecimento de seu polo industrial até as perspectivas de
novos grandes investimentos.
Segundo os dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, foi
registrado aumento de 3% no número de migrantes para o Rio de Janeiro - crescimento este
que deve estar relacionado à produção de petróleo no estado e à oferta de empregos
relacionados a esta atividade, atraindo trabalhadores de todo o país para municípios como
Macaé e Campos dos Goytacazes.
Uma vez conhecido o tamanho da população e verificada sua tendência de expansão, cabe
analisar a distribuição desta pelas distintas faixas etárias para se obter o perfil da população
residente. Uma vez apurada as características etárias, conjugadas a outros indicadores, é
possível observar quais os impactos mais prováveis de ocorrerem no local receptor do futuro
Terminal da Ponta Negra.
A distribuição da população do estado do Rio de Janeiro, observada por meio das pirâmides
demográficas dispostas na sequência, demonstra significativa alteração de 2000 para 2010:
acompanhando a tendência nacional, percebe-se a entrada de uma larga faixa de população
na idade ativa. A pirâmide de 2010 também demonstra um estreitamento de sua base em
relação a 2000, correspondendo a uma redução da participação jovem no total. Por fim e
diametralmente oposto, há ainda um aumento do topo da pirâmide, indicando crescimento da
população idosa.
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Gráfico 9.2-16 - População por grupo etário e gênero - Rio de Janeiro - 2000 / 2010.
Gráfico 9.2-17 - População por grupo etário e gênero - Brasil - 2000 / 2010.
Nos últimos vinte anos, ocorreram mudanças substanciais no padrão demográfico do Brasil
que terão consequências gerais e profundas no seu processo de desenvolvimento econômico
e social, assim como consequências específicas na dinâmica de mercados de diversos bens
e serviços, que irão impactar a configuração de novos ciclos de expansão da economia. A
taxa de natalidade caiu a uma velocidade maior que a queda na taxa de mortalidade, tendo
como resultado uma população economicamente ativa que supera largamente a população
de dependentes, composta por crianças e idosos. Vivencia-se o fenômeno conhecido como
"bônus demográfico".
O bônus demográfico brasileiro, bastante evidente pela forma de “ampulheta” etária de 2010
em contraste à “pirâmide” de 2000, repercute também nos municípios sob influência direta do
empreendimento de forma ainda mais contundente, pois a maior parte da população
encontra-se nas faixas produtivas de 30 a 59 anos. Essa característica denota a entrada de
população migrante na faixa ativa da população, o que faz com que a distribuição seja
distinta da distribuição estadual.
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apresentam formas não tão homogêneas por conta das pequenas quantidades de pessoas
em cada uma das faixas populacionais.
Gráfico 9.2-18 - População total, urbana e rural por grupo etário e gênero - Maricá - 2000 / 2010.
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Gráfico 9.2-19 - População total, urbana e rural por grupo etário e gênero - Saquarema - 2000 /
2010.
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As projeções realizadas apontam para um incremento em Maricá de 150 mil habitantes entre
2010 e 2025, perfazendo um crescimento no período de 118%. Já Saquarema sofreria um
incremento de 51 mil habitantes no mesmo período, taxa de 69%. Conforme observado,
estas taxas incorporam a tendência recente de migração e não apenas o aumento vegetativo
da população.
Já a projeção populacional para o Estado do Rio de Janeiro prevê a adição de 2,6 milhões de
habitantes nesse período de 15 anos, o equivalente a 16% de seu montante em 2010. O
Estado teria então cerca de 18 milhões de habitantes. Em 2025, 8,8% da população
Brasileira seria Fluminense, proporção pouco superior aos atuais 8,3%.
Por fim, a projeção do IBGE para o Brasil aponta para 2025 um incremento de 19,2 milhões
de pessoas, representando uma taxa de crescimento no período de 10%. O Gráfico 9.2-20 a
seguir, ilustra a dinâmica descrita, trazendo a variação acumulada da população ao longo do
horizonte de previsão, sendo o ano de 2010 a base 100.
Gráfico 9.2-20 - Projeção de variação da população por extrapolação (2010=100) - 2010 / 2025.
15
A razão de sexo é expressa pela relação: (número de homens/número de mulheres) x 100. Se igual a 100. indica que os
números de homens e de mulheres se equivalem; acima de 100, há predominância de homens; abaixo de 100, a predominância
é de mulheres.
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Quadro 9.2-21 - Razão de sexo por faixa etária - Maricá, Saquarema, Rio de Janeiro e Brasil -
2010.
Razão de sexo
Faixas Etárias
Rio de
Maricá Saquarema Brasil
Janeiro
16
A PIA considerada é aquela fração da população maior do que 15 anos, muito embora a definição mais comum compute a
população com mais de dez anos. Já a PEA compreende o potencial de mão-de-obra com o qual o setor produtivo pode dispor,
isto é, a soma de população ocupada com a população desocupada (porém que deseja trabalhar).
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Maricá Saquarema
Tabela 9.1.3-21 - Extrapolação da situação atual de PEA - Maricá e Saquarema - 2010 a 2025.
% da pop
(mil habitantes) 2010 2015 2020 2025
total
ARCADIS Logos 93
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Os outros dois setores com maior número de empregados com carteira de trabalho
devidamente assinada, militares ou servidores públicos estatutários, em ambos os municípios
são comércio e serviços. Saquarema, mesmo tendo uma população 40% menor do que
Maricá, detém quase o dobro de empregados formais no setor de serviços. O
desenvolvimento turístico do município é também evidenciado pela expressiva quantidade de
trabalhadores formais no setor da construção civil, como pode ser observado na Tabela
9.1.3-22, a seguir.
Tabela 9.1.3-22 - Pessoal ocupado com carteira assinada, distribuído por setor de atividade -
Maricá e Saquarema - 2001 a 2010.
2001 2010
Administração Pública 2.276 31,9% 2.822 51,3% 4.286 32,9% 2.447 16,3%
Observa-se que, do total da população economicamente ativa nos anos de 1991, 2000 e
2010, há uma aumento do percentual do sexo feminino tanto em Maricá (passando de
17,56% em 1991 para 21,8% em 2000 e 23,56% em 2010) quanto em Saquarema (de
15,11% em 1991 para 22,63% em 2000 e 22,75% em 2010). Esse crescimento também se
repete no nível estadual, onde a participação das mulheres apresenta uma evolução
significativa nos percentuais (19,08% em 1991, 23,8% em 2000 e 25,25% em 2010). Em
relação aos homens, se verifica um decréscimo percentual nos dois municípios e também no
estado, embora os números absolutos sejam sempre superiores aos das mulheres. Em
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Tabela 9.1.3-23 - População Economicamente Ativa, por sexo - 1991, 2000 e 2010.
Com relação à distribuição da população economicamente ativa por faixa etária, observa-se
que, em termos percentuais, os municípios de Maricá e Saquarema apresentam
comportamento semelhante nos três anos analisados (1991, 2000 e 2010), análogo ao que
acontece no Estado do Rio de Janeiro. Essa semelhança pode ser melhor visualizada nas
tabelas (Tabela 9.1.3-24 a Tabela 9.1.3-26) e gráficos (Gráfico 9.2-21 a Gráfico 9.2-23) a
seguir.
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No ano 2000, os percentuais mais altos de PEA encontravam-se nas faixas de 20 a 24 anos
e 35 a 39 anos (média de 14%) e, assim como na análise anterior para o ano de 1991, a faixa
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Diferente dos outros anos, em 2010 destaca-se a faixa etária de 50 a 59 anos, apresentando
um percentual médio de 16%, superior as faixas de 20 a 24 anos (média 11%), 25 a 29 anos
(média 13%) e 30 a 34 anos (média 14%). Nota-se uma redução considerável na faixa etária
de 15 a 19 anos, que possuía média de 10% em 1991, média de 9% em 2000 e passa para
média de 5% em 2010.
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população ocupada são 95%. A diferença entre o pessoal ocupado e o pessoal com emprego
formal é composto por empregados sem carteira, voluntários, empregados por conta-própria
ou ainda em atividades sem necessidade de remuneração, tais como atividades de
subsistência ou trocas comerciais.
Parte da população que não consta como empregado formalmente está ocupada na
agricultura. À época do Censo Agropecuário (2006), havia um contingente de 390 pessoas
trabalhando em estabelecimentos agropecuários em Maricá, sendo 61% com laços de
parentesco com o produtor - característicos de agricultura familiar. Uma vez que no mesmo
ano a quantidade estimada de habitantes era de 101 mil, calcula-se que apenas 0,4% destes
trabalhavam nas propriedades rurais. Em considerando-se, entretanto, a população rural de
aproximadamente 1,6 mil em Maricá, tem-se que 25% dos habitantes rurais trabalham nos
estabelecimentos agropecuários.
Para Saquarema, os dados de emprego formal são bastante distintos. O município, com
desenvolvimento de turismo mais aguçado e quantidade total de habitantes menor e menos
sujeito ao movimento pendular entre Niterói, Itaboraí ou mesmo a capital estadual, detém um
número de emprego formal maior (65% da população ocupada é contratada com carteira de
trabalho). Já em relação à PEA, a quantidade de empregados formais soma 34%. Em relação
à população total do município, tem-se a razão de um quinto de formalidade.
Dos 747 trabalhadores rurais de Saquarema, 77% detém laços de parentesco, o que também
qualifica a agricultura praticada como basicamente familiar. Considerando-se os 64 mil
habitantes estimados para o ano de 2006 no município (ano do Censo Agropecuário), 1,2%
da população ocupava-se na agricultura. Haja visto que a população rural era de 3,2 mil
pessoas, tem-se que 23% dos habitantes rurais trabalhavam nos estabelecimentos
agropecuários.
17
O Salário Mínimo Federal, conforme Decreto nº 7.655 de 23 de dezembro de 2011, é de R$ 622,00. À época da análise em
questão, o mesmo era de R$ 545,00.
ARCADIS Logos 99
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Quadro 9.2-22 - Rendimento médio nominal em salários mínimos do pessoal ocupado com
carteira assinada - Maricá, Saquarema e Rio de Janeiro - 2001 e 2010.
2001 2010
Quadro 9.2-23 - Nível de instrução do pessoal ocupado com carteira assinada - Maricá e
Saquarema - 2000 e 2010.
Maricá Saquarema
Nível de Instrução
2000 2010 2000 2010
A análise do fluxo de admissões / demissões da força de trabalho formal nos últimos anos,
evidencia um constante e tendencialmente crescente saldo positivo em ambos os municípios,
como pode ser observado no Quadro 9.2-24 a seguir.
Tabela 9.1.3-27 - Classificação da população (pessoas de 10 anos ou mais de idade) por classe
de rendimento nominal - Maricá e Saquarema, 2010.
Maricá Saquarema
Pessoas de 10 anos ou mais de idade com
classes de rendimento nominal
absoluto % absoluto %
O Índice de Gini, “instrumento usado para medir o grau de concentração de renda, aponta a
diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de 0
a 1, sendo que 0 representa a situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma
Os lotes de frente para a praia são maiores (com respectivamente 23 mil e 3,3 mil metros
quadrados), observando-se ainda a presença de alguns poucos lotes com apenas 40 metros
quadrados. O tempo de residência permanente ou sazonal é muito diversificado, variando de
recente a mais de 30 anos, predominando aqueles com mais de 5 anos. Entre os moradores
mais antigos chama a atenção a presença de membros de uma famílias de 13 irmãos (hoje
com apenas 11 sobreviventes) que possuem diversos lotes e residências e mantêm um bar
em local próximo. No interior da ADA verifica-se ainda a existência de uma igreja evangélica.
Foto 9.2-17 - Casa em final de construção. Foto 9.2-18 - Lote vazio no condomínio
imobiliário.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Foto 9.2-19 - Diferentes padrões construtivos Foto 9.2-20 - Diferentes padrões construtivos
presentes na ADA. presentes na ADA.
Foto 9.2-21 - Diferentes padrões construtivos Foto 9.2-22 - Diferentes padrões construtivos
presentes na ADA. presentes na ADA.
A) Indicadores sociais
Considerou-se, nesse sentido, que a análise de PIB e sua consequente evolução indica a
quantidade de bens e serviços produzidos por uma economia, sendo útil na mensuração de
quantidades brutas de produção de riqueza. Já a divisão do PIB por habitantes representa
uma estandardização que permite a comparação entre lugares de tamanhos distintos,
relacionando geração de valor e população. Esses indicadores - de PIB e PIB per capita,
apesar de sua clara importância como referência de estágios de desenvolvimento e
desempenho da estrutura produtiva, não são as medidas mais adequadas para indicação de
padrão de vida e desenvolvimento18.
Segundo o PNUD/IPEA, os municípios com IDH até 0,5 são classificados como de Baixo
Desenvolvimento Humano; entre 0,5 e 0,8 como de Médio Desenvolvimento Humano; e
acima de 0,8 como de Alto Desenvolvimento Humano. O indicador síntese é a tradução da
média aritmética simples de três sub-índices, referentes às dimensões educação,
longevidade e renda.
18
Para fins de cálculo do PIB, estima-se o valor total da produção de bens e serviços agregado em cada Estado, Região ou
Município, sem se retirar deste valor a parcela da renda líquida enviada para outros Estados, Regiões ou Municípios. Da mesma
forma, como o crescimento econômico das áreas periféricas ocorreu, nas últimas décadas, com intensa participação de capitais
incentivados das regiões mais desenvolvidas do País ou do exterior, é muito significativa a parcela dos rendimentos destes
capitais que é computada na estimativa do PIB, e que não entra na composição da renda regional.
Quadro 9.2-26 - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - AII e AID, 1991 e 2000.
Índice
IDH - Índice Municipal Geral IDH - IDH -
IDH - Renda
Geral (variação Educação Longevidade
percentual)
Em relação ao IDH de educação, cuja dimensão é composta pela taxa de alfabetização entre
pessoas acima de 15 anos de idade e pela taxa bruta de frequência à escola, Niterói aparece
novamente com o maior índice, de 0,960, enquanto o menor pertence a Silva Jardim com
0,799. A variação do indicador é pequena entre os municípios, que detém uma média de
0,864. Tal como o indicador geral, a seleção de municípios está 10,6% acima da média
nacional.
destacam novamente os municípios de Niterói por ser o mais alto (0,891) e Tanguá por ser o
mais baixo do grupo (0,640)19. A média da seleção, de 0,713, é 18% superior à média
nacional, de 0,604.
Já para Maricá a situação não é de boas perspectivas, haja visto que os índices de
desenvolvimento de emprego e renda não acompanham o passo nacional e estadual. Na
19
O índice é obtido a partir da seguinte fórmula: [ln (valor observado do indicador) - ln (limite inferior)] / [ln (limite superior) - ln
(limite inferior)], onde os limites inferior e superior são equivalentes a R$3,90 e R$1560,17, respectivamente. Estes limites
correspondem aos valores anuais de PIB per capita de US$ 100 ppp e US$ 40000 ppp, utilizados pelo PNUD no cálculo do IDH-
Renda dos países, convertidos a valores de renda per capita mensal em reais através de sua multiplicação pelo fator
(R$297/US$7625ppp), que é a relação entre a renda per capita média mensal (em reais) e o PIB per capita anual (em dólares
ppp) do Brasil em 2000.
projeção futura com base no passado recente, Maricá cairá à metade da média nacional em
dez anos.
Percebe-se que o indicador para o Estado do Rio de Janeiro, assim como para o Brasil, caiu
de 2008 para 2009, reflexo direto da menor geração de empregos formais por conta da crise
mundial daqueles anos. Não obstante, o estado do Rio manteve a classificação de alto
desenvolvimento nessa vertente, bem como a segunda colocação entre os estados
brasileiros, atrás apenas de São Paulo (0,8688). Mais específico para os municípios da AID,
observa-se que a brusca queda de 2007 para 2008 foi amplamente recuperada em 2009 -
movimento distinto do que ocorreu no Brasil e no próprio Estado (ver Tabela 9.1.3-28 a
seguir).
Fonte: Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, Sistema FIRJAN-RJ. Elaborado por: ARCADIS
logos, 2012.
20
Conforme competência constitucional dos municípios.
O resultado de 2009 reflete a melhora progressiva dos municípios desde o ano 2000, com
taxas anualizadas de crescimento de 2,1% para Maricá e de expressivos 4,2% para
Saquarema. O ritmo de crescimento de ambos é superior ao denotado pelo Estado, de 1,3%.
Novamente o município de Saquarema apresenta dinâmica forte de melhora, sendo que seu
indicador era 45% menor há uma década. O estado do Rio de Janeiro viu seu desempenho
crescer em 1,8% de 2008 para 2009, mantendo a classificação moderada na dimensão e o 8º
lugar entre os estados nacionais (Tabela 9.1.3-29 a seguir).
Fonte: Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, Sistema FIRJAN-RJ. Elaborado por: ARCADIS
logos, 2011.
Por fim, a dimensão de saúde visa avaliar a qualidade do Sistema de Saúde Municipal
referente aos cuidados básicos. As variáveis acompanhadas por este indicador são: i)
quantidade de consultas pré-natal; ii) taxa de óbitos mal-definidos; e ainda iii) taxa de óbitos
infantis por causas evitáveis. O estado do Rio de Janeiro manteve a tendência de avanço
gradual desta dimensão de análise de desenvolvimento, apresentando incremento de 0,5%
em relação a 2008. Entre os estados da federação, seu índice de 0,8222 ocupa a 10ª
colocação.
A saúde é a única dimensão onde Maricá se posiciona acima do indicador estadual (0,2%) e
também acima do indicador federal (2,7%). O município melhorou seu índice em 0,8% ao ano
ao longo da última década. Mesmo positivo, o índice nacional vêm aumentando à taxa de
1,3% ao ano.
Tabela 9.1.3-30 - Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal - dimensão Saúde - 2000 e 2005 a
2009.
Fonte: Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, Sistema FIRJAN-RJ. Elaborado por: ARCADIS
logos, 2011.
Tomando-se o índice FIRJAN geral, que combina as três dimensões acima expostas, como
balizador de desenvolvimento, tem-se que os índices de desenvolvimento econômico de
Maricá e Saquarema foram 13% e 12,5% inferiores ao correspondente estadual e 8% e 7%
inferiores ao índice nacional, respectivamente.
Maricá revela um desenvolvimento modesto ao longo da última década, pois se seu PIB
avançou em termos reais em quase 60% entre 2000 e 2009, o IFDM cresceu apenas 11%.
Em termos de dinâmica, o município mantém-se aquém do desenvolvimento do estado
fluminense, que em termos anualizados cresceu 2,2% contra 1,2% do município. Da mesma
forma, o indicador para o país variou em 2,8%, isso é, 1,5% ao ano a mais do que o
município de Maricá.
21
Observou-se in loco situação oposta ao demonstrado pelo índice FIRJAN, qual seja uma maior adequação da saúde em
Saquarema. Vislumbra-se a ocorrência de inversões públicas efetivas por Saquarema nos últimos anos.
Tabela 9.1.3-31 - Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal - Índice Geral - 2000 e 2005 a
2009.
Fonte: Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal, Sistema FIRJAN-RJ. Elaborado por: ARCADIS
logos, 2011.
A análise das condições de vida tem por objetivo avaliar as possibilidades e formas de
acesso da população a elementos e serviços essenciais à vida social. Dentre esses foram
considerados os segmentos de habitação, segurança pública, educação e saúde, iniciando-
se a exposição pelo primeiro deles.
B) Habitação
As grandes transferências de população de ambientes rurais para urbanos no Brasil
resultaram do processo de modernização iniciado na primeira metade do século XX,
fortemente vinculado ao desenvolvimento dos grandes polos industriais do Sudeste. O país,
até então de configuração predominantemente rural, na década de 1960 vê invertida sua
distribuição populacional, passando a prevalecer a concentração em áreas urbanas. Não
apenas verificou-se a transferência de grande contingente populacional rural para as
periferias urbanas, como também as vilas e pequenas comunidades isoladas passaram a ser
crescentemente incorporadas às estruturas urbanas maiores em decorrência da abertura de
acessos e implantação de equipamentos públicos básicos, entre outros fatores.
Gráfico 9.2-24 - Evolução da Situação Urbano/Rural dos domicílios nos municípios da AII e no
Estado do Rio de Janeiro, 1970/2010.
Gráfico 9.2-25 - Tipologia dos domicílios nos municípios da AII e no estado do RJ, 2010.
No que se refere à situação legal dos imóveis, há predominância dos “próprios quitados” em
todos os municípios da AII e no estado do Rio de Janeiro, onde seu percentual é de 71%.
Apenas em Niterói onde há um alto percentual de domicílios em processo de aquisição (5%)
e alugados (20%), e Silva Jardim, com alto percentual de domicílios na condição de cedido
(18%), a representatividade de domicílios quitados é inferior ao apresentado pelo estado do
Rio de Janeiro. O processo de aquisição de imóveis, para o qual o crédito imobiliário é uma
condição muito importante, é mais significativo em Niterói e Itaboraí (5%), municípios que
apresentam um forte dinamismo econômico, podendo indicar expansão do mercado
imobiliário (ver Tabela 9.1.3-32, a seguir).
Tabela 9.1.3-32 - Condição de moradia nos municípios da AII e estado do Rio de Janeiro, 2010.
Domicílios Próprios
Total dos Domicílios Domicílios
Municípios
Domicílios Alugados (%) Cedidos (%)
Quitado (%) em Aquisição (%)
São Pedro da
Aldeia 27.743 72,1 2,5 17,3 7,8
Domicílios Próprios
Total dos Domicílios Domicílios
Municípios
Domicílios Alugados (%) Cedidos (%)
Quitado (%) em Aquisição (%)
Estado do Rio
de Janeiro 5.243.029 71,4 3,5 19,4 5,1
Fonte: Censo 2010, IBGE. Elaborado por: ARCADIS logos.
Como pode ser observado na Tabela 9.1.3-33 a seguir, o déficit habitacional básico varia
entre 7% e 9%, dentro de uma faixa semelhante àquela apresenta pelo estado do Rio de
Janeiro (8,6%). Trata-se de um percentual significativo, porém inferior ao de imóveis vagos -
definidos como sendo “as unidades que se encontravam efetivamente desocupadas na data
de referência do censo demográfico” (apud Fundação Joaquim Pinheiro, 2005, p 31). O
estudo em apreço indica, nesse sentido, que o problema do déficit habitacional tem menos a
haver com o número de moradias, do que com as dificuldades de acesso às mesmas. No
caso dos domicílios vagos na zona rural, estima-se que se relacione ao processo de
migração campo - cidade, enquanto que para a zona urbana a questão se refere
principalmente ao estoque de imóveis à disposição do mercado imobiliário e/ou mantidos
como reserva de valor.
Tabela 9.1.3-33 - Estimativa do Déficit Habitacional Básico nos municípios da AII e no estado do
Rio de Janeiro - 2000.
% do total dos
Município
Absoluto domicílios
Total Urbana Rural
Total Urbana Rural Total Urbana Rural
São
Gonçalo 21.111 21.111 - 8 8 - 34.164 34.164 -
% do total dos
Município
Absoluto domicílios
Total Urbana Rural
Total Urbana Rural Total Urbana Rural
Silva
Jardim - - - - - - - - -
São Pedro
da Aldeia 1.290 1.066 224 7 7 8 3.712 2.927 785
Iguaba
Grande - - - - - - - - -
Estado do
Rio de
Janeiro 365.000 350.983 14.017 8,6 8,6 9,1 581.282 541.672 39.610
Fonte: Fundação João Pinheiro, 2005. Elaborado por: ARCADIS logos.
Gráfico 9.2-26 - Taxa de urbanização dos domicílios nos municípios da AID e no estado do Rio
de Janeiro, 1970/2010.
Gráfico 9.2-27 - Tipo dos domicílios, em porcentagem, nos municípios da AID e no estado do
Rio de Janeiro, 2010.
Tabela 9.1.3-34 - Condição legal da moradia nos municípios da AID e no estado do Rio de
Janeiro, 2010.
Domicílios Próprios
Total dos Domicílios Domicílios
Municípios Domicílios Quitado em Aquisição Alugados Cedidos
Maricá 42.810 68 10 14 7
Saquarema 23.103 75 1 14 8
Estado do Rio
de Janeiro 5.243.029 71 3 19 5
Fonte: Censo 2010, IBGE, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Por se tratar de uma das mais importantes regiões de veraneio do estado do Rio de Janeiro,
nos municípios da AID o percentual de domicílios ocupados de uso ocasional é muito
significativo, seja em números absolutos, seja frente aos domicílios ocupado de modo
permanente. Em Saquarema 37% dos domicílios são de veraneio, enquanto em Maricá eles
representam 26% do total. Conforme já observado, somados representam 9% dos domicílios
destinados a este uso no estado do Rio de Janeiro, caracterizando a região como de turismo
de segunda residência, como pode ser observado na Tabela 9.1.3-35 a seguir.
Tabela 9.1.3-35 - Domicílios Particulares segundo o tipo de uso nos municípios da AID e no
estado do Rio de Janeiro, 2010.
Estado do Rio de
Janeiro 6.135.020 5.242.418 85 383.219 6 509.383 8
Fonte: Censo 2010, IBGE, 2012. Elaborado por: ARCADIS logos.
Tabela 9.1.3-36 - Estimativa do Déficit Habitacional Básico nos municípios da AID e no estado
do Rio de Janeiro - 2000.
% do total dos
Município Absoluto
domicílios
Total Urbana Rural
Total Urbana Rural Total Urbana Rural
Maricá 1.794 1.458 336 7,9 7,7 8,4 5.156 4.203 953
Total da AID 3.231 2.853 378 8,5 8,5 8,5 8.754 7.721 1.033
Estado do Rio
de Janeiro 365.000 350.983 14.017 8,6 8,6 9,1 581.282 541.672 39.610
Fundação João Pinheiro, 2012. Elaborado por: ARCADIS logos
Gráfico 9.2-28 - Participação dos Componentes do Déficit Habitacional Básico Urbano nos
municípios da AID e no estado do Rio de Janeiro, 2000.
No que se refere, por último, à adequabilidade dos domicílios - o atendimento por serviços, a
maior parte daqueles localizados na zona urbana não é servida pela rede geral de
abastecimento de água e coleta de esgoto sanitário.
Jaconé
VERSO
Entre a orla e a Lagoa de Jaconé foi verificada a presença de ocupação horizontal, ordenada
no padrão de loteamento em tabuleiro, com ruas paralelas e perpendiculares sendo algumas
em diagonal, todas sem pavimentação (Foto 9.2-24).
Foto 9.2-23 - Vista da Rodovia RJ-102. Foto 9.2-24 - Arruamento do bairro de Jaconé.
O bairro dispõe de iluminação pública nas vias principais, mas não há rede de abastecimento
de água. São utilizados poços e cisternas nas propriedades ou caminhões-pipa para
abastecimento dos reservatórios individuais. Igualmente não existe rede coletora de esgoto,
sendo feito uso de fossas sépticas ou negras. No foram verificadas áreas de lazer ou de
convivência (praças, parques, ginásios). O comércio local é precário, possuindo apenas
algumas mercearias e pequenos bares.
Foto 9.2-28), evidenciando intensa atividade imobiliária no local. Trata-se de áreas que
podem ser caracterizadas como de expansão do turismo de segunda residência,
considerando que este é o principal tipo de ocupação do bairro. Também foi notado um
grande número de construções novas, de um ou dois pavimentos (Foto 9.2-29), incluindo
conjuntos de chalés e estruturas de pousada (Foto 9.2-30).
Foto 9.2-27 - Placa de venda de lotes no Foto 9.2-28 - Placa de venda de terreno na RJ-
bairro de Jaconé. 102, bairro de Jaconé.
Foto 9.2-29 - Novas construções no bairro de Foto 9.2-30 - Novas construções no bairro do
Jaconé. Jaconé.
Foto 9.2-31 - Domicílio em área de alagamento Foto 9.2-32 - Domicílio na margem da Lagoa de
aterrada. Jaconé.
Na porção voltada para a serra e margeada pela RJ-118, foram verificados alguns
aglomerados humanos dispersos, como a Vila São Benedito (Foto 9.2-33) e imediações (Foto
9.2-34), com aproximadamente 20 domicílios de baixo a médio padrão de população com
residência fixa no local. Esta vila possui iluminação pública precária, não havendo
abastecimento de água ou coleta de esgoto.
Foto 9.2-33 - Domicílio de residente fixo no Foto 9.2-34 - Vila São Benedito no bairro de
bairro de Jaconé. Jaconé.
Ponta Negra
O bairro de Ponta Negra, a Oeste da área do empreendimento, conta com alta valorização
imobiliária dos terrenos da orla, principalmente devido à presença da praia de Ponta Negra
(Foto 9.2-35), uma das mais indicadas pra banho no Município segundo relato de moradores.
Entre a praia e o canal há algumas unidades verticalizadas com até cinco pavimentos (Foto
9.2-36). A orla é ocupada por domicílios de veranistas, e da mesma forma que o restante do
bairro não possui infraestrutura sanitária de abastecimento de água e coleta de esgoto.
Apesar de possuir serviço de coleta de lixo regular, foi verificada a presença de depósitos de
entulho, poda de árvores e lixo doméstico em calçadas e em terrenos baldios no interior do
bairro.
Foto 9.2-35 - Vista da praia de Ponta Negra. Foto 9.2-36 - Verticalização da praia de Ponta
Negra.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Ao longo do canal da Lagoa de Ponta Negra foram verificadas edificações de médio a alto
padrão, em geral de dois pavimentos (Foto 9.2-37), e algumas novas construções (Foto
9.2-38) ou propriedades à venda, caracterizando essa porção do bairro como de ocupação
consolidada.
Foto 9.2-37 - Residência à margem do canal de Foto 9.2-38 - Residência à margem do canal de
Ponta Negra. Ponta Negra.
Foto 9.2-39 - Rua de comércio em Ponta Negra. Foto 9.2-40 - Rua residencial na Vila Vital.
Na Vila Vital a iluminação pública é precária, as ruas são irregulares, não possuem
pavimentação e não há abastecimento de água ou coleta de esgoto sanitário. É possível ver
o lixo espalhado pelas ruas ou depositado em fundos de terrenos. As áreas de alagamento
estão sendo aterradas para dar lugar a novas construções que se espalham pelo bairro,
caracterizando sua expansão. Não foram verificadas placas de venda de terrenos ou
edificações.
Foto 9.2-41 - Rua residencial na Vila Vital. Foto 9.2-42 - Aterramento da área de
alagamento na Vila Vital.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Cordeirinho
O bairro do Cordeirinho está localizado a Oeste da Ponta Negra, consistindo numa estreita
faixa entre o mar e a Lagoa de Ponta Negra. Serva basicamente ao uso de veranistas, cujos
domicílios mais valorizados e os que possuem melhor padrão construtivo são os que se
localizam na orla (Foto 9.2-43 e Foto 9.2-44). As vias principais possuem pavimento e as vias
secundárias encontra-se em leito natural, sendo seu ordenamento regular, em padrão de
espinha de peixe. Este bairro possui boa cobertura de iluminação pública, porém falta
infraestrutura de abastecimento de água e coleta de esgoto. A varrição das vias públicas e a
coleta de lixo são regulares, não tendo sido verificados pontos de deposição de lixo em ruas
e terrenos.
O bairro encontra-se consolidado, com construções de alto e médio padrão, havendo poucos
lotes não edificados, porém há grande número de placas de venda de casas e terrenos. Este
bairro fica praticamente vazio na baixa temporada.
Foto 9.2-45 - Limpeza de via pública em Foto 9.2-46 - Rua do bairro de Cordeirinho.
Cordeirinho.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Bananal
O bairro do Bananal está localizado entre a Lagoa de Ponta Negra e a RJ-118, de ambos os
lados dessa rodovia. As vias públicas são irregulares e sem pavimentação (Foto 9.2-47), a
iluminação pública é precária e não há infraestrutura de abastecimento de água ou coleta de
esgoto. O padrão construtivo é variado, havendo edificações de médio a baixo padrão
construtivo (Foto 9.2-48 e Foto 9.2-50). As edificações são dispersas e é possível verificar
grande número de terrenos vazios, mas também novas construções. Há alguns pontos de
concentração de domicílios dentro do bairro, porém distantes entre si. Segundo relatos dos
morados, no local convivem a população residente fixa e a de veranistas.
Foto 9.2-49 - Nova construção em Bananal. Foto 9.2-50 - Domicílio de morador permanente
no bairro de Bananal.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Foto 9.2-51 - Aterramento de área de alagamento Foto 9.2-52 - Canaleta de drenagem no bairro
da Lagoa de Ponta Negra. Bananal.
Foto 9.2-53 - Rua do bairro de Bananal. Foto 9.2-54 - Rua do bairro de Bananal.
C) Segurança Pública
O Estado do Rio de Janeiro, em sua organização político-administrativa, conta com a
Secretaria de Estado de Segurança (SESEG). A ela estão subordinados a Polícia Militar e a
Polícia Civil, bem como o Instituto de Segurança Pública (ISP), o Instituto Médico Legal (IML),
e o Conselho Consultivo das Corregedorias Gerais da Polícia Civil e da Polícia Militar. Desde
1999, com a Resolução SSP 263 de 26 de julho, a força policial carioca passou a ser
organizada territorialmente em 41 Áreas Integradas de Segurança Pública - AISP, que tem
por principal objetivo integrar as ações e informações entre a SESEG e as polícias Civil e
Militar, de forma descentralizada, com responsabilidade compartilhada, exigindo
planejamento e avaliações integradas permanentes (ver Mapa 9.1.3-5 a seguir).
Mapa 9.1.3-5 - Mapa da distribuição Espacial das AISP no estado do Rio de Janeiro.
VERSO
Quadro 9.2-27- Estrutura das Áreas Integradas de Segurança Pública nos municípios da AII.
22
GAROTINHO, Anthony. Delegacia Legal: Tecnologia a serviço da polícia. In: Coleção Políticas Públicas. Rio de Janeiro, 2005.
Quadro 9.2-28 - Estrutura Operacional do Corpo de Bombeiro Militar nos municípios da AII.
Todos os municípios da AII possuem Guarda Municipal, sendo que as Niterói e São Gonçalo
são as mais antigas e possuem os maiores efetivos, tendo sido criadas na década de 1930. A
de Tanguá, criada em 2005, é a mais recente e com menor efetivo. A gestão dessas guardas
é de alçada municipal. Niterói, São Gonçalo, Silva Jardim e Araruama possuem secretaria
dedicada exclusivamente à segurança pública, Rio Bonito não possui estrutura específica e
os demais municípios possuem setor especializado subordinado a uma secretaria com
escopo de atuação mais amplo.
Dentro desse contexto apenas Niterói e Tanguá possuem Plano Municipal de Segurança
Pública, ferramenta de planejamento que auxilia as municipalidades a atingirem metas locais
de estruturação e/ou ampliação do serviço e redução da criminalidade. O Conselho Municipal
de Segurança Pública possibilita o acompanhamento das políticas públicas e a prestação de
contas das atividades realizadas. Não obstante os únicos municípios da AII que instituíram
esse canal de participação da sociedade civil - São Gonçalo e São Pedro da Aldeia estão
entre aqueles que não possuem Plano Municipal de Segurança Pública, que seria o objeto
principal de monitoramento. Em relação à estrutura de segurança pública cabe ainda
comentar que: (i) todos os municípios da AII mantêm algum tipo de unidade da Defesa Civil e,
(ii) nenhum deles possui Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente.
No que se refere ao acesso à justiça, observa-se que apenas Tanguá não é sede de comarca
e, juntamente com Araruama, também não possui Núcleo de Defensoria Pública. Em relação
aos juizados especializados, o único mais difundido é o de atendimento à crianças e
adolescentes (presente em 5 municípios da AII), sendo que o de atendimento aos idosos e
violência contra a mulher estão presentes apenas em São Gonçalo, como pode ser
observado no Quadro 9.2-29 a seguir.
Quadro 9.2-29 - Caracterização da Guarda Civil, da Estrutura do Serviço de Segurança Pública e do Acesso a Justiça em 2009.
Guarda Municipal
Guarda municipal - existência Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
Ano de criação 1937 1938 1986 2005 1998 1992 1981 1997 1989
Efetivo total 433 307 57 28 26 58 154 130 94
Acesso à Justiça
Município é sede de comarca Sim Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
Núcleo de defensoria pública na
Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Sim Sim
comarca
Juizado especializado no
Não sabe
atendimento à criança e ao Sim Sim Não Não Não Sim Não Sim
informar
adolescente - existência
*informações mais recentes indicam que neste município funciona atualmente o 70°DP Legal.
Considerando os números absolutos das ocorrências registradas, São Gonçalo, com a maior
população da AII, possui também o maior número de ocorrências, com exceção do furto de
veículos e apreensão de drogas, mais numerosos em Niterói. Entre os crimes contra a
pessoa registrados nos municípios da AII (ver Quadro 9.2-30), o de lesão corporal se
destacou largamente frente aos homicídios e estupros no ano de 2010.
23
Conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID10), em seu capítulo XX, classifica causas externas de mortalidade e
morbidade “quando um óbito devido a causas externas (acidentes, envenenamento, queimadura, afogamento, etc.) é registrado”
(Waiselfisz, J. J., 2008, pp 10).
Quadro 9.2-30 - Número absoluto de ocorrências registradas, por tipo de crime, em 2010 nos municípios da AII.
Localidade População
Lesão Roubo de Furto de Roubo a Apreensão de Apreensão de
Homicídio Estupro
Corporal Veículo Veículo Residência Drogas Armas
O Mapa da Violência no Brasil 2010 apresenta um ranking das taxas de violência dos
municípios com mais de 10 mil habitantes. Com a finalidade de suavizar as oscilações
causadas pela diferença de porte dos municípios e dar estabilidade às escalas, foram
utilizadas médias dos últimos três anos disponíveis, conforme o Quadro 9.2-31 a seguir. De
acordo com essa fonte, os municípios da AII, Itaboraí, São Pedro da Aldeia, Araruama,
Iguaba Grande e Silva Jardim ocupam posições no ranking nacional entre os 10% com
maiores taxas de homicídio, integrando um grupo crítico quanto à violência.
Quadro 9.2-31 - Taxas médias de homicídio (em 100 mil habitantes) nos município da AII e sua
classificação nos rankings nacional e estadual, no período 2008/2010.
Homicídios
População Taxa Posição Posição
Município
Média Média Nac. Est.
2008 2009 2010
Para as taxas de ocorrências por 10.000 habitantes, os municípios de Silva Jardim, Araruama
e Iguaba Grande apresentaram as maiores ocorrências (ver Gráfico 9.2-29). Silva Jardim
apresentou maiores índices proporcionais a sua população para estupros e homicídios,
sendo que em relação a este último, o resultado de 15 ocorrências por 10.000 habitantes foi o
dobro do segundo colocado Araruama. Nesse tipo de crime, São Gonçalo e Tanguá
apresentaram os menores índices do período.
Na apreensão de armas, novamente Silva Jardim aparece com destaque, tendo sido
apreendidas 21,1 armas por 10.000 habitantes em 2010, enquanto que em Iguaba Grande,
segundo colocado nesse aspecto da produção policial, o índice foi menor em cerca de 200%.
Quanto à apreensão de drogas, São Pedro da Aldeia apresentou o índice de 6 ocorrências
24
Disponível em http://www.mapadaviolencia.org.br/
por 10.000 habitantes, enquanto para o segundo colocado, Araruama, observou-se índice 4,6
ocorrências, o mesmo calculado para a médio do estado do Rio de Janeiro.
Gráfico 9.2-29 - Número de ocorrências registradas por 10.000 habitantes, por tipo de crime, em
2011 nos municípios da AII.
120,0
90,0
60,0
30,0
0,0
Niterói São Itaboraí Tanguá Rio Silva Araruama Iguaba São Estado do
Gonçalo Bonito Jardim Grande Pedro da Rio de
Aldeia Janeiro
Homicídio Lesão Corporal Estupro
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Niterói São Itaboraí Tanguá Rio Silva Araruama Iguaba São Estado do
Gonçalo Bonito Jardim Grande Pedro da Rio de
Aldeia Janeiro
Roubo de Veículo Furto de Veículo Roubo a Residência
Produção policial
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
Niterói São Itaboraí Tanguá Rio Silva Araruama Iguaba São Pedro Estado do
Gonçalo Bonito Jardim Grande da Aldeia Rio de
Janeiro
Quadro 9.2-32 - Estrutura das Áreas Integradas de Segurança Pública nos municípios da AID.
Foto 9.2-55 - DPO da Polícia Militar de Ponta Foto 9.2-56 - DPO da Polícia Militar em Maricá.
Negra, em Maricá.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Quadro 9.2-33 - Estrutura Operacional do Corpo de Bombeiro Militar nos municípios da AID.
Ambos os municípios possuem Guarda Municipal, sendo que a de Maricá foi instituída em
2001, conta com um efetivo 130 profissionais e tem entre suas atividades o patrulhamento
nos bairros e estradas, defesa civil, proteção ambiental e ordenamento do trânsito, além
possuir posto de guarda. A Guarda Municipal de Saquarema, criada em 1993, conta com um
efetivo de 88 profissionais que realizam patrulhamento, proteção ambiental, auxílio ao
ordenamento do trânsito, à Polícia Militar e atendimentos sociais, conforme o Quadro 9.2-34 a
seguir.
Marica e Saquarema não possuem secretaria exclusiva de segurança pública, nem tampouco
conselhos municipais de segurança ou delegacias de atendimento especializado (mulher,
idoso ou criança e adolescente), delegacia de proteção ao meio ambiente ou estruturas
penitenciárias. A infraestrutura presente inclui delegacia de polícia civil, conselho comunitário
de segurança e unidades do corpo de bombeiro e defesa civil. Apenas Maricá possui Plano
Municipal de Segurança Pública, como pode ser observado no Quadro 9.2-35 a seguir.
Quadro 9.2-35 - Descrição da Infraestrutura de segurança pública nos municípios da AID- 2009.
Secretaria em Secretaria em
Caracterização do órgão gestor responsável pela segurança
conjunto com conjunto com outra
pública no município
outra secretaria secretaria
O conselho realizou reunião nos últimos 12 meses Não Aplicável Não Aplicável
Fundo municipal de segurança pública - existência Não Não
Plano municipal de segurança pública - existência Sim Não
Delegacia de polícia civil Sim Sim
No que se refere ao acesso à justiça, ambos os municípios são sede de comarca e possuem
núcleos de defensoria pública especializados para idoso e criança e adolescente, conforme o
Quadro 9.2-35 a seguir, mas não possuem juizado especial de violência contra a mulher ou
serviço de assistência jurídica. Adicionalmente Saquarema dispõe de um núcleo
especializado em conflitos agrários, e Maricá possui juizado especializado no atendimento ao
idoso.
Segundo o Mapa da Violência 2011, o estado do Rio de Janeiro no decênio 1998 - 2008
recuou da 3ª posição no ranking de estado mais violento para a 7ª posição, melhorando de
modo significativo em termos proporcionais. Nos municípios da AID as informações
disponíveis relativas ao período 2007 - 2011 parecem indicar tendência semelhante.
Observa-se que no ranking dos municípios brasileiros segundo o número de homicídios
registrados entre 2008 e 2010, Maricá ocupava a 21ª posição estadual e a 440ª posição
nacional, enquanto que Saquarema era ranqueado na 30ª posição estadual e a 638ª posição
nacional.
Quadro 9.2-37 - Número absoluto de ocorrências registradas, por tipo de crime, em 2010 nos municípios da AII.
Considerando o número de ocorrências registradas por 10.000 habitantes entre 2007 e 2011,
conforme o Gráfico 9.2-30 a seguir, em Maricá os homicídios culposos ou de trânsito
apresentam índices muito semelhante aos de homicídios dolosos (de causa violenta), com
pequena elevação entre 2007 e 2008, queda até 2010 e elevação em 2011, retornando a
uma posição pouco inferior à inicial. Paralelamente as tentativas de homicídio apresentam
queda constante no período, e o número de estupros aumentou significativamente a partir de
2009, sendo importante lembrar que o município não conta com delegacia especializada no
atendimento da mulher.
Em Saquarema, os homicídios dolosos com índice muito alto em 2007 (8 por 10.000
habitantes, enquanto Maricá registrava 3,4 no mesmo ano), apresentou queda contínua até
2010 quando registrou 1,3 homicídios por 10.000 habitante. Quanto aos homicídios culposos
o índice apresentou oscilação no período, chegando a 2011 em posição pouco superior à
inicial e próxima ao apresentado por Maricá. Outra oscilação foi registrada nas tentativas de
homicídio que em 2011 registrou 2,9 por 10.000 habitantes, a menor do período, enquanto
que o número de estupros, após um crescimento contínuo entre 2007 e 2010, apresentou
queda em 2011. Este município, como já observado, também não possui delegacia
especializada no atendimento da mulher.
Gráfico 9.2-30 - Número de ocorrências de violência contra a pessoa por 10.000 habitantes,
segundo o tipo de crime, municípios da AID, 2007 - 2011.
9,00 9,00
Homicídio
8,00 Doloso 8,00
7,00 7,00
6,00 6,00
Homicídio
5,00 Culposo - 5,00
4,00 Trânsito 4,00
3,00
Tentativa de 3,00
2,00 2,00
Homicídio
1,00 1,00
0,00 0,00
Estupro
2007 2008 2009 2010 2011 2007 2008 2009 2010 2011
Maricá Saquarema
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Entre os crimes de lesão corporal, Saquarema registrou maior número de ocorrências do que
Maricá, ambos com índices oscilantes, mas tendendo a queda. É importante observar que o
número de crimes contra a pessoa registrados em Maricá e Saquarema em 2011 situa-se
entre os menores da AII, não se configurando como de alta incidência criminosa no contexto
da região (ver Gráfico 9.2-31 a seguir).
Gráfico 9.2-31 - Número de ocorrências de lesão corporal por 10.000 habitantes entre 2007 e
2011, nos municípios da AID.
90
80
70
60
50 Maricá
40
30 Saquarema
20
10
0
2007 2008 2009 2010 2011
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Por último, quanto aos crimes contra o patrimônio (roubos, furto e estelionato), observa-se
que apesar do estelionato ser mais representativo em Saquarema do que em Maricá,
considerando os demais crimes deste tipo, em ambos os municípios ele apresenta tendência
de crescimento.
Em Saquarema o destaque entre os crimes contra o patrimônio foi o estelionato, tendo sido
registradas 16,7 ocorrências por 10.000 habitantes em 2011. Em seguida coloca-se o furto de
veículos, embora com tendência de queda. O roubo a transeunte, que em 2007 era pouco
significativo, apresentou ligeira tendência de crescimento e o roubo a residência apresentou
tendência de queda, seguida de estabilização (ver Gráfico 9.2-32).
Gráfico 9.2-32 - Número de ocorrências contra o patrimônio registradas, por tipo de crime, por
10.000 habitantes em 2011.
18,00 18,00
16,00 Roubo a
16,00
Residência
14,00 14,00
12,00 Roubo de 12,00
Veículo
10,00 10,00
8,00 Roubo a 8,00
Transeunte
6,00 6,00
4,00 Furto de 4,00
2,00 Veículos 2,00
0,00 Estelionato 0,00
2007 2008 2009 2010 2011 2007 2008 2009 2010 2011
Maricá Saquarema
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Gráfico 9.2-33 - Número de ocorrências de produção policial registradas, por tipo de crime, por
10.000 habitantes em 2011.
Maricá Saquarema
Fonte: Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro, 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
e) Acidentes de Tráfego
Os dados de acidentes de tráfego no município de Maricá foram fornecidos pela Secretaria
Municipal de Segurança, por meio da Delegacia de Maricá (82ª DP), onde foi possível
identificar os acidentes com vítima, uma vez que para os casos sem vítima, de acordo com o
secretário, as declarações são muitas vezes realizadas via internet (Boletim de Ocorrência on
line, a partir do site da Delegacia de Dedicação Integral ao Cidadão - DEDIC / Polícia Civil do
Rio de Janeiro), os quais a Secretaria não tem controle, portanto, não foram disponibilizadas.
Foram realizados 19 boletins de ocorrência para casos com vítima no período de janeiro/12 a
agosto/13 (média de 1 acidente de tráfego com vítima por mês), distribuídos conforme o
Gráfico 9.2-34 a seguir.
Gráfico 9.2-34 - Acidentes de tráfego em Maricá (boletim de ocorrência para casos com vítima -
período janeiro/2012 a agosto/2013)
A mesma análise não pôde ser feita para o município de Saquarema, uma vez que os dados
solicitados em agosto/2013 não foram fornecidos pela Secretaria Municipal de Segurança e
Ordem Pública, até o fechamento do presente estudo.
Para os dados de acidentes de tráfego nas rodovias estaduais relacionadas ao estudo, foram
analisados os números disponibilizados pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Rio
de Janeiro (DER-RJ) para o período de janeiro/2013 à junho/2013 (ver Gráfico 9.2-35).
Nota-se que a maior parte dos acidentes ocorre na RJ-106, que apresenta os maiores
números de acidentes resultantes em morte (16), feridos (445) e sem vítima (722) para o
período. Deve-se ponderar que a RJ-106 é a rodovia de maior extensão entre as
selecionadas.
A RJ-116 está na segunda colocação em relação à acidentes com morte (7) e feridos (170),
seguida pela RJ-104 que apresenta 3 acidentes com morte e 89 com feridos, apresentando
também um considerável número de acidentes sem vítima (380), muito superior à RJ-116
(156).
Gráfico 9.2-35 - Número de Acidentes segundo a gravidade nas Rodovias Estaduais (período
janeiro/2013 a junho/2013)
D) Educação
Segundo estudos da UNESCO (2009) a redução nas taxas de analfabetismo ocorrida nas
últimas três décadas em todo mundo, principalmente entre a população em idade adulta
(pessoas com 15 ou mais anos de idade), tem apresentado progresso constante e acentuado
nos países em desenvolvimento. A alfabetização é essencial para a comunicação e a
aprendizagem de todos os tipos, refletindo-se nos mais diversos aspectos da vida, como a
saúde, o bem-estar social, o emprego e o desenvolvimento econômico.
Quadro 9.2-38 - Taxa de alfabetização da população com 10 anos ou mais de idade, nos
municípios da AII, em 2010.
Municípios (%)
Niterói 97,8
São Gonçalo 96,6
Itaboraí 93,9
Tanguá 91,8
Rio Bonito 92,8
Araruama 93,1
Silva Jardim 87,9
São Pedro da Aldeia 94,3
Iguaba Grande 96,0
Estado do Rio de Janeiro 95,9
Fonte: Censo Demográfico 2010, IBGE. Elaborado por: ARCADIS logos.
Esses aspectos certamente devem ter contribuído para reduzir a taxa da alfabetização da
população de municípios como Itaboraí, Araruama e Iguaba Grande, com importantes
incrementos populacionais no último período inter censitário, mas não se aplicam a Silva
Jardim, onde se verificou uma bem marcada estagnação da população residente. Nesse
contexto, entre as causas mais prováveis do elevado índice de analfabetismo de Silva Jardim
deve ser considerado o fraco nível de desenvolvimento econômico, pois trata-se do segundo
menor PIB per capita da AII, assim como do município com maiores participações da
Agropecuária e da Administração Pública na geração do Valor Adicionado, respectivamente
4,4% e 44,0%.
Neste estudo foi utilizada para o nível de escolaridade a faixa etária de 25 anos ou mais, a
mesma utilizada pelo PNUD, considerando a população adulta com idade adequada de
conclusão do ensino superior, conforme o Quadro 9.2-39 apresentado a seguir. No momento
de finalização da presente análise o dado mais recente para a caracterização deste indicador
era do ano de 2000.
Nesse momento, com exceção do Município de Niterói que apresentava média de 9,7 anos
de estudo da população com 25 anos ou mais de idade - índice considerado como um bom
nível de escolaridade média, todos os demais municípios da AII apresentavam desempenho
inferior à média estadual, de 7,2 anos. As situações mais rebaixadas cabiam aos municípios
de Tangua e Silva Jardim, com média de anos de estudo da população adulta pouco acima
de quatro anos, resultado ainda muito próximo da situação de analfabetismo funcional.
25
Analfabeto Funcional é o indivíduo que não pode participar em atividades nas quais a alfabetização é requerida para atuação
eficaz em seu grupo ou comunidade, nem fazer uso contínuo da leitura, da escrita e da aritmética para o desenvolvimento
próprio e de sua comunidade (UNESCO, Alfabetismo funcional em sete países de América Latina, Santiago, 2000)
Quadro 9.2-39 - Nível de escolaridade da população com 25 anos ou mais de idade em 1991 e
2000.
A análise da variação desses dois indicadores entre os anos de 1991 e 2000, conforme o
Gráfico 9.2-36 a seguir, evidencia que Iguaba Grande, que apresentava os piores resultado
em relação à escolaridade de sua população, foi o município que obteve maior variação
favorável no período, com aumento 2 anos na média de anos de estudo, além da redução em
17,5% na proporção de pessoas com menos de 4 anos de estudo.
Fonte: PNUD, 2003, consultado em abril de 2012. Elaborado por: ARCADIS logos.
Observa-se ainda que geralmente são considerados como fazendo parte da rede privada os
estabelecimentos sem fins lucrativos de caráter assistencial, laico ou não. Por esse motivo
em alguns municípios a rede privada aparece com maior número de unidades de ensino,
perdendo no que se refere ao número de matrículas, pois no mais das vezes trata-se de
unidades pequenas. Destaca-se nesse sentido Niterói, onde 63,2% das unidades de ensino
estão classificadas na rede privada, sendo que esta responde por apenas 39,1% das
matrículas. Situações semelhantes ocorrem em São Gonçalo e Itaboraí, destacando-se para
o conjunto da AII a grande importância da rede pública que, para a média do estado,
respondia por mais de 60% das matrículas em 2010.
Gráfico 9.2-37 - Participação das redes pública e privada no número total de estabelecimentos e
matrículas, em 2010.
Fonte: IBGE 2010, consultado em abril de 2012. Elaborado por: ARCADIS logos.
Em relação ao ensino profissionalizante vale ressalvar que maior impulso para sua efetivação
na região ocorreu a partir de 2008, através de convênio firmado entre Fundação de Apoio à
Escola Técnica (Faetec) e a Petrobras, tendo em vista capacitar profissionais para o
Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj). No nível técnico, com
duração de um ano, vem sendo oferecidos cursos diversificados tais como: topógrafo,
encarregados de estruturas, de solda, de pintura e isolamento e de montagem e mecânica,
instrumentista de sistemas, instrumentista montador, encarregado de instrumentação e
encarregado de elétrica, entre outros. No nível básico a oferta tem sido de cursos de
pedreiro, carpinteiro, armador de ferro, encanador, pintor e eletricista predial (área de
construção civil), soldador de estrutura e de tubulação (área de montagem eletromecânica).
Quadro 9.2-40 - Instituições ensino de nível superior nos municípios da AII em 2011.
Organização Dependência
Município Instituição de Ensino Superior Sigla
Acadêmica Administrativa
Organização Dependência
Município Instituição de Ensino Superior Sigla
Acadêmica Administrativa
São
Universidade Universidade Salgado de Oliveira UNIVERSO Privada
Gonçalo
Fonte: INEP, 2011, consultado em abril de 2012. Elaborado por: ARCADIS logos.
Quadro 9.2-41 - Taxa de alfabetização da população com 10 anos ou mais de idade nos
municípios da AID em 2010.
Ao se considerar as variações nas taxas de analfabetismos nos períodos 1991 - 2000 e 2000
- 2010 segundo faixas de idade, se evidencia uma forte diferenciação que incide diretamente
no grupo de 5 a 9 anos de idade, o mais o adequada ao processo de alfabetização. Se no
primeiro período a redução da taxa havia sido de cerca de 10% tanto para o conjunto da
população de 5 anos e +, como para as crianças na faixa de 5 a 9 anos, no período mais
recente a queda da taxa geral foi pouco significativa, observando-se o oposto em relação às
crianças de 5 a 9 anos: redução em cerca de 25% em Saquarema e de 15% em Maricá,
índice semelhante àquele para a média do estado do Rio de Janeiro.
Para as duas faixas etárias seguintes (10 a 14 e 15 a 19 anos), com reduções na taxa de
analfabetismo variando entre cerca de 5% e 10% no primeiro período, elas tenderam a zero
no segundo, pois já não havia espaço para grandes avanços em termos absolutos. Como é
sabido, uma vez alcançados níveis mais elevados de cobertura escolar e alfabetização,
26
As informações acerca das características da rede de ensino foram descritas considerando a abrangência territorial no nível
municipal, uma vez que os dados por distrito não foram disponibilizados pelas Secretarias Municipais de Educação de Maricá e
Saquarema até o fechamento do presente estudo. As informações foram solicitadas durante as atividades de campo ocorridas
em Agosto/2013.
Gráfico 9.2-38 - Variação da taxa de analfabetismo segundo faixas etárias nos períodos de 1991-
2000 e 2000-2010, municípios da AID e estado do Rio de Janeiro.
5 a 9 anos
15 a 19 anos
20 a 29 anos
10 a 14 anos
30 a 39 anos
40 a 49 anos
50 a 59 anos
Total
60 anos ou mais
5 a 9 anos
10 a 14 anos
20 a 29 anos
40 a 49 anos
15 a 19 anos
30 a 39 anos
50 a 59 anos
60 anos ou mais
Maricá Saquarema Rio de Janeiro
Fonte: Censo 2010, IBGE, consultado em abril de 2012. Elaborado por: ARCADIS logos.
Nas faixas etárias restantes as reduções no nível de analfabetismo foram tão maiores quanto
mais avançadas as idades, nos dois períodos considerados, pois também eram crescentes os
espaços para tanto, como pode ser observado no Gráfico 9.2-38 a seguir, relativo às taxas de
alfabetização segundo faixas etárias em 2010.
Gráfico 9.2-39 - Taxa de alfabetização da população segundo faixas etárias, municípios da AID e
estado do Rio de Janeiro, 2010.
Fonte: Censo 2010, IBGE, consultado em abril de 2012. Elaborado por: ARCADIS logos.
Um dos usos mais difundidos para o indicador de nível de escolaridade está relacionado à
acumulação de capital humano, ou seja, o conjunto de habilidades, experiências,
qualificações e conexões sociais que define a participação do indivíduo na vida econômica e
social, conforme discutido por Paiva (2001, p.188). Quanto maior o conjunto de habilidades,
experiências, qualificações e conexões sociais um indivíduo adquire ao longo da vida, maior
seu capital humano, também conhecido como capital intelectual.
Considerando a média de anos de estudo das pessoas com 25 anos ou mais de idade, os
esforços para a universalização da Educação Básica entre 1991 e 2000, refletiu no aumento
de 1,6 anos na escolaridade média da população adulta em Maricá e de 1,8 anos na de
Saquarema, conforme o Quadro 9.2-42 e o Gráfico 9.2-40 a seguir. Porém, apesar da
melhora, ambos os resultados ficaram abaixo da média estadual que foi de 7,2 anos de
escolaridade.
Quadro 9.2-42 - Nível de escolaridade da população com 25 anos ou mais de idade, municípios
da AID e estado do Rio de Janeiro, 1991 e 2000.
Gráfico 9.2-41 - Nível de escolaridade da população de 10 anos ou mais de idade por anos de
estudo, municípios da AID e estado do Rio de Janeiro, 2010.
Fonte: Censo 2010, IBGE, consultado em abril de 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
A partir dessa definição é possível avaliar a adequação idade/serie, que constitui importante
indicador para medir a qualidade do sistema educacional, pois dela geralmente se originam
elevadas taxas de abandono e repetência, além de baixo desempenho dos alunos e atraso
escolar.
Como pode ser observado no Quadro 9.2-43 e Gráfico 9.2-42 a seguir, tanto os municípios
da AID como a situação média do estado do Rio de Janeiro apresentam taxas muito elevadas
de distorção que, entre os anos de 2007 e 2010, sofreram pequenas oscilações sem uma
tendência muito definida.
Em Maricá, a taxa de distorção série-idade mais alta foi verificada no Ensino Fundamental
público estadual urbano - onde está concentrada a maior parcela do alunado, tendo se
elevado de 46,1% para 48,2%. Na rede municipal do mesmo nível de ensino, verificou
movimento semelhante (incremento de 31,7% para 34%). Em Saquarema verificou-se piora
Quadro 9.2-43 - Taxa de Distorção Série-Idade em 2007, 2008, 2009 e 2010, municípios da AID e estado do Rio de Janeiro.
Estadual Municipal Privada Estadual Municipal Privada Estadual Municipal Privada Estadual Municipal Privada
2008 15,8 34,9 7,1 48,8 32,4 6,5 - - 10,9 46,3 42,6 8,7
Maricá
2009 21,7 35,1 7,7 50,6 33,2 6,5 - - 17,9 42,3 43,3 7,6
Estado do 2008 44,5 37,7 10,7 44,4 30,3 7,7 53,3 58 13,8 57,8 38,7 11,4
Rio de
Janeiro 2009 46 37,8 11 45,5 30,1 7,9 50,7 60,9 13,7 54,2 36,8 10,6
2010 47,2 37,8 10,8 46,3 30 8 49,1 70,7 14,5 51,6 34,3 10,7
15 15 15
5 5 5
-5 -5 -5
Privada
Privada
Privada
Privada
Municipal
Municipal
Municipal
Municipal
Estadual
Estadual
Estadual
Estadual
Privada
Privada
Privada
Privada
Municipal
Municipal
Municipal
Municipal
Estadual
Estadual
Estadual
Estadual
Privada
Privada
Privada
Privada
Municipal
Municipal
Municipal
Municipal
Estadual
Estadual
Estadual
Estadual
Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana Rural Urbana
Outro grupo de indicadores para a avaliação do desempenho do sistema de ensino tem por
base o movimento de aprovação, reprovação e abandono escolar. Os dados coletados
relativos a 2007 - 2010 situam os municípios da AID num contexto bastante próximo ao da
média estadual e sem grandes oscilações no período considerado. No Fundamental as taxas
de aprovação giram em torno de 80%, tendo-se observado uma muito tênue tendência de
crescimento na AID e pequeno decréscimo na média estadual, aproximando os respectivos
desempenhos. A taxa de abandono é reduzida neste nível de ensino, e manteve tendência
decrescente.
Com relação ao ensino Médio, as taxas de aprovação variam em torno de 77-79% nos
municípios da AID, com pequena tendência de crescimento, diferenciando-se da média do
estado que apresenta índice inferior em cerca de 10 pontos percentuais que se redistribuem
entre reprovações e abandono. Desse modo os municípios da AID exibem desempenho
Saquarema possui uma instituição de ensino técnico de nível médio desde o início de 2012, a
FAETEC, que oferece os cursos de Meio Ambiente, Edificações, Eletromecânica,
Hospedagem, Petróleo e Gás, Segurança do Trabalho e Edificações, com duração variável
de 3 semestres a 3 anos. Maricá ainda não dispõe de equipamento desse tipo implantado em
seu território e, segundo relatado, desenvolve esforços nesse sentido. De acordo com
informações divulgadas no site da Prefeitura Municipal (publicado em 03 de julho de 2012), a
área para a implantação do campus que irá receber a Escola Técnica Federal de Maricá,
vinculada ao Instituto Federal Fluminense - IFF, já foi definida. O terreno localizado em
Ubatiba foi doado pela prefeitura, e localiza-se a uma distância aproximada de 8 quilômetros
do centro da cidade. Ainda de acordo com o site, “O projeto, orçado em R$ 10 milhões, será
financiado com recursos do tesouro municipal. A previsão é que a unidade atenda,
inicialmente, 1.200 alunos em três turnos.”. Embora os cursos ainda não estejam definidos, a
notícia aponta para o funcionamento provisório de uma unidade técnica com a oferta inicial
de quatro cursos: Autocad (desenhista de construção civil), auxiliar de plataforma, eletricista e
operador de computador e, posteriormente, cursos de soldador e marcenaria.
Começando a caracterização dos recursos disponíveis pelas creches, observa-se que elas
representam um papel fundamental na vida familiar, pois entre outros aspectos, possibilitam
que chefes de família do sexo feminino possam trabalhar deixando as crianças com idade de
até 3 anos em local adequado. O Município de Maricá possui 50 estabelecimentos de
educação infantil, dentre os quais 26 também funcionam como creches (IBGE/MEC, 2009),
com 1034 alunos matriculados em 2010. Com será observado mais adiante, essa matrículas
correspondem a pouco menos de 25% da demanda potencial.
Ainda de acordo com o noticiário local no segundo semestre de 2011 foi inaugurado o quinto
desse equipamentos na atual gestão municipal - a Casa da Criança de Inoã, creche com
capacidade para 145 crianças e atendimento em horário integral para o Maternal. Em
entrevista realizada em abril de 2012, o subsecretário municipal de Educação, Luis Claudio
da Silva informou que “desde que assumimos em 2009, fizemos uma pesquisa e detectamos
um déficit de aproximadamente 4.700 vagas nesse setor. Com a construção dessas cinco
unidades, serão mais de mil novas vagas na educação infantil. Ainda está prevista a
construção de mais duas outras escolas desse porte, que dará um reforço importante nesse
sentido”. Através do Programa de Construção e Cobertura de Quadras Esportivas Escolares,
que tem o objetivo de melhorar a estrutura física para realização de atividades pedagógicas,
recreativas, culturais e esportivas em escolas públicas de ensino fundamental e médio,
Maricá deverá ainda construir uma quadra no condomínio Santa Paula, em Inoã.
O Ensino Fundamental tem duração mínima de nove anos, sendo obrigatório no Brasil a partir
dos seis anos de idade. É nesse nível que ocorre a maior concentração de alunos e
profissionais de educação. O município de Maricá possui 66 estabelecimentos desse nível de
ensino, 49,6% do total e 68,1% das matrículas. Em Saquarema as proporções são
semelhantes: 61 estabelecimentos (50,4% do total) e 72% dos alunos matriculados. No
estado do Rio de Janeiro o ensino fundamental responde por 70,9% das matrículas. Em
Maricá a média de alunos por estabelecimento do ensino é de 218,4, sendo a relação
aluno/docente de 14,7. Em Saquarema a média é de 202 alunos por estabelecimento e 16,5
alunos por docente, sendo que esta relação no estado do Rio de Janeiro é de
respectivamente 312 e 21.
O Ensino Médio tem duração mínima de três anos e ingresso a partir dos quinze anos de
idade. Em Maricá há 17 estabelecimentos deste nível educacional, representando 12,8% dos
estabelecimentos e 18,6% das matrículas. Em Saquarema os estabelecimentos são em
número de 12 (9,9%) e atendem a 16,2% dos alunos matriculados, porcentagens que no
estado do Rio de Janeiro são de respectivamente de 13% e 19,1% (ver Quadro 9.2-45).
Conforme o Quadro 9.2-50 a seguir, nos municípios da AID e no Rio de Janeiro verifica-se
um forte predomínio das redes públicas no total de estabelecimentos e, mais ainda, nas
matriculas. Em Saquarema esse predomínio é significativamente mais amplo (71,1% dos
estabelecimentos e 85,8% das matrículas) observando-se nesse aspecto uma diferenciação
não desprezível com Maricá onde a rede privada já responde por 24,6% das matrículas,
proporção superior à da média do estado.
Fonte: IBGE/MEC, 2009, consultado em abril de 2012. Elaborado por: ARCADIS logos.
Um último aspecto observado nessa caracterização dos serviços educacionais na AID refere-
se à taxa de atendimento escolar por nível de ensino. Trata-se de um indicador importante
uma vez que capta a proporção da população em determinada faixa etária que frequenta a
escola, tomando por base a faixa etária adequada para cursar determinado nível27. Neste
estudo foi abordada apenas a educação básica, devendo-se considerar que a frequência em
creches é optativa, tratando-se de uma demanda potencial. Por outro lado, o resultado do
confronto entre matrículas e a população em determinadas faixas etárias, deve ser analisada
no contexto da elevada taxa de distorção idade/série presente na área em estudo.
Como pode ser observado no Quadro 9.2-46 a seguir, há uma forte concentração de alunos
no Ensino Fundamental, cujo número de matrículas em Saquarema é muito superior ao de
pessoas na faixa etária adequada, indicando retenção de alunos nesse nível devido a alta
taxa de reprovação. É justamente no Ensino Fundamental que se apresentam as maiores
Taxas de Distorção Série-Idade em Saquarema, chegando a 77,4% na zona rural e 55,5% de
alunos repetentes na zona urbana. Quanto às crianças em idade para frequentar creches, a
taxa de atendimento é baixa tanto em Maricá quanto em Saquarema, comprometendo a
inserção da mãe no mercado de trabalho ou as condições de segurança da criança que
frequentemente ficam com parentes idosos, vizinhos ou irmãos mais velhos, mas ainda
27
Segundo o INEP, e de acordo com a Lei Federal 11.274 de fevereiro de 2006, a idade adequada para cursar a Pré-escola é 4
a 5 anos, de 6 a 14 anos para se cursar o Ensino Fundamental, de 15 a 17 para o Ensino Médio, e de 18 a 24 para cursar o
Ensino Superior.
crianças. A baixa taxa de atendimento do Ensino Médio pode ser consequência da distorção
série-idade no Ensino Fundamental e da alta taxa de abandono em Maricá.
Quadro 9.2-46 - Taxa de Atendimento Escolar e Demanda Reprimida por Nível de Ensino em
2010.
Maricá Ensino
17.321 30 23.629 6.308 73,30 210
Fundamental
Ensino
4.040 30 6.061 2.021 66,66 67
Médio
Saquarema Ensino
11.600 30 10.521 -1.079 110,26 -36
Fundamental
Ensino
2.792 30 3.802 1.010 73,44 34
Médio
a) Situação regional
A regionalização da assistência teve como objetivo garantir a oportunidade de acesso aos
serviços que visam à promoção, proteção e recuperação da saúde, melhorando a qualidade
da atenção à mesma. Para tanto, a regionalização do Sistema Único de Saúde - SUS - é um
modelo de gestão racionalizada que visa conferir à população os serviços de saúde
ordenados em níveis de atenção básica, média e de alta complexidade, tentando garantir a
integralidade do atendimento. As unidades prestadoras de serviços, com seus diversos graus
de complexidade formam um todo, configurando um sistema de saúde capaz de prestar
assistência integral á população, conforme definido no Plano Estadual de Saúde do Rio de
Janeiro (2008) pela Secretaria de Saúde e Defesa Civil28..
O Estado do Rio de Janeiro atualmente é composto por noventa e dois municípios e tem uma
população de 15.989.929 habitantes (Brasil, IBGE - Censo Demográfico 2010). Estes
municípios estão divididos em oito regiões geográficas. Com o objetivo de atender os fluxos
de necessidade de atenção à saúde, a Secretaria de Estado de Saúde utiliza-se basicamente
da mesma divisão geográfica, com pequenas adaptações; assim os municípios estão
organizados em nove regiões de saúde e 22 microrregiões29.
28
Cronologicamente foi a partir da Norma Operacional de Assistência à Saúde de 2001 (Brasil, NOAS, 2001), que entrou para a
agenda do Sistema Único de Saúde o tema da regionalização da assistência à saúde, levando aos gestores o desafio de
construir uma proposta de hierarquização e territorialização da assistência em microrregiões, com a formação de redes
intermunicipais resolutivas e funcionais para diferentes níveis de complexidade nas diversas regiões do Estado (Plano Diretor de
Regionalização – Rio de Janeiro, 2002). O primeiro nível hierárquico é a atenção básica que tem como principal foco a promoção
e proteção à saúde, ou seja, implica na prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento e manutenção da saúde. Quando os
problemas de saúde demandam assistência de profissionais especializados e recursos tecnológicos de diagnóstico e tratamento,
entra-se no nível de média complexidade. Já a alta complexidade envolve os procedimentos de alto custo e tecnologia. O acesso
e atendimento integral em todos os níveis de complexidade são garantidos à população através da Política Nacional de Atenção
a Saúde que pressupõe a construção de parcerias estaduais ou regionais (Secretaria de Saúde e Defesa Civil, Plano Estadual
de Saúde - Rio de Janeiro, 2008-2011).
29
Esta gestão é realizada mediante pactos entre gestores estaduais e municipais de saúde, levando-se em consideração que
um município não necessita ter todos os níveis de atenção à saúde instalados em seu território, para oferecer todos os níveis de
atendimento desse sistema, ou seja, os serviços de saúde são organizados em níveis de complexidade tecnológica crescente,
sendo que o acesso da população à rede de saúde deve se dar a partir do nível primário de atenção, qualificado para atender
Como a temática de saúde demanda uma abrangência diferenciada com relação à sua
regionalização, buscou-se observar informações referentes ao perfil de saúde e ocorrência de
doenças na população para os municípios da AII e de seu contexto territorial mais amplo, de
acordo com as articulações específicas do sistema. Desse modo os atendimentos de saúde
dos dois municípios da AID foram referenciados de acordo com o nível de complexidade para
outros municípios que compõe as regionais de saúde. Por essa razão foram observadas
informações de infraestrutura de saúde para os municípios: Maricá e Saquarema e para
Niterói, Cabo Frio, Araruama, São Pedro da Aldeia e Rio de Janeiro, referenciados para
atendimento dos casos de média e alta complexidade de saúde com ocorrência nos dois
primeiros.
A Região Metropolitana II (Metro II) é composta por quatro Módulos Assistenciais e a Região
Baixada Litorânea (BL) por outros dois. Esses módulos são conjuntos de municípios nos
quais se destaca um município-sede, habilitado em Gestão Plena do Sistema
Municipal/GPSM ou em Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPAB-A), com
capacidade de ofertar a totalidade dos serviços com suficiência, para sua população e para a
população de outros municípios a ele adscritos (Brasil. Ministério da Saúde, 2002). Como
pode ser observado na Figura 9.1.3-10 a seguir, o Município de Maricá integra a Região
Metropolitana II - Microrregião 1, à qual também pertence Niterói. O Município de Saquarema
integra a Região Metropolitana Baixada Litorânea - Microrregião 1, também composta pelos
municípios de Araruama, Iguaba Grande e São Pedro da Aldeia.
aos principais problemas que atingem à população. Os demais serviços de saúde, por exemplo, serviços mais complexos e
menos demandados pela população local, devem ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica.
Fonte: Secretaria de Saúde e Defesa Civil. Plano Estadual de Saúde, Rio de Janeiro 2008 - 2011.
Elaborado por: ARCADIS logos.
30
As ações preventivas são desenvolvidas pelos Programas de Saúde da Família (PSF) e Programas de Agentes Comunitários
da Saúde (PACS), bem como o dimensionamento da rede de apoio diagnóstico, e a organização do sistema de assistência
hospitalar. Dessa forma, o PSF e o PACS aliam a dimensão assistencial (diagnóstico e tratamento de doenças e agravos) às
ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, superando a antiga proposição de caráter exclusivamente centrado na
doença, dirigindo-se às populações de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade (Conselho Nacional de
Secretários de Saúde, 2003). A Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, define as características do processo de trabalho da
Estratégia de Saúde da Família, e estabelece que uma equipe do PSF deve responsabilizar-se por, no máximo, 4.000 habitantes
e ser composta por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem (ou técnico de enfermagem) e Agentes Comunitários de Saúde.
No caso do PACS, o médico pode estar alocado numa Unidade Básica de Saúde, sendo o enfermeiro, um profissional de nível
superior coordenador da equipe. Paulatinamente, as equipes do PACS acabam se tornando equipes do PSF, pois existem
incentivos para a agregação do médico nessas equipes.
positivo de cobertura da Atenção Básica nos seis anos considerados. Em Saquarema, não há
atendimento de PACS, entretanto o PSF pode ser considerado abrangente, superando a
meta de 40% a partir de 2005. Em Maricá, embora tenha aumentado à cobertura, em 2009
havia apenas 25,8 de atendimento do PSF.
O município do Rio de Janeiro apresentou evolução no atendimento, mas em 2009, ainda se
encontrava muito abaixo da meta estipulada pelo Programa. Essa diferença pode ter ocorrido
devido às diferentes prioridades dos municípios. Como já observado, Maricá e Saquarema
devem priorizar o atendimento de complexidade I (atenção básica) e referenciam os casos de
maior complexidade para o Rio de Janeiro, município de referência nos atendimentos de alta
e média complexidade para toda região.
Tabela 9.1.3-37 - Proporção da população coberta pelos Programas Saúde da Família e Agentes
Comunitários nos Municípios de Maricá, Niterói, Saquarema, Cabo Frio, Araruama, São Pedro
da Aldeia e Rio de Janeiro, 2004 a 2009.
Quadro 9.2-47 - Número de estabelecimentos prestadores de serviços de saúde nos Municípios de Maricá, Niterói, Saquarema, Cabo Frio,
Araruama, São Pedro da Aldeia e Rio de Janeiro, julho/2013.
Municípios
Indicadores
Maricá Niterói Saquarema Cabo Frio Araruama São Pedro da Aldeia Rio de Janeiro
Centro de atenção psicossocial - 5 1 3 1 1 27
Hospital público 1 5 - 2 2 - 40
Hospital geral
Hospital filantrópico - - 1* 1 1 1 14
Hospital privado 1 15 - 3 3 - 97
Hospital Total 2 20 1 6 6 1 151
Hospital público - 6 - 2 - - 39
especializado
Hospital
Hospital filantrópico - - - - - - 5
Hospital privado - 13 - 3 - - 62
Hospital Total - 19 - 5 - - 106
Saúde/Unidade Pronto Socorro
Básica de
Saúde
CS/UBS filantrópico - - - - - - 1
CS/UBS privado - 2 2 1 - - 22
CS/UBS Total 15 16 14 5 1 21 242
Fonte: DATASUS, Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil - CNES, 2013.. Elaborado por: ARCADIS logos.
Ainda de acordo com esses dados, o município de Maricá conta com 15 Centros de
Saúde/Unidades básicas de Saúde, todos públicos, enquanto Saquarema conta com um total
de 14, sendo 12 públicos e 2 privados. Ao observar as informações sobre cobertura de
atenção básica, constata-se que Saquarema possui um maior atendimento de cobertura de
PSF enquanto Maricá concentra a atenção básica nos Centros de Saúde e Unidades
Básicas. Os municípios de Maricá e Niterói devem atender os casos de média complexidade
na região Metro II, enquanto que na região BL o município referência para média
complexidade é São Pedro da Aldeia o que pode explicar o alto número de Centros/Unidades
de saúde nessas localidades.
Quadro 9.2-48 - Ofertas de médicos, leitos hospitalares e hospitais nos municípios de Maricá,
Niterói, Saquarema, Cabo Frio, Araruama, São Pedro da Aldeia e Rio de Janeiro, dezembro de
2009.
Municípios
Indicadores
Cabo São Pedro
Maricá Niterói Saquarema Araruama Rio de Janeiro
Frio da Aldeia
1000 hab
Médicos/
Municípios
Indicadores
Cabo São Pedro
Maricá Niterói Saquarema Araruama Rio de Janeiro
Frio da Aldeia
% Leitos de
70,0 58,8 100,0 63,2 79,2 94,9 57,1
internação SUS
Leitos existentes por
0,9 5,6 0,9 2,7 2,3 0,9 3,8
1.000 habitantes
Leitos SUS por 1.000
0,6 3,3 0,9 1,7 1,8 0,9 2,2
habitantes
Fonte: DATASUS, Cadernos de Saúde (SIAB. Situação da base de dados nacional em 10/04/2010).
Elaboração: ARCADIS logos.
O não cumprimento dos parâmetros estabelecido pelo SUS para o número de leitos por mil
habitantes pode indicar uma situação precária de atendimento de saúde da população e a
necessidade de locomoção para outros municípios caso haja necessidade de atendimento de
baixa complexidade. Apesar da deficiência de leitos hospitalares, o número de médicos
cumpre o padrão estabelecido pelo SUS o que pode indicar que estão em atendimento de
atenção básica nos Centros e Unidades de Saúde.
Pode-se fazer uma aproximação dos agravos que acometem uma dada população
conhecendo-se as principais causas das internações hospitalares. O mesmo vale para as
causas de mortalidade. Os dados de morbidade e mortalidade foram levantados para os
municípios da AID e Rio de Janeiro, este último como referência.
31
Óbitos ocorridos um pouco antes, durante e logo após o parto, inclui os natimortos e as crianças nascidas vivas, mas falecidas
na primeira semana de vida.
A mortalidade pré-escolar (um a quatro anos) pode ser um indicador do estado nutricional da
população e do nível socioeconômico. Em Maricá a principal causa de morte em 2008 para
essa faixa etária, foram doenças respiratórias e em Saquarema, as causas externas. É
importante ressaltar em relação a esses dados que devido ao baixo número de óbitos em
ambas as faixas de idade32, é preciso cautela ao inferir os fatores de risco para causa e no
uso como indicador de saúde.
Quadro 9.2-49 - Mortalidade Proporcional (%) por faixa etária segundo grupo de causas nos
municípios de Maricá, Saquarema e Rio de Janeiro, 2008.
Grupo de Causas <1 1-4 5-9 10-14 15-19 20-49 50-64 >= 65 Total
Maricá
Doenças infecciosas e
8,7 - - - - 5,6 7,1 3,5 4,8
parasitárias
32
Mortalidade infantil (menores de 1 ano), em Maricá ocorreram 23 óbitos e em Saquarema 18 óbitos e na infância (1 a 4 anos)
em Maricá ocorreram três óbitos e em Saquarema quatro óbitos.
Grupo de Causas <1 1-4 5-9 10-14 15-19 20-49 50-64 >= 65 Total
Saquarema
Doenças infecciosas e
5,9 - - - 16,7 5,4 4,3 2,4 3,8
parasitárias
Neoplasias - - - 25,0 - 10,8 28,0 17,9 17,4
Doenças do aparelho
- - 50,0 - - 18,3 35,5 44,6 34,6
circulatório
Doenças do aparelho
17,6 - - - - 5,4 6,5 12,7 9,8
respiratório
Afec. originadas no
64,7 - - - - - - - 2,3
período perinatal
Causas externas de
- 66,7 - 50,0 33,3 43,0 7,5 3,6 13,4
morbi. e mortalidade
Demais causas
11,8 33,3 50,0 25,0 50,0 17,2 18,3 18,7 18,7
definidas
Rio de Janeiro
Doenças infecciosas e
5,5 15,6 29,9 13,1 3,5 12,5 6 4,3 6
parasitárias
Neoplasias 0,1 7,5 9,7 6,2 3,9 13,1 25,9 17,7 17,9
Doenças do aparelho
1,7 2,9 4,9 7,6 1,6 18,4 35,8 37,8 32,8
circulatório
Doenças do aparelho
5,8 20,8 7,6 4,8 1,9 4,6 7,2 14,7 11,3
respiratório
Afec. originadas no
55,3 0,6 - - - - - - 1,3
período perinatal
Causas externas de
3,8 19,7 23,6 48,3 81,7 36,5 5,9 4,1 10,7
morbi. e mortalidade
Demais causas
27,9 32,9 24,3 20 7,4 14,9 19,2 21,4 20
definidas
Fonte: DATASUS, Cadernos de Saúde (SIAB. Situação da base de dados nacional em 14/12/2009).
Elaboração: ARCADIS logos.
Considerando que gravidez não deve ser entendida como manifestação de alguma patologia
e que parto sob assistência hospitalar é fator de proteção para a gestante e o recém-nascido,
essa causa de internação, que é a mais numerosa, pode ser descartada como indicador de
morbidade, cujos dados são apresentados no Quadro 9.2-50 a seguir, para os municípios da
AID e para o Rio de Janeiro.
Quadro 9.2-50 - Distribuição percentual das internações por grupo de causas e faixa etária nos
municípios de Maricá, Saquarema e Rio de Janeiro, 2009.
Agravos de Notificação
Além dos agravos de notificação compulsória é facultado a estados e municípios incluir outros
problemas de saúde importantes em suas respectivas regiões33. Em Maricá, entre 2007 e
2009, observou-se aumento dos casos de Meningite, cujas medidas de controle são as de
diagnóstico e tratamento precoce. Verificou-se também aumento de casos de Hepatite B, cujo
vírus é principalmente transmitido pela via sexual, transfusão de sangue e contatos íntimos
por meio de objetos (ver Quadro 9.2-51, na sequencia).
33
. As unidades de saúde são responsáveis pelo preenchimento dos instrumentos de notificação que devem ser encaminhados
aos serviços responsáveis pela informação e/ou vigilância epidemiológica das Secretarias Municipais. Estas devem repassar
semanalmente os arquivos em meio eletrônico para as Secretarias Estaduais de Saúde. Caso o município não disponha de
computadores em suas unidades, o SINAN pode ser acessado nas secretarias municipais, regionais de Saúde e/ou Secretaria
Estadual de Saúde (SINAN, 2011).
Quadro 9.2-51 - Evolução de casos e taxas de notificações de alguns agravos compulsórios por
100.000 habitantes, nos Municípios de Maricá, Saquarema e Rio de Janeiro, 2007-2009.
Fonte: DATASUS. Sala de Situação de Saúde (SIM/SINAN/IBGE, Junho, 2010). Elaboração: ARCADIS
logos.
As zoonoses são doenças transmitidas ao homem por meio de animais, podendo ser
portadores ou reservatórios. Conhecê-las é importante, uma vez que vários estudos mostram
como a modificação de habitats e nichos ecológicos decorrentes de obras e da inserção de
contingentes populacionais interferem na ocorrência e distribuição de algumas delas.
Entre as doenças de caráter endêmico em algumas regiões do Brasil, tanto em Maricá quanto
em Saquarema não são notificados casos de febre amarela, leishmaniose e leptospirose
desde 2007. Foram detectados 11 casos em 2007 e nove em 2008 e 2009 de Hanseníase
em Saquarema e cinco casos em 2007, onze em 2008 e treze em 2009 para cada 100.000
habitantes em Maricá. Mesmos abaixo da média nacional é preciso atentar para esta doença
que é crônica e infecciosa transmissível, existindo uma rede de incentivo do ministério da
saúde para sua eliminação (DATASUS - Sala de Situação de Saúde, 2010).
Os dados disponíveis indicam ainda que a dengue é a doença de maior expressão na região.
Segundo o Plano Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (2008 - 2011), esta zoonose foi
introduzida no Rio de Janeiro em 1976 e, desde o ano de 1986, iniciou-se um padrão de
transmissão caracterizado por anos endêmicos (quando o número de casos que ocorrem no
ano são inferiores a “’incidência máxima esperada’’) e epidêmicos (quando o número de
casos que ocorrem no ano é inferior à “’incidência máxima esperada’’).
Figura 9.1.3-13 - Mapa do Estado do Rio de Janeiro, com estratos em alto risco - resultado do
LIRA de março 2011.
Fonte: Governo do Estado do Rio de Janeiro. Rio Contra a Dengue, 2011. Elaboração: ARCADIS
logos.
Através dos programas e campanhas desenvolvidos no âmbito desse Plano, obteve-se maior
envolvimento dos gestores, profissionais de saúde e população. Entretanto, ainda não
existem dados que possam avaliar os resultados das ações (Governo do Estado do Rio de
Janeiro. Rio Contra a Dengue, 2011).
Segundo dados da Agência Brasil (2011)34, o índice de prevalência deste agravo na região
metropolitana do Rio de Janeiro, nos dois primeiros meses do ano de 2011, foi de 1000%,
com mais de 300 casos por 100 mil habitantes em alguns bairros, o que é considerado,
segundo o coordenador de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Rio, Marcos
Ferreira, um surto.
Quadro 9.2-52 - Evolução de casos e taxas de notificações de dengue por 10.000 habitantes, nos
municípios de Maricá, Saquarema e Rio de Janeiro, 2001-2009.
Fonte: DATASUS. Sala de Situação de Saúde (SIM/SINAN/IBGE, Junho, 2010). Elaboração: ARCADIS
logos.
34
Comunicado através do Portal Terra em 11 de março de 2011 ás 16h09.
Nas observações de campo, conforme já observado, foi registrado que em Maricá existem
problemas de saneamento, confirmando dados do Cadernos de informações em Saúde do
Estado do Rio de Janeiro (2009), onde se observa que a média da Região da Metropolitana II
no que ser refere à cobertura pela rede de esgotos, é inferior à do Estado, sendo muito
precária em Maricá (9,8%), Silva Jardim (23%), Tanguá (24,6%), Rio Bonito (25,7%) Itaboraí
(27,3%) e São Gonçalo (39,8%). Somente Niterói encontra-se acima da média estadual.
Nos levantamentos de campo em Maricá foi observada uma obra em andamento num
córrego altamente poluído que corre ao lado da Prefeitura (Foto 9.2-61 e Foto 9.2-62 a
seguir). Em Saquarema não foi avistado esgoto correndo a céu aberto, água empossada ou
lixo na rua, sendo importante atentar, em ambos os casos, para a reduzida rede de
saneamento que pode compor um importante criadouro de vetores, bem como às deficiências
do sistema de abastecimento de água.
Foto 9.2-61 - Córrego em obra, onde se Foto 9.2-62 - Córrego em obra, onde se
observa elevada poluição da água. observa elevada poluição da água.
Durante os trabalhos de campo foi realizada visita ao posto de saúde de Ponta Negra, em
Maricá, pois se trata do equipamento de saúde que fica mais próximo ao futuro
empreendimento. Segundo profissionais da unidade, o serviço atende às localidades de
Ponta Negra, Cordeirinho, Bananal, Jaconé, Vl do Figueiro e Manoel Ribeiro, realizando
atendimento ambulatorial. O corpo médico inclui clínico geral, pediatra, ginecologista e
dentista, porém o médico só atende no período da manhã.
As principais ocorrências são pressão alta e cortes e acidentes no canal da Lagoa de Ponta
Negra. Há também pré-natal e acompanhamento da mãe e da criança até um ano de idade.
Segundo a profissional da unidade entrevistada, há muitos casos de gravidez na
adolescência. A principal ação preventiva refere-se às campanhas contra a dengue.
Segundo informações fornecidas pela direção do hospital, nos fins de semana aumenta muito
o volume de atendimentos por causa da população flutuante. No município há quatro
unidades de UPAs com atendimento 24hs de pronto atendimento (Saquarema, ao lado da
prefeitura, Jaconé, Sampaio Correia e a Emergência do Hospital Geral) e está sendo
construído um novo Hospital com especialidade em traumatologia, no Distrito de Bacaxá. As
obras foram iniciadas em 2010 contando com recursos do estado do Rio de Janeiro e do
Município, e a nova unidade deverá dispor de 52 leitos para internação e 15 leitos de
observação na emergência, devendo ter capacidade para realizar 400 atendimentos por dia.
a) Metodologia
Para a elaboração do estudo da potencialidade do turismo local na Área de Influência Direta,
foram utilizados os dados do Sistema Nacional de Registro de Hóspedes (SNRHos) - do
Cadastur, sobre o potencial turístico para a região da Costa do Sol, no Rio de Janeiro, da
qual os municípios de Saquarema e Maricá fazem parte, além de dados disponíveis nos sites
do governo estadual do Rio de Janeiro. Para complementar o estudo, também foram
consultadas, em agosto de 2013, as Secretarias Municipais de Turismo de Maricá e
Saquarema e realizado levantamento de campo dos principais atrativos turísticos, com
registros de imagens dos monumentos de beleza cênica e de valor histórico das duas
cidades.
b) Vocação Turística
A partir da Deliberação Normativa EMBRATUR nº 432, de 28 de Novembro de 2002, os
municípios de Saquarema e Maricá são classificados como Municípios Turísticos, ou seja,
“consolidados, determinantes de um turismo efetivo, capaz de gerar deslocamentos e estadas
de fluxo permanente”.
Segundo dados de levantamento estatístico feito pelo Cadastur a partir do SNRHos, para o
primeiro semestre de 2012, estima-se que as estadas de turistas em municípios da região da
Costa do Sol sejam de 2 a 3 dias, acontecendo principalmente em fins de semana e feriados,
ao longo de todo o ano.
Praias
A seguir, estão listadas praias conhecidas como principais destinos turísticos, devido à
balneabilidade, possibilidade de pesca ou surfe e belezas naturais, com destaque para
Itaúna, que é cenário de competições internacionais de surfe:
Foto 9.2-63 - Praia de Jaconé, Maricá. Foto 9.2-64 - Praia da Vila, Saquarema.
Foto 9.2-67 - Praia do Espelho d´Água, Foto 9.2-68 - Praia do Espelho d´Água,
Saquarema. Saquarema.
Ecoturismo
O Espraiado, em Maricá, é uma região de vale cercada de Mata Atlântica, que comporta
diversas cachoeiras, riachos e sítios que desenvolvem agricultura orgânica e produtos
regionais. É considerada uma área de conservação ambiental e abriga o Centro de
Preservação da Natureza do Espraiado, uma iniciativa que se destina a promover ações de
educação ambiental e atividades ligadas à preservação da natureza e o turismo ecológico.
Ainda no município de Maricá, foi criada pelo Decreto Estadual nº 7.230 de 23 de abril de
1984 a Área de Proteção Ambiental na Região do Sistema Lagunar de Maricá, que abrange
as Lagoas de Guarapina, Padre, Barra, Maricá e Brava e os canais de São Bento,
Cordeirinho e Ponta Negra. A área de proteção possui um grande valor paisagístico e
ambiental.
O município de Saquarema possui diversas cachoeiras das quais se destacam a Cachoeira
Véu de Noiva, Cachoeira Serra do Roncador e Cachoeira do Tinguí, que oferecem belas
paisagens, trilhas e locais para banho.
Saquarema também abarca sítios arqueológicos como os Sambaquis Manitiba, Pontinha e
Beirada, sendo o último tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional.
Igrejas
O aspecto histórico, sobretudo religioso, também contribui, ainda que de forma mais sutil do
que os atributos naturais, para o turismo na região dos municípios da AID, que contam com
algumas igrejas e ícones seculares:
Igreja de Nossa Senhora de É uma das mais antigas da cidade, sua fundação data
Saúde do início do século XVII.
Foto 9.2-73 - Matriz de Nossa Senhora do Foto 9.2-74 - Matriz de Nossa Senhora do
Amparo, Maricá. Amparo, Maricá.
Foto 9.2-75 - Matriz de Nossa Senhora do Foto 9.2-76 - Interior da Matriz Nossa Senhora
Amparo, Maricá. do Amparo.
Foto 9.2-77 - Igreja Nossa Senhora de Nazareth, Foto 9.2-78 - Igreja Nossa Senhora de
Saquarema. Nazareth, Saquarema.
Foto 9.2-79 - Igreja Nossa Senhora de Nazareth, Foto 9.2-80 - Gruta de Nossa Senhora de
Saquarema. Lourdes, Saquarema.
Foto 9.2-81 - Cemitério no penhasco da praia Foto 9.2-82 - Cemitério no penhasco da praia
de Itaúna, Saquarema. de Itaúna, Saquarema.
Foto 9.2-83 - Mirante da Cruz, Saquarema. Foto 9.2-84 - Mirante da Cruz, Saquarema.
Quadro 9.2-55 - Outros pontos e atrações turísticas nos municípios de Maricá e Saquarema.
Foto 9.2-85 - Prédio da Casa da Cultura de Foto 9.2-86 - Prédio da Casa da Cultura de
Maricá. Saquarema, antiga sede da Prefeitura.
Foto 9.2-87 - Sala no interior da Casa da Foto 9.2-88 - Sala no interior da Casa da
Cultura de Saquarema. Cultura de Saquarema.
Figura 9.1.3-14 - Projeto do Aquário de Maricá, Figura 9.1.3-15 - Projeto do Aquário de Maricá,
criado pelo arquiteto Oscar.Niemeyer. criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer.
Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Maricá, Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Maricá,
acesso em setembro/2013. acesso em setembro/2013.
- O Teleférico em Ponta Negra: o projeto a ser iniciado abrange a área da Galeta até o Farol
de Ponta Negra compreendendo “estação de partida; bilheteria; lanchonete; parque para
crianças; mirante; área de apoio para emergência; além de outros atrativos” (Site A Tribuna,
acessado em setembro/2013).
Quadro 9.2-56 - Medidas previstas no Plano Diretor de Maricá por Unidade de Planejamento.
II. Zonas Turísticas de Praia ZTP:–são aquelas que se situam em frente à orla lacustre
das praias com potencial turístico, incluídos os lotes que dão testada para o
logradouro que margeia esta orla. Nestas zonas, além do uso residencial é permitido o
uso comercial, serviços e institucional relacionados às atividades turísticas;
“Art. 45. O Poder Público promoverá e incentivará o turismo como fator estratégico de
desenvolvimento econômico e social do Município de acordo com as seguintes diretrizes:
VI. estudar a criação de identidade visual para o mobiliário urbano que preserve as
características locais;
IX. elaborar pesquisa dos recursos naturais municipais disponíveis para o ecoturismo de
base sustentável.”
“Art. 65. O Poder Público priorizará o desenvolvimento do turismo no Município, através dos
seguintes projetos e ações:
a) Metodologia de Trabalho
O levantamento de uso e cobertura indica a distribuição espacial dos padrões homogêneos
de cobertura da superfície terrestre que podem ser observados em produtos de sensores
remotos, como fotografias aéreas e imagens de satélites. Após a definição da cobertura, há a
possibilidade de retratar a dinâmica de ocupação territorial e, assim, é possível espacializar o
uso. Este levantamento se torna um instrumento importante para a construção de
diagnósticos ambientais, principalmente para avaliação da fragilidade ambiental frente às
diferentes ações antrópicas expressas na paisagem.
Conforme instruído pelo Manual Técnico de Uso da Terra do IBGE, entende-se como ponto
de partida a observação de quatro princípios básicos para os levantamentos de uso e
cobertura: (1) a escala do mapeamento, (2) a natureza da informação básica (fonte), (3) a
unidade de mapeamento e a definição da menor área a ser mapeada e, por fim, (4) a
nomenclatura.
A nomenclatura das tipologias que constam no mapa de uso e ocupação do solo utiliza
basicamente terminologias voltadas para as atividades antrópicas na paisagem (IBGE, 2006).
A divisão conceitual de interpretação para a definição de nomenclatura parte da separação
entre Terra e Água. Onde Água é separada entre Corpos D’água Costeiros e Corpos D’água
Continentais, enquanto Terra é dividida entre Áreas Antrópicas e Áreas Naturais.
As Áreas Antrópicas são divididas em Não Agrícolas e Agrícolas. As Áreas Não Agrícolas
estão subdivididas em Cobertura Urbanizada e Solo exposto. Áreas Agrícolas são
subdivididas em Chácaras, Cobertura Agrícola, Cobertura Herbácea e Cobertura Arbórea
Rarefeita.
áreas antrópicas. As áreas Não Vegetadas são as coberturas de Rocha e Cordão Arenoso. A
Figura 9.1.3-16 a seguir ilustra, esquematicamente, o encadeamento teórico e reflexivo para
a construção da nomenclatura da cobertura terrestre.
Este encadeamento teórico reflexivo serve (1) como referência para compilar as informações
dos dados disponíveis, (2) correlacionar as informações para estabelecer o significado na
paisagem estudada e (3) expressar as respostas no cartograma de Uso e Cobertura. O
entendimento da sinergia estabelecida entre o meio natural e o meio antrópico define as
unidades de paisagem que estão intimamente ligadas aos processos produtivos antrópicos
que nortearão as novas formas de organização do espaço. Todavia, nem todas as
informações sobre uso contidas no espaço podem ser interpretadas diretamente com a
observação da cobertura, como, por exemplo, uma área que foi campo de golfe e depois foi
vendida para ser loteado. Essa é uma das questões que ocorreram na paisagem em que a
observação da cobertura não indica explicitamente seu significado, tornando necessária a
obtenção de dados complementares.
detalhamento, para seu perfeito entendimento, foi descrito e aparece acompanhado por
ilustrações e fotografias.
A técnica utilizada para a elaboração do mapa de Uso e Cobertura foi a fotointerpretação por
acuidade visual, que consiste na identificação das homogeneidades e tipologias presentes na
imagem. A técnica foi aplicada utilizando-se como interface um software de cartografia digital,
que possibilitou a vetorização dos dados extraídos na interpretação, obtendo-se como
produto uma base cartográfica digital adequada à escala de 1:10.000.
Para que as informações interpretadas pudessem ser identificadas com maior facilidade,
possibilitando inclusive comparações com outros dados relativos ao uso da terra que
eventualmente venham a ser obtidos posteriormente a este estudo, foi elaborado um extrato
de legenda com a descrição das nomenclaturas adotadas e uma chave de interpretação para
o Mapa de Uso e Cobertura, conforme é apresentado no , a seguir. O extrato possui 11
classes distintas que representam as dinâmicas observadas na área de estudo. Nas primeiras
colunas estão dispostos os níveis hierárquicos que correspondem às nomenclaturas
utilizadas e, nas colunas seguintes, as descrições e as chaves de interpretação referentes a
estas classes.
Níveis
Hierárquicos Cobertura Descrição Visão Vertical Visão Oblíqua Uso Simbologia
anteriores
(parcialmente ou em sua
totalidade) permeáveis ou 1 - Área de
impermeabilizadas por empréstimo;
compactação ou por efeito Slx
2 - Aterro;
splash. Podem ser utilizados 3 - Desmate;
como área de expansão
agrícola, urbana ou para
regeneração da vegetação
natural.
Níveis
Hierárquicos Cobertura Descrição Visão Vertical Visão Oblíqua Uso Simbologia
anteriores
Níveis
Hierárquicos Cobertura Descrição Visão Vertical Visão Oblíqua Uso Simbologia
anteriores
Não
Vegetada Rocha Afloramento rochoso sem
Cobertura Natural
cobertura vegetal ou
pedológica.
Rch
Níveis
Hierárquicos Cobertura Descrição Visão Vertical Visão Oblíqua Uso Simbologia
anteriores
1 - Capoeira;
2 - Vegetação de Atv
Costão.
Cobertura Natural
Caracterização do Uso e Cobertura do Solo. Este tópico tem como finalidade retratar as
características do uso antrópico e dos processos dinâmicos vigentes em cada tipo de unidade
de paisagem. Contemplará a descrição de AID onde está contida a ADA.
Corpo d’água
A cobertura Corpo d'água foi delimitada em 10 unidades de paisagem que somadas ocupam
uma área de 749.188,50 m² ou 16,45% da cobertura total da área de estudo. Sua distribuição
no espaço é representada na Figura 9.1.3-17 a seguir.
O local indicado pelo número “1” da Figura supra, é a Lagoa de Jaconé - lagoa natural com
2.698.611,63m², ou seja, 98,16% das massas d’água mapeadas, onde pode ser observada a
prática da pesca artesanal e esportiva (ver Foto 9.2-89).
Entre os demais corpos d’água, prevalecem as represas de uso privado, cujos usos principais
são indicados a seguir:
Foto 9.2-90 - Entrada da fonte de água onde se Foto 9.2-91 - Lagoa utilizada como elemento
encontra a lagoa em área de lavra. de paisagismo em área de condomínio
residencial.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Cobertura Urbanizada
Número “1”, é o maior núcleo urbano da AID (ver Figura 9.1.3-18 mais adiante),
Número “2”, condomínio residencial (ver Figura 9.1.3-18 mais adiante),
Número “3”, pequena área de cobertura urbanizada com residências de primeira moradia,
Número “4”, vias de acesso asfaltadas (RJ 118 e via de acesso para a RJ 102),
Número “5”, loteamento contido na ADA.
Nessas áreas com cobertura urbana a maior parte das ruas não é asfaltada e as construções
foram geralmente implantadas sobre aterros, podendo-se observar na Figura 9.1.3-19 a
seguir, que uma quantidade significativa de casas possui piscina, contribuindo para a
interpretação, no contexto das funções urbanas de Maricá, de que de trata de imóveis
utilizados como residência secundária, o que foi corroborado pelas observações em campo.
Destaca-se como infraestrutura a presença de redes de distribuição de energia elétrica (ver
Foto 9.2-92) e de um córrego retificado que deságua na Lagoa de Jaconé (ver Foto 9.2-93)
onde pôde ser sentido cheiro de esgoto bem como observada a presença de lixo nos terrenos
vagos, no decorrer dos levantamentos de campo.
Figura 9.1.3-19 - Maior porção com Cobertura Urbanizada dentro da AID - misto de coberturas,
destacando-se casas com piscinas, ruas sem asfalto e córrego retificado.
Foto 9.2-92 - Padrão do tipo de cobertura Foto 9.2-93 - Córrego retificado em área
urbana na AID MFB. urbana.
Foram também identificadas pequenas áreas urbanas (a maior delas indicada pelo número
“3” na Figura 9.1.3-18) ocupadas predominantemente por imóveis de primeira residência. As
construções são de alvenaria e os lotes pequenos (ver Figura 9.1.3-21 e Foto 9.2-94 a
seguir).
Figura 9.1.3-21 - Cobertura urbana com Foto 9.2-94 - Pequeno núcleo urbano de
predomínio de primeira residência. primeira residência.
O loteamento, contido na ADA (número “5” na Figura 9.1.3-18), é alinhado com o mesmo tipo
de uso e cobertura observado no número “1”, com predomínio de imóveis voltados para lazer
que convivem com imóveis - em geral mais modestos, de primeira residência, comércio e
edificação para cultos religiosos (igreja evangélica) contidos na área ilustrada pela Figura
9.1.3-22 a seguir.
Figura 9.1.3-22 - Cobertura urbana da ADA: casas com estrutura de lazer, casas de primeira
residência, igreja e comércio.
Foto 9.2-95 - Aglomerado subnormal ao longo Foto 9.2-96 - Via de terra paralela à RJ-118.
da RJ-118.
Fonte: ARCADIS logos, 2013.
Fonte: ARCADIS logos, 2013.
VERSO
Solo exposto
As áreas de solo exposto representam 1,88% do total da AID MFB, o que corresponde à
373.879,80m². Foram delimitados 39 polígonos no mapeamento, em sua maioria localizados
na planície do quaternário, conforme indicado na Figura 9.1.3-23 a seguir, onde se destacam:
Os solos expostos na AID geralmente são frutos de áreas de empréstimo de material para
aterro de estradas e também para a construção de casas. Por vezes podem estar associados
à afloramentos rochosos como as áreas em que estão expostos os regolitos. No contexto
deste tipo de cobertura foi possível observar diversos tipos de feições erosivas como
“demoiselles” (Foto 9.2-103), ravinas (Foto 9.2-104), erosões lineares e alcovas de regressão
(Foto 9.2-105). Em alguns pontos observou-se saprólitos expostos à superfície (Foto
9.2-106). Essas condições indicam que a própria conjuntura de manejo atual acelera os
processos de perda de material e degradação do terreno. Esse primeiro conjunto de
observações refere-se ao ponto “1“ da figura supra citada.
Foto 9.2-105 - Perfil com marcas de remoção Foto 9.2-106 - Exposição de alterita -
de material terroso por máquinas e, à direita, afloramento de rocha.
feição erosiva de alcova de regressão e de
erosões lineares. Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Verificou-se também a presença de solo exposto em áreas de aterro onde havia sido
projetada uma via de acesso que não entrou em operação (número “2” da Figura 9.1.3-18).
Neste lugar foi possível observar o crescimento de vegetação rasteira e de pequeno porte
com as folhas grossas, o que pode expressar um ambiente difícil para a regeneração vegetal.
Foi ainda observado o crescimento de alguns pinnus exóticos nestas áreas (Foto 9.2-107).
Foto 9.2-107 - Solo exposto em aterro de estrada que não entrou em operação.
Também foram identificados solos expostos no complexo de restinga (número “3”), fruto de
acessos abertos por desmate. A superfície é coberta por areia e parece ser pouco utilizada
para passagem de pessoas atualmente, o que facilita a interação dessa área sem cobertura
vegetal com o sistema ambiental de restinga (ver Foto 9.2-108). A Avenida Beira Mar (RJ
102, número “4”) apresenta cobertura de solo exposto fruto de aterro. Utilizada atualmente
como uma das principais vias de acesso na área, possui superfície praticamente
impermeabilizada por compactação e, em alguns pontos, apresenta buracos e desníveis
devido à perda de material, subsidência por compactação e por formação de poças (Foto
9.2-109).
Foto 9.2-108 - Solo exposto por desmate no Foto 9.2-109 - Solo exposto do aterro da
complexo de restinga. estrada RJ 102.
Foto 9.2-110 - Solo exposto por uso rural. Foto 9.2-111 - Solo exposto por remoção de
terra do costão.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
O padrão de cobertura chácara foi reconhecido por 18 vezes dentro dos critérios
estabelecidos e, dentro da conjuntura local, o uso tende a ser mais voltado ao lazer do que às
atividades rurais.
Foi identificado o padrão chácara na área de lavra de água mineral e também em conjunto
com pequenas casas usadas como primeira residência (Foto 9.2-113).
Foto 9.2-112 - Lavoura permanente para Foto 9.2-113 - Padrão chácara com uso para
comercialização (coqueiros) primeira residência.
Foto 9.2-114 - Cobertura arbórea rarefeita com Foto 9.2-115 - Cobertura arbórea rarefeita com
presença de pinnus, eucalipto e bambus. função ornamental no campo de golfe fora de
operação.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Cobertura Herbácea
Por vezes, áreas desse tipo estão mais sujeitas a sofrerem queimadas que podem atingir
coberturas arbustivas e arbóreas localizadas próximas (Foto 9.2-117) do ponto “2”. Esse tipo
de ação pode facilitar a expansão urbana ilegal e/ou iniciar novos pontos de áreas de
empréstimo de material terroso, criando, assim, novas fragilidades.
Foto 9.2-116 - Cobertura herbácea de capim Foto 9.2-117 - Cobertura herbácea após
sapê à direita. queimada.
Tanto o Cordão Arenoso como a cobertura Rocha demarcam o limite territorial ou seja,
marcam a transição entre o continente e o Oceano Atlântico. A cobertura de cordão arenoso
participa com 1,30% da área (217.241,61 m²) e a cobertura de rocha com outros 0,41%
(68.855,41 m²). Em geral trata-se de espaços utilizados em atividades de turismo e lazer. Na
área de estudo observou-se a presença de pescadores e surfistas, poucos banhistas foram
vistos na praia de Jaconé (Foto 9.2-118) e no costão rochoso de Ponta Negra (Foto 9.2-119).
Foto 9.2-118 - Cobertura de cordão arenoso, Foto 9.2-119 - Cobertura de rocha com pessoas
Praia de Jaconé, Ponta Negra, Maricá - RJ. pescando, Ponta Negra, Maricá - RJ.
Foto 9.2-120 - Cobertura de vegetação de área Foto 9.2-121 - Cobertura arbustiva de costão.
úmida.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Foto 9.2-122 - Cobertura arbórea: Floresta Foto 9.2-123 - Cobertura arbórea de maciços
Ombrófila Densa Montana e Submontana. de árvores exóticas.
VERSO
A cobertura de solo exposto está intimamente ligada à expansão urbana, assim como as
coberturas herbáceas. Estas, como visto, são as de maior representatividade entre as
coberturas de áreas antrópicas, pois atendem demandas rurais e urbanas.
As áreas de solo exposto por remoção de material se mostraram as mais frágeis quanto a
processos degenerativos dos sistemas ambientais. Sua progressão pode resultar em danos
ambientais difíceis de recuperar, como o avanço sobre áreas vegetadas (Foto 9.2-124) e o
favorecimento do aumento de espécies vegetais exóticas, como pinnus e bambus (Foto
9.2-125), além da perda de solo e assoreamento de corpos d´água.
Foto 9.2-124 - Processo de erosão em solo Foto 9.2-125 - Área de solo exposto por
exposto que avança sobre a vegetação de remoção de material que favorece a
restinga e derruba algumas árvores. proliferação de plantas exóticas.
Vale enfatizar que o fator incidente de maior importância nesses processos degenerativos
não se refere a erosões, mas sim a remoções de material terroso por máquinas. Em síntese
pode-se afirmar que as ações antrópicas praticadas até o presente momento foram
protagonistas no processo de degradação ambiental que resultou nesse tipo de cobertura.
Cabe observar também que nas áreas de solo exposto, cobertura herbácea e cobertura
agrícola, o aquecimento da atmosfera local é significativamente maior do que sobre áreas
onde há cobertura florestal, de modo que as chuvas, por ausência de cobertura, provocam
escoamento superficial intenso, percolação com lixiviação, compactação e perda de solo. O
somatório desses processos resulta em maior dificuldade para o estabelecimento de
vegetação e maior vulnerabilidade a processos de degradação, como erosão e assoreamento
da drenagem natural. Pode-se inferir, desse modo, que a vulnerabilidade dessas coberturas
frente aos processos de intemperismo é alta, especialmente no que se refere à proteção do
solo contra os impactos diretos das gotas de chuva.
Desta forma, pode-se destacar que na AID e ADA os segmentos mais suscetíveis a
processos degradativos do meio ambiente aparecem na seguinte ordem:
1. Solo exposto
2. Cobertura herbácea,
3. Cobertura agrícola
4. Cobertura arbórea rarefeita
5. Seguido de Cobertura arbustiva e
6. Vegetação de área úmida
1. Cobertura de chácara,
2. Cobertura urbanizada,
3. Cobertura arbórea,
4. Cordão arenoso e
5. Rocha.
Figura 9.1.3-25 - Contraste entre áreas naturais, áreas antrópicas e corpos d’água na AID MFB.
A mensuração dessas áreas indica que mais da metade do terreno é de cobertura natural
(56,29%), seguido por 26,2% de áreas antrópicas e 17,52% de corpos d’água. Os números
absolutos estão expressos no Quadro 9.2-58 e as proporções no Gráfico 9.2-44, a seguir.
Gráfico 9.2-44 - Distribuição percentual das áreas antrópicas e naturais na AID MFB.
Quadro 9.2-59 - Distribuição das unidades de paisagem de Uso e Cobertura da superfície da AID
MFB.
Não Vegetada
Rocha 68.855,41 0,41 1
Vegetação de área úmida 1.874.537,87 11,21 12
Vegetada Arbustiva 538.660,97 3,22 21
Arbórea 7.304.886,97 43,70 52
Total 16.716.408,68 100 260
Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Gráfico 9.2-45 - Proporção das unidades de paisagem de Uso e Cobertura da superfície da AID
MFB.
os corpos d'água representam apenas 0,6% do conjunto e foram usados como elemento
de paisagismo de um campo de golfe desativado,
as áreas antrópicas são predominantes e representam 55,04% do total,
as coberturas naturais respondem pelos restantes 44,35%,
a área urbanizada é reduzida (69.824,89m² ou 3,17% do total contra 5,5% no contexto da
AID) e se caracteriza como de uso misto, com forte predomínio residencial,
fazem-se presentes 17 polígonos de solo exposto, o equivalente a 95.144,96m² ou 4,32%
do montante total da ADA,
a cobertura de chácara é reduzida (3.978,99m² ou 0,18% do total) e não há cobertura
agrícola,
a cobertura arbórea rarefeita responde por 144.890,43m² ou 6,59% da ADA,
a cobertura herbácea é a que possui maior peso na ADA (896.917,31m² ou 40,77%), com
realce para o antigo campo de golfe que representa 54% dessa cobertura,
as coberturas cordão arenoso e rocha representam 4,86% da superfície, observando-se
que a área de praia na ADA é de 106.677,06m² e a de rocha, de pouco mais de 300
metros quadrados conforme exposto no quadro abaixo.
Quadro 9.2-60 - Distribuição das unidades de paisagem de Uso e Cobertura da superfície da AID
MFB.
Percentual Unidades
Níveis Hierárquicos anteriores Cobertura Área (m²) (%) Mapeadas
Gráfico 9.2-46 - Proporção das unidades de paisagem de Uso e Cobertura da superfície da ADA
Terrestre.
De acordo com essa avaliação pode-se considerar que o território da ADA possui 51,68% de
áreas suscetíveis a processos de degradação do meio ambiente, somatório das coberturas
de herbáceas, solo exposto e arbórea rarefeita. A relação entre cobertura antrópica e natural
é invertida na ADA em relação à AID, e este é um aspecto importante para escolha deste
local para a instalação do empreendimento.
I - Faixa marítima: espaço que se estende por doze milhas náuticas, medido a partir das
linhas de base, compreendendo, dessa forma, a totalidade do mar territorial;
II - Faixa terrestre: espaço compreendido pelos limites dos Municípios que sofrem
influência direta dos fenômenos ocorrentes na zona costeira.
O PNGC indica ainda, em seu Art. 6º, que “o licenciamento para parcelamento e
remembramento do solo, construção, instalação, funcionamento e ampliação de atividades,
com alteração das características naturais da Zona Costeira, deverá observar além do
É importante mencionar que o Estado do Rio de Janeiro possui o Projeto de Lei Nº 216/2011,
que dispões sobre o Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro - PEGC, que ainda se
encontra tramitando em sua Assembleia Legislativa.
Em dezembro de 2011, foi publicada a Lei 2393 que alterava e incluía dispositivos na Lei
2272/08, que estabelece as condições de uso e ocupação do solo para o município de
Maricá. Entretanto, no decorrer do ano de 2012 um grupo de vereadores arguiu a nulidade da
lei que implementou estas mudanças, entrando com uma ação judicial contra sua aplicação,
uma vez que não havia sida antecedida por processo de audiência publica, conforme exigido.
No início de 2013 o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu por
unanimidade acolher aquela ação, anulando as alterações realizadas na legislação de 2006 e
2008.
Em cumprimento a essa decisão, em 14 de maio de 2013 foi realizada uma Audiência Pública
com o objetivo de discutir as alterações no Plano Diretor (Lei Complementar n° 145/2006) e
na Lei de Uso do Solo (Lei n° 2272/2008), com propostas de alterações que visavam a
criação de áreas de especial interesse urbanístico e econômico no município de Maricá, nos
moldes das alterações aprovadas em 2011. De acordo com o publicado no site da Prefeitura
Municipal de Maricá35, a reunião concluiu pela necessidade das mudanças propostas.
Importante destacar que, de acordo com o § 1° do Art. 2°: “A AEIUE – LPI terá como uso
especial o estabelecido no Anexo X – Quadro de Usos e Atividades, na categoria AEIUE,
prevista na Lei Municipal nº 2.272/2008, sem prejuízo dos usos constantes nesta mesma Lei
para o território da UP 05 – Unidade de Planejamento de Jaconé”.
35
Relatório da Audiência Pública sobre alterações do Plano Diretor e da Lei de Uso do Solo
VERSO
A partir dessa base foi feita a planimetria das diferentes classes de zoneamento incidentes na
ADA e na AID, obtendo-se os valores apresentados no Quadro 9.2-61, a seguir.
Fonte: Zoneamento: Lei Complementar nº 145, de 10/10/2006 (Plano Diretor Municipal e Maricá) e Lei
nº 2.483, de 23/10/2013 (criação da AEIUE-LPI, na Unidade de Planejamento 05 – Jaconé).
Elaboração: ARCADIS logos. 2013.
A) Metodologia
Ao observar o comportamento e o modus operandi das organizações sociais e a forma como
influenciam na dinâmica social e política ao seu redor, pôde-se verificar que também entre
aquelas presentes na AID do empreendimento, existe uma clara diferenciação nas
respectivas possibilidades de influenciar. Os grupos sociais mais organizados possuem maior
capacidade de expressão junto às diversas esferas de poder, se comparada àquela dos
grupos menos organizados. Estes, por sua vez, também procuram exercer influências e
pressões, com alcance reduzido perante as esferas que compõem os processos decisórios.
Desta forma, conhecer os grupos sociais, seu grau de organização e sua capacidade de
participação revelou-se um aspecto de extrema importância para o processo de licenciamento
ambiental, uma vez que, por meio de diversas formas de interação e das Audiências
Públicas, pode-se promover maior conhecimento sobre o empreendimento, seus impactos e
medidas de mitigação, monitoramento, compensação e potencialização.
Ao selecionar um ente social em específico - podendo ser uma organização civil, uma
entidade governamental, uma empresa, uma instituição, etc. - é possível identificar um
conjunto de outros atores sociais que orbitam ao seu redor. Isto porque, existe um dinamismo
composto por relações de causa e efeito, entre outros aspectos, que qualificam os demais
entes em relação ao ente escolhido.
Estes entes podem ser classificados como primários ou secundários. Os Atores Primários são
entendidos aqui como aqueles que exercem influência e são influenciados diretamente pelo
Projeto. Já os Atores Secundários afetam e são afetados pelo empreendimento de modo
indireto. Este cenário de atores intervenientes ao Projeto em estudo pode ser ilustrado na
Figura 9.1.3-26 apresentada a seguir.
Figura 9.1.3-26 - Cenário de Atores Sociais Intervenientes ao Projeto Terminal Ponta Negra.
Para conhecer o conjunto de atores sociais dos municípios de Maricá e Saquarema, foi
construída uma Matriz de Atores Sociais, cujo propósito foi o de identificar os principais entes
institucionais atuantes, relacionados ao Terminal Ponta Negra. Para tanto, foram levantadas
organizações sociais de natureza pública e privada, incluindo-se organizações não
governamentais, movimentos sociais e entidades de classe, que atuam na área ambiental e
em outras áreas, que pudessem ter relação funcional com o empreendimento.
É importante salientar que também foram feitas consultas junto aos diversos conselhos -
Conselhos Estaduais de Meio Ambiente e Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos, do Rio
de Janeiro, para levantamento dos órgãos e organismos que os integram, por razões
indicativas de representatividade e força de atuação local e regional.
36
http://www.mma.gov.br/port/conama/cnea/cneaenti1.cfm
alto
POTENCIAL DE COOPERAÇÃO
Figura 9.1.3-27 - Grau de relevância dos atores sociais em relação ao objeto de estudo.
Desse modo foi elaborada uma síntese das informações encontradas sobre a ocorrência de
grupos sociais cujo modo de reprodução é qualificado analiticamente como sendo tradicional.
Estão identificados aqueles que apresentam a ocorrência de um ou mais dos segmentos
sociais: Grupos indígenas e a devida denominação das Terras Indígenas homologadas,
Comunidades de Remanescentes de Antigos Quilombos e as Famílias de Pescadores
Artesanais na AII e na AID do Projeto Terminal Ponta Negra.
Vale antecipar que na Área de Influência Direta do Empreendimento não foi identificada
nenhuma Terra Indígena ou Grupo indígena, o mesmo se verificando em relação a
remanescentes de quilombos. De modo que apenas em relação aos pescadores artesanais -
tradicionalmente presentes na área em estudo, foram realizados levantamentos diretos de
campo, cujos resultados são apresentados em item específico.
B) Organização Social
O fio condutor para conhecer as especificidades das instituições relevantes e intervenientes
ao Projeto Terminal Ponta Negra foi o estabelecimento de um diálogo com os atores sociais
37
Povos e Comunidades Tradicionais – Ministério do Meio Ambiente – Decreto 6.040, de fevereiro de 2007. Instituiu a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT). De acordo com o artigo 3º deste
decreto.
38
Comunidades Remanescentes de Quilombos – Fundação Cultural Palmares, Ministério da Cultura – Decreto 4887, artigo 2º.
39
Pescadores – IBGE – Populações Economicamente Ativas cuja atividade principal é a pesca de pequeno porte. Além disso,
há, junto à Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca - SEAP, a partir do Decreto nº 10.779 de 2003 a definição de pescadores
artesanais em seu artigo 1º.
Pôde-se observar, além das instituições das esferas públicas municipal e estadual
(secretarias, instituições, delegacias, fundações, capitanias e etc.) a presença de entidades
de classes (especialmente da atividade pesqueira) que atuam nos municípios de Maricá e
Saquarema. Não obstante, aspecto importante a ser comentado em relação ao conjunto da
AID, é a fragmentação dessas entidades. Tal situação parece ocorrer por conta do
enfraquecimento, no caso da pesca, das colônias e de suas lideranças, refletindo-se, em
alguns casos, na reduzida representatividade em suas regiões. Divergências políticas
também parecem ser fatores responsáveis por essa diversidade de entidades, que
segmentam seus participantes e, em alguns casos, limita suas ações.
A Matriz de Atores Sociais a seguir apresentada (ver Quadro 9.2-62), expõe as diversas
representações nos níveis federal, estadual e municipal e sua rede de atuação.
Órgãos Federais
Esplanada dos Ministérios -
Ministério de Minas e Energia -
1 Edison Lobão Ministro Bloco "U" CEP: 70.065-900 Tel.: (61)3319-5555
MME
Brasília-DF BRASIL
Competências nas áreas de geologia, recursos minerais e energéticos; aproveitamento da energia hidráulica; mineração e metalurgia; e petróleo,
combustível e energia elétrica, incluindo a nuclear.
Izabella Mônica Ministra Ministério do Meio Ambiente- Esplanada dos Ministérios Tel.: (61) 3317-1000 Órgão
2. Vieira Teixeira MMA/IBAMA Bloco B - CEP: 70.068-900 Público
webmaster@mma.gov.br Federal
Competência na política nacional do meio ambiente e dos recursos hídricos; política de preservação, conservação e utilização sustentável de
ecossistemas, e biodiversidade e florestas; proposição de estratégias, mecanismos e instrumentos econômicos e sociais para a melhoria da qualidade
ambiental e do uso sustentável dos recursos naturais.
Paulo Sérgio Ministro Ministério dos Transportes Esplanada dos Ministérios, Tel.: 55 (61)
Passos Bloco "R" - 6º Andar - Sala 600 2029.7001/7002/7003/70
3.
Brasília - DF - CEP: 70.044-900 04/7863 - FAX: 55 (61)
2029.7876
Formulação, coordenação e supervisão das políticas; - participação no planejamento estratégico, o estabelecimento de diretrizes para sua implementação
e a definição; das prioridades dos programas de investimentos; aprovação dos planos de outorgas; estabelecimento de diretrizes para a representação do
Brasil nos organismos internacionais e em convenções; acordos e tratados referentes aos meios de transportes; formulação e supervisão da execução da
política referente ao Fundo de Marinha Mercante, destinado à renovação, recuperação e ampliação da frota mercante nacional, em articulação com os
Ministérios da Fazenda; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e do Planejamento, Orçamento e Gestão; -
Estabelecimento de diretrizes para afretamento de embarcações estrangeiras por empresas brasileiras de navegação e para liberação do transporte de
cargas prescritas.
Hamilton José Diretor - Unidade ANTAQ - Agência Nacional de Endereço: Rua Rodrigo Silva, Tel.: (21) 2101-2460 /
Ribeiro Quintães adm. Regional Rio de Transportes Aquaviários nº 26 - 11º andar - Centro / 2101-2470
Janeiro CEP: 20011-040 - Rio de
4. Janeiro - RJ
hamilton.quintaes@antaq.gov.b
r
Entidade integrante da Administração Federal indireta, submetida ao regime autárquico especial, com personalidade jurídica de direito público,
independência administrativa, autonomia financeira e funcional, mandato fixo de seus dirigentes, vinculada ao Ministério dos Transportes e a Secretaria
de Portos da Presidência da República, com sede e foro no Distrito Federal, podendo instalar unidades administrativas regionais.
SCN Quadra 04 Bloco B
José Leônidas Centro Empresarial VARIG Telefone: 55 (61) 3411-
5. De Menezes Ministro-Chefe Secretaria de Portos Pétala C - Mezanino, Sala 1403 3704
Cristino CEP 70714-900 Fax: 55 (61) 3326-3025
Brasília-DF
Entre as atribuições e competência da Secretaria está a formulação de políticas e diretrizes para o fomento do setor, além da execução de medidas,
programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura portuária, com investimentos orçamentários e do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC). Compete ainda à SEP/PR a participação no planejamento estratégico e a aprovação dos planos de outorgas, tudo isso visando
assegurar segurança e eficiência ao transporte aquaviário de cargas e de passageiros no país.
DNIT - Depto. Nacional de SAN - Quadra 03 lote A, 4º Tel.: (61) 3315-4540/ DNIT -
Infraestrutura de Transportes andar, sala 37, Ed. Núcleo dos 4138, Cel.: (21) 7612- Depto.
Transportes - CEP: 70.040-902 0200. Nacional
Marcelo Cotrim
Superintendente - Rio Brasília /DF marcelo.cotrim@dnit.gov de
6. Borges
de Janeiro .br Infraestrut
ura de
Transport
es
Autarquia federal vinculada ao Ministério dos Transportes, tem por objetivo implementar a política de infraestrutura do Sistema Federal de Viação,
compreendendo sua operação, manutenção, restauração ou reposição, adequação de capacidade e ampliação mediante construção de novas vias e
terminais
Arnaldo Pinho Supervisor: DNIT - Depto. Nacional de Endereço: Rua Mário Neves, nº Tel.: (21) 2717.7713
7 Rodrigues Localidade: Ponte Infraestrutura de Transportes 01 - Ilha da Conceição Fax: (21) 2717.5695
Rio-Niterói/RJ CEP: 24.050-300
Autarquia federal vinculada ao Ministério dos Transportes
Secretaria-Executiva - MJ
Conportos - Comissão Nacional Esplanada dos Ministérios, Tel.: (61) 3429-9217
José Irineu de Fax: (61) 3429-9169
8 Secretário-Executivo de Segurança Pública nos Portos Bloco "T" - Edifício Sede
Souza Costa
Terminais e Vias Navegáveis 5° Andar - Sala 510 - 70.064- conportos@mj.gov.br
900 - Brasília/DF
A Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis - Conportos foi criada pelo Decreto 1.507 de 30 de maio 1995,
alterado pelo Decreto nº 1.972 de 30 de julho de 1996. É composta pelo Ministério da Justiça, Ministério da Defesa, representado pelo Comando da
Marinha, Ministério da Fazenda, Ministério das Relações Exteriores e pelo Ministério dos Transportes.
Vicente Andreu Diretor-Presidente ANA - Agência Nacional de Setor Policial, Área 5, Quadra Tel.: (61) 2109-5441
9 Guillo Águas 3, Blocos "B", "L" e "M". CEP: vicente.andreu@ana.gov
70610-200 .br
Agência Nacional de Águas tem como missão implementar e coordenar a gestão compartilhada e integrada dos recursos hídricos e regular o acesso a
água, promovendo o seu uso sustentável em benefício da atual e das futuras gerações. Além disso, a instituição possui outras definições estratégicas
centrais.
Roberto de Reitor Universidade Federal Rua Miguel de Frias, 9 - 7º Tel.: (21)2629-5205 ou
10 Souza Salles Fluminense - UFF andar Icaraí - Niterói - RJ - (21)2629-5206
Brasil CEP.: 24220-008 Fax: 55(21)2629-5207
Instituição pública de Ensino Superior com sede em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro. Foi criada pela Lei nº 3.848, de 18 de dezembro de 1960, com o
nome de Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, com a sigla UFERJ, a partir da integração de faculdades no município de Niterói. A Lei nº
4.831, de 5 de novembro de 1965, oficializou o nome atual, Universidade Federal Fluminense. É considerada um dos principais centros de excelência no
Brasil.
Professor Reitor Universidade Federal Rural do BR-465, Km 7 Seropédica/Rio Tel.: (21) 2682-
11 Ricardo Motta Rio de Janeiro - UFRRJ de Janeiro - CEP. 23.890-000 1210/1220 Fax: (21)
Miranda 2682-1210/1120
Unidades Universitárias coordenadas e integradas administrativamente, onde as atividades de ensino, pesquisa e extensão são desenvolvidas. Cada
Instituto é integrado da seguinte forma: Conselho Departamental, Diretoria, Departamentos e Secretaria Administrativa. Conselho Departamental - Órgão
consultivo e deliberativo do Instituto, visando à integração do ensino, pesquisa e extensão.
Luiz Fernando Presidente IPHAN - Instituto do Patrimônio SEPS Quadra 713/913 Sul / Tel.: (61) 2024-5500 /
12 de Almeida Histórico e Artístico Nacional Bloco D Edifício Lúcio Costa - 2024-5502 Fax: (61)
5º andar - Brasília/DF 2024-5514
O Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, responsável por preservar a
diversidade das contribuições dos diferentes elementos que compõem a sociedade brasileira e seus ecossistemas. Esta responsabilidade implica em
preservar, divulgar e fiscalizar os bens culturais brasileiros, bem como assegurar a permanência e usufruto desses bens para a atual e as futuras
gerações.
Tel.: (21) 2215-5275 -
Carlos Fernando 2215-5824
Superintendente IPHAN - Instituto do Patrimônio Rua da Imprensa nº 16, Palácio
13 de Souza Leão
Estadual RJ Histórico e Artístico Nacional Gustavo Capanema, 8º andar Fax: (21) 2215-5852
Andrade
ans.pgc@iphan.gov.br
Arquivo Central do Iphan está situado na cidade do Rio de Janeiro e é o setor responsável pela abertura, guarda e acesso aos processos de tombamento,
de retorno e de saída de obras de artes do país, assim como pela emissão de certidão para efeito de prova e inscrição dos bens nos Livros do Tombo e
nos Livros de Registro do Patrimônio Imaterial.
Fone/Fax: 55 11 3237-
Assessor de Associação Brasileira de Rua General Jardim, 660 - 7º 2122
Hugo Fanton
14 Comunicação Organizações Não- andar - Vila Buarque - CEP abong@abong.org.br
Governamentais - ABONG 01223-010 - São Paulo - SP - comunicacao@abong.or
g.br
Intercâmbio entre entidades que buscam a ampliação da cidadania, a constituição e expansão de direitos, a justiça social e a consolidação de uma
democracia participativa; consolidar a identidade das ONGs brasileiras.
Órgãos Estaduais
Sérgio de Avenida Erasmo Braga, 118 -
1. Oliveira Cabral Governador Estado do Rio de Janeiro Centro, Rio de Janeiro - RJ, Tel.: (21) 2533-4294
Santos Filho 20020-000
Definir a política de transportes do Estado, compatibilizando as suas iniciativas aos programas de desenvolvimento do Governo. Operar adequadamente
os serviços de transportes e de terminais, neles incluídos o rodoviário de passageiros, o metroviário, o ferroviário e o hidroviário e, ainda, zelar pela
qualidade, segurança e eficiência desses serviços quando concedidos, segundo qualquer modalidade de direito permitida, à iniciativa privada.
Planejar e coordenar a ação governamental, mediante a elaboração, o acompanhamento e o controle de planos, programas e projetos globais e regionais,
de duração anual e plurianual, bem como o estudo e a proposição de diretrizes para o desenvolvimento econômico e social do Estado; Executar,
acompanhar e controlar as atividades orçamentárias, de administração financeira e de contabilidade, e a elaboração e execução dos orçamentos fiscal e
de investimento das empresas controladas pelo Estado;
Incentivar o desenvolvimento da ciência e tecnologia no Estado através do estímulo à pesquisa científica; da capacitação de profissionais de graduação,
pós-graduação e nível técnico; e da participação em programas nacionais, aproximando empresas e instituições de pesquisa que promovam a inclusão
social de comunidades.
Rua México, 125, 8 andar
Felipe dos Secretaria de Estado Desenvolvimento
7. Secretario Centro - RJ Sem informação
Santos Peixoto Regional, Abastecimento e Pesca (Sedrap)
RJ, Brasil 20.031-145
Promover a gestão e a função social do território e da economia, através de políticas públicas de estimulo e fomento ao desenvolvimento regional de
forma integrada e sustentável, estabelecer arranjos racionais para a distribuição de alimentos e melhoria das condições de produção e comercialização de
pescado.
Marilene Ramos Presidente INEA - Instituto Estadual do Av. Venezuela 110, Centro RJ Tel.: (21) 38916-336
8.
Ambiente
Missão de proteger, conservar e recuperar o meio ambiente para promover o desenvolvimento sustentável. O novo instituto, instalado em 12 de janeiro de
2009, unifica e amplia a ação dos três órgãos ambientais vinculados à Secretaria de Estado do Ambiente (SEA): a Fundação Estadual de Engenharia e
Meio Ambiente (Feema), a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF).
INEA - Superintendência Tel.: 2687-1229 (fax)
Rua Gal. Bocaiúva, 441, 1°
Regional Baía de Sepetiba - 2687-1590
9. Marilene Ramos Presidente andar, Centro
SUPSEP 2687-1521
Itaguaí - CEP 23.815-310
SR II - Bacia do Guandu supsep@inea.rj.gov.br
Bacias Hidrográficas correspondentes: Bacia do Santana, Bacia do São Pedro, Bacia do Macaco, Bacia do Ribeirão das Lajes, Bacia do Guandu (Canal
de São Francisco), Bacia do Rio da Guarda, Bacias contribuintes à Represa do Ribeirão das Lajes, Bacia do Canal do Guandu, Bacias contribuintes ao
litoral de Mangaratiba e de Itacurussá, Bacia do Mazomba, Bacia do Piraquê ou Cabuçu, Bacia do Canal do Ita, Bacia do Ponto, Bacia do Portinho, Bacias
da restinga de Marambaia e Bacia do Piraí. Abrange totalmente os municípios de Itaguaí, Mangaratiba, Seropédica, Queimados, Engenheiro Paulo de
Frontin, Japeri e Paracambi; e parcialmente os municípios de Miguel Pereira, Vassouras, Barra do Piraí, Mendes, Nova Iguaçu, Piraí, Rio Claro e Rio de
Janeiro
Almy Junior Reitor Universidade Estadual Norte Av. Alberto Lamego, 2000 - Tel.: (22) 2726-1595
10 Cordeiro de Fluminense Darçy Ribeiro - Campos dos Goytacazes - RJ Fax: (22) 2726-1511
Carvalho UENF CEP 28013-600 -
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) tem consciência do seu papel e da sua responsabilidade com o futuro do Brasil, do
Estado do Rio de Janeiro e da região que a acolheu. Não satisfeita com a desigualdade e com a exclusão social do presente, a UENF conhece a
dimensão dos seus desafios e sabe que um futuro mais adequado para as nossas vidas não se constrói sozinho.
Fundação Ceperj - Centro
Estadual de Estatísticas
Jorge Guilherme Av. Carlos Peixoto, 54 - Tel.: (21) 2334-7132 /
12 Presidente Pesquisas e Formação de
de Mello Barreto Botafogo - Rio de Janeiro 2334-7100
Servidores Públicos do Rio de
Janeiro
A missão da Fundação Ceperj visa contribuir para a excelência da gestão pública e o desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, por meio de geração
e disseminação de conhecimento, ações de capacitação, qualificação, recrutamento e seleção de pessoas.
André Veloso Diretoria de Fundação Estadual Norte Avenida Alberto Lamego, 2000 Tel.: (22) 2726 8298 Fax:
Ferreira, da Desenvolvimento Fluminense - FENORTE - Horto (22) 2733 0675
13
Tecnológico Campos dos Goytacazes - RJ
gabinete@fenorte.rj.gov.br
Estimular o desenvolvimento econômico e intelectual da Região Norte, Noroeste e Lagos, levando em conta as vocações de cada localidade. Aumentar
em todos os municípios o índice de desenvolvimento humano (IDH) em níveis aceitáveis, através do crescimento econômico sustentável, incentivando a
adoção de medidas que desenvolvam a melhoria da qualidade de vida da população.
Rua do Russel, 76 - Glória Tel.: (21) 2555-3750
Rio de Janeiro-RJ CEP: 22210- e-mail:
Rubem Cesar 010 faleconosco@vivario.org.
14 Diretor executivo ONG Viva-Rio
Fernandes Sede Regional - Bacia de br
Campos Av. Santos Moreira,
795 B Miramar - Macaé Tel.: 2791-3260
O Viva Rio é uma organização não-governamental, com sede no Rio de Janeiro, engajada no trabalho de campo, na pesquisa e na formulação de
políticas públicas com o objetivo de promover a cultura de paz e o desenvolvimento social.
Endereço: AVENIDA
Diretor CALOGERAS, 23 Bairro: Tel.: (21) 22127800 Fax:
15 Cezar Varquez SEBRAE/RJ
Superintendente CENTRO Município: RIO DE (21) 22127808
JANEIRO CEP: 20000000
As ações desenvolvidas pelo SEBRAE/RJ visam contribuir para que os pequenos negócios fluminenses tenham uma evolução sustentável, contribuindo,
dessa forma, para o crescimento da sociedade como um todo.
Cláudio Soares Procurador-Geral de Ministério Público Estadual do Sede MPRJ: Av. Marechal Telefone da Sede do
Lopes Justiça (biênio Rio de Janeiro Câmara, n° 370 - Centro - Rio MPRJ: (21) 2550-9050 |
16
2011/2013) de Janeiro, RJ - Brasil - CEP Telefone da Ouvidoria-
20020-080 Geral do MPRJ: 127
O Ministério Público, consoante o art. 127, caput, da Constituição Federal, é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado,
incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
CMG Walter Capitão de Mar e Capitania dos Portos Av. Alfred Agache, s/nº - Praça Tel. (21) 2233-8412 /
19 Eduardo Guerra XV - Centro - Rio de Janeiro 2104-5320
Bombarda CEP: 20021-000
A Capitania dos Portos, as Delegacias e as Agências têm o propósito de contribuir para a supervisão das atividades relativas à Marinha Mercante e
Organizações correlatas, no que se refere à segurança de navegação e à segurança nacional.
Instituto Costa Verde de Ação Largo São Francisco de Paula, Tel.: (21) 3147-
21 Sem informação Sem informação Social e Desenvolvimento 42 - 6º andar - Centro - Rio de 7054/7001
Sustentável Janeiro –RJ CEP: 20051-070 Fax: (21) 3147-7000
O Instituto Costa Verde tem como finalidade e missão planejar, executar, promover e divulgar projetos, programas, ações e eventos de caráter social,
profissionalizante, educacional, ambientalista, científico, esportivo, cultural e artístico.
Defesa e conservação do meio ambiente, tendo como fundamento teórico conceitual à ecologia política/ecologia social, em interface com o exercício da
cidadania. Fundada em 1988, a Defensores da Terra participa ativamente de ações ligadas à proteção do meio ambiente, tendo entre suas campanhas a
SOS Rios, a SOS Lagoas e, mais recentemente, a Campanha de Combate ao Contrabando de Espécies Silvestres.
Cristiano Coordenador geral Centro de Assessoria ao Rua Paulino Fernandes, 77 - T. (21) 2275-4037
36 Camerman Movimento Popular - CAMPO Botafogo
www.campo.org.br
Apoiar grupos populares, fortalecendo a organização comunitária como força transformadora que contribui para ampliar a cidadania e melhorar a
qualidade de vida. Atuante em Educação, Meio Ambiente e Fortalecimento de outras ONGs/ Movimentos populares.
Associação De Proteção A Rua Dr. Macário Picanço, 825 - Tel. (21) 2609.8573
37 Ecossistemas Costeiros - Maravista - Itaipu -
APREC CEP: 24342-330 / Niterói
Proteger a fauna e flora marinha, restingas, dunas, praias, recifes de corais, estuários, manguezais, lagos e lagoas, a floresta atlântica, trabalhando pela
conservação e uso sustentável dos ecossistemas costeiros.
41 Gilberto Presidente Colônia Z 11 Avenida Brasil, 8.666, Ramos. Tel.: (21) 2270-5989
Gonçalves (Siri)
Entidade de classe
Roberto Ataíde Secretário Secretaria Municipal de Fazenda Rua Alvares de Castro nº 346 - Tel.: (21) 2637-2052
15. Santiago Fontes Centro
planejamento@marica.rj.gov.br
Rony Peterson Secretário Secretaria Municipal de Rua Domício da Gama nº 262 - Tel.: (21) 2637-3979
16. Dias transportes Centro
transporte@marica.rj.gov.br
Luciézio de Presidente Associação Comercial de Maricá R. Ribeiro de Almeida, 36 Tel.: (21) 2637-3819
18. Almeida Melo Centro, Maricá - RJ
acmarica@marinter.com.br
Entidade de classe
Dr. Amilar Presidente OAB - Ordem dos Advogados do R. Álvares de Castro, 1029 Tel.: (21) 2637-3614
19. Dutra Brasil Centro, Maricá - RJ
Entidade de classe
AMAI - Associação dos
Avenida Vitória Régia, 215 -
20. Paulo Barata Presidente Moradores e Amigos do Recanto Tel.: (21) 2638-4238
Maricá - RJ, 24900-000
de Itaipuaçu
Entidade de classe
Rua 13 Lto São Bento Lagoa II
Roberto Associação de Moradores e - São Bento Lagoa, Itaipuaçu -
21. Presidente RJ, 24900-000 Tel.: (21) 2638-7611
Santiago Amigos de São Bento da Lagoa
Entidade de classe
Rod. Amaral Peixoto, s/n - Km
Associação de Preservação 21 - São Jose Imbassai Maricá,
22. Flavia Lanari Presidente Ambiental da Lagoa de Marica - RJ - 24900000
APALMA
A empresa Associação de Preservação Ambiental da Lagoa de Maricá, especializada em Associações e Associações de Classe, atua em Maricá, RJ
Yllke Presidente Colônia Z 7 Canto do Prato s/nº - Itaipu - Tel.: (21) 2609-4332 /
23. Cristiano B. Niterói – (22) 8290-6296 / 8783-
Almeida CEP: 24.340-005 7333
Entidade de classe representativa dos pescadores artesanais de Maricá (há um projeto da Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca de Maricá, que a
sede da Colônia Z7 será realocada para o município de Maricá).
Yllke Presidente Associação de Pescadores de Itaipuaçú Rua Raimundo Monteiro, nº Tel.: (21) 82906296 /
24. Cristiano B. 160. Recanto Itaipuaçú. 83681106
Almeida Niterói/RJ;
Entidade de classe
Eduardo Silva Presidente Federação das Associações de End: Sede Provisória Av.
28. Maricá - FAMAR Roberto da Silveira 166 Sala
101 / Centro - Maricá
Entidade de classe
Associação de Moradores e
Rua 36, quadra 300, Lote 01 - Tel.: (21)2638-9058 /
29. Renato Barros Presidente Amigos do Jardim Atlântico -
Jardim Atlântico 9682-5022
AMAJA
Entidade de classe
Associação de Moradores e Rua Quatorze, s/n - São Bento Tel.: (21) 2638-7611
30. Amigos de São Bento da Lagoa - da Lagoa
AMISTA
Entidade de classe
Jean Carlo Presidente Associação de Moradores e Rua Dirceu Fernandes Pinto, Tel.:(21) 2638-4238
31. Vilhena Amigos do Recanto de Itaipuaçu 215
- AMARI
Entidade de classe
Celencina Presidente Associação de Moradores de Rua João Paulo da Costa,
32. Opilar Inoã - AMI 16/17, Liz Maria, Inoã (antiga
Agência dos Correios) / Maricá.
Entidade de classe
Marco Antonio Presidente Sindicato Rural de Marica Parque Eldorado, s/n, Primeiro Tel.: (21) 2637-2561
33.
Cruz Distrito, Maricá, RJ - 24900-000
Entidade de classe
Presidente da
R. Roberto Silveira, s/n Centro,
15. Dr. Telles Comissão de Meio OAB - Saquarema Tel.: (22) 2651-2823
Saquarema - RJ
Ambiente
Entidade de classe
Associação de Moradores e
16.
Amigos de Sampaio Correia
Entidade de classe
Fonte:
FIPERJ /
Em campo
não foi
Associação dos Pescadores
possível
José Newton Artesanais e Amigos da Praia de Av. Oceânica, Nº 190 - Praia de
19. Presidente confirmar
Ferreira Itaúna (pertencente à Colônia Z- Itaúna. Saquarema/RJ;
a
24)
existência
da
Associaçã
o.
Entidade de classe
Coordenadora Geral
subcomite.marica@comitebaia
22. Flávia Lanari (APALMA - sociedade Subcomitê Maricá
deguanabara.org.br
civil)
Subcomitê da Bacia da Região Hidrográfica da Baia de Guanabara - Sistema Lagunar de Maricá-Guarapina
A partir deste mapeamento, foram selecionados os entes que deveriam ser abordados a
priori. Notadamente os representantes dos executivos municipais, bem como os líderes das
Associações de Pescadores, Associação de Pescadores Artesanais de Ponta Negra,
Associação de Pescadores Artesanais de Itaipuaçu, Colônia Z7 e Colônia Z 24, localizadas
nos municípios de Maricá e Saquarema, inclusive como referências aos futuros
desdobramentos das ações de comunicação social do empreendedor com as partes
interessadas.
A abordagem foi realizada por meio de entrevistas qualitativas com a aplicação de roteiro
semiestruturado, conforme comentado anteriormente A seguir são apresentados o Quadro
9.2-63 relativa às entidades visitadas e o Quadro 9.2-64, com o resumo dos dados mais
significativos do levantamento realizado nos Órgãos Públicos municipais, Colônia de
Pescadores e Instituição interveniente ao Projeto Terminal Ponta Negra.
Município de Maricá
Município de Saquarema
Maricá
Geração de Empregos
Saquarema
Gilmar Rocha Magalhães - Secretário Municipal Desfavorável, uma vez que acredita que o
de Meio Ambiente empreendimento não trará nada de vantajoso ao
município de Saquarema.
Segundo o secretário, a região tem uma grande
fragilidade que é referente à ocupação, e com a
migração da mão de obra esse problema irá se
intensificar. Há grande preocupação com a
destruição da lagoa do Jaconé.
Além disso, é uma área preservada que deve ser
protegida, é rota de Baleias e berçário de
Golfinhos e Tartarugas. Salienta a existência de
importante estudo geológico na localidade.
Gostaria de melhores esclarecimentos quanto ao
Projeto todo, visto que não foi contatado pelo
empreendedor para esclarecimentos e
informações.
Valeria Ferreira - Secretaria Municipal de Favorável, com expectativas quanto à:
Planejamento e Controle Interno
Desenvolvimento econômico para o
município
Geração de renda
Empregos
Entretanto, vê potencial degradação ambiental
como principal fator negativo da instalação do
Terminal Ponta Negra. Citou o exemplo de
Macaé, que teve crescimento desordenado e
aumento da criminalidade.
Gostaria de mais informações sobre o Projeto.
Matheus A. de Souza Neto - Diretor de Pesca da Não tem opinião formada sobre o
Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca / empreendimento em estudo. Acredita que o
Presidente da Colônia Z24 município poderá lucrar com o aumento da oferta
de empregos, entretanto a atividade pesqueira
ficará prejudicada com as intervenções no mar,
principalmente com a dragagem. Acredita que a
Lagoa de Jaconé irá morrer, uma vez que está
muito próxima do empreendimento em estudo.
Outra expectativa é quanto à poluição ambiental
das águas, o aumento do risco de acidentes com
as embarcações que passarão a circular tanto na
fase de implantação como na de operação do
terminal.
Acredita que possa haver ações positivas que
mitiguem os impactos negativos do Projeto. Com
relação à atividade de pesca artesanal, salienta a
necessidade de projetos conjuntos e
investimentos no desenvolvimento da atividade
de piscicultura e criadouros de mariscos e na
construção de um cais de desembarque em
Maricá.
Salienta a necessidade de se promover interface
com o empreendedor e de mais informações
sobre o Projeto.
Yllke Cristiano B. Almeida - Presidente da Não tem posição,
Colônia Z-7 e Associação de Pescadores Já Ouviu falar sobre os Terminais Ponta Negra,
Artesanais de Itaipuaçu mas apenas o que a população comenta.
Acredita que se houver intervenção, dragagem no
Canal de Ponta Negra e fizer a abertura do canal
de Itaipuaçú, talvez o impacto seja, em parte,
compensado.
Entretanto, a implantação do empreendimento irá
prejudicar a pesca, com intenso tráfego de
embarcações na área destinada a pesca.
Gostaria de maiores esclarecimentos sobre o
Projeto.
*Obs.: Os relatos são apresentados de acordo como foram dados pelos entrevistados.
preocupações similares no que se refere às eventuais impactos sociais e ambientais nos dois
municípios e região.
A seguir, no Quadro 9.2-65, apresenta-se uma síntese das expectativas positivas e negativas
dos atores sociais entrevistados:
Com base nas entrevistas realizadas, concluiu-se que a maior parte dos dirigentes das
instituições públicas municipais entrevistados se colocaram a favor do Projeto Terminal Ponta
Negra, com expectativas quanto à geração de emprego, renda, desenvolvimento e
arrecadação para o município, com ressalvas quanto à degradação ambiental e aumento da
demanda nos equipamentos públicos. As entidades representativas de pescadores ouvidas
se declararam sem opinião sobre o Projeto. Acredita-se que essas posições reflitam o padrão
de comunicação acerca do Projeto em estudo, uma vez que foi unânime nas entrevistas a
necessidade de interface mais próxima e ações de comunicação que sejam mais dirigidas,
que informem e esclareçam os atores sociais intervenientes ao empreendimento.
Foto 9.2-128 - Casa de Cultura de Maricá. Foto 9.2-129 - Câmara Municipal de Maricá.
Foto 9.2-132 - Sede da Secretaria Municipal de Foto 9.2-133 - Sede Secretaria Municipal de
Agricultura, Abastecimento e Pesca de Agricultura Abastecimento e Pesca de
Saquarema. Saquarema.
Foto 9.2-136 - Antigo prédio da Prefeitura Foto 9.2-137 - Sede Secretaria Municipal de
Municipal de Saquarema, atual Casa de Obras e serviços Públicos de Saquarema.
Cultura.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
A região de Niterói reivindicada pelos Guarani está no limite do Parque Estadual da Serra da
Tiririca, cujo traçado foi ampliado com a publicação do decreto estadual nº 41266/08. A área
abriga, segundo depoimentos dos indígenas, o cemitério indígena Duna Pequena, local
ocupado há cinco anos pela tribo. Segundo a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), a
regularização da área é alvo de um processo na Câmara de Conciliação e Arbitragem da
Administração Federal (CCAF). A área está localizada entre a Lagoa de Itaipu e a Praia de
Camboinhas também, e é alvo da especulação imobiliária.
O novo sítio para abrigar esse grupo indígena deve ser instalado entre as praias de Itaipuaçu
e São José, na Área de Proteção Ambiental (APA) da União na Barra, em Maricá. Segundo
informações da FUNAI, a previsão era de que até o final do mês de abril (de 2012) a situação
dos índios estaria resolvida.
a) Considerações Metodológicas
Para a caracterização do objeto de estudo partiu-se da definição da atividade de pesca
presente na Lei da Pesca (Lei nº 11.959/09), conforme seu Art. 8º (ver Anexo XXXII), que a
classifica como comercial (artesanal e industrial) e não comercial (científica, amadora e de
subsistência). No presente capítulo foi desenvolvida a análise da pesca comercial, enquanto
a pesca de subsistência foi incluída no estudo das “Populações Tradicionais, Comunidades
Quilombolas e Indígenas”, apresentado no item 9.1.3.4.C).
Para a realização dos levantamentos diretos, tendo como objetivo diagnosticar o atual
cenário da pesca na região e identificar as principais demandas de seus atores foi aplicado
roteiro de entrevista semiestruturado (Anexo XXXIII) dividido em quatro blocos, a saber: (I)
caracterização da atividade pesqueira e do pescador artesanal, (II) participação e
organização social, (III) percepção sobre o Projeto Terminal Ponta Negra e, (IV) identificação
40
Diagnóstico da Cadeia Produtiva da Pesca Marítima no Estado do Rio de Janeiro - Relatório de Pesquisa, FAPERJ e
SEBRAE, 2009
41 Até o fechamento do diagnostico ambiental da atividade pesca artesanal a Secretaria de Agricultura e Pesca de Maricá não
havia fornecido os quantitativos da atividade.
VERSO
A pesca no Brasil, durante o período colonial, era realizada inicialmente pelos indígenas e
significava a base alimentar das comunidades litorâneas. No Rio de Janeiro era praticada
principalmente nas lagoas litorâneas e nos fundos das enseadas. Por todo litoral do Estado
do Rio de Janeiro, conforme apontam estudos historiográficos pretéritos realizados, os
indígenas da região - os tupinambás - utilizavam canoas, pirogas cavadas em tronco de
árvore e também igapebas (jangadas feitas de paus amarrados), na atividade de pesca,
assim como praticavam a pesca de linha. Com a chegada dos europeus foi introduzida à arte,
a rede. Eles ainda se fixaram ao redor das lagoas, construindo pequenos vilarejos que,
posteriormente, originariam as cidades de Saquarema, Maricá, Itaguaí, Cabo Frio e Macaé.
(BERNARDES, 1950, IN Diagnóstico da Cadeia Produtiva da Pesca Marítima no Estado do
Rio de Janeiro, pág.17).
Segundo bibliografia consultada, consta que até o final do século XIX a sardinha não tinha
importância econômica. As artes de pesca da sardinha eram a tarrafa e o alvitranas - cerco
de emalhar e que se caracterizava como sendo a arte mais empregada. Contudo, nas
primeiras décadas do século XX, a atividade de pesca da sardinha passou a ser desenvolvida
em escala comercial, principalmente na Ilha Grande e na Baía da Guanabara, porém, ainda
com a utilização de técnicas artesanais.
Apenas em 1910, uma rede de traineira trazida pronta por pescadores espanhóis, passou a
ser utilizada em embarcações com uma grande rede de cerco, chamada de traina, nomeando
este modelo de embarcação como traineira. Essas novas embarcações, as traineiras,
utilizavam entre 15 e 20 homens e apresentavam motores mais potentes. Era o início da
pesca nos moldes industriais atualmente conhecidos.
Consta que em 1923 foi realizada a primeira intervenção concreta do Estado brasileiro na
atividade pesqueira, organizando os serviços de pesca e saneamento do litoral, estimulando
a matrícula dos pescadores e sua organização em colônias cooperativas. Procurou-se
desenvolver a instrução profissional, estimulando a fiscalização da pesca predatória,
No Rio de Janeiro, nesse período, foi criado o Entreposto de Pesca da Praça XV. Os
aprimoramentos na atividade advindos da pesca de traineiras trouxeram consigo melhorias
na motorização e equipamentos de apoio que facilitaram a implantação de fábricas de
sardinha em conserva no Estado. Dessa forma, se verificou uma diminuição dos barcos a
remo, que predominavam na região até os anos 1930. Nesta década, foram fundadas
fábricas de enlatamento de pescado (a empresa Rubi, em 1934, e a empresa Coqueiro, em
1937).
Em 1939 foi fundada a Escola de Pesca Darci Vargas, na Restinga da Marambaia. Ainda
nessa década, ampliaram-se as facilidades para a instalação de indústrias, armazéns e de
financiamento (Decreto Lei 291/38), medidas que contribuíram para o forte desenvolvimento
das indústrias do Rio de Janeiro e de Angra dos Reis.
a) Pesca Artesanal
Por meio de entrevistas e aplicação de questionários junto à amostra representativa de
pescadores, foram levantadas, e na sequencia sistematizadas, informações sobre a atividade
pesqueira artesanal, incluindo itens relativos ao esforço pesqueiro, captura e desembarque
por espécies e renda auferida. Os pescadores da Associação de Pescadores Artesanais
Ponta Negra foram reunidos no Canal da Ponta Negra pelo Presidente da Associação, Sr.
Wanderly Costa, onde foram realizadas ou agendadas as entrevistas. Em Saquarema, o
Presidente da Colônia Z-24, Sr. Matheus Alves de Souza Neto, acompanhou as
pesquisadoras aos pontos de desembarque de pescado no entorno das lagoas e reuniu
outros associados na sede da Colônia. Nessas ocasiões os pescadores entrevistados
também foram indagados acerca da percepção ambiental do empreendimento em estudo,
sendo os resultados apresentados em item específico. Foram entrevistados 53 pescadores,
bem como os presidentes das Colônias Z-7 e Z-24 e das associações de pescadores
artesanais de Ponta Negra e Itaipuaçu.
Esforço Pesqueiro:
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
O número de pescadores que atuam por embarcação varia de acordo com o tempo no mar e
a técnica de pesca, comportando de 2 a 6 pescadores por embarcação, dependendo da
localidade, tempo e tipo de pesca que for praticada. Nessas empreitadas as relações de
trabalho são marcadas pela informalidade, observando-se ainda pouco respeito às normas de
segurança e saúde no trabalho, tanto por falta de conhecimento como pela falta de
investimento dos donos das embarcações.
Outra característica da pesca é a relação que o pescador desenvolve com o tempo, como foi
observado nas diversas entrevistas. Eles se consideram “donos de seu tempo” desde que as
condições climáticas permitam, ou seja, pescam ou vão para o mar nos lugares e nos
horários em que a maré ou as correntezas estão mais brandas. Isso é um fenômeno que diz
respeito à possibilidade de um trabalho diferenciado, com lógicas de produção também
diferenciadas em relação a outras atividades. Observou-se, junto a outros agentes da cadeia
produtiva da pesca, especialmente junto a comerciantes, a dificuldade em compreender essa
diversidade e maleabilidade de horários dos pescadores em seu cotidiano, taxando-os de
“preguiçosos” ou como pessoas “que não gostam de trabalhar”. Certamente, essa
interpretação está ligada a uma pré-noção do que seja o trabalho, a partir de uma visão
simbólica e cultural.
Não obstante, a grande maior parte dos pescadores entrevistados (96%) disse ir ao mar pelo
menos uma vez por dia, sendo que destes, 30% vão ao mar duas vezes ao dia e outros 8%,
três vezes ao dia (ver Gráfico 9.2-49).
Gráfico 9.2-49 - Frequências de idas ao mar pelos pescadores. Maricá e Saquarema, RJ, 2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
Foram desenvolvidas pelos pescadores, técnicas de captura e soluções semelhantes para
locais e épocas diferentes e, apesar dos avanços tecnológicos, as ferramentas de captura
continuam sendo conceitualmente as mesmas, com poucas exceções. Os materiais das
diversas ferramentas foram sendo substituídos por outros mais resistentes ou mais baratos,
devendo seu desenvolvimento ser observado em conjunto com o das técnicas de captura As
principais artes praticadas são as da tarrafa, espinhel, linha e anzol em Maricá e, rede, curral,
gancheiro, estaque, boinha, tarrafa, linha e espinhel em Saquarema (ver Anexo XXXIV) onde
é apresentado os apetrechos e as técnicas de pesca empregada).
Quadro 9.2-68 - Relação dos locais de embarque e desembarque de pescado nos Municípios de
Maricá e Saquarema, 2012.
Locais Município
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
Foto 9.2-138 - Saída da embarcação pesqueira Foto 9.2-139 - Embarcação avançando para
do Canal da Ponte Preta, Maricá. alto mar.
Foto 9.2-142 - Embarcações no Canal da Ponta Foto 9.2-143 - Pescador jogando rede no canal
Negra, Maricá/RJ. da Ponte Preta, Maricá/RJ.
Quando indagados se possuíam outra atividade rentável além da pesca, a maioria dos
pescadores artesanais entrevistados (64%), respondeu afirmativamente, conforme pode ser
observado no Gráfico 9.2-50, a seguir.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Não obstante, a atividade pesqueira ainda é a principal fonte de renda da maioria dos
pescadores entrevistados apesar de, segundo eles, não se tratar de uma atividade lucrativa.
Por esse motivo os pescadores artesanais necessitam de “auxílios” como o seguro-defeso,
bem como de migrar para outras atividades para complementar a renda necessária para a
subsistência familiar. Para 96% dos pescadores artesanais entrevistados, a renda mensal
familiar média é de até três salários mínimos, como pode ser observado no Gráfico 9.2-52a
seguir.
Gráfico 9.2-52 - Renda familiar dos pescadores, Maricá e Saquarema, RJ, 2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
Em resposta à pergunta se era possível viver somente da pesca, apenas aqueles que não
desenvolviam atividades paralelas responderam positivamente (ver Gráfico 9.2-53 a seguir),
devendo-se observar que eles representam uma parcela importante dos pescadores
entrevistados, aproximadamente uma terça parte.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
Produção Pesqueira
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012.
Não foram localizados dados oficiais relativos ao volume médio do pescado capturado nos
municípios da AID. Essa quantificação, quando existente, geralmente é feita nos locais de
42
Diagnóstico da cadeia produtiva da pesca marítima no Estado do Rio de Janeiro: relatório de pesquisa / organizador Marcelo
Vianna - Rio de Janeiro: FAERJ: SEBRAE-RJ, 2009.
Associação de Pescadores
400 a 500 quilos 300 quilos
Artesanais da Ponta Negra
Colônia Z7 e Associação de
Pescadores Artesanais de 500 a 800 quilos -
Itaipuaçu
Colônia Z24 500 a 700 quilos 150 quilos/dia
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
As fotos a seguir ilustram alguns dos tipos de pescado encontrado nos municípios de Maricá
e Saquarema.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Comercialização do pescado
Na Ponta Negra, em Maricá, existe uma peixaria localizada à beira do Canal da Ponta Negra
que é o principal ponto onde os pescadores locais repassam o pescado, recebendo depois da
venda um percentual do preço de venda. Em Saquarema, o pescado advindo da pesca
lacustre é destinado à Cooperativa de Beneficiamento do Pescado e Pescadores de
Saquarema - COBEPPS, que beneficia o pescado e o encaminha para a merenda das
escolas municipais do Município. O pescado proveniente do mar aberto é destinado ao
CEASA do Rio de Janeiro, cabendo salientar que todos os entrevistados que praticam essa
forma de comercialização se referiram ao fato de que a logística de transporte para o Rio de
Janeiro, realizada pelos próprios pescadores, encarece demasiadamente o preço do produto.
Alguns pescadores relataram ainda comercializar diretamente do barco para o público
consumidor, nos pontos de desembarque ao final da tarde ou pela manhã.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Foto 9.2-154 - Peixaria em Ponte Negra, Maricá. Foto 9.2-155 - Peixaria em Ponte Negra,
Maricá.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Associativismo
No que diz respeito às formas de organização de classe, sabe-se que as colônias foram as
primeiras instituições representativas dos pescadores e, originalmente, foram lideradas por
pessoas sem vínculos culturais com a pesca, como servidores da Marinha, proprietários
rurais, comerciantes e outros profissionais.
30
25
20
15
10
0
ASPEPONE COBEPPS Não Z 11 Z 24 Z7 Z8
Total
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Fonte: Ministério da Pesca, FIPERJ e Levantamento de dados primários em campo realizado entre os
dias 27 de abril a 02 de maio de 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Foto 9.2-162 - Sede da Colônia de Pescadores Foto 9.2-163 - Ponto de encontro dos
Artesanais de Saquarema. pescadores da Associação dos Pescadores
Artesanais da Ponta Negra.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Benefícios
Ainda segundo técnicos da FIPERJ, Maricá consome apenas 5% do peixe pescado em seu
litoral, e a maior parte é vendida para a Central de Abastecimento (CEASA) e mercados
regionais. Para fazer parte do programa, o pescador deve preencher um DAP - Declaração
de Aptidão ao PRONAF, cadastrando-se como produtor através da Associação de
Pescadores local. Só a partir daí, terá direito a participar do programa, que contempla apenas
os pescadores artesanais.
Fonte: Ministério da Pesca, FIPERJ e Levantamento de dados primários em campo realizado entre os
dias 27 de abril a 02 de maio de 2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Entre os benefícios concedidos aos pescadores artesanais, assume ainda relevo o Seguro
Desemprego. Os critérios para sua concessão aos pescadores artesanais foram
estabelecidos pela Resolução CODEFAT 468 (21/12/2005), e são listados a seguir:
43
O período de proibição da pesca, vulgarmente, conhecido como “defeso”, tem como objetivo proteger parte selecionada de um
estoque de grupos de espécies ou de uma dada espécie que se encontra em um período vulnerável de seu ciclo de vida, ou
seja, normalmente, quando estudos ou observações evidenciam ocorrer o pico de desova ou de recrutamento. Recrutamento é o
nome dado ao período em que os descendentes juvenis de uma espécie se juntam aos adultos, agregando-se à biomassa
reprodutiva, e passam a contribuir com a reposição dos estoques (FIPERJ, 2011).
A exigência da Permissão de Pesca vem sendo alvo de críticas, pois sem este documento o
seguro-defeso não é repassado para o pescador artesanal. A maioria das embarcações
atualmente empregadas pela pesca artesanal não tem este documento. Isto se deve ao
desconhecimento da necessidade de renovação anual do mesmo, pelo elevado custo de sua
renovação (para as condições financeiras de algumas pescarias), ou pela construção ilegal
de embarcações, um reflexo claro da grande falta de fiscalização sobre o setor. Sabe-se que
existem casos como a permuta das licenças, consistindo na transferência das licenças de
embarcações inoperantes para as que estão ativas (FAPERJ e SEBRAE, 2009).
1. Regularização Trabalhista
2. Assistência/Desenvolvimento
Social
5. Defesa do Meio Ambiente e
Proteção Animal
6. Outra/ Quebra-mar/
Desassoreamento do Canal
6. Outra/Desassoriamento do
canal
6. Outra/Melhoria do acesso ao
mar (canal)
7. Não Sabe
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
Entre as críticas explicitadas, as mais constantes foram relativas à falta de apoio e incentivo
por parte dos órgãos responsáveis (pesca) e administrações municipais, que deveriam
investir na infraestrutura com a construção de entrepostos para barcos, píeres e demais
estruturas necessárias para a atividade. Entre estas, destacam (i) a ausência de instalações
para guarda e manutenção/reparo dos barcos, que com a ação do clima, acabam se
deteriorando, (ii) a falta de postos de venda para que possam armazenar, limpar e pesar os
peixes, respeitando assim as medidas legais para a venda e, (iii) o assoreamento das lagoas
e, principalmente, dos canais de acesso ao mar que é considerado como forte obstáculo ao
desenvolvimento da pesca artesanal.
continuam ameaçadas e quase não são mais encontradas. Observam nesse sentido que a
pesca industrial não apenas captura os peixes adultos, como também elimina os filhotes. A
existência dessa situação é confirmada por levantamento da Fundação Instituto da Pesca do
Estado do Rio de Janeiro - FIPERJ (2012), segundo o qual o pescado teria diminuído em
função das traineiras que atuam na sobrepesca45 na região.
Essa competição faz com que diversos pescadores artesanais procurem, ainda que a revelia,
outros serviços (construção civil, pintores, vigias, etc.) a fim de complementar a renda
familiar. O motivo, segundo relatado nas entrevistas realizadas, é a “dificuldade em encontrar
o pescado”, pois a região foi tradicionalmente piscosa, observando-se a esse respeito que é
conhecido o fato de que no litoral do estado do Rio de Janeiro ocorre o único fenômeno de
ressurgência costeira, junto a Cabo Frio, fenômeno esse que enriquece com nutrientes a
água superficial, propiciando o aumento na produção de peixes. Adicionalmente, a
característica da costa entrecortada por diversas lagoas costeiras, promove o
estabelecimento de criadouros naturais para peixes e camarões, como identificado em
Araruama, Saquarema e Maricá.
Rotas de pesca
Por ocasião das entrevistas realizadas nas colônias e associações de pescadores uma das
questões trabalhadas foi a caracterização das atuais áreas e rotas preferenciais de pesca.
Para tanto tomou-se por base a Carta Náutica (nº 23000 do Cabo de São Tomé ao Rio de
Janeiro) com a localização do Projeto do Terminal Ponta Negra tendo-se solicitado aos
líderes das entidades e aos pescadores entrevistados que desenhassem as possíveis rotas e
áreas de pesca (ver Quadro 9.2-71 e Mapa 9.1.3-10 a seguir).
Associação de Pescadores Artesanais da Partindo do Canal da Ponta Negra, à direita até a Ilha de
Ponta Negra. Maricá e à esquerda em direção a Saquarema em mar
aberto e nas lagoas de Guarapiné e Jaconé
Colônia Z-7 e Associação de Pescadores Em até 70 metros de profundidade, da Ponta Negra até a
Artesanais de Itaipuaçu. Boca da Barra em mar aberto e no sistema lagunar de
Maricá.
Colônia Z-24. Da saída do canal da Lagoa de Saquarema à direita até a
Ilha de Maricá e a esquerda em direção a Cabo Frio em
mar aberto e nas lagoas que compõem o sistema lagunas
de Saquarema e Araruama.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
45 Sobrepesca é a situação em que a atividade pesqueira duma espécie ou numa região deixa de ser sustentável, ou seja, quanto mais esforço de pesca se utilizar, menores serão os rendimentos, seja do
VERSO
Com base nessas informações é possível observar que a atividade de pesca concentra-se no
entorno da Ilha de Maricá e, em alto mar, desde a Boca da Barra até Cabo Frio. Ademais a
pesca artesanal desenvolve intensa atividade nas lagoas de Maricá, Jaconé, Barra,
Guarapiné e Saquarema.
As áreas de exclusão caracterizam-se por serem regiões ou locais com restrição total ou
parcial à atividade pesqueira no ambiente costeiro-marinho ou oceânico. Nelas o manejo
adota o enfoque ecossistêmico e não voltado à determinada espécie: as pescarias e demais
atividades desenvolvidas são tratadas de forma integrada ao meio. Desse modo
considerando as relações intrínsecas dos ecossistemas como as áreas de berçários, as
trocas de matéria e energia entre os sistemas costeiro e oceânico que condicionam os
processos de migrações reprodutivas sazonais, exportação e importação de ovos, larvas, a
proteção da diversidade de organismos , processos responsáveis pela manutenção do
equilíbrio ecossistêmico. Desse modo, além de garantir e aumentar o rendimento pesqueiro,
contribuem para potencializar outras atividades econômicas, dentre as quais, o turismo
(IBAMA, 2011).
Nos municípios da AID estão atualmente vigentes diversas áreas de exclusão à pesca, que
são apresentadas na Quadro 9.2-72 a seguir, segundo modalidade e localização. No Mapa
9.1.3-11 é apresentada sua localização.
Quadro 9.2-72 - Área de exclusão e/ou restrição, por técnica de pesca, na região sul do Estado
do Rio de Janeiro.
Localização Norma
Todas
Lagoa de Araruama, nos Canais de Comunicação e Fluxo de Maré Portaria n° 110 de 24/9/1997
Emalhe
Arrasto
Cerco
Localização Norma
Armadilha
Subaquáticas
Pesca da Tainha
Mapa 9.1.3-11 - Área de exclusão e/ou restrição, por técnica de pesca, na região Centro
Norte/RJ.
VERSO
b) Pesca industrial
A frota pesqueira considerada industrial, ou empresarial, é composta de subfrotas
especializadas que atuam na explotação de determinados grupos de recursos pesqueiros
formados por uma ou mais espécies afins. Essa frota atua tanto sobre os recursos costeiros
(camarões, lagostas, piramutaba, sardinha, etc.), quanto sobre os recursos considerados
oceânicos, tais como os atuns e afins, peixe sapo, além de outras (Ministério da Pesca e
Aquicultura, 2011). Nessa atividade as embarcações, de mais de 16 metros, possuem uma
maior autonomia e são capazes de operar em áreas mais distantes da costa. Um fator que a
distingue da pesca artesanal é o seu grau de mecanização, além de motores a diesel com
uma potência mais elevada, equipamentos eletrônicos de navegação e detecção (radares e
sonares).
No ano de 2.010 a pesca industrial foi responsável, por cerca de 75% da produção pesqueira
do Estado do Rio de Janeiro, de acordo com as estatísticas disponibilizadas pelos órgãos
oficiais, Ministério da Pesca, SEAP e IBAMA. Como pode ser observado na Tabela 9.1.3-38
na sequencia, a Sardinha (verdadeira, boca-torta e lage) é a principal espécie capturada
(41% do montante desembarcado entre 2002 e 2006), sendo empregada a técnica de cerco.
Apresentam ainda destaque a Cavalinha e o Xerelete (também capturados com a técnica de
cerco), assim como o Bonito-listado, a Corvina, o Albacora-lage e o Peixe Sapo.
Não são disponíveis dados que permitam estabelecer uma relação entre a produção da
pesca industrial e a área em estudo, pois esta se realiza em mar aberto e os municípios da
AID não dispõem de pontos de apoio que pudessem ser utilizados por navios que praticam a
pesca oceânica.
Cabe salientar que a pesca industrial foi uma atividade muito mencionada por pescadores e
representantes de associações e colônias de pescadores, sendo que 89% dos pescadores
entrevistados disseram que a pesca industrial é intensamente atuante na região. De acordo
com o observado em campo, a maior parte dos barcos de pesca industrial é proveniente de
municípios cariocas tais como Agra dos Reis, Niterói e São Gonçalo, além de outros Estados,
como Santa Catarina (Itajaí) e Espírito Santo (Vitória).
Gráfico 9.2-60 - Presença constante de embarcações de pesca industrial nos municípios da AID
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos.
c) Síntese
As técnicas artesanais de pesca - geralmente não proporcionam muitos ganhos no mercado,
pois em sua maioria são rudimentares para os padrões de modernidade dos barcos
pesqueiros atuais. Enquanto processo de trabalho, a pesca artesanal encontra-se em
contraste com a pesca industrial por ter características bastante diversificadas, tanto em
relação ao hábitat e estoques pesqueiros que exploram, quanto à técnica de pesca que
utilizam. Essa atividade atua nas capturas com o objetivo comercial, associado à obtenção de
alimento para as famílias dos participantes, com o concurso predominante do trabalho
familiar, ou do grupo de vizinhança. Tem como fundamento o fato de que os produtores são
proprietários de seus meios de produção (redes, anzóis etc.). A embarcação da pesca
artesanal, não é exclusivamente um meio de produção, mas, também, de deslocamento. O
proprietário da embarcação é, normalmente, um dos pescadores que participa, como os
demais, de toda a faina de pesca. Porém, é também significativa a interferência de
intermediários, o que, na maioria dos casos, resulta na apropriação, pelos mesmos, de
grande parte da renda dos pescadores.
a) Metodologia
A pesquisa sobre percepção ambiental da população foi realizada no Município de Maricá,
nos domicílios particulares permanentes46 e domicílios particulares permanentes de uso
ocasional47 localizadas nos setores censitários do entorno da área prevista para a
implantação do Terminal Ponta Negra - TPN, bem como junto aos pescadores artesanais
vinculados à Associação de Pescadores Artesanais de Ponta Negra e Colônia Z24.
46 Domicílio particular permanente: É o domicílio que foi construído a fim de servir exclusivamente para habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de
47 Domicílio particular permanente de uso ocasional: É o domicílio particular permanente que servia ocasionalmente de moradia na data de referência, ou seja, era o
domicilio usado para descanso de fins de semana, férias ou outro fim, mesmo que, na data de referência, seus ocupantes ocasionais estivessem presentes.
como acerca do empreendimento. O roteiro foi dividido em cinco blocos, a saber: (I) Dados
Pessoais, (II) Infraestrutura Local - Residência, (III) Terminal Portuário Ponta Negra, (IV) Meio
Ambiente e (V) Organização Social (ver Anexo XXXIII). Já o roteiro destinado à população
veranista, foi dividido em dois blocos, a saber: (I) Dados Pessoais e (II) Percepção ambiental
do Terminal Portuário Ponta Negra. A percepção dos pescadores foi levantada através de
instrumento de caracterização da pesca artesanal anteriormente apresentada no item 7.4.3.2
- Caracterização da Atividade Pesqueira, do presente estudo.
Por meio da sistematização dos dados coletados foi construído um painel com o registro das
manifestações dos entrevistados acerca das condições ambientais atuais, das possíveis
vantagens e desvantagens do TPN e das potenciais ações a serem desenvolvidas, bem
como de seu grau de informação e principais dúvidas.
Conforme observado na abordagem demográfica da AID, nela estão sediados 1,83% do total
de domicílios do estado do Rio de Janeiro, sendo que essa proporção se eleva para 8,99%
no que se refere a domicílios de uso ocasional (residências secundárias) marcando uma forte
especialização local. Internamente à AID, apenas 58,7% dos domicílios são de ocupação
permanente, contra 30,7% de uso ocupacional e outros 11,7% vazios. Nos setores
censitários do entorno do local previsto para implantação do TPN, que abrange o núcleo
urbano do distrito de Ponta Negra e seus prolongamentos, a especialização em loteamentos
para residências secundárias é ainda mais intensa, como pode ser observado no Quadro
7.4.3/1 a seguir. Esses setores censitários sediam 12,3% do total de residências do Município
de Maricá e mais de 29% daqueles de uso ocupacional, de forma que 62,1% desses
domicílios são de segunda residência.
Setores
Censitários do
Entorno 8.264 2.588 31,3 5.133 62,1 543 6,6
Entorno/Maricá 12,28% 6,05% 29,23% 7,82%
Fonte: Censo 2010, IBGE. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
podendo-se observar Mapa 9.1.3-9 a seguir, os locais onde foram realizadas as entrevistas
qualitativas de percepção ambiental e, no Gráfico 9.2-61 a sua frequência.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
b) População Permanente
Para a população local com residência permanente foi realizado um total de 50 entrevistas,
onde se buscou um equilíbrio segundo gênero e variância etária como pode ser observado
nos Gráfico 9.2-61 e no Gráfico 9.2-62 a seguir.
Feminino
48%
52% Masculino
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
25
20
15
Total
10
0
13 a 18 19 a 29 30 a 39 40 a 49 50 anos ou
anos anos anos anos mais
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Em sua maioria os entrevistados revelaram como profissão a de dona de casa (“do lar”),
seguido por prestadores de serviços domésticos e comerciantes. As profissões de pedreiro e
professor também apresentam frequências mais significativas, conforme pode ser observado
no Gráfico 9.2-64.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Em relação ao projeto em estudo, 44% dos entrevistados já ouviu falar do TPN, entretanto,
com poucas informações oficiais sobre o assunto. Acreditam que a instalação do terminal
poderá gerar empregos e desenvolvimento na região, mas em contrapartida acabará com a
tranquilidade local. Acreditam, quanto a esse aspecto, que com a chegada do “porto” haverá
maior número de pessoas de fora, podendo gerar aumento da violência, criminalidade e
sobrecarga nos equipamentos públicos já deficitários, tais como saúde e transporte. Muitos
citaram o exemplo de Macaé, que teria sido um local calmo e hoje em dia apresenta índices
de violência altos.
Quando indagados se acreditavam que o TPN poderia causar danos ambientais ao meio e à
população do município, disseram que sim: 44% ao primeiro caso e 42% ao segundo,
consoante apontam o Gráfico 9.2-67 e o Gráfico 9.2-68 a seguir.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Em resumo pode-se concluir que a população residente tem muitas expectativas com relação
ao projeto do TPN. Acreditam que sua instalação poderá trazer desenvolvimento regional,
oportunidade de emprego. Entretanto, temem que o município seja onerado em seus
equipamentos públicos com o advento da migração de mão de obra, trazendo assim também
o aumento da violência e criminalidade.
c) População Veranista
No que diz respeito à população veranista, os bairros onde se focou o esforço de campo
foram os da Ponta Negra e Jaconé, tendo-se identificado que a grande maioria dos
entrevistados tem a primeira residência no Município do Rio de Janeiro, seguido de São
Gonçalo, Niterói e Mesquita, como mostra o Gráfico 9.2-69 a seguir.
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Maricá Mesquita Niterói Rio de São Gonçalo
(Itaipuaçu) Janeiro
Total 5% 5% 5% 68% 18%
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Total
4
1 1 1 2
1 1 3
1 1 1 1 1 1 1 1
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
A maioria (77%) dos entrevistados já sabia sobre o projeto de implantação do TPN, tendo
tomado conhecimento através das mídias e pelas informações não oficiais que circulam pela
cidade. Em sua maioria afirmaram carecer de maiores informações/informações fidedignas,
pois não conseguem formar uma opinião sobre o assunto justamente por esse motivo. Com
essa ressalva, acreditam que o Terminal Ponta Negra poderá trazer danos ambientais para a
região. A maioria vê a poluição como principal problema, seguido da possibilidade de
acidentes, favelização e potenciais danos tais como, desmatamento na serra, vazamento de
óleo, grande circulação de navios causando problemas no mar, entre outros, conforme
apresentado no Gráfico 9.2-72 a seguir.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
d) Pescadores Artesanais
Durante a realização das entrevistas foi possível perceber por parte dos pescadores
artesanais um sentimento de exclusão do ambiente que sempre entenderam como sendo
deles, e onde acreditavam “viver em harmonia com a natureza”. Citam que com a possível
chegada do empreendimento, as perdas se potencializarão e dizem ainda acreditar que se o
Poder Público e a iniciativa privada se unissem e investissem em melhorias, tanto sociais
quanto trabalhistas, poderiam manter a tradição da pesca artesanal viva.
Destaque também para a carência de informações, pois apesar de 89% dos entrevistados
declararem conhecer o Projeto, todos solicitaram informações oficiais mais detalhadas,
conforme demonstrado no Gráfico 9.2-74.
Fonte: Levantamento de dados primários em campo realizado entre os dias 27 de abril a 02 de maio de
2012. Elaboração: ARCADIS logos. 2012.
As dragagens em especial foram apontadas como forte desvantagem, pois para muitos
pescadores essa atividade faz muito barulho, espanta os peixes, altera o ecossistema e não
deixa espaço disponível para que possam pescar, além de poder causar maior assoreamento
da ponta do Canal.
Uma sugestão bastante reiterada pelos entrevistados foi a de que o empreendedor (assim
como outras empresas que vierem a se instalar na região), além de fornecer cursos de
capacitação, invista, por exemplo, no apoio técnico na área da piscicultura, que seria benéfico
tanto para os pescadores quanto para o próprio empreendedor, uma vez que os produtores
iriam fazer “propaganda da empresa”. A seguir, no Quadro 9.2-74, foram sistematizados os
principais questionamentos e dúvidas, bem como as principais expectativas dos pescadores
artesanais com relação ao empreendimento em estudo.
Como síntese dos levantamentos realizados pode-se observar que de um modo geral todos
os públicos abordados - população residente, veranistas e pescadores artesanais, têm
expectativas positivas e negativas quanto ao empreendimento.
Foto 9.2-164 - Entrevista com Moradora e Foto 9.2-165 - Entrevista com Moradora e da
comerciante de Jaconé, Maricá. Vila Vital, Maricá.
Foto 9.2-166 - Entrevista com Pescadores Foto 9.2-167 - Entrevista com Pescador dono
Artesanais da Ponta Negra, Maricá. da “Peixaria da Titia” na Ponta Negra, Maricá.
Foto 9.2-168 - Entrevista com Veranistas da Foto 9.2-169 - Entrevista com Pescador
Ponta Negra, Maricá. Artesanal de Saquarema.
Foto 9.2-172 - Entrevista com morador da Foto 9.2-173 - Entrevista com Pescador/da
Vila Benedito, Maricá. Cooperativa de Beneficiamento de Pescado
de Saquarema.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Fonte: ARCADIS logos, 2012.
Foto 9.2-174 - Entrevista com Pescador Foto 9.2-175 - Entrevista com Pescador
Artesanal de Saquarema. Artesanal de Itaúna, Saquarema.
Foto 9.2-178 - Entrevista com Morador de Foto 9.2-179 - Entrevista com Moradora de
Bananal, Maricá. Bananal, Maricá
Foto 9.2-180 - Entrevista com Veranistas de Foto 9.2-181 - Entrevista com Veranistas de
Jaconé, Maricá. Jaconé, Maricá.
Foto 9.2-182 - Entrevista com moradores de Foto 9.2-183 - Entrevista com pescador
Ponta Negra, Maricá. artesanal de Ponta Negra, Maricá.
a) Introdução
O Patrimônio Cultural Brasileiro é definido pela Constituição Federal do Brasil de 1988 como:
Art. 216 - Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial,
tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação,
à maioria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se
incluem:
(...); Parágrafo V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico,
artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
Entre os instrumentos legais federais que regem a proteção ao patrimônio cultural podem ser
citados os seguintes atos:
b) Conceituação e metodologia
Este diagnóstico compreende a pesquisa e análise de diferentes aspectos culturais das áreas
de influência do empreendimento, levantados a partir de fontes secundárias e primários.
A coleta de dados para a elaboração dos contextos arqueológico e histórico regional foi
desenvolvida para a Região dos Lagos de forma a abranger a Área de Influência Indireta do
empreendimento.
Tal abrangência se justifica pelo enfoque aqui pretendido, pois neste estudo se busca
caracterizar os diferentes contextos histórico-culturais e socioeconômicos relacionados à
Além disso, se procura associar o contexto ambiental à mobilidade e ocupação humana pré-
colonial, considerando-se que os elementos geoecológicos da paisagem desempenham
papel predominante na avaliação de potencialidade e fragilidade para a ocorrência de bens
arqueológicos.
O Terminal Ponta Negra - TPN foi projetado em uma região que historicamente presenciou
diferentes ciclos econômicos que resultaram em expressivas modificações no ambiente
natural e também nos aspectos socioeconômicos e culturais das populações ali instaladas.
Com relação ao potencial arqueológico de uma área, este pode ser definido como a
probabilidade de ocorrência de vestígios culturais materiais que apresentem significância
para um dado contexto. Poderá variar quanto ao contexto histórico e ambiental, como
também em relação aos diferentes padrões de assentamentos humanos.
busca dos testemunhos que possam ter subsistido na forma de bens patrimoniais
historicamente relevantes.
Levantamento Bibliográfico:
Porções da AID mais próximas à área para a qual foi planejada a implantação do Terminal
Ponta Negra foram visitadas, com o objetivo de se identificar a presença de possíveis bens
patrimoniais.
Especificamente para a área do projeto, foi realizado caminhamento sistemático nos locais
com melhor acesso e visibilidade do solo, ou seja, levantamento oportunístico de caráter não
interventivo.
Também foi efetuado um levantamento nas páginas eletrônicas oficiais das prefeituras
integrantes da AII, em busca de bens não tombados em nenhuma das esferas, mas
identificados localmente como de importância histórica e/ou cultural.
Ressalta-se que essa etapa não esgota a coleta de informações acerca do Patrimônio
Material desta região, apenas aponta uma abordagem inicial que deverá ser aprofundada,
sobretudo no que se refere às áreas de impacto direto do empreendimento.
Essa região é formada atualmente por três complexos lagunares: Araruama, Saquarema e
Maricá. Pesquisas arqueológicas e ambientais demonstram que haviam outras lagoas e
lagunas de dimensões variadas, mas que secaram conforme as variações do nível do mar.
Essas paleolagoas forneciam recursos alimentares (peixes e gastrópodes) e davam suporte
para as populações sambaquieiras da região. Essa ideia foi atestada na identificação e
escavação de sítios arqueológicos nas margens das paleolagoas, associadas às populações
sambaquieiras (KNEIP 2004; GUIMARÃES 2007). Não obstante, os complexos lagunares e o
bioma que os envolve criaram condições para que populações humanas pretéritas se
estabelecessem na região devida á abundância de recursos e o seu fácil acesso aos
mesmos, permitindo uma variedade de contextos de exploração do meio, bem como na
variabilidade de sua cultura material (BELTRÃO, 1978; KNEIP, 1994, 1997; GASPAR et al,
2004; GUIMARÃES, 2007).
Nos sambaquis da Região dos Lagos, onde são encontrados vestígios de populações pré-
cerâmicas, o material arqueológico foi classificado em duas tradições: Macaé e Itaipu. A
Tradição Macaé é caracterizada por uma grande incidência de lascas e artefatos elaborados
em quartzo, além de uma menor presença de artefatos em ossos faunísticos (MENDONÇA
DE SOUZA e MENDONÇA DE SOUZA, 1981/1982). Esses grupos possuíam uma economia
baseada na coleta de moluscos e os sambaquis estão instalados em distâncias variadas da
costa e em pontos de baixa altitude e a sua formação está correlacionada com o acúmulo de
lixo. Sua ocupação varia entre 7800 anos AP até 3900 anos AP (DIAS Jr.,1969b;
GUIMARÃES, 2007).
Fase A: caracterizada por artefatos ósseos como pontas de projéteis, furadores, afiadores,
contas de colares, pingentes e outros utensílios associados às atividades de caça e pesca.
Dentre os artefatos líticos foram identificados seixo pintado, batedor, polidor, raspador, faca,
pingente e adorno feitos em bloco, seixo ou lasca de quartzo ou gnaisse. Não obstante,
também são encontrados artefatos e adornos feitos em conchas, como raspadores, furadores
e pingentes. Esses grupos possuíam uma dieta alimentar baseada no consumo de vegetais e
moluscos, complementados pela caça e pesca. Os sambaquis estão localizados em
manguezais e lagoas paradas ou de pouco movimento em regiões interioranas. A sua
ocupação varia entre 4260 anos AP e 3010 anos AP (Dias Jr., 1977, 1992; MENDONÇA DE
SOUZA e MENDONÇA DE SOUZA, 1981/1982; MACHADO, 1992).
Após esses 6500 anos de ocupação sambaquieira, o atual território do estado do Rio de
Janeiro testemunha a chegada de grupos ceramistas, associados à Tradição Una, por volta
de 1430 anos AP. Essa tradição cerâmica pode ser encontrada em várias regiões do estado
de Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro e em alguns pontos do Centro-Oeste
brasileiro (PROUS, 1992; MACHADO, 1992). No estado do Rio de Janeiro está localizada no
norte do estado, no baixo e médio rio Paraíba e na região serrana (GUIMARÃES, 2007). Essa
tradição cerâmica é representada no estado por duas fases: Mucuri (presente na região
serrana) e Una (região litorânea). Ou seja, na Região dos Lagos é encontrada somente a
fase Una e esta se estende desde o município de Saquarema até a região de Macaé,
podendo ser encontradas nas camadas mais recentes de alguns sambaquis e em sítios
habitações (GASPAR et al, 2004).
A fase Una ainda não foi objeto de um estudo mais aprofundado, mas escavações realizadas
no sítio Grande do Una (ou Rio Una II) na década de 1960 permitiram uma caracterização
preliminar dos vestígios materiais (GUIMARÃES, 2007). A cerâmica é simples (sem
decoração) e podem ser classificadas em dois tipos: uma com espessura fina e tempero de
areia fina, de coloração enegrecida e com presença de alisamento da superfície; e outra,
mais espessa, de coloração laranja avermelhada e tempero de areia média com grãos
grosseiros. Entre os artefatos cerâmicos foram encontrados três pesos de rede. Quanto à
indústria lítica, o que mais chama a atenção é a tecnologia bipolar em quartzo, presentes em
lascas ultrachatas, lascas agulhas, lascas corticais “gomo de laranja” e núcleos colunares. A
sua ocupação ocorreu entre 890 e 920 anos AP (DIAS Jr., 1969a; GASPAR et al, 2004;
CORDEIRO, 2004; GUIMARÃES, 2007).
Figura 9.1.3-28 - Peso de rede feita em cerâmica (fase Una). Autoria de: E. Pinheiro.
Apesar das escassas pesquisas sobre a fase Una, acredita-se que o seu deslocamento para
o litoral esteja associado às migrações das populações serranas (fase Mucuri), atraídas pela
oferta de recursos de subsistências propiciados pelo litoral (MACHADO, 1995; GUIMARÃES,
2007). Esse trânsito populacional dos grupos ceramistas da Tradição Una estaria ligado à
movimentação de populações falantes do tronco linguístico Macro-Jê, associando a fase Una
aos ancestrais dos Puri e a fase Mucuri aos Goitacás (DIAS Jr. e CARVALHO, 1980; PROUS,
1992), ambos habitantes históricos do estado do Rio de Janeiro (NIMUENDAJÚ, 1981).
Em um período mais tardio, á partir de 1150 anos AP até a chegada dos exploradores
europeus, temos a presença de grupos ceramistas associados à Tradição Tupiguarani,
representado pelos grupos falantes do tronco linguístico Tupi. Conforme Dias Jr.(1977), essa
tradição cerâmica no Rio de Janeiro pode ser classificada em 5 fases distintas: a mais antiga,
Fase Guaratiba (1150 anos AP); Fase Ipuca (750 anos AP); Fase Sernambitiba (570 anos
AP); Fase Itaocara (550 anos AP) e Fase Itabapoana (350 anos AP) (DIAS Jr., 1969b;
SIMÕES, 1972; MENDONÇA DE SOUZA, 1995). Estudos recentes contestam a antiguidade
dessas ocupações da Tradição Tupiguarani demonstrando que ela pode ser muito mais
antiga, recuando 3000 anos AP, através de estudos antracológicos no município de
Araruama (MACÁRIO et al, 2009; BEUCLAIR et al, 2009).
comuns os sítios com áreas de 2.000 a 10.000 m². São caracterizados, ainda, por
apresentarem áreas com manchas de solo antropogênico - manchas pretas, nas quais há
adensamento de vestígios materiais.
Conforme a classificação de Dias Jr. (1975), a cidade do Rio de Janeiro seria a área
fronteiriça entre as duas fases, sendo que a fase Parati seguiria para o sul e a fase Calundu
para o norte. No Complexo Lagunar de Araruama foram identificados 10 sítios da fase
Calundu e, assim como para a Tradição Una e Tupiguarani, há ocorrências desses vestígios
sobre os sambaquis (MENDONÇA DE SOUZA, 1978).
A palavra Maricá, de acordo com várias referências bibliográficas, tem sua origem pautada
em dois possíveis significados: o primeiro, proveniente da língua Tupi - Mari (espinheiro) +
cáa (mato) - sugerindo o sentido de "terra de espinhos" ou "terreno espinhento"; e o segundo,
a uma planta cuja estrutura de semente produz, se balançada, sons análogos ao maracá -
que é como os indígenas chamavam o chocalho utilizado nas cerimônias religiosas (Oliveira,
2005).
A área que se supõe ter existido às margens desse canal encontra-se totalmente seca, mas
nela foram encontrados materiais arqueológicos representados por fragmentos de louça
portuguesa, atestando a presença antiga do colonizador.
Antes da chegada do europeu, a zona de lagunas e enseadas que se estendia de Angra dos
Reis a Cabo Frio era ocupada pelos Tamoios, enquanto que nas planícies e restingas viviam
os Goiatacaz. O Museu Virtual de Maricá tem a guarda de muitas peças desses grupos
humanos, obtidas em pesquisas arqueológicas realizadas na região.
O início do povoamento oficial de Maricá data da segunda metade do século XVI, quando a
Coroa Portuguesa percebe a necessidade de defender o litoral brasileiro das diversas
investidas estrangeiras interessadas em explorar o pau-brasil. Os constantes embarques de
franceses na região, que tinham os Tamoios como aliados, fez com que Portugal adotasse
medidas colonizadoras para garantir a posse das novas terras. D. João VI ao decretar o
regime das Capitanias Hereditárias, distribuiu a primeira sesmaria em Maricá no ano de 1574
a Antônio Mariz. Pela orla da Lagoa de Maricá até Inoã, fixando-se no bairro em São José do
Imbassaí, surgem os primeiros elementos de formação de um povoado (Oliveira, 2005).
Henrique Araújo, todas situadas na faixa litorânea de Itaipuaçu e às margens da Lagoa. José
de Anchieta partira da Aldeia de São Barnabé, em Cabuçu, com destino à Lagoa de Maricá,
transpondo a serra de Itatendiba na companhia do padre Leitão e numeroso grupo de índios
(IBGE, 1948).
Entretanto, a região destes primeiros núcleos de povoamento foi vitimada pela “febre
palustre” - malária, o que repercutiu negativamente nas atividades econômicas ali
desenvolvidas, tanto pelos sitiantes da Fazenda São Bento como dos colonos rurais das
sesmarias. Aos poucos, muitos de seus habitantes deslocaram-se para a outra margem da
lagoa, de clima mais saudável, onde as bases de povoamento foram mais promissoras e de
onde se originou a Vila de “Santa Maria de Maricá” (em homenagem a rainha D. Maria I),
elevada a esta categoria em 1814. O Alvará dava como termo:
Em 1820 - Alvará de 3 de julho - D. João VI institui mais alguns ofícios de justiça necessários
para compor o quadro da justiça e melhorar a administração, que haviam sido omitidos no
Alvará anterior de constituição da vila de Santa Maria de Maricá. Com a independência em
1822, a Câmara de Maricá presta juramento a primeira constituição.
Em 1833 a Vila Santa Maria de Maricá é desanexada da Vila Real da Praia Grande, a qual
fora anexada em 10 de Maio de 1819. Em 12 de agosto de 1834, são demarcados novos
limites territoriais à Vila, em vista da Província do Rio de Janeiro ter ganhado organização
autônoma e a cidade de Niterói passando a ser sua capital. Em 1889, a Vila Santa Maria de
Maricá é elevada à categoria de cidade.
Povoamento
As medidas adotadas por Portugal para a expulsão das tropas francesas, que invadiam o
litoral do Rio de Janeiro e Cabo Frio para extração do pau-brasil, repercutiu na ocupação de
Maricá e Região dos Lagos antes mesmo de seu povoamento oficial que ocorreria na
segunda metade do século XVI. Muitos dos que foram perseguidos pela Coroa Portuguesa
em função de se aliarem aos franceses, fugiram do Rio de Janeiro e de Cabo Frio
estabelecendo-se na faixa da restinga compreendida entre estas duas regiões (Maricá):
chegavam através da faixa arenosa e às margens das lagoas viviam da pesca por ser a
região dotada de abundante e variado pescado. Esses primeiros agrupamentos eram
Depois dessa ocupação espontânea, tem início o povoamento oficial do território de Maricá
com a distribuição de sesmarias localizadas estrategicamente na costa para defender o litoral
brasileiro das invasões. Os nobres e vassalos premiados com as doações de terras deveriam
torná-las produtivas para a Coroa. As “febris” solicitações de sesmarias por parte dos que
tinham alguma influência junto ao Poder Metropolitano dariam origem aos latifúndios. Embora
as concessões fossem entregues a pessoas de destaque e com posses suficientes para
construir seus engenhos e currais, muitos as passavam adiante, como aconteceu também em
Maricá. Além dos sesmeiros, muitas terras foram ocupadas sem nenhum título oficial: alguns
desses posseiros chegaram a perder tudo que haviam construído ou plantado quando
aparecia o sesmeiro com direito à posse da terra; outros se tornariam poderosos
personagens que permaneceriam em situação definitiva - terras que não eram medidas e
nem demarcadas, e se alargavam dando origem a inúmeros conflitos e reclamações. O
conflito em torno de demarcações não se dava apenas com posseiros, mas também com as
sesmarias, pois seus limites demarcatórios eram vagos, na maioria das vezes. Os registros
históricos sobre essas demarcações dão conta de como eram genéricos os limites
estabelecidos das sesmarias, tônica de conflitos que perdurou o período colonial e que
Maricá também foi palco (SOCHACZEWSKI, 2004).
Até 1830, as concessões em Maricá foram feitas de maneira profusa. Da primeira sesmaria
de Maricá, concedida a Antonio Mariz em 1574 (hoje Itaipuaçu), até 1750, registram-se as 35
mais importantes sesmarias, a maioria acompanhando a orla da lagoa de Maricá atingindo
Inoã e Itaipuaçu, onde foi construída, em 1687, a primeira capela da região, dedicada a
Nossa Senhora do Amparo. Desta data (1750) até 1830, mais 37 sesmarias foram doadas.
Os registros constam dos antigos cartórios (Cartório do Tabelião Antonio Teixeira de
Carvalho), nas publicações do Arquivo Nacional e Anais do Arquivo Nacional
(SOCHACZEWSKI, 2004).
Os primeiros séculos de Maricá foram marcados, como em outras regiões, pelos grandes
domínios rurais. Os pequenos proprietários, inexpressivos economicamente nesses primeiros
tempos, ganhariam espaço e projeção na vida rural somente a partir do início do século XIX,
principalmente após a proibição do tráfico negreiro e o fim da escravidão. O comércio era
reduzido - os poucos negociantes que exerciam o comércio limitavam-se as áreas de
pescadores, pois o grande proprietário rural mantinha seu próprio estabelecimento destinado
a suprir todos os sitiantes dos artigos necessários a sua sobrevivência. Embora houvesse
escassez de alguns artigos, os centros rurais viviam com significativa fartura, enquanto nas
bordas do litoral prevalecia a precariedade.
Desenvolvimento econômico
Em novembro de 1778, o senhor de engenho Miguel Antunes Ferreira emite relatório que
dava conta “da existência de cinco fazendas, que utilizavam 120 escravos na produção de 96
caixas de açúcar e 57 pipas de aguardente.” Do relatório, segundo Figueiredo (1953), não
constava outras importantes propriedades, como a Fazenda de São Bento, fundada pelos
frades beneditinos em 1635 nas imediações de São José de Imbassaí, que ao lado de outras
propriedades rurais adquiridas pelos religiosos formavam um único latifúndio que resistiu até
o século XX (FIGUEIREDO, 1953).
Ao lado das plantações de cana que existiam em Maricá (porém sem grandes engenhos
centrais) foram também cultivados a mandioca, o milho, o feijão e pequenas quantidades de
arroz. Ganhou força a partir de 1768, o “cultivo do anil” em razão de incentivos dados pelo
governo do vice-rei Marquês do Lavradio. As plantações da espécie vegetal de onde se
extraia o corante eram realizadas de Maricá até Cabo Frio, e os registros apontam bons
ganhos com o produto. Desde 1642, o cultivo do anil havia sido autorizado pela Coroa
Portuguesa em terras que não fossem apropriadas à cultura da cana.
Carta marca o fim do Pacto Colonial, do monopólio português. Ficava determinada a livre
exportação dos produtos coloniais e a revogação da legislação monopolista, a não ser no
caso do pau-brasil, do sal, salitre, entre outros gêneros estancados. A implantação do Estado
Absolutista português no Brasil mudaria a face da Colônia. Instalada no Rio de Janeiro, a
Corte montou sua estrutura administrativa de caráter metropolitano com órgãos que
anteriormente só existiam em Portugal (ALENCAR, 1979).
Não é à toa que a indústria açucareira em Maricá e em todo o território fluminense intensifica-
se no fim do séc. XVIII e início do século XIX. As áreas territoriais de plantações de cana
ampliam-se, fazendas e pequenos engenhos são criados. Até negociantes, que nessa época
haviam aumentado em número, auxiliam os empreendimentos menores. Muitos que não
possuíam engenhos próprios cultivavam a cana e a moíam nos engenhos senhoriais. O
período coincide com o declínio da cultura do anil e o começo das plantações de café na
região (FIGUEIREDO, 1953).
Entretanto, em meados do século XIX, o Brasil perde a primazia da cana para outros países
também produtores. As razões para esse declínio, segundo vários historiadores estariam
relacionados, principalmente: à nossa posição geográfica, as técnicas rudimentares
empregadas na produção, e no avanço europeu de extrair o açúcar da beterraba. Essa nova
conjuntura imprimiu transformações na indústria açucareira sendo que em muitas regiões ela
sobrevive graças às técnicas de modernização empregadas. Mas, em Maricá a tendência foi
de abandonar a produção canavieira e substituí-la por outros produtos ou cultivos.
Um produto que se manteve em bom ritmo comercial em Maricá foi o carvão que fez parte
das atividades dos pequenos lavradores e de sitiantes agregados nas fazendas. A cidade de
Niterói era o grande escoadouro dessa produção, como de outros gêneros alimentícios.
O que se observa em Maricá, neste período de final do séc. XIX e início do séc. XX é a
desagregação de muitas grandes propriedades e a intensificação da pequena lavoura que
Cabe ressaltar uma questão peculiar à Maricá que influenciou sobremaneira a forma de seu
desenvolvimento: as dificuldades de comunicação. Até o final do século XIX, a cidade não
dispunha de nenhuma via de comunicação e todo o transporte de mercadorias era feito por
tropas de mulas seguindo caminhos pelas restingas e serras que cercam a quase totalidade
de seu território. O problema é apontado como “cruel” por Figueiredo:
“Acreditamos que não haja neste Estado outro município nas condições do
de Maricá, completamente isolado dos demais territórios por um especial
sistema orográfico, que o circunda de um extremo a outro, deixando somente
livre a única passagem na extrema faixa de restinga que acompanha o
oceano para as bandas do levante. Também não tem rios provenientes de
outros municípios, em, tão pouco, para outros envia os seus. Todas as suas
águas surgem no seu território e o atravessam indo lançar-se nos lagos, com
destino ao mar. E assim se verifica que a única passagem plana por onde
transitavam os tropeiros de antanho e alguns viajantes era a da zona
litorânea, por Ponte Negra, margeando as restingas, em demanda do interior,
caminho de Saquarema e outras regiões vicinais, tendo por término os
povoados de Cabo Frio.” (Figueiredo, 1953)
Fica claro, portanto, as dificuldades com que eram operadas as trocas de produtos e contato
com os centros mais desenvolvidos pelos habitantes de Maricá desde os primeiros tempos de
seu povoamento. A principal via de comunicação do primeiro contato entre Maricá e a
Metrópole era feito pela Serra de Itatendiba, trilhado inicialmente pelos índios e aproveitado
pelos primeiros povoadores. E durante quase três séculos foi a rota principal utilizada por
tropeiros para as transações comerciais entre a região de Maricá e a Capitania do Rio de
Janeiro. Um difícil trajeto que seria percorrido até a terceira década do século XIX, quando foi
implantada a estrada do “Baldeador” com destino a antiga Vila da Praia Grande. A estrada,
cogitada a partir da crise de víveres que se abateu no abastecimento da Corte em 1817,
somente viria a ser aberta na metade do século, e ainda parcialmente, pois eram tão
rudimentares suas condições que durante vários meses do ano permanecia intransitável
(FIGUEIREDO, 1953).
E foi da vontade de ver solucionado o problema de transporte das mercadorias vivido por
Maricá e da ausência de soluções do poder provincial, que um grupo de empresários locais
toma a iniciativa de construir a estrada de ferro, a partir de recursos materiais e financeiros
próprios: o primeiro trecho seria inaugurado em 1888, e somente em 1894 o trecho de ligação
com o centro de Maricá. As dificuldades financeiras retardariam a construção de
A partir do final da década de 1930, tanto Maricá como a Baixada Fluminense, tiveram na
laranja e outros cítricos importantes produtos de exportação, o que incentivou novos
produtores e expandiu o nível de emprego e de renda na região até 1940, quando as
dificuldades da Segunda Guerra viriam alterar as relações comerciais entre Brasil e Europa. A
Guerra acelerou o processo de desagregação da lavoura agrícola em Maricá, como ocorreu
também em outros municípios. Alguns fazendeiros abandonaram seus laranjais e a
substituíram por pastagens, ou instalaram destilarias para o aproveitamento do óleo da casca
de laranja. Entretanto, a par das dificuldades, e mesmo moderadamente as culturas cítricas
se mantiveram no município (SOCHACZEWSKI, 2004).
A crise de 1929 e a revolução de 1930 conduziram Getúlio Vargas ao poder dando início a
um novo processo. Amaral Peixoto, interventor nomeado por Getúlio Vargas para o governo
do Rio de Janeiro em 1937 adota uma política de substituir as importações por produtos
nacionais, incentivando à instalação de indústrias no Estado por meio da concessão de
isenções de impostos e taxas. Foi com base nessa diretriz que a Companhia Vidreira do
Brasil - COVIBRA, de capital português, se instalou no Município de São Gonçalo, em 1942 e
o ano seguinte, 1943, em Maricá, adquirindo a Fazenda São Bento da Lagoa e também se
apossando da restinga.
Na primeira metade do século XX, termina o ciclo agrícola enquanto base para utilização da
O declínio da grande produção agrícola em Maricá fez com que muitos abandonassem o
campo em direção a próspera cidade do Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo surgia no
município uma nova elite constituída de comerciantes, donos de estabelecimentos
comerciais, sucedendo a elite rural de antes. O crescimento paulatino desse setor é apontado
por conta da produção da cidade ter sido escoada por tropas durante séculos; a figura do
mascate e do tropeiro foi sendo aos poucos substituído pelo comerciante estabelecido em
armazéns, grupo este que se aglutinou formando uma nova elite na cidade. Muitas das
famílias que acumularam capital nessa época compõem atualmente a classe empresarial que
administra a economia do município, ainda baseada no comércio e nos serviços, tendo as
atividades de imóveis e transportes como eixos principais.
Figura 9.1.3-34 - Comparação entre número de lotes autorizados e população residente 1940-
2000 - Maricá.
Os loteamentos contribuíram ainda mais para o declínio, tanto da pesca como da agricultura.
As comunidades pesqueiras perderam espaço para os loteamentos, e muitos abandonaram a
atividade para trabalhar na construção civil. A população residente urbana de Maricá começa
a crescer com a fixação, inicialmente de famílias que usavam suas casas apenas para
veraneio. Esse crescimento demográfico seria responsável pelo início das grandes agressões
ao ambiente: retirada de terra e areia, lançamento de esgotos in natura nas lagoas,
desmatamento de vegetação na orla e criação de demandas para as quais o poder público
municipal não se preparara, como vagas em escolas, energia elétrica, água encanada, coleta
de lixo, entre outras.
A fazenda São Bento, que abarcava a restinga, possui um histórico de averbações e conflitos
em torno de projetos ligados a exploração da área da restinga. O processo de aquisição de
títulos da fazenda envolve denúncias de ONGs atuantes em Maricá de irregularidades e
falhas em diversos lotes, que acabaram por garantir a uma única pessoa a condição de maior
proprietário de terras no município. Atualmente a posse das terras pertence a um grupo que
pretende instalar na área um enorme complexo hoteleiro.
A exuberância natural descrita pelos cronistas e naturalistas do século XVI a XIX não existe
mais. A vegetação de restinga atual está reduzida, e confinada, a pequenas manchas
isoladas remanescentes ou na APA, sendo ainda mais crítica a situação da fauna. A
construção de conjuntos hoteleiros ou “resorts” na restinga tem se mostrado paradoxal. Esses
projetos emperram quando tentam resolver a questão do saneamento básico, e não
conseguem equilibrar a construção de redes de água e esgoto com a sustentabilidade da
região (SOCHACZEWSKI, 2004).
Quando atingimos o alto da serra de Inoã, vimos acima das grandes árvores, numerosos
papagaios voando aos pares, em alarido. Era o papagaio de cabeça vermelha, (Pcittacus
coronatus do Museu de Berlim, ou Perroquet Dufresne, Le Vaillant) aí conhecidos por
“camatunga”, e, em outras zonas, por “chanã” devido a sua voz.”. (FIGUEIREDO, 1953)
Em 1832, seria a vez de o naturalista Charles Darwin passar por Maricá. Em 8 de abril,
Darwin pousa em Itocaia e ao anoitecer do dia seguinte parte para uma visita a Cabo Frio,
cavalgando pelos areais da faixa de restinga depois de atravessar uma das grandiosas
florestas existentes na época, passando também pela fazenda São Bento. Nos primeiros
quilômetros Darwin descreve que “... a estrada emaranhava-se por um deserto de lagunas e
pântanos, dando ao cenário banhado de luar o aspecto mais desolador que se podia imaginar
(...)”. Figueiredo salienta três impressões que o naturalista deixa registro em sua passagem
por Maricá: o suicídio de uma velha escrava, atirando-se do alto da pedra de Itocaia, quando
foram presos alguns quilombolas ali refugiados 10; o grande número de garças e outras
belíssimas aves aquáticas que foi encontrando a margem das lagunas; e as numerosas
plantas epífitas que revestiam as árvores daquela travessia, onde se destacavam algumas
orquídeas. Segundo Figueiredo, as orquídeas eram abundantes no município e na extensa
zona litorânea, mas que lamentavelmente foram extintas com a devastação das florestas
(FIGUEIREDO, 1953).
Darwin também foi autor do primeiro trabalho crítico sobre os beachrocks brasileiros,
descrevendo as ocorrências conhecidas em Jaconé na sua caderneta de campo na data de
09 de abril de 1832 (MANSUR et al, 2011)48.
48
“Beachrocks são depósitos sedimentares de praia cimentados pela precipitação em geral
carbonática e cuja litificação usualmente se dá na zona intermarés” (Mansur, et al, 2011). Os
Beachrocks de Jaconé, como apresentado adiante, são reconhecidos como patrimônio
geológico brasileiro.
“De fato, ao contemplarmos a tristeza desoladora dos extensos sapezais das campinas de
hoje e a encostas descalvadas, onde existiam as maravilhosas florestas que percorrera
aquele ilustre viajante, ocorre-nos também a tristeza ainda maior da certeza de que a marcha
em que vamos, nenhuma árvore mais possuiremos no decorrer de mais um século, se o
nosso povo não for sendo educado numa escola de brasilidade sadia, para que sejam
aproveitadas as florestas consoante as normas que se precisam adotar, conciliando a
derrubada das matas com as necessidades inadiáveis da civilização.”
A cidade se formou em uma região constituída por ecossistemas lagunares de beleza cênica
e riqueza biológica, sendo que os grupos de vegetação serviam de berçário à manutenção de
inúmeras espécies.
Saquarema limita-se a oeste com a bacia da lagoa de Maricá, ao norte com as bacias da Baia
de Guanabara e do rio São João e, a leste, com a bacia da lagoa de Araruama. O complexo
Lagunar de Saquarema é formado pelas lagunas de Jacomé, Saquarema e Jacarepiá.
Segundo Guimarães (2007):
O Sistema Lagunar é composto por quatro compartimentos de lagoas que recebem o nome
de Urussanga (ou Momçaba), Jardim, Boqueirão e de Fora (GUIMARÃES, 2007).
É neste cenário que surgiu o primeiro núcleo urbano, inicialmente assentado às margens
desse conjunto de lagunas, que desde então, vem se enquadrando como referência
econômica, ambiental e cultural do município de Saquarema (SOARES, 2009).
Em 1530, D. João III, rei de Portugal, reconhecendo que o sistema de “excursões” para
guardar as costas do Brasil exigia grandes sacrifícios e não apresentava resultados
satisfatórios devido à falta de pontos onde se pudesse atracar com as embarcações para
provê-las de mantimentos e homens, resolveu fundar uma colônia às margens do rio da
Prata.
Para isso organizou frota com duas naus, um galeão e duas caravelas e tripulação de
aproximadamente 400 pessoas, tendo como comandante Martim Afonso de Souza, com
poderes extraordinários concedidos por D. João III através de uma carta Régia datada de 20
de novembro de 1530. Dentre tais poderes, destacava-se o de tomar posse e colocar marcos
em todo o território até a linha demarcada.
Nessa época, com a divisão do território em Capitanias Hereditárias, coube a Martim Afonso
a Capitania de São Vicente, cujos limites envolviam também a área de Saquarema.
Ainda no final de século XVI, chegaram os Carmelitas, para quem foram concedidas outras
sesmarias naquelas mesmas redondezas, o que motivou a criação de várias fazendas nas
terras de Saquarema (IBGE, s/d).
Entre 1660 e 1662, foi erguida uma capela em honra a Nossa Senhora de Nazaré de
Saquarema, no mesmo local onde hoje se ergue a igreja matriz. Pouco tempo depois de
inaugurada, foi reconhecida como capela curada e filial da Matriz de Nossa Senhora de
Assunção do Cabo Frio. Em 1675, estando já em situação precária, o edifício da capela foi
substituído por um de maiores dimensões construído de pedra e cal (IBGE).
Em 1755, o povoado passou à freguesia por força de Alvará de 12 de janeiro, sendo a pesca
a principal atividade do núcleo na época.
população que a desejava no seu lugar de origem. A nova Matriz foi erguida no mesmo local
da primitiva sendo inaugurada em 1837 (IBGE, 1948).
Foto 9.2-185 - Outeiro sobre o qual está edificada a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré.
A emancipação de Saquarema está ligada aos grandes fazendeiros de café e cana de açúcar
da região. A sua importância é refletida na concessão de títulos de nobreza por parte de D.
Pedro II, como ao Barão de Saquarema e ao Barão de Inoã. Em 1841, foi criada a Vila de
Nossa Senhora de Nazaré de Saquarema, pertencendo à Comarca de Cabo Frio. Em 1844,
os mesmos fazendeiros que ajudaram na emancipação estavam envolvidos com o Partido
Conservador do Império (chamado de Saquarema e seus partidários de Saquaremas). Por
conta desse episódio, a cidade voltou à condição de freguesia e foi anexada a Araruama,
retornando à categoria de vila em 1859 (Pinheiro, 2008).
Estabeleceu-se uma agricultura próspera, baseada na mão de obra escrava, que sofreu forte
retrocesso com a Lei Áurea e o consequente êxodo dos trabalhadores. Em 1890, a vila de
Saquarema foi elevada à categoria de cidade.
Não obstante a devastação das matas, Saquarema conta ainda com reservas
naturais, de onde se extraem madeira de lei para fins industriais e fabrico de
lenha, combustível e carvão vegetal. São também encontrados óleos de
mamona, paina, salsaparrilha, tabuas, cipós e plantas medicinais. No que
concerne a fauna terrestre, o Município é relativamente pobre; contudo,
pacas, cotias, capivaras, porcos-do-mato, etc. são animais frequentemente
encontrados em suas matas. Já a fauna aquática é bastante rica, sendo a
pesca praticada em grande escala, nas suas águas, que são fertilmente
piscosas, tanto nos rios como nas lagoas ou na orla oceânica.(IBGE, 1948).
A região, no período colonial, assumiu uma importância estratégica para a coroa portuguesa
que a utilizava para reabastecimento das suas esquadras. Independente do ciclo econômico,
a micro bacia que compõe as lagunas fez parte da estrutura econômica local, servindo à
navegação, fornecendo pescado, água, víveres, madeira e mão de obra indígena. A
formação do núcleo urbano foi consequência da frequência desses reabastecimentos. O
arraial passou por fases de altos e baixos que corresponderam aos diferentes ciclos
econômicos ocorridos na região (SOARES, 2009).
Nas duas últimas décadas do século XX, a ocupação humana se estabeleceu com
instalações residenciais, comerciais e turísticas nos arredores das lagoas. A precariedade da
infraestrutura, principalmente relacionada ao saneamento ambiental, acabou por acelerar a
deterioração dos padrões da qualidade ambiental dos espelhos d’água. Dentre os efeitos
mais graves está a alteração das características químicas das águas da laguna. Esse
parâmetro, segundo Soares (2009), é um dos elementos primários à formação de grupos de
vegetação que serviam de berçário mantenedor da sobrevivência de inúmeras espécies
tradicionalmente capturadas na lagoa. Em meio a essas formações estava uma densa
constituição de bancos de taboa, que foi retirada, gradativamente, para dar lugar à ocupação
humana e aos aterros recobertos por gramíneas (SOARES, 2009).
Maricá
Para o município de Maricá, embora ainda não tenham ocorrido pesquisas sistemáticas de
caráter arqueológico, encontram-se 15 registros no Cadastro Nacional de Sítios
Arqueológicos organizados pelo IPHAN, conforme apresentado na Figura 9.1-36.
Fotos: Museu Virtual de Maricá. Disponível em: (< http://www.marica.com. br/museu/prehistoria.htm >).
Fonte: Museu Virtual de Maricá. Disponível em: (< http://www.marica.com. br/museu/prehistoria.htm >).
Fotos: Museu Virtual de Maricá. Disponível em: < http://www.marica.com. br/museu/prehistoria.htm >.
Saquarema
No município de Saquarema há uma grande ocorrência de sambaquis no entorno das lagoas
e nos cordões arenosos entre a lagoa e o mar. Pesquisas sistemáticas e com maior
aprofundamento ocorrem desde 1987 no município através do projeto “Saquarema–Rio de
Janeiro: Pré-história e Paleoambiente”, que foi coordenado pela arqueóloga Lina Kneip e,
atualmente, tem continuidade com pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Figura 9.1.3-41 - Fragmentos de tigela pintada Foto 9.2-189 - Área escavada no Sambaqui do
escavada no sítio Bravo em Saquarema. Moa, localizado em uma propriedade
particular.
Fonte: Kneip, 1994.
Foto: Silveira, 2001.
Figura 9.1.3-42 - Localização de sítios arqueológicos nos complexos lagunares. Extraído de Silveira, 2001.
Para o estado do Rio de Janeiro foram listados 351 naufrágios (SINAU, 2009 apud Naufrágio
do Brasil, 1998-2012), 29 deles junto à linha de costa dos municípios de Maricá e Saquarema
(AID). Entre estes, mais próximos ao local destinado ao empreendimento, estão listados um
naufrágio em Jaconé e sete em Ponta Negra.
O Moreno
O naufrágio do Moreno no interior da enseada da Ilha de Maricá foi objeto de pesquisas
realizadas por mergulhadores profissionais com formação complementar em outras áreas.
Especializados em naufrágios, estes declaram que um dos aspectos mais vibrantes do
mergulho em naufrágios é a pesquisa histórica. O passo a passo das investigações é
entusiasticamente divulgado com detalhes das características técnicas do navio e de sua
exata localização. Para o navio Moreno é apresentado um croqui com a identificação do local
e de todas suas peças ainda em evidência.
Foto 9.2-190 - Ilha no Arquipélago de Maricás. Foto 9.2-191 - Local do naufrágio do Moreno:
interior da enseada da Ilha de Maricá.
Disponível em:
<http://www.brasilmergulho.com/port/naufragio Disponível em:
s/navios/rj/moreno.shtml> <http://www.naufragiosdobrasil.
com.br/naufmoreno.htm>.
Em 1874, a imprensa noticiava o fato. Dentre elas, o Diário do Rio de Janeiro, de “Sabbado”,
17 de outubro de 1874, n. 287, pág. 2, publicava:
O Moreno havia sido construído em 1872 no estaleiro de La Seyne na França, ou seja, dois
anos antes de naufragar. Hoje, “Abrigado na enseada da maior das Ilhas Maricá, o Moreno
encontra-se caído de lado paralelamente ao costão e a pouca profundidade garante um
mergulho longo e agradável.”, garantem os profissionais responsáveis pelos vários mergulhos
e registros do navio naufragado. A descrição dos destroços é detalhada em Naufrágios do
Brasil (1998-2012).
Foto 9.2-192 - Boa parte do Foto 9.2-193 - Entre o Foto 9.2-194 - A popa é a
costado de estibordo ainda costão e o casco de parte mais inteira do Moreno
encontra-se elevado acima do estibordo formam-se várias e o volante do leme projeta-se
fundo. passagens sombreadas. em direção à superfície.
O Highland Scot
O Highland Scot de bandeira inglesa naufragou no dia 6 de maio de 1918. Os destroços do
navio encontram-se localizados próximos à praia de Maricás. Embora várias obras se refiram
ao naufrágio do Highland Scot, como Subsídio para História Marítima, vol. 1, de 1938,
Desastres Marítimos no Brasil, de Dario Paes Leme e Dictionary of Disasters at Sea During
the Steam Age (1824-1962) de Charles Hockins (1969), e conste listado no SINAU - Sistema
de Informações de Naufrágios, os seus detroços somente foram localizados em 2003, com o
auxílio de membros da colônia de pescadores da praia de Maricás (Naufrágios do Brasil,
1998-2012, relato dos mergulhadores Ivo Brasil e Maurício Carvalho).
Foto 9.2-195 - Vista do local do naufrágio a Foto 9.2-196 - Possível foto do Highland Scot.
partir da Ilha de Maricá.
No dia seguinte foi solicitado reforço policial para evitar o roubo da carga, constituída
principalmente de carvão Cardiff e comestíveis (manteiga, conservas e trigo), por ladrões do
mar em pequenas embarcações e habitantes locais que entravam pela praia, o que comprova
que o navio estava muito próximo à praia.
Entre as notícias constam que a embarcação Highland Scot levava 72 passageiros, todos
salvos, levados para Niterói. A companhia Lightrage foi à época contratada para retirar a
carga. No dia 19 de maio de 1918, o jornal "O Fluminense" noticiava a ida para Maricá de um
juiz que iria presidir o leilão do que havia sido salvo, sendo arrematada a maioria da carga de
comestíveis pelo negociante Isidoro Kohn (Naufrágios do Brasil, 1998-2012).
Quanto aos destroços encontrados, os mergulhadores observaram que a estrutura não fora
comprometida o que leva a crer que a embarcação enterrou-se muito rápido, sendo inclusive
identificados os dois escovêns na proa. As máquinas do tipo Triple Expansion Engine
encontradas, forneceram a confirmação de tratar-se de fato do Highland Scot, pois a literatura
pesquisada apontava ser esse o tipo de máquina a vapor instalado naquele navio. Também
puderam ser identificadas três caldeiras, girabrequim, o volante do leme e o próprio leme,
além do hélice e um guincho de proa, conforme croqui abaixo.
O navio foi encontrado a 30 metros de profundidade sobre fundo lodoso, sendo que ainda
não se sabe o que ocorreu para o naufrágio dessa embarcação. A página eletrônica
Naufrágios do Brasil (1998-2012) apresenta um croqui do navio, descrição das peças e as
hipóteses sugeridas em vista do que já foi encontrado - por exemplo, há sinais de possível
desmonte de partes do navio, ou de que algumas de suas peças foram resgatadas após o
naufrágio. Certo é que essa embarcação foi construída entre 1830 e 1870, pois se trata de
um navio a vapor de duas rodas com provável chaminé, como exemplifica a figura 7.4.3.5-26.
Há também registros no SINAU - Sistema de Informações de naufrágios de que oito vapores
de rodas desse tipo naufragaram no Rio de Janeiro (Naufrágios do Brasil, 1998-2012).
Figura 9.1.3-48 - Navio a vapor de duas rodas e de uma chaminé e croqui do Vapor das Crioulas.
(...) já que o conjunto de máquinas e caldeiras que está no fundo além de ser
muito raro está em ótimo estado de preservação, já valendo a pena o
mergulho só para conhecer essas raras peças da história da engenharia
naval. Máquinas Oscilating Engine só eram encontradas no Brasil
anteriormente no naufrágio do Pirapama, Recife, PE e no naufrágio do
Salvador, em Jauá, Salvador, BA. Já as caldeiras, ainda com a cobertura dos
abafadores só eram conhecidas no Brasil no vapor Orio, afundado em
Bombinhas, SC.
O navio não está inteiro, está destroçado, mas o vilebrequim, que é o eixo do
motor, e a caldeira estão bem conservados. É uma verdadeira raridade, pois
esse maquinário normalmente se desmantela. Não temos notícia de outro no
mundo que esteja bem conservado como esse. Batizamos o navio de “Vapor
das crioulas”, pois o encontramos perto das rochas homônimas. Acredito que
tenhamos sido os primeiros a achá-lo, pois não vimos registro dessa
embarcação em lugar algum. E as pesquisas vão continuar.
Foto 9.2-198 - Eixo e cubo da roda de pás e eixo excêntrico e girabrequim sobre um dos
cilindros oscilantes.
Patrimônio histórico
Além dos bens tombados, o INEPAC inventariou alguns bens imóveis de interesse à
preservação nos municípios integrantes da AID do Projeto Terminal Ponta Negra - TPN.
Descrição
A Estrada de Ferro Maricá
A Estrada de Ferro Maricá, desativada em 1964, teve seu primeiro trecho inaugurado em
1887. No período de plena atividade, ligou os municípios de Niterói, Cabo Frio e todos os que
hoje pertencem à Região dos Lagos. A ferrovia foi de fundamental importância para a
integração e desenvolvimento da economia regional e, por longo período, foi a responsável
pelo abastecimento de mercadorias para as cidades do Rio de Janeiro e Niterói.
A história da implantação da ferrovia na Região dos Lagos está intimamente ligada à história
da ocupação de Maricá e às dificuldades de acesso e de comunicação ao local. Constantes
são as referências, nos estudos sobre Maricá, quanto ao isolamento de seu território, em
grande parte motivado pelo relevo regional.
Com o crescimento das cidades do Rio de Janeiro e Niterói na segunda metade do século
XIX, aumentou a demanda por alimentos, sendo o município de Maricá um dos que
garantiam o abastecimento. Entretanto, por não dispor de via de comunicação, todo o
transporte de mercadorias era feito por tropas de mulas que utilizavam caminhos pelas
restingas e serras que cercam a quase totalidade de seu território.
O trajeto para Cabo Frio, através de Maricá, Saquarema, Araruama e São Pedro d’Aldeia, era
feito geralmente pela restinga, em direção a Ponta Negra, passando por Inoã, Itocaia, curral
de Fora, ou pelo caminho entre florestas que hoje constitui a estrada tronco, quando os
produtos eram destinados diretamente a povoação de Maricá.” (FIGUEIREDO, 1953)
Esse difícil trajeto chegou a ser percorrido até a terceira década do século XIX, quando foi
incrementada a Estrada do Baldeador com destino à antiga Vila da Praia Grande. A
construção da estrada começou a ser cogitada cinco décadas antes, em decorrência da crise
de víveres que se abateu no abastecimento da Corte em 1817, instalada no Rio de Janeiro. A
estrada era extremamente rudimentar e somente em 1924, quase um século depois, foi
adequadamente reformada para ser transitada por automóveis (FIGUEIREDO, 1953).
(povoado de Calaboca), e outra desta localidade até a Vila de Santa Maria de Maricá - e foi
nesse último trecho que as obras se arrastaram por mais tempo (FIGUEIREDO, 1953).
E foi da vontade de ver solucionado o problema de transporte das mercadorias vivido por
Maricá e da ausência de soluções do poder provincial, que um grupo de empresários locais
tomou a iniciativa de construir a estrada de ferro a partir de recursos próprios. As dificuldades
financeiras, entretanto, retardariam a construção de muitos trechos e prolongamentos.
Nilo Peçanha, como Presidente da República (1909/1910), conseguiu a união da linha com a
Leopoldina na Estação de Neves (São Gonçalo), construída para esse entroncamento, e do
outro lado prolongou a linha até Iguaba Grande, em Araruama - a estação próxima a Ponta
Negra, onde começaria o prolongamento, recebeu o seu nome.
Em 1913, a francesa “Compagnie Generale de Chemins de Fer dês Etats Unis du Brèsil”
(fundada em Paris em 1911 com o objetivo de investir nas estradas de ferro brasileiras),
recebe a concessão da Estrada de Ferro Maricá, realizando melhorias na ferrovia, além de
completar o prolongamento até Araruama.
Figura 9.1.3-50 - Mapa da linha da Estrada de Ferro Maricá e suas principais estações.
Na década de 1930, o trem seguia o seguinte percurso: Barreto, em Niterói; Neves, Sete
Pontes, Rocha, Mutondo, Raul Veiga, Barracão, Sacramento, Santa Izabel, Salvatori, Rio do
Ouro, Santa Eulália, em São Gonçalo; Calaboca, Inoã, São José, Buriche, Itapeba, Camburi,
Maricá, Bom Jardim, Ignácio, Manoel Ribeiro, Joaquim Mariano, Nilo Peçanha, em Maricá;
km 73, São Tiago, Caçadores, Sampaio Correia, Morro dos Pregos, Nazareth, km 97,
Bacaxá, km 103, Ipitangas, em Saquarema; Ponte dos Leites, Araruama, km 126, Iguaba
Grande, em Araruama - entre estações e ou simplesmente paradas. O trem partia de Neves
às 7:00 horas e chegava em Iguaba Grande às 11:30 horas (Inepac/SebraeRJ, 2004).
A partir dessa data, até a abertura das estradas de rodagem na década de 1940, o caminho
do trem viria a ser o principal elo de Maricá com outros municípios e, com a extensão da
estrada de ferro até Cabo Frio, passou a ser também o “caminho do sal”, por onde escoava o
sal da região produtora até o mercado consumidor (Inepac/ SebraeRJ, 2004).
Em Manoel Ribeiro, onde foi inaugurada uma estação em 1901, localizava-se uma das
principais fazendas de Maricá, que empregava grande contingente de pessoas e onde se
desenvolveu um pequeno núcleo urbano. O cultivo da laranja nessa fazenda era significativo
e a produção era transportada pela ferrovia.
O município ganha contornos urbanos e aos poucos vai recebendo fluxos de pessoas,
principalmente do Rio de Janeiro que se encontrava em constante expansão, impulsionado
pela indústria. Além do desenvolvimento observado na área central da cidade de Maricá,
núcleos urbanos também se desenvolveram em Inoã e São José de Imbassaí, onde havia
estações.
Figura 9.1.3-52 - Vista da estação de Maricá em sua versão original, antes de sofrer alterações.
Em janeiro de 1962, de acordo com relatos de antigos moradores da Região dos Lagos,
coletados no estudo de Margarit (2009b), um forte temporal causou inúmeros danos à via,
destruiu pontes e deixou a linha intrafegável. Esse foi o pretexto perfeito para se promover a
desativação da ferrovia: os reparos não foram efetuados e o tráfego foi suspenso de Virajaba
a Cabo Frio. Entre Virajaba e Niterói ainda permaneceu o tráfego de trens de subúrbio até
1964, quando se deu a sua suspensão definitiva e se iniciou a remoção dos trilhos. A
erradicação da Estrada de Ferro Maricá causou prejuízos aos municípios e principalmente à
população. O transporte ferroviário era barato e amplamente utilizado para o transporte de
cargas e passageiros; sem ele, a única opção era o transporte rodoviário, com fretes e
passagens de ônibus mais caros.
Em 1964, o trecho que passava por Maricá foi desativado e a estação demolida. Em seu
lugar foi instalado um busto do Conselheiro Macedo Soares. Em 2008, a Prefeitura
reconstruiu o edifício da estação, com base em fotos antigas, para abrigar a Secretaria de
Turismo, Lazer, Indústria e Comércio (Estações Ferroviárias do Brasil, 2009).
Eduardo Margarit (2009), em seu estudo sobre a história da ferrovia, apresenta como base
uma pesquisa de campo e relatos extraídos de entrevistas com vários moradores locais por
onde passava a ferrovia. No percurso constatou e registrou vários elementos remanescentes
da Estrada de Ferro Maricá, dentre os quais reproduzimos os que se revelam mais
importantes para o presente contexto.
A usina ainda hoje existe, mas encontra-se desativada, assim como a estação, que foi
demolida. No entanto, o núcleo urbano de Sampaio Correia ainda resiste e parece ter
permanecido no tempo com a ferrovia. O bairro lembra, segundo Margarit, uma pequena
cidade do interior, com uma igreja, um cemitério, uma agencia bancária, algumas pequenas
lojas, antigas casas e sua população que lamenta profundamente a desativação da usina e
da ferrovia, que juntas, significavam a principal fonte de emprego e renda para os moradores
de Sampaio Correia. Em Saquarema, uma estrada recebeu o nome de Estrada da Caixa
D’água, exatamente pela existência de uma antiga caixa d’água da ferrovia, que hoje abriga
um bar.
Um ano antes da inauguração da estação Bacaxá, a linha tinha sido vendida a empresa
francesa “Com. Generale aux Chemins de Fer”. Em 1933, o Governo Federal encampa a
ferrovia prolongando-a até Cabo Frio em 1936, onde se embarcava sal das salinas das
praias. A E. F. Marica foi passada para a Central do Brasil em 1943, e nos fins dos anos 1950
para a Leopoldina. A ferrovia foi completamente desativada em janeiro de 1966. A estação
Bacaxá foi totalmente demolida.
Os moradores de Saquarema utilizavam o trem para ir a Niterói ou então de lá, chegar ao Rio
de Janeiro através das barcas, os que moravam próximo à estação aproveitavam a parada do
trem para vender doces.
Figura 9.1.3-54 - Acima: Pátio e estação de Bacaxá e parte da vila, em 1961. Abaixo: A estação
em desenho. Autor desconhecido
Fonte: Margarit, 2009,Cessão André Martins Borges. Estações Ferroviárias do Brasil. Disponível em:
http://www.estacoesferroviarias.com.
Figura 9.1.3-55 - Estação Bacaxá (1961) e pintura da estação exposta na Câmara Municipal.
Em São Gonçalo, logo após a desativação da ferrovia, a Estação Terminal de Neves foi
transformada em presídio, inicialmente para abrigar presos políticos durante o regime militar.
Atualmente, além do presídio abriga a 76ª delegacia policial.
Figura 9.1.3-56 - Estação de Neves na década de 1940 e, atualmente, utilizada como delegacia.
As estações de Santa Izabel e Rio do Ouro, em São Gonçalo, que foram renomeadas como
Ipiíba e Virajaba ainda durante o funcionamento da ferrovia, podem ser vistas embora
estejam em péssimo estado de conservação. As duas construções mantém suas feições
originais e são ocupadas atualmente por famílias de ex-funcionários da RFF. Próximo a essas
duas estações existem as caixas d’água, que abasteciam as locomotivas da Estrada de Ferro
Maricá.
No município de Araruama é possível encontrar a antiga estação de Ponte dos Leite, que foi
recentemente reformada pela prefeitura para abrigar algumas atividades culturais, como
também os armazéns de sal desativados juntamente com a ferrovia. A estação de Ponte dos
Leite foi inaugurada em 1914, um ano após ser implantado o prolongamento da E. F. Maricá
que chegou até Araruama.
Araruama se desenvolveu com a extração de sal da lagoa. Na localidade de Ponte dos Leite,
distrito de Araruama, se instalaram algumas indústrias para o beneficiamento do sal e
fabricação de cal, gesso e barrilha junto a ferrovia. Segundo moradores, Ponte dos Leite
possuía atividades comerciais mais intensas do que o próprio centro da cidade de Araruama.
Quando a ferrovia foi desativada na década de 1960, as indústrias também encerraram suas
atividades por falta de um meio de transporte eficiente. Com o fim das atividades produtivas
em Ponte dos Leite, o comércio também fechou e hoje não existe nem mesmo uma padaria
no bairro, que ainda aguarda o momento em que outras atividades possam dar vida as ruas,
hoje sendo ocupadas por novos loteamentos e condomínios. No bairro fazendinha ainda
existe uma casa de turma e uma caixa d’água.
Foto 9.2-202 - A estação em 10/2010. Foto Foto 9.2-203 - Armazéns de sal em Ponte dos
Cleiton Pieruccini. Leite.
Em Iguaba Grande existe uma casa de agente e uma casa de turma no bairro chamado
Estação, onde ficava a estação de Iguaba Grande, que foi demolida para dar lugar a uma
praça. Ainda restam os vestígios de uma antiga ponte que era usada para desembarcar as
mercadorias que eram transportadas pela ferrovia e uma pintura da estação na casa de
cultura do município.
Em São Pedro da Aldeia ainda existe a estação, reformada recentemente e que está sendo
utilizada para atividades culturais; e a casa de agente, hoje utilizada como comércio. O leito
da ferrovia deu lugar a rodovia que serve de acesso a cidade. Já no município de Cabo Frio o
prédio de dois andares que abrigava a estação está sem uso e ainda preserva suas
características originais, assim como a pequena estação do Fonseca, no Bairro de mesmo
nome.
Patrimônio Imaterial
49
O conceito de população tradicional é delimitado por PEREIRA & MELLO, 2010 da seguinte forma: por aqueles que vivem em
áreas geográficas particulares e demonstram em vários graus características tais como: ligação intensa com os territórios
ancestrais; autoidentificação e reconhecimento pelos outros povos como grupos culturais distintos; presença de instituições
sociais e políticas próprias e tradicionais; e sistemas de produção voltados principalmente para a subsistência.
Até o ano de 1951, o manejo do ecossistema nesse sistema lagoa-mar foi realizado pelas
comunidades por meio de uma relação profunda de conhecimentos e convivência entre
sociedade-natureza. A abertura da barra possibilitava a troca de nutrientes e matéria orgânica
no ambiente, a diversidade de espécies de peixes, moluscos e crustáceos e a garantia da
piscosidade do sistema e da subsistência das comunidades pesqueiras. Era celebrada como
um acasalamento do mar com a lagoa: (PEREIRA e MELLO, 2011).
O mar é o pai. A lagoa é a mãe. Quando uma barra toma carreira, é a mãe
que se abre ao pai. E depois disso, “eles namoram, ficam regulando - uma
hora ela sai, outra hora ele entra”. E, assim, tanto ela “vai buscar a criação lá
fora”, quanto ele “vai botando a criação pra dentro”. E ela vai ficando “cheia
de vida”. Para a criação vingar, entretanto, “ela precisa ficar de resguardo”
(MELLO e VOGEL, p. 346, citado por Pereira e Mello, 2011).
A abertura da barra acompanhava o ritmo das marés, das luas e de alguns meses
específicos, de acordo com o conhecimento dos pescadores de Zacarias, para que assim
No entanto, estas aberturas da barra nativa, celebradas com festas na restinga, foram
interrompidas pelos projetos de Saneamento do Governo na região, que em 1951 deu origem
ao Canal de Ponta Negra. Segundo as autoras, depoimentos colhidos junto aos pescadores
registram que “o mar não chegava mais a Maricá!”. Isso significava que as águas oceânicas
provenientes da Ponta Negra não conseguiam alcançar a Lagoa de Maricá, como também a
fauna marítima não conseguia abrir caminho até chegar à Lagoa. Dessa forma, diversas
espécies marinhas, dentre estas o camarão foram excluídas do sistema. Isto acarretou um
impacto àquele ambiente que constantemente se renovava e que, desde então, a água
passou a não alcançar mais os ambientes lacustres e, sobretudo, não trouxe a renovação da
vida, tanto para a fauna e flora como para aquelas populações que ali se distribuíam.
Aconteceram episódios de enorme mortandade de peixes, visto que as espécies não
conseguiam chegar à lagoa nem tampouco retornar ao mar. (PEREIRA E MELLO, 2011).
Patrimônio Geológico
Com vistas a resgatar a história da passagem de Charles Darwin pelo Estado do Rio de
Janeiro entre abril e julho de 1832, em 2008 teve início o Projeto Caminhos de Darwin.
O resgate histórico da passagem de Darwin pela região estava sendo realizado com a leitura
dos textos dos diários e cadernetas de campo do naturalista, pesquisa em material
cartográfico dos séculos XVIII e XIX, disponíveis na Biblioteca Nacional e Arquivo Nacional,
além de mapas do século XX, do acervo do DRM-RJ, e visitas aos locais citados na
documentação. (MANSUR et al, 2011).
Para a divulgação das informações do projeto foi criada uma rede de comunicação e ações
conjuntas entre os 12 municípios percorridos por Darwin, envolvendo, escolas, moradores,
governantes e interessados em geral.
Como parte do levantamento geológico da área foram identificados os tipos litológicos por ele
descritos e, posteriormente, realizadas etapas de campo que, associadas à pesquisa
bibliográfica, permitiram a identificação e localização dos afloramentos. Com isto, foi montado
um acervo de rochas, minerais, solos e sedimentos coletados ao longo do trajeto percorrido
pelo naturalista britânico e que se transformou em uma coleção que vem sendo exposta nos
diversos municípios. (MANSUR et al, 2011)
Um dos afloramentos eleitos como sendo o primeiro a ser revisitado foi este identificado nas
imagens a seguir, como Itinerário Cultural no contexto da História da Ciência - mais de 170
anos após sua passagem e com as tecnologias atuais disponíveis para análise.
Foto 9.2-207 - (a) Afloramentos do beachrock em Jaconé; (b) Conglomerado com seixos e
calhaus de diabásio e de quartzo de veio.
Fonte: Cartas Topográficas da Capitania do Rio de Janeiro mandadas tirar pelo Mmo. Exm. Sr. Conde
da Cunha Capitam General e Vice Rey do Estado do Brazil no anno de 1767. Acervo da Biblioteca
Nacional. FONTE: Imagem e legenda extraídas de Mansur et al, 2011
Foto 9.2-208 - (a) Painel interpretativo do projeto Caminhos Geológicos próximo à igreja de
Nossa Senhora de Nazaré-(Saquarema), (b) marco da passagem de Darwin em Manitiba,
implantado pelo projeto Caminhos de Darwin; (c) placa de sinalização do projeto Caminhos de
Darwin na Praia de Jaconé; e (d) Sambaqui da Beirada (Saquarema).
Para Mansur et al, 2011, “é inegável o enquadramento destas rochas como patrimônio
geológico, seja pela sua importância histórica e cultural, seja pelas informações geológicas
que elas podem fornecer. A ocorrência se constitui como patrimônio geológico do tipo
geomorfológico (paisagem), sedimentar (fácies e estruturas), paleoambiental (posicionamento
de praia pretérita), petrológico (posicionamento do dique de diabásio), além de arqueológico
(presença nos sambaquis). Por tudo isto e pela sua inserção no contexto da história da
ciência (descrito por Charles Darwin em 1832), o sítio tem importância internacional e valor
científico, cultural, didático e ecológico”.
Mansur et al, 2011 também destaca que a faixa de ocorrência dos beachrocks estende-se
aproximadamente por 1100 m, aflorando por cerca de 700 m. E reitera que “a importância
ecológica destes afloramentos e blocos, que criam ambientes propícios para elevada
concentração de pescado e desenvolvimento de mexilhões, o que pode ter sido um atrativo
para os sambaquieiros no passado como é para os pescadores atuais”.
Na área em que corresponde ao antigo campo de golfe foi averiguado que houve um grande
impacto durante a sua construção, com obras de terraplanagem, aterramento, abertura de
canais e represamento para um pequeno lago. Conforme informações obtidas através dos
antigos funcionários do campo de golfe, Srs. Adilson e Claudeci, o terreno pertencia a uma
fazenda e era um terreno alagadiço (brejo) com mata de restinga. Após a venda para o Sr.
Roberto Marinho, o terreno foi adequado para a construção do campo de golfe.
Posteriormente o terreno foi vendido para a empresa Brooksfield, o qual não alterou a
propriedade, que vendeu para a DTA - atual proprietária.
No local é possível transitar por grande parte do terreno, já que possuem ruas pavimentadas
e, somente em alguns trechos, o local está intransitável devido ao abandono e falta de
manutenção. Há também 2 edificações no local que servem de base e alojamento para os
funcionários e onde funcionava a sede do campo de golfe. O acesso ao local pode ser
realizado pela portaria, através da RJ-118, mas também pela RJ-102 ou pela Praia do
Sossego.
Figura 9.1.3-61 - Mapa com a localização dos pontos em relação à ADA. Detalhe para a localização do sítio Campo próximo à área da ADA.
Foto 9.2-209 - Estrada pavimentada próximo à praia (Ponto 003) e com vegetação esparsa
(Ponto 005).
Foto 9.2-210 - Antiga sede do campo de golfe (Ponto 006) e lagoa formada pelo represamento
(Ponto 006).
A ADA que envolve a praia se prolonga no sentido leste-oeste por 1,70 km, partindo das
rochas ao oeste na Ponta Negra. Essa praia é conhecida pelos moradores como Praia do
Sossego ou das Conchas, devido a grande quantidade de conchas que são encontradas nas
areias. E nessa mesma área do empreendimento que estão localizados afloramentos de
beachrock, Foto 9.2-211.
Existe uma pequena concentração dessas rochas, inclusive cobertas pela areia, no ponto 018
e a maior concentração está entre os pontos 019 e 020, a leste da ADA.
Cabe observar que, embora essa rocha tenha sido utilizada como matéria prima pelos
sambaquianos que ali viveram, não se deve considerá-la como de valor arqueológico, pois
não foram encontradas evidências de modificações intencionais, ou seja, evidências culturais,
nos afloramentos existentes nessa praia.
Por conta disso, as Beachrocks e o seu entorno foram incluídos em dois projetos turísticos
que englobam vários municípios do Rio de Janeiro: Projetos Caminhos Geológicos
(Disponível em: <http://www.caminhosgeologicos.rj.gov.br) e Caminhos de Darwin (Disponível
em: <http://www.casadaciencia.ufrj.br/caminhosdedarwin), que possui participação e
coordenação do Departamento de Recursos Minerais do Rio de Janeiro (DRM-RJ), Fundação
de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e da Casa da Ciência da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esses projetos visam valorizar os patrimônios
históricos e geológicos do estado do Rio de Janeiro, sendo muitos desses pontos localizados
na Região dos Lagos.
Foto 9.2-211 - Vista da praia das Conchas a partir da Ponta Negra (Ponto 016) e Beachrocks
localizadas na ADA (Ponto 018).
Foto 9.2-212 - Área com grande concentração de Beachrocks, a leste da ADA (Ponto 019) e
detalhe da formação rochosa.
Figura 9.1.3-62 - Webmapa com a localização de alguns locais inclusos no Projeto Caminhos Geológicos e Caminhos de Darwin.
Figura 9.1.3-63 - Área de proteção proposta ao SIGEP por: Kátia Leite Mansur, Renato
Rodriguez Cabral Ramos e Gisele Giseé Furukawa em 20/11/2012
Fonte:
http://sigep.cprm.gov.br/sitio060/Poligonal_area_protecao_Sitio060_Beachrock_de%20Jacune_
RJ.pdf.
Foto 9.2-213 - Rua que dá acesso ao loteamento a partir da RJ-102/Av. Beira Mar e
condomínio localizado na entrada do loteamento.
Ao lado do loteamento, a leste, existe uma propriedade particular que está coberta por
uma mata secundária, não havendo acessos que permitissem a sua vistoria. Foi
possível registrar, somente em um trecho, o limite leste da ADA através de uma trilha
(Ponto 001) que segue no sentido norte-sul, ligando a Av. Beira Mar (Ponto 021) com
a RJ-118 (Ponto 022). O seu trecho não estava em condições de trânsito, pois a mata
encerra parte da trilha e havia pontos alagados, o que impediu um diagnóstico mais
ampliado dessa área.
Foto 9.2-215 - Acesso da trilha pela Av. Beira-Mar (Ponto 021) e mata secundária
cobrindo a área leste da ADA.
Foto 9.2-216 - Parte da trilha vem sendo usada para descarte residencial e acesso da
trilha pela RJ-118.
Entre o campo de golfe e o loteamento residencial existe um trecho da RJ-102 que liga
a Av. Beira-Mar com a RJ-118, totalmente pavimentada com calçamento e cercada
com arame de ambos os lados (Ponto 017). Por trás das cercas existe uma capoeira
que impediu a visibilidade da superfície, mas a área parece bastante impactada por
conta do campo de golfe, aberta da estrada e o loteamento vizinho.
Foto 9.2-218 - Trecho da RJ-102 ligando a Av. Beira-Mar com a RJ-118 com a Serra do
Jaconé ao fundo.
Do lado sul da estrada está localizado o campo de golfe e a área de mata secundária
no entorno do loteamento residencial (descrito acima). Na parte noroeste existem
alguns acessos de estrada de terra que levam para a porção mais alta do terreno e
dão acesso á antigas residências - desocupadas por conta do empreendimento - e à
residências ainda ocupadas. Em seu entorno ainda há algumas pequenas
propriedades rurais, principalmente chácaras de veraneio. Na parte nordeste não há
acessos que permitissem a vistoria e o terreno é coberto por uma mata secundária de
mata atlântica. De acordo com o projeto do empreendimento, essas áreas mais altas
com mata serão preservadas como área de reserva do TPN.
Foto 9.2-219 - Portaria do campo de golfe a partir da RJ-118 (Ponto 007) e substrato
argiloso com brita ao lado da RJ-118 (Ponto 007).
Foto 9.2-220 - RJ-118 ao lado do campo de golfe (Ponto 007) e limite oeste da ADA
cortada pela RJ-118 (Ponto 023), que dá acesso ao cume da Ponta Negra.
De fronte a portaria do campo de golfe (Ponto 007) existe uma estrada de terra que dá
acesso à parte mais elevada e que contava com pequenas propriedades residenciais
construídas em torno de 1980-1990, atualmente desocupadas. Nesse mesmo acesso
há a estrutura de uma pequena igreja evangélica que, segundo o Sr. Claudeci, foi
construída pelo Sr. Roberto Marinho para atender a demanda da vizinhança do campo
de golfe. Posteriormente, foi construída a mesma igreja na Ponta Negra, ficando a
antiga estrutura abandonada. No local não foram encontrados vestígios arqueológicos,
mas a área se encontra bastante remexida pela construção do acesso e pelo tempo de
ocupação residencial.
Foto 9.2-221 - Estrutura da antiga igreja evangélica (Ponto 008) e estrutura residencial
localizada ao lado da estrada de terra (Ponto 009).
Foto 9.2-222 - Estrada de terra que dá acesso á parte mais elevada do terreno, ao lado da
RJ-118 e corte no barranco realizado na abertura e terraplanagem da estrada de terra
(Ponto 008-009).
Na parte mais a leste desse acesso, existe outra entrada (Ponto 014) que leva tanto a
uma propriedade particular, quanto ao terreno do empreendimento (Ponto 015). A
parte que corresponde ao empreendimento possui características de uma chácara de
veraneio, com árvores esparsas sob um compartimento argiloso. Durante a vistoria
não foram encontrados vestígios arqueológicos ou qualquer indicativo de relevância
histórica.
Foto 9.2-223 - Estrada de terra que dá acesso á parte mais elevada (Ponto 014) e entorno
da estrada de terra com a RJ-118 ao fundo (Ponto 015).
f) Conclusões e Recomendações
Desde o início do século XX, toda a região que compreende a AII e AID do
empreendimento vem sendo estudadas por várias instituições de pesquisas
fluminenses, dada a sua importância histórica, geológica e arqueológica. Tais estudos
apontam para um rico contexto arqueológico pré-colonial, principalmente nos cordões
arenosos e nas margens das lagoas, com ocupações humanas que recuam desde
7.000 anos AP até o período do contato com os europeus.
Durante a vistoria da ADA e em seu limite imediato, junto à linha costeira, foram
encontrados vestígios materiais de interesse cultural em superfície, as chamadas
Beachrocks. Entretanto, grande parte da área já passou por vários processos que
impactaram o terreno, como a construção do campo de golfe, a construção e
pavimentação da RJ-118 e RJ-102, além das ocupações residenciais e rurais. Assim,
além da própria linha de costa, somente as áreas com maior declive, localizadas
próximas no sopé da Serra de Jaconé, é que apresentam um aspecto geral melhor
preservado.
A Ponta Negra, por sua vez, área limítrofe a oeste da ADA, também possui seu valor
paisagístico, turístico e, possivelmente, histórico. O local é visitado por aqueles que
buscam a Praia do Sossego (ou das Conchas) ou visitam o Farol da Ponta Negra, o
qual permite uma visão panorâmica da região de Jaconé. Assim sendo, a inserção
dessa paisagem no contexto histórico e turístico também precisa ser melhor
caracterizado.
Próximo ao limite da ADA também estaria situado o local da antiga estação Nilo
Peçanha da Estrada de Ferro Maricá, construção antiga, do início do século passado,
que segundo consta, já foi demolida, mas cujos eventuais remanescentes poderiam
contribuir com o delineamento de algumas das características relevantes e distintivas
da estação mencionada.
Em suma, toda a área que compreende a ADA e o seu entorno imediato (AID) possui
uma série de estudos e pesquisas que apontam para sua relevância cultural,
notadamente arqueológica e histórica. Atualmente, essa região ainda é foco de
pesquisa de inúmeros trabalhos do Museu Nacional do Rio de Janeiro e do Instituto de
Arqueologia Brasileira, que apesar de estarem presentes há décadas, ainda continuam
encontrando novos sítios arqueológicos na região.
Para caracterização da área foi realizada primeiramente uma campanha para coleta
de sedimento entre os dias 10 e 11 de Maio de 2012, em 53 pontos na região do
empreendimento (Figura 9.2.1-1). Além desta campanha, foram realizadas mais 2,
sendo a segunda campanha no dia 12 de Setembro de 2012 e a terceira campanha
nos dias 22 e 23 de Janeiro de 2013, sendo mês de setembro, mês de estiagem, e
janeiro, época de chuva.
A) Métodos
Nas amostras de sedimento foram realizadas as análises dos parâmetros descritos na
Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 454 de 2012 (BRASIL, 2012),
que estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos referenciais para o
gerenciamento do material a ser dragado em águas sob jurisdição nacional. A
resolução CONAMA 454/12, que revogou a resolução CONAMA 344/04, teve como
objetivo principal o estabelecimento de níveis nacionais de classificação dos
sedimentos, detalhando algumas determinações da Resolução 344/2004, além de
modernizar a norma em termos de referências sobre gestão ambiental do material
dragado.
Análise granulométrica
Orgânicos:
PCBs Totais;
Pesticidas Organoclorados: alfa/beta/gama/delta-BHC, alfa-clordano, 4,4,4-
DDD/DDE/DDT, Dieldrin e Endrin e
Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs): Benzo(a)antraceno,
Benzo(a)pireno, Criseno, Dibenzo(a,h)antraceno, Acenafteno, Acenaftileno,
Antraceno, Fenantreno, Fluoranteno, Fluoreno, 2-metilnaftaleno, Naftaleno,
Pireno, Benzo(b)fluoranteno, Benzo(ghi)perileno, Benzo(k)fluoranteno,
Indeno(1,2,3,c-d)pireno.
a) Metodologias analíticas
Todos os ensaios analíticos foram realizados pelo Laboratório ECOLABOR localizado
na cidade de São Paulo e devidamente acreditado para a realização de tais análises.
Metais
Metais foram analisados no sedimento seguindo o método USEPA 6010 C e 3051 A.
Mercúrio foi analisado seguindo a metodologia USEPA 7471B. Os limites de detecção
e quantificação para cada um dos metais analisados são: Alumínio: LD 6,2 – LQ 16,7
mg/kg, Cádmio: LD 0,1 mg/kg – LQ 0,4 mg/kg, Chumbo: LD 0,8 mg/kg – LQ 2,5 mg/kg,
Cobre: LD 0,4 mg/kg – LQ 1,1 mg/kg, Cromo: LD 0,5 mg/kg – LQ 1,7 mg/kg, Ferro: LD
2,6 mg/kg – LQ: 8,1 mg/kg, Manganês: LD 0,2 mg/kg – LQ 0,7 mg/kg, Mercúrio LD
0,012 mg/kg – LQ 0,038 mg/kg, Níquel: LD 0,3 mg/kg – LQ 1,0 mg/kg, Prata: LD 0,9 –
LQ 3,0 mg/kg, Zinco: LD 0,3 mg/kg – LQ 1,0 mg/kg.
Arsênio
Arsênio foi analisado seguindo o método USEPA 3050B. O limite de detecção foi
calculado em 1,2 mg/kg. O limite de quantificação foi calculado em 3,7 mg/kg.
Nutrientes
Nitrogênio kjeldahl total foi analisado seguindo o método descrito em SMEWW 21st.
Método 4500N. O limite de detecção foi calculado em 60 mg/kg. O limite de
quantificação foi calculado em 218 mg/kg.
Fósforo Total foi analisado seguindo o método descrito em SMEWW 21st. Método
4500P. O limite de detecção foi calculado em 9 mg/kg. O limite de quantificação foi
calculado em 26 mg/kg.
Carbono orgânico Total foi analisado utilizando oxidação com dicromato de potássio.
O limite de detecção foi calculado em 0,3 %. O limite de quantificação foi calculado em
0,9 %.
Nas recuperações dos analíticos nas matrizes fortificadas os desvios entre os valores
obtidos e os valores esperados validaram a metodologia.
Nas recuperações dos analíticos nas matrizes fortificadas os desvios entre os valores
obtidos e os valores esperados validaram a metodologia.
Pesticidas Organoclorados
Para extração e purificação das amostras foi utilizada a metodologia USEPA 3550
(http://www.epa.gov/sw-846/pdfs/3550.pdf) e para a quantificação dos compostos a
metodologia US EPA 8081B.
O Limite de Detecção (LD) calculado para os pesticidas variou entre 0,02 e 0,2 µg/kg.
O Limite de Quantificação variou entre 0,04 e 0,6 µg/kg.
Nas recuperações dos analítos nas matrizes fortificadas os desvios entre os valores
obtidos e os valores esperados validaram a metodologia.
Granulometria
Para a análise granulométrica foi utilizada a Norma Técnica da CETESB L6.160 de
Novembro de 1995, pipetagem e paneiramento. Para a classificação de grãos da
planilha de Wentworth (1922), presente na Resolução CONAMA 454/12 (Tabela
9.2.1-1).
b) Métodos de Coleta
As amostras de sedimento foram coletadas utilizando o busca-fundo do tipo draga
coletora Van veen com capacidade para 7 litros. Este pegador foi lastreado com 4 kg
de peso, de forma a chegar ao fundo o mais perpendicular possível, possibilitando um
bom grau de enchimento.
Figura 9.2.1-3 - Sedimento coletado com a draga Van veen disposto em bandeja de aço-
inox; Sedimento homogeneizados; Frascos contendo as amostras de sedimento
acondicionadas em caixa térmica com gelo.
B) Resultados
Serão apresentados de forma separada os resultados obtidos para a caracterização
prévia do sedimento (primeira campanha de coleta) e os resultados da qualidade do
sedimento (segunda e terceira campanha de coleta) com foco na área de influência.
Ressalta-se que os laudos laboratoriais estão apresentados no Anexo XXXVIII.
a) Primeira Campanha
Os resultados das análises Físicas e Químicas realizadas nas amostras de sedimento
coletadas na primeira campanha são apresentados da Tabela 9.2.1-3 até a Tabela
9.2.1-14 bem como os limites de detecção e quantificação dos métodos analíticos e a
comparação com os padrões de qualidade estabelecidos pela Resolução CONAMA
454/12.
Ponto Amostral X Y
1 737907,31 7457655,38
2 738562,58 7457869,34
3 739458,24 7457960,11
4 740052,49 7458388,24
5 741001,24 7458387,22
6 740415,55 7459041,07
7 738157,46 7460245,50
8 738771,70 7460508,09
9 739221,52 7460551,48
10 739445,30 7460604,00
11 739803,79 7460631,40
12 737853,77 7459907,56
13 738045,58 7460055,98
14 738356,12 7460183,85
15 738623,28 7460256,92
16 738965,78 7460309,44
17 739251,21 7460334,56
18 739844,89 7460409,91
19 737814,96 7459622,14
20 738104,95 7459771,47
21 738408,64 7459894,77
22 738673,51 7459947,29
23 739000,04 7460020,36
24 739283,18 7460070,60
25 739564,03 7460109,41
26 739899,69 7460164,21
27 737721,21 7459342,01
28 737936,17 7459460,93
29 738288,35 7459591,28
30 738594,79 7459657,60
31 738869,22 7459723,92
32 739161,94 7459801,67
Ponto Amostral X Y
33 739418,07 7459851,99
34 739733,66 7459913,73
35 740033,24 7459934,31
36 737588,57 7459142,60
37 737796,67 7459174,61
38 738256,34 7459293,53
39 738770,88 7459414,74
40 739036,16 7459490,20
41 739532,41 7459597,68
42 739788,54 7459654,86
43 740058,39 7459686,87
44 738453,01 7459224,92
45 739111,63 7459385,01
46 737782,95 7458832,95
47 738311,22 7458983,89
48 738793,75 7459102,81
49 738217,46 7458798,65
50 738091,68 7458601,07
51 738491,88 7458788,59
52 738871,50 7458838,90
53 739189,38 7458891,50
Tabela 9.2.1-3 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN - (SS01-SS09).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-4 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN - (SS01-SS09).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-5 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS10-SS18).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-6 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS10-SS18).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-7 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS19-SS27).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-8 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS19-SS27).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-9 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS28-SS36).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-10 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS28-SS36).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-11 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS37-SS45).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-12 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS37-SS45).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-13 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS46-SS53).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-14 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN (SS46-SS53).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Análise Granulométrica
Nas amostras analisadas, a maior parte dos grãos é constituída por areia média,
seguido por areia fina e por areia grossa Dessa forma os compostos são pouco
adsorvidos pelo sedimento. A distribuição granulométrica é apresentada na Figura
9.2.1-4, Figura 9.2.1-5 e Figura 9.2.1-6 mostram a distribuição espacial da
porcentagem de grãos de areia média + areia fina e de areia grossa + areia média.
100%
90%
80%
ARGILAS
70%
SILTE MUITO FINO
SILTE MÉDIO
50%
SILTE GROSSO
40%
AREIA MUITO FINA
AREIA MÉDIA
20%
10%
0%
SS16
SS43
SS01
SS02
SS03
SS04
SS05
SS06
SS07
SS08
SS09
SS10
SS11
SS12
SS13
SS14
SS15
SS17
SS18
SS19
SS20
SS21
SS22
SS23
SS24
SS25
SS26
SS27
SS28
SS29
SS30
SS31
SS32
SS33
SS34
SS35
SS36
SS37
SS38
SS39
SS40
SS41
SS42
SS44
SS45
SS46
SS47
SS48
SS49
SS50
SS51
SS52
SS53
Figura 9.2.1-4 - Distribuição granulométrica nos pontos SS 01 a SS 53.
94.4
79.1 72.5
71.3
66.3
45.4
56.4
91.9 95.3
96.7
96.6
97.3
A distribuição espacial dos pontos (Figura 9.2.1-7) mostrou que não existe um
gradiente de concentração na região, ou seja, não existe acúmulo de nitrogênio
kjeldahl total em uma ou outra região.
92
Fósforo Total
Nos pontos amostrados a concentração de Fósforo Total variou entre <LD (9 mg/kg) e
525 mg/kg, concentrações interiores ao valor alerta da resolução CONAMA 454/12
que é de 2000 mg/kg.
A distribuição espacial dos pontos (Figura 9.2.1-8) mostrou que não existe um
gradiente de concentração na região, ou seja, não existe acúmulo de fósforo total em
uma ou outra região.
26
32
46
As distribuições espaciais dos metais que foram detectados são mostradas na Figura
9.2.1-9 e Figura 9.2.1-13.
Arsênio (mg/kg)
Concentração limite pela resolução 2.3 1.8
CONAMA 454/12 nível 1: 19 mg/kg 3.6 2.9
1.7 1.5 1.9 3.2 1.6
3.3
2.6 3.7 3.0
2.4 2.4 3.6 2.2 3.2
2.1 2.5
2.3 2.9 2.3
2.8 3.0 2.7 2.3
3.4 1.9
2.5 3.3
1.6
1.8 1.9 2.4 1.4
1.7
1.7
1.4 1.9
1.2 1.8
1.6
2.3
2.0
Bário (mg/kg)
Não Regulado pela Resolução 1.8
CONAMA 454/12 5.1 0.7 1.2
0.8
4.2 1.0 3.2 0.7 1.3
2.8 7.6 4.0
6.4 3.0 9.6 2.7
0.9 0.7 3.8
3.2 5.1 11.2
2.2 2.7 6.0 2.5
2.9 4.5
3.1 0.8
1.9
2.2 0.9
1.0
1.0 1.2
1.5 1.1
2.8
1.1
Chumbo (mg/kg)
Concentração limite pela resolução 2.4
CONAMA 454/12 nível 1: 46,7 mg/Kg 3.8 1.2
3.0 1.0 2.8 0.9 2.1
1.0
1.8 2.5 2.1
1.5 3.0 2.0 1.2
1.3 2.3
1.3 2.8 3.0
0.9 1.7 2.1 1.5
1.3 2.9
1.5 1.3
1.1
1.3
1.9 1.8
1.0 1.0 1.7
1.2
2.2 1.4
1.1
1.1
1.5
Cromo (mg/kg)
Concentração Limite pela resolução 1.7
4.2 1.0 0.9
CONAMA 454/12 nível 1: 81 mg/kg
4.2 1.0
0.9 4.5 1.1 1.6
0.9
3.4 5.2 3.6
3.1 2.9 6.2 3.3 1.0
1.0 0.7 3.1
2.8 5.8 8.9
1.3 1.3 3.7 3.2
2.0 0.8 2.8
1.1
2.4 0.8
1.8 2.3
0.5 2.8 1.7
1.1
1.5 1.0 3.1 1.3 1.3
1.3
1.3 1.2
2.1
1.0
2.1
Zinco (mg/kg)
Concentração limite pela resolução 0.5
CONAMA 454/12 nível 1: 150 mg/kg 3.5
1.0
Compostos Orgânicos
Bifenilas Policloradas (PCBs) não foram detectadas em nenhum dos pontos
amostrados.
Análise Estatística
Utilizando o software Paleontological Statistics (Versão 1.51) foi realizado uma Análise
de Componentes Principais com os dados químicos e granulométricos de forma a
verificar a existência de alguma zona na região amostrada que se diferenciasse das
demais. Através dessa análise os resultados dos parâmetros químicos e
granulométricos não mostraram a formação de nenhum grupo de pontos, portanto, não
existe tendência de acúmulo dos compostos em nenhuma zona da região amostrada.
b) Segunda Campanha
Os resultados das análises Físicas e Químicas realizadas nas amostras de sedimento
coletadas na segunda campanha são apresentados na Tabela 9.2.1-16 e Tabela
9.2.1-17 bem como os limites de detecção e quantificação dos métodos analíticos e a
Tabela 9.2.1-15 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos de coleta de sedimentos.
Ponto E S
Tabela 9.2.1-16 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN - (AO1-AO7).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Tabela 9.2.1-17 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN - (AO1-AO7).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Análise Granulométrica
Uma vez que, quanto menor o tamanho do grão, mais os compostos orgânicos e inorgânicos
se associam ao sedimento, a análise granulométrica é fundamental para monitorar a
qualidade do sedimento.
Granulometria
100%
90% ARGILAS
Fósforo Total
Fósforo total foi detectado em todas as amostras, porém a concentração máxima encontrada
foi de 350 mg/kg no ponto AO1 (Figura 9.2.1-15), dessa forma as concentrações encontradas
foram interiores ao valor alerta da resolução CONAMA 454/12 que é de 2000 mg/kg.
Fósforo Total
400
350
300
250
mg/kg
200
150
100
50
0
AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7
Ponto de Coleta
Arsênio Chumbo
Nível 1 - CONAMA 454/12: 46,7 mg/kg
20,0 Nível 1 - CONAMA 454/12: 19,0 mg/kg 10,0
18,0 9,0
16,0 8,0
14,0 7,0
12,0 6,0
mg/kg
mg/kg
10,0 5,0
8,0 4,0
6,0 3,0
4,0 2,0
2,0 1,0
0,0 0,0
AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7 AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7
Ponto de Coleta Ponto de Coleta
Cobre Cromo
Nível 1 - CONAMA 454/12: 34,0 mg/kg Nível 1 - CONAMA 454/12: 81,0 mg/kg
2,0 10,0
1,8 9,0
1,6 8,0
1,4 7,0
1,2 6,0
mg/kg
mg/kg
1,0 5,0
0,8 4,0
0,6 3,0
0,4 2,0
0,2 1,0
0,0 0,0
AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7 AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7
Ponto de Coleta Ponto de Coleta
Níquel Zinco
Nível 1 - CONAMA 454/12: 20,9 mg/kg Nível 1 - CONAMA 454/12: 150,0 mg/kg
5,0 10,0
4,5 9,0
4,0 8,0
3,5 7,0
3,0 6,0
mg/kg
mg/kg
2,5 5,0
2,0 4,0
1,5 3,0
1,0 2,0
0,5 1,0
0,0 0,0
AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7 AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7
Ponto de Coleta Ponto de Coleta
Figu ra 9.2.1-16 - Distribuição dos metais nos pontos AO1 a AO7 na região do empreendimento
dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
c) Terceira Campanha
Os resultados das análises Físicas e Químicas realizadas nas amostras de sedimento
coletadas na terceira campanha são apresentados na Tabela 9.2.1-18 e na Tabela 9.2.1-19
bem como os limites de detecção e quantificação dos métodos analíticos e a comparação
com os padrões de qualidade estabelecidos pela Resolução CONAMA 454/12. As
coordenadas geográficas dos pontos de coleta para esta campanha são coincidentes com os
pontos da segunda campanha (Tabela 9.2.1-15).
Tabela 9.2.1-18 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN - (A-01 a A-07).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ARCADIS logos 458
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Estudo e Impacto Ambiental
Terminais Ponta Negra – TPN
Tabela 9.2.1-19 – Resultados das análises físicas e químicas realizadas no sedimento na região de implantação do TPN - (A-01 a A-07).
LEGENDA
Valor Acima do Nivel 2 ** Codificação - Laudo Ecolabor
Valor Entre Nivel 1 e 2
Valor Abaixo do Nivel 1
ND Não Detectado
NA Não Analisada
Análise Granulométrica
Uma vez que, quanto menor o tamanho do grão, mais os compostos orgânicos e inorgânicos
se associam ao sedimento, a análise granulométrica é fundamental para monitorar a
qualidade do sedimento.
Granulometria
100%
ARGILAS
90%
80% SILTE MUITO FINO
70% SILTE FINO
60% SILTE MÉDIO
50%
SILTE GROSSO
40%
30% AREIA MUITO FINA
20% AREIA FINA
10% AREIA MÉDIA
0% AREIA GROSSA
AO1 AO2 AO3 AO4 AO5 AO6 AO7
200
150
mg/kg
100
50
0
A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07
Ponto de Coleta
Figura 9.2.1-18 - Distribuição de nitrogênio kjeldahl total nos pontos A-01 a A-07 na região do
empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
Fósforo Total
Fósforo total foi detectado em todas as amostras, porém a concentração máxima encontrada
foi de 643 mg/kg no ponto A-04 (Figura 9.2.1-19), dessa forma as concentrações encontradas
foram interiores ao valor alerta da resolução CONAMA 454/12 que é de 2000 mg/kg.
Fósforo Total
700
600
500
400
mg/kg
300
200
100
0
A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07
Ponto de Coleta
Figura 9.2.1-19 - Distribuição de fósforo total nos pontos A-01 a A-07 na região do
empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
Metais e Arsênio
Dentre os metais analisados, cádmio, mercúrio e prata não foram detectados em nenhum dos
pontos amostrados.
O Arsênio foi detectado apenas nas amostras A-01 e A-05, ambos na concentração de 2,1
mg/kg, inferior ao nível 1 da Resolução CONAMA 454/12 que é de 19 mg/kg.
As distribuições espaciais dos demais metais regulados pela resolução CONAMA 454/12 são
mostradas na Figura 9.2.1-20.
Arsênio Chumbo
20 50
18 45
16 40
14 35
12 30
mg/kg
mg/kg
10 25
8 20
6 15
4 10
2 5
0 0
A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07 A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07
Ponto de Coleta Ponto de Coleta
Cobre Cromo
35 80
30 70
25 60
50
20
mg/kg
mg/kg
40
15
30
10
20
5 10
0 0
A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07 A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07
Ponto de Coleta Ponto de Coleta
Níquel Zinco
20 140
120
15
100
mg/kg
mg/kg
80
10
60
5 40
20
0 0
A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07 A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07
Ponto de Coleta Ponto de Coleta
Figura 9.2.1-20 - Distribuição dos metais nos pontos A-01 a A-07 na região do empreendimento
dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha representa o nível 1 da Resolução
CONAMA 454/12.
Compostos Orgânicos
Bifenilas Policloradas (PCBs) não foram detectadas em nenhum dos pontos amostrados.
C) Considerações
As análises de sedimento coletados nas 3 campanhas não indicaram a concentração de
nenhum dos poluentes (não metálicos, metálicos ou orgânicos) em concentração superior a
valor alerta ou ao nível 1 da Resolução CONAMA 454/12.
O Nível 1 é definido como limiar abaixo do qual há menor probabilidade de efeitos adversos à
biota, portanto pode-se supor que as concentrações dos compostos presentes no sedimento
não oferece risco à biota aquática
Para tal caracterização foram realizadas coletas de água nos dias 12 de Setembro de 2012
(mês de estiagem) e 22 de janeiro de 2013 (mês chuvoso), juntamente com a coleta de
sedimento. As coordenadas dos pontos de coleta de água estão apresentados na Tabela
9.2.1-20 e são coincidentes com os pontos de coleta de sedimento da segunda e terceira
campanha. A Figura 9.2.1-21 indica a localização dos pontos.
Tabela 9.2.1-20 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos de coleta de água.
Ponto E S
Figura 9.2.1-21 - Pontos amostrais de água na Área de Influência Direta para a realização do
estudo.
Figura 9.2.1-22 - Variação do nível do mar em Maricá ao longo do dia 12/09/2012 e o horário de
coleta das amostras de água.
Figura 9.2.1-23 - Variação do nível do mar em Maricá ao longo do dia 22/01/2013 e o horário de
coleta das amostras de água.
A) Métodos
Nas amostras de água foram realizadas as análises dos parâmetros descritos na Resolução
do Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 357 de 2005 (BRASIL, 2005), que dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento:
Metais: Alumínio, Bário, Berílio, Boro, Cádmio, Chumbo, Cobre, Cromo, Ferro,
Manganês, Mercúrio, Níquel, Prata, Selênio, Tálio, Urânio e Zinco;
Semimetais: Arsênio;
Nutrientes: Fósforo Total, Nitrogênio Kjeldahl Total, Nitratos, Nitritos, Nitrogênio
Amoniacal Total;
Carbono Orgânico Total;
Orgânicos: Fenóis, Óleos e Graxas, Surfactantes, Bifenilas Policloradas, Fenóis,
Pesticidas Organoclorados, Pesticidas Organofosforados, Semivoláteis, Solventes
Aromáticos, Solventes Halogenados;
Parâmetros Biológicos e Microbiológicos: Clorofila a e Coliformes Termotolerantes;
Outros: Cianeto, Cloro Residual Livre, Fluoretos, Oxigênio Dissolvido, pH, Sulfetos
a) Metodologias analíticas
Todos os ensaios analíticos foram realizados pelo Laboratório ECOLABOR. Os métodos
analíticos utilizados se basearam em normas analíticas estabelecidas, descritas em Standard
Methods for the Examination of Water and Wastewater (SMEWW, 2005) e nos padrões
analíticos definidos pela Agência de Proteção Ambiental Norte Americana (USEPA).
Abaixo são apresentados os métodos analíticos utilizados para a análise dos compostos que
foram detectados.
Metais
Metais foram analisados na água seguindo o método SMEWW 3030F e SMEWW 3120B A.
Mercúrio foi analisado seguindo a metodologia SMEWW 3112B. Os limites de detecção e
quantificação para cada um dos metais analisados são: Alumínio: LD 0,010 mg/L– LQ 0,033
mg/L, Bário: LD 0,0002 – LQ 0,0006 mg/L, Berílio: 0,0002 mg/L – LQ 0,0005 mg/L, Boro: 0,07
mg/L – LQ 0,20 mg/L, Cádmio: LD 0,0002 mg/L – LQ 0,0005 mg/L, Chumbo: LD 0,0004 mg/L
– LQ 0,0014 mg/L, Cobre: LD 0,0005 mg/L – LQ 0,0015 mg/L, Cromo: LD 0,0002 mg/L – LQ
0,0008 mg/L, Ferro: LD 0,006 mg/L – LQ: 0,020 mg/L, Manganês: LD 0,0002 mg/L – LQ
0,0008 mg/L, Mercúrio LD 0,0001 mg/L – LQ 0,0002 mg/L, Níquel: LD 0,00023 mg/L – LQ
0,0008 mg/L, Prata: LD 0,0002 mg/L – LQ 0,0005 mg/L, Selênio: LD 0,002 mg/L – LQ 0,005
mg/L, Tálio: LD 0,005 mg/L – LQ 0,017 mg/L, Urânio: LD 0,002 mg/L – LQ 0,005 mg/L, Zinco:
LD 0,002 mg/L – LQ 0,007 mg/L.
Arsênio
Arsênio foi analisado seguindo o método SMEWW 3114B. O limite de detecção foi calculado
em 0,010 mg/L. O limite de quantificação foi calculado em 0,033 mg/L.
Nutrientes
Nitrogênio kjeldahl total foi analisado seguindo o método descrito em SMEWW 4500N. O
limite de detecção foi calculado em 0,06 mg/L. O limite de quantificação foi calculado em 0,18
mg/L.
Nitrogênio Amoniacal Total foi analisado seguindo o método descrito em SMEWW 4500NH3
F. O limite de detecção foi calculado em 0,007 mg/L. O limite de quantificação foi calculado
em 0,023 mg/L.
Nitrato foi analisado seguindo o método descrito em USEPA 300.1. O limite de detecção foi
calculado em 0,003 mg/L. O limite de quantificação foi calculado em 0,008 mg/L.
Nitrito foi analisado seguindo o método descrito em USEPA 300.1. O limite de detecção foi
calculado em 0,001 mg/L. O limite de quantificação foi calculado em 0,003 mg/L.
Fósforo Total foi analisado seguindo o método descrito em SMEWW 4500P. O limite de
detecção foi calculado em 0,005 mg/L. O limite de quantificação foi calculado em 0,016 mg/L.
Carbono orgânico Total foi analisado seguindo o método descrito em SMEWW 5310A. O
limite de detecção foi calculado em 0,5 mg/L. O limite de quantificação foi calculado em 1,0
mg/L.
b) Métodos de Coleta
As amostras de água para análise dos parâmetros físico-químicos foram coletadas nos 7
(sete) pontos amostrais, utilizando-se garrafa Van dorn para as amostras de superfície, meio
e fundo (Figura 9.2.1-24).
B) Resultados
Nos itens a seguir são apresentados, de forma separada, os resultados obtidos para primeira
e segunda campanha. Ressalta-se que os laudos laboratoriais estão apresentados no Anexo
XXXIX.
a) 1ª Campanha
Os resultados das análises Físicas e Químicas realizadas nas amostras de água coletadas na
primeira campanha são apresentados nas Tabela 9.2.1-22 a Tabela 9.2.1-30, bem como os
limites de detecção e quantificação dos métodos analíticos e a comparação com os padrões
de qualidade estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05.
Além dos resultados mostrados nas tabelas, também foram analisados Bifenilas Policloradas
(PCBs), Fenóis, Pesticidas Organoclorados, Pesticidas Organofosforados e Compostos
Orgânicos Semivoláteis. Esses compostos não foram detectados em nenhuma das amostras.
As coordenadas geográficas e profundidade dos pontos de coleta, além do horário de coleta
estão descritos na Tabela 9.2.1-21.
Tabela 9.2.1-21 Coordenadas dos pontos de coleta de água, profundidade e hora de coleta das
amostras.
Tabela 9.2.1-22 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO1-AO3).
Tabela 9.2.1-23 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO1-AO3).
Tabela 9.2.1-24 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO1-AO3).
Tabela 9.2.1-25 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO4-AO6).
Tabela 9.2.1-26 – Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO4-AO6).
Tabela 9.2.1-27 – Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO4-AO6).
Tabela 9.2.1-28 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO7).
Tabela 9.2.1-29 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO7).
Tabela 9.2.1-30 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO7).
b) 2ª Campanha
Os resultados das análises Físicas e Químicas realizadas nas amostras de água coletadas na
segunda campanha são apresentados da Tabela 9.2.1-32 até a Tabela 9.2.1-40, assim como
os limites de detecção e quantificação dos métodos analíticos e a comparação com os
padrões de qualidade estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05. Para segunda
campanha também foram analisados Bifenilas Policloradas (PCBs), Fenóis, Pesticidas
Organoclorados, Pesticidas Organofosforados e Compostos Orgânicos Semivoláteis. Esses
compostos não foram detectados em nenhuma das amostras.
Tabela 9.2.1-31 - Coordenadas dos pontos de coleta de água, profundidade e hora de coleta das
amostras.
Tabela 9.2.1-32 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO1-AO3).
Tabela 9.2.1-33 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO1-AO3).
Tabela 9.2.1-34 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO1-AO3).
Tabela 9.2.1-35 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO4-AO6).
Tabela 9.2.1-36 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO4-AO6).
Tabela 9.2.1-37 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO4-AO6).
Tabela 9.2.1-38 – Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO7).
Tabela 9.2.1-39 Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO7).
Tabela 9.2.1-40 - Resultados das análises físicas e químicas realizadas na água na região de implantação do TPN - (AO7).
a) 1ª Campanha
Parâmetros físicos
Os valores de pH, oxigênio dissolvido e turbidez encontrados são típicos de águas marinhas.
A salinidade encontrada na região é tipicamente oceânica, com salinidade normal de 35 psu.
Nutrientes
Fósforo Total foi detectado apenas na amostra AO7-F na concentração de 0,047 mg/L,
concentração inferior ao limite do padrão de qualidade da resolução CONAMA 357/05, que é
de 0,062 mg/L.
Nitrogênio Kjeldahl Total foi detectado apenas nas amostras AO1-M (0,034 mg/L) e AO1-F
(0,041 mg/L). Nitrogênio kjeldahl total não é regulado pela resolução CONAMA 357/05.
Nitratos
0,0035
0,0030
0,0025
mg/L
0,0020
0,0015
0,0010
0,0005
0,0000
AO4-M
AO1-M
AO2-M
AO3-M
AO5-M
AO6-M
AO7-M
AO2-S
AO5-F
AO1-S
AO1-F
AO2-F
AO3-S
AO3-F
AO4-S
AO4-F
AO5-S
AO6-S
AO6-F
AO7-S
AO7-F
Figura 9.2.1-25 - Distribuição de nitratos nas amostras de água nos pontos AO1 a AO7 na região
do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
Nitritos
0,0080
0,0070
0,0060
0,0050
mg/L
0,0040
0,0030
0,0020
0,0010
0,0000
AO7-M
AO1-M
AO2-M
AO3-M
AO4-M
AO5-M
AO6-M
AO1-S
AO6-S
AO1-F
AO2-S
AO2-F
AO3-S
AO3-F
AO4-S
AO4-F
AO5-S
AO5-F
AO6-F
AO7-S
AO7-F
Figura 9.2.1-26 - Distribuição de nitritos nas amostras de água nos pontos AO1 a AO7 na região
do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
0,0500
0,0400
mg/L
0,0300
0,0200
0,0100
0,0000
AO3-F
AO1-S
AO1-F
AO2-S
AO2-F
AO3-S
AO4-S
AO4-F
AO5-S
AO5-F
AO6-S
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-M
AO2-M
AO3-M
AO4-M
AO5-M
AO6-M
Figura 9.2.1-27 - Distribuição de nitrogênio amoniacal total nas amostras de água nos pontos
AO1 a AO7 na região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
Carbono orgânico total foi detectado em todas as amostras analisadas, apenas na amostra
AO6-S a concentração de carbono orgânico total (3,1 mg/L) superou ao limite do padrão de
qualidade da Resolução CONAMA 357/05, que é de 3,0 mg/L (Figura 9.2.1-28).
3,0
2,5
mg/L
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
AO2-F
AO1-S
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO3-S
AO3-F
AO4-S
AO4-F
AO5-S
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-F
AO1-M
AO3-M
AO4-M
AO5-M
AO7-M
Figura 9.2.1-28 - Distribuição de carbono orgânico total nas amostras de água nos pontos AO1 a
AO7 na região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha
tracejada representa o limite da Resolução CONAMA 357/05.
Cianeto foi detectado no ponto AO2 – M (0,006 mg/L) em concentração superior ao limite da
resolução CONAMA 357/05, que é de 0,001 mg/L. A concentração acima do limite da
resolução foi encontrada em apenas em uma amostra (AO2), o que não compromete a
qualidade da água.
Sulfetos e Cloro Residual não foram detectados em nenhuma das amostras analisadas.
Fluoretos
0,6
0,5
0,4
mg/L
0,3
0,2
0,1
0,0
AO1-M
AO2-M
AO3-M
AO4-M
AO5-M
AO6-M
AO7-M
AO1-S
AO5-S
AO1-F
AO2-S
AO2-F
AO3-S
AO3-F
AO4-S
AO4-F
AO5-F
AO6-S
AO6-F
AO7-S
AO7-F
Figura 9.2.1-29 - Distribuição de fluoretos nas amostras de água nos pontos A-01 a A-07 na
região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha tracejada
representa o limite da Resolução CONAMA 357/05.
Metais e Semimetais
Dentre os metais e semimetais analisados na coluna de água, o alumínio, chumbo, mercúrio,
prata e selênio não foram detectados em nenhuma das amostras analisadas.
Na Figura 9.2.1-30 são apresentadas as concentrações dos demais metais nos pontos de
coleta. Os metais cobre, cromo, ferro e níquel foram encontrados em concentrações
superiores aos limites da resolução CONAMA 357/05 em algumas das amostras. Esses
metais são elementos essenciais que participam de processos metabólicos da biota (ADAMS,
1993, BEVERIDGE et al., 1997, NEILANDS, 1989).
Além dos metais citados, foi analisado também o estanho na forma alquilada, o
tributilestanho, que não foi detectado em nenhuma das amostras.
0,006 0,0003
0,01
0,005 0,00025
0,008
mg/L
mg/L
mg/L
0,004 0,0002
0,006
0,003 0,00015
0,004
0,002 0,0001
0 0 0
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
Boro Cobre Solúvel Cromo
4,5 0,01 0,2
4 0,009 0,18
mg/L
mg/L
mg/L
2,5
0,005 0,1
2
0,004 0,08
1,5
0,003 0,06
1 0,002 0,04
0,5 0,001 0,02
0 0 0
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
Ferro Manganês Níquel
1,2 0,07 0,14
1 0,06 0,12
0,05 0,1
0,8
mg/L
mg/L
mg/L
0,04 0,08
0,6
0,03 0,06
0,4
0,02 0,04
0 0 0
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
Tálio Urânio Zinco
0,8 0,008 0,035
mg/L
mg/L
0,02
0,4 0,004
0,015
0,3 0,003
0,01
0,2 0,002
0 0 0
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
AO1-S
AO1-M
AO1-F
AO2-S
AO2-M
AO2-F
AO3-S
AO3-M
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-M
AO5-F
AO6-S
AO6-M
AO6-F
AO7-S
AO7-M
AO7-F
Figura 9.2.1-30 - Distribuição dos metais detectados nos pontos AO1 a AO7. A linha vermelha
tracejada representa o limite da citada resolução
Para região dos Terminais Ponta Negra não foram encontradas referências de análises
destes metais, apenas para a Baia de Guanabara, que se encontra distante do
empreendimento.
Agregados Orgânicos
Fenóis totais foram detectados nas amostras AO3-S (0,003 mg/L) e AO3-M (0,002 mg/L),
concentrações inferiores ao limite da Resolução CONAMA 357/05 que é de 0,06 mg/L.
Surfactantes aniônicos
0,12
0,10
0,08
mg/L
0,06
0,04
0,02
0,00
AO2-S
AO7-S
AO1-S
AO1-F
AO2-F
AO3-S
AO3-F
AO4-S
AO4-M
AO4-F
AO5-S
AO5-F
AO6-S
AO6-F
AO7-F
AO1-M
AO2-M
AO3-M
AO5-M
AO6-M
AO7-M
Figura 9.2.1-31 - Distribuição de surfactantes aniônicos nas amostras de água nos pontos A-01
a A-07 na região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha
tracejada representa o limite da Resolução CONAMA 357/05.
Compostos Orgânicos
Os compostos orgânicos bifenilas policloradas (PCBs), Pesticidas organoclorados, pesticidas
organofosforados e compostos semi-voláteis (SVOCs) não foram detectados em nenhuma
das amostras analisadas.
Os solventes aromáticos tolueno, etilbenzeno e xileno foram detectados nas amostras dos
pontos AO5 e AO6, porém em concentrações inferiores ao limite da resolução CONAMA
357/05.
O solvente halogenados monoclorobenzeno foi detectado nas amostras de água dos pontos
AO1, AO5, AO6 e AO7. Nas amostras do ponto AO5 (S 38 µg/L, M 29 µg/L e F 82 µg/L) e na
amostra AO6-F (62 µg/L) as concentrações encontradas foram superiores ao limita de
resolução CONAMA 357/05, que é de 25 µg/L.
Parâmetros microbiológicos
Foram realizadas análises de coliformes termotolerantes nas amostras coletadas, em todas
elas as concentrações foram próximas ou inferiores ao limite de quantificação do laboratório
(<18 NMP/100mL), inferiores ao limite da resolução CONAMA 357/05 que é de 1000
NMP/100mL.
Clorofila a foi detectada apenas na amostra AO6-S (7 µg/L) e AO7-F (16 µg/L) .
b) 2ª Campanha
Parâmetros físicos
Os valores de pH, oxigênio dissolvido e turbidez encontrados são típicos de águas marinhas.
A salinidade encontrada na região é tipicamente oceânica, com salinidade normal de 35 psu.
Nutrientes
Fósforo Total foi detectado apenas na amostra AC-02M na concentração de 0,015 mg/L,
concentração inferior ao limite do padrão de qualidade da resolução CONAMA 357/05, que é
de 0,062 mg/L.
0,5
0,4
mg/L
0,3
0,2
0,1
Figura 9.2.1-32 - Distribuição de nitrogênio kjeldahl total nas amostras de água nos pontos A-01
a A-07 na região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
Nitratos
0,45
0,4
0,35
0,3
mg/L
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
Figura 9.2.1-33 - Distribuição de nitratos nas amostras de água nos pontos A-01 a A-07 na
região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
Nitritos
0,07
0,06
0,05
mg/L
0,04
0,03
0,02
0,01
Figura 9.2.1-34 - Distribuição de nitritos nas amostras de água nos pontos A-01 a A-07 na região
do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
0,07
0,06
0,05
mg/L
0,04
0,03
0,02
0,01
Figura 9.2.1-35 - Distribuição de nitrogênio amoniacal total nas amostras de água nos pontos A-
01 a A-07 na região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá.
25
20
mg/L
15
10
Figura 9.2.1-36 - Distribuição de carbono orgânico total nas amostras de água nos pontos A-01
a A-07 na região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha
tracejada representa o limite da Resolução CONAMA 357/05.
Cianetos, Sulfetos e Cloro Residual não foram detectados em nenhuma das amostras
analisadas.
Fluoretos
2
1,8
1,6
1,4
1,2
mg/L
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
Figura 9.2.1-37 - Distribuição de fluoretos nas amostras de água nos pontos A-01 a A-07 na
região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha tracejada
representa o limite da Resolução CONAMA 357/05.
Metais e Semimetais
Dentre os metais e semimetais analisados na coluna de água, o arsênio, chumbo, cromo,
mercúrio, níquel, prata e selênio não foram detectados em nenhuma das amostras
analisadas.
O tálio foi detectado em apenas duas amostras, AC-01M (0,036 mg/L) e AC-02M (0,368
mg/L). Nessa última amostra a concentração superou o limite da resolução CONAMA que é
de 0,1 mg/L.
0,0007 8
0,005
0,0006 7
0,004 6
0,0005
mg/L
mg/L
mg/L
5
0,003 0,0004
4
0,0003
0,002 3
0,0002
2
0,001
0,0001 1
0 0 0
AC01S
AC01M
AC01F
AC02S
AC02M
AC02F
AC03S
AC03M
AC03F
AC04S
AC04M
AC04F
AC05S
AC05M
AC05F
AC06S
AC06M
AC06F
AC01S
AC01M
AC01F
AC02S
AC02M
AC02F
AC03S
AC03M
AC03F
AC04S
AC04M
AC04F
AC05S
AC05M
AC05F
AC06S
AC06M
AC06F
AC07S
AC07M
AC07F
AC07S
AC07M
AC07F
Cobre Solúvel Manganês Urânio
0,005 0,009 0,016
0,008 0,014
0,004 0,007 0,012
0,006
0,003 0,01
mg/L
mg/L
mg/L
0,005
0,008
0,004
0,002
0,006
0,003
0,002 0,004
0,001
0,001 0,002
0 0 0
AC01S
AC01M
AC01F
AC02S
AC02M
AC02F
AC03S
AC03M
AC03F
AC04S
AC04M
AC04F
AC05S
AC05M
AC05F
AC06S
AC06M
AC06F
AC01S
AC01M
AC01F
AC02S
AC02M
AC02F
AC03S
AC03M
AC03F
AC04S
AC04M
AC04F
AC05S
AC05M
AC05F
AC06S
AC06M
AC06F
AC01S
AC01M
AC01F
AC02S
AC02M
AC02F
AC03S
AC03M
AC03F
AC04S
AC04M
AC04F
AC05S
AC05M
AC05F
AC06S
AC06M
AC06F
AC07S
AC07M
AC07F
AC07S
AC07M
AC07F
AC07S
AC07M
AC07F
Zinco
0,06
0,05
0,04
mg/L
0,03
0,02
0,01
0
AC01S
AC01M
AC01F
AC02S
AC02M
AC02F
AC03S
AC03M
AC03F
AC04S
AC04M
AC04F
AC05S
AC05M
AC05F
AC06S
AC06M
AC06F
AC07S
AC07M
AC07F
Figura 9.2.1-38 - Distribuição dos metais nos pontos A-01 a A-07 região do empreendimento dos
Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha tracejada representa o limite da resolução
CONAMA 357/05.
Além dos metais citados, foi analisado também o estanho na forma alquilada, o tributilestanho
e em algumas das amostras a concentração foi superior ao padrão de qualidade da
Resolução CONAMA 357/05 (Figura 9.2.1-39).
Tributilestanho
0,09
0,08
0,07
0,06
mg/L
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
AC02
AC01S
AC01M
AC01F
AC02F
AC03S
AC03F
AC04S
AC04F
AC05S
AC05F
AC06S
AC06F
AC02M
AC03M
AC04M
AC05M
AC06M
AC07S
AC07M
AC07F
Figura 9.2.1-39 - Distribuição de tributilestanho total nas amostras de água nos pontos A-01 a A-
07 na região do empreendimento dos Terminais Ponta Negra – Maricá. A linha vermelha
tracejada representa o limite da Resolução CONAMA 357/05.
Parâmetros microbiológicos
Foram realizadas análises de coliformes termotolerantes nas amostras coletadas, em todas
elas as concentrações foram próximas ou inferiores ao limite de quantificação do laboratório
(<18 NMP/100mL), inferiores ao limite da resolução CONAMA 357/05 que é de 1000
NMP/100mL.
D) Considerações finais
Nas amostras de água coletadas, foram observadas na primeira campanha concentrações
superiores aos limites da resolução CONAMA 357/05 de cobre, cromo, ferro e níquel em
alguns pontos e de cianeto em uma única amostra. Esses mesmos metais não foram
observados nas amostras coletadas na segunda campanha. Ressalta-se que estes metais
identificados na primeira campanha não oferecem risco a biota, pois são elementos
essenciais que participam dos processos metabólicos (ADAMS, 1993, BEVERIDGE et al.,
1997, NEILANDS, 1989).
A concentração de cianeto em uma única amostra (AO2) não representa risco à biota.
Em relação aos metais, tais compostos existem de forma natural no meio e são elementos
essenciais que participam de processos metabólicos. As concentrações encontradas não
oferecem risco à biota, pois apenas em algumas amostras foram observadas violações aos
limites da resolução CONAMA 357/05 e tais concentrações são próximas aos limites da
citada resolução.
As massas d’água - diferentes porções de água do mar com uma origem determinada e que
se mantém durante longos períodos com temperatura e salinidade quase constantes,
localizando-se em diferentes profundidades - representam uma característica oceanográfica
importante para a região (PETROBRAS, 2009). Na região da Bacia de Campos, as principais
massas d’água são: Água Costeira (AC), Água Tropical (AT), Água de Mistura (AM) Água
Central do Atlântico Sul (ACAS), Água Intermediária Antártica (AIA) e Água Profunda do
Atlântico Norte (APAN).
Souto (2005) cita alguns autores (MUEHE, 1979; SILVA, 1985 apud BIZERRIL, 2001) que
afirmam que a costa do Rio de Janeiro, ao sul de Cabo Frio, apresenta um litoral retilíneo e
exposto a regimes hidrodinâmicos intensos. Para o primeiro autor, as condições hidrológicas
da região costeira fluminense são basicamente determinadas pela predominância da AT.
Carvalho da Silva et al (2008) descrevem que a região de Maricá possui uma costa orientada
no sentido E-W. Segundo Oliveira & Bulhões (2009), quando as frentes frias vindas do sul
atingem o litoral do Rio de Janeiro (RJ), ocorrem ventos e ondas de altas intensidades do
quadrante sul, ocasionando um empilhamento e aprisionamento de água na costa.
O mesmo é descrito em Muehe et al (2005), que cita que o clima de ondas é condicionado
pelas frequentes modificações das condições de vento, associadas à passagem das frentes
frias, e a constante presença de marulho (swell), gerado por tempestades nas altas latitudes
do Atlântico Sul e dissociadas do vento local.
Com relação à elevação do nível do mar para a região de Ponta Negra, a Figura 9.2.1-40, a
seguir, ilustra as constantes harmônicas referentes à estação maregráfica para o Farol de
Ponta Negra, do Catálogo de Estações Maregráficas Brasileiras, da FEMAR (Fundação de
Estudos do Mar). A componente de maior amplitude é a M2, com 28,6 cm, seguida da
S2 com 14,2 cm.
Figura 9.2.1-40 - Constantes harmônicas de maré para a estação maregráfica de Ponta Negra -
RJ.
As características termohalinas das águas que ressurgem na região indicam que se trata da
ACAS (MOREIRA DA SILVA e MENDONÇA, 1977), normalmente encontrada em
subsuperfície nesta latitude. A ACAS constitui a termoclina permanente do oceano Atlântico
Sul e suas características podem ser utilizadas como traçador da ressurgência, já que
temperaturas entre aproximadamente 13°C e 18°C e salinidade abaixo de 36, são
encontradas em eventos de ressurgência na região. A importância da ressurgência para
diversas regiões do planeta pode ser verificada no Peru, que detêm uma das maiores
produções de pescado no mundo graças à ação da ressurgência em sua costa. As áreas de
ressurgência representam apenas 1% do oceano, porém suportam mais de 50% da produção
pesqueira mundial (RODRIGUES, 1973).
A profundidade onde a ACAS se encontra na coluna d’água é um dos fatores que influencia
no processo de afloramento. Estando disponível em menores profundidades, existe maior
predisposição ao afloramento, enquanto mais profunda, o processo não ocorre tão facilmente
(TORRES JR., 1995). De uma maneira geral, no período de verão, a ACAS encontra-se mais
rasa, ocupando de forma mais efetiva a plataforma continental, tanto em termos de
ocorrência, quanto em intensidade, e tem como uma das consequências, a ocorrência de
eventos mais intensos de afloramento nesta época do ano (CANDELLA, 1999). São
observadas variações sazonais na ocorrência do fenômeno, menos frequente no outono e
inverno, e mais frequente na primavera e verão (MOREIRA DA SILVA e MENDONÇA, 1977;
CANDELLA, 1999). Devido, principalmente, ao número de variáveis envolvidas no processo
de ressurgência que ocorre em Cabo Frio, o fenômeno apresenta uma variabilidade
marcante.
A Figura 9.2.1-41 apresenta a localização onde foram extraídos os dados de vento e onde
foram coletados os dados oceanográficos.
Figura 9.2.1-41 - Localização dos dados coletados em campo (ADCP) e dos pontos de onde
foram extraídos os dados do METAR e os resultados referentes ao GFS.
a) Vento
Os dados de vento utilizados pertencem à base de dados do METAR (METeorological
Aerodrome Report), coletados no Aeroporto de Cabo Frio. No entanto, os dados desta
estação encontram-se disponíveis somente das 09h00min às 21h00min. Desta forma, nos
períodos em que havia ausência de dados, foram utilizados dados do modelo GFS (Global
Forecast System). A Figura 9.2.1-41 indica a localização da estação dos dados do METAR e
do ponto do qual foram extraídos os resultados do GFS.
A fim de verificar o padrão do vento para o mesmo período dos dados coletados em campo
(correntes, ondas, elevação e temperatura), analisaram-se os dados de 1 de janeiro a 30 de
abril de 2012 e, para completar 1 (um) ano de dados, de 1 de maio a 31 de dezembro de
2011. Foram realizadas análises considerando o ano completo de dados e também análises
considerando os períodos de verão (janeiro, fevereiro e março) e inverno (junho, julho e
agosto).
A Figura 9.2.1-42 apresenta o diagrama stick plot dos valores médios diários dos registros de
vento para o período de 1 de maio a 31 de dezembro de 2011 e 1 de janeiro a 30 de abril de
2012. A Figura 9.2.1-43 apresenta a rosa dos ventos e a Tabela 9.2.1-41, a análise de
ocorrência conjunta de velocidade (m/s) e direção (°), calculadas para o mesmo período (1 de
maio a 31 de dezembro de 2011 e 1 de janeiro a 30 de abril de 2012), considerando todos os
registros. Pode-se observar que as direções mais frequentes foram: NE (22 %), ENE (16,8%)
e E (15,3%). No entanto, observa-se ainda, um número significativo de registros de vento
provenientes do quadrante SW. Durante a 90% do tempo, a velocidade se manteve menor ou
igual a 10 m/s.
Figura 9.2.1-42 - Diagrama stick plot dos valores médios diários dos registros de vento, para o
período de 1 de maio a 31 de dezembro de 2011 e 1 de janeiro a 30 de abril de 2012 (convenção
vetorial).
Figura 9.2.1-43 - Histograma direcional da velocidade dos ventos (rosa dos ventos) calculada
para o período de 1 de maio a 31 de dezembro de 2011 e 1 de janeiro a 30 de abril de 2012
(convenção vetorial).
Tabela 9.2.1-41 - Ocorrência conjunta de velocidade (m/s) e direção do vento (°) para o período
de 1 de maio a 31 de dezembro de 2011 e 1 de janeiro a 31 de março de 2012. A direção é
medida em graus a partir do norte geográfico e segue a convenção meteorológica.
Calcularam-se, ainda, as rosas dos ventos e tabelas de ocorrência conjunta para os períodos
de verão (janeiro, fevereiro e março de 2012), Figura 9.2.1-44 e Tabela 9.2.1-42, e inverno
(junho, julho e agosto de 2011), Figura 9.2.1-45 e Tabela 9.2.1-43.
Figura 9.2.1-44 - Histograma direcional da velocidade dos ventos (rosa dos ventos) calculada
para o período de 1 de janeiro a 31 de março de 2012 (convenção meteorológica).
Tabela 9.2.1-42 - Ocorrência conjunta de velocidade (m/s) e direção do vento (°) para o período
de 1 de janeiro a 31 de março de 2012. A direção é medida em graus a partir do norte geográfico
e segue a convenção meteorológica.
Figura 9.2.1-45 - Histograma direcional da velocidade dos ventos (rosa dos ventos) calculada
para o período de 1 de junho a 31 de agosto de 2011 (convenção meteorológica).
Tabela 9.2.1-43 - Ocorrência conjunta de velocidade (m/s) e direção do vento (°) para o período
de 1 de junho a 31 de agosto de 2011. A direção é medida em graus a partir do norte geográfico
e segue a convenção meteorológica.
As coletas foram feitas através de um ADCP de 600 kHz, modelo Workhorse Sentinel
fabricado pela Teledyne RD Instruments e dotado de dispositivo Waves Array, que possibilita
medidas multidirecionais da propagação de ondas com alta acurácia (Figura 9.2.1-46).
Os dados brutos coletados pelo instrumento são processados pelo software WavesMon,
fornecido pelo fabricante do equipamento, através do qual é possível exportar o conjunto de
dados coletados para o formato ASCII. Posteriormente são feitos gráficos e tabelas com as
principais propriedades utilizadas para a caracterização do regime de correntes e ondas.
Correntes
O ADCP mede a velocidade da água por efeito Doppler. Os transdutores emitem feixes de
pulsos acústicos em uma frequência constante, que são refletidos de volta para o aparelho
pelas partículas em suspensão na coluna d’água. A diferença de frequência entre os pulsos
emitidos e os ecos recebidos é usada para medir a velocidade relativa entre o instrumento e
as partículas em suspensão, fornecendo um perfil de velocidades ao longo da coluna d’água.
Logo após emitir um feixe de pulsos acústicos, o transdutor desliga por um curto período para
que o instrumento não confunda o pulso emitido com o eco recebido, fornecendo assim
medidas errôneas de velocidade. Este período é chamado de blank period e, como
consequência, gera uma zona adjacente ao equipamento em que não há medidas de
velocidade d’água (blank zone).
O equipamento foi configurado para a coleta de direção e intensidade das correntes, com
intervalo de amostragem de 20 minutos, e células de 1,0 m de profundidade. Com esta
configuração, o blank zone é de 0,88 m.
A Figura 9.2.1-48 apresenta um stick plot dos dados de velocidade obtidos, fornecendo um
padrão da distribuição dos vetores de velocidade ao longo da coluna d’água.
Figura 9.2.1-48 - Stick plots dos vetores de velocidade ao longo da coluna d’água para o período
de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
Figura 9.2.1-49 - Stick plot dos vetores de vento para o mesmo período de coleta de dados de
corrente.
Figura 9.2.1-50 - Séries temporais das componentes u e v em superfície (2 m), para o período de
29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
Tabela 9.2.1-44 - Ocorrência conjunta de intensidade (cm/s) e direção (°) das correntes medidas
na superfície (2 m), para o período de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012. A direção é
medida em graus a partir do norte geográfico e segue a convenção vetorial.
Figura 9.2.1-52 - Séries temporais das componentes u e v em meia água (9 m), para o período de
29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
Figura 9.2.1-53 - Histograma direcional da velocidade das correntes em meia água (9 m),
calculada para o período de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
Tabela 9.2.1-45 - Ocorrência conjunta de intensidade (cm/s) e direção (°) das correntes medidas
em meia água (9 m), para o período de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012. A direção é
medida em graus a partir do norte geográfico e segue a convenção vetorial.
Figura 9.2.1-54 - Séries temporais das componentes u e v junto ao fundo (17 m), para o período
de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
Figura 9.2.1-55 Rosa de correntes no fundo (17 m), calculada para o período de 29 de março de
2012 a 03 de maio de 2012.
Tabela 9.2.1-46 - Ocorrência conjunta de intensidade (cm/s) e direção (°) das correntes medidas
junto ao fundo (17 m), para o período de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012. A direção é
medida em graus a partir do norte geográfico e segue a convenção vetorial.
Para o período amostrado, nota-se que as velocidades mais intensas estão em superfície,
com magnitudes da ordem de 0,5 m/s para as correntes com sentido NNE. À medida que se
aprofunda na coluna de água, a magnitude da corrente diminui gradativamente de
intensidade. Quanto à direção, a coluna d’água permanece homogênea durante grande parte
do tempo, mas à medida que se aproxima do fundo, existe uma maior ocorrência de corrente
com direção SE.
Ondas
A Figura 9.2.1-56 apresenta as séries temporais dos parâmetros comumente utilizados para
caracterização dos padrões de propagação de ondas: altura significativa, direção e período
de pico.
Através da Figura 9.2.1-56, observa-se que a maior altura significativa medida foi de
aproximadamente 3,5 m. No entanto, na maior parte do tempo, os valores ficam próximos de
1 m. A direção de pico indica que a incidência de ondas fica praticamente restrita entre as
direções de 100° e 180°. O período de pico, por sua vez, tem uma variação significativa,
apresentando na maior parte do tempo valores próximos de 10 segundos, porém com alguns
picos da ordem de 17 segundos.
A Figura 9.2.1-57 apresenta um diagrama stick plot dos vetores de onda para o período
amostrado.
Figura 9.2.1-56 - Altura significativa (m), direção de pico (°) e período de pico (s), para o período
de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
Figura 9.2.1-57 - Stick plot dos vetores de ondas incidentes, para o período de 29 de março de
2012 a 03 de maio de 2012.
Figura 9.2.1-58 - Histograma direcional de altura significativa (m), calculada para o período de 29
de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
Tabela 9.2.1-47 - Ocorrência conjunta de altura significativa (m) e direção (°) da onda, para o
período de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012. A direção é medida em graus a partir do
norte geográfico e segue a convenção meteorológica.
A Figura 9.2.1-59 e a Tabela 9.2.1-48 mostram que a direção mais frequente de incidência
das ondas é SSE, contribuindo com mais de 52% de ocorrência. Ainda é possível observar
que, durante o período de aquisição, alturas entre 1,0 e 1,5 m perfazem um total de 40,5 %
das medidas. Assim como realizado para a altura significativa, apresenta-se um histograma
direcional (Figura 9.2.1-59) e tabela de ocorrência conjunta (Tabela 9.2.1-48) do período de
pico (s) e direção (°) das ondas medidas na área de estudo.
Figura 9.2.1-59 - Histograma direcional do período de pico (s), para o período de 29 de março de
2012 a 03 de maio de 2012.
Tabela 9.2.1-48 - Ocorrência conjunta de período (s) e direção (°) da onda, para o período de 29
de março de 2012 a 03 de maio de 2012. A direção é medida em graus a partir do norte
geográfico e segue a convenção meteorológica.
Como descrito anteriormente para a altura significativa, a figura e a tabela acima mostram
que a direção mais frequente de incidência de ondas é SSE, contribuindo com mais de 52%
de ocorrência. Ainda é possível observar que, durante o período de aquisição, períodos entre
8 e 10 segundos perfazem um total de 34,5 % das medições.
Além das medidas de velocidade, o ADCP utilizado também possibilita a medição de pressão
(profundidade) e temperatura, além de ser dotado de sensores de movimento (pitch / roll e
heading). A Figura 9.2.1-60 mostra a temperatura obtida no registro temporal dos dados
medidos para a região de Ponta Negra. O período compreendido entre os dias 29 de março
de 2012 e o dia 03 de maio de 2012 registraram temperaturas bastante oscilantes. Verificam-
se temperaturas mais baixas no inicio do registro até aproximadamente o dia 15 de abril de
2012, atingindo um mínimo valor, inferior a 17°C. A partir de meados de abril, predominam
valores acima dos 20°C, com menor oscilação e, ao final da medição, as temperaturas
alcançam os valores mais elevados de todo o período amostrado, superando 24°C. As
medidas de pressão, convertidas para profundidade, fornecem o padrão de variação da
superfície do mar. A seguir, a Figura 9.2.1-61 mostra a série temporal de elevação da
superfície do mar enquanto a Figura 9.2.1-62 mostra o espectro de amplitudes de elevação.
Figura 9.2.1-60 - Série temporal de temperatura (°C), para o período de 29 de março de 2012 a 03
de maio de 2012.
Na Figura 9.2.1-61 pode ser notada a presença de um ciclo mensal completo de maré
durante a aquisição dos dados, com dois períodos de sizígia, de 3 a 10 e de 17 a 24 de abril
e dois períodos de quadratura entre os dias 10 e 17 de abril e 24 de abril a 1 maio.
Figura 9.2.1-61 Série temporal de elevação da superfície do mar, para o período de 29 de março
de 2012 a 03 de maio de 2012.
Figura 9.2.1-62 - Espectro de amplitudes de elevação, ciclos por dia (cpd), calculado para o
período de 29 de março de 2012 a 03 de maio de 2012.
É possível notar a predominância das componentes harmônicas semi-diurnas (dois ciclos por
dia - cpd), além de uma variação no nível médio, possivelmente, decorrente de efeitos
atmosféricos, evidenciada no espectro pelas oscilações de baixa frequência. Assim, pode-se
observar, ao longo do período, oscilações da ordem de 1,4 metros na superfície do mar
decorrentes da sobreposição de efeitos astronômicos e meteorológicos.
Q1 2,84 65
O1 10,43 90
P1 5,69 121
K1 9,55 155
N2 4,34 125
M2 28,92 89
S2 15,94 100
K2 5,65 69
M3 0,56 185
MN4 1,08 9
M4 2,22 39
MS4 1,35 118
Através do número de forma, a maré pode ser classificada como mista, predominantemente
semidiurna (F = 0,4454), através da equação abaixo (DEFANT, 1960):
Onde:
Valor de F Categoria
0 – 0,25 Semidiurna
0,25 – 1,5 Mista, predominância semidiurna
1,5 – 3 Mista, predominânicia diurna
>3 Diurna
Nesta etapa do trabalho foi implementado um modelo numérico visando simular o campo de
correntes e o campo de ondas na região de Ponta Negra. O sistema de modelos Delft3D
(DELTARES, 2011a; DELTARES, 2011b), através de seus módulos hidrodinâmico (Deflt3D-
FLOW), de ondas (Delft3D-WAVE) e morfológico (Delft3D-MOR), foi selecionado como
ferramenta para se atingir os objetivos propostos neste estudo, com relação à modelagem
hidrodinâmica e ao transporte de sedimentos. Este sistema de modelos é capaz de simular a
circulação hidrodinâmica como resposta a forçantes baroclínicas e barotrópicas, assim como
a transferência de momentum ao sistema hidrodinâmico decorrente do sistema de ventos, o
Anexo XL apresenta a descrição do modelo Delft. Os resultados obtidos através da
modelagem foram comparados com os dados coletados em campo, disponíveis durante a
implementação deste modelo (dados de corrente, elevação do nível do mar e clima de
ondas). Estas comparações, assim como ilustrações dos resultados e discussão sobre a
acurácia, representatividade e limitações do modelo são apresentadas neste tópico.
Foram implementadas três grades numéricas na região (Figura 9.2.1-63 e Figura 9.2.1-64):
uma grade regional compreendendo a região costeira do município de Niterói até Arraial do
Cabo (grade 01); uma grade local na região costeira nas proximidades da Ponta Negra
(grade 02); e uma grade detalhada e centrada na região do empreendimento (grade 03). As
características dessas grades são apresentadas na Tabela 9.2.1-50.
Figura 9.2.1-63 - Grades utilizadas nos modelos numéricos, com a localização das bordas
abertas (em vermelho).
Através do sistema de grades numéricas é possível observar que as orlas dos municípios de
Maricá e Saquarema foram abrangidas nos cálculos computacionais, sendo divididos em três
grades, aumentando de resolução progressivamente em direção à área do empreendimento.
dados do consórcio HYCOM. Essa base de dados é composta por resultados do modelo
numérico HYCOM, com resolução espacial de 1/12º (aproximadamente 9,25 km). O limite sul
do domínio utilizado para esta modelagem se mostrou suficiente para propagar o sinal do
modelo de maior escala (HYCOM) para o interior do domínio, não gerando qualquer tipo de
instabilidade numérica.
(2) Inverno (junho, julho e agosto de 2011) e verão (janeiro, fevereiro e março de 2012). Este
período foi escolhido visando representar as condições hidrodinâmicas e o clima de ondas de
acordo com a sazonalidade.
Para o item (2) foram considerados nas simulações numéricas cenários em diferentes
condições meteo-oceanográficas, que abrangeram período de maré de sizígia e de
quadratura em todas as simulações através da elevação da superfície do mar costeira
contribuindo para o fluxo costeiro. O desenvolvimento dos cenários utilizou períodos de verão
e inverno, incluso o sistema de entrada de frentes com os ventos e ondas direcionais de S-
SE.
Ainda para o item (2), foram realizadas simulações considerando duas configurações: a
configuração atual e a configuração futura. A configuração atual representa o estado atual da
área de estudo (com as cotas batimétricas atuais e linha de costa já existente). A
configuração futura considera a região de estudo já com o empreendimento implementado,
ou seja, com a implementação dos 2 molhes, área aterrada, canal de acesso, bacia de
1. Erro Estatístico Absoluto Médio (Absolute Mean Error Statistic). O erro estatístico
absoluto médio é definido como (EPA, 2000, WILLMOTT, 1982):
1 n
Eabs | dadoi mod eloi |
n i 1
O erro estatístico absoluto médio é o desvio médio entre o previsto pelo modelo e o
observado nos dados. O desvio médio ideal é zero. O erro estatístico absoluto tem a mesma
dimensão física (unidade) do dado.
1 n
RMS dadoi mod eloi 2
n i 1
A raiz do erro médio quadrático é um indicador do desvio entre o previsto pelo modelo e as
observações assim como o desvio médio, contudo é em geral maior do que ele. A raiz do erro
médio quadrático ideal é nula. A raiz do erro médio quadrático tem a mesma dimensão física
(unidade) do dado.
n
dadoi mod eloi 2
d 1 n i 1
| mod elo dado | | dado dado |
i i
2
i 1
Segundo os autores para valores de d >> 0.5 a modelagem apresenta uma significativa
redução de erros. Portanto o valor ideal de d é 1 (um).
se uma boa concordância, tanto na amplitude quanto na fase, entre os valores calculados
pelo modelo e os valores coletados em campo. Os parâmetros estimados para quantificar a
comparação (dado x modelo) forneceram os seguintes resultados:
Figura 9.2.1-66 - Séries temporais de elevação de superfície do mar (m), para o período de 29/03
a 03/05/2012. A série temporal dos dados coletados é apresentada em azul, enquanto que a
série temporal resultante da modelagem hidrodinâmica é apresentada em vermelho.
As séries temporais de corrente, tanto dos dados coletados quanto dos resultados do modelo,
são apresentadas na Figura 9.2.1-67. Os parâmetros estimados para quantificar a
comparação (dado x modelo) forneceram os seguintes resultados:
Erro Estatístico Absoluto Médio = 0,08 m/s (comp. u6) e 0,10 m/s (comp. v7).
Raiz Quadrática Média = 0,10 m/s (comp. u) e 0,13 m/s (comp. v).
Index of agreement (Willmott & Wicks) = 0,70 (comp. u) e 0,72 (comp. v).
A Figura 9.2.1-68 mostra os histogramas direcionais dos vetores de corrente. Observa-se que
o modelo foi capaz de simular o campo de correntes na área de estudo, oscilando em torno
das mesmas magnitudes e também acompanhando as inversões de direção que ocorrem no
dado coletado em campo.
Figura 9.2.1-67 - Séries temporais das componentes u e v da corrente (m/s), para o período de
29/03 a 03/05/2012. A série temporal dos dados coletados é apresentada em azul, enquanto que
a série temporal dos resultados da modelagem hidrodinâmica, é apresentada em vermelho.
Figura 9.2.1-68 - Histogramas direcionais dos vetores de corrente, calculados para o período
entre 29/03 a 03/05/2012. Os dados coletados em campo são apresentados no painel esquerdo e
os resultados do modelo, no direito.
Nas comparações realizadas, os valores obtidos foram em geral altos. Contudo, deve-se ter
em mente que uma comparação série contra série para uma modelagem hidrodinâmica numa
região e numa escala como a do presente estudo, não é suficiente para avaliar a qualidade
dos resultados, uma vez que nestas condições os efeitos não lineares são muito intensos e
de difícil reprodutibilidade pela modelagem numérica.
Esta operação foi aplicada a cada componente harmônico (i) do espectro. A seguir o espectro
foi integrado considerando o intervalo de frequência como dado por:
24
F
N t
Onde,
A integração numérica foi realizada pelo método mais simples possível, o dos retângulos
(abaixo exemplificado para a componente u):
N
2
EnergiaUTotal EnergiaUi F
i 1
Cabe salientar que poderia ter sido utilizado o espectro de energia diretamente, e este teria
nos fornecido a variância total do sinal o que daria uma estimativa (quase igual) à energia. A
vantagem de se utilizar o espectro de amplitudes é que este fornece diretamente a amplitude
A seguir, com os valores da Energia Total calculados para o modelo e para o dado,
calculamos o erro percentual entre as energias obtidas no modelo e no dado, da seguinte
forma (exemplificado para a componente u):
| EnergiaUTotalDado EnergiaUTotalModel |
Erro%U 100
EnergiaUTotalDado
Estes resultados mostram que os erros obtidos são em geral baixos, próximos de 20%, o que
demonstra quantitativamente a capacidade do modelo em reproduzir a variabilidade e a
energia contida nos dados de tal forma que, tanto a energia quanto a distribuição desta nas
faixas de frequências, são satisfatoriamente reproduzidas pela modelagem.
Por fim, deve-se considerar que os parâmetros utilizados e apresentados para quantificar a
comparação entre as observações e os resultados da modelagem são de natureza estatística
e, portanto, somente expressam o quanto duas séries temporais (ou números) se
assemelham. Por outro lado, é importante também considerar os principais aspectos físicos
envolvidos.
No caso das modelagens em questão, tanto a análise estatística dos resultados quanto a
observação do campo de corrente e elevação modelados mostram que, as modelagens
conseguiram reproduzir de forma satisfatória as principais características hidrodinâmicas da
região de estudo em escalas espacial e temporal. As figuras a seguir mostram instantes do
campo de corrente superficial modelados para duas condições típicas: corrente para SW
(Figura 9.2.1-70) e para NE (Figura 9.2.1-71).
A representação gráfica das Figura 9.2.1-70 e Figura 9.2.1-71 estão de acordo com o sentido
geral dos processos de dinâmica sedimentar costeira descrito na literatura (MUEHE e
CARVALHO, 1993). As duas condições climáticas que condicionam os mecanismos de deriva
litorânea na região, genericamente podem ser sintetizadas como tempo bom, predomínio da
incidência de ondas de NE/E/SE com predomínio de correntes de deriva rumo a SW/S, e de
tempestade com predomínio de ondas de S/SE e correntes de deriva deslocando-se
predominantemente para NE/E.
Figura 9.2.1-70 - Instantâneo do campo de correntes para um momento onde a corrente é para
SW. A barra de cores lateral apresenta a intensidade das correntes (em m/s).
Figura 9.2.1-71 - Instantâneo do campo de correntes para um momento onde a corrente é para
NE. A barra de cores lateral apresenta a intensidade das correntes (em m/s).
As séries temporais de altura significativa (Hs), período de pico (Tp) e direção de pico (Dir)
das ondas, tanto dos dados coletados quanto dos resultados do modelo, são apresentadas
nas figuras a seguir (Figura 9.2.1-72 a Figura 9.2.1-74). Observa-se que o modelo tem a
capacidade de representar o padrão do clima de ondas da região. Os parâmetros estimados
para quantificar a comparação (dado x modelo) forneceram os seguintes resultados:
Erro Estatístico Absoluto Médio = 0,19 m (Hs), 1,55 s (Tp) e 14,34° (Dir).
Raiz Quadrática Média = 0,26 m (Hs), 2,19 s (Tp) e 18,75° (Dir).
Index of agreement (Willmott & Wicks) = 0,94 (Hs), 0.65 (Tp) e 0,67 (Dir).
Figura 9.2.1-72 - Séries temporais da altura significativa das ondas (m), para o período de 28/03
a 03/05/2012. A série temporal dos dados coletados é apresentada em azul, enquanto que a
série temporal dos resultados da modelagem hidrodinâmica, é apresentada em vermelho.
Figura 9.2.1-73 - Séries temporais do período de pico das ondas (s), para o período de 28/03 a
03/05/2012. A série temporal dos dados coletados é apresentada em azul, enquanto que a série
temporal dos resultados da modelagem hidrodinâmica, é apresentada em vermelho.
Figura 9.2.1-74 - Séries temporais da direção de pico das ondas (°), para o período de 28/03 a
03/05/2012. A série temporal dos dados coletados é apresentada em azul, enquanto que a série
temporal dos resultados da modelagem hidrodinâmica, é apresentada em vermelho.
Os histogramas de altura significativa das ondas e período, através dos dados coletados e
dos dados do modelo são mostrados nas Figuras 1.1-37 e 1.1-38, respectivamente. Os
resultados mostraram uma boa correlação entre os dados medidos e os modelados,
afirmando que a modelagem utilizada satisfaz aos processos observados na região.
Figura 9.2.1-75 - Histogramas direcionais da altura significativa das ondas. Os dados coletados
em campo são apresentados no painel esquerdo e os resultados do modelo, no direito.
Figura 9.2.1-76 - Histogramas direcionais do período de pico das ondas. Os dados coletados em
campo são apresentados no painel esquerdo e os resultados do modelo, no direito.
Figura 9.2.1-77 - Histograma direcional da velocidade das correntes (média na coluna d’água),
calculado para o período de verão.
Tabela 9.2.1-52 - Ocorrência conjunta de intensidade (cm/s) e direção (°) das correntes (média
na coluna d’água), para o período de verão. A direção é medida em graus a partir do norte
geográfico e segue a convenção vetorial.
Figura 9.2.1-78 - Histograma direcional da velocidade das correntes (média na coluna d’água),
calculado para o período de inverno.
Tabela 9.2.1-53 - Ocorrência conjunta de intensidade (cm/s) e direção (°) das correntes (média
na coluna d’água), para o período de inverno. A direção é medida em graus a partir do norte
geográfico e segue a convenção vetorial.
Ao compararmos os resultados gerados pelo modelo (para verão e inverno), verifica-se que
no inverno há um maior número de ondas provenientes do quadrante S, com alturas
significativas maiores. Conforme já explicado, isto ocorre devido à maior ocorrência de
sistemas frontais durante este período.
Figura 9.2.1-79 - Histograma direcional da altura significativa das ondas, calculado para o
período de verão.
Tabela 9.2.1-54 - Ocorrência conjunta de altura (m) e direção (°) das ondas, para o período de
verão. A direção é medida em graus a partir do norte geográfico e segue a convenção
meteorológica.
Figura 9.2.1-80 - Histograma direcional da altura significativa das ondas, calculado para o
período de inverno.
Tabela 9.2.1-55 - Ocorrência conjunta de altura (m) e direção (°) das ondas, para o período de
inverno. A direção é medida em graus a partir do norte geográfico e segue a convenção
meteorológica.
Figura 9.2.1-81 - Local de lançamento do efluente tratado (ponto amarelo). Ao fundo, resultados
de magnitude média na coluna d’água e direção da corrente, em um instante onde a direção da
corrente é para SW, na configuração futura. A barra lateral de cores indica a magnitude da
corrente (em m/s) e os vetores indicam a direção da corrente.
O efluente sanitário será tratado por Estações de Tratamento de efluente (ETEs). Estas
estações realizarão o tratamento de caráter biológico associando etapas anaeróbias (com a
ausência de oxigênio) e aeróbias (com a presença do oxigênio), através das quais ocorrerá a
descontaminação do efluente. Com isso estas terão uma eficiência de remoção de DBO
Considerando que todo o efluente (sanitário + industrial) será lançado num único canal de
drenagem do TPN, é possível estimar a vazão total (efluentes sanitários e industriais) em
24.762 L/h.
Através das informações obtidas sobre as vazões de efluente geradas pelo TPN, o período
que merece maior atenção é durante a fase de operação do porto. Para tentar comparar os
dois cenários serão levados em consideração dados sobre a hidrodinâmica típica de verão e
inverno, além da distância do ponto de lançamento do efluente nos dois empreendimentos, a
fim de se ter uma estimativa aproximada do comportamento da pluma. O layout da BP
encontra-se a aproximadamente 1 km da costa, ou seja, o efluente seria lançado nessa
distância da linha de praia, ficando sujeito à hidrodinâmica. Já no TPN, o lançamento do
efluente está previsto para ocorrer próximo da extremidade do quebra-mar leste do
empreendimento, em aproximadamente 1.5 km de distância da praia e 2 km do costão
rochoso à oeste.
Empreendimentos
compartimento, em relação à incidência das ondas, tende a uma situação de equilíbrio sem
definição clara de uma direção definida de transporte residual (MUEHE & CORRÊA, 1989).
As areias de plataforma e, consequentemente, da praia, devido à inexistência de significativo
aporte terrígeno atual, são essencialmente reliquiares, isto é, resultam de remobilização por
processos marinhos de sedimentos fluviais e coluviais incorporados na plataforma continental
na época em que esta plataforma se constituía numa planície costeira (MUEHE, 1989;
MUEHE & CARVALHO, 1993).
As barreiras arenosas no arco praial de Jaconé-Saquarema estão associadas com uma rede
de drenagem relativamente incipiente e que drena diretamente para as lagoas pequenas
quantidades relativas de sedimentos continentais. Neste sentido, a zona submarina é a fonte
principal de sedimentos e, assim, influi diretamente no comportamento morfodinâmico. O arco
praial como um todo não apresenta dunas frontais desenvolvidas, embora feições eólicas
desenvolvam-se melhor à oeste, conforme constatado pela maior presença percentual de
areia fina na região da praia de Jaconé (com valores entre 28% e 39% das amostras
coletadas por Fontenelle & Corrêa, 2010) do que na região de Saquarema, que apresentaram
valores de areia fina entre 14% e 19% das amostras coletadas.
Figura 9.2.1-82 - Trecho de 19,4 Km da costa fluminense entre os promontórios de Ponta Negra
e ponta de Saquarema.
Neste sentido, a disponibilidade de sedimentos finos disponíveis para mobilização pelo vento
é baixa, porém, com valores heterogêneos ao longo do arco praial. Fontenelle & Corrêa
(2010) afirmam que o arco praial está caracterizado por diferentes estágios morfodinâmicos,
revelando resultados sempre intermediários, com maior tendência reflectiva à leste e
dissipativa à oeste. A granulometria das amostras coletadas na face e na berma da praia
corrobora com esta avaliação morfodinâmica, onde as médias das amostras apontam para
areias grossas ou muito grossas, de bem a muito bem selecionadas.
Para a realização desta análise são necessárias séries históricas de linhas de costa, obtidas
por levantamento de campo, ou por imagens obtidas através de sensores remotos. Para este
estudo foram utilizadas imagens provenientes de vários sensores, e com baixa cobertura de
nuvens, que pudessem fornecer subsídios para estas análises.
Para a realização desta análise foi utilizada uma série histórica de fotografias aéreas e
imagens do satélite CBERS 2B (obtidas junto ao INPE), que atendessem aos requisitos
acima, para que fosse possível estabelecer o posicionamento da linha de costa na época de
obtenção destas imagens. Estas são apresentadas na Tabela 9.2.1-57 e podem ser
visualizadas na Figura 9.2.1-83.
Como estas imagens foram fornecidas sem informações a respeito da correção geométrica
realizada ou, no caso das imagens do CBERS 2B, apenas com nível 2 de correção (ou seja,
correção radiométrica e geométrica de sistema; DEBIASI et al., 2007), estas imagens
precisaram passar por um processo adicional de correção geométrica com base no mosaico
ortorretificado de imagens GeoCover (ETM+ LandSat 7).
Apesar deste mosaico possuir um tamanho de pixel 6 vezes maior que as imagens do sensor
HRC7 do satélite CBERS 2B, por exemplo, obteve-se uma boa correção geométrica destas
imagens, através da utilização de um polinômio de 3⁰ grau, calculado com mais de 10 pontos
de controle em cada imagem, de forma a se atingir uma raiz quadrática média (RMS) inferior
a 0,5 em cada um dos pontos utilizados (MARTINS et al., 2009).
Tabela 9.2.1-57 - Data de obtenção, fonte, tipo, sensor e resolução espacial das imagens
obtidas.
Figura 9.2.1-83 - Imagens obtidas para a região costeira de Maricá, 2007, 2008 e 2012,
respectivamente.
O DSAS utiliza uma série de transectos perpendiculares às linhas de costa para a realização
das análises. Dessa forma, estabeleceu-se uma série de transectos ao longo da área de
influência dos Terminais Ponta Negra, posicionados a cada 20 m de distância (Figura
9.2.1-85). Como resultado, para o período de tempo estudado, obtiveram-se os valores
correspondentes à taxa anual de variação (compreendendo a distância, calculada no
movimento líquido da linha de costa, dividida pelo período de tempo considerado).
Figura 9.2.1-85 - Localização dos transectos realizados para o estudo da variação da linha de
costa no Município de Maricá.
Análises de séries histórias nos permitem obter uma informação valiosa de épocas nas quais
não existe informação batimétrica, nem dados medidos de campo. Destaca-se que, devido à
ausência de variabilidade do perfil praial, este tipo de estudo não leva em consideração a
variação da maré, entradas de frentes e variações estacionais, sendo portanto recomendável,
e extremamente importante, a comparação entre linhas de costa de diferentes anos, mas
obtidas sob uma mesma influência de maré, de uma mesma estação e, se possível, do
mesmo mês.
Figura 9.2.1-86 - Resultados das análises de variação da linha de costa no Município de Maricá
realizadas para o arco praial de Jaconé.
Figura 9.2.1-87 - Variação da praia de Jaconé sobre a influência de tempo bom (02/04/2012, à
esquerda) e grandes ondulações (08/06/2012, à direita).
Tomando base o que foi discutido anteriormente, pode-se concluir que os resultados erosão e
progradação da linha de costa obtidos não são significantes, já que correspondem apenas
geograficamente às variações espaciais da porção subaérea exposta, ou temporariamente
recoberta da praia de Jaconé, em fases de variação de marés de grande amplitude.
9.2.2.1. Ictiofauna
A) Metodologia Aplicada
Foto 9.2.2-1 - Embarcações da pesca artesanal utilizadas para a pesca (segundo plano)
e redes de espera utilizadas para captura da ictiofauna.
c) Área de estudo
Na área de influencia dos Terminais Ponta Negra foram realizados amostragens em três
pontos (Quadro 9.2.2-1 e Figura 9.2.2-1), de forma que foram amostradas a área diretamente
afetada e áreas de influência direta, localizadas ao norte e ao sul do empreendimento. O
objetivo da distribuição desses pontos amostrais é identificar no futuro programa de
monitoramento, a dispersão dos efeitos dos impactos provenientes da instalação do
empreendimento na área diretamente afetada, além de áreas adjacentes ao norte e sul da
ADA. As três metodologias empregadas foram utilizadas nos três pontos amostrais.
d) Metodologias Aplicadas
A ictiofauna presente na região do empreendimento foi amostrada por diferentes petrechos
de pesca, além do censo visual, a fim de inventariar da melhor maneira possível os recursos
pelágicos e demersais aí existentes. O arrasto rebocado (“balão”) não foi utilizado, visto que o
substrato nessa região não permite a operação desse artefato. A forma de coleta dos dados é
descrito abaixo.
Metodologia 1
Redes de espera: em cada um dos pontos amostrais foram utilizadas redes de malhas 10,
12 e 14 cm, medidos entre nós, com 100 metros de comprimento e altura média de 2 m,
sendo elas armadas à tarde (18 horas) e recolhidas na manhã do dia seguinte (6 horas)
(amostra quali-quantitativa). Cada rede de espera foi considerada uma réplica, de modo que
em cada ponto amostral tréplicas foram realizadas. Os dados provenientes dessa modalidade
foram utilizados para análises quantitativas através da captura por unidade de esforço (CPUE
– gramas por metro quadrado do artefato de pesca e tempo de imersão - g/m².h). No total,
foram utilizados 1.800 m2 de rede em 12 horas de esforço amostral.
Metodologia 2
Linhas-de-mão: foram utilizadas linhas compostas por um carretel, onde a linha de poliamida
é mantida (geralmente a peça mede 100m de comprimento com 1 a 2 mm de espessura), um
destorcedor para evitar o emaranhamento da linha dentro da água. Os dados provenientes
dessa modalidade foram utilizados para análises qualitativas na composição da lista de
espécies. No total, 20 horas de esforço de pesca foi realizado.
Metodologia 3
e) Análise de Dados
No laboratório, os peixes foram mensurados em seu comprimento total (mm) e peso (g)
utilizando balança eletrônica digital com divisão de um (01) g. Por meio de análise
macroscópica, também foi aferido o sexo de cada indivíduo, assim como classificadas quanto
a sua categoria trófica: carnívoras, planctívoras, detritívoras, onívoras e invertívoras.
Procedimentos de laboratório também incluíram dissecção dos exemplares, sexagem e
análise do estágio gonadal utilizando a seguinte escala proposta por VAZZOLER et al.
(1996).
A análise da diversidade ictiofaunística (H’) foi realizada com base nos resultados obtidos
pelo índice de diversidade de Shannon (PIELOU, 1975).
Onde, ni: valor de importância de cada espécie e N: total dos valores de importância.
A equitabilidade (J) de distribuição das capturas pelas espécies, estimada para cada estação,
será baseada na seguinte equação (PIELOU, 1975):
E = H’/log S,
A riqueza de espécies foi calculada através do número total de espécies encontradas (S).
Para a análise de eficiência amostral todas as espécies encontradas nas amostras foram
utilizadas como descritores. A eficiência amostral foi calcula utilizando a curva de acúmulo de
espécies onde foram utilizados o número de espécies (taxa) total (S) e o índice de Jacknife
encontrado em cada amostra coletada. O índice Jacknife estima a riqueza absoluta somando
a riqueza observada a um parâmetro calculado a partir do número de espécies raras e do
número de amostras (PALMER 1991). A fórmula para Jacknife usada foi a de primeira ordem:
n é o número de amostras
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Carcharhiniformes
Carcharhinidae
Carcharhinus obscurus Lesueur, 1818 Cação-marasco Monteiro-Netto et al, 2008
Carcharhinus brevipinna Müller & Henle, 1839 Cação-galha-preta Monteiro-Netto et al, 2008
Rhizoprionodon lalandii Valenciennes, 1841 Cação-frango Monteiro-Netto et al, 2008
Rhizoprionodon porosus Poey, 1861 Cação-frango Monteiro-Netto et al, 2008
Triakidae
Mustelus schmitti Springer, 1939 Cação-Sebastião Monteiro-Netto et al, 2008
Myliobatiformes
Mobulidae
Mobula hypostoma Bancroft, 1831 Raia-manta Monteiro-Netto et al, 2008
Lamnoformes
Lamnidae
Isurus oxyrhincus Rafinesque, 1810 Aniquim Monteiro-Netto et al, 2008
Squaliformes
Squalidae
Squalus cf.cubenseis Howell & Rivero, 1936 Cação-bagre Monteiro-Netto et al, 2008
Squatiniformes
Squatinidae
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Gerreidae
Diapterus auratus Ranzani, 1842 Carapeba Monteiro-Netto et al, 2008
Diapterus rhombeus Cuvier, 1829 Carapeba Monteiro-Netto et al, 2008
Eucinostomus argenteus Baird & Girard, 1855 Carapicu Monteiro-Netto et al, 2008
Eucinostomus gula Quoy & Gaimard, 1824 Carapicu Monteiro-Netto et al, 2008
Eucinostomus lefroyi Goode, 1874 Carapicu Monteiro-Netto et al, 2008
Eucinostomus melanopterus Bleeker, 1863 Carapicu Monteiro-Netto et al, 2008
Gobiidae
Bathygobius soporator Valeciennes, 1837 Maria-da-toca Monteiro-Netto et al, 2008
Gobionellus oceanicus Pallas, 1770 Maria-da-toca Monteiro-Netto et al, 2008
Gobionellus shufeldti Jordan & Eigenmann, 1887 Maria-da-toca Monteiro-Netto et al, 2008
Gobionellus stomatus Starks, 1913 Maria-da-toca Monteiro-Netto et al, 2008
Haemulidae
Anisotremus virginicus Linnaeus, 1758 Salema Monteiro-Netto et al, 2008
Boridia grossidens Cuvier, 1830 Cocoroca-cabeça-dura Monteiro-Netto et al, 2008
Conodon nobilis Linnaeus, 1758 Roncador Monteiro-Netto et al, 2008
Haemulon steindachneri Jordan & Gilbert, 1882 Cocoroca Monteiro-Netto et al, 2008
Cocoroca-boca-de-
Haemulon aurolineatum Cuvier, 1829 Monteiro-Netto et al, 2008
fogo
Haemulon plumierii Lacepède, 1801 Cocoroca Monteiro-Netto et al, 2008
Orthopristis ruber Cuvier, 1830 Cocoroca Monteiro-Netto et al, 2008
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Kiphosidae
Kyphosus sectator Linnaeus, 1758 Pirangica Monteiro-Netto et al, 2008
Labridae
Halichoeres cyanocephalus Bloch, 1791 Sabonete Monteiro-Netto et al, 2008
Halichoeres poeyi Steindachner, 1867 Sabonete Monteiro-Netto et al, 2008
Labrisomidae
Labrisomus nuchipinnis Quoy & Gaimard, 1824 Maria-da-toca Monteiro-Netto et al, 2008
Lutjanidae
Lutjanus analis Cuvier, 1828 Vermelho-caranho x Monteiro-Netto et al, 2008
Mullidae
Pseudupeneus maculatus Bloch, 1797 Trilha Monteiro-Netto et al, 2008
Percophidae
Percophis brasiliensis Quoy & Gaimard, 1824 Tira-vira Monteiro-Netto et al, 2008
Polynemidae
Polydactylus oligodon Günther, 1860 Parati-barbudo Monteiro-Netto et al, 2008
Polydactylus virginicus Linnaeus, 1758 Parati-barbudo Monteiro-Netto et al, 2008
Pomacanthidae
Pomacanthus paru Bloch, 1787 Peixe-frade Monteiro-Netto et al, 2008
Abudefduf saxatilis Linnaeus, 1758 Sargento Monteiro-Netto et al, 2008
Chromis multilineata Guichenot, 1855 Donzela-de-recife Monteiro-Netto et al, 2008
Stegastes fuscus Cuvier, 1830 Donzela Monteiro-Netto et al, 2008
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Scombridae
Euthynnus alleteratus Rafinesque, 1810 Bonito-pintado Monteiro-Netto et al, 2008
Katsuwonus pelamis Linnaeus, 1758 Bonito-listrado Monteiro-Netto et al, 2008
Sarda sarda Bloch, 1793 Serra Monteiro-Netto et al, 2008
Collette, Russo & Zavala-Camin,
Scomberomorus brasiliensis Sororoca Monteiro-Netto et al, 2008
1978
Scomberomorus cavalla Cuvier, 1829 Cavala Monteiro-Netto et al, 2008
Scomber japonicus Houttuyn, 1782 Cavalinha Monteiro-Netto et al, 2008
Scorpaenidae
Scorpaena isthmensis Meek & Hildebrand, 1928 Peixe-pedra Monteiro-Netto et al, 2008
Sphyraenidae
Sphyraena tome Fowler, 1903 Bicuda Monteiro-Netto et al, 2008
Sphyraena guachancho Cuvier, 1829 Bicuda Monteiro-Netto et al, 2008
Sphyrna lewini Griffith & Smith, 1834 Cação-martelo x Monteiro-Netto et al, 2008
Sphyrna zygaena Linnaeus, 1758 Cação-martelo x Monteiro-Netto et al, 2008
Serranidae
Diplectrum formosum Linnaeus, 1766 Michole-de-areia Monteiro-Netto et al, 2008
Diplectrum radiale Quoy & Gaimard, 1824 Michole-de-areia Monteiro-Netto et al, 2008
Epinephelus niveatus Valenciennes, 1828 Cherne x Monteiro-Netto et al, 2008
Epinephelus marginatus Lowe, 1834 Garoupa Monteiro-Netto et al, 2008
Mycteroperca bonaci Poey, 1860 Badejo x Monteiro-Netto et al, 2008
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Symphurus plagusia Bloch & Schneider, 1801 Língua-de-mulata Monteiro-Netto et al, 2008
Paralichthyidae
Citharichthys arenaceus Evermann & Marsh, 1902 Linguado Monteiro-Netto et al, 2008
Citharichthys spilopterus Günther, 1862 Linguado Monteiro-Netto et al, 2008
Etropus crossotus Jordan & Gilbert, 1882 Linguado Monteiro-Netto et al, 2008
Syacium papillosum Linnaeus, 1758 Linguado Monteiro-Netto et al, 2008
Albuliformes
Albulidae
Ubarana-focinho-de-
Albula vulpes Linnaeus, 1758 Monteiro-Netto et al, 2008
rato
Siluriformes
Ariidae
Genidens barbus Lacépède, 1803 Bagre-branco x Monteiro-Netto et al, 2008
Genidens genidens Cuvier, 1829 Bagre-urutú Monteiro-Netto et al, 2008
Atheriniformes
Atherinopsidae
Atherinella brasiliensis Chernoff, 1986 Peixe-rei Monteiro-Netto et al, 2008
Tetraodontiformes
Balistidae
Balistes capriscus Gmelin, 1788 Cangulo Monteiro-Netto et al, 2008
Diodontidae
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Anchoa lyolepis Evermann & Marsh, 1900 Manjuba Monteiro-Netto et al, 2008
Anchoa tricolor Spix & Agassiz, 1829 Manjuba Monteiro-Netto et al, 2008
Anchovia clupeoides Swainson, 1939 Manjuba Monteiro-Netto et al, 2008
Anchoviella lepidentostole Fowler, 1911 Manjuba Monteiro-Netto et al, 2008
Cetengraulis edentulus Cuvier, 1828 Sardinha-boca-torta Monteiro-Netto et al, 2008
Pristigasteridae
Pellona harroweri Fowler, 1917 Sardinha da noite Monteiro-Netto et al, 2008
Anguilliformes
Congridae
Conger orbignyanus Valenciennes, 1847 Congro Monteiro-Netto et al, 2008
Muraenidae
Gymnothorax ocellatus Agassiz, 1831 Moreia-pintada Monteiro-Netto et al, 2008
Scorpaeniformes
Dactylopteridae
Dactylopterus volitans Linnaeus, 1758 Coió Monteiro-Netto et al, 2008
Triglidae
Prionotus punctatus Bloch, 1797 Cabrinha Monteiro-Netto et al, 2008
Elopiformes
Elopidae
Elops saurus Linnaeus, 1766 Ubarana Monteiro-Netto et al, 2008
Syngnathiformes
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Fistulariidae
Fistularia petimba Lacepéde, 1803 Peixe-trombeta Monteiro-Netto et al, 2008
Fistularia tabacaria Linnaeus, 1758 Peixe-trombeta Monteiro-Netto et al, 2008
Syngnathidae
Hippocampus erectus Perry, 1810 Cavalo-marinho x Monteiro-Netto et al, 2008
Hippocampus reidi Ginsburg, 1933 Cavalo-marinho x Monteiro-Netto et al, 2008
Gadiformes
Phycidae
Urophycis brasiliensis Kaup, 1858 Abrótea Monteiro-Netto et al, 2008
Beryciformes
Holocentridae
Myripristis jacobus Cuvier, 1839 Vermelho Monteiro-Netto et al, 2008
Lophiiformes
Lophiidae
Lophius gastrophysus Miranda-Ribeiro, 1915 Tamboril Monteiro-Netto et al, 2008
Mugiliformes
Mugilidae
Mugil gaimardianus Desmarest, 1851 Parati-olho-de-fogo Monteiro-Netto et al, 2008
Mugil platanus Günther, 1880 Tainha x Monteiro-Netto et al, 2008
Mugil curema Valenciennes, 1836 Parati Monteiro-Netto et al, 2008
Mugil liza Valenciennes, 1836 Tainha x Monteiro-Netto et al, 2008
Categoria de ameaça
Anexo I Anexo II
Aulopiformes
Synodontidae
Synodus foetens Linnaeus, 1766 Peixe-lagarto Monteiro-Netto et al, 2008
Synodus intermedius Spix & Agassiz, 1829 Peixe-lagarto Monteiro-Netto et al, 2008
Trachynocephalus myops Forster, 1801 Peixe-lagarto Monteiro-Netto et al, 2008
Zeiformes
Zeidae
Zenopsis conchifer Lowe, 1850 Galo-cara-de-cavalo Monteiro-Netto et al, 2008
Instrução Normativa MMA nº 05, de 21 de maio de 2004: Anexo I - Lista nacional das espécies de invertebrados aquáticos e peixes ameaçadas de
extinção; Anexo II - Lista nacional das espécies de invertebrados aquáticos e peixes sobreexplotadas ou ameaçadas de sobre-explotação.
a) Composição Faunística
Foram registrados na área de influência do empreendimento 35 espécies de peixes (Quadro
9.2.2-3). Nas amostras realizadas durante a 1ª campanha, Diplodus argenteus foi
predominante, seguido de Thyrsitops lepidopoides e Haemulon aurolineatum. Na 2º
campanha, Orthopristis ruber e Porichthys porosissimus foram dominantes, seguido de
Priacanthus arenatus. Das espécies encontradas 32 apresentam importância comercial, uma
encontra-se em perigo segundo Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção (IBAMA
2004) e três ameaçadas de sobre-exploração pela atividade pesqueira (CITES).
Quadro 9.2.2-3 - Peixes registrados em Maricá na 1ª campanha (Setembro/2013) e 2ª campanha (Janeiro/2013), com respectiva indicação do
grau de ameaça, hábitat, endemismo e registro (* - Espécies de importância econômica).
Ordem Perciformes
Família Serranidae
Acanthistius patachonicus (Jenyns, 1840) Garoupa* 3 RE
Mycteroperca bonaci (Poey, 1860) Badejo-quadrado* x 3 RE
Família Carangidae
Caranx crysos (Mitchill, 1815) Carapau* 3 RE
Chloroscombrus chrysurus (Linnaeus, 1766) Palombeta* 1, 2 e 3 RE
Família Gerreidae
Eucinostomus argenteus (Baird & Girard, 1855) Carapicu* 1e3 RE
Família Percophidae
Percophis brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1825) Tira-vira* 1, 2 e 3 RE
Diapterus olisthostomus (Ranzani, 1842) Carapeba* 1 RE
Família Haemulidae
Boridia grossidens (Cuvier, 1830) Corcoroca-Sargo* 1 RE
Orthopristis ruber (Cuvier, 1830) ruber Corcoroca* 1 RE
Haemulon aurolineatum (Cuvier,1830) Corcoroca* 2 CV
Família Priacanthidae
Heteropriacanthus cruentatus (Lacepède, 1801) Olho-de-Cão* 1 RE
Família Triglidae
Prionotus punctatus (Bloch, 1797) Cabrinha 2e3 RE
Ordem Clupeiformes
Família Clupeidae
Opisthonema oglinum (Lesueur, 1818) Sardinha-bandeira* 3 RE
Harengula clupeola (Cuvier, 1829) Sardinha-cascuda* 3 RE
Família Engraulidae
Engraulis anchoita (Hubbs & Marini, 1935) Manjuba* 3 RE
Ordem Tetraodontiformes
Família Monacanthidae
Cantherhines pullus (Ranzani, 1842) Peixe-Porco* 1e3 RE
Família Balistidae
Balistes capriscus (Gmelin, 1789) Peroá* 1 CV
Ordem Batrachoidiformes
Família Batrachoididae
Porichthys porosissimus (Cuvier, 1829) Mamangá-liso* 1 RE
Ordem Rajiformes
Família Dasyatidae
Dasyatis say (Lesueur, 1817) Raia* 2 RE
Família Rhinobatidae
Pontos de Registro: Ponto 01, 02 e 03. Métodos de registro: RE – rede de espera, CV – censo visual e L – linha.
b) Eficiência amostral
Durante as duas campanhas foi possível identificar 35 táxons. É possível observar que a
curva do coletor não apresentou estabilização, sendo indicadas que existe um potencial de
ainda ser encontrado 49 espécies, de acordo com o teste utilizado (Jacknife) (Figura 9.2.2-2).
f) Espécies Migratórias
Durante o estudo não foram registradas espécies migratórias.
A presença do canal que está conectado com a lagoa de Guarapiné, em Maricá (RJ),
aparentemente não tem grande influência na riqueza e abundância na região, embora
tenham sido registradas espécies anádromas, ou seja, que utilizam a lagoa em seu ciclo de
vida, como algumas espécies de cianídeos e clupeídeos registrados no presente estudo, ou
outras relacionadas nos dados secundários, como as tainhas.
Tabela 9.2.2-1 - Lista de espécies com número de organismos registrados, abundância relativa e frequência de ocorrência nos pontos de
amostragem (P1, P2 e P3).
1ª Campanha
Thyrsitops lepidopoides 17 2 11 4 142,91 15,71 93,74 33,46 15,89 7,14 20,75 15,38
Diplodus argenteus 4 1 0 3 90,61 31,49 - 59,12 3,74 3,57 0,00 11,54
Orthopristus ruber 4 1 0 3 87,76 18,33 - 69,43 3,74 3,57 0,00 11,54
Cantherhines pullus 3 2 0 1 30,45 18,92 - 11,53 2,80 7,14 0,00 3,85
Cynoscion jamaicensis 3 1 1 1 63,95 1,68 27,92 14,36 2,80 3,57 1,89 3,85
Pagrus pagrus 3 0 2 1 43,12 - 25,64 17,48 2,80 0,00 3,77 3,85
Pinguipes brasilianus 3 1 0 2 74,66 12,15 - 62,51 2,80 3,57 0,00 7,69
Heteropriacanthus cruentatus 3 3 0 0 36,06 36,06 - - 2,80 10,71 0,00 0,00
Micropogonia furnieri 2 1 1 0 46,68 4,80 21,88 - 1,87 3,57 1,89 0,00
Acanthistius patachonicus 1 0 0 1 26,60 - - 26,60 0,93 0,00 0,00 3,85
Boridia grossidens 1 1 0 0 25,92 25,92 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Ctenociaena gracilicirrhus 1 1 0 0 14,24 14,24 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Dasyatis say 1 0 1 0 122,85 - 122,85 - 0,93 0,00 1,89 0,00
Diapterus olisthostomus 1 1 0 0 25,19 25,19 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Elops saurus 1 1 0 0 20,72 20,72 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Porichthys porosissimus 1 1 0 0 4,39 4,39 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Rhinobatos horkelli 1 1 0 0 6,34 6,34 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Urophycis brasiliensis 1 1 0 0 55,35 55,35 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Diplodus argentus 31 7 18 6 3,10 0,70 1,80 0,60 28,97 25,00 33,96 23,08
Haemulon aurolineatun 16 0 16 0 1,60 - 1,60 - 14,95 0,00 30,19 0,00
Scartella cristata 6 1 3 2 0,60 0,10 0,30 0,20 5,61 3,57 5,66 7,69
Parablenius marmoreus 2 0 0 2 0,20 - - 0,20 1,87 0,00 0,00 7,69
Balistes capriscus 1 1 0 0 0,10 0,10 - - 0,93 3,57 0,00 0,00
Total 107 28 53 26 923,40 32,19 95,73 295,48 100,00 100,00 100,00 100,00
Tabela 9.2.2-2 - Lista de espécies com número de organismos registrados, abundância relativa e frequência de ocorrência pontos de
amostragem (P1, P2 e P3) (Continuação).
1ª Campanha
Orthopristus ruber 11 2 4 5 135,67 31,50 71,55 32,62 15,94 10,00 21,05 16,67
Cynoscion jamaicensis 2 1 1 0 28,80 4,50 24,30 0,00 2,90 5,00 5,26 0,00
Micropogonia furnieri 1 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,00 1,45 0,00 0,00 3,33
Ctenociaena gracilicirrhus 3 2 0 1 26,10 26,10 0,00 0,00 4,35 10,00 0,00 3,33
Elops saurus 3 1 1 1 38,70 24,30 14,40 0,00 4,35 5,00 5,26 3,33
Porichthys porosissimus 11 3 4 4 103,30 44,55 36,90 21,85 15,94 15,00 21,05 13,33
Caranx crysos 1 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,00 1,45 0,00 0,00 3,33
Chloroscombrus chrysurus 5 1 1 3 34,31 12,15 13,95 8,21 7,25 5,00 5,26 10,00
Opisthonema oglinum 1 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,00 1,45 0,00 0,00 3,33
Mycteroperca bonaci 1 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,00 1,45 0,00 0,00 3,33
Dactylopterus volitans 4 1 1 2 16,68 4,50 9,00 3,18 5,80 5,00 5,26 6,67
Engraulis anchoita 1 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,00 1,45 0,00 0,00 3,33
Eucinostomus argenteus 2 1 0 1 4,50 4,50 0,00 0,00 2,90 5,00 0,00 3,33
Holocentrus adscensionis 1 0 1 0 23,85 0,00 23,85 0,00 1,45 0,00 5,26 0,00
Percophis brasiliensis 5 1 2 2 45,25 13,05 25,20 7,00 7,25 5,00 10,53 6,67
Priacanthus arenatus 7 3 2 2 97,39 59,40 37,35 0,64 10,14 15,00 10,53 6,67
Paralonchurus brasiliensis 1 1 0 0 15,30 15,30 0,00 0,00 1,45 5,00 0,00 0,00
Prionotus punctatus 3 0 1 2 15,16 0,00 1,80 13,36 4,35 0,00 5,26 6,67
1ª Campanha
Harengula clupeola 1 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,00 1,45 0,00 0,00 3,33
Sympterygia acuta 1 0 0 1 0,00 0,00 0,00 0,00 1,45 0,00 0,00 3,33
Diplodus argentus 2 2 0 0 0,20 0,20 0,00 0,00 2,90 10,00 0,00 0,00
Balistes capriscus 2 1 1 0 0,20 0,10 0,10 0,00 2,90 5,00 5,26 0,00
Total 69 20 19 30 585,41 240,15 258,40 86,86 100,00 100,00 100,00 100,00
Em relação aos aspectos biométricos das espécies registradas, foi possível observar uma
grande proporção de indivíduos desenvolvidos em ambas as campanhas, o que refletiu em
menor frequência de indivíduos classificados como imaturos na região. Esse fato foi
influenciado pela técnica de pesca utilizada, que permite a seleção de indivíduos através do
tamanho de malha utilizada (Tabela 9.2.2-3 e Tabela 9.2.2-4). De maneira geral, os
espécimes apresentaram tamanhos superiores a 20 centímetros e o estágio de maturação
mais frequente na 1ª campanha foi o de repouso, embora tenham sido observados
espécimes em reprodução na área de estudo.
Tabela 9.2.2-3 - Lista de espécies com comprimento (C) e peso (P) médio, desvio padrão,
mínimo e máximo desses valores entre os pontos amostrais.
1º Campanha
C C C C
Espécies P(g) P (g) P (g) P(g)
(mm) (mm) (mm) (mm)
Cantherhines pullus 186,00 105,10 18,38 20,22 173,00 90,80 199,00 119,40
Thyrsitops lepidopoides 262,50 87,25 17,68 3,18 250,00 85,00 275,00 89,50
C C C C
Espécies P(g) P (g) P (g) P(g)
(mm) (mm) (mm) (mm)
C C C C
Espécies P(g) P (g) P (g) P(g)
(mm) (mm) (mm) (mm)
Tabela 9.2.2-4 - Lista de espécies com comprimento e peso médio, desvio padrão, mínimo e
máximo desses valores entre os pontos amostrais (Continuação).
Desvio
Ponto 1 Média Mínimo Máximo
Padrão
2º Campanha
C P C C P C P
Espécies P (g)
(mm) (g) (mm) (mm) (g) (mm) (g)
Orthopristus ruber 226,50 175,00 14,85 28,2 216,00 155,00 237,00 195,00
8
Cynoscion jamaicensis 165,00 50,00 - - 165,00 50,00 165,00 50,00
Ctenociaena gracilicirrhus 209,00 145,00 12,73 35,3 200,00 120,00 218,00 170,00
6
Elops saurus 382,00 270,00 - - 382,00 270,00 382,00 270,00
Porichthys porosissimus 233,33 165,00 1,53 18,0 232,00 150,00 235,00 185,00
Desvio
Ponto 1 Média Mínimo Máximo
Padrão
3
Chloroscombrus 250,00 135,00 - - 250,00 135,00 250,00 135,00
chrysurus
Dactylopterus volitans 174,00 50,00 - - 174,00 50,00 174,00 50,00
Eucinostomus argenteus 158,00 50,00 - - 158,00 50,00 158,00 50,00
Percophis brasiliensis 330,00 145,00 - - 330,00 145,00 330,00 145,00
Priacanthus arenatus 231,33 220,00 2,08 8,66 229,00 210,00 233,00 225,00
Paralonchurus 245,00 170,00 - - 245,00 170,00 245,00 170,00
brasiliensis
Diplodus argentus 208,00 157,50 1,41 17,6 207,00 145,00 209,00 170,00
8
Balistes capriscus 330,00 550,00 - - 330,00 550,00 330,00 550,00
Desvio
Ponto 2 Média Mínimo Máximo
Padrão
C P C C P C P
Espécies P (g)
(mm) (g) (mm) (mm) (g) (mm) (g)
Orthopristus ruber 242,00 198,75 10,80 27,8 233,00 180,00 256,00 240,00
0
Cynoscion jamaicensis 280,00 270,00 - - 280,00 270,00 280,00 270,00
Elops saurus 226,00 160,00 - - 226,00 160,00 226,00 160,00
Porichthys porosissimus 200,75 102,50 43,20 58,5 155,00 55,00 246,00 175,00
2
Chloroscombrus 263,00 155,00 - - 263,00 155,00 263,00 155,00
chrysurus
Dactylopterus volitans 215,00 100,00 - - 215,00 100,00 215,00 100,00
Holocentrus adscensionis 270,00 265,00 - - 270,00 265,00 270,00 265,00
Percophis brasiliensis 332,00 140,00 15,56 21,2 321,00 125,00 343,00 155,00
1
Priacanthus arenatus 236,00 207,50 1,41 10,6 235,00 200,00 237,00 215,00
1
Prionotus punctatus 127,00 20,00 - - 127,00 20,00 127,00 20,00
Balistes capriscus 342,00 505,00 - - 342,00 505,00 342,00 505,00
Desvio
Ponto 3 Média Mínimo Máximo
Padrão
C P C C P C P
Espécies P (g)
(mm) (g) (mm) (mm) (g) (mm) (g)
Orthopristus ruber 244,00 221,00 26,57 72,4 204,00 145,00 276,00 340,00
9
Micropogonia furnieri 358,00 410,00 - - 358,00 410,00 358,00 410,00
Desvio
Ponto 1 Média Mínimo Máximo
Padrão
Tabela 9.2.2-5 - Lista de espécies com número de indivíduos registrados, proporção sexual e
estágio de maturação gonadal.
Proporção
Estágios de Maturação
Sexual
Espécies N
(M:F) 1 2 3 4 5 6 7 I
1ª Campanha
Thyrsitops lepidopoides 17 5:12 6 3 1 1 6
Diplodus argenteus 4 1:3 4
Orthopristus ruber 4 2:2 2 1 1
Cantherhines pullus 3 1:2 1 2
Cynoscion jamaicensis 3 2:1 1 1 1
Pagrus pagrus 3 0:3 3
Pinguipes brasilianus 3 2:1 3
Heteropriacanthus
3 2:1 3
cruentatus
Micropogonia furnieri 2 2:0 1 1
Acanthistius patachonicus 1 1:0 1
Proporção
Estágios de Maturação
Sexual
Espécies N
(M:F) 1 2 3 4 5 6 7 I
Boridia grossidens 1 I 1
Ctenociaena gracilicirrhus 1 1:0 1
Dasyatis say 1 0:1 1
Diapterus olisthostomus 1 I 1
Elops saurus 1 0:1 1
Porichthys porosissimus 1 1:0 1
Rhinobatos horkelli 1 1:0 1
Urophycis brasiliensis 1 0:1 1
2ª Campanha
Tabela 9.2.2-6 - Diversidade de Shannon (H’), equitabilidade (J) e riqueza absoluta de espécies
(S) na área de influência do empreendimento na 1ª campanha (Setembro/2013) e 2ª campanha
(Janeiro/2013).
1ª Campanha
Média
Desvio Padrão
2ª Campanha
Média
Desvio Padrão
Quando aplicada uma análise de similaridade entre os pontos amostrais (MDS) também não
foi possível observar uma variação espacial significativa (ANOSIN R=-0,123 e p=0,95);
entretanto, em relação à variação temporal, foi possível observar a formação de dois grupos
distintos, indicando diferença significativa entre a estação do ano no que se refere à
composição de espécies (ANOSIN R=0,404 e p=0,03) (Figura 9.2.2-6). De forma a identificar
quais foram as espécies que contribuíram para essa distinção, uma análise de dissimilaridade
(SIMPER) foi aplicada, sendo as espécies D. argenteus, mais abundante na 1ª campanha, e
T. lepidopoides as principais responsáveis pela formação de um grupo. As espécies O. ruber
e P. porosissimus, em contrapartida, foram as principais espécies a contribuir para a
formação do segundo grupo, relativo à 2ª campanha (Tabela 9.2.2-7).
Dissimilaridade média
Grupo 1ª Grupo 2ª
Campanha Campanha
Contribuição%
Cumulativa%
Abundancia
Abundancia
DP
Espécies
média
média
Diplodus argenteus 3,89 0,22 15,91 1,3 17,09 17,09
Thyrsitops lepidopoides 1,89 0 10,58 0,67 11,36 28,45
Orthopristus ruber 0,44 1,22 6,99 0,98 7,5 35,95
Porichthys porosissimus 0,11 1,22 6,95 1,03 7,46 43,41
Haemulon aurolineatum 1,78 0 4,83 0,49 5,19 48,6
Scartella cristata 0,67 0 4,63 0,57 4,97 53,57
Priacanthus arenatus 0 0,78 4,47 0,79 4,8 58,38
Balistes capriscus 0,11 0,22 3,22 0,5 3,45 61,83
Micropogonia furnieri 0,33 0,11 2,79 0,58 2,99 64,82
Chloroscombrus chrysurus 0 0,56 2,52 0,8 2,71 67,54
Dactylopterus volitans 0 0,44 2,45 0,56 2,63 70,16
Percophis brasiliensis 0 0,56 2,38 0,63 2,56 72,72
Cantherhines pullus 0,33 0 2,13 0,45 2,29 75,01
Heteropriacanthus
0,33 0 2,13 0,45 2,29 77,31
cruentatus
Elops saurus 0,11 0,33 2,07 0,63 2,22 79,53
Cynoscion jamaicensis 0,33 0,22 2,01 0,67 2,16 81,69
Pagrus pagrus 0,33 0 1,99 0,37 2,14 83,83
Ctenociaena gracilicirrhus 0,11 0,33 1,99 0,65 2,14 85,97
Parablennius marmoreus 0,22 0 1,98 0,37 2,12 88,09
Prionotus punctatus 0 0,33 1,57 0,62 1,68 89,77
Pinguipes brasilianus 0,33 0 1,3 0,48 1,39 91,16
Na região costeira de Itaipu, Niterói/RJ, foram registradas 180 espécies de peixes, sendo 23
Elasmobranchii (13 famílias e 20 gêneros) e 157 espécies de Actinopterygii (63 famílias e 113
gêneros). Segundo MONTEIRO-NETO et al. (2008), a região costeira de Itaipu apresenta alta
riqueza de espécies devido a tendência para ambientes estuarinos tropicais. Além disso, o
uso de estratégias amostrais tão diversificadas possivelmente contribuiu para que a
diversidade de espécies em Itaipu fosse elevada em relação a outras áreas costeiras,
especialmente devido às diferenças entre hábitat. Nesse sentido, era esperado que o
trabalho de MONTEIRO-NETO et al. (2008) apresentasse um maior número de espécies que
a região de maricá, onde o número de ambientes e técnicas de captura de peixes foi menor.
As praias arenosas, por sua vez, constituem a maior parte das áreas do mundo e pode atuar
como berçário, oferecendo proteção contra predadores e recurso alimentar para diversas
espécies de peixes juvenis. Por ser um ambiente extremamente dinâmico a ictiofauna de
praias arenosas está exposta a constantes processos oceanográficos de curta e longa
duração, como mudanças de temperatura, salinidade, intensidade e direção dos ventos,
presença de algas arribadas e exposição às ondas, principalmente quando próximas a
estuários (ARAUJO et al., 2008).
E) Considerações Finais
A ictiofauna apresentou semelhança em termos de composição de espécies na área de
estudo quando realizados os testes de análise de similaridade. Entretanto, em termos de
abundância o ponto localizado próximo à saída do canal de comunicação com a lagoa de
Guarapiné se destacou. Nesse sentido, é possível prever que com a instalação do Terminal
Portuário os principais efeitos diretos de curto prazo são a inserção de estruturas
consolidadas, que atuarão como recifes artificiais, atraindo em um primeiro momento peixes
de áreas próximas, como do ponto 01, devido aos primeiros estágios de sucessão nas
estruturas do porto.
F) Relatório Fotográfico
Seguem abaixo o registro fotográfico das principais espécies de peixes encontradas na
presente campanha ao longo dos três pontos amostrais.
Foto 9.2.2-9 - Diplodus argenteus. Ocorrência: 1ª Foto 9.2.2-10 - Elops saurus. Ocorrência: 1ª
Campanha - P01, P02 e P03. Campanha - P01, 2ª Campanha – P01, P02 e
P03.
9.2.2.2. Quelônios
A) Metodologia Aplicada
Área de estudo
Quadro 9.2.2-4 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos de referência para o avistamento
dos organismos marinhos.
Ponto E S
Procedimentos Metodológicos
Durante as observações foi utilizado um binóculo Tasco Offshore reticulado com bússola, um
GPS Garmin, um anemômetro para controlar e monitorar a velocidade e direção do vento e a
Escala Beaufort. A partir do ponto mais alto da embarcação e com o auxílio do binóculo foram
realizadas 4 varreduras a cada trinta minutos, de modo que se algum animal entrasse no
campo de visão seria registrado a nível de espécie, se possível, em planilha específica com a
posição, que é obtida de acordo com o ângulo e retículo do binóculos. Entretanto, quaisquer
animais registrados fora da varredura sistemática seriam computados nas amostras (Foto
9.2.2-36).
Foto 9.2.2-36 - Observador de bordo rastreando a superfície do oceano a partir do ponto mais
alto da embarcação.
No ponto fixo, localizado no Farol, também foram realizadas 10 horas de observação por
campanha utilizando o mesmo método e equipamentos. Além disso, o trecho de praia da
ADA (praia de Jaconé) foi percorrido diariamente durante dois dias consecutivos (Foto
9.2.2-37).
Foto 9.2.2-37 - Observador no ponto fixo no morro do farol e trecho da praia de Jaconé (ADA)
percorrida para observação de quelônios.
Tabela 9.2.2-8 - Lista de Espécies de Quelônios entre as bacias de Campos e Santos indicando
o seu status de conservação de acordo com as respectivas agências.
Local de Categoria de
Registro Metodologia Ameaça de Extinção
Espécie
utilizada
Município IUCN IBAMA ESTADO
a) Composição Faunística
Na primeira e segunda campanhas do estudo de impacto ambiental dos Terminais Ponta
Negra não foram registrados quelônios durante o cruzeiro. Na primeira campanha no ponto
fixo de Ponta Negra, entretanto, foi registrado um espécime de tartaruga marinha (Chelonia
mydas), localizado nas proximidades do ponto CR3 de costão rochoso, enquanto que durante
o mergulho no ponto CR2 de costão rochoso outra tartaruga marinha da mesma espécie foi
registrada (Figura 9.2.2-5). Na segunda campanha um espécime também foi observado no
ponto CR2 de costão. Já na faixa de praia da ADA nenhum animal vivo, encalhado ou morto
foi registrado em ambas as campanhas.
b) Eficiência amostral
Não foram registrados organismos em número suficiente para avaliação.
f) Espécies Migratórias
Todas as espécies de tartarugas marinhas são migratórias.
essa espécie apresenta para sua classificação como de interesse veterinário se encontra no
item discussão dos resultados.
De maneira geral, no litoral do Rio de Janeiro são poucos os trabalhos publicados sobre
tartarugas marinhas. PETITET e MEURER (2007), por exemplo, estudaram o comportamento
de C. mydas na Ilha Grande durante dois anos, quando foram observadas 74 tartarugas,
provavelmente atraídas pelo cultivo de algas na região. Em Ponta Negra a presença da
espécie Chelonia mydas foi registrada nos costões durante a coleta de dados de fitobentos, e
se deve à presença da fonte de alimento, ou seja, as algas. Nesse sentido, o costão de Ponta
Negra pode ser considerado como uma área de alimentação essa espécie.
Chelonia mydas quando filhote é uma espécie onívora, tornando-se basicamente herbívora
quando juvenil e adulta, podendo alimentar-se eventualmente de moluscos, esponjas e ovos
de peixes. A espécie é considerada cosmopolita e as principais áreas de nidificação e
alimentação estão nos trópicos. Normalmente são encontradas em profundidades rasas de
até 20 m. A espécie se reproduz, preferencialmente, nas áreas oceânicas brasileiras, mas há
alguns registros de desovas em pontos no litoral dos estados do Rio Grande do Norte, Bahia,
Sergipe e Espírito Santo. A Ilha de Trindade (ES) é considerada o maior sítio de reprodução
desta espécie no Brasil. O Atol das Rocas abriga a segunda maior colônia. Enquanto em
Fernando de Noronha está a população mais ameaçada, com um número anual de desovas
muito inferior ao registrado nas outras áreas (TAMAR, 2005).
Ao longo da costa centro-norte do estado do Rio de Janeiro, entre 2001 e 2010, foram
registradas 539 ocorrências de quelônios marinhos na região, sendo 528 de encalhes, 10 de
registros reprodutivos de C. caretta em Quissamã e somente um de avistagem de indivíduo
não identificado durante embarque na Bacia de Campos. Dos 539 indivíduos registrados,
74,4% foram de C. mydas, 9,1% de L. olivacea, 8,0% de C. caretta, 1,1% de E. imbricata,
2,4% de D. coriacea e 5,0% de espécimes não identificados. Desse total, 61%
corresponderam a jovens, 3,3% a subadultos e 13,5% a adultos, sendo que não foi possível
definir o estágio de vida de 22,1% dos espécimes. A maior abundância de jovens de C.
mydas pode ser justificada pelo fato de que a espécie apresenta distribuição mais costeira,
utilizando essas áreas para alimentação e desenvolvimento (REIS et al., 2011).
A partir do monitoramento supracitado, SECCO et al., (2010), analisaram 143 exemplares dos
espécimes encalhados. As análises laboratoriais permitiram encontrar os seguintes
resultados: quatro animais apresentaram tumores, 44% de 32 conteúdos gástricos analisados
apresentaram resíduos antropogênicos; a partir da coleta com swabs (haste específica para
coleta de amostras bacteriológicas), 88% apresentaram resultado positivo para as bactérias
do gênero Vibrio, e 53% para o gênero Aeromonas. Os autores concluiram que os resultados
indicam degradação ambiental na região, utilizando tartarugas marinhas como
bioindicadoras.
Considerando, que a água é uma boa transmissora de sons de baixa frequência, que o som
se desloca cinco vezes mais rápido na água do que no ar, e que também atingem distâncias
maiores, os ruídos produzidos por atividades portuárias têm sido estudados quanto ao efeito
de ondas sonoras sobre a comunidade marinha. Geralmente os esforços estão mais
concentrados nos efeitos relacionados aos levantamentos sísmicos (EVAN et al., 1992).
Entretanto, pode-se considerar que os quelônios são potencialmente vulneráveis às diversas
perturbações sonoras produzidas no ambiente marinho. Os potenciais efeitos deletérios que
têm merecido especial atenção são: (i) interferência que o ruído sonoro pode causar no
ambiente, afetando a habilidade dos animais para detectar o som de co-específicos ou
impedindo a detecção de importantes sons naturais; (ii) distúrbio no comportamento, com
reações que podem variar de uma breve interrupção nas atividades tendo como
consequência uma modificação de rota de migração; e (iii) danos ao sistema auditivo, com
temporária ou permanente redução da sensibilidade acústica (RICHARDSON et al., 1995;
GOURJÃO et al., 2004).
E) Considerações Finais
Diante do exposto, e de que atividades industriais em áreas marinhas se encontram em
crescente expansão, o estudo da comunidade de tartarugas marinhas tem sido objeto de
atenção dos órgãos licenciadores em função dos diferentes riscos potenciais presentes nas
diversas fases dessas atividades, cujos efeitos sobre os organismos são ainda pouco
conhecidos (PIZZORNO et al., 1999; GURJÃO et al., 2004; SECCO et al., 2010).
9.2.2.3. Cetáceos
A) Metodologia Aplicada
c) Área de estudo
Em ambas as campanhas e em todo o trajeto a embarcação navegou no máximo a 6.8 milhas
náuticas/km, velocidade recomendada para avistamento de cetáceos. Na 1ª campanha de
observação o vento não apresentou grandes variações ao longo do dia, com uma média de
3.5 nós predominantes de Nordeste. As condições oceanográficas permaneceram em todo
percurso na escalda Beaufort no valor de zero, com céu coberto e reflexo bombordo e
boreste sem alterações. Ao todo foram percorridos aproximadamente 180 km em 12 horas de
observação (Figura 9.2.2-8 e Quadro 9.2.2-5). Durante a 2ª campanha o mesmo trajeto foi
realizado, sendo que o vento se manteve com uma média de 4.0 nós predominantes de
Nordeste na escalda Beaufort no valor de zero a um ao longo do dia. O céu se encontrava
coberto e reflexo bombordo e boreste sem alterações, sendo percorridos aproximadamente
180 km em 12 horas de observação, como na primeira campanha. No ponto fixo, localizado
no Farol, também foram realizadas 10 horas de observação em ambas as campanhas
utilizando o mesmo método e equipamentos.
Quadro 9.2.2-5 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos de referência para o avistamento
dos organismos marinhos.
Ponto E S
d) Procedimentos Metodológicos
Durante as observações foi utilizado um binóculo Tasco Offshore reticulado com bússola, um
GPS Garmin, um anemômetro para controlar e monitorar a velocidade e direção do vento e a
Escala Beaufort. A partir do ponto mais alto da embarcação e com o auxílio do binóculo foram
realizadas quatro varreduras a cada trinta minuto, de modo que se algum animal entrasse no
campo de visão seria registrado em planilha específica com a posição baseado no ângulo e
retículo do binóculo (MORETE et al., 2003). Na planilha, além do registro da localização do
indivíduo, ou grupo, também é registrado o número de indivíduos observados (grupo),
comportamento e presença de juvenis. Cabe ressaltar que todos os animais registrados fora
da varredura sistemática também foram computados nas amostras (Foto 9.2.2-40).
Foto 9.2.2-40 - Observador de bordo rastreando a superfície do oceano a partir do ponto mais
alto da embarcação.
Foto 9.2.2-41 - Observador no ponto fixo no morro do farol rastreando a superfície do oceano na
área de influencia do empreendimento em Ponta Negra.
A lista contida na Tabela 9.2.2-9 é proveniente de estudos de CÂMARA & PALAZZO, 1986 e
LODI et al., 1996, que estudaram a distribuição e conservação da baleia-franca-do-sul no
Brasil; GEISE & BOROBIA, 1987; que identificaram no litoral do Estado as espécies do
gênero Kogia, Pontoporia, Grampus e Sotalia; DI BENEDITTO et al., 1990 e SICILIANO,
1994, que estudaram a captura acidental de pequenos cetáceos em aparelhos de pesca;
BOROBIA et al., 1991, que descreveram a ocorrência do boto-cinza no Brasil; MOREIRA &
SICILIANO, 1991, que identificaram o limite norte da distribuição da Franciscana; ZERBINI et
al., 1997, que estudaram a ocorrência das baleias do gênero Balaenoptera na costa
brasileira; CTA; 2012, que monitoraram os encalhes de cetáceos ao longo da bacia de
Campos; e finalmente SICILIANO et al., 2006, que identificaram as espécies de baleias, botos
e golfinhos da Bacia de Campos.
Tabela 9.2.2-9 - Lista de Espécies de Cetáceos entre as bacias de Campos e Santos indicando o
seu ststus de conservação de acordo com as respectivas agências.
Local de Categoria de
Registro Metodologia Ameaça de Extinção
Espécie
utilizada
Município IUCN IBAMA ESTADO
Local de Categoria de
Registro Metodologia Ameaça de Extinção
Espécie
utilizada
Município IUCN IBAMA ESTADO
a) Composição Faunística
Na primeira e segunda campanhas do estudo de impacto ambiental dos Terminais Ponta
Negra não foram registrados cetáceos durante o cruzeiro ou observação a partir do ponto
fixo. De acordo com pescadores locais, não é comum a presença de grupos de cetáceos na
região, o que pode ser influenciado pela ausência de um embaiamento na região litorânea da
área de influencia direta do empreendimento. Em regiões com a baía de Guanabara e
Sepetiba, além de áreas com ressusrgência, como Arraial do Cabo, grupos de cetáceos são
mais frequentes devido a presença de fonte de alimento e/ou proteção. Conforme descrito
anteriormente, a partir de dados secundários, no ambiente marinho da bacia de Campos e
Santos já foram registradas 30 espécies de cetáceos, sendo oito de baleias verdadeiras
(Misticetos) e 22 cetáceos com dentes (Odontocetos).
b) Eficiência amostral
Não foram registradas espécies em ambas as campanhas.
f) Espécies Migratórias
Dentre os cetáceos registrados através dos levantamentos secundários, a baleia-franca-do-
sul e a baleia-jubarte realizam sua migração durante os meses de inverno e primavera ao
longo do litoral fluminense. O ciclo de vida das jubartes, por exemplo, está associado às suas
rotas migratórias. Após o período em águas tropicais, as baleias-jubarte migram para a região
Antártica para se alimentarem. As rotas de migração não estão bem definidas, mas
SICILIANO (1997) sugere a existência de três rotas principais:
2. Deslocamento próximo ao eixo dos 40º a partir da Ilha Geórgia do Sul até o Banco de
Abrolhos;
3. Deslocamento a partir da Ilha Geórgia do Sul até a Ilha de Trindade, podendo haver
deslocamentos para outras ilhas oceânicas do Brasil.
Dentre os cetáceos registrados para o Rio de Janeiro, apenas o boto-cinza (S. guianensis) e
a Franciscana (Pontoporia blainvillei) podem ser consideradas espécies tipicamente
costeiras, com distribuição restrita aos trinta metros de profundidade. As demais espécies
apresentam distribuição oceânica se aproximando da costa eventualmente em busca de
cardumes, descanso ou por problemas de saúde, geralmente resultando em um evento de
encalhe (DI BENEDITTO, 2001).
O boto-cinza nas últimas duas décadas tem sido alvo de inúmeros estudos, mas grande parte
destas pesquisas não tem acessado com precisão parâmetros populacionais da espécie.
Porém, nas regiões sul e sudeste, estudos de foto-identificação têm verificado que os
indivíduos possuem elevado grau de fidelidade às respectivas áreas estudadas e este parece
ser um padrão comum a outras populações. Na baía de Sepetiba (RJ), a média alcançou
149,8 indivíduos (SIMÃO et al., 2000). Entretanto, em Gandoca-Manzanillo - Costa Rica, a
média de indivíduos observados foi de 6,7 indivíduos (ACEVEDO-GUTÍERREZ et al., 2005).
A abundância de golfinhos apresenta variação entre regiões distintas o que pode estar
relacionado a fatores como produtividade dos ecossistemas onde estão distribuídos
(FREITAS NETTO et al., 2008a).
De acordo com FLORES & BAZZALO (2004), a abrangência de áreas de uso por golfinhos
são geralmente pequenas, sendo que os comportamentos relacionados à alimentação e
socialização apresentaram-se mais complexos, com grupos de golfinhos pescando
cooperativamente com outras espécies de cetáceos e/ou aves marinhas (FREITAS NETTO et
al., 2008a). ROSSI-SANTOS (1997) também registrou comportamento semelhante em
Florianópolis (SC), entre S. guianensis e aves marinhas. A socialização apresentou um vasto
repertório de saltos durante as observações.
Em relação à espécie Eubalaena australis, existem registros para o litoral do Estado do Rio
de Janeiro, entretanto, durante um estudo à bordo de Barcaças Oceânicas que percorriam o
litoral do Estado do Rio de Janeiro até São Francisco do Sul (SC), nenhum registro foi feito
durante um ano de monitoramento (FREITAS NETTO et al., 2008b). Esse resultado se deve,
provavelmente, em virtude da área de concentração dessa espécie se situar ao sul da área
monitorada, se estendendo do Centro-Sul do Estado de Santa Catarina até o Cabo de Santa
Marta, Laguna (Uruguai) (GROCH et al., 2005).
SANTOS et al. (2001) observaram que o número de registros da espécie na costa brasileira
aumentou nas últimas duas décadas, sendo observadas nos meses de inverno e primavera.
Entretanto, de acordo com SICILIANO & FREITAS NETTO (2008), avistamentos de baleias
Franca no sudeste do Brasil são geralmente baixas a cada temporada, sendo a região
considerada como um ponto secundário de rota migratória para as regiões tropicais e sub-
tropicais no sudeste do Atlântico. Esses autores ainda mencionam a sensibilidade da espécie
a áreas com distúrbios antrópicos, e as ocorrências esporádicas na região podem estar
relacionadas a tentativa de recuperação de suas áreas de distribuição anteriores ao período
de caça de baleias. Cabe ressaltar que a caça à baleia no Brasil se estendeu da Bahia até
Santa Catarina e durou 76 anos, até o ano de 1987, quando foi sancionada a Lei Federal Nº.
7643, que proibiu a caça a baleias no litoral brasileiro.
Nos últimos anos tem sido reportado um aumento do número de avistagens de baleias-
jubarte em áreas ao norte e ao sul do Banco de Abrolhos (ZERBINI et al., 2000). De acordo
com SICILIANO (1997), os maiores grupos de baleias-jubarte foram observados ao sul do
Banco de Abrolhos, indicando que a costa sudeste funciona como um corredor migratório
para a espécie nos meses de inverno e primavera. Adicionalmente, o litoral leste tem
concentrado parte do estoque brasileiro de baleias-jubarte (SICILIANO 1997).
Freitas Netto et al. (2008b), durante um estudo abordo de Barcaças Oceânicas que faziam o
trajeto entre Vitória (ES) e São Francisco do Sul (SC), observou que os espécimes de M.
novaeangliae foram registrados entre 18 e 35 milhas náuticas da linha de costa em
profundidades entre 40 e 1.000 metros. As regiões onde as baleias-jubarte foram observadas
se limitaram ao Sul do Estado do Espírito Santo e Norte do Estado do Rio de Janeiro.
Segundo Pizzorno et. al. (1999), as baleias-jubarte registradas na bacia de Campos também
foram registradas em profundidades semelhantes (40 e 700 m). O grande número de
registros de pares fêmeas-filhotes e encalhes de neonatos, evidencia a utilização de águas
costeiras e oceânicas do litoral leste por mãe e filhote em migração. Portanto, os estudos
pretéritos mostram que no litoral leste, a baleia-jubarte é comum nos meses de inverno e
primavera, sendo freqüentes os registros de encalhes, avistagens (em águas costeiras e
oceânicas) e enredamentos em atividades de pesca.
No que diz respeito a relação entre pescarias, em todo mundo o “emalhe” promove impacto
sobre as populações de cetáceos, sendo considerado aspecto importante na conservação de
muitas espécies (CRESPO, 1994; DOLAR, 1994; LAL MOHAN, 1994; LIEN et al., 1994;
SECCHI et al., 1997; DI BENEDITTO et al., 1998). Na captura acidental, o impacto que as
redes de espera causam sobre os cetáceos é diretamente proporcional a espessura e
resistência da linha usada na sua confecção e ao tamanho da malha (DI BENEDITTO et al.,
2001).
Nesse sentido, as artes de pesca que têm maior potencial de impacto sobre esses animais
são as redes de espera, comumente utilizadas pelos pescadores artesanais de Ponta Negra.
Nos eventos de emalhe e colisão pode haver perda total do equipamento de pesca, ou este
sofre danos que podem ser reparados (HALL et al., 2000). Comparando-se o retorno
econômico da pesca artesanal no Brasil com o valor do artefato utilizado, pode-se considerar
que, em geral, o custo do envolvimento acidental de cetáceos em pescarias é relativamente
alto para os pescadores.
E) Considerações Finais
Diante da implantação do empreendimento é esperado que a poluição acústica a ser gerada
durante as fases de implantação e operação seja o principal fator de impacto sobre essa
comunidade. O estaqueamento de pilares, construção de quebra-mar, movimentação de
Os dados levantados a partir do presente estudo indicaram que, apesar da fauna de cetáceos
contar com pelo menos 30 espécies na área de influência do empreendimento, a maioria
delas são oceânicas e não são observadas com frequência nas proximidades da área
diretamente afetada. Das espécies oceânicas migratórias, a baleia Jubarte apresenta rotas
em áreas com profundidades entre 700 e 4000 metros, enquanto que a Baleia-Franca-do-Sul,
embora migre em águas costeiras rasas, se concentra em áreas localizadas no sul do país,
ocorrendo pontualmente na região sudeste.
9.2.2.4. Fitoplâncton
A) Metodologia Aplicada
Todos os nomes científicos utilizados para os táxons registrados por meio de dado
secundários ou primários foram padronizados segundo disponível em literatura especializada,
tais como World Register of Marine Species (WoRMS) e AlgaeBase, além de trabalhos
clássicos como: Prescott (1975), Komarék & Fott (1983), Sant’anna (1984), Balech (1988),
Parra & Bicudo (1995), Tomas (1997) e Tenenbaum et al (2004).
c) Área de estudo
A caracterização da fauna marinha foi realizada a bordo da embarcação O Patriota IV, (Foto
9.2.2-43) através da coleta em 07 (sete) pontos amostrais ao longo da Área Diretamente
Afetada (ADA) do empreendimento a ser implantado, como pode ser visto na Figura 9.2.2-9.
Quadro 9.2.2-6 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos de coleta dos organismos
marinhos.
Ponto E S
Ponto E S
d) Procedimentos Metodológicos
Análises Quantitativas
formol (concentração final 4%) e encaminhadas para laboratório para análise (SOURNIA,
1978).
Análise Qualitativa
Procedimentos em Laboratório
destacando: PRESCOTT (1975), KOMARÉK & FOTT (1983), SANT’ANNA (1984), BALECH
(1988), PARRA & BICUDO (1995) e TOMAS (1997), TENENBAUM et al. (2004), entre outros.
e) Análise de Dados
A caracterização da comunidade fitoplanctônica foi realizada através da identificação da
composição específica, da representatividade dos táxons que compõem estas comunidades,
assim como por indicadores da estrutura de comunidades, como diversidade específica
(SHANNON-WIENER, 1949), riqueza e abundância.
Onde,
A riqueza de espécies total foi calculada através do numero total de espécies encontradas
(S).
Já o índice de equitabilidade (J) foi calculado de acordo com PIELOU (1975) através da
fórmula:
J = H/log(S)
Onde,
Para a análise de eficiência amostral todas as espécies encontradas nas amostras foram
utilizadas como descritores. A eficiência amostral foi calcula utilizando a curva de acúmulo de
espécies onde foram utilizados o número de espécies (taxa) total (S) e o índice de Jackknife
encontrado em cada amostra coletada. O índice Jackknife estima a riqueza absoluta
somando a riqueza observada a um parâmetro calculado a partir do número de espécies
raras e do número de amostras (PALMER 1991). A fórmula para Jackknife usada foi a de
primeira ordem:
A análise de ordenação MDS (“non-metric Multi Dimensional Scaling”) foi utilizada, a partir
dos dados de abundância dos táxons transformados em log (x+1), utilizando o índice de
similaridade de BRAY-CURTIS (1957). Os resultados foram plotados num diagrama de
ordenação e, quanto mais próximos dois pontos estiverem, mais similares eles serão. Em
geral, existe um grau de distorção ou “stress” entre os pontos de similaridade e os
correspondentes pontos de distâncias no diagrama (CLARKE & WARWICK, 2001).
No Quadro 9.2.2-7 abaixo são listados os táxons encontrados nos estudos citados acima.
Quadro 9.2.2-7 - Inventário taxonômico dos organismos fitoplanctônicos de provável ocorrência na região de Marica.
Táxon Fonte
Diploneis bombus (Ehrenberg) Cleve BASSANI et al., 1999; SILVA et al., 1988
Diploneis sp BASSANI et al., 1999; SILVA et al., 1988
Navicula sp BASSANI et al., 1999; SILVA et al., 1988
Nitzschia closterium (Ehrenberg) W. Smith BASSANI et al., 1999; SILVA et al., 1988
Nitzschia delicatissima P.T. Cleve BASSANI et al., 1999; SILVA et al., 1988
Nitzschia panduriformis Gregory BASSANI et al., 1999; SILVA et al., 1988
Nitzschia sp BASSANI et al., 1999; SILVA et al., 1988
Táxon Fonte
a) Composição Faunística
Na primeira campanha de caracterização do fitoplâncton realizada no mês de setembro de
2012 foram identificadas 6 classes fitoplanctônicas: Classe Bacillariophyceae (Diatomáceas),
Classe Chlorophyceae, Classe Cyanophyceae, Classe Cryptophyceae, Classe Dinophyceae
e Euglenophyceae (Quadro 9.2.2-8). Em janeiro, na segunda campanha foram identificadas 5
classes fitoplanctônicas: Classe Bacillariophyceae (Diatomáceas), Classe Chlorophyceae,
Classe Cyanophyceae, Classe Cryptophyceae e Classe Dinophyceae (Quadro 9.2.2-8).
Quadro 9.2.2-8 - Organismos do fitoplâncton registrados em Maricá, nas campanhas do período de estiagem (setembro de 2012) e chuvoso
(janeiro de 2013).
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Classe Bacillariophyceae Qualitativo
Asterionella nonata Qualitativo
X
Grunow X X X
Ceratulina pelagica (Cleve)
X
Hendey X
Classe Cyanophyceae
Anabaena sp X X Qualitativo
Quali /
Oscillatoria sp1 X X X
X X X X Quantitativo
Quali /
Oscillatoria sp2 X
Quantitativo
Synechocystis cf aquatilis Qualitativo
X X X
Sauvageau
Synechococcus elegans Quali /
X
(Woloszynska) Komárek X X X X X Quantitativo
Classe Dinophyceae
Ceratium trichoceros Qualitativo
X X X
(Ehrenberg) Kofoid X X X X
Classe Euglenophyceae
Trachelomonas Quali /
X
sydneyensis Playf. Quantitativo
Pontos de Registro: A01, A02, A03, A04, A05, A06, A07.
b) Eficiência amostral
A curva de acumulo de espécies do fitoplâncton é apresentada na Figura 9.2.2-10. A mesma
atingiu um total de 49 espécies/taxa utilizando 14 amostras de rede (dados qualitativos)
resultantes das duas campanhas realizadas. Os resultados do índice de Jackknife 1 mostram
que este valor pode chegar a 64 espécies/taxa.
80 Sobs
Jacknife1
60
Species Count
40
20
0
0 5 10 15
Samples
f) Espécies Migratórias
Não se aplica.
Tabela 9.2.2-10 - Distribuição da densidade fitoplanctônica (Ind./ml) coletada ao longo dos 7 pontos amostrais localizadas na porção costeira e
marítima da ADA e AID do TPN - Maricá, RJ (Setembro/2012 e Janeiro/2013).
1ª Campanha 2ª Campanha
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Classe Bacillariophyceae
Ceratulina pelagica 7
Chaetoceros costatum 7
Chaetoceros lorenzianus 21
Chaetoceros sp1 7
Guinardia flaccida 14 7
Hemiaulus sp 7
Melosira sp 7 14
Navicula sp1 7 7 14 14 7
Nitzschia acicularis 7 7 36
Nitzschia longissima 14 7
Nitzschia punctata 14
Pennales 156 114 114 121 107 114 64 7 43 21
Pleurosigma naviculaceum 7 7
Rhizosolenia alata 7
Rhizosolenia delicatula 7
Rhizosolenia setigera 7 14 7 7 36 28
Rhizosolenia stolterfothi 7 14 7 21
1ª Campanha 2ª Campanha
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Thalassiothrix frauenfeldii 21
Classe Chlorophyceae
Chlorella cf minutissima 270 78 71 85 28 43 284 121 50 106 14 7
Clorococcales sp1 114
Classe Cyanophyceae
Oscillatoria sp2 7 7 14 14 7
Synechococcus elegans 50 28 57 50 135 36
Classe Dinophyceae
Gymnodinium sp1 7
Prorocentrum micans 7 7 7 7 7
Protoperidinium divergens 7
Protoperidinium granii 7
Classe Euglenophyceae
Trachelomonas sydneyensis 7
TOTAL 589 248 220 255 149 178 419 177 142 100 283 85 93 84
1ª Campanha
Pontos Amostrais
2ª Campanha
Pontos Amostrais
Figura 9.2.2-12 - Distribuição da relação percentual (%) entre as classes fitoplanctônicas que
ocorreram ao longo dos 7 pontos amostrais localizadas na porção costeira e marítima da ADA e
AID do TPN - Marica, RJ (Setembro/2012 e Janeiro/2013).
1ª Campanha
2ª Campanha
Embora os maiores valores médios de diversidade tenham ocorrido no ponto amostral A02,
não foram encontradas diferenças significativas entre os mesmos (ANOVA F= 0,43; p= 0,83).
Entre as duas campanhas realizadas, embora os maiores valores médios de diversidade
tenham ocorrido na campanha de janeiro (período chuvoso), não foram encontradas
diferenças significativas entre as mesmas (ANOVA F= 0,52; p= 0,48).
Já a riqueza de espécies (S) dos dados quantitativos em setembro variou de 4 táxons nos
pontos A03, A05 e A07 a 9 táxons nos pontos A01 e A02. Na campanha de janeiro a riqueza
variou de 3 táxons no ponto amostral A03 a 7 táxons no ponto A05 (Figura 9.2.2-14). Embora
os maiores valores médios de riqueza tenham ocorrido nos pontos amostrais A01 e A02, não
foram encontradas diferenças significativas entre os mesmos (ANOVA F= 1,34; p= 0,35).
Entre as duas campanhas realizadas, embora os maiores valores médios tenham ocorrido na
campanha de setembro (período de estiagem), não foram encontradas diferenças
significativas entre as mesmas (ANOVA F= 1,22; p= 0,29).
1ª Campanha
2ª Campanha
Figura 9.2.2-14 - Diversidade do fitoplâncton (bits.ind-1), equitabilidade (J) e riqueza total (S) nas
nos 7 pontos amostrais localizadas na porção costeira e marítima da ADA e AID do TPN -
Maricá, RJ (Setembro/2012 e Janeiro/2013).
houve uma maior similaridade entre os pontos A06 e A7, entre os pontos A01, A02, A04 e
A05. Já o ponto amostral A03 se destacou dos demais.
Esta tendência de agrupamento foi confirmada pela a análise do ANOSIM, cujo resultado foi
significativo (R=0,94; p=0,1%).
Group average
Transform: Log(X+1)
Resemblance: S17 Bray Curtis similarity (+d)
20
Campanha
1ª Campanha
2ª Campanha
40
Similarity
60
80
100
A06
A07
A03
A05
A04
A01
A02
A06
A07
A03
A05
A02
A01
A04
Samples
Transform: Log(X+1)
Resemblance: S17 Bray Curtis similarity (+d)
2D Stress: 0,13
A06
Campanha
1ª Campanha
2ª Campanha
A03
A07
A05 A05
A02 A02
A04
A06
A07
A04 A01 A03
A01
A análise do SIMPER mostrou que as diferença entre as duas campanhas foi devido as
maiores densidades de Pennales, Chlorella minutissima e Rhizosolenia stolterfothi na
campanha de setembro e maiores densidades de Synechococcus elegans, Oscillatoria sp2 e
Rhizosolenia setigera na campanha de janeiro (Tabela 9.2.2-11).
1ª 2ª
Diss. média = 68,98%
campanha campanha
Espécies Ab. média Ab. média Diss média Diss/DP Contrib% Cum.%
A maior parte da biomassa fitoplanctônica nas águas superficiais da região é composta pelo
nanoplâncton autotrófico. Esses componentes do fitoplâncton geralmente perfazem cerca de
60 a 90% da produção primária total nos mares tropicais (SIEBURTH et al., 1978). O
nanofitoplâncton é geralmente composto por fitoflagelados, cianofíceas e clorofíceas de
menor tamanho, enquanto o microfitoplâncton é principalmente composto por diatomáceas,
dinofíceas e criptofíceas de maior tamanho. A predominância da fração nanoplâncton sobre o
microfitoplâncton é um quadro normal para ambientes marinhos tropicais (BRANDINI, 1990).
Este foi o padrão encontrado na campanha do período chuvoso (janeiro). Porém na
campanha do período de estiagem (setembro), o microfitoplâncton foi o dominante na maioria
dos pontos amostrais, devido a maior abundância das diatomáceas.
A diversidade média encontrada nos pontos amostrais de 1,16 bits.ind-1 em setembro e 1,26
bits.ind-1 em janeiro esteve abaixo do esperado para a região costeira, que é de 2,00 bits.ind-1
(BRANDINI et al., 1997), reflexo da grande dominância de poucas espécies. A região também
apresentou uma riqueza moderada de espécies/gêneros (49), refletidos nos valores de
equitabilidade, demonstrando uma comunidade fitoplanctônica dependente de condições
hidrológicas, como aporte de nutrientes através de fenômenos como a ressurgência.
Por outro lado as variações sazonais foram mais evidentes, com os dois períodos estudados
(estiagem e chuvoso) se apresentando de forma distinta, tanto em termos de abundância
quanto de composição. As variações no regime meteorológico, as características
geomorfológicas regionais e os impactos antropogênicos nas áreas costeiras estabelecem,
em conjunto, o regime hidrográfico particular de cada região e, consequentemente, as
características taxonômicas e a dinâmica espaço-temporal de suas comunidades
planctônicas (TENENBAUM et al., 2006). Nas duas campanhas realizadas estas variações se
caracterizaram pelas maiores densidades de Pennales, Chlorella minutissima e Rhizosolenia
E) Considerações Finais
Pode-se concluir que a comunidade fitoplanctônica da região é composta por espécies
dulcículas, estuarinas e marinhas, sendo as bacilariofíceas, clorofíceas, cianofíceas e
dinoflagelados as mais abundantes. A região apresentou uma baixa riqueza de táxons,
demonstrando ser dependente da condições hidrológicas, como aporte de nutrientes através
de fenômenos como a ressurgência.
F) Relatório Fotográfico
Seguem abaixo o registro fotográfico das principais espécies do fitoplâncton encontradas na
presente campanha ao longo dos sete pontos amostrais.
9.2.2.5. Zooplancton
A) Metodologia Aplicada
Todos os nomes científicos utilizados para os táxons registrados por meio de dado
secundários ou primários foram padronizados segundo disponível em literatura especializada,
tais como World Register of Marine Species (WoRMS).
c) Área de estudo
A caracterização da fauna marinha foi realizada através da coleta em 07 (sete) pontos
amostrais ao longo da Área Diretamente Afetada (ADA) do empreendimento a ser
implantado, como pode ser visto na Figura 9.2.2-20 e Foto 9.2.2-46, a bordo da embarcação
O Patriota IV. Os pontos foram distribuídos na ADA com o objetivo de caracterizar a
comunidade planctônica marinha ao longo de um gradiente de profundidade. Além deste
objetivo, um ponto amostral (A-02, apresentado mais adiante) foi utilizado por sua localização
fora da ADA, e, desta forma, poderá ser utilizado em programas de monitoramento futuros
visando o acompanhamento de possíveis impactos resultantes da instalação de estruturas de
quebramar dos Terminais Ponta Negra.
Quadro 9.2.2-9 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos de coleta dos organismos
marinhos.
Ponto E S
d) Procedimentos Metodológicos
Para as análises quantitativas e qualitativas dos organismos zooplanctônicos foram
realizados arrastos horizontais subsuperficiais nos 7 pontos amostrais utilizando uma rede
cilíndrico-cônica de 2,50 m de comprimento, 200 μm de abertura de malha e 0,60 m de
diâmetro de boca, dotada de um fluxômetro no centro do aro para estimar o volume de água
filtrada (Foto 9.2.2-47). O tempo médio dos arrastos foi de 5 minutos. Após as coletas, as
amostras foram colocadas em frascos de polietileno de 500 ml e fixadas com formaldeído
diluído a 4% em água do mar (KRAMER et al., 1994).
V=axKxn
sendo:
O cálculo do número de indivíduos zooplanctônicos por metro cúbico de água foi feito
dividindo-se o número total de organismos encontrados para cada táxon identificado pelo
volume de água filtrado em cada ponto de coleta, de acordo com a fórmula a seguir:
N = ni / V
Onde:
e) Análise de Dados
A caracterização das comunidades zooplanctônica foi realizada através da identificação da
composição específica, da representatividade dos táxons que compõem estas comunidades,
assim como por indicadores da estrutura de comunidades, como diversidade específica
(SHANNON-WIENER, 1949), riqueza e abundância.
Onde,
A riqueza de espécies total foi calculada através do numero total de espécies encontradas
(S).
Já o índice de equitabilidade (J) foi calculado de acordo com PIELOU (1975) através da
fórmula:
J = H/log(S)
Onde,
Para a análise de eficiência amostral todas as espécies encontradas nas amostras foram
utilizadas como descritores. A eficiência amostral foi calcula utilizando a curva de acúmulo de
espécies onde foram utilizados o número de espécies (taxa) total (S) e o índice de Jacknife
encontrado em cada amostra coletada. O índice Jackknife estima a riqueza absoluta
somando a riqueza observada a um parâmetro calculado a partir do número de espécies
raras e do número de amostras (PALMER 1991). A fórmula para Jackknife usada foi a de
primeira ordem:
Onde:
A análise de ordenação MDS (“non-metric Multi Dimensional Scaling”) foi utilizada, a partir
dos dados de abundância dos táxons transformados em log (x+1), utilizando o índice de
similaridade de BRAY-CURTIS (1957). Os resultados foram plotados num diagrama de
ordenação e, quanto mais próximos dois pontos estiverem, mais similares eles serão. Em
geral, existe um grau de distorção ou “stress” entre os postos de similaridade e os
correspondentes postos de distâncias no diagrama (CLARKE & WARWICK, 2001).
Em outro estudo com o zooplâncton da região costeira entre Cabo Frio e a entrada da Baía
de Guanabara (Valentin et al., 1987) foi verificado que as flutuações sazonais da penetração
da ACAS sobre a plataforma continental constituíram a principal causa da alta variabilidade
na estrutura da comunidade zooplanctônica da região. Densas populações de Paracalanus
parvus, ostrácodes e salpas foram associadas com a ressurgência, especialmente durante o
mês de outubro. No período de inverno e no final do verão, o zooplâncton foi constituído
basicamente por espécies costeiras e de plataforma (por exemplo, Penilia avirostris,
Oikopleura longicauda, Temora stylifera, Clausocalanus furcatus e Oncaea venusta),
indicando uma maior influência da Corrente do Brasil na região.
No Quadro 9.2.2-10 abaixo são listados os táxons encontrados nos estudos citados acima.
Táxon
Filo Cnidaria
Classe Hydroidomedusae
Classe Siphonophora (sifonóforos)
Lensia sp (Chun, 1886)
Muggiaea kochi (Wild, 1844)
Filo Ctenofora
Filo Annelida
Classe Polychaeta
Filo Mollusca
Classe Gastropoda
Ordem Thecosomata (Pteropoda)
Creceis acicula Rang, 1828
Classe Bivalvia
Filo Arthropoda
Classe Copepoda
Ordem Calanoida
Família Acartiidae
Acartia lilljeborgi Giesbrecht, 1889
Família Calanidae
Calanoides carinatus (Kröyer, 1819)
Undinula vulgaris A. Scott, 1909
Família Centropagidae
Centropages velificatus (Oliveira, 1917)
Família Clausocalanidae
Clausocalanus furcatus (Brady, 1883)
Ctenocalanus citer Heron & Bowman, 1971
Ctenocalanus vanus Giesbrecht, 1888
Família Eucalanidae
Subeucalanus pileatus (Giesbrecht, 1888)
Subeucalanus subtenuis (Giesbrecht, 1888)
Táxon
Família Lucicutiidae
Lucicutia flavicornis (Claus, 1863)
Família Paracalanidae
Acrocalanus longicornis Giesbrecht, 1888
Calocalanus pavoninus Farran, 1936
Paracalanus aculeatus Giesbrecht, 1888
Paracalanus nanus Sars G.O., 1925
Paracalanus parvus (Claus, 1863)
Paracalanus quasimodo Bowman, 1971
Parvocalanus crassirostris (Dahl, 1891)
Família Pontellidae
Calanopia americana Dahl, 1891
Labidocera fluviatilis F. Dahl, 1894
Família Temoridae
Temora stylifera (Dana, 1819)
Temora turbinata (Dana, 1819)
Ordem Cyclopoida
Família Oithonidae
Oithona hebes Giesbrecht, 1891
Oithona nana Giesbrecht, 1892
Oithona setigera (Dana, 1849)
Oithona plumifera Baird, 1843
Ordem Poecilostomatoida
Família Corycaeidae
Corycaeus amazonicus Dahl, 1891
Corycaeus giesbrechti Dahl, 1891
Corycaeus speciosus Dana, 1819
Corycaeus typicus (Kroyer, 1849)
Farranula gracilis (Dana, 1849)
Família Oncaeidae
Oncaea conifera Giesbrechti, 1891
Oncaea media Giesbrechti, 1891
Oncaea venusta Philippi, 1843
Táxon
Ordem Harpacticoida
Família Ectinosomatidae
Macrosetella gracilis Dana, 1847
Família Euterpinidae
Euterpina acutifrons (Dana, 1817)
Classe Cirripedia
Classe Ostracoda
Classe Malacostraca
Ordem Mysidacea
Ordem Euphausiacea
Ordem Decapoda
Infraordem Penaeidae
Família Luciferidae
Lucifer faxoni Borradaile, 1915
Classe Branchiopoda
Subclasse Diplostraca (Cladocera)
Família Podonidae
Pleopsis polyphemoides (Leuckart, 1859)
Pseudoevadne tergestina (Claus, 1877)
Família Sididae
Penilia avirostris Dana, 1849
Filo Chaetognatha
Família Krohnittidae
Krohnitta pacifica (Aida, 1897)
Família Sagittidae
Sagitta enflata Grassi, 1881
Sagitta friderici Ritter – Zahony, 1911
Filo Chordata
Subfilo Urochordata
Classe Appendicularia (apendiculários)
Família Oikopleuridae
Oikopleura dioica Fol, 1872
Oikopleura longicauda (Vogt, 1851)
Táxon
Classe Thaliacea
Ordem Doliolida
Família Doliolidae
Doliolum nationalis Borgert, 1894
Dolioletta gegenbauri (Uljanin, 1884)
Doliolum sp
Ordem Pyrosomatida
Família Pyrosomatidae
Pyrosoma atlanticum Péron, 1804
Ordem Salpida
Família Salpidae
Salpa fusiformis Cuvier, 1804
Thalia democratica (Forskål, 1775)
Thalia cicar van Soest, 1973
Subfilo Vertebrata
Classe Osteichthyes (ovos e larvas de peixes)
a) Composição Faunística
Na primeira campanha de caracterização do zooplâncton, realizada no mês de setembro de
2012, foram identificados espécies e grupos pertencentes a 4 filos ao longo dos sete pontos
amostrais: Filo Polychaeta, Mollusca, Arthropoda e Chordata. Dentre estes, foi possível
identificar 41 táxons considerando-se a menor unidade que possível de identificação para
cada grupo (Quadro 9.2.2-11). Em janeiro de 2013 foram identificados espécies e grupos
pertencentes a 6 filos ao longo dos sete pontos amostrais: Filo Polychaeta, Mollusca,
Arthropoda, Cnidaria, Chaetognatha e Chordata. Dentre estes, foi possível identificar 43
táxons considerando-se a menor unidade que foi possível identificar para cada grupo (Quadro
9.2.2-11).
Quadro 9.2.2-11 - Organismos do zooplâncton registrados em Maricá, no período de setembro de 2012 e janeiro de 2013.
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Filo Arthropoda
Classe Copepoda
Ordem Calanoida
Família Calanidae X X X X X X
(copepodito)
X X X X X
Calanoides carinatus
Calanoides sp X X X
(copepodito)
X
Nannocalanus minor
Família Clausocalanidae
X X X X X X X X X
Clausocalanus furcatus
Clausocalanus sp X X X X X X
(copepodito)
X
Ctenocalanus sp
Família Paracalanidae
Paracalanus sp X X X X X X X X
(copepodito)
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
X X X X
Paracalanus aculeatus
X X X X X X X
Paracalanus quasimodo
X
Paracalanus parvus
Parvocalanus X
crassirostris
Família Eucalanidae
X X X
Subeucalanus pileatus
Subeucalanus sp X X X
(copepodito)
Família Centropagidae
X X X X X X X X
Centropages velificatus
Família Temoridae
X X X X X X X X X X X X X
Temora sp (copepodito)
X X X X X X X X X X X X X
Temora turbinata
X X X X X X X X
Temora stylifera
Família Pontellidae
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
X
Labidocera fluviatilis
Família Acartiidae
X X X X X X X X
Acartia sp (copepodito)
X X X X X X
Acartia lilljeborgi
X X X X X X
Acartia tonsa
Ordem Cyclopoida
Família Oithonidae
X
Oithona sp (copepodito)
X
Oithona nana
X
Oithona hebes
Ordem Harpacticoida
Família Euterpinidae
X X
Euterpina acutifrons
Ordem
Poecilostomatoida
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Família Corycaeidae
Corycaeus sp X X X X X X X X
(copepodito)
X X X X X X X
Corycaeus speciosus
X X X X X X X X X
Corycaeus giesbretchi
X
Farranula gracilis
Família Oncaeidae
X X X X X X
Oncaea media
Oncaea spp X
(copepodito)
X
Nauplius
Classe Cirripedia X X X X X X X X X X X X X
(Nauplius)
Classe Cirripedia X X X X X X X X X X X X X X
(Cypris)
Classe Branchyopoda
Ordem Diplostraca
Família Sididae
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
X X X X X X X X X X X X X X
Penillia avirostris
Família Podonidae
X X X X X X X
Pleopis polyphaemoides
X X X X X X X X X X X X X X
Pseudevadne tergestina
X X X X X X X
Evadne spinifera
Ordem Decapoda
X X
Infraordem Brachyura
Superfamília
Sergestoidea
Família Luciferidae
X X X X X X X X X
Lucifer faxoni
Filo Cnidaria
X X
Classe Hydrozoa
X
Obelia sp
X
Ordem Siphonophorae
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Filo Anellida
X
Classe Polychaeta
X
Família Spionidae
Filo Mollusca
X X X X X X X X
Classe Bivalvia
Classe Gastropoda
X X
Superordem Pteropoda
Filo Chaetognatha
X
Sagitta sp
X X X
Parasagitta tenuis
X X
Parasagitta friderici
X
Flaccisagitta enflata
Filo Chordata
Classe Appendicularia
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
X X X X X
Oikopleura spp
X X X
Oikopleura dioica
X
Oikopleura longicauda
Classe Thaliacea
X X X X X
Ordem Doliolida
Classe Osteycties X X X X X X
(ovos)
Classe Osteycties X
(larvas)
Pontos de Registro: A01, A02, A03, A04, A05, A06, A07.
b) Eficiência amostral
A curva de rarefação de espécies do zooplâncton é apresentada na Figura 9.2.2-21. A
mesma atingiu um total de 59 taxa utilizando 28 amostras. Os resultados do índice de
Jacknife mostram que este valor pode chegar a 77 espécies/taxa.
80 Sobs
Jacknife1
60
Species Count
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30
Samples
f) Espécies Migratórias
Não se aplica.
Na campanha de janeiro o Filo Arthropoda também foi o mais abundante, sendo a classe
Copepoda dominante nas amostras, com 66,9% da abundância total. Ao longo dos pontos
amostrais, Copepoda variou de 36,0% do total de indivíduos no ponto A07 a 89,7% do total
dos indivíduos no ponto A03. A Classe Branchiopoda (Cladocera) representou 30,5% do total
de indivíduos e variou de 8,9% no ponto amostral A03 a 59,8% no ponto A07. A Classe
Cirripedia chegou a representar 0,9% do total de indivíduos, a Ordem Decapoda 0,6%, a
Classe Appendicularia 0,3% e os outros grupos somados representaram 0,8% (Figura
9.2.2-22 e Figura 9.2.2-23).
1ª Campanha
2ª Campanha
Figura 9.2.2-22 - Abundância Relativa de Copepoda e outros grupos coletado ao longo dos 7
pontos amostrais localizadas na porção costeira e marítima da ADA e AID do TPN - Marica, RJ
(Setembro/2012 e Janeiro/2013).
1ª Campanha
Pontos Amostrais
2ª Campanha
Pontos Amostrais
Figura 9.2.2-23 - Abundância Relativa dos grupos Copepoda e outros grupos que ocorreram ao
longo dos 7 pontos amostrais localizadas na porção costeira e marítima da ADA e AID do TPN -
Marica, RJ (Setembro/2012 e Janeiro/2013).
Ind.m-3) e A04 (5.856 Ind.m-3). Já o menor valor foi registrado no ponto amostral A07, com
3.416 Ind.m-3 (Figura 9.2.2-24). Embora os maiores valores médios de densidade tenham
ocorrido nos pontos amostrais A01, A02 e A03, não foram encontradas diferenças
significativas entre os mesmos (ANOVA F=0,40; p=0,85). Entre as campanhas, embora os
maiores valores médios de densidade tenham ocorrido na campanha de setembro, não foram
encontradas diferenças significativas entre os mesmos (ANOVA F=2,61; p=0,12).
1ª Campanha 2ª Campanha
25000
20000
15000
Ind.m-3
10000
5000
0
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Pontos Amostrais
Figura 9.2.2-24 - Densidade (Ind.m-3) do zooplâncton coletado ao longo dos 7 pontos amostrais
localizadas na porção costeira e marítima da ADA e AID do TPN - Marica, RJ (Setembro/2012 e
Janeiro/2013).
Na campanha de janeiro, Temora turbinata foi dominante na maioria dos pontos amostrais.
Temora stylifera foi representativa nos pontos A06 e A06 e Copepodito de Temora nos
pontos amostrais A01 e A06. Corycaeus giesbretchi foi representativo nos pontos A01 e A01
e Copepodito de Corycaeus nos pontos A02 e A07. Os cladóceros foram o segundo grupo
dominante, e dentre estes, Pseudevadne tergestina e Penillia avirostris foram representativos
nos pontos A02 e A07 (Figura 9.2.2-25 e Tabela 9.2.2-12).
1ª Campanha
Pontos Amostrais
2ª Campanha
Pontos Amostrais
Figura 9.2.2-25 - Abundância Relativa das principais espécies de Copepoda que ocorreram ao
longo dos 7 pontos amostrais localizadas na porção costeira e marítima da ADA e AID do TPN -
Marica, RJ (Setembro/2012 e Janeiro/2013).
-3
Tabela 9.2.2-12 - Densidade (Ind.m ) do zooplâncton coletado ao longo dos 7 pontos amostrais localizados na porção costeira e marítima da
ADA e AID do TPN - Marica, RJ (Setembro/2012 e Janeiro/2013). Táxons em negrito correspondem ao maior nível taxonômico.
1ª Campanha 2ª Campanha
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Copepoda
Nauplius 17 17 126 16 99 125 5 0 21 0 0 0 0 0
Calanidae (copepodito) 0 84 150 105 166 191 31
Calanoides sp (copepodito) 24 4 0 0 0 8 0
Calanoides carinatus 0 0 0 0 0 0 1 23 8 0 19 0 46 0
Nannocalanus minor 0 0 0 16 0 0 0
Clausocalanus furcatus 0 0 0 0 33 86 0 46 35 7 28 39 68 52
Clausocalanus sp (copepodito) 58 34 0 15 35 17 14
Ctenocalanus sp 0 0 0 0 0 19 0
Paracalanus sp (copepodito) 1399 5794 4115 1507 1773 2490 1063 0 0 0 8 0 0 0
Paracalanus aculeatus 0 0 0 29 0 0 0 17 0 0 15 0 0 6
Paracalanus quasimodo 2914 7829 6662 1889 3149 2575 651
Paracalanus parvus 31 0 0 0 0 0 0
Parvocalanus crassirostris 0 0 0 0 0 0 1
Subeucalanus pileatus 0 11 0 0 47 48 0
Subeucalanus sp (copepodito) 0 0 0 0 34 125 0 0 0 0 0 0 0 6
Centropages velificatus 0 0 0 0 0 39 60 35 65 0 15 57 15 18
Temora spp (copepodito) 18 252 125 296 229 732 277 522 84 15 116 49 198 0
1ª Campanha 2ª Campanha
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Temora turbinata 18 151 0 236 99 441 3 11803 1113 2992 2716 2483 1585 814
Temora stylifera 0 17 0 0 0 0 0 70 99 19 117 76 195 141
Labidocera fluviatilis 16 0 0 0 0 0 0
Acartia sp (copepodito) 384 338 853 175 395 332 31 0 0 0 0 0 7 0
Acartia lilljeborgi 31 202 0 16 0 86 0 0 0 0 0 6 5 0
Acartia tonsa 0 101 203 108 335 227 31
Oithona sp (copepodito) 0 0 0 0 0 0 2
Oithona nana 0 0 0 0 0 0 1
Oithona hebes 0 17 0 0 0 0 0
Cyclopoida 0 0 6 0 0 0 0
Euterpina acutifrons 0 0 125 0 0 0 30
Corycaeus sp (copepodito) 0 0 0 0 33 0 0 104 71 20 86 79 103 86
Corycaeus speciosus 64 319 278 96 360 184 60
Corycaeus giesbretchi 0 0 0 0 67 0 61 110 94 25 64 110 133 76
Farranula gracilis 0 0 0 0 0 20 0
Oncaea media 0 0 0 0 33 62 0 23 15 0 0 0 15 6
Oncaea spp (copepodito) 0 0 0 0 0 0 9
Poecilostomatoida 0 6 0 0 0 0 0
Cirripedia (Nauplius) 15 34 125 16 65 62 0 145 33 6 31 16 3 9
Cirripedia (Cypris) 84 84 25 118 737 652 929 81 19 6 15 6 3 15
1ª Campanha 2ª Campanha
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Cladocera
Penillia avirostris 66 151 426 226 166 921 270 806 1569 113 2283 1793 1394 1296
Pleopsis polyphemoides 271 756 1127 124 200 328 0,5
Pseudevadne tergestina 310 2414 1483 385 499 519 181 672 407 194 285 428 504 747
Evadne spinifera 365 773 530 274 594 570 122
Decapoda
Brachyura 0 0 0 0 0 43 30
Lucifer faxoni 0 0 0 31 0 0 0,5 23 6 21 21 114 23 6
Filo Cnidaria
Classe Hydrozoa 0 4 0 0 0 5 0
Obelia sp 0 0 0 0 0 3 0
Ordem Siphonophorae 0 0 0 8 0 0 0
Polychaeta 0 6 0 0 0 0 0
Spionidae 0 0 0 0 0 0 0,5
Mollusca
Bivalvia 16 17 0 64 32 0 0,5 0 21 0 0 0 38 40
Pteropoda 0 0 0 0 0 86 0 0 6 0 0 0 0 0
Filo Chaetognatha
Sagitta sp 0 0 0 0 10 0 0
Parasagitta tenuis 0 0 0 0 10 3 15
1ª Campanha 2ª Campanha
A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07 A01 A02 A03 A04 A05 A06 A07
Parasagitta friderici 0 0 0 0 10 6 0
Flaccisagitta enflata 0 0 0 0 0 3 0
Doliolida 0 17 0 6 23 13 12
Appendicularia
Oikopleura spp 0 17 7 0 22 3 21
Oikopleura dioica 0 21 0 0 0 5 6
Oikopleura longicauda 0 6 0 0 0 0 0
Pisces (ovos) 0 0 0 0 0 20 30 0 4 7 8 0 20 0
Pisces (larva) 0 0 0 0 0 0 21
TOTAL 6019 19350 16353 5727 9098 10935 3872 14562 3796 3438 5856 5413 4469 3416
1ª Campanha
2ª Campanha
Figura 9.2.2-26 - Diversidade do zooplâncton (bits.ind-1), equitabilidade (J) e riqueza total (S)
nos 7 pontos amostrais localizadas na porção costeira e marítima da ADA e AID do TPN -
Marica, RJ (Setembro/2012 e Janeiro/2013).
mesmos. Esta elevada similaridade entre os pontos amostrais foi confirmada pela a análise
do ANOSIM, cujo resultado não foi significativo (R=-0,15; p=98,4%).
Por outro lado, entre as campanhas ocorreu uma separação clara entre as mesmas com
elevada dissimilaridade, confirmada pela a análise do ANOSIM, cujo resultado foi significativo
(R=0,97; p=0,1%).
Group average
Transform: Log(X+1)
Resemblance: S17 Bray Curtis similarity (+d)
20
Campanha
1ª Campanha
2ª Campanha
40
Similarity
60
80
100
A07
A01
A05
A06
A03
A02
A04
A01
A03
A07
A02
A06
A04
A05
Samples
Transform: Log(X+1)
Resemblance: S17 Bray Curtis similarity (+d)
2D Stress: 0 Campanha
1ª Campanha
2ª Campanha
A06
A04
A02
A05 A05
A02
A03
A06 A04
A01
A01
A07
A03
A07
1ª 2ª
Diss. média = 72,2%
Campanha Campanha
Espécies Ab. média Ab. média Diss média Diss/DP Contrib% Cum.%
As espécies de copépodes Acartia lilljeborgi e Oithona hebes estão entre as mais abundantes
nos estuários tropicais do Atlântico (BJORNBERG, 1981), e junto com, Paracalanus
quasimodo, Corycaeus speciosus e Temora turbinata foram as espécies mais abundantes na
região no período de seco. Já Calanoides carinatus esta associado a águas e ressurgência,
típicas na região (BASSANI et al., 1999). De acordo com (VALENTIN et al., 1976) os
copépodes Calanoides carinatus e Ctenocalanus vanus, persistem nas águas superficiais por
períodos variáveis mas suficientemente longos para serem considerados bons indicadores do
fenômeno de ressurgência. Estas espécies estão com frequência associadas a outros
componentes importantes do zooplâncton costeiro, incluindo, por exemplo, os copépodes P.
indicus e P. quasimodo e o cladócero Penilia avirostris. Na campanha de janeiro foi mais
abundante do que em setembro.
Nas duas campanhas, há destaque para a grande densidade de cladóceros, como Pleopsis
polyphemoides, Pseudevadne tergestina e Evadne spinifera no período seco e Penillia
avirostris e Pseudevadne tergestina no período chuvoso. Estas espécies são um importante
componente do zooplâncton em águas costeiras e estuarinas em certas épocas do ano
(COELHO-BOTELHO et al., 1999; NOGUEIRA et al., 1999; MARAZZO & VALENTIN, 2004),
desempenhando um importante papel na produção de matéria orgânica (MARAZZO &
VALENTIN, 2004).
Contudo, Penilia avirostris pode desaparecer do plâncton em certos períodos (VALENTIN &
MARAZZO, 2003). Na baía de Guanabara, MARAZZO & VALENTIN (2001) observaram que
P. avirostris atingiu sua densidade máximo durante o outono e desapareceu no inverno e
primavera. Padrão semelhante ao observado por STERZA & LOUREIRO FERNANDES, 2006
no estuário e pluma estuarina do rio Paraíba do sul. Pseudevadne tergestina é característica
de águas quentes e indicadora de Água Tropical. Entretanto, podem ocorrer até 600 m de
diferenças estatísticas possam ser sutis, pelo seu caráter dinâmico, com elevadas taxas de
reprodução e perda, a comunidade planctônica responde rapidamente às alterações físico-
químicas do meio aquático. As variações no regime meteorológico, as características
geomorfológicas regionais e os impactos antropogênicos nas áreas costeiras estabelecem,
em conjunto, o regime hidrográfico particular de cada região e, consequentemente, as
características taxonômicas e a dinâmica espaço-temporal de suas comunidades
planctônicas (TENENBAUM et al., 2006).
Sazonalmente, como dito acima, os dois períodos de estudo se distinguem por diferenças na
composição das espécies dominantes e nos valores de abundância, onde o período seco se
caracterizou pela dominância de espécies estuarinas e costeiras, com maiores valores de
densidade e diversidade, enquanto que o período chuvoso foi caracterizado pela dominância
de espécies costeiras e oceânicas, com menores valores de densidade e diversidade.
E) Considerações Finais
Pode-se concluir que o zooplâncton da região marinha da área de influência do
empreendimento é composto por espécies límnicas, estuarinas, oriundas provalmente da
lagoa de Ponta Negra, além de espécies costeiras e oceânicas, sendo que as mais
representativas são características de ambientes costeiros e oceânicos. Dentre essas
espécies estão Acartia lilljeborgi, Paracalanus quasimodo, Corycaeus giesbretchi, Corycaeus
speciosus, Temora turbinata, Temora stylifera, Penilia avirostris, Evadne spinifera e Pleopsis
polyphemoides. A região apresenta variações sazonais, caracterizadas pelas diferenças na
composição e abundância do zooplâncton.
F) Relatório Fotográfico
Seguem abaixo o registro fotográfico das principais espécies do zooplâncton encontradas na
presente campanha ao longo dos sete pontos amostrais.
Foto 9.2.2-48 - Acartia lilljeborgi. A01, A02, Foto 9.2.2-49 - Acartia tonsa. A02, A03, A04,
A04, A06 . A05, A06 e A07.
Foto 9.2.2-50 - Centropages sp. A06 e A07. Foto 9.2.2-51 - Cirripedia (Nauplius). A01, A02,
A03, A04, A05, A06 e A07.
Foto 9.2.2-52 - Clausocalanus furcatus. A05 e Foto 9.2.2-53 - Corycaeus giesbrecthi. A05 e
A06. A06.
Foto 9.2.2-54 - Corycaeus speciosus. A01, Foto 9.2.2-55 - Paracalanus quasimodo. A01,
A02, A03, A04, A05, A06 e A07. A02, A03, A04, A05, A06 e A07.
Foto 9.2.2-60 - Pseudoevadne tergestina. A01, Foto 9.2.2-61 - Temora turbinata. A01, A02,
A02, A03, A04, A05, A06 e A07. A03, A04, A05, A06 e A07.
Foto 9.2.2-62 - Temora stylifera. A02 Foto 9.2.2-63 - Penillia avirostris. A01, A02,
A03, A04, A05, A06 e A07.
A) Metodologia Aplicada
Para cada grupo foram geradas listagens contendo os nomes científicos das espécies
registradas na região de inserção do empreendimento, compondo lista inicial de espécies de
ocorrência comprovada ou muito provável.
Todos os nomes científicos utilizados para os táxons registrados por meio de dados
secundários ou primários foram padronizados segundo disponível em literatura especializada,
tais como WORMS (World Register of Marine Species: www.marinespecies.org), Rios (1994)
e Amaral et al (2005).
Foto 9.2.2-64 - Vista da área de amostragem do ponto amostral A-06 utilizado para a
amostragem da macrofauna de fundo inconsolidado da Área Diretamente Afetada (ADA) dos
Terminais Ponta Negra – TPN, em Maricá – RJ. 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha
(Janeiro/2013).
Foto 9.2.2-65 - Vista da área de amostragem do ponto amostral A-02 utilizado para a
amostragem da macrofauna de fundo inconsolidado da Área Diretamente Afetada (ADA) dos
Terminais Ponta Negra – TPN, em Maricá – RJ. 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha
(Janeiro/2013).
c) Área de estudo
A caracterização da fauna marinha foi realizada através da coleta em sete (07) pontos
amostrais, ao longo da Área Diretamente Afetada (ADA) do empreendimento a ser
implantado (Figura 9.2.2-29), utilizando-se um pegador de fundo tipo Petersen modificada
(capacidade 0,06 m2 de área amostral) (Foto 9.2.2-66).
Quadro 9.2.2-12 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 e profundidade (m) dos pontos amostrais da
comunidade zoobentônica de fundo marinho inconsolidado. 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª
Campanha (Janeiro/2013).
Foto 9.2.2-66 - Pegador de fundo tipo Petersen (capacidade 0,06 m2 de área amostral), utilizado
para a amostragem da macrofauna de fundo inconsolidado da Área Diretamente Afetada (ADA)
dos Terminais Ponta Negra – TPN em Maricá – RJ. 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª
Campanha (Janeiro/2013).
d) Procedimentos metodológicos
Em cada um dos sete (07) pontos amostrais foram efetuados três lançamentos do pegador,
de modo que tréplicas foram realizadas, totalizando 21 amostras de sedimento por
campanha. Esse procedimento é importante para caracterizar quali-quantitativamente a
macrofauna bentônica de fundo inconsolidado e sua variabilidade, tendo em vista que a
comunidade apresenta características naturais de distribuição em manchas (NYBAKKEN &
BERTNESS, 2005).
Análise laboratorial
Os organismos encontrados foram triados e anestesiados (no caso dos moluscos, poliquetos
e equinodermos) e/ou colocados no fixador (álcool a 70%), sendo posteriormente contados e
identificados através de lupa PZO-Labimex e microscópio Studar lab, chegando-se ao nível
de gênero ou espécie, sempre que possível, com o auxílio de chaves de identificação. Foram
utilizadas as chaves taxonômicas de DAY (1967) e AMARAL & NONATO (1996) para os
poliquetos; TOMMASI (1970) para os equinodermos; Rios (1994) para os moluscos; MELO
(1996) para caranguejos, MOREIRA (1972) para isópodas.
e) Análise de Dados
A caracterização das comunidades bentônicas foi realizada através da identificação da
composição específica, da representatividade dos táxons que compõem a comunidade,
assim como por indicadores da estrutura de comunidades, como diversidade específica
(SHANNON & WEAVER, 1949), riqueza, equitabilidade, abundância e dominância de
indivíduos, e da densidade nos pontos amostrais.
Os valores de densidade animal (DA) foram obtidos através do uso da regra de três simples,
entre a área amostral do busca fundo e o valor do número de organismos nos pontos
amostrais, obtendo-se conforme a fórmula a seguir:
DA = NI / A
Onde;
Para testar a probabilidade (5%) de acerto das relações encontradas entre a matriz
ambiental, composta por variáveis ambientais (granulometria, fósforo e ferro), e a matriz de
espécies, empregou-se o teste de permutação de "Monte Carlo" (TER BRAAK & PRENTICE,
1988). Todos os procedimentos para as análises da CCA foram efetuadas, utilizando o
programa FITOPAC versão 2.1.2.85 (SHEPHERD, 2010).
Para a CCA, foram organizadas duas matrizes, sendo a matriz de espécies formada pelas
espécies que representaram 91% da abundância total da fauna encontrada, e a matriz de
variáveis ambientais formada pelos dados de granulometria (GR: grânulo; AG: Areia grossa;
AM: areia média; AF: areia fina e LA: lama) e fósforo e ferro dos pontos amostrais.
Quadro 9.2.2-13 - Listagem de espécies de provável ocorrência na região e indicação do grau de ameaça.
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
Categoria de ameaça
Táxon Fonte
IBAMA 2008 IUCN 2011 CITES
a) Composição Faunística
Foram encontrados 652 indivíduos (1ª campanha: 434 ind.; 2ª campanha: 218ind.),
distribuídos em 61 espécies e 41 famílias ao longo das duas campanhas, pertencentes aos
grupos Annelida (Polychaeta), Arthropoda (Crustacea), Mollusca (Gastropoda e Bivalvia),
Echinodermata (Ophiuroidea e Echinoidea), Cnidaria e Nemertea. Destas 60 espécies, 45
foram encontradas na primeira campanha e 41 na segunda (Quadro 9.2.2-14).
Quadro 9.2.2-14 - Ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013), com respectiva indicação do registro.
b) Eficiência amostral
As curvas do coletor utilizadas (espécies observadas -Sobs- e do estimador de Jacknife 1),
não demonstram tendência a atingir uma assíntota, indicando que a comunidade encontrada
não está estabilizada em relação ao número de espécies encontrado (Figura 9.2.2-30).
Macrofauna - TPN
80 Sobs
Jacknife1
60
Contagem de espécies
40
20
0
0 10 20 30 40 50
Número de amostras
e) Espécies Migratórias
A macrofauna apresenta relação direta com o substrato, demonstrando variação vertical e
horizontal no ambiente, o que caracterizaria a sua distribuição em manchas. Porém, esta
distribuição estaria associada a alterações nas características do ambiente, interferindo na
reprodução, mortalidade e sobrevivência das espécies, porém estando sempre associadas ao
substrato, principalmente na fase adulta, que apresentaria deslocamento restrito ou nulo em
resposta a forma de alimentação (NYBAKKEN & BERTNESS, 2005).
isca de pesca, além de Glycera americana que também é explorado comercialmente (PAIVA,
2006).
Annelida (Polychaeta) e Arthropoda (Crustacea) ocorreram com maior abundância nos pontos
avaliados, demonstrando que estes grupos foram os mais importantes na composição da
comunidade zoobentônica de substrato inconsolidado nas áreas de estudo durante a 1ª
campanha (set/2012) e 2ª campanha (jan/13) (Figura 9.2.2-31A; B; C e D; Quadro 9.2.2-15).
Além disto, dentre os grupos encontrados, Annelida e Arthropoda apresentaram o maior
número de espécies, tendo características de ocorrência semelhante à observada para o
número de indivíduos nos pontos amostrais nas duas campanhas de amostragem (set/2012 e
jan/13) (Figura 9.2.2-31A - D; Quadro 9.2.2-15).
O filo Annelida apresentou as famílias com os maiores valores de abundância, sendo estas
pertencentes à Polychaeta, com as Famílias Paraonidae (118 ind), Spionidae (95 ind),
Cirratulidae (70 ind), Orbiniidae (68 ind) e Phyllodocidae (45 ind) apresentando os maiores
valores de ocorrência, sendo os organismos encontrados de tamanho corporal reduzido, e
com os maiores valores, exceção para Orbiniidae e Cirratulidae, observados na 1ª campanha
(Quadro 9.2.2-15).
A B
C D
Figura 9.2.2-31 - Percentual de indivíduos dos grandes grupos de organismos coletados nos pontos amostrais (A) do zoobentos de fundo
inconsolidado no total (B) e na 1ª (C) e 2ª (D) campanhas na área de influência direta dos Terminais Ponta Negra, Rio de Janeiro, RJ/. (1ª
campanha - Setembro/2012; 2ª campanha - Janeiro/2013).
Os pontos amostrais A-06 (N-total: 100; N-médio: 67±31), A-02 (N-total: 80; N-médio: 53±37)
e A-04 (N-total: 65; N-médio: 43±19) durante a 1ª campanha apresentaram os maiores
números de indivíduos encontrados na área de amostragem, enquanto os menores valores
foram encontrados em A-01 (N-total: 21; N-médio: 7±4), A-03 (N-total: 12; N-médio: 4±2), A-
04 (N-total: 17; N-médio: 6±1) e A-06 (N-total: 15; N-médio: 5±2), sendo todos observados
durante a 2ª campanha (Figura 9.2.2-32; Quadro 9.2.2-15 e Tabela 9.2.2-14).
Figura 9.2.2-32 - Número médio (+desvio padrão) de indivíduos (N) coletados nos pontos
amostrais do zoobentos de fundo inconsolidado na área de influência direta dos Terminais
Ponta Negra, Rio de Janeiro, RJ. (1ª campanha - Setembro/2012; 2ª campanha - Janeiro/2013).
Quadro 9.2.2-15 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013).
PONTOS AMOSTRAIS
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA Total
Táxon Espécies A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A-
Total Total Geral
01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 07
FILO ANNELIDA
Classe Polychaeta
Ordem
Phyllodocida
Família Syllidae Syllis sp. 0 3 0 0 0 0 0 3 1 5 0 0 0 0 0 6 9
Sphaerosyllis
isabelae
Nogueira, San 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Martin &
Amaral, 2001
Exogone
arenosa 0 1 2 0 0 0 0 3 1 1 0 0 0 0 0 2 5
Perkins, 1981
Família Eteone Alba
1 11 20 0 0 1 0 33 1 9 2 0 0 0 0 12 45
Phyllodocidae Webster, 1879
Família Protodorvillea
0 5 0 0 0 1 3 9 0 0 0 0 0 0 0 0 9
Dorvilleidae sp.
Glycera
Família Glyceridae americana 0 0 1 0 1 3 3 8 0 1 0 0 0 0 0 1 9
Leidy, 1855
Glycera capitata
0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 1 5 10 10
Örsted, 1843
Hemipodia 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2
simplex (Grube,
PONTOS AMOSTRAIS
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA Total
Táxon Espécies A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A-
Total Total Geral
01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 07
1857)
Goniada teres
Família Goniadides 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 2
Treadwell, 1931
Goniadides
carolinae Day, 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 2 2
1973
Família Nephtydae Nephtys sp. 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 2 0 1 1 0 4 5
Aglaophamus
0 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2
sp.
Ordem Eunicida
Família Protodorvillea
0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 1 3 3
Dorvilleidae sp.
Família
Lumbrineris sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 1 3 3
Lumbrineridae
Família Onuphidae Nothria sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1
Ordem Orbiniida
Cirrophorus
Família Paraonidae americanus 1 7 0 0 3 0 0 11 0 2 0 0 0 1 0 3 14
Strelzov, 1973
Aedicira
belgicae 0 0 6 6 11 50 29 102 0 0 0 0 1 1 0 2 104
(Fauvel, 1936)
Família Orbiniidae Orbinia sp. 0 0 0 0 1 0 1 2 0 1 0 0 0 0 3 4 6
Scoloplos sp. 1 4 1 0 2 3 4 15 3 4 1 4 1 0 34 47 62
Ordem Spionida
Família Magelona 0 0 1 1 0 6 0 8 1 0 0 0 2 2 0 5 13
PONTOS AMOSTRAIS
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA Total
Táxon Espécies A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A-
Total Total Geral
01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 07
Magelonidae papillicornis F.
Müller, 1858
Prionospio
Família Spionidae dúbia Day, 0 4 1 5 0 11 0 21 3 1 0 0 2 1 1 8 29
1961
Spiophanes
berkeleyorum
7 0 1 28 5 5 2 48 0 0 0 0 1 0 0 1 49
(Pettibone,
1962)
Dispio sp. 1 0 0 0 0 0 0 1 0 7 0 3 0 2 4 16 17
Ordem Capitellida
Família Maldanidae Euclymene sp. 0 3 0 0 2 0 0 5 0 2 0 0 0 0 0 2 7
Família
Notomastus sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1
Capitellidae
Ordem Terebellida
Família Terebillidae Terebella sp. 0 0 1 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 2 3
Cirratulus
Família Cirratulidae filiformis 0 17 0 0 2 0 9 28 0 10 2 1 22 1 6 42 70
Keferstein, 1862
Tharyx sp. 0 0 0 0 1 5 0 6 0 0 0 0 0 0 0 0 6
N sub-total 11 57 34 41 28 88 52 311 14 48 8 9 31 12 56 178 489
S sub-total 5 10 9 5 9 11 7 22 7 15 5 4 8 10 9 23 28
FILO
ARTHROPODA
Subfilo Crustacea
Classe
PONTOS AMOSTRAIS
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA Total
Táxon Espécies A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A-
Total Total Geral
01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 07
Malacostraca
Ordem Amphipoda
Família Atylidae Nototropis sp. 0 0 0 1 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 2 3
Atylus sp. 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Família
Ampelisca sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1
Ampeliscidae
Família
Metharpinia sp. 3 0 1 1 1 0 3 9 2 0 1 5 0 0 7 15 24
Phoxocephalidae
Heterophoxus
0 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 1 3
sp.
Família
Bathyporeia sp. 0 5 1 1 2 0 6 15 0 2 0 0 0 0 0 2 17
Haustoriidae
Família
Ericthonius sp. 0 0 0 13 0 0 0 13 2 0 0 0 0 0 0 2 15
Ischyroceridae
Ischyrocerus sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 1
Centromedon
Família Uristidae 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1
sp.
Família Lysianassidae
0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Lysianassidae sp.
Família Melitidae Melita sp. 0 0 1 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Ordem Isopoda
Eurydice
convexa
Família Cirolanidae 3 0 2 0 0 0 0 5 0 1 0 0 0 0 0 1 6
Richardson,
1900B
Família Ancinus sp. 2 0 0 1 2 1 0 6 0 0 0 0 0 1 0 1 7
PONTOS AMOSTRAIS
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA Total
Táxon Espécies A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A-
Total Total Geral
01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 07
Sphaeromatidae
Heteroserolis
Família Serolidae 0 1 1 0 2 0 3 7 0 0 2 1 0 0 0 3 10
sp.
Família Anthuridae Paranthura sp. 0 2 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Amakuzanthura
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1
sp.
Ordem Decapoda
Albunea paretii
Família Albuneidae (Guérin - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1
Méneville, 1853)
Família Paguridae Pagurus sp. 1 0 0 1 1 1 1 5 0 0 0 0 0 0 0 0 5
Ordem Mysida Família Mysidae 2 0 0 0 0 0 2 4 0 0 0 0 0 0 0 0 4
Ordem Cumacea
Família Pseudocuma
0 0 0 0 1 1 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 3
Pseudocumatidae sp.
Família Litogynodiastylis
0 1 0 4 2 1 4 12 0 0 0 0 0 0 0 0 12
Gynodiastylidae sp.
Família
Campylaspis sp. 0 1 0 0 2 2 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 5
Nannastacidae
Família
Campylaspis sp. 0 1 0 0 2 2 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 5
Nannastacidae
Classe Ostracoda Ostracoda 1 0 0 0 0 1 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 3
N sub-total 12 11 7 22 14 9 21 96 7 3 4 7 1 1 9 32 128
S sub-total 6 6 6 7 8 8 8 18 4 2 3 3 1 1 3 13 23
FILO MOLLUSCA
PONTOS AMOSTRAIS
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA Total
Táxon Espécies A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A-
Total Total Geral
01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 07
Classe Gastropoda
Ordem
Neogastropoda
Olivancillaria
Família Olividae urceus (Roding, 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1
1798)
Olivella floralia
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1
(Duclos, 1853)
Classe Bivalvia Bi
Macoma
pseudomera
Família Tellinidae 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Dall & Simpson,
1901
Tellina
(Angulus)
0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
exerythra Boss,
1964
N sub-total 0 1 0 0 0 1 0 2 0 1 0 1 0 0 0 2 4
S sub-total 0 1 0 0 0 1 0 2 0 1 0 1 0 0 0 2 4
FILO
ECHINODERMATA
Classe
Ophiuroidea
Ordem Ophiurida
Família Amphiodia atra
0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 3 3
Amphiuridae Stimpson, 1852
Amphiodia sp. 0 1 0 0 1 1 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 3
PONTOS AMOSTRAIS
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA Total
Táxon Espécies A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A- A-
Total Total Geral
01 02 03 04 05 06 07 01 02 03 04 05 06 07
Classe Echinoidea
Encope
Família Mellitidae emarginata 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1
(Leske, 1778)
N sub-total 0 1 0 0 1 1 0 3 0 1 0 0 1 2 0 4 7
S sub-total 0 1 0 0 1 1 0 1 0 1 0 0 1 2 0 2 3
FILO NEMERTEA
Nemertea 2 10 1 2 4 1 1 21 0 2 0 0 0 0 0 2 23
S sub-total 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 0 0 0 0 0 1 1
FILO CNIDARIA
Classe Anthozoa
Família Zoanthidae Zoanthidae sp. 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
S sub-total 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
N total 25 80 42 65 48 100 74 434 21 55 12 17 33 15 65 218 652
Pontos de Registro: Pontos amostrais
O ponto amostral A-02 apresentou as maiores médias de Diversidade nas duas campanhas
realizadas (H’loge: 1ª campanha – 2,18±0,07 e 2ª campanha: 2,03±0,32 bits.ind-1), resultante
das menores médias para dominância de Simpson (A-02: 1ª campanha - 0,14±0,01 e 2ª
campanha - 0,16±0,04), valor este determinado pelos valores médios de organismos (N: A-
02: 1ª campanha - 27±11 e 2ª campanha - 18±8) e altos de riqueza de espécies (A-02: 1ª
campanha – 3,20±0,13 e 2ª campanha – 3,21±0,52) o que acabou por caracterizar esta área
com os valores mais altos de diversidade média (Tabela 9.2.2-14; Figura 9.2.2-32; Figura
9.2.2-33; Figura 9.2.2-34 e Figura 9.2.2-35).
Por outro lado A-03 e A-04, de acordo com os valores médios encontrados para os índices de
dominância, equitabilidade e número de espécies, apresentaram os menores valores para o
cálculo da diversidade entre pontos amostrais, com os valores médios para os locais de
1,25±0,28 bits.ind-1 (A-03) e 1,34±0,18 bits.ind-1 (A-04) na primeira campanha, e 0,93±0,51
bits.ind-1 (A-03) e 0,92±0,42 bits.ind-1 (A-04) na segunda camapanha. Esta característica
apresentou padrão semelhante ao encontrado para os dados encontrados quanto à
ocorrência dos grupos e organismos, evidenciando e caracterizando assim, a estrutura da
comunidade local em resposta as condições do ambiente, também verificada pelos menores
valores dos índices da comunidade apresentados nestas estações que compõem a área de
influência do empreendimento, com o padrão dos valores encontrados na primeira campanha
serem superiores ao observado na segunda (Quadro 9.2.2-15); Tabela 9.2.2-14; Figura
9.2.2-32 a Figura 9.2.2-35).
Quando aplicado a ANOVA entre os diversos índices ecológicos, não foram observadas
diferenças significativas entre os pontos amostrais (ANOVA: p<0,05), com exceção para
dominância e equitabilidade. As principais diferenças significativas foram encontradas entre
as campanhas, com a primeira apresentando valores significativamente superiores à
segunda. Os resultados desta análise de variância encontram-se na Tabela 9.2.2-15.
Tabela 9.2.2-14 - Valores médios e erro padrão (EP) do número de indivíduos, riqueza de Margalef (d’) e densidade, e dos índices de diversidade
(H’), equitabilidade de Pielou (J’) e dominância de Simpson nos pontos amostrais do zoobentos de fundo inconsolidado na área de influência
dos Terminais Ponta Negra, RJ (1ª Campanha - setembro/2012; 2ª Campanha – janeiro/2013).
Pontos amostrais A-01 A-02 A-03 A-04 A-05 A-06 A-07 Campanhas
Campanha 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª 1ª 2ª
N Média 8 7 27 18 14 4 22 6 16 11 33 5 25 22 21 10
EP 1 4 11 8 5 2 5 1 5 11 9 2 11 2 3 2
Densidade Média 134 113 430 296 226 65 350 92 258 177 537 81 398 349 333 168
2
(ind/m ) EP 19 57 173 126 73 28 88 14 76 177 144 28 181 28 48 36
d Média 2,25 2,10 3,20 3,21 1,88 1,34 1,74 1,28 3,58 0,86 2,73 2,27 2,81 1,82 2,60 1,84
EP 0,80 0,48 0,13 0,52 0,50 0,74 0,31 0,64 0,31 0,86 0,72 0,43 0,49 0,49 0,21 0,25
J' Média 0,93 0,96 0,92 0,95 0,72 0,64 0,74 0,81 0,93 0,20 0,78 0,99 0,82 0,75 0,83 0,76
EP 0,06 0,02 0,01 0,03 0,06 0,32 0,02 0,09 0,05 0,20 0,09 0,01 0,08 0,05 0,03 0,07
H'(loge) Média 1,55 1,40 2,18 2,03 1,25 0,93 1,34 0,92 2,15 0,45 1,79 1,40 1,82 1,40 1,73 1,22
EP 0,38 0,33 0,07 0,32 0,28 0,51 0,18 0,42 0,14 0,45 0,35 0,37 0,26 0,27 0,11 0,16
Dominância Média 0,26 0,28 0,14 0,16 0,43 0,52 0,36 0,51 0,15 0,15 0,27 0,29 0,25 0,35 0,26 0,32
de Simpson EP 0,10 0,07 0,01 0,04 0,10 0,25 0,06 0,17 0,03 0,15 0,10 0,11 0,08 0,07 0,03 0,05
Tabela 9.2.2-15 - Valores da Análise de Variância (ANOVA) (F e p) são apresentados para cada parâmetro analisado da comunidade
zoobentônica em relação aos fatores Ponto amostral, Campanha (1ª Campanha - setembro/2012; 2ª Campanha – janeiro/2013). e a interação
entre eles.
Figura 9.2.2-33 - Valores médios e erro padrão do índice de riqueza de Margalef (d’) encontrado
nos pontos amostrais do zoobentos de fundo inconsolidado na área de influência dos
Terminais Ponta Negra, RJ (1ª campanha - setembro/2012; 2ª campanha - janeiro/2013).
Figura 9.2.2-34 - Valores médios e erro padrão dos índices de (A) Equitabilidade de Pielou (J’) e
(B) Dominância de Simpson encontrados nos pontos amostrais do zoobentos de fundo
inconsolidado na área de influência dos Terminais Ponta Negra, RJ (1ª campanha -
setembro/2012; 2ª campanha - janeiro/2013).
Figura 9.2.2-35 - Valores médios e erro padrão dos índices de Diversidade (H’) encontrados nos
pontos amostrais do zoobentos de fundo inconsolidado na área de influência dos Terminais
Ponta Negra, RJ (1ª campanha - setembro/2012; 2ª campanha - janeiro/2013).
principais diferenças foram observadas entre os pontos A-01 com A-02, A-07; A-02 com A-04,
A-06 e A-07, e A-04 e A-07 na primeira campanha, enquanto na segunda campanha as
diferenças foram encontradas entre A-01 para A-02 e A-07; A-03 x A-07; e A-06 x A-07,
sendo estas diferenças confirmadas pela análise da PERMANOVA (Tabela 9.2.2-16 e Tabela
9.2.2-17; Figura 9.2.2-36).
A análise SIMPER identificou as espécies que mais contribuíram para a dissimilaridade entre
os grupos que diferiram significativamente na PERMANOVA, destacando-se Aedicira
belgicae, Spiophanes berkeleyorum, Cirratulus filiformis, Eteone alba e Prionospio dubia. A
dissimilaridade entre os grupos dos potos amostrais em cada campanha variou entre 72% e
90 %, enquanto dos pontos entre campanhas os valores foram entre 79% (A-07 – 1ª x 2ª
campanhas) e 98,52% (A-04 - 1ª x 2ª campanhas) (Tabela 9.2.2-19 a Tabela 9.2.2-21).
Macrofauna - TPN
Transform: Square root
Resemblance: S17 Bray Curtis similarity
A-06
A-03 A-04
A-01
A-04
A-03
A-05
A-01
A-06
Unique
F P perms p(MC)
Tabela 9.2.2-17 - Resultados da análise post hoc par a par da Permanova entre os pontos
amostrais em cada campanha de amostragem (1ª Campanha - setembro/2012; 2ª Campanha –
janeiro/2013). da área dos Terminais Ponta Negra, RJ. Teste t: t; p e p(MC) significância da
permutação de Monte Carlo.
1ª Campanha 2ª Campanha
Unique Unique
t P perms p(MC) t P perms p(MC)
A-01 x A-02 2,224 0,10 10 0,02 1,928 0,10 10 0,06
A-01 x A-03 1,054 0,40 8 0,38 1,485 0,20 10 0,16
A-01 x A-04 1,785 0,10 10 0,08 1,557 0,20 8 0,14
A-01 x A-05 1,429 0,10 9 0,15 1,255 0,31 7 0,27
A-01 x A-06 1,395 0,20 10 0,19 1,318 0,30 9 0,22
A-01 x A-07 1,991 0,10 10 0,06 1,756 0,10 8 0,08
A-02 x A-03 1,755 0,11 9 0,08 1,769 0,10 10 0,08
A-02 x A-04 2,720 0,10 10 0,02 1,601 0,10 10 0,13
A-02 x A-05 1,362 0,20 10 0,19 1,698 0,10 7 0,09
A-02 x A-06 2,119 0,09 9 0,03 1,714 0,10 10 0,09
A-02 x A-07 2,065 0,10 10 0,03 1,708 0,10 10 0,10
A-03 x A-04 1,121 0,40 10 0,32 1,173 0,20 8 0,31
A-03 x A-05 1,230 0,20 10 0,25 1,010 0,50 6 0,40
A-03 x A-06 0,926 0,60 10 0,49 1,275 0,30 10 0,25
A-03 x A-07 1,447 0,10 9 0,16 2,214 0,10 6 0,04
A-04 x A-05 1,209 0,21 10 0,27 1,103 0,20 6 0,34
A-04 x A-06 0,923 0,70 9 0,46 1,108 0,30 7 0,33
A-04 x A-07 1,975 0,10 10 0,06 1,366 0,11 8 0,21
A-05 x A-06 1,132 0,40 10 0,31 0,361 1,00 7 0,91
A-05 x A-07 0,999 0,60 10 0,42 1,734 0,10 7 0,09
A-06 x A-07 1,683 0,10 10 0,09 1,719 0,10 10 0,08
Tabela 9.2.2-18 - Resultados da análise post hoc par a par da Permanova dos pontos amostrais
entre as campanhas de amostragem (1ª Campanha - setembro/2012; 2ª Campanha –
janeiro/2013) da área dos Terminais Ponta Negra, RJ. Teste t: t; p e p(MC) significância da
permutação de Monte Carlo.
Unique
Tabela 9.2.2-19 - Contribuição percentual das espécies para a dissimilaridade entre os grupos
que diferiram significativamente na PERMANOVA para a 1ª campanha.
Eteone alba Webster, 1879 0,33 1,39 5,07 1,15 5,81 42,47
Spiophanes berkeleyorum
0 3,05 12,25 4,44 13,69 13,69
(Pettibone, 1962)
Cirratulus filiformis Keferstein, 1862 2,32 0 8,99 6,82 10,05 23,73
Cirrophorus americanus Strelzov,
1,47 0 5,71 4,17 6,38 30,11
1973
Aedicira belgicae (Fauvel, 1936) 0 1,33 5,29 2,58 5,91 36,03
Prionospio dubia Day, 1961 0,67 0,75 3,46 0,85 3,86 67,82
Spiophanes berkeleyorum
3,05 0,47 11,37 2,68 14,96 14,96
(Pettibone, 1962)
Aedicira belgicae (Fauvel, 1936) 1,33 2,49 8,55 2,69 11,25 26,21
Cirratulus filiformis (Keferstein,
0 1,35 5,09 1,29 6,7 32,92
1862)
Scoloplos sp. 0 1,14 4,96 5,39 6,53 39,44
Ericthonius sp. 1,2 0 4,77 0,65 6,27 45,71
Bathyporeia sp. 0,33 1,38 4,66 1,6 6,14 51,85
Glycera americana (Leidy, 1855) 0 1 4,53 3,4 5,96 57,81
Heteroserolis sp. 0 0,8 3,3 1,27 4,34 62,15
Metharpinia sp. 0,33 0,8 3,1 1,03 4,08 66,24
Prionospio dúbia (Day, 1961) 0,75 0 2,96 0,65 3,89 70,13
Tabela 9.2.2-20 - Contribuição percentual das espécies para a dissimilaridade entre os grupos
que diferiram significativamente na PERMANOVA para a 2ª campanha.
Eteone alba Webster, 1879 0,3 1,4 6,3 1,4 7,0 34,8
Glycera capitata Örsted, 1843 0,9 0,0 5,4 1,1 6,0 40,8
Prionospio dubia Day, 1961 0,8 0,3 4,8 0,8 5,3 46,1
Tabela 9.2.2-21 - Contribuição percentual das espécies para a dissimilaridade dos pontos que
diferiram significativamente na PERMANOVA entre as campanhas (1ª Campanha -
setembro/2012; 2ª Campanha – janeiro/2013).
Spiophanes berkeleyorum
3,1 0,0 22,3 4,2 22,6 22,6
(Pettibone, 1962)
Aedicira belgicae (Fauvel, 1936) 1,3 0,0 9,5 3,0 9,7 32,3
Litogynodiastylis sp. 1,1 0,0 8,8 2,1 8,9 41,2
Ericthonius sp. 1,2 0,0 7,1 0,7 7,3 48,4
Scoloplos sp. 0,0 0,9 6,8 1,0 6,9 55,3
Metharpinia sp. 0,3 0,8 6,5 0,8 6,6 61,9
Dispio sp. 0,0 0,8 5,6 1,2 5,7 67,6
Prionospio dubia Day, 1961 0,8 0,0 4,4 0,7 4,5 72,1
Grupos A-07-1ª camp x 2ª camp
Dis. média = 79,97 1ªcamp 2ªcamp
Aedicira belgicae (Fauvel, 1936) 2,5 0,0 9,9 1,3 12,4 25,0
Bathyporeia sp. 1,4 0,0 5,9 4,1 7,4 32,4
Glycera capitata Örsted, 1843 0,0 1,3 5,6 3,6 7,0 39,3
Dispio sp. 0,0 1,1 4,9 4,2 6,2 45,5
Cirratulus filiformis Keferstein, 1862 1,4 1,1 4,7 1,2 5,9 51,4
Glycera americana Leidy, 1855 1,0 0,0 4,4 3,7 5,5 56,9
Metharpinia sp. 0,8 1,2 4,3 1,1 5,4 62,3
Litogynodiastylis sp. 0,9 0,0 3,5 1,3 4,4 66,8
Heteroserolis sp. 0,8 0,0 3,2 1,3 4,0 70,8
Eixo 01: separação dos pontos entre as campanhas, associando a 2ª campanha aos
granulometria mais grosseira.
Eixo 02: correspondência dos pontos em relação à profundidade, separando dos pontos
amostrais com maiores profundidades, com A-01 e A-03 apresentando maior relação com
areia e lama ao longo das campanha, indicando a variação da granulometria ao longo
das campanhas de amostragem;
O eixo 1 basicamente separou os pontos em relação à granulometria, porém com uma forte
relação também com eixo 2, uma vez que este estava relacionado à profundidade. Desta
forma, os pontos com maiores profundidades, apresentaram-se fortemente relacionado a
sedimento com teores de areia fina e média, e associado aos anelídeos Magelona
papilicornis, Spiophanes berkeleyorum, Aedicira belgicae, Tharyx sp., Glycera americana,
Protodorvillea sp., Cirrophorus americanus, Euclymene sp. e Scoloplos sp., aos crustáceos
Ericthonius sp., Pagurus sp., Metharpinia sp., Litogynodiastylis sp., Bathyporeia sp. e
Campylaspis sp., e a Nemertea. Já os pontos com menor profundidade foram fortemente
relacionado aos teores de grânulos e lama, e associado aos anelídeos Exogone arenosa,
Syllis sp. e Eteone alba, e ao crustáceo Eurydice convexa (Figura 9.2.2-37).
0,4
–cMetharpinia sp.
MethEu
Game – Glycera A03-2ªcamp Came
Nem Eric
0,2 Fe AF
americana. Pdu Sber Anc – Ancinus sp. Eixo01(27%)
CfilAn0c Bath
-2,8 -2,6 -2,4 -2,2 -2 -1,8 -1,6 -1,4 -1,2 -1 -0,8 -0,6 M
Meth pa-0p
,4 -0,2 Het0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Dis Gcap Scol
Tha – Tharyx sp. Nep
-0,2
Game
Pag
Ealba – Eteone alba. A04-1ªcamp
A04-2ªcamp A06-2ªcamp A05-2ªcamp -0,4 Abel Camp
Orb Lit
Dis – Dispio sp. -0,6 Prot
A07-2ªcamp A05-1ªcamp
-0,8
Tha
Gcap– –Protodorvillea
Prot sp.
Glycera capitata -1
-1,2 A07-1ªcamp
Cfil – Cirratulus filliformis. -1,4
A06-1ªcamp
-1,6 Abel – Aedicira belgicae.
Came – Cirrophorus AM -1,8
A diversidade dos Peracarida quase sempre excede àquela de todos os demais Crustacea
em número e diversidade na plataforma continental e região batial. O fato deles não terem
estágio larvar pelágico e requererem hábitats específicos exibindo uma taxa baixa de
dispersão faz com que sejam excelentes para estudos ecológicos e de distribuição. Os
Peracarida têm um importante papel ecológico nos sistemas bentônicos marinhos
apresentando todos os hábitos tróficos e muitos estilos de vida (SANTOS & PIRES-VANIN,
2000). Eles são componentes significantes da macrofauna de substratos inconsolidados
(BRANDT, 1993; PIRES-VANIN, 1993; GAMBI & BUSSOTI, 1999).
De acordo com NETTO & LANA (1994), ambientes que estão em constante estresse, levando
a comunidade local a apresentar constantes alterações em sua estrutura populacional, como
observado entre as duas campanhas realizadas, demonstram uma dominância de
organismos de tamanho reduzido, que seriam caracterizados como oportunistas pela
disponibilidade de nichos dentro do ambiente. Esses organismos com tamanho reduzido
demonstram ainda que a comunidade está em constante reprodução induzida pelo estresse,
este por sua vez, podendo ser natural (passagem de frentes frias) gerada pelo próprio
hidrodinamismo do ambiente ou antrópica (dragagem ou qualquer outra atividade que interfira
diretamente na estabilidade do ambiente). Os organismos observados, tanto para Crustacea,
quanto para Polychaeta, caracterizam-se por ser mais encontrado em ambientes com
características de local com alteração ambiental, sob efeito de estresse (natural e/ou
antrópico), ou por apresentarem uma grande variedade de formas alimentares, o que
Além disso, diversos autores (STEELE & STEELE, 1986; KOTWICK et al., 2005; HILDREW
et al., 2007) têm sugerido que esta redução nas dimensões da macrofauna em ambientes
tropicais associada a uma frequente dominância de espécies r-estrategistas de rápido
crescimento, e a elevada temperatura, que permite rápida incubação de ovos, poderiam
caracterizar estas regiões como sujeitas a um estresse ambiental, indicando desta forma, que
a comunidade estaria sob estresse, gerando o predomínio de determinadas formas em
detrimento de outras.
diretamente correlacionados com teores de lama e areia média a fina, os quais por sua vez,
apresentaram maiores valores nos pontos com maior profundidade. Por outro lado, espécies
carnívoras e suspensívoros apresentaram maior relação com pontos mais rasos e com
maiores teores de grossos no sedimento, semelhante ao encontrado na literatura (SANTI &
TAVARES, 2009; COSTA e SILVA et al., 2008; CACABELOS et al., 2008 e FAUCHALD &
JUMARS, 1979).
E) Considerações finais
Polychaeta, juntamente com Arthropoda (Crustacea) e Mollusca, apresentaram a maior
variedade de espécies encontradas ao longo das duas campanhas. Padrão também
encontrado para a região;
Poliqueta apresentou uma diversidade de grupos tróficos, o que torna o grupo apto a
colonizar os diferentes tipos de ambientes associados à granulometria, profundidade e
hidrodinamismo da região;
Os menores valores de diversidade foram encontrados nos pontos A-01, A-03 e A-04,
enquanto os maiores foram em A-02 e A-05 (locais com maior profundidade), na primeira
campanha, enquanto na segunda campanha os menores valores foram observados em
A-05 e A-03 e A-04, e os maiores em A-02, A-06 e A-07;
A ocorrência e distribuição da fauna de fundo inconsolidado encontrada nos pontos,
apresentou tendência de correlação com a granulometria e profundidade do ambiente.
Desta forma, dentre outros fatores, condições hidrodinâmicas e a profundidade são
fatores que interferiram na estrutura e distribuição da comunidade ao longo dos pontos
amostrais da área de influência dos Terminais Ponta Negra, RJ, entre as duas
campanhas de amostragem do zoobentos de fundo inconsolidado, demonstrando
variação espacial e temporal dos índices de estrutura da comunidade.
Sendo assim, durante a fase de implantação do empreendimento, a construção dos
quebra-mares e a dragagem do fundo, acarretarão mudanças nas características
A) Metodologia Aplicada
A B
Foto 9.2.2-67 - Vista do ponto amostral BP1 (A) e da área onde foram coletados as amostras nos
demais pontos (B), demonstrando a extensão da faixa de praia utilizada para a amostragem da
meiofauna do trecho da praia de Jaconé localizado na Área Diretamente Afetada (ADA) dos
Terminais Ponta Negra – TPN na 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha (Janeiro/2013).
c) Área de estudo
A caracterização da meiofauna praial foi realizada em quatro (04) pontos amostrais (BP1,
BP2, BP3 e BP4) na praia de Jaconé/RJ, ao longo da Área Diretamente Afetada (ADA) dos
Terminais Ponta Negra, utilizando-se um cilindro de PVC com diâmetro de 4 cm e 10 cm de
altura (Figura 9.2.2-38; Quadro 9.2.2-16).
indicando a saúde do ambiente onde ela está inserida. Por isso, o conhecimento da fauna
presente na ADA será de extrema importância para futuras avaliações e respostas da
comunidade a agentes estressores, naturais ou artificiais.
Quadro 9.2.2-16 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos amostrais da meiofauna de praia
na 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha (Janeiro/2013).
Ponto E S
d) Procedimentos Metodológicos
Em cada um dos quatro (04) pontos amostrais foi disposto um (01) transect perpendicular à
linha de praia. Em cada perfil, devido a extensão da faixa de praia foram realizadas
amostragens em 02 ambientes praiais: Mediolitoral superior (MLS) e médiolitoral inferior
(MLI), onde as amostras do MLS foram coletadas na faixa mais alta da praia com influência
da água. Em cada ambiente praial dos pontos, foram coletadas 03 réplicas para a análise da
comunidade de meiofauna, sendo coletado em cada campanha, um total de 24 amostras. A
metodologia utilizada foi adaptada dos trabalhos de GOMES & ROSA-FILHO (2009),
ESTEVES et al. (2004) e NOGUEIRA & SKOWRONSKI (2003) os quais também estudaram a
meiofauna na faixa do entre-marés em praias arenosas.
Em laboratório, a extração da meiofauna foi feita com a técnica de flotação com açúcar
(ESTEVES et al., 1995). Após a extração, o material foi triado e quantificado em grandes
grupos (UHLIG, 1968). Os grupos Nematoda e Copepoda foram identificados, quando
possível, até o nível de gênero.
e) Análise de Dados
A caracterização da meiofauna foi realizada através da identificação da composição
específica e da representatividade dos táxons que compõem a comunidade, assim como por
indicadores da estrutura de comunidades, como diversidade específica (Shannon & Weaver,
1949), riqueza, equitatividade, abundância e dominância de indivíduos nos ambientes (MLS e
MLI) dos pontos amostrais.
foram encontradas, comparações post-hoc par a par foram realizadas usando 9999
permutações (ANDERSON, 2005). Os dados para as PERMANOVAs foram transformados
utilizando raiz quadrada. A detecção de diferenças significativas entre fatores foi seguida pelo
cálculo das porcentagens de similaridade (SIMPER) para identificar os táxons que mais
contribuíram (75%) para as dissimilaridades. As análises multivariadas foram realizadas
utilizando o pacote estatístico PRIMER versão 6 (CLARKE & WARWICK, 2001; CLARKE et
al., 2006).
a) Composição Faunística
Foram encontrados 6.265 indivíduos (1ª campanha: 417 ind.; 2ª campanha: 5.848ind.),
distribuídos em 21 espécies e 15 famílias ao longo das duas campanhas, pertencentes aos
grupos Annelida (Polychaeta e Echiura), Arthropoda (Copepoda, Syncarida e Ostracada),
Platyhelminthes, Tardigrada e Nematoda. Destas 21 espécies, 13 foram encontradas na
primeira campanha e 16 na segunda (Quadro 9.2.2-17).
Quadro 9.2.2-17 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013), com respectiva indicação do registro.
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
Filo
Arthropoda
Subfilo
Crustacea
Classe
Copepoda
Ordem
Harpacticoida
Copepoda tipo 1 X X X X Coleta
Copepoda tipo 2 X X X Coleta
Copepoda tipo 3 X X X X X X X Coleta
Náuplio X X X X Coleta
Family
Leptopontiidae
Arenopontia sp. X X X X X X X X X X X X X X X X Coleta
Classe
X X X X X X X X X X X X X X Coleta
Ostracoda
Classe
Malacostraca
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
Superordem
X X X X X Coleta
Syncarida
Filo Tardigrada X X X X X X Coleta
Filo Annelida
Quadro 9.2.2-17 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013), com respectiva indicação do registro. Continuação.
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
Família
Axonolaimidae
Ascolaimus sp. X Coleta
Ordem Enoplida
Família
Oncholaimidae
Oncholaimus sp. X X X X X X Coleta
Pontonema sp. X Coleta
Viscosia sp. X X X X X X X X Coleta
Ordem
Desmodorida
Quadro 9.2.2-17 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013), com respectiva indicação do registro. Continuação.
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
Nível MLS MLI MLS MLI Métodos
Pontos amostrais BP1 BP2 BP3 BP4 BP1 BP2 BP3 BP4 BP1 BP2 BP3 BP4 BP1 BP2 BP3 BP4
Família
Microlaimidae
b) Eficiência amostral
As curvas do coletor utilizadas (espécies observadas - Sobs - e do estimador de Jacknife 1)
com as amostras coletadas durante as duas campanhas não demonstram tendência a atingir
uma assíntota, indicando que a comunidade encontrada não está estabilizada em relação ao
número de espécies da meiofauna na área de influência direta e diretamente afetada (Figura
9.2.2-39).
30 Sobs
Jacknife1
25
20
Contagem de espécies
15
10
0
0 10 20 30 40 50
Número de amostras
Figura 9.2.2-39 - Curva do coletor utilizando os dados de riqueza observada (Sobs) e Estimativa
de riqueza Jackknife de primeira ordem para os dados da meiofauna praial encontrada na Área
de influência dos Terminais Ponta Negra, RJ. 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha
(Janeiro/2013).
e) Espécies Migratórias
A meiofauna apresenta relação direta com o substrato, vivendo no interstício do substrato
inconsolidado, demonstrando variação vertical e horizontal no ambiente, o que caracterizaria
a sua distribuição em manchas. Porém, esta distribuição estaria associada a alterações nas
características do ambiente, interferindo na reprodução, mortalidade e sobrevivência das
espécies, porém estando sempre associadas ao substrato, principalmente na fase adulta, que
apresentaria deslocamento restrito ou nulo (GOMES & ROSA FILHO, 2009).
Nos dois níveis de maré foi encontrado padrão semelhante, com os maiores percentuais de
abundância para Arthropoda sendo encontrados no MLI (237 ind.) na primeira campanha e
no MLS (4870 ind.) na segunda, enquanto para Tardigrada, os maiores números foram no
MLS (1ª campanha - 25 ind.; 2ª campanha – 29 ind.), semelhante ao observado para
Nematoda (1ª campanha - 09 ind.; 2ª campanha – 251 ind.). Tardigrada apresentou redução
nos valores de abundância relativa da meiofauna na segunda campanha, diferentemente de
Platyhelminthes, que foi encontrado somente na última campanha, com os maiores valores
de indivíduos no MLS (243 ind.) (Figuras 3.8.1 e 3.8.2; Quadro 9.2.2-17).
O filo Arthropoda apresentou a família com os maiores valores de abundância nas duas
campanhas, sendo esta pertencente ao Subfilo Crustacea e a Classe Copepoda, com a
Família Leptopontiidae (1ª campanha - 316 ind; 2ª campanha – 2520 ind) para os dois níveis
de maré (MLS e MLI). Organismos pertencentes à esta família foram encontrados no MLS e
MlI ao longo dos pontos amostrais nas duas campanhas da praia (Quadro 9.2.2-17).
A meiofauna praial apresentou variação temporal entre as duas campanhas, com os maiores
valores sendo observados durante a 2ª Campanha (Quadro 9.2.2-18).
Os maiores valores de número de indivíduos para Arthropoda foram observados no MLS dos
pontos BP1 (1250 ind.) e PB2 (2841 ind.), enquanto para Nematoda, semelhante à
Arthropoda, apresentou os maiores valores no MLS dos pontos BP3 (114 ind) e BP4 (63ind.),
sendo que Arthropoda foi o único filo a ocorrer em todos os níveis dos pontos amostrais ao
longo das campanhas, enquanto Nematoda demonstrou padrão semelhante somente na
segunda (2ª) campanha. Os demais filos apresentaram baixa ocorrência ou até ausência nos
níveis de maré ao longo dos pontos amostrais, com exceção de Platyhelminthes no MLS na
última campanha (Figura 9.2.2-40 e Figura 9.2.2-41; Quadro 9.2.2-18).
Figura 9.2.2-40 - Percentual total de indivíduos dos grandes grupos de organismos coletados no
MLS e MLI dos pontos amostrais da meiofauna praial, na área de influência direta dos Terminais
Ponta Negra, Rio de Janeiro, RJ, durante a 1ª campanha (setembro/2012) e 2ª campanha
(janeiro/2013).
Figura 9.2.2-41 - Número total de indivíduos por grande grupo coletado no MLS e MLI dos
pontos amostrais da meiofauna praial, na área de influência direta dos Terminais Ponta Negra,
Rio de Janeiro, RJ, durante a 1ª campanha (setembro/2012) e 2ª campanha (janeiro/2013).
Figura 9.2.2-42 - Número médio (+erro padrão) de indivíduos (N) coletados no MLS (azul) e MLI
(vermelho) dos pontos amostrais da meiofauna praial, na área de influência direta dos
Terminais Ponta Negra, Rio de Janeiro, RJ, durante a 1ª campanha (setembro/2012) e 2ª
campanha (janeiro/2013).
Quadro 9.2.2-18 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013).
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
Filo Arthropoda
Subfilo Crustacea
Classe Copepoda
Ordem Harpacticoida
Copepoda tipo 1 0 0 0 0 1 1 0 0 2 0 0 0 0 1 0 0 3 4 6
Copepoda tipo 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 28 1095 0 0 5 0 0 0 1128 1128
Copepoda tipo 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 529 601 80 0 4 9 4 3 1230 1230
Náuplio 1 0 0 0 0 0 0 0 1 19 0 0 0 0 2 0 28 49 50
Family Leptopontiidae
Arenopontia sp. 61 19 23 8 89 1 1 114 316 606 763 474 165 7 1 1 187 2204 2520
Classe Ostracoda 1 3 1 13 0 1 2 27 48 67 372 45 10 7 0 1 14 516 564
Classe Malacostraca
Superordem Syncarida 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 10 5 0 0 1 0 15 32 32
N sub-total 63 22 24 21 90 3 3 141 367 1250 2841 604 175 24 13 6 250 5163 5530
Filo Tardigrada 0 1 0 24 0 0 0 12 37 0 0 12 17 0 0 0 3 32 69
Filo Annelida
Classe Echiura 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Quadro 9.2.2-18 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013). Continuação.
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
Nível MLS MLI MLS MLI Geral
Total Total
Pontos amostrais BP1 BP2 BP3 BP4 BP1 BP2 BP3 BP4 BP1 BP2 BP3 BP4 BP1 BP2 BP3 BP4 Total
Classe Polychaeta 0 0 1 0 0 1 0 0 2 11 19 27 23 0 0 0 1 81 83
N sub-total 0 0 1 0 1 1 0 0 3 11 19 27 23 0 0 0 1 81 84
Filo Nematoda
Nematoda Indet. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 4 8 0 0 0 5 20 20
Classe Adenophorea
Ordem Araeolaimida
Família Axonolaimidae
Ascolaimus sp. 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Ordem Enoplida
Família Oncholaimidae
Oncholaimus sp. 0 1 0 0 0 0 0 0 1 22 29 3 0 1 0 0 1 56 57
Pontonema sp. 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Viscosia sp. 0 1 0 4 0 0 0 0 5 9 10 74 31 2 0 0 17 143 148
Ordem Desmodorida
Família Microlaimidae
Microlaimus sp. 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Família Desmodoriadae
Desmodora sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 16 0 0 0 2 22 22
Quadro 9.2.2-18 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª Campanha
(setembro/2012) e 2ª Campanha (janeiro/2013). Continuação.
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
Ordem Monhysterida
Família Linhomoeidae
Desmolaimus sp. 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Família Xyalidae
Theristus sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 25 2 0 2 1 11 42 42
Ordem Chromarida
Família Cyatholaimidae
Pomponema sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 6 0 0 0 3 13 13
N sub-total 0 3 2 4 0 1 0 0 10 31 43 114 63 3 2 1 39 296 306
Filo Platyhelminthes 0 0 0 0 0 0 0 0 0 82 95 54 12 2 0 5 26 276 276
N total 63 26 27 49 91 5 3 153 417 1374 2998 811 290 29 15 12 319 5848 6265
A maior média de diversidade (H’) na praia foi encontrada no MLS do ponto amostral BP2
(H’loge – 1,45±0,15 bits.ind-1), resultante das maiores médias para equitabilidade de Pielou
(J’) (0,68±0,05), valor este determinado pelos valores médios de organismos e de riqueza de
espécies (1,07±0,14) o que acabou por caracterizar esta área com os valores mais altos de
diversidade média. O ponto BP2 juntamente com BP4 apresentaram os maiores valores
médios de diversidade no MLS e MLI, respectivamente, com exceção ao encontrado na
segunda campanha, onde o BP2 no MLI apresentou o menor valor do índice de diversidade
(H’loge – 0,44±0,44 bits.ind-1) entre os pontos e níveis na última campanha (Tabela 9.2.2-22;
Figura 9.2.2-43 a Figura 9.2.2-46).
Por outro lado, BP1 de acordo com os valores médios encontrados para os índices de
dominância, equitabilidade e número de espécies, apresentaram os menores valores para o
cálculo da diversidade entre pontos amostrais, com os valores médios de 0,30±0,21 bits.ind-1
no MLS e 0,04±0,04 bits.ind-1 no MLI, sendo estes valores encontrados durante a primeira
(1ª) campanha. Esta característica apresentou padrão semelhante ao encontrado para os
dados observados quanto à ocorrência dos grupos e organismos, evidenciando e
caracterizando assim, a estrutura da comunidade local em resposta as condições do
ambiente, também verificada pelos menores valores dos índices da comunidade
apresentados nestas estações que compõem a área de influência do empreendimento
(Quadro 9.2.2-18; Tabela 9.2.2-22; Figura 9.2.2-43 a Figura 9.2.2-46).
Tabela 9.2.2-22 - Valores médios e erro padrão (EP) do número de indivíduos e riqueza de
Margalef (d’), e dos índices de diversidade (H’), equitabilidade de Pielou (J’) e dominância de
Simpson nos pontos amostrais da meiofauna praial na área de influência dos Terminais Ponta
Negra na 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha (Janeiro/2013).
Dominância
N d' J' H'(loge)
de Simpson
0,4
MLS BP1 21,0 11,6 0,59 0,43 0,30 0,30 0,21 0,80 0,15
4
0,4
BP2 8,7 4,3 0,77 0,49 0,27 0,50 0,26 0,72 0,14
1
0,5
BP3 9,0 3,2 0,75 0,49 0,29 0,47 0,33 0,72 0,20
5
1ª 0,1
BP4 16,3 5,0 0,89 0,85 0,02 1,02 0,09 0,41 0,03
Campanha 0
0,1
MLI BP1 30,3 29,8 0,15 0,04 0,04 0,04 0,04 0,65 0,33
5
0,5
BP2 1,7 0,9 1,09 0,67 0,33 0,60 0,32 0,28 0,15
5
0,3
BP3 1,0 1,0 0,30 0,31 0,31 0,21 0,21 0,19 0,19
0
0,1
BP4 51,0 25,6 0,23 0,44 0,26 0,43 0,29 0,42 0,24
4
196, 0,1
MLS BP1 458,0 1,32 0,58 0,05 1,25 0,16 0,39 0,06
9 4
0,1
BP2 999,3 74,2 1,07 0,68 0,05 1,45 0,15 0,28 0,04
4
0,2
BP3 270,3 16,3 1,48 0,60 0,13 1,29 0,22 0,42 0,12
0
2ª 0,1
BP4 96,7 75,9 1,50 0,77 0,09 1,39 0,12 0,33 0,06
Campanha 3
0,6
MLI BP1 9,7 5,5 1,31 0,62 0,31 1,10 0,56 0,48 0,26
5
0,5
BP2 5,0 2,6 0,56 0,32 0,32 0,44 0,44 0,43 0,30
6
0,4
BP3 4,0 0,6 1,54 0,99 0,01 1,05 0,21 0,37 0,08
7
0,1
BP4 106,3 59,4 1,90 0,68 0,18 1,38 0,37 0,39 0,16
5
0,1
Nível MLS 234,9 71,9 1,05 0,61 0,06 0,96 0,11 0,51 0,05
1
0,1
MLI 26,1 10,4 0,88 0,51 0,09 0,66 0,14 0,40 0,07
8
Dominância
N d' J' H'(loge)
de Simpson
1ª
0,1
Campanha Camp 17,4 5,4 0,60 0,46 0,09 0,45 0,09 0,52 0,07
3
anha
2ª
0,1
Camp 243,7 71,3 1,33 0,66 0,06 1,17 0,11 0,39 0,05
3
anha
Tabela 9.2.2-23 - Valores da Análise de Variância (ANOVA) (F e p) são apresentados para cada
parâmetro analisado da comunidade zoobentônica da meiofauna em relação aos fatores Ponto
amostral, Nível (MLS e MLI) na 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha (Janeiro/2013) e a
interação entre eles.
Dominância
N d' J' H'(loge)
de Simpson
F p F p F p F p F p
Pto 8,691 <0,001 0,516 0,67 1,056 0,38 1,465 0,24 0,903 0,45
Nível 50,162 <0,001 0,779 0,38 0,893 0,35 4,656 0,04 1,509 0,23
Campanha 58,924 <0,001 15,835 <0,001 3,023 0,09 26,791 <0,001 2,314 0,14
Pto*Nível 13,787 <0,001 0,028 0,99 0,488 0,69 0,151 0,93 0,625 0,60
Pto*Campanha 10,316 <0,001 2,424 0,08 1,059 0,38 0,853 0,48 0,382 0,77
Nível*Campanha 53,706 <0,001 0,622 0,44 0,806 0,38 0,113 0,74 3,469 0,07
Pto*Nível*Campanha 12,103 <0,001 1,150 0,34 1,319 0,29 1,633 0,20 0,452 0,72
Figura 9.2.2-43 - Valores médios e erro padrão do índice de riqueza de Margalef (d’) encontrado
nos pontos amostrais da meiofauna praial na área de influência dos Terminais Ponta Negra na
1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha (Janeiro/2013).
Figura 9.2.2-44 - Valores médios e erro padrão dos índices de Diversidade (H’) encontrados nos
pontos amostrais da meiofauna praial na área de influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª
Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha (Janeiro/2013).
Figura 9.2.2-45 - Valores médios e erro padrão dos índices de A: Equitabilidade de Pielou (J’) e
B: Dominância de Simpson encontrados nos pontos amostrais da meiofauna praial na área de
influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª Campanha (Setembro/2012) e 2ª Campanha
(Janeiro/2013).
como entre os níveis MLS x MLI em cada campanha (PERMANOVA – par a par – Tabela
9.2.2-24), porém com os testes par a par para a interação entre os fatores nível de maré
(faixa) e ponto, indicando diferenças entre os pontos principalmente para o MLS, para a
segunda campanha, demonstrando que a diferença apresentada pela comunidade estaria
associada ao nível de maré (MLS x MLI) (PERMANOVA – par a par – Tabela 9.2.2-25)
(Figura 9.2.2-46).
A análise SIMPER identificou as espécies que mais contribuíram para a dissimilaridade entre
os pontos, níveis, campanha e a interação entre eles, que diferiram significativamente na
PERMANOVA, destacando-se Arenopontia sp., Copepoda tipo e tipo 3, Ostracoda e
Tardigrada (Tabela 9.2.2-26 a Tabela 9.2.2-29).
BP2
Similarity
BP3 BP4 40
BP1 BP3
BP1
BP2
BP3
BP2
Unique
F P perms p(MC)
Tabela 9.2.2-25 - Resultados da análise PERMANOVA da meiofauna praial entre os níveis (MLS x
MLI) em cada campanha, e por nível entre as campanhas (1ª campanha - setembro/2012 x 2ª
campanha - janeiro/2013). (d.f) graus de liberdade; p(MC) significância da permutação de Monte
Carlo.
Unique
Unique
1ª Campanha 2ª Campanha
Unique Unique
1ª Campanha 2ª Campanha
Unique Unique
MLS MLI
Unique Unique
MLS1ª
Diss.média (%) = 81,12 MLI1ª Camp Camp
MLS1ª MLS2ª
Diss.média (%) = 83,40 Camp Camp
MLS2ª
Diss.média (%) = 80,23 MLI2ª Camp Camp
BP1MLS BP4MLS
Diss.média (%) = 66,45
1ª Camp 1ª Camp
BP1MLS BP2MLS
Diss.média (%) = 39,95
2ª Camp 2ª Camp
BP2MLS BP3MLS
Diss.média (%) = 51,42
2ª Camp 2ª Camp
BP1MLI BP3MLI
Diss.média (%) = 77,98
2ª Camp 2ª Camp
BP3MLI BP4MLI
Diss.média (%) = 75,39
2ª Camp 2ª Camp
BP3MLI BP3MLI
Diss.média (%) = 93,07
1ª Camp 2ª Camp
BP1MLS BP1MLS
Diss.média (%) = 79,60
1ª Camp 2ª Camp
BP2MLS BP2MLS
Diss.média (%) = 91,30
1ª Camp 2ª Camp
BP3MLS BP3MLS
Diss.média (%) = 86,60
1ª Camp 2ª Camp
BP4MLS BP4MLS
Diss.média (%) = 68,02
1ª Camp 2ª Camp
Na praia localizada na área de influência direta observou-se uma clara zonação horizontal,
semelhante ao encontrado na praia de Ajuruteua (Pará) por GOMES & ROSA FILHO (2009),
que também encontraram separação entre os níveis de marés nos pontos, em resposta a
variação na altura da maré e ação das ondas, que influenciaria dentre outros fatores,
temperatura, saturação de oxigênio e água intersticial, com Nematoda apresentando as
maiores abundâncias na faixa superior ao longo das campanhas, enquanto Copepoda
demonstrou maiores valores na faixa inferior durante a primeira campanha. Os autores
relacionaram esta distribuição à característica dos Copepoda serem mais sensíveis à
depleção de oxigênio ou anoxia que os Nematoda (MOODLEY et al., 2000), o que explicaria
os maiores valores encontrados para Copepoda no MLI dos pontos BP1 e BP4 no presente
trabalho durante a primeira campanha. A segunda campanha apresentou padrão diferente ao
encontrado na primeira, em relação à ocorrência de Copepoda e sua abundância quanto ao
nível de maré, uma vez que os maiores valores foram encontrados no MLS, o que indicaria
que as condições de oxigênio, temperatura e salinidade estaria em melhores condições na
última campanha. Nematoda ficou restrito principalmente ao MLS dos pontos amostrais da
segunda campanha.
Nestes pontos também foram encontrados os maiores valores para Nematoda, o que poderia
ser resultante da maior resistência do grupo, como citado anteriormente.
E) Considerações finais
A meiofauna apresentou variação quanto ao nível de maré, pontos amostrais e
campanha;
Arthropoda (Crustacea) juntamente com Nematoda apresentaram a maior variedade de
táxons encontrados, com a característica dos gêneros de Nematoda terem ocorrido com
valores mais baixos de indivíduos, enquanto Crustacea apresentou menor riqueza, porém
com abundância do Copepoda Arenopontia sp. nos pontos amostrais e campanhas;
Os índices da comunidade tenderam a apresentar maiores valores no MLS e na segunda
campanha, com variação significativa entre eles;
A variação na participação relativa dos grandes grupos taxonômicos na composição da
meiofauna encontrada ao longo dos pontos, interferiu diretamente nos valores dos
índices encontrados entre os pontos, níveis e campanhas, indicando que a meiofauna
apresentou variação espaço-temporal significativa;
A comunidade pode estar respondendo, dentre outros fatores, as condições
hidrodinâmicas, características físico-químicas do sedimento, como umidade, oxigenação
e salinidade ao longo dos pontos amostrais da área de influência dos Terminais Ponta
Negra, RJ.
A) Metodologia Aplicada
Para cada grupo foram geradas listagens contendo os nomes científicos das espécies
registradas na região de inserção do empreendimento, compondo lista inicial de espécies de
ocorrência comprovada ou muito provável.
Todos os nomes científicos utilizados para os táxons registrados por meio de dado
secundários ou primários foram padronizados segundo disponível em literatura especializada,
tais como WORMS (World Register of Marine Species: www.marinespecies.org), RIOS (1994)
e AMARAL et al. (2005).
A B
Foto 9.2.2-68 - Vista do ponto amostral BP1 (A) e da área onde foram coletados as amostras nos
demais pontos (B), demonstrando a extensão da faixa de praia utilizada para a amostragem da
macrofauna do trecho da praia de Jaconé localizado na Área Diretamente Afetada (ADA) dos
Terminais Ponta Negra – TPN, RJ (período seco, 1ª Campanha – setembro/2012; período
chuvoso, 2ª Campanha – janeiro/2013).
c) Área de estudo
A caracterização da macrofauna praial foi realizada em quatro (04) pontos amostrais (BP1,
BP2, BP3 e BP4) na Área Diretamente Afetada (ADA) do empreendimento a ser implantado
na praia de Jaconé (Figura 9.2.2-47 e Quadro 9.2.2-19).
Quadro 9.2.2-19 - Coordenadas UTM 23S WGS-84 dos pontos amostrais da macrofauna
bentônica do entre marés da praia arenosa na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha
(Janeiro/2013).
Ponto E S
d) Procedimentos metodológicos
Endofauna
Em cada um dos quatro (04) pontos amostrais foi disposto um transecto perpendicular à linha
de praia. Em cada perfil, devido à extensão da faixa de praia, foram realizadas amostragens
em 02 ambientes praiais: médio litoral inferior (MLI) e médio litoral superior (MLS), sendo as
amostras deste último ambiente coletadas na faixa mais alta da praia com influência da água
(DENADAI et al., 2005) (Figura 9.2.2-48). Em cada um dos pontos foram coletadas três (03)
réplicas para a análise da comunidade de macrofauna, sendo coletado um total de 24
amostras por campanha.
Figura 9.2.2-48 - Esquema da Zonação de praias arenosas, adaptado de Pereira & Soares-
Gomes (2009).
Os organismos encontrados foram triados e anestesiados (no caso dos moluscos, poliquetos
e equinodermos) e/ou colocados no fixador (álcool a 70%), sendo posteriormente contados e
identificados através de lupa PZO-Labimex e microscópio Studar lab, chegando-se ao nível
de gênero ou espécie, sempre que possível, com o auxílio de chaves de identificação. Foram
utilizadas as chaves taxonômicas de DAY (1967) e AMARAL & NONATO (1996) para os
poliquetos; TOMMASI (1970) para os equinodermos; RIOS (1994) para os moluscos; MELO
(1996) para caranguejos e MOREIRA (1972) para isópodas.
Epifauna
Para a relação entre o diâmetro da toca e o tamanho do respectivo animal, foram realizadas
escavações e capturas por armadilhas. Os espécimes capturados foram medidos, pesados
em balança semi-analítica com precisão de 0,01 g e devolvidos ao seu hábitat natural.
e) Análise de Dados
Endofauna
Epifauna
Não foram encontrados espécimes presentes nas categorias de status de conservação das
espécies existentes nas listas do IBAMA (2008), IUCN, Cites ou do estado do Rio de Janeiro
(BERGALLO et al., 2000).
Quadro 9.2.2-20 - Listagem das espécies de provável ocorrência na região de influência Indireta dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha
(Setembro/2012) e 2ª campanha (Janeiro/2013).
FILO ANNELIDA
Classe Polychaeta
Ordem Phyllodocida
Cardoso & Veloso (1997);
Família Glyceridae Hemipodus olivieri Orenzans & Gianuca, 1974
Veloso et al (2003)
FILO ARTHROPODA
SubFilo Crustacea
Classe Malacostraca
Ordem Amphipoda
Cardoso & Veloso (1997);
Família Talitridae Pseudorchestoidea brasiliensis Dana, 1853 Veloso et al (2003)
Ordem Decapoda
Cardoso & Veloso (1997);
Família Hippidae Emerita brasiliensis (Schmitt, 1935) Veloso et al (2003)
Ordem Isopoda
Cardoso & Veloso (1997);
Família Cirolanidae Excirolana braziliensis (Richardson, 1912) Veloso et al (2003)
Excirolana armata (Dana, 1853) Veloso et al (2003)
Excirolana sp. Cardoso & Veloso (1997)
Classe Insecta
Ordem Hymenoptera
Ordem Coleoptera
Cardoso & Veloso (1997);
Família Tenebrionidae Phaleria brasiliensis Laporte, 1840 Veloso et al (2003)
Phaleria testacea Say, 1824 Veloso et al (2003)
Ordem Diptera (larva) Cardoso & Veloso (1997);
FILO MOLLUSCA
Classe Gastropoda
Família Olividae
Classe Bivalvia
Ordem Veneroida Olivancillaria vesica vesica (Gmelin, J.F., 1791) Veloso et al (2003)
Família Donacidae Donax hanleyanus (Philippi, 1847) Veloso et al (2003)
a) Composição Faunística
Foram encontrados 277 indivíduos da endofauna, distribuídos em 09 morfo-espécies e 08
famílias pertencentes aos grupos Annelida (Polychaeta), Arthropoda (Crustacea), Mollusca e
Nemertea. Arthropoda apresentou o maior número de espécies (04 espécies), seguido por
Annelida (03 espécies), enquanto os demais filos apresentaram somente 01 espécie cada
(Quadro 9.2.2-21).
Crustacea apresentou a maior distribuição entre os filos, sendo encontrado ao longo das
duas campanhas, com ocorrência das espécies Emerita brasiliensis, Talitrus saltator e
Excirolana braziliensis nos dois períodos (Quadro 9.2.2-21).
Dentre os filos encontrados, Mollusca apresentou a menor ocorrência, tendo sido encontrado
somente no MLI dos pontos amostrais BP2 e BP4 na 1ª campanha, e no MLS da 2ª
campanha nos pontos BP2 e BP1 (Quadro 9.2.2-21).
Quadro 9.2.2-21 - Valores de ocorrências das espécies registradas na área Terminais Ponta Negra, Maricá, Rio de Janeiro, na 1ª campanha
(setembro/2012) e 2ª campanha (janeiro/2013), com respectiva indicação do registro.
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI
FILO ANNELIDA
Classe Polychaeta
Ordem Phyllodocida
Família Glyceridae Glycera sp. x x Coleta
Hemipodus olivieri
(Orenzans & Gianuca, x Coleta
1974)
Família Phyllodocidae Eteone sp. x Coleta
FILO ARTHROPODA
SubFilo Crustacea
Classe Malacostraca
Ordem Amphipoda
Talitrus saltator
Família Talitridae x x x x Coleta
(Montagu, 1808)
Ordem Decapoda
Emerita brasiliensis
Família Hippidae x x x Coleta
(Schmitt, 1935)
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI MLS MLI
Ordem Isopoda
Excirolana braziliensis
Família Cirolanidae x x x x x x x x Coleta
(Richardson, 1912)
Classe Insecta Ordem Hymenoptera x Coleta
FILO MOLLUSCA
Classe Bivalvia
Ordem Veneroida
Donax hanleyanus
Família Donacidae x x x x Coleta
(Philippi, 1847)
FILO NEMERTEA
Nemertea x x x Coleta
S total 2 1 3 3 1 1 3 2 2 1 2 1 1 1 2 2
Pontos de Registro: Pontos amostrais
b) Eficiência amostral
As curvas do coletor utilizadas (espécies observadas (Sobs) e do estimador de Jacknife 1 –
primeira ordem), não demonstram tendência a atingir uma assíntota quando avaliada a fauna
total (MLS e MLI), indicando que a comunidade da endofauna encontrada não estaria
estabilizada em relação ao número de espécies da macrofauna na área de influência direta e
diretamente afetada (Figura 9.2.2-50). Fato este influenciado pelos dados encontrados para o
MLI, uma vez que a curva do Estimador de Jacknife para o MLS, após a inserção dos dados
da 2ª campanha apresenta uma inclinação com tendência à estabilização, indicando, desta
forma, que a comunidade no MLS estaria praticamente representada com as espécies
observadas ao longo das campanhas de amostragem (Figura 9.2.2-51 A e B).
15 Sobs
Jacknife1
Contagem de espécies
10
0
0 10 20 30 40 50
Número de amostras
Figura 9.2.2-50 - Curva do coletor utilizando os dados de riqueza observada (Sobs) e Estimativa
de riqueza Jacknife de primeira ordem para os dados da macrofauna praial encontrada na Área
de influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha
(Janeiro/2013).
MLS
6 Sobs
Jacknife1
5
Contagem de espécies
1
0 5 10 15 20 25
Número de amostras
MLI
10 Sobs
Jacknife1
8
Contagem de espécies
0
0 5 10 15 20 25
Número de amostras
Figura 9.2.2-51 - Curvas do coletor para o MLS (A) e MLI (B) utilizando os dados de riqueza
observada (Sobs) e Estimativa de riqueza Jacknife de primeira ordem para os dados da
macrofauna praial encontrada na Área de influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha
(Setembro/2012) e 2ª campanha (Janeiro/2013).
e) Espécies Migratórias
A macrofauna apresenta relação direta com o substrato, vivendo no interior ou sobre
(associado) o substrato inconsolidado, demonstrando variação vertical e horizontal no
ambiente, o que caracterizaria a sua distribuição em manchas, principalmente na fase adulta,
que apresenta deslocamento restrito ou nulo num período curto de tempo (PEREIRA &
SOARES-GOMES, 2002).
Em relação aos grupos registrados, Nemertea (N: 75 ind) e Arthropoda (N: 22 ind)
apresentaram os maiores números de indivíduos durante a 1ª campanha, enquanto na 2ª
campanha, a comunidade na Área de Influência Direta e Diretamente Afetada foi
caracterizada pela elevada ocorrência de Arthropoda (N: 165 ind.), equivalente a 97% dos
organismos encontrados nos pontos amostrais de macrofauna do entremarés da praia,
seguido por Mollusca (N: 03 ind.; 2% dos organismos) e Annelida (N: 02 ind.; 1% dos
organismos) (Figura 9.2.2-52 e Figura 9.2.2-53; Quadro 9.2.2-22).
Os maiores valores de número de indivíduos para Nemertea foram observados no MLS dos
pontos BP1 (28 ind.) e PB3 (37 ind.) durante a 1ª campanha, enquanto para Arthropoda, o filo
apresentou os maiores abundâncias na 2ª campanha, sendo estes valores encontrados nos
pontos BP2 (MLS: 24 ind), BP3 (MLS: 94 ind) e BP4 (MLS: 39 ind), sendo que Arthropoda foi
o único filo a ocorrer em todos os níveis dos pontos amostrais. Os demais filos apresentaram
baixa ocorrência ou até ausência nos níveis de maré ao longo dos pontos amostrais para as
duas campanhas realizadas, sendo que, com exceção de Arthropoda, os demais filos
apresentaram os menores valores na 2ª campanha (Figura 9.2.2-52 e Figura 9.2.2-53;
Quadro 9.2.2-22).
Figura 9.2.2-52 - Percentual total de indivíduos dos grandes grupos de organismos coletados no
MLS e MLI dos pontos amostrais da macrofauna do entre marés de praia arenosa, na área de
influência direta dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha
(Janeiro/2013).
Figura 9.2.2-53 - Número total de indivíduos por grande grupo coletado no MLS e MLI dos
pontos amostrais da macrofauna do entre marés de praia arenosa, na área de influência direta
dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha (Janeiro/2013).
Figura 9.2.2-54 - Número médio (+desvio padrão) de indivíduos (N) coletados no MLS e MLI dos
pontos amostrais da meiofauna praial, na área de influência direta dos Terminais Ponta Negra
na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha (Janeiro/2013).
Quadro 9.2.2-22 - Valores de ocorrências da macrofauna bentônica praial registrados no MLS e MLI dos pontos amostrais na área Terminais
Ponta Negra na 1ª campanha - Setembro/2012 e 2ª campanha - Janeiro/2013. (NM – Nível de maré: MLS e MLI).
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
ML ML ML ML ML ML ML ML ML M Tot ML ML ML ML ML ML ML ML ML M Tot
S I S I S I S I S LI al S I S I S I S I S LI al
FILO
ANNELIDA
Classe
Polychaeta
Ordem
Phyllodocida
Fam.
Glycera sp. 0 1 0 5 0 0 0 0 0 6 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Glyceridae
Hemipodus olivieri
(Orenzans & 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1
Gianuca, 1974)
Fam.
Eteone sp. 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1
Phyllodocidae
FILO
ARTHROPODA
SubFilo
Crustacea
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
ML ML ML ML ML ML ML ML ML M Tot ML ML ML ML ML ML ML ML ML M Tot
S I S I S I S I S LI al S I S I S I S I S LI al
Classe
Malacostraca
Ordem
Amphipoda
Talitrus saltator
Fam. Talitridae 0 0 3 1 0 2 0 0 3 3 6 0 0 0 0 0 0 13 0 13 0 13
(Montagu, 1808)
Ordem
Decapoda
Emerita brasiliensis
Fam. Hippidae 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 3 0 1 0 0 0 4 4
(Schmitt, 1935)
Ordem Isopoda
FILO
MOLLUSCA
Classe Bivalvia
1ª CAMPANHA 2ª CAMPANHA
ML ML ML ML ML ML ML ML ML M Tot ML ML ML ML ML ML ML ML ML M Tot
S I S I S I S I S LI al S I S I S I S I S LI al
Ordem
Veneroida
Nemertea 28 0 0 0 37 0 10 0 75 0 75 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
16
N total 31 1 12 8 37 2 13 3 93 14 107 3 2 26 3 94 1 39 2 8 170
2
S total 2 1 3 3 1 1 3 2 4 4 7 2 1 2 1 1 1 2 2 3 4 6
A comunidade apresentou valores baixos para os índices de estrutura, onde a maior média
de diversidade (H’) na praia foi encontrada no MLI do ponto amostral BP2 (H’loge – 0,56±0,30
bits.ind-1) durante a 1ª campanha, resultante das maiores médias para equitabilidade
(0,62±0,31). Esse valor foi determinado pelas médias do número de organismos e de riqueza
de espécies (0,78±0,42), o que acabou por caracterizar esta área com os valores mais altos
de diversidade média entre as duas campanhas, considerando a distribuição dos indivíduos
nos táxons encontrados. O ponto BP4 na 2ª campanha apresentou o maior valor médio de
diversidade no MLS (0,42±0,03) (Tabela 9.2.2-31; Figura 9.2.2-55 a Figura 9.2.2-57).
Tabela 9.2.2-31 - Valores médios e erro padrão (EP) do número de indivíduos e riqueza de Margalef (d’), e dos índices de diversidade (H’),
equitabilidade de Pielou (J’) e dominância de Simpson nos pontos amostrais da macrofauna praial na área de influência dos Terminais Ponta
Negra na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha (Janeiro/2013).
Dominância de
N d' J' H'(loge)
Simpson
1ª Campanha MLS BP1 10,3 4,1 0,27 0,14 0,36 0,22 0,25 0,15 0,85 0,10
BP2 4,0 1,7 0,24 0,24 0,27 0,27 0,19 0,19 0,88 0,13
BP3 12,3 1,5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00
BP4 4,3 3,0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,33
MLI BP1 0,3 0,3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33
BP2 2,7 0,9 0,78 0,42 0,62 0,31 0,56 0,30 0,64 0,19
BP3 0,7 0,7 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33
BP4 1,0 0,6 0,48 0,48 0,33 0,33 0,23 0,23 0,50 0,29
2ª Campanha MLS BP1 1,0 0,6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,33
BP2 8,7 1,2 0,14 0,14 0,23 0,23 0,16 0,16 0,90 0,10
BP3 31,3 10,7 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,00 0,00
BP4 13,0 3,6 0,41 0,04 0,61 0,04 0,42 0,03 0,74 0,02
MLI BP1 0,7 0,7 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33
BP2 1,0 1,0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33
BP3 0,3 0,3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33
BP4 0,7 0,7 0,48 0,48 0,33 0,33 0,23 0,23 0,17 0,17
Nível MLS 10,6 2,3 0,13 0,05 0,18 0,06 0,13 0,04 0,84 0,06
MLI 0,9 0,2 0,22 0,10 0,16 0,08 0,13 0,06 0,37 0,09
Dominância de
N d' J' H'(loge)
Simpson
1ª
Campanha 4,5 1,1 0,22 0,09 0,20 0,08 0,15 0,06 0,65 0,09
Campanha
2ª
7,1 2,4 0,13 0,07 0,15 0,06 0,10 0,04 0,56 0,09
Campanha
Tabela 9.2.2-32 - Valores da Análise de Variância (ANOVA) (F e p) são apresentados para cada
parâmetro analisado da comunidade zoobentônica da macrofauna em relação aos fatores Ponto
amostral, Nível (MLS e MLI), Campanha (1ª campanha - setembro/12; 2ª campanha - janeiro/13) e
a interação entre eles.
Dominância
N d' J' H'(loge)
de Simpson
F p F p F p F p F p
Pto 5,258 0,005 2,430 0,083 3,013 0,044 2,950 0,047 0,480 0,698
Nível 36,956 0,000 0,644 0,428 0,066 0,799 0,000 0,996 14,457 0,001
Campanha 2,702 0,110 0,747 0,394 0,339 0,565 0,599 0,445 0,547 0,465
Pto*Nível 6,091 0,002 0,760 0,525 0,372 0,774 0,511 0,678 0,307 0,820
Pto*Campanha 3,248 0,035 1,603 0,208 2,431 0,083 2,570 0,072 0,068 0,976
Nível*Campanha 3,829 0,059 0,926 0,343 1,405 0,245 1,761 0,194 0,330 0,570
Pto*Nível*Campanha 3,530 0,026 0,968 0,420 1,791 0,169 1,873 0,154 0,327 0,806
Figura 9.2.2-55 - Valores médios e erro padrão do índice de riqueza de Margalef (d’) encontrado
nos pontos amostrais da macrofauna bentônica do entre marés de praia arenosa na área de
influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha
(Janeiro/2013).
Figura 9.2.2-56 - Valores médios e erro padrão do índice de Diversidade (H)’ encontrados nos
pontos amostrais da macrofauna bentônica do entre marés de praia arenosa na área de
influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª campanha
(Janeiro/2013).
Figura 9.2.2-57 - Valores médios e erro padrão dos índices de A: Equitabilidade de Pielou (J’) e
B: Dominância de Simpson encontrados nos pontos amostrais da macrofauna bentônica do
entre marés de praia arenosa na área de influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha
(Setembro/2012) e 2ª campanha (Janeiro/2013).
A separação das amostras entre as campanhas demonstrou padrão semelhante aos níveis,
principalmente em relação ao MLI, com as amostras da 1ª campanha apresentando
separação espacial para a 2ª campanha. A diferença entre as campanhas foi significativa
(PERMANOVA; p – 0,0001 – Tabela 9.2.2-16). Padrão semelhante também foi encontrado
em relação aos níveis, onde o MLS e MLI da primeira foram significativamente diferentes de
seus respectivos níveis na segunda campanha, assim como entre os níveis MLSxMLI em
cada campanha (PERMANOVA – par a par – Tabela 9.2.2-16, Tabela 9.2.2-17; Figura
9.2.2-58).
para com BP1 e BP2 demonstrando diferença significativa. Para a 2ª campanha não foram
observada diferenças significativas para a dissimilaridade entre os pontos amostrais em
relação a composição e abundância da macrofauna (Tabela 9.2.2-36Figura 9.2.2-58).
A análise SIMPER identificou as espécies que mais contribuíram para a dissimilaridade entre
os grupos quanto as interações e fatores analisados que diferiram significativamente na
PERMANOVA, destacando-se Nemertea, Excirolana braziliensis, Talitrus saltator, Emerita
brasiliensis, Donax hanleyanus e Glycera sp. que contribuíram com aproximadamente 75%
do percentual de dissimilaridade principalmente entre campanhas e níveis (Tabela 9.2.2-37 a
Tabela 9.2.2-40). A dissimilaridade entre as campanhas foi de 94,1 % (Tabela 9.2.2-37)
enquanto entre os níveis, variou de 85 a 99,28% (Tabela 9.2.2-38).
Para a interação entre os fatores Ponto x nível de maré, a análise de SIMPER no MLS, a
ocorrência e distribuição de Nemertea, Hymenoptera e dos crustáceos Excirolana braziliensis
e Talitrus saltator apresentaram os maiores percentuais de contribuição da dissimilaridade
entre os pontos amostrais (Tabela 9.2.2-39). No MLI as diferenças foram geradas, por sua
vez, pela ocorrência e abundância de Glycera sp., Talitrus saltator, Donax hanleyanus e
Emerita brasiliensis (Tabela 9.2.2-40).
BP2 BP4
2D Stress: 0,11 NívelCampanha
MLS1ª Camp
BP2 BP3 MLI1ª Camp
BP2 MLS2ª Camp
MLI2ª Camp
BP4
BP3
BP1
BP1
BP1
BP3
BP2
BP4
BP4
BP1
BP3
Unique
F P perms p(MC)
Tabela 9.2.2-34 - Resultados da análise PERMANOVA par a par da macrofauna praial entre os
níveis (MLS x MLI) em cada campanha, e por nível entre as campanhas (1ª campanha -
setembro/2012 x 2ª campanha - janeiro/2013). (d.f) graus de liberdade; p(MC) significância da
permutação de Monte Carlo.
Unique
Unique
Tabela 9.2.2-35 - Resultados da análise PERMANOVA par a par da macrofauna praial dos pontos
amostrais entre campanhas (1ª campanha - setembro/2012; 2ª campanha - janeiro/2013) por
nível (MLS e MLI). (d.f) graus de liberdade; p(MC) significância da permutação de Monte Carlo.
MLS MLI
Unique Unique
Tabela 9.2.2-36 - Resultados da análise PERMANOVA par a par da macrofauna praial entre os
pontos amostrais por nível (MLS e MLI) em cada campanha (1ª campanha - setembro/2012; 2ª
campanha - janeiro/2013). (d.f) graus de liberdade; p(MC) significância da permutação de Monte
Carlo.
1ª Campanha 2ª Campanha
Unique Unique
1ª Campanha 2ª Campanha
Unique Unique
MLS1ªCam MLI1ªCam
Dis.média (%) = 99,28
p p
MLS1ªCam MLS2ªCam
Dis.média (%) = 85,58
p p
MLI1ªCam MLI2ªCam
Dis.média (%) = 98,84
p p
MLS2ªCam MLI2ªCam
Dis.média (%) = 95,87
p p
Excirolana braziliensis
0,8 0,67 11,41 0,97 13,29 89,11
(Richardson, 1912)
Excirolana braziliensis
0,67 0 12,8 1,28 12,8 90,72
(Richardson, 1912)
Excirolana braziliensis
0,47 2,82 62,3 2,23 82,67 82,67
(Richardson, 1912)
Donax hanleyanus (Philippi,
0,33 0,47 13,06 0,93 17,33 100
1847)
Excirolana braziliensis
0,47 5,37 79,53 3,77 93,38 93,38
(Richardson, 1912)
Excirolana braziliensis
0,47 2,73 42,21 1,73 50,2 50,2
(Richardson, 1912)
Excirolana braziliensis
2,82 2,73 11,71 1,57 28,36 87,26
(Richardson, 1912)
Donax hanleyanus (Philippi,
0,47 0 5,26 0,66 12,74 100
1847)
Excirolana braziliensis
5,37 2,73 27,58 1,85 58,46 58,46
(Richardson, 1912)
Talitrus saltator (Montagu, 1808) 0,33 0,47 18,08 0,85 18,95 100
Excirolana braziliensis
0 5,37 59,18 6,61 59,18 59,18
(Richardson, 1912)
Nemertea 3,5 0 40,82 4,56 40,82 100
Epifauna
Tabela 9.2.2-41 - Valores médios do número, densidade e tamanho de tocas, peso e largura e
comprimento da carapaça de O. quadrata encontradas nos pontos amostrais de praia arenosa
na área de influência dos Terminais Ponta Negra na 1ª campanha (Setembro/2012) e 2ª
campanha (Janeiro/2013).
1ª Campanha 2ª Campanha
hidrológicas, uma vez que Crustacea apresentou elevado número de indivíduos na segunda
campanha.
VIANA et al. (2005), estudando a fauna do entre-marés de praias arenosas do Ceará também
encontrou esta relação do predomínio de Crustacea e Polychaeta nas duas faixas,
semelhante ao encontrado no atual estudo, relacionando que a maior ocorrência de
poliquetos no MLI estaria associada ao acumulo de água nesta região, sendo desta forma
uma área com menor estresse físico, proporcionando uma maior abundância destes
organismos. Padrão semelhante ao observado durante as campanhas, uma vez que os
poliquetos ocorreram somente no MLI, enquanto os crustáceos foram dominantes no MLS,
principalmente na 2ª campanha, o que também foi encontrado em outros estudos no litoral do
Rio de Janeiro (FERNANDES & SOARES-GOMES, 2006; VELOSO et al., 2003; VELOSO &
CARDOSO, 2001).
NEVES & BEMVENUTTI (2006) e PAIVA et al. (2005) também encontraram padrão
semelhante de zonação, tendo os isópodes cirolanídeos apresentado grande abundância na
faixa superior, enquanto os poliquetos predominaram na faixa mais inferior da zona entre-
marés. A ocorrência de zonação em praias arenosas é comum, como verificada por DEFEO
& MCLACHLAN (2005), VIANA et al. (2005), BARROS et al. (2001) e VELOSO et al. (2003).
Os valores baixos dos índices de estrutura da comunidade encontrados ao longo dos pontos
da Praia de Jaconé seriam característicos de ambientes de praias refletivas que
apresentariam areia grossa, com intensa ação de ondas, onde de acordo com VELOSO et
al., (1997), por características do impacto das ondas e instabilidade do substrato,
apresentariam menor riqueza, equitabilidade e estabilidade na composição da macrofauna
quando comparadas com praias dissipativas (DEXTER, 1984 & MCLACHLAN et al., 1993), o
que poderia indicar a variação significativa apresentada no MLI para alguns pontos.
(3,8cm), Rio Grande do Sul (3,97cm) e São Paulo (4,07cm), onde os autores encontraram
relação do tamanho da carapaça com o sexo e o distanciamento da linha de praia, com
fêmeas apresentando carapaça menor que os machos, e indivíduos pequenos predominando
mais próximos à água, e tendendo ao aumento em direção a área de dunas. Fatores como
granulometria, alimento e água também seriam fatores físicos que interfeririam no tamanho e
ocorrência de indivíduos desta espécie, o que poderia explicar as variações entre as
campanhas, além da característica biológica da espécie, como período reprodutivo e
forrageamento, que sofre interferência das condições climáticas e temperatura.
Os valores encontrados de densidade de tocas foram menores aos observados por ARAÙJO
et al. (2008) nas praias consideradas pelos autores, como menos influenciada pela ação
antrópica, indicando assim, que os locais poderiam estar sob algum tipo de impacto ou
agente estressor. Porém, BRANCO et al. (2010) ressalta que o número de tocas e densidade
devem ser usados com muita cautela, visto a característica de variação da atividade biológica
do organismo.
E) Considerações finais
Em relação aos grupos que ocorreram, Nemertea e Arthropoda apresentaram os maiores
números de indivíduos na Área de Influência Direta e Diretamente Afetada, equivalente a
mais de 90% dos organismos encontrados nos pontos amostrais de macrofauna do
entremarés da praia, seguido por Annelida e Molusca que juntos representaram menos que
7% da abundância total.
F) Registros fotográficos
Foto 9.2.2-71 - Excirolana braziliensis Foto 9.2.2-72 - Ocypode quadrata capturado nos
transectos
A) Metodologia Aplicada
c) Área de estudo
Na área de influencia dos Terminais Ponta Negra foram realizadas amostragens em três
pontos do costão rochoso em duas estações do ano (Quadro 9.2.2-23 e Figura 9.2.2-61). Os
dois primeiros pontos, localizados na área de influencia direta do empreendimento, têm por
finalidade acompanhar as transformações que a comunidade bentônica local de costão
rochoso sofrerá após a instalação do terminal portuário, enquanto que o terceiro ponto,
localizado ao sul do empreendimento, servirá de ponto controle para os futuros estudos de
monitoramento da comunidade bentônica de substrato consolidado. Além disso, os pontos
escolhidos permitiam o acesso ao costão de maneira segura devido às suas feições
íngremes, e consequente batimento de ondas.
Figura 9.2.2-61 - Pontos amostrais (CR1, CR2 e CR3) dos Bentos de Substrato Consolidado.
d) Procedimentos Metodológicos
Para o levantamento da comunidade de costão rochoso (fito e zoobentos não fital), foram
realizadas amostras qualitativas e quantitativas em três faixas do costão rochoso (Mesolitoral
Superior, Mesolitoral Inferior e Infralitoral). Em cada uma das faixas do costão, três réplicas
foram extraídas, totalizando 9 quadrantes por área (3 áreas no total). Estas três áreas
perfizeram uma extensão de aproximadamente 1.500m do costão rochoso a partir da linha de
praia, dispostas nas porções extremas e centrais.
Metodologia 1
Para tanto, em cada faixa do costão foram realizadas três réplicas com quadrados de 25 x 25
cm, divididos em 100 sub-quadrados por ponto amostral. Posteriormente, as algas presentes
nos quadrados amostrados foram extraídas (raspadas – método interventivo) posteriormente
e acondicionadas em saco plástico para quantificação da biomassa. Além disso, amostras
foram coletadas aleatoriamente para a composição da lista de espécies (Foto 9.2.2-75)
(SABINO & VILAÇA, 1999).
Metodologia 2
Metodologia 3
Foto 9.2.2-77 - Triagem das amostras de zoobentos (fital) do costão rochoso de Ponta
Negra, Maricá, RJ (Imagem: Ricardo Netto).
Os organismos zoobentônicos encontrados (fital e não fital) foram anestesiados com mentol
(no caso dos moluscos, poliquetos e equinodermos) e/ou colocados no fixador (álcool a
70%), sendo posteriormente contados e identificados através de lupa PZO-Labimex e
microscópio Studar lab, chegando-se ao nível de gênero ou espécie, sempre que possível,
com o auxílio de chaves de identificação. Foram utilizadas as chaves taxonômicas de DAY
(1967) e AMARAL & NONATO (1996) para os poliquetos; MELO (1996) para caranguejos;
MOREIRA (1972) para isópodas; RIOS (1994) para os moluscos; TOMMASI (1970) para os
equinodermos e AMARAL et al. (2005) para os grupos Annelida (Polychaeta), Mollusca
(Polyplacophora e Bivalvia) e Echinodermata (Classe Ophiuroidea)
e) Análise de Dados
A abundância dos organismos fitobentônicos foi quantificada através da porcentagem de
cobertura vegetal e biomassa, enquanto que os organismos zoobentônicos foram
quantificados por meio do cálculo do número de organismos por metro quadrado. Cabe
ressaltar que, devido a grande dominância de poucas espécies nas diferentes faixas do
costão, além da curta faixa de costão para cada zona do entremarés, todos os cálculos foram
realizados considerando o costão como um ambiente, incluindo as três zonas do costão
amostradas: alto e mesolitoral e infralitoral.
A análise da diversidade (H’) foi realizada com base nos resultados obtidos pelo índice de
diversidade de Shannon (PIELOU, 1975).
Onde, ni: valor de importância de cada espécie e N: total dos valores de importância.
A equitabilidade (J) de distribuição das capturas pelas espécies, estimada para cada estação,
será baseada na seguinte equação (PIELOU, 1975):
E = H’/log S,
A riqueza de espécies foi calculada através do número total de espécies encontradas (S).
Para a análise de eficiência amostral todas as espécies encontradas nas amostras foram
utilizadas como descritores. A eficiência amostral foi calcula utilizando a curva de acúmulo de
espécies onde foram utilizados o número de espécies (taxa) total (S) e o índice de Jacknife
encontrado em cada amostra coletada. O índice Jacknife estima a riqueza absoluta somando
a riqueza observada a um parâmetro calculado a partir do número de espécies raras e do
número de amostras (PALMER 1991). A fórmula para Jacknife usada foi a de primeira ordem:
Táxon Fonte
Chlorophyta
ULVALES
Ulvaceae
Ulva fasciata Brasileiro et al., 2009
Ulva lactuca Brasileiro et al., 2009
DASYCLADALES
Polyphysaceae
Acetabularia calyculus Brasileiro et al., 2009
Acetabularia schenckii Brasileiro et al., 2009
PHAEOPHILALES
Phaeophilaceae
Phaeophila dendroides Brasileiro et al., 2009
DASYCLADALES
Ulvellaceae
Entocladia viridis Brasileiro et al., 2009
Pringsheimiella scutata Brasileiro et al., 2009
CLADOPHORALES
Anadyomenaceae
Anadyomene stellata Brasileiro et al., 2009
Cladophoraceae
Chaetomorpha antennina Brasileiro et al., 2009
Chaetomorpha aerea Brasileiro et al., 2009
Chaetomorpha brachygona Brasileiro et al., 2009
Chaetomorpha linum Brasileiro et al., 2009
Chaetomorpha minima Brasileiro et al., 2009
Chaetomorpha nodosa Brasileiro et al., 2009
Cladophora prolifera Brasileiro et al., 2009
Cladophora vagabunda Brasileiro et al., 2009
Cladophora albida Brasileiro et al., 2009
Cladophora coelothrix Brasileiro et al., 2009
Cladophora corallicola Brasileiro et al., 2009
Cladophora montagneana Brasileiro et al., 2009
Cladophora rupestris Brasileiro et al., 2009
Rhizoclonium africanum Brasileiro et al., 2009
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
STYLONEMATALES
Stylonemataceae
Stylonema alsidii Brasileiro et al., 2009
CORALLINALES
Hapalidiaceae
Melobesia membranacea Brasileiro et al., 2009
Corallinaceae
Amphiroa beauvoisii Brasileiro et al., 2009
Amphiroa anastomosans Brasileiro et al., 2009
Amphiroa fragilissima Brasileiro et al., 2009
Arthrocardia flabellata Brasileiro et al., 2009
Corallina officinalis Brasileiro et al., 2009
Pneophyllum
Jania adhaerens Brasileiro et al., 2009
Jania rubens Brasileiro et al., 2009
Cheilosporum sagittatum Brasileiro et al., 2009
GELIDIALES
Gelidiaceae
Gelidium pusillum Brasileiro et al., 2009
Gelidium floridanum Brasileiro et al., 2009
Gelidium crinale Brasileiro et al., 2009
Gelidium floridanum Brasileiro et al., 2009
Pterocladiella capillacea Brasileiro et al., 2009
Gelidiellaceae
Gelidiella trinitatensis Brasileiro et al., 2009
GIGARTINALES
Gigartinaceae
Chondracanthus acicularis Brasileiro et al., 2009
Chondracanthus teedei Brasileiro et al., 2009
Hypneaceae
Hypnea musciformis Brasileiro et al., 2009
Hypnea cenomyce Brasileiro et al., 2009
Hypnea spinella Brasileiro et al., 2009
Hypnea valentiae Brasileiro et al., 2009
Hypneocolax stellaris Brasileiro et al., 2009
Táxon Fonte
Phyllophoraceae
Gymnogongrus griffithsiae Brasileiro et al., 2009
HALYMENIALES
Halymeniaceae
Cryptonemia seminervis Brasileiro et al., 2009
Grateloupia filicina Brasileiro et al., 2009
GRACILARIALES
Gracilariaceae
Gracilaria mammillaris Brasileiro et al., 2009
Gracilaria cervicornis Brasileiro et al., 2009
Pterocladiophilaceae
Gelidiocolax pustulata Brasileiro et al., 2009
RHODYMENIALES
Rhodymeniaceae
Rhodymenia pseudopalmata Brasileiro et al., 2009
Champiaceae
Champia feldmannii Brasileiro et al., 2009
Champia vieillardii Brasileiro et al., 2009
Gastroclonium parvum Brasileiro et al., 2009
CERAMIALES
Ceramiaceae
Aglaothamnium felliponei Brasileiro et al., 2009
Centrocerocolax ubatubensis Brasileiro et al., 2009
Centroceras clavulatum Brasileiro et al., 2009
Ceramium brasiliense Brasileiro et al., 2009
Ceramium brasilense Brasileiro et al., 2009
Ceramium dawsonii Brasileiro et al., 2009
Ceramium diaphanum Brasileiro et al., 2009
Ceramium flaccidum Brasileiro et al., 2009
Ceramium tenerrimum Brasileiro et al., 2009
Ceramium vagans Brasileiro et al., 2009
Gymnothamnion elegans Brasileiro et al., 2009
Spermothamnion nonatoi Brasileiro et al., 2009
Spyridia clavata Brasileiro et al., 2009
Spyridia filamentosa Brasileiro et al., 2009
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Zoobentos
Filo Cnidaria
Classe Anthozoa
Ordem Actiniaria
Ordem Scleractinia
Família Caryophylliidae
Deltocyathus eccentricus Salomão & Coutinho, 2007,
Caryophyllia ambrosia caribbeana Salomão & Coutinho, 2007
Família Fungiidae
Fungiacyathus symmetricus Salomão & Coutinho, 2007
Filo Mollusca
Família Prochaetodermatidae
Caudofoveata sp. Salomão & Coutinho, 2007
Família Chaetodermatidae
Agaronia travassosi Salomão & Coutinho, 2007
Ancilla dimidiata Salomão & Coutinho, 2007
Alvania xanthias Salomão & Coutinho, 2007
Anachis cf. strix Salomão & Coutinho, 2007
Basilissa alta Salomão & Coutinho, 2007
Basilissa spp. Salomão & Coutinho, 2007
Benthomangelia sp. Salomão & Coutinho, 2007
Benthonella gaza Salomão & Coutinho, 2007
Benthonella tenella Salomão & Coutinho, 2007
Brokula cônica Salomão & Coutinho, 2007
Buccinanops moniliferum Salomão & Coutinho, 2007
Caecum achironum Salomão & Coutinho, 2007
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
Táxon Fonte
a) Composição Florística
Foram registrados na área de influência do empreendimento, a partir de dados primários, 38
espécies de algas. Na 1ª campanha foram registradas 37 espécies de algas, sendo 15 da
Classe Chlorophyta, cinco da Classe Phaeophyta e 17 da Classe Rhodophyta, enquanto que
na 2ª campanha 38 espécies de algas, sendo 15 da Classe Chlorophyta, cinco da Classe
Phaeophyta e 18 da Classe Rhodophyta foram registradas (Quadro 9.2.2-26). Na 1ª
campanha, os pontos amostrais P1 e P2 apresentaram 29 espécies cada, enquanto que em
P3 11 espécies foram registradas. Na 2ª campanha o Ponto 02 apresentou 35 espécies,
seguido do Ponto 01 com 30 espécies e Ponto 03 com 21 espécies registradas.
Registros
ULVALES
Ulvaceae
Ulva fasciata CR1, 2 e 3 Quantitativo CR1, 2 e 3 Quantitativo
Ulva lactuca CR1, 2 e 3 Quantitativo CR1, 2 e 3 Quantitativo
CLADOPHORALES
Anadyomenaceae
Anadyomene stellata CR1 Quantitativo CR1, 2 e 3 Quantitativo
Cladophoraceae
Chaetomorpha antennina CR1, 2 e 3 Quantitativo CR1, 2 e 3 Quantitativo
Cladophora prolifera CR1 Qualitativo CR1 e 2 Qualitativo
Registros
Registros
b) Composição Faunística
Na 1ª campanha foram registradas na área de influência do empreendimento 58 espécies de
organismos zoobentônicos, sendo 22 pertencentes ao grupo não fital e 36 ao fital, em um
total de 8.443 organismos, enquanto que na 2ª campanha foram identificadas 48 espécies de
organismos zoobentônicos, sendo 13 pertencentes ao grupo não fital e 35 ao fital, em um
total de 15.375 organismos (Quadro 9.2.2-15). Das espécies encontradas, Perna perna
apresenta importância comercial, embora seja relatado no estado do Rio de Janeiro o uso de
poliquetos como isca para a pesca de linha. Nenhuma espécie encontra-se em Lista Nacional
de Espécies Ameaçadas de Extinção (IBAMA 2004).
Registros
FILO CNIDARIA
Actiniidae
Amostragem
Bunodosoma spp CR1, 2 e 3 Amostragem aleatória CR1, 2 e 3
aleatória
FILO NEMERTEA
Nemertea CR1, 2 e 3 Raspagem CR1 Raspagem
FILO SIPUNCULA
Golfingiiformes
Phascolionidae
Phascolion sp. CR3 Raspagem CR1 Raspagem
FILO ANNELIDA
Phyllodocida
Syllidae
Syllis sp. CR1, 2 e 3 Raspagem CR1 Raspagem
Nereidae
Nereis riisei CR3 Raspagem - -
Neanthes succinea CR1, 2 e 3 Raspagem - -
Perinereis anderssoni CR2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Perinereis ponteni CR2 e 3 Raspagem CR1 e 3 Raspagem
Pseudonereis variegata CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Cirratulida
Cirratulidae
Cirriformia sp CR3 Raspagem - -
Cirratulus sp CR1, 2 e 3 Raspagem - -
Registros
Registros
Columbellidae
Mitrella argus CR3 Raspagem CR1 Raspagem
Costoanachis sertulariarum - - CR2 Raspagem
Systellommatophora
Aplysiidae
CR2 e 3 Amostragem
Aplysia sp. - -
aleatória
Onchidiidae
Onchidella indolens CR3 Raspagem CR1 e 3 Raspagem
Mytiloida
Mytilidae
Perna perna CR1 e 2 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Brachidontes exustus CR2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Brachidontes solisianus CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Mytella guayanensis CR2 e 3 Raspagem - -
Modiollus carvalhoi CR3 Raspagem - -
Lithophaga lithophaga CR3 Raspagem CR3 Raspagem
Gregariella sp. CR1, 2 e 3 Raspagem - -
Veneroida
Veneridae
Cyclinella tenuis CR3 Raspagem - -
Myoida
Myidae
Sphenia fragilis CR2 e 3 Raspagem - -
Pterioida
Isognomonidae
Isognomon bicolor CR2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
FILO ARTHROPODA
Sessilia
Chthamalidae
Chthamalus sp. CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Tetraclitidae
Tetraclita sp. CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Tanaidacea
Registros
Leptocheliidae
Leptochelia sp. CR1, 2 e 3 Raspagem CR2 Raspagem
Kalliapseudidae
Kalliapseudes sp CR2 e 3 Raspagem - -
Isópoda
Jaeropsidae
Jaeropsis sp. CR3 Raspagem - -
Sphaeromatidae
Dynamenella tropica CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Paradella sp. - - CR2 e 3 Raspagem
Anthuridae
Paranthura sp. CR3 Raspagem - -
Decapoda
Porcellanidae
Pachycheles greeleyi CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Infraordem Brachyura
Larva Brachyura - - CR1, 2 e 3 Raspagem
Majidae
Epialtus bituberculatus CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Acanthonix scutiformis - - CR2 Raspagem
Xanthidae
Pilumnus dasypodus CR3 Raspagem - -
Panopeidae
Panopeus americanus CR2 e 3 Raspagem CR2 Raspagem
Grapsidae
Pachygrapsus transversus CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Amphipoda
Maeridae
Elasmopus sp - - CR1, 2 e 3 Raspagem
Elasmopus pectenicrus CR1, 2 e 3 Raspagem CR1, 2 e 3 Raspagem
Melitidae
Melita palmata - - CR2 Raspagem
Hyalidae
Registros
c) Eficiência amostral
Para o fitobentos foi possível observar que a curva se aproximou da estabilização, indicando
que ainda existe a possibilidade do aumento do número de espécies registradas com o
mesmo esforço amostral. Nas 54 amostras efetuadas ao longo das duas campanhas, foram
registradas 14 espécies/táxons. Porém o índice de Jacknife mostra que este número pode
chegar a 17 (Figura 9.2.2-62). Cabe ressaltar que o número de espécies registradas nessa
análise considerou apenas as encontradas a partir do método de quadrados, que não é o
mais eficiente para levantamento de um inventário de espécies de uma região, por esse
motivo, nas duas campanhas foram realizadas coletas exploratórias no costão para
identificação de mais espécies, de modo que em duas campanhas foram registradas 38
espécies de algas.
Para o zoobentos (não fital), foi possível observar uma tendência à estabilização
considerando o esforço amostral aplicado, ou seja, o potencial de encontrar novas espécies é
menor; entretanto, a partir dos dados secundários é possível dizer que existam mais espécies
na área de estudo. Nas 54 amostras foram registradas 19 espécies/táxons, sendo que o
índice de Jacknife mostra que este número pode chegar a 21 (Figura 9.2.2-63).
Figura 9.2.2-63 - Curva do coletor indicando o número de espécies encontradas a partir das
amostragens (réplicas) realizadas para o zoobentos (não fital).
Para o zoobentos (fital) foi possível observar que a curva não estabilizou, indicando que
ainda existe a possibilidade do aumento do número de espécies registradas com o mesmo
esforço amostral. Nas 54 amostras foram registradas 56 espécies/táxons. Porém, o índice de
Jacknife mostra que este número pode chegar a 72 (Figura 9.2.2-64). Os dados secundários
Figura 9.2.2-64 - Curva do coletor indicando o número de espécies encontradas a partir das
amostragens (réplicas) realizadas para o zoobentos (fital).
g) Espécies Migratórias
Durante as duas campanhas realizadas não foram registradas espécies migratórias.
Figura 9.2.2-65 - Biomassa vegetal média (g.m2) registrada nos pontos amostrais na área
de influência do empreendimento em ambas as campanhas.
Figura 9.2.2-66 - Frequência das principais espécies de algas a partir da cobertura vegetal
registrada nos pontos amostrais na área de influência do empreendimento (A – 1ª campanha e
B – 2ª campanha).
como sendo resultado significativo. Entre as duas campanhas, entretanto, foi observada
diferença significativa entre as estações do ano (F=14,46 e p=0,0003), o que foi influenciada
pela distribuição mais equilibrada entre as espécies de algas no costão durante as
amostragens da 2ª campanha. A menor frequência de espaços vazios no costão nesse
período, provavelmente influenciada por condições oceanográficas mais estáveis na estação
chuvosa, favoreceu um aumento dos valores de índices ecológicos na área de estudo.
Tabela 9.2.2-42 - Diversidade de Shannon (H’), equitabilidade (J) e riqueza absoluta de espécies
(S) na área de influência do empreendimento em ambas as campanhas.
1ª campanha
Média
CR01 2,00 0,47 0,50 0,53
CR02 1,00 0,08 0,06 0,92
CR03 1,11 0,20 0,14 0,80
Desvio Padrão
CR01 1,60 0,40 0,47 0,40
CR02 0,57 0,30 0,21 0,30
CR03 0,60 0,40 0,28 0,40
(continuação)
2ª campanha
Média
CR01 0,82 0,73 3,22 0,18
CR02 0,63 0,71 2,56 0,37
CR03 0,55 0,79 2,44 0,45
Desvio Padrão
CR01 1,20 0,19 0,46 0,46
CR02 1,42 0,25 0,48 0,48
CR03 1,67 0,14 0,50 0,50
Quando verificado o índice de similaridade entre os pontos amostrais, não foi possível
observar um conjunto de dados agrupados, ocorrendo sobreposição das amostras, de forma
que o teste estatístico não revelou diferença significativa (Estatística R=-0,011 e p=62,5). Em
relação à variação temporal, foi observada a formação de dois grupos distintos indicando que
a composição de espécies foi diferente entre as campanhas realizadas na área de estudo,
como observado para a diversidade (Figura 9.2.2-68).
A partir de uma análise de dissimilaridade (SIMPER), foi possível identificar que as algas do
gênero Ulva foram determinantes na formação do grupo relacionado à 1ª campanha,
enquanto que as algas Coralináceas e Sargassum foram determinantes na formação do
grupo relacionado à 2ª campanha (Tabela 9.2.2-43). Essa análise corrobora o que foi
observado na área de estudo, quando na estação seca (1ª campanha) foi observada uma
grande dominância de Ulva spp. em comparação com a estação chuvosa (2ª campanha),
influenciando na estrutura da comunidade em termos temporais.
Grupo Grupo
1ª Campanha 2ª Campanha
Dissimilaridade
Contribuição%
Espécies
Cumulativa%
Abundancia
Abundancia
média
média
média
DP
Ulva spp. 5,78 0,52 30,61 1,05 35,94 35,94
Corallinaceae 0,07 7,78 21,36 0,97 25,08 61,02
Sargassum spp. 0,04 4,00 11,54 0,59 13,55 74,57
Centroceras clavulatum 0,00 2,59 7,50 0,66 8,80 83,37
Chaetomorpha antennina 1,93 0,22 5,03 0,47 5,91 89,28
Cryptonemia sp 0,93 0,00 2,31 0,22 2,71 91,99
Zoobentos
Em termos de abundancia de organismos coletados, o Filo Mollusca foi dominante na área de
estudo (58%) na 1ª campanha, assim como na 2ª campanha Mollusca (65%) foi dominante,
influenciado pela abundancia de bancos de Perna perna na região durante a estação
chuvosa. Em relação ao número de espécies registradas Arthropoda apresentou a maior
riqueza de táxons, seguido de Mollusca e Annelida (Figura 9.2.2-69A e B).
A1
A2
B1
B2
Quanto à variação da abundância e densidade na área de estudo, foi possível observar que
os Pontos CR2 e CR3 apresentaram os maiores valores para os organismos do não fital na
1ª campanha, enquanto que na 2ª campanha CR01 apresentou maior abundancia (Figura
9.2.2-70A). Para os organismos do fital, a maior densidade e abundancia foi observada em
CR3 na 1ª campanha, sendo que na 2ª campanha o ponto CR2 apresentou maior abundância
e riqueza (Figura 9.2.2-70B). Quando analisados os dados de abundância para o zoobentos
entre os pontos amostrais e campanhas não foi possível observar diferença significativa para
a variação espacial (F=0,43 e p=0,65), entretanto, para a variação temporal foi observada
diferença significativa (F=3,76 e p=0,05).
Em relação aos índices ecológicos calculados, foi observado que a diversidade e riqueza
absoluta de espécies foram superiores nos Ponto CR2 e CR3 para os organismos do Não
Fital, tanto na 1ª quanto na 2ª campanha, enquanto que para os organismos do Fital a
diversidade e riqueza absoluta de espécies aumentaram entre os Pontos CR1 e CR3 na 1ª
campanha, sendo que na 2ª campanha CR02 apresentou o maior índice de diversidade e
CR0,1 de riqueza. Quando empregado um teste de hipótese de igualdade entre os pontos
amostrais, não foi observada diferença significativa para ambos em termos espaciais (Não
Fital: F=2,10 e p=0,13 e Fital: F=1,73 e p=0,18), entretanto, para a variação temporal foi
observada diferença significativa apenas para o fital (Não Fital: F=0,53 e p=0,46 e Fital:
F=17,22 e p=0,0001) (Figura 9.2.2-71 e Tabela 9.2.2-44).
Tabela 9.2.2-44 - Diversidade de Shannon (H’), equitabilidade (J) e riqueza absoluta de espécies
(S) na área de influência do empreendimento para o zoobentos (Fital e Não Fital).
1ª campanha
Média Média
Ponto Diversida Equitabilida Riqueza Ponto Diversida Equitabilida Riqueza
s de de Absoluta s de de Absoluta
CR1 0,19 0,29 2,11 CR1 0,27 0,37 2,70
CR2 0,46 0,53 2,89 CR2 0,68 0,43 7,22
CR3 0,48 0,47 3,89 CR3 0,68 0,41 8,11
Desvio Padrão Desvio Padrão
Ponto Diversida Equitabilida Riqueza Ponto Diversida Equitabilida Riqueza
s de de Absoluta s de de Absoluta
CR1 0,26 0,23 2,09 CR1 0,38 0,20 3,47
CR2 0,47 0,40 2,67 CR2 0,54 0,22 5,95
CR3 0,60 0,35 3,98 CR3 0,68 0,25 8,94
2ª campanha
Média Média
Ponto Diversida Equitabilida Riqueza Ponto Diversida Equitabilida Riqueza
s de de Absoluta s de de Absoluta
CR1 0,33 0,29 4,11 CR1 0,90 0,52 6,00
CR2 0,60 0,55 3,66 CR2 0,72 0,41 7,44
CR3 0,41 0,44 3,00 CR3 1,31 0,70 7,44
Desvio Padrão Desvio Padrão
Ponto Diversida Equitabilida Riqueza Ponto Diversida Equitabilida Riqueza
s de de Absoluta s de de Absoluta
CR1 0,21 0,22 2,03 CR1 0,47 0,24 2,12
CR2 0,58 0,33 2,69 CR2 0,54 0,16 4,42
CR3 0,46 0,26 2,69 CR3 0,67 0,14 4,22
Quando verificado o índice de similaridade entre os pontos amostrais, foi possível observar
um conjunto de dados agrupados para os pontos amostrais e campanhas realizadas, de
forma que o teste estatístico revelou diferença significativa em termos espaciais e temporais
para o não fital (Estatística Pontos Amostrais: R=0,195 e p=0,01 e Campanhas: R=0,236 e
p=0,01) (Figura 9.2.2-72A). Para os organismos do fital foi observada distinção entre os
pontos amostrais (Estatística R=0,134 e p=0,04), entretanto, em termos temporais os
resultados não foram significativos (R=0,043 e p=0,06) (Figura 9.2.2-72B).
Dissimilaridade
Contribuição%
Espécies
Cumulativa%
Abundancia
Abundancia
média
média
média
DP
Perna perna 185,33 56,83 37,72 1,00 39,13 39,13
Isognomon bicolor 0,22 63,50 22,82 0,73 23,68 62,81
Brachidontes rodriguesi 33,33 38,33 13,46 0,57 13,96 76,77
Brachidontes solisianus 0,00 57,39 11,13 0,42 11,55 88,33
Dissimilaridade média = 97,81 Grupo CR1 Grupo CR3
Brachidontes rodriguesi 33,33 217,72 34,08 0,81 34,85 34,85
Perna perna 185,33 7,17 28,16 0,76 28,80 63,64
Brachidontes solisianus 0,00 145,50 15,56 0,48 15,91 79,55
Dissimilaridade média = 92,18 Grupo CR2 Grupo CR3
Brachidontes rodriguesi 38,33 217,72 29,77 0,85 32,30 32,30
Perna perna 56,83 7,17 19,59 0,66 21,25 53,55
Brachidontes solisianus 57,39 145,50 18,43 0,57 19,99 73,54
Isognomon bicolor 63,50 2,33 15,96 0,61 17,31 90,85
Dissimilaridade média = 96,30 1ª Campanha 2ª Campanha
Perna perna 22,15 144,07 31,06 0,85 32,26 32,26
Brachidontes rodriguesi 0,00 192,93 29,13 0,80 30,25 62,51
Brachidontes solisianus 135,26 0,00 13,83 0,48 14,36 76,87
Dissimilaridade
Contribuição%
Espécies
Cumulativa%
Abundancia
Abundancia
média
média
média
DP
Hyale nigra 93,83 129,44 42,78 1,54 51,84 51,84
Perinereis anderssoni 1,44 5,56 4,39 0,35 5,32 57,17
Elasmopus pectenicrus 9,94 14,61 4,26 0,76 5,17 62,33
Dissimilaridade média = 85,05 Grupo CR1 Grupo CR3
Hyale nigra 93,83 89,56 55,54 1,78 65,31 65,31
Perinereis anderssoni 1,44 12,94 4,55 0,73 5,35 70,66
Elasmopus sp. 19,28 0,83 4,28 0,51 5,04 75,69
Dissimilaridade média = 71,06 Grupo CR2 Grupo CR3
Hyale nigra 129,44 89,56 39,36 1,61 55,39 55,39
Perinereis anderssoni 5,56 12,94 5,30 0,57 7,46 62,85
Amphithoe ramondi 10,78 3,00 3,55 0,83 4,99 67,84
dados secundários projetam um potencial de 268 espécies para a região costeira do Estado.
Entre os pontos amostrais a composição de espécies, riqueza e diversidade foram distintas
em função da variação da dominância de Ulva spp. especialmente na estação chuvosa (2ª
campanha), sendo que nessa estação ocorreu uma distribuição mais equilibrada de espécies
no costão, influenciando em maiores índices ecológicos. Assim, de forma a comparar a região
de estudo com outras localidades, abaixo é exposta uma série de trabalhos que levantaram
espécies de fitobentos no estado do Rio de Janeiro.
Na baía da Ilha Grande (RJ), por exemplo, SZÉCHY e NASSAR (2004) e FIGUEIREDO &
TÂMEGA (2007) encontraram 120 e 111 táxons, respectivamente, enquanto que PEDRINI et
al. (2010) registraram 49 táxons na Ilha Comprida, em Paraty (RJ). Na baía de Sepetiba (RJ),
AMADO FILHO et al. (2003) identificaram 96 táxons, sendo 61 rodofíceas, 18 clorofíceas, 15
feofíceas e duas cianofíceas. Em comparação com o presente trabalho, todos esses
ambientes possuem características dos costões diferentes daquelas encontradas em Ponta
Negra, ou seja, não apresentam um batimento de ondas intenso e, além disso, encontram-se
em áreas mais abrigadas, como baías e enseadas.
Na Ilha do Frade, Município de Vitória (ES), por exemplo, FREITAS NETTO et al. (2009)
registraram a dominância de espécies do gênero Ulva e Caulerpa, que em várias partes do
mundo também estão dominando regiões costeiras devido a fatores como poluição
(SCHRAMM, 1999). FALCÃO & SZÉCHY (2005) também observaram que na Ilha Grande
(RJ) as características comunidades de Sargassum estão sendo paulatinamente substituídas
por algas do gênero Caulerpa.
SZÉCHY et al. (2000) estudando comunidades bentônicas nos Estado do Rio de Janeiro e
São Paulo também observaram crescente dominância de Corallinaceae, Padina e
Dictyopteris delicatula nas faixas inferiores do costão rochoso. Embora não seja uma espécie
exótica, a dominância de poucas espécies no ambiente reduz a diversidade local. No
presente levantamento algas coralináceas estiveram presentes, em menor expressão quando
comparadas a Ulva spp., embora, na estação chuvosa (2ª campanha), a sua frequência tenha
aumentado. Os autores supracitados alertam sobre o grande potencial de disseminação
dessas espécies na região sudeste do Brasil, que leva a uma diminuição da diversidade nos
costões devido à dominância de apenas um grupo de espécies.
FREITAS NETTO et al., (2009) registraram para o litoral da Serra (ES) marcada
superioridade do anfípoda Hyale nigra em termos de abundância. A macrofauna associada a
algas é um importante elemento estruturador da paisagem subaquática, visto que, além de
ser um elo entre os organismos produtores do costão (macroalgas) e a cadeia trófica costeira,
muitos utilizam as algas como recurso alimentar (DUFFY & HAY, 2000). Segundo
JACOBUCCI et al., 2006, os anfípodas são os animais dominantes neste sistema e são
sensíveis a uma grande variedade de poluentes, sendo considerados estratégicos em
programas de monitoramento ambiental, especialmente quando emissários são instalados em
uma determinada região. LERCARI et al. (2002), por exemplo, observaram que o lançamento
de efluentes em um canal no Uruguai afetou a abundância, composição e diversidade de
anfípodas da região. CHEMELLO & MILAZZO (2002), entretanto, registraram maior número
de espécies de moluscos em seu estudo, e associaram a riqueza do fital à complexidade
estrutural de espécies de algas marinhas bentônicas. No presente estudo os moluscos foram
dominantes em ambas as estações, especialmente em função dos bancos de mexilhões
encontrados nessa estação no ponto CR01, o que pode estar relacionado com a época de
colheita de mexilhões em locais em que ocorre a exploração desse recurso.
Quanto às espécies exóticas, foi registrada a espécie Isognomon bicolor na área de influência
do empreendimento em maior abundancia no ponto CR02 na estação chuvosa (2ª
campanha). A ocorrência desse bivalve invasor está relacionada à sua invasão nos costões
do litoral brasileiro. Originalmente introduzida no Caribe, essa espécie invadiu a região
entremarés do litoral brasileiro há cerca de 13 anos, fixando-se a substratos firmes, incluindo
vegetação de manguezais. A ocorrência dessa espécie já foi reportada nos estados do Rio
Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina
(MARTINS, 2000), além do Espírito Santo (FERREIRA et al., 2006).
Segundo FERREIRA et al. (2002), estudos diversos têm evidenciado que, além da água de
lastro, cascos de navios e outras estruturas submersas consistem em vetores potenciais na
introdução de organismos incrustantes. Três estudos de caso na região de Arraial de Cabo
(RJ), relacionado ao Porto do Anjos, registraram duas espécies de corais (Tubastrea
coccinea, Stereonephthya aff. curvata) e um molusco bivalve (Isognomon bicolor), como
exemplos de espécies invasoras que possivelmente foram introduzidas via incrustações.
Finalmente, na área de estudo foi possível observar uma alta heterogeneidade espacial,
apesar de se tratar de um ambiente sob intensa ação do batimento de ondas, o que leva à
seleção de espécies que suportam essa condição. COUTINHO (1995), que faz uma avaliação
crítica sobre as causas da zonação de organismos bentônicos em costões rochosos em seu
artigo, verificou que a distribuição vertical e riqueza das espécies aumentam dos ambientes
protegidos para os expostos a ação de ondas. Entretanto, embora seja esperado que a
instalação do empreendimento influencie em uma mudança na composição das espécies nos
pontos CR01 e CR02, visto que as estruturas do porto influenciarão em um ambiente com
menor incidência de batimento de ondas com grande presença de espaços vazios não
colonizados, não podemos afirmar categoricamente em que grau a diversidade será alterada.
Na 2ª campanha, por exemplo, onde as condições oceanográficas foram geralmente mais
brandas do que na estação seca, quando entradas de frentes frias são mais frequentes, foi
observado um aumento dos valores dos índices ecológicos na área de estudo, oposto ao
observado por COUTINHO (1995).
Dessa forma, é esperado é que ocorra uma série de mudanças nos pontos CR01 e CR02,
entretanto, o aumento ou não de diversidade nesse ambiente será regido segundo a teoria do
distúrbio intermediário, ou seja, apenas com a presença do terminal portuário é que se
processarão as mudanças na hidrodinâmica capazes de alterar os aspectos físicos da região
e, consequentemente os desdobramentos sobre a dinâmica das comunidades presentes no
costão rochoso.
Diante do exposto, XAVIER et al. (2008) em seu estudo sobre o efeito de distúrbios sobre
comunidades incrustantes na baía de Guanabara – RJ, concluíram a importância do
monitoramento dessas comunidades em longo prazo após um evento de distúrbio, como por
exemplo, a mudança de hidrodinâmica e demais desdobramentos da instalação de um
terminal portuário, pois os padrões iniciais de sucessão que geralmente confirmam a teoria do
distúrbio intermediário podem sofrer alterações ao longo do tempo, revelando assim
resultados diferentes. O mesmo autor enfatiza que esses resultados de longo prazo se
aplicam mais especificamente em estudos de impacto ambiental, que tradicionalmente
assume que a diversidade diminuirá após a instalação de um empreendimento, resultado de
um grande distúrbio provocado pelos impactos previstos no empreendimento.
E) Considerações Finais
A instalação do empreendimento na área de estudo influenciará na comunidade bentônica
local de duas maneiras: (i) disponibilização de substrato consolidado artificial para
colonização de fito e zoobentos, caracterizando-se como um impacto positivo; e (ii) redução
da hidrodinâmica local, potencial de contaminação e introdução de espécies exóticas,
caracterizando-se como impactos negativos sobre essas comunidades.
A Figura 10.1.1-3 apresenta uma onda proveniente de ESE, com altura oscilando entre 1,0 e
2,0 metros (representando a condição mais frequente observada para o período de verão). A
Figura 10.1.1-4 ilustra uma onda proveniente de S (representando uma condição de inverno)
com altura próxima a 2,5 metros.
Com relação à quantificação dos dados, para responder com precisão as taxas de
deposição/erosão é necessário validação da modelagem com resultados de sondagens
batimétricas em períodos distintos. Na ausência destes dados, os valores aqui demonstrados
são apenas estimativas resultantes da modelagem.
Figura 10.1.2-1 - Variação batimétrica anual, como resultado da simulação numérica, para a
região dos terminais Ponta Negra (RJ), na configuração (situação) atual.
Para realização desta modelagem buscou-se a reprodução de um ano padrão, com regimes
típicos dos campos de vento, corrente e onda, reproduzindo a variabilidade sazonal da
região. Espera-se que neste período de um ano de simulação, após a implantação do
empreendimento, as alterações de dinâmica sedimentar tenham atingido novo equilíbrio
dinâmico, representando as espessuras de erosão e/ou deposição nas condições
hidrodinâmicas simuladas.
Através da análise conjunta dos resultados para ambas as configurações (atual e futura),
infere-se que:
Porém, este centro de deposição mais intensa não atinge diretamente a embocadura do
canal de acesso do Terminal, de maneira a alterar significativamente as taxas deposicionais
de seu entorno, podendo ser prevista apenas um pequeno aumento de deposição de
sedimentos arenosos junto à face sul, mais externa do futuro Terminal.
Esta preservação da dinâmica sedimentar junto às áreas costeiras fica evidenciada nas
análises comparativas entre ao quadro atual e a dinâmica futura, mas principalmente quando
se compreende que os processos erosivos, de variação de volumes arenosos depositados
junto à costa, ocorrem apenas durante os eventos meteorológicos extremos (frentes
frias/ressacas), conforme descrito por Lins de Barros et. al.(2003).
Desta forma, como o “banco” existente ao sul da área do empreendimento se localiza a cerca
de 20 m de profundidade, fora da profundidade de movimentação mais intensa por ação de
arrebentação dos sistemas de ondas incidentes, os mecanismos de movimentação de fundo
mais efetivos devem estar associados apenas à prevalência de condições hidrodinâmicas
existentes nos eventos de tempestade.
Neste contexto, apenas a área de interligação entre o canal de acesso ao porto e as áreas
internas de atracação poderão necessitar de dragagens após a implantação decorrentes da
acomodação dos taludes naturais e ou escavados. As áreas internas limítrofes aos
enrocamentos decorrentes da acomodação dos perfis também apresentaram respostas
sedimentares que implicam em processos deposicionais. Estes processos também
correspondem às fases iniciais de acomodação dos novos perfis, porém nesta região não
terão qualquer impacto a navegabilidade no porto.
A granulometria dos sedimentos utilizada nas simulações foi estabelecida através de laudos a
partir de dados coletados em campo. Foram amostrados 53 pontos e, para a granulometria,
utilizou-se a classificação de grãos da planilha de Wentworth, 1922, presente na Resolução
CONAMA 454/04 (Tabela 10.3.1-1).
Para fins de modelagem, realizou-se uma média de granulometria entre os 53 pontos
amostrados, apresentada na Tabela 10.3.1-2. Utilizaram-se as 4 classes com maior
porcentagem de ocorrência: Areia Média, Areia Fina, Areia Muito Fina e Areia Grossa.
Descrição Porcentagem
Grânulos 0,397
Areia muito grossa 0,678
Areia grossa 12,779
Areia média 42,582
Areia fina 25,016
Areia muito fina 17,396
Silte grosso 1,078
Silte médio 0,257
Silte fino 0,197
Silte muito fino 0,094
Argilas 0,208
3
Volume de sedimento por ciclo de dragagem 15.000,0 m
Tempo de carregamento da cisterna 1 hora
Intervalo entre os ciclos de dragagem 5 horas
Número de ciclos por dia ~4
3
Volume total a ser dragado 12.000.000,00 m
Para a simulação de verão foi considerado o mês de janeiro e para o inverno o mês de junho,
estes meses foram selecionados baseados em análises das condições hidrodinâmicas locais
de modo a representar a área de influência da pluma de sedimentos durante as operações de
dragagem.
Observa-se que as maiores áreas de abrangência das plumas foram obtidas para o período
de inverno e que as plumas são limitadas à área próxima ao empreendimento. As maiores
concentrações ocorrem na boca da draga e concentram-se no fundo.
A maior concentração observada para o verão foi de, aproximadamente, 153 mg/l e, para o
inverno, de 147 mg/l. Estes valores são compatíveis com o encontrado por Nichols et al.
(1990) em monitoramentos realizados da Baía de Chesapeake, Virgínia, EUA, quando
encontraram valores de até 7.500 mg/l ou concentrações de 50 a 400 vezes maiores que a
encontrada naturalmente no local. No local do estudo a média da concentração natural na
superfície é de 28 mg/l e a concentração máxima da pluma de dragagem observada foi de
153mg/l (este valor corresponde a aproximadamente 5 vezes mais que a concentração local).
Observa-se que a pluma permanece próxima à região que esta sendo dragada, onde o ponto
em vermelho corresponde às maiores concentrações. No interior do empreendimento
observa-se uma pluma com baixas concentrações: inferior a 5 mg/l. A pluma de sedimentos,
conforme deixa a área de dragagem, afasta-se do local e diminui sua concentração máxima.
Quanto mais distante do empreendimento, menor a concentração, isto devido aos processos
dinâmicos que envolvem a deposição dos grãos. Próximo à praia a concentração será muito
baixa se comparada com o background da região e o impacto visual será insignificante.
Figura 10.3.4-1 - Área total das trajetórias das plumas, contorno em vermelho, e concentração
na coluna d’água em um instante de operação no canal (área mais externa a ser dragada), para
o período de verão.
Figura 10.3.4-2 - Área total das trajetórias das plumas, contorno em azul, e concentração na
coluna d’água em um instante de operação na entrada da área protegida pelo quebra mar para o
período de inverno.
Figura 10.3.4-3 - Área total das trajetórias das plumas, contorno em azul, e concentração na
coluna d’água em um instante de operação no canal (área mais externa a ser dragada) para o
período de inverno.
A área total das trajetórias das plumas (hachurada de azul claro), sobrepondo a área para o
verão e para o inverno, área pintada em azul, foi de 13,4 km². Lembrando que a pluma jamais
atingirá toda a área em um mesmo instante.
Figura 10.3.4-4 - Área total das trajetórias das plumas e contornos referentes a 5mg/l, para o
período de verão (vermelho) e de inverno (azul).
Para o entendimento dos processos de propagação das ondas em águas rasas, foram
apresentados, inicialmente, os resultados de altura de onda e direção principal de
propagação, típicas de verão, inverno e frente fria, propagada antes e depois das instalações
dos Terminais Ponta Negra. A resolução da equação mild slope para a propagação de ondas
em águas rasas permitiu identificar as principais direções com que as ondulações atingem a
linha de costa atual e futura do arco praial de Jaconé. Não foram analisados no presente
estudo, os efeitos dos estados de mar locais gerados pelo vento (seawind).
Figura 10.4.1-1 - Altura significativa (m), período de pico (s) e direção de pico (°) segundo dados
do modelo WW3 no período de 2005 a 2012.
As ondas mais frequentes que incidem no ponto são provenientes de S (34,4%) e SSW
(18,8%);
As ondas de SE a E representam 30,7% do total das ondas incidentes, em média
divididas aproximadamente em 10% das incidências por direção;
69,8% do total de 8 anos de dados de ondas incidiram com alturas entre 0,5 e 1,5 m e
0,6% são maiores que 3,5 m;
Com relação ao período, 68,2% das ondas apresentaram períodos entre 8 e 12
segundos; 15,1% períodos entre 12 e 16 segundos, e em apenas 0,6% dos casos o
período variou entre 16,0 e 20,0 s;
Para todo o período simulado, no ponto considerado, a onda alcançou alturas máximas de
4,8 m, proveniente da direção SSE, e 4,6 m, proveniente das direções SSW.
Figura 10.4.1-2 Espectro direcional de altura significativa (m) e período de pico das ondas (s),
segundo dados do modelo WW3 no período de 2005 a 2012. A escala representa a altura (m).
Tabela 10.4.1-1 Diagrama de ocorrência conjunta de altura significativa das ondas (m) e direção
de propagação, segundo dados do modelo WW3 no período de 2005 a 2012.
Os meses de setembro, outubro e novembro (primavera) estão caracterizados por uma maior
abrangência de direções das ondas que incidem sobre a região de estudo. A Tabela 10.4.1-6
mostra que as direções mais frequentes foram S (28,7%), SSE (16,6) e SSW (15,8 %),
seguido das direções SE (12,8%), E (12,7%) e ESE (12,4%) e representaram ondas de
alturas significativas máximas de 3,6 m, 3,3 m 3,7 m, 1,9 m, 2,6 m e 3,1 m respectivamente.
Figura 10.4.1-3 Espectros direcionais mensais de janeiro a junho de altura significativa (m) e
período de pico (s) das ondas, segundo dados do modelo WW3.
Tabela 10.4.1-3 - Diagrama de ocorrência conjunta de altura significativa das ondas (m) e
direção de propagação, segundo dados do modelo WW3 para o período de verão entre os anos
de 2005 a 2012.
Tabela 10.4.1-4 - Diagrama de ocorrência conjunta de altura significativa das ondas (m) e
direção de propagação, segundo dados do modelo WW3 para o período de outono entre os
anos de 2005 a 2012.
Tabela 10.4.1-5 Diagrama de ocorrência conjunta de altura significativa das ondas (m) e direção
de propagação, segundo dados do modelo WW3 para o período de inverno entre os anos de
2005 a 2012.
Tabela 10.4.1-6 - Diagrama de ocorrência conjunta de altura significativa das ondas (m) e
direção de propagação, segundo dados do modelo WW3 para o período de primavera entre os
anos de 2005 a 2012.
Figura 10.4.2-1 Limites das malhas de cálculo utilizadas nas propagações das ondulações pelo
modelo OLUCA.
Dispor de uma batimetria de boa qualidade é um elemento chave para qualquer estudo
referente à dinâmica marinha, já que a propagação das ondas até a costa responde, entre
outras coisas, à morfologia do fundo marinho. Quando se aproximam da costa, as ondas
sofrem transformações em função das formas do fundo e por isso, para um melhor
desenvolvimento desse estudo, foi necessário caracterizar o clima marítimo em
profundidades próximas à costa, onde se utilizou uma batimetria de alta resolução. Os dados
de profundidade foram obtidos através da digitalização dos valores batimétricos das cartas
náuticas da DHN, nos 1506 e 23000. Para a representação da batimetria na região do
Figura 10.4.2-2 Levantamento batimétrico realizado na zona de surf da praia do Jaconé entre os
dias 21 e 22 de agosto de 2013.
Figura 10.4.2-3 - Batimetria atual na região dos Terminais Ponta Negra, painel superior, e
batimetria futura considerando o empreendimento, painel inferior.
Figura 10.4.2-4 - Estados de mar selecionados (em azul) sobre a base de dados total (em
vermelho). Os estados de mar correspondem ao ponto de onda do WAVEWATCH III selecionado
em águas profundas para o estudo.
10.4.2.3. Resultados
Com o objetivo de caracterizar os processos que as ondas sofrem em sua propagação, e
representar a influência dos terminais, quando houver, antes de sua instalação e instalação
futura, a seguir será apresentada uma série de estados de mar que representam as seguintes
condições: verão (altura significativa 1,07 m, período de pico 11,18 segundos e direção média
de 173°), inverno (altura significativa 3,95 m, período de pico de 12,22 segundos e direção
média de 151°) e passagem de frente fria (altura significativa 3,04, período de pico de 10,86
segundos e direção média de 204°). As ondas, ao se propagarem desde águas profundas até
a costa, experimentam uma série de fenômenos que ocorrem através da transformação de
sua energia. Estes fenômenos têm sua origem no local onde as ondas são geradas pelos
ventos e vão, desde aí, sofrendo os seguintes processos: empinamento (aumento na altura
de onda através de uma diminuição do seu comprimento); refração (giro devido a uma
diferença entre celeridades que ocorre por mudanças de profundidades); difração (aporte
As ondas que incidem sobre a região, geram padrões de convergência conforme incidem
sobre a região do afloramento rochoso representado pela Figura 10.4.2-3. O padrão de
convergência dos raios das ondas que incidem sobre o afloramento provoca um aumento de
altura na região costeira de Jaconé (Figura 10.4.2-5 a Figura 10.4.2-7).
Os resultados das propagações nas malhas de detalhe são apresentados nas figuras a seguir
(Figura 10.4.2-5 a Figura 10.4.2-7).
Figura 10.4.2-5 - Altura significativa de onda e direção associada ao período de pico, para uma
ondulação típica de verão com Hs=1,07m, Tp=11,18s, proveniente de S, antes (à esquerda) e
depois (à direita) das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.2-6 - Altura significativa de onda e direção associada ao período de pico, para uma
ondulação típica de inverno com Hs=3,95m, Tp=12,22s, proveniente de SSE, antes (à esquerda)
e depois (à direita) das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.2-7 - Altura significativa de onda e direção associada ao período de pico, para uma
ondulação típica de frente fria com Hs=3,04m, Tp=10,86s, proveniente de SSW, antes (à
esquerda) e depois (à direita) das instalações dos Terminais Ponta Negra.
A Figura 10.4.2-9 representa as ondas que incidem sobre o ponto P1. Os resultados
apresentados mostram que as ondas mais frequentes, antes das instalações dos terminais
(Figura 10.4.2-9, à esquerda), são oriundas de S, seguidos de SSE, SE e ESE. Já depois das
instalações, devido à presença do quebra mar leste (Figura 10.4.2-9, à direita), as ondas de S
passam a incidir com direção predominante de SSE, devido aos processos de refração e
difração gerados pela presença das novas estruturas.
Sobre o ponto P2 (Figura 10.4.2-10), nas duas situações (sem e com o empreendimento), as
ondas de S apresentaram um predomínio, seguido pelas ondas SSE, SE e ESE. As mais
intensas neste ponto alcançaram os 4,0 m e vieram da direção S. Como se pode observar,
não ocorreram diferenças significativas neste ponto para as duas situações implementadas.
Assim como no ponto P2, as ondas que incidem sobre os pontos P3 (Figura 10.4.2-11) e P4
(Figura 10.4.2-12) na região costeira de Jaconé apresentaram elevada similaridade entre os
pontos para ambas as situações analisadas. Os resultados mostraram que as ondas, ao se
Figura 10.4.2-8 - Localização dos pontos que serão analisados para os dois cenários: antes e
depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.2-9 - Histograma direcional da altura significativa (m) para os 8 anos de dados (2005
e 2012), para os dois cenários analisados: antes e depois das instalações dos Terminais Ponta
Negra, nos pontos P1.
Figura 10.4.2-10 - Histograma direcional da altura significativa (m) para os 8 anos de dados
(2005 e 2012), para os dois cenários analisados: antes e depois das instalações dos Terminais
Ponta Negra, nos pontos P2.
Figura 10.4.2-11 - Histograma direcional da altura significativa (m) para os 8 anos de dados
(2005 e 2012), para os dois cenários analisados: antes e depois das instalações dos Terminais
Ponta Negra, nos pontos P3.
Figura 10.4.2-12 - Histograma direcional da altura significativa (m) para os 8 anos de dados
(2005 e 2012), para os dois cenários analisados: antes e depois das instalações dos Terminais
Ponta Negra, nos pontos P3.
afloramento rochoso, a linha de costa encontra-se dominada por uma corrente no sentido
oeste, com a presença de uma corrente de retorno no canto rochoso da Ponta Negra (Figura
10.4.3-1). Já o estado de mar proveniente da direção SSE (de inverno) gera correntes
direcionadas a oeste, seguido por uma diminuição de velocidade, que volta a aumentar
dirigindo-se em direção leste. Um mesmo padrão de correntes de retorno (no canto esquerdo
da praia de Jaconé) como comentado anteriormente é gerado por este tipo de estado de mar
(Figura 10.4.3-3).
Já as ondas de SSW que incidem de forma menos perpendicular à linha de costa, geram
correntes mais intensas, de maior capacidade de transporte, no local onde será construído o
empreendimento, e estas seguem em direção leste (Figura 10.4.3-5).
Figura 10.4.3-1 - Sistema circulatório gerado por uma ondulação com Hs=1,07m, Tp=11,18s,
proveniente de S, antes das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.3-2 - Sistema circulatório gerado por uma ondulação com Hs=1,07m, Tp=11,18s,
proveniente de S, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.3-3 - Sistema circulatório gerado por uma ondulação com Hs=3,95m, Tp=12,22s,
proveniente de SSE, antes das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.3-4 - Sistema circulatório gerado por uma ondulação com Hs=3,95m, Tp=12,22s,
proveniente de SSE, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.3-5 - Sistema circulatório gerado por uma ondulação com Hs=3,04m, Tp=10,86s,
proveniente de SSW, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.3-6 - Sistema circulatório gerado por uma ondulação com Hs=3,04m, Tp=10,86s,
proveniente de SSW, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Nas simulações de evolução morfológica de uma praia, se faz necessário que cada um dos
elementos que modelam os processos físicos estejam integrados perfeitamente: ondas,
correntes e transporte de sedimentos. O modelo EROS utiliza como forçante os resultados
gerados pelo modelo OLUCA-SP e COPLA. Através destas condições hidrodinâmicas, da
batimetria inicial e das características do sedimento, o programa calcula o transporte de
sedimentos a partir das fórmulas de Bailard (1981). A formulação calcula o transporte total
através da soma do transporte em suspensão e do fundo por meio de um modelo
bidimensional e horizontal de evolução morfológica de uma praia em sua forma em planta.
Neste estudo foram adotadas as seguintes granulometrias como entrada do modelo EROS:
D50 de 0,35 mm, D90 de 0,50 mm. O resultado da simulação de transporte de sedimentos
induzidas pela quebra de ondas, considerando a atual e a futura configuração da linha de
costa, é apresentado a seguir. É importante ressaltar que são apresentados casos
instantâneos representativos de estados de mar típicos da região (verão, inverno e frente
fria).
Os resultados enfatizam que ondas médias, típicas de verão, geram transporte na região
costeira de Jaconé no sentindo oeste, sendo o transporte potencial médio de 1 m³/hora/m.l.
(Figura 10.4.4-1). Depois da implantação dos terminais, os resultados mostram uma
tendência de deposição na região adjacente ao quebra mar leste (Figura 10.4.4-2).
Assim como comentado no padrão de correntes, ondas de SSW que incidem de forma menos
perpendicular à linha de costa, geram correntes mais intensas, com maior capacidade de
transporte (transporte potencial máximo de 2 m³/hora/m.l), para ambas as situações (antes e
depois da construção das estruturas), em direção a leste (Figura 10.4.4-5 e Figura 10.4.4-6).
Em resumo, conforme foi apresentado, é sob condições de inverno e frente fria que ocorrem
as maiores taxas de transporte de sedimentos na região costeira de Jaconé.
Figura 10.4.4-1 - Transporte de sedimento gerado por uma ondulação com Hs=1,07m,
Tp=11,18s, proveniente de S, antes das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.4-2 - Transporte de sedimentos gerado por uma ondulação com Hs=1,07m,
Tp=11,18s, proveniente de S, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.4-3 - Transporte de sedimentos gerado por uma ondulação com Hs=3,95m,
Tp=12,22s, proveniente de SE, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.4-4 - Transporte de sedimentos gerado por uma ondulação com Hs=3,95m,
Tp=12,22s, proveniente de SE, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.4-5 - Transporte de sedimentos gerado por uma ondulação com Hs=3,04m,
Tp=10,86s, proveniente de SSW, antes das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.4-6 - Transporte de sedimentos gerado por uma ondulação com Hs=3,04m,
Tp=10,86s, proveniente de SSW, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Onde,
Hs12=altura significativa local que é excedida 12 horas ao ano, Ts= período significativo
associado a Hs12.
A locação dos pontos levantados foi feita a partir da transferência de coordenadas dos
marcos geodésicos construídos pela Prefeitura de Maricá. A identificação, coordenadas
horizontais e a Z ortométrica destes marcos são apresentados na Tabela 10.4.4-1.
Para o levantamento topobatimétrico foram feitas medições com a estação total locada em
marcos de coordenadas conhecidas, obtidas por transferência, e o prisma posicionado em
diferentes cortes de seções ortogonais da praia de Jaconé, com a identificação dos pontos
como berma e linha d’água.
A seguir são apresentados os resultados obtidos através do ajuste de Dean para os perfis da
praia de Jaconé (Figura 10.4.4-3 a Figura 10.4.4-1). É interessante destacar que na
formulação de Dean (1991) a forma do perfil depende do tamanho de sedimento, enquanto
que as ondas nos fornecem a cota de finalização ou profundidade de fechamento do perfil,
(h*). Desse modo, os resultados apresentados mostram que os sedimentos dos perfis
estudados apresentam características granulométricas de areia grossa a muito grossa. Além
disso, a forma convexa dos perfis sugere a existência de um volume de suprimentos de
sedimentos maior que a energia disponível para redistribuir estes sedimentos, sendo esta
característica típica de praias intermediárias a reflectivas, que ao receberem ondas mais
acentuadas tendem a transpor sedimentos para a região subaérea. Cabe destacar a
diminuição variação da profundidade de fechamento em direção ao perfil P9, devido a uma
menor incidência das ondas no canto esquerdo do arco praial de Jaconé do que no restante
do arco praial. O bom ajuste dos perfis medidos ao perfil de Dean referem-se à estabilidade
morfodinâmica do arco praial em estudo.
Figura 10.4.4-3 - Ajuste do perfil 1 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-4 - Ajuste do perfil 2 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-5 - Ajuste do perfil 3 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-6 - Ajuste do perfil 4 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-7 - Ajuste do perfil 5 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-8 - Ajuste do perfil 6 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-9 - Ajuste do perfil 7 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-10 - Ajuste do perfil 8 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Figura 10.4.4-11 - Ajuste do perfil 9 a um perfil de Dean. Pontos azuis representam dados do
levantamento, em vermelho o ajuste de Dean e em verde a profundidade de fechamento.
Onde, R: raio vetor, medido desde o ponto de difração, que define a forma da praia, R0: raio
vetor, medido desde o ponto de difração, que corresponde ao extremo abrigado da praia, Co,
C1, C2 : coeficientes em função de β, β: ângulo (fixo) formado entre a direção das ondas e o
raio vetor R0, θ: ângulo (variável) entre a direção das ondas e o raio vetor R.
A partir dessa fórmula, González & Medina (2001) desenvolveram uma metodologia que
permite a previsão e o desenho da forma em planta de praias de enseada, onde o ângulo β =
90º - αmin é função de:
Desde o ponto de vista da incidência das ondas, se define neste tipo de modelo três tipos de
regiões:
Região 1: não existe efeito do dique sobre as ondas e o gradiente de altura de onda na
quebra é nulo.
Região 2: as ondas não são modificadas em sua direção de propagação, mas a difração
no dique cria um gradiente longitudinal de altura de onda.
Região 3: alteração da direção de propagação e da altura das ondas na quebra por efeito
combinado da refração e da difração.
Com isso, se calcula o fluxo médio de energia para os 8 pontos representados na Figura
10.4.4-1. Os resultados de magnitude e a direção dos mesmos estão apresentados na Figura
10.4.4-2. Como se pode observar, existe pequena variabilidade na direção do fluxo médio de
energia entre os 8 pontos. A maior diferença ocorreu no Ponto 2 por consequência da
presença do promontório de Ponta Negra, devido ao processo de difração-refração que
sofrem as ondas ao incidirem até chegarem à praia de Jaconé. Os pontos 2, 3 são os que
recebem menos energia, ao contrário dos pontos 4, 5, 6, 7 e 8. Os três primeiros (1, 2, 3)
recebem a incidência direta das ondas provenientes de SSE, enquanto que os pontos 5 a 8
estão expostos às ondulações de S, sem interferência da difração ocasionada pela presença
do promontório rochoso de Ponta Negra.
Figura 10.4.4-1 - Localização dos pontos de cálculo do fluxo de energia antes da implantação
dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.4-2 - Direção e magnitude do fluxo médio de energia analisado para os 8 pontos ao
longo do arco praial de Jaconé, antes das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Gonzalez & Medina (2001). Devido o significado de “praia de enseada” estar associado a
uma forma, cuja forma da planta e do perfil se encontram confinados lateralmente por
contornos impermeáveis, naturais ou artificiais, e o fundo está coberto, em sua maior parte,
por areia, pode-se considerar a praia de Jaconé como uma praia que se inicia no promontório
Ponta Negra, o que lhe confere uma forma de meia parábola. A forma em planta da praia de
Jaconé fica definida, portanto, através de uma parábola de Hsu & Evans (1989), associada
ao elemento difrator na incidência das ondas, definido pelo promontório de Ponta Negra
(Ponto 1). A forma em planta ajustada apresenta uma tendência com trechos retilíneos
(Figura 10.4.4-3). Na Figura 10.4.4-3 está representada, em vermelho a forma em planta de
equilíbrio média da região e em rosa a região de influência direta do promontório Ponta
Negra.
O ajuste da forma em planta de equilíbrio para a situação atual nos permite concluir que, a
costa onde serão construídos os Terminais Ponta Negra encontram-se em estado de
equilíbrio (Figura 10.4.4-3).
Figura 10.4.4-3 - Forma em planta de equilíbrio da praia de Jaconé (em vermelho), em rosa a
região de alteração da onda pelo promontório de Ponta Negra, antes das instalações dos
Terminais Ponta Negra.
Para tal ajuste também foram calculados os fluxos médio de energia em 5 pontos na região à
leste do futuro empreendimento, sendo os quatros pontos laterais correspondentes aos
pontos 5,6,7 e 8 da Figura 10.4.4-1, e um ponto em águas profundas, escolhido como o ponto
difrator levado em consideração nesta análise. Os resultados de magnitude e a direção dos
mesmos estão apresentados pela Figura 10.4.4-4. Como se pode observar, o ponto 5 foi o
que apresentou uma maior variabilidade na direção e na magnitude do fluxo médio de
energia entre os pontos, devido ao processo de difração e refração gerado pelo quebra-mar.
É resposta a este processo de transformação de onda, que a praia de Jaconé apresentará
uma tendência de posicionar-se no ajuste apresentado pela Figura 10.4.4-5.
Figura 10.4.4-4 - Direção e magnitude do fluxo médio de energia analisado para os 5 pontos ao
longo do arco praial de Jaconé, depois das instalações dos Terminais Ponta Negra.
Figura 10.4.4-5 - Futura forma em planta de equilíbrio da praia de Jaconé (em vermelho), em
rosa a região de alteração da onda pelo quebra-mar, depois das instalações dos Terminais
Ponta Negra.
Com o intuito de fornecer dados do futuro avanço gerado pela presença do quebra mar, a
seguir são apresentados os resultados da tendência de linha de costa, como área e volume
de progradação. Os resultados mostram que a praia de Jaconé tenderá a uma progradação
máxima de 180 m de linha de costa em aproximadamente 531 m de extensão (Figura
10.4.4-6). Tal resultado corresponde a uma área total de 49.500,00 m², com um volume
estimado de 346.500,00 m³ de sedimentos da mesma composição da atual praia de Jaconé.
Desta forma, uma estimativa conservadora sobre um volume médio de progradação anual da
atual praia, considerando o período de tempo utilizado na análise (8 anos), como
correspondendo a uma acresção de aproximadamente 43.000,00 m³ por ano.
Figura 10.4.4-6 - Desenho final da progradação da linha de costa da praia de Jaconé depois das
instalações dos Terminais Ponta Negra.
Desta maneira, o ajuste da forma em planta de equilíbrio da linha de costa onde será
construído o empreendimento foi realizado através do ajuste de uma curva parabólica que
tenha a mesma forma do fluxo médio de energia que atinge o promontório Ponta Negra,
antes que estas sejam condicionadas pela batimetria. A metodologia de ajuste da forma em
planta de equilíbrio mostrou que linha de costa onde será construído os Terminais Ponta
Negra encontra-se em estado de equilíbrio (praia estável). Com o objetivo de verificar o
impacto da construção dos terminais, na estabilidade da linha de costa, foi configurado um
novo ajuste da forma em planta de equilíbrio através do ponto de difração formado pela
presença do quebra-mar leste. Observou-se que o empreendimento irá gerar um acréscimo
de praia no lado leste da estrutura que acarretará em um volume de progradação de
346.500,00 m³ considerando o perfil estável e a profundidade de fechamento de
aproximadamente 7 metros. Desta forma, uma estimativa conservadora sobre um volume
médio de progradação anual da atual praia, para o período de tempo utilizado na análise (8
anos), correspondeu a uma acresção de aproximadamente 43.000,00 m³ por ano.