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6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos
SINÓPSE
1. Introdução
Dados experimentais [1] indicam que a distribuição de tensões numa junta soldada
ou próxima a ela é extremamente complexa e muito difícil de analisar.
Daí a importância de saber que tipo de tensões existe numa chapa soldada, a sua
magnitude, sua localização, etc., principalmente em juntas soldadas que fazem parte
de componentes de alta responsabilidade, isto é, de alto custo ou que coloquem vidas
humanas em risco.
Existem vários métodos em que as tensões residuais podem ser reduzidas, mas o
método mais comum e mais efetivo é o tratamento térmico de alívio de tensões
(TTAT).
O ultra-som começa a surgir como uma ferramenta barata, fácil de ser usada, não
destrutiva e extremamente eficaz na avaliação da eficiência do TTAT.
Neste trabalho, para a avaliação do TTAT, em várias regiões das chapas soldadas foi
emitida uma onda ultra-sônica cisalhante, com incidência normal à superfície e
polarização alinhada a direção de laminação e outra onda com polarização ortogonal
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O objetivo deste trabalho é avaliar o TTAT de uma junta soldada pela técnica ultra-
sônica da birrefringência de uma forma rápida, não destrutiva e fácil de ser utilizada.
2. Desenvolvimento do trabalho
2.1. Metodologia
Neste trabalho foi utilizada uma chapa de aço SAE 1010. A chapa foi aplainada e
dividida longitudinalmente ao meio. Foram feitas marcações na superfície das chapas
para indicar os locais onde seria acoplado o transdutor para a medida do tempo de
percurso da onda ultra-sônica.
O material, assim como foi recebido, foi submetido a ensaios ultra-sônicos ao longo
da espessura para medida do tempo de percurso da onda em locais determinados. Foi
aquisitado, em cada local, uma onda com direção de polarização alinhada ao cordão
de solda do corpo-de-prova e uma onda com direção de polarização perpendicular ao
cordão de solda do corpo-de-prova.
Depois das ondas aquisitadas as chapas foram unidas por solda. Inicialmente elas
foram fixadas, por pontos de solda, sobre uma outra chapa de aço, para restringir a
contração e expansão do corpo de prova durante a soldagem, gerando uma maior
concentração de tensões internas. Durante a soldagem das duas chapas houve o
rompimento dos dois pontos de fixação no centro do corpo-de-prova, devido às
tensões geradas pelo processo, como mostrado na figura 1. Será visto que este
rompimento dos dois pontos de fixação causaram um certo alívio nas tensões no
centro do corpo de prova. O processo de soldagem empregado foi o arco-elétrico,
com a solda sendo realizada em 6 passes, na posição plana, utilizando eletrodos
AWS 6013 e corrente de 155A.
Foram feitas novas aquisições de ondas ultra-sônicas nas regiões estabelecidas para
avaliar o estado de tensão no corpo de prova devido à soldagem.
Foram feitas aquisições das ondas ultra-sônicas nos mesmos pontos antes
monitorados.
Figura 1 – Dimensões do CP. Disposição da solda de união e de fixação das chapas. Visualização do
rompimento da solda de fixação no centro do CP (nas chapas 1 e 2, na altura das linhas 6,T e 7), que
ocasionou um pré-alívio das tensões. Distribuição e nomenclatura dos pontos de aquisição das ondas.
Gradiente de temperatura durante o TTAT.
48,00
43,00
38,00
33,00
∆ T (ns)
antes da solda
28,00
depois da solda
23,00
18,00
13,00
8,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Pontos
o
623 C 618oC 571o C 442oC 420oC
45,00
40,00
35,00
∆ T (ns)
depois da solda
30,00
depois do TTAT
25,00
20,00
15,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Pontos
o
623 C 618 oC 571o C o
442 C 420 oC
48,00
43,00
38,00
33,00
antes da solda
∆T (ns) 28,00 depois da solda
depois do TTAT
23,00
18,00
13,00
8,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Pontos
O gráfico da figura 4 mostra que a partir do ponto 6, a curva verde tende a se afastar
da curva azul e se aproximar da vermelha. A curva azul não representa o estado da
chapa sem tensão, pois ela ainda apresenta anisotropia acústica. A curva azul
representa a anisotropia acústica da chapa como recebida que pode ter sido gerada
pela textura e/ou tensões residuais que já existiam.
O gráfico da figura 5 mostra, em triângulos laranja, a diferença entre os tempos
“após soldagem” (triângulos vermelhos da figura 4) e da chapa “como recebida”
(bolas azuis da figura 4). Mostra também, em bolas azul claro, a diferença entre os
tempos “após TTAT” (quadrado verde da figura 4) e da chapa “como recebida”
(bolas azuis da figura 4). Pode ser visto que do ponto 2 ao 6 da curva azul claro (após
TTAT) diminui o tempo em relação a curva laranja (após solda) confirmando o alívio
de tensões.
É interessante observar na figura 5 que em torno dos pontos 5, 6, 7 e 8 existe um
decréscimo de tempo da birrefringência acústica, que é sinalizado pela diferença
entre os triângulos vermelhos e as bolas azuis que está relacionado com as tensões,
para todas as situações: antes da solda e depois da solda. Isso corresponde ao fato do
ponto de solda, para fixação do corpo-de-prova na chapa de baixo, ter se rompido,
aliviando, assim, a tensão nesta região do corpo-de-prova.
12,00
10,00
8,00
Tempo (ns)
6,00
4,00
2,00
0,00
0 2 4 6 8 10 12
-2,00
Pontos
Diferença 'após soldagem' e 'como recebido' Diferença 'após TTAT' e 'como recebido'
pelo processo de soldagem. Porém, assim como mostrado para coluna C, o alívio de
tensões se torna evidente para temperaturas dentro da faixa estabelecida pela
literatura. A partir do ponto 5, a curva verde, relativa ao estado de tensões após
TTAT, mostra uma tendência em se aproximar da curva vermelha, demonstrando que
nesta região do CP praticamente não houve o alívio nas tensões.
o o o o o
623 C 618 C 571 C 442 C 420 C
55,00
50,00
45,00
40,00
depois da solda
30,00 depois do TTAT
25,00
20,00
15,00
10,00
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Pontos
Outro resultado que se pode obter através desse estudo é em relação à economia de
energia, muito importante nos dias de hoje. A literatura propõe uma faixa de
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temperatura muito grande para o TTAT. Para garantir a eficiência do TTAT, muitas
vezes faz-se o tratamento com temperaturas próximas a temperatura máxima. No
caso deste estudo, a faixa de temperatura proposta era 590oC – 650oC. Pelos
resultados obtidos verificou-se que, para esse material com essas dimensões,
temperaturas em torno de 600oC são efetivas para o alívio de tensões, não havendo
necessidade de chegar a temperaturas maiores, o que causaria um maior gasto de
energia sem propósito.
3. Conclusões
O uso do ultra-som para a avaliação do estado de tensões é uma técnica nova, ainda
pouco conhecida, mas se mostra bastante eficaz. Estudos para o desenvolvimento da
técnica ultra-sônica têm sido realizados pela equipe do laboratório de ultra-som do
Instituto de Engenharia Nuclear com bons resultados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[3] BRAY, D.E., JUNGHANS, P., “Application of LCR Ultrasonic Technique for
Evaluation of Post-Weld Heat Treatment in Steel Plates”, NDT & E International,
v. 28, n.4, pp. 235-242, 1995.