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Escoamentos em Meios Porosos
Escoamentos em Meios Porosos
NOTAS DE AULAS
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ESCOAMENTO EM MEIOS POROSOS
U = ne . Ur (1)
Re = U . d/ν (2)
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Sendo ν a viscosidade cinemática da água e o parâmetro geométrico característico, d,
é, por sua vez, normalmente o diâmetro médio ou mediano da curva granulométrica das
partículas do solo, sendo que em terrenos fissurados toma-se duas vezes a largura da fissura.
2.1 Aplicação das equações gerais do movimento aos escoamentos em meios porosos
homogêneos e isotrópicos - Lei de Darcy
Como anteriormente se referiu, o escoamento em meios porosos por ser muito lento é
normalmente laminar. Assim, sob esta premissa, espera-se que nos pequenos dutos formados
pelos interstícios do solo a velocidade de filtração seja proporcional segundo um coeficiente C
à perda de carga por unidade de comprimento na direção da velocidade, j (gradiente
piezométrico hidráulico), tal como ocorre nos movimentos viscosos laminares em condutos
cilíndricos capilares. Assim:
U = ne . C . j (3)
U=K.j (4)
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Considerando-se o filtro ligando dois recipientes de nível constante, z1 a montante e z2
a jusante. A carga piezométrica na seção inicial é h1 e na seção final h2. Como as velocidades
são muito reduzidas, a linha de energia coincide praticamente com a linha piezométrica e
,assim, a perda de carga entre 1 e 2 resulta ∆E1-2 = z1 - z2 = ∆z, e como nos escoamentos em
condutos forçados define-se a perda de carga unitária j e pode-se escrever a Lei Universal de
Perda de Carga:
j = f . ne -2 . U2/(2 . g . d) (5)
,resultando então:
2.2 Permeabilidade
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Tabela 1 - Classificações das formações em função da permeabilidade
O valor da permeabilidade pode ser afetado pela composição química da água, por
exemplo no caso de existirem argilas cujo estágio de floculação pode variar, o mesmo
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podendo acontecer por precipitação química ou introdução de materiais finos arrastados no
escoamento.
Não se dispõe de resultados conclusivos quanto à determinação de K, no entanto é
certo que, pela analogia com o escoamento em tubos capilares, resulta proporcional ao
quadrado de um parâmetro linear característico, que pode ser a peneira que deixa passar uma
certa percentagem em peso dos grãos. Tal escolha parece justificável, na medida em que tal
valor relaciona-se indiretamente à dimensão transversal dos minúsculos tubos constituídos
pelos canalículos. Assim, Hazen (1892) propôs a expressão:
, que é válida para solos arenosos em que 0,1 mm < d10 < 3 mm e d60 < 5 . d10. Em que se
introduz o chamado diâmetro eficaz (de), que corresponde à dimensão da peneira que deixa
passar somente 10% em peso do material, com o que é dada grande importância, para fins de
percolação, sobretudo aos grãos de menores dimensões.
O coeficiente intrínseco de permeabilidade do meio, ou permeabilidade geométrica
corresponde a:
k = K . ν/g (9)
Este coeficiente tem dimensão de área. Tais expressões, entretanto, não esgotam o
problema, já que a dimensão de diâmetro por si só não representa de forma satisfatória a
tendência do meio ser percolado, sendo que para problemas e determinações mais precisas
torna-se necessário recorrer em cada caso a determinações experimentais.
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A comparação dos dados desta tabela com os da Tabela 3 fornece um critério para
prever o tipo de regime para uma carga hidráulica conhecida em dado material granular.
Assim, é possível verificar que para qualquer material mais fino que o cascalho, sob cargas
normais, dificilmente o regime deixará de ser laminar.
Como se verá adiante, num poço no qual se retira água por bombeamento a
declividade da curva de depressão da linha piezométrica nas vizinhanças do poço é muito
elevada. Assim, em muitos casos, a validade da Lei de Darcy é discutível. Vários autores
propuseram para a função de resistência ao escoamento expressões diversas da forma linear
proposta por Darcy.
Nos filtros rápidos de tratamento de água o número de Reynolds varia de 0,4 a 3,0,
quando o filtro está bem limpo; já na operação de retro-lavagem do filtro, à contra-corrente,
com as velocidades indicadas pela prática, o número de Reynolds do escoamento é da ordem
de 30, muito além dos limites de aplicabilidade da Lei de Darcy.
Afim de se determinar o limite de aplicabilidade da Lei de Darcy procurou-se estudar
o movimento de filtração de modo análogo aos condutos forçados, isto é através da Lei
Universal de Perda de Carga:
j = f . U2/(d . 2 . g) (10)
Figura 3 - Gráfico de f x Re
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Resultando:
Como se pode observar pela Figura 3, após uma zona de transição, a partir de Re
aproximadamente 200, vale uma lei de movimento turbulento com f = 15,5. Segundo vários
estudos, esta transição para o movimento turbulento pode oscilar entre números de Reynolds
de 60 até 200, de acordo com as condições do meio. Nestas condições tem-se:
j = U2/K’ (13)
Mais recentemente este tema foi tratado por Arbhabhirama (1973) utilizando um
número de Reynolds e um coeficiente universal de perda de carga calculados com a raiz
quadrada do coeficiente intrínseco de permeabilidade do meio, k, respectivamente Rek e fk, ao
invés da dimensão d dos grãos.
Qualificando a seguir o material de diâmetro médio, d, de coeficiente intrínseco de
permeabilidade do meio, k, e de porosidade, n, com base no coeficiente adimensional a seguir
apresentado:
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Figura 4- Gráfico de fk x Rek
Para valores reduzidos de Rek a Equação (15) traduz a Lei de Darcy, em que a
constante se anula. Para valores elevados de Rek o valor de fk tende a uma constante,
correspondendo ao movimento turbulento.
Assim, a introdução das paramétricas adimensionais fundamentadas na porosidade do
meio elimina as diferenças de comportamento devido à forma e a textura do material
granulométrico.
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terreno “in situ”. Esta determinação tem por base a análise do comportamento dos terrenos
quando se efetua a extração ou a injeção de vazões e envolve, em geral, a medição das
próprias vazões e de pressões ou cotas piezométricas e a introdução dos valores medidos nas
equações que regem os escoamentos produzidos.
Aplica-se à referida amostra uma carga constante ∆h, que produz um escoamento
permanente no meio permeável com uma vazão que se mede por método volumétrico ou por
dispositivo medidor aferido. Sendo a vazão Q e A e L, respectivamente, a área da seção
transversal e a altura da amostra, tem-se:
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Para a obtenção de resultados dignos de maior confiança realizam-se ensaios com
diferentes cargas.
O permeâmetro de carga variável (ver Figura 5b) é geralmente utilizado quando se
torna necessário aplicar uma carga elevada sobre a amostra, variando a carga e
conseqüentemente a vazão durante o ensaio. Representando por ∀ o volume escoado num
dado intervalo de tempo, t, por A e a as áreas das seções da amostra e do tubo de alimentação,
respectivamente, por ho a carga inicial e por h a carga após o decurso do tempo t, tem-se:
3. HIDRÁULICA DE AQUÍFEROS
3.1.1 Âmbito
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condicionados por galerias ou trincheiras, poços e drenos, os quais têm aplicação direta em
problemas de drenagem e de captação de águas subterrâneas.
Considere-se um aqüífero limitado inferiormente por um estrato impermeável, de
superfície horizontal, e dotado de um poço, galeria ou trincheira drenante de que se extrai uma
vazão. A superfície freática adquire uma configuração do tipo esquematizado em corte na
Figura 6.
U = - K . senθ (19)
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3.1.3 Escoamento para valas (trincheiras ou galerias) ou lençóis aqüíferos cilíndricos
a) Aqüífero freático
Este aqüífero é atravessado por uma vala horizontal que ocupa toda a sua espessura e é
alimentado por uma vazão igual à que é extraída da vala, isto é em regime permanente.
A integração da Equação (20), com a consideração de que Q = U . h . l, permite
determinar a forma da superfície livre, que é dada por:
As hipóteses de Dupuit fornecem valores corretos para as vazões mas não para a
superfície livre, que está sujeita à correção da altura de ressurgência na vizinhança da vala.
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b) Aqüífero confinado
Admitindo-se que o regime seja permanente, isto é, que a camada seja alimentada por
uma vazão igual àquela que se extrai, proveniente de um rio, lago, etc. A vazão numa vala de
largura l será então:
Q=K.j.l.b (23)
Um poço diz-se completo quando atravessa todo o aqüífero, sendo o seu fundo
constituído por uma camada impermeável.
Neste caso a camada aqüífera é limitada pela superfície livre e pela camada
impermeável subjacente, que se considera horizontal. Ao iniciar-se o bombeamento dá-se um
rebaixamento da superfície livre na proximidade do poço, criando-se o cone de rebaixamento.
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O escoamento não pode ser considerado plano. De acordo com as hipóteses de Dupuit, e nas
condições reproduzidas na Figura 9, a velocidade de filtração é definida por:
U = - K . dh/dr (25)
Q = 2 . π .K .r . h . dh/dr (26)
, expressão que integrada entre duas superfícies cilíndricas correspondentes ao raio do poço,
rp, e à distância r0, em que a carga se torna igual à hidrostática, resulta em:
Toma-se para r0 a distância para a qual a ação do poço já se faz sentir muito pouco.
Alguns autores consideram que este raio de influência é da ordem de ln (r0/rp) ~ 6.
Sendo h02 - hp2 = (h0 + hp)( h0 - hp) = Sp . (h0 + hp), então:
Esta é a curva característica do poço, que não é linear pois hp é função de Sp. A partir
dela pode-se determinar Q e K, conhecendo-se um ou outro e duas cotas freáticas. Na prática,
deve explorar-se o poço para valores de rebaixamento compreendidos entre 0,5 . h0 e 0.75 . h0,
até por razões de economia, uma vez que a vazão não é proporcional ao rebaixamento.
No que se refere à superfície livre, a fórmula de Dupuit somente é válida para
pequenos valores de inclinação da superfície livre (∂h/∂r < 0,2). Na vizinhança do poço há um
rebaixamento brusco da superfície livre, aparecendo uma superfície de ressurgência. Há várias
fórmulas para estimar esta superfície, indicando-se a de Boulton:
, em que: c = 3,75 para rp/h0 < 0,1; c = 3,5 para rp/h0 < 0,25.
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Numa zona afastada do poço e no caso de rebaixamento, S, muito pequeno em face de
h0, isto é se (h0 - h) << h0, pode-se tomar:
h02 - h2 ~ 2 . h0 . S (30)
, então:
Q = 2 . π . b . K . r . dh/dr (32)
, a qual integrada, tal como no item anterior, fornece a curva que relaciona o rebaixamento no
poço, Sp, com a vazão em regime permanente, que usando o conceito de
transmissividade, T = K . b, é a seguinte:
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distâncias, ri, depois de estabelecido o regime permanente. Traça-se, assim, a correlação mais
aproximada que passa por estes pontos. Para S = 0 corresponde a distância r0, determinando-
se assim o raio de influência do poço.
4. BIBLIOGRAFIA
GARCEZ, L. N. - Elementos de Mecânica dos Fluidos - Hidráulica Geral. 449 p., Editora
Edgard Blücher Limitada, São Paulo, 1960.
GHETTI, A. - Idraulica. Parte Seconda, p. 330, Edizioni Libreria Cortina, Padova, 1977.
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