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Índice
Família e primeiros anos
Origens
Infância e juventude
Início da carreira militar
Primeira Guerra Mundial
Guerra Civil Russa
Período entreguerras
Ascensão na carreira
Batalha de Halhin-Golie
Às vésperas de Barbarossa
Segunda Guerra Mundial
Início (1941)
Ielnia e Leningrado (1941)
Protegendo Moscou (1941)
Rjev (1942)
Stalingrado (1942)
Operação Marte (1942)
Ofensivas de inverno (1943)
Kursk (1943)
Passando o Dniepre (1943)
Tcherkassi e o Dniestre (1944)
Operação Bagration (1944)
Ofensiva no Vístula-Oder (1945)
Seelow (1945)
A conquista de Berlim (1945)
As capitulações alemãs (1945)
Pós-guerra
Apoteose
Marginalização
Odessa
Acusação de pilhagem
Exílio no Urais
Re-emergência
Vice-Ministro da Defesa (1953-1955)
Ministro da Defesa (1955-1957)
Aposentadoria
Últimos anos
Legado
Condecorações
Honrarias do Império Russo
Honrarias da URSS
Honrarias estrangeiras
Notas
Referências
Bibliografia
Quando de seu casamento com Konstantin, em 1892, Ustienia tinha vinte e nove anos, e o noivo quarenta
e um.[3] Konstantin trouxe ao par um pouco de renda, graças ao seu trabalho como sapateiro, e Ustienia
possuía um pequeno lote de terra cultivável.[4] O casal adquiriu uma vaca e uma égua para transportar
mercadorias entre Maloiaroslavets e sua aldeia. O casal teve um primeiro filho em 1894, Maria, e dois
anos depois nasceu Gueorgui, em 19 de novembro de 1896 de acordo com o calendário juliano, ou em 1
de dezembro[nota 1] no calendário gregoriano.[2] O nome dado à criança possuía dupla significância. De
um lado, era costume dar o nome de um filho morto ao próximo filho nascido.[2] De outro, no antigo
calendário comemorava-se em 26 de novembro o dia de São Jorge, que aparece no brasão de armas da
Rússia. O casal teve ainda um terceiro filho em 1901, Aleksei, que morreu aos dezoito meses,[3]
provavelmente de desnutrição.[6] Enquanto a família permanecia em Strelkovka, Konstantin trabalhava
em Moscou.[4]
Infância e juventude
O pequeno Gueorgui Júkov nasceu na mesma isbá que seu pai herdara de Anna Júkova. Em suas
memórias ele descreveria essa habitação de um cômodo e duas janelas como "uma casa muito velha e
com um canto afundado [na terra]. Com o tempo as paredes e o telhado tinham sido tomados pelo musgo
e pelo mato".[7] No verão de 1901 o telhado dessa casa desabou, e a família foi forçada a vender a vaca e
a égua, a fim de construir uma nova casa. Esta casa foi feita às pressas, e apesar de nova era um reflexo
da miséria da família: "Do lado de fora esta casa era a pior de todas [do vilarejo], a varanda era feita de
madeiras velhas, as janelas feitas com vidros aos pedaços".[8]
Durante a infância o jovem Júkov gostava de caçar e pescar com as crianças da aldeia, e, como os
meninos de sua idade, ele também trabalhava no campo durante a época da colheita.[3] Em 1903 ele foi
aceito na escola paroquial de uma aldeia vizinha, para um curso de três anos que incluía instrução
religiosa.[9] Ali, Júkov aprendeu a ler e a escrever e rudimentos de matemática.[10] Essa experiência
também lhe ensinou a importância da leitura, algo que lhe seria muito útil ao longo de sua carreira
militar.[11]
Segundo Júkov, seu pai lhe disse que após os eventos de 1905 ele havia sido "demitido e expulso de
Moscou por participar das manifestações", embora nunca tenha lhe contado esse episódio em detalhes.[1]
Em 1906 seu pai voltou em definitivo para a aldeia de Strelkovka, dizendo que não retornaria a Moscou
"porque a polícia o havia proibido de estabelecer-se em outras cidades".[12] Investigações recentes,
todavia, não encontraram registro dessa proibição na polícia ou nos
arquivos do tribunal de Moscou, embora de fato Konstantin tenha vivido
em Strelkovka o restante de sua vida.[13]
Quando Gueorgui tinha doze anos, sua mãe decidiu tirá-lo da escola e
mandá-lo trabalhar com seu próprio irmão, Mikhail Pilikhin, que era
peleteiro em Moscou. Assim, Júkov partiu para Moscou no outono de
1908, e lá permaneceu por quatro anos e meio. O trabalho era difícil e os
aprendizes eram frequentemente agredidos pelos artesãos,[9] mas ele
integrou-se bem à família de seu tio.[14] Com o tempo, foi promovido a
aprendiz-chefe do curtume,[15] e faz amizade com seu primo Alexander,
Júkov no início da juventude que passou a ser seu parceiro de leitura.[16]
(1915)
Júkov tornou-se um peleiro profissional no final de 1912,[17][18] e até
1914 viveu com um salário confortável,[14] fez algumas aulas noturnas, e
depois as abandonou para desfrutar de passatempos como o cinema e o teatro.[19] Primeiro alojado na
casa de seu tio, no início de 1913 ele alugou um quarto na casa de uma viúva, no centro de Moscou.[14]
Ali, ele conheceu Maria Malisheva, a filha da senhoria, e os dois só não se casaram porque eclodiu a
Primeira Guerra Mundial, que reorientou Júkov para uma carreira militar.[19][17]
Sua unidade, o 10.º Regimento de Cavalaria, era parte da 10.ª Divisão de Cavalaria, uma subdivisão do
3.º Corpo de Cavalaria, que formava a ala esquerda do 9.º Exército. Em seu desembarque em Kamianets-
Podilski, em 15 agosto de 1916, o esquadrão de Júkov foi atacado por um avião austríaco, que deixou
mortos e feridos.[27] O primeiro feito de armas de Júkov, em setembro, foi a captura de um oficial alemão
a oeste da Bucovina, feito que lhe valeu sua primeira Cruz de São Jorge.[27] Em outubro de 1916, durante
uma patrulha de reconhecimento, uma mina terrestre deixou três feridos, incluindo Júkov, que entrou em
coma. Ao recobrar a consciência no dia seguinte, foi evacuado para
Carcóvia, onde permaneceu até dezembro. Ele recebeu uma segunda
Cruz de São Jorge por esse incidente, que lhe deixou ligeiramente surdo e
sofrendo vertigens, e foi transferido para um esquadrão da reserva. Ao
todo, Júkov passou apenas cinco semanas no front.[28]
Em 26 de fevereiro de 1921 Kolesnikov juntou-se aos irmãos Antonov, que lideravam a Revolta de
Tambov. Júkov participou da luta contra os antonovistas e, ao redor da gare de Jerdevska, em um único
dia de batalha teve dois cavalos mortos em ação.[46] No dia 31 de agosto do mesmo ano ele recebeu a
Ordem do Estandarte Vermelho pela primeira vez,[46] recompensa "por ter bem conduzido seu esquadrão
em 5 março de 1921, ainda que entre 1.500 e 2.000 sabres lhe tenham atacado".[47] Esses números,
informados em seu histórico militar, são disputados por ao menos um historiador, segundo o qual a
batalha envolveu quinhentos antonovistas, que atacaram o 1.º regimento vermelho matando 65
cavaleiros, incluindo 25 do esquadrão Júkov.[48] A unidade de Júkov ocupou a área até o verão de 1922,
e as suas memórias não evocam as operações de deportação e de execução lá ocorridas.[49] Nesse mesmo
ano ele, desposou Alexandra Dievna.[50][51]
Período entreguerras
Ascensão na carreira
A Guerra Civil chegou a termo em junho de 1922, e a maior parte do
Exército Vermelho foi transferida para a fronteira ocidental da Rússia,
junto aos Países Bálticos, a Polônia e a Romênia. Júkov comandou lá um
esquadrão do 38.º Regimento de Cavalaria (parte da 7.ª Divisão de
Cavalaria, chamada Samara), cujos alojamentos foram estabelecidos no
campo de Vietka, na Bielorrússia.[24] No final do ano ele foi promovido a
vice-comandante do 40.º Regimento da mesma divisão e, em 8 de julho
de 1923, comandante do 39.º Regimento de Cavalaria de Buzuluk.[24]
No inverno de 1926 Júkov foi feito Comissário Político, sendo essa uma indicação de prestígio.[55] Ele
foi transferido para Minsk, onde morou com seu amigo Anton Ianin, a esposa deste último, Polina, e a
irmã desta, Maria Volkhova, que ele havia conhecido no hospital em Saratov e que se torna sua
amante.[39][56] Em 1928 sua esposa, Alexandra, mudou-se para Minsk, prestes a dar à luz sua primeira
filha, Era Júkova, que nasceu em 16 de dezembro. Meses depois, em 6 de junho de 1929, Maria
Nikolaevna deu à luz Margarita, que Júkov reconheceu como sua filha. Enciumada, Alexandra ameaçou
desfigurar sua rival e denunciar o marido ao partido, e Júkov e Maria se separaram. Após a morte de sua
irmã, Maria iniciou um relacionamento com seu cunhado Anton, e em seguida mudou-se com ele e
Margarita para Mineralnie Vodi.[56]
No final de 1929, Júkov participou de um curso avançado na Academia Militar de Frunze,[24][57] cujo
objetivo era elevar o nível de educação dos líderes militares.[58] Nessa época, ele passou a frequentar a
biblioteca da Casa do Exército Vermelho, a fim de estudar os livros dos grandes estrategistas soviéticos:
O Cérebro do Exército, de Borís Chápochnikov, a Estratégia, de Alexander Svechin, As Questões de
Estratégia Moderna, de Mikhail Tukhachevski, além de obras de Aleksander Iegorov e outros.[59] Essas
obras apresentaram a Júkov as teorias das operações em profundidade, e lhe mostraram a importância
que o carro de combate começava a desempenhar nos teatros de guerra.[59]
Em março de 1933 Júkov foi nomeado comandante da 4.ª Divisão de Cavalaria, que fora enviada para a
Bielorrúsia.[24] Sua missão era treinar e atualizar a divisão. Após inspeções de Ieronim Uborevich,
comandante do Distrito Militar, e de Budionni, no verão de 1935 a divisão foi rebatizada 4.ª Divisão dos
Cossacos do Don.[57][63]
No outono de 1935 ele participou de exercícios militares contra a 4.ª Divisão de fuzileiros,[64] e em
setembro do ano seguinte, durante manobras na Bielorrússia, Kliment Vorochilov, Comissário do Povo
para a Defesa, e Borís Chápochnikov, Chefe do Estado-Maior General do Exército Vermelho, assistiram
à rápida travessia do rio Berezina pelos Tanque BT modelo 5 da divisão de Júkov. Reconhecidos como
parte da elite do exército, Júkov e sua unidade foram condecorados com a Ordem de Lenin[65][57] e
foram tema de um artigo no jornal do exército.[nota 3][66]
No outono de 1936, ele contraiu brucelose, cuja convalescença de oito meses o fez parar de fumar. Júkov
retomou suas funções em maio de 1937, quando foi anunciada a reintegração de comissários políticos a
todas as unidades.[67] Em 11 de junho, o Pravda e as rádios anunciaram que oito dos principais
comandantes militares soviéticos, incluindo o marechal Tukhachevski e Ieronim Uborevich, haviam sido
julgados por "traição e espionagem". Eles foram fuzilados no mesmo dia,[68] sendo esse o início da
componente militar do Grande Expurgo, que fragiliza o Exército Vermelho:[69] em dois anos
desaparecem três dos cinco marechais, quatorze dos dezesseis comandantes de exército, e oito dos nove
almirantes, dentre muitos outros oficiais.[70] No final de junho, Júkov foi convocado a Minsk, e se viu
diante do novo comissário político Filipp Golikov, que o interrogou sobre seu relacionamento com
alguns dos condenados.[71] Devido à sua relativa desimportância, Júkov foi inocentado e acabou
beneficiado pelo expurgo, que deixou muitos cargos vagos. Em julho de 1937 ele foi promovido a
comandante do 3.º Corpo de Cavalaria,[72] e em fevereiro de 1938 transferido para o comando do 6.º
Corpo de Cavalaria Cazaque,[65] sendo essa uma promoção, visto que o 6.º Corpo era reputado o melhor
do Exército. Enfim, em 9 de junho de 1938 ele foi nomeado vice-comandante do Distrito Militar da
Bielorússia,[73] pouco antes de sua mobilização em resposta à Crise dos Sudetos.[74]
Batalha de Halhin-Golie
Em maio de 1939 Júkov foi convocado a Moscou,[75] temeroso que chegara sua vez nos expurgos.[76]
Para sua surpresa, ele fora convocado pelo ministro Kliment Vorochilov,[77] que lhe mostrou um grande
mapa, dizendo:
Em 25 de maio Júkov chegou a Tchita, sede do Distrito Militar de Transbaikal, chefiado pelo
Comandante Grigori Stern, e que graças à Ferrovia Transiberiana era um importante centro logístico de
operações. Em 27 de maio ele deslocou-se para Tamtsak-Bulak (a 120 quilômetros da fronteira sino-
mongol), onde se juntou aos comandantes do 57.º Corpo Especial de Fuzileiros.[83]
Em 28 de maio de 1939 Júkov chegou ao front, e lá assistiu o conflito que corria ao lado do rio Halhin-
Golie, ao longo da fronteira oriental da República Popular da Mongólia (aliada dos soviéticos) com
Manchukuo (controlado pelos japoneses). Descontente com o que viu, em 30 de maio e 3 de junho Júkov
enviou dois relatórios a Vorochilov, criticando o comando local. Um terceiro relatório, enviado por Iakov
Chmuchkevitch, que comandava a aviação, também era crítico em relação a Feklenko. Como resultado,
Josef Stalin aprovou a demissão deste último em 12 junho de 1939, promovendo Júkov a chefe do 57.º
Corpo Especial de Fuzileiros.[84] Como primeiras medidas, ele transferiu seu posto de comando para
Hamar-Daban e lançou operações de inteligência (captação de fotos aéreas, reconhecimento do terreno e
interrogatório de prisioneiros).[85]
Em 19 de julho o 57.º Corpo se tornou o principal destacamento do Exército Vermelho, depois de receber
reforços significativos.[89] Suas tropas também foram reabastecidas, apesar da distância de setecentos
quilômetros que separavam o confronto do terminal ferroviário de Ulã Bator, na Ferrovia Trans-
Mongoliana.[90] A partir das 6h15min de 20 de agosto Júkov lançou o ataque da última batalha de
Halhin-Gol.[91] Depois de um intenso bombardeio e de confundir os japoneses com medidas de
desinformação, ele liderou um ataque frontal com duas divisões de infantaria, enquanto suas brigadas
motorizadas atacavam a retaguarda do inimigo.[92] As tropas soviéticas contavam com cerca de
quinhentos tanques BT modelos 5 e 7,[93] apoiadas por cerca de quinhentos bombardeiros e caças,[94]
nessa que foi a primeira operação caça-bombardeiro da nascente Força Aérea soviética.[95] Os dois
grupos mecanizados se reagrupam em 23 de agosto, cercando as duas divisões do 6.º exército japonês e
capturando seus depósitos de abastecimento, em uma operação que replicou a estratégia do general
Aníbal durante a Batalha de Canas, dois mil anos antes.[96] Em 31 de agosto, os últimos bolsões
nipônicos foram liquidados,[97][95] e o restante das tropas bateu em retirada, abandonando cerca de três
mil homens, quase todos feridos, e a maior parte de seus equipamentos.[98]
Esta foi a primeira derrota japonesa para uma força-armada moderna,[79] e por alguns considerada
humilhante.[57] Do lado soviético, a vitória decisiva foi interpretada como uma vingança pela derrota
russa de 1905, e pôs fim ao ímpeto expansionista japonês sobre o seu território.[99][92] Júkov, o primeiro
comandante soviético vitorioso contra uma potência estrangeira, em 31 de julho foi promovido a
komkor[nota 4][100] e, em 29 de agosto, recebeu sua primeira medalha de Herói da União
Soviética.[101][102]
Halhin-Golie permitiu a ele testar técnicas de batalha que se popularizariam nos anos seguintes,[103] e
maneiras de melhorar a coesão[104] entre infantaria, artilharia, blindados e aviação.[105] Além disso, ela
permitiu a Júkov propor melhorias que seriam consolidadas no modelo T-34.[102] Veteranos dessa batalha
foram transferidos para unidades inexperientes, como forma de difundir as experiências adquiridas.[103]
Por esses motivos, ele consideraria essa experiência inestimável para o posterior esforço contra os
alemães.[106]
Às vésperas de Barbarossa
Após o armistício com o Japão, Gueorgui Konstantínovich se estabeleceu em Ulã Bator, aguardando o
fim das tratativas. Sem muitos compromissos de trabalho, ele fez vir sua família e participou de caçadas
com Horloogiin Choibalsan.[107] Retornando a Moscou, em 2 de junho de 1940 Júkov conheceu
pessoalmente Josef Stalin, que desejava discutir a batalha de Halhin-Golie.[100][108][109] Nos dias 3 e 13
de junho ele assistiu às reuniões do Politburo do Partido Comunista da União Soviética.
Algumas semanas depois Júkov foi um dos três primeiros promovidos ao recém-criado posto de general
de exército,[110] e nomeado chefe do Distrito Militar Especial de Kiev, o principal comando ao longo da
fronteira ocidental soviética.[73] Uma vez na Ucrânia, ele buscou melhorar a disciplina e o treinamento de
suas tropas, e a partir de 28 de junho foi chamado a envolver suas tropas contra o Reino da Romênia,
durante a ocupação soviética da Bessarábia e do norte da Bucovina. Com os romenos tentando evacuar
seus equipamento para além do rio Prut, Júkov tomou a iniciativa e decidiu-se por lançar paraquedistas
sobre os entroncamentos ferroviários de Belgrado, Cahul e Izmail, efetivamente frustrando a fuga
inimiga.[111][112]
Desde o verão de 1940 o Pacto Molotov-Ribbentrop foi marcado por tensões diplomáticas. Além de
atritos relacionados à Finlândia, a Alemanha Nazi colocara sob sua tutela a Hungria, a Eslováquia e a
Romênia, e seu comportamento nos Bálcãs era fonte de crescente preocupação. Embora os soviéticos não
tivessem provas disso, Adolf Hitler havia encarregado o general Erich Marcks de elaborar planos tendo
como objetivo tático a Linha A-A (o Plano Marcks, um antecedente da Operação Barbarossa).[113]
Nesse contexto perturbador, em 23 de dezembro de 1940 os principais
generais soviéticos e o Politburo se reuniram em Moscou. Júkov falou
em 25 de dezembro, palestrando sobre "o caráter das operações ofensivas
modernas", tema de um relatório que ele escrevera com Hovhannes
Bagramian e Maksim Purkaiev.[114] A reunião terminou com duas
simulações de ataque alemão à URSS. A primeira, de 2 a 6 de janeiro de
1941, teve Júkov à frente do time azul (os alemães) e Dmitri Pavlov da
equipe vermelha (os soviéticos), assistido em particular por Ivan Konev.
A segunda simulação aconteceu de 8 a 11 de janeiro, invertendo-se os
papéis. Timoshenko, Budionni, Meretskov, Kulik, Golikov,
Chápochnikov e Nikolai Vatutin foram os árbitros. Esses exercícios
terminam no primeiro caso com a vantagem dos azuis, e no segundo caso
O Comissário de Defesa com uma vitória mais clara dos vermelhos.[115] Para além de seus
Semion Timoshenko (à resultados, as análises desses exercícios fornecem aos líderes soviéticos
esquerda, com uniforme de informações valiosas: eles poderiam manter um grande número de
marechal) e seu Chefe de
unidades ao longo da fronteira (na Linha Molotov), sem perigo delas
Estado-Maior, general Júkov
(1940).
serem cercadas; o deslocamento e o posicionamento das tropas, de ambos
os lados, levaria vários dias para ser completado; um ataque alemão se
concentraria ao sul dos pântanos de Pinsk; e uma forte contra-ofensiva,
partindo da Ucrânia ocidental em direção ao sul da Polônia, daria a vitória aos soviéticos.[116]
A inteligência soviética vinha alertando para um ataque iminente da Alemanha, e, em 5 de maio de 1941,
após um discurso belicista de Stalin, a dupla Júkov-Timoshenko propôs sem sucesso um ataque
preventivo.[119] Depois, em 13 e 14 de junho ele e Timoshenko pediram a Stalin permissão para pôr em
alerta as tropas ao longa da fronteira oeste, iniciando assim uma mobilização parcial, mas este se recusou,
temendo provocar os alemães.[120][92] O estado de emergência foi finalmente autorizado na madrugada
de 22 de junho, mas com instruções para que os militares não respondessem a eventuais
provocações.[121]
Início (1941)
Júkov passou a noite de 21 a 22 de junho de 1941 no prédio do Comissariado da Defesa. No final da
noite, ele chamou pelo rádio os três comandantes dos distritos militares de fronteira, que comporiam o
grosso das forças soviéticas naquilo que os Aliados ocidentais viriam a chamar de Frente Oriental da
Segunda Guerra Mundial, e que para os russos consistiu na Grande Guerra Patriótica. Júkov falou
sucessivamente com Fiodor Kuznetsov (chefe do Distrito Especial do Báltico, que se tornaria no dia
seguinte a Frente Noroeste), Dmitri Pavlov (chefe do Distrito Ocidental, em seguida a Frente Ocidental)
e Mikhail Kirponos (chefe do Distrito Especial de Kiev, logo mais a Frente Sudoeste), anunciando-lhes o
estado de emergência.[122] Às 3h17min o almirante da Frota do Mar Negro reportou numerosos aviões
desconhecidos chegando por via marítima. Júkov, embora formalmente não tivesse autoridade para isso,
deu-lhe permissão para abrir fogo. Às 3h30min foi a vez do Distrito Ocidental relatar um bombardeio
aéreo, depois Kiev, e finalmente o Báltico às 3h40min. Às 4h Timoshenko e Júkov mandaram acordar
Stalin, e pediram por telefone permissão para revidar. Este último respondeu convocando os dois
militares e o Politburo ao Kremlin. Uma reunião começou às 4h30, com Stalin bastante exaltado. Vatutin,
então um dos adjuntos de Júkov, informou-os que após uma preparação de artilharia, as tropas alemãs
atacavam. Às 5h o embaixador Friedrich von der Schulenburg entregou a Viatcheslav Molotov a
declaração de guerra alemã.[123] Às 5h30min Stalin enfim autorizou uma resposta limitada,[nota 5][124]
mas sua demora em lançar um contra-ataque custou caro aos soviéticos.[92]
De volta ao Estado-Maior General por volta das 8h, Júkov não pôde contatar os diferentes comandos do
exército: as linhas de comunicação haviam sido cortadas por meio de bombardeio e sabotagem, e as
tropas pareciam incapazes de usar os códigos de rádio. De volta ao Kremlin às 9h, ele e Timoshenko
propuseram a mobilização geral das tropas e a formação da Stavka, o comando supremo das forças
armadas em tempos de guerra. Stalin recusou ambas propostas,[125] mas no dia seguinte concordou com
a formação da Stavka.[73]
Em 10 de julho Júkov convenceu Stalin a posicionar as tropas da reserva em duas linhas para proteger a
capital, a primeira no Rio Duína do Norte e no Dniepre (passando pela linha de Stalin, Polotsk, Vitebsk,
Orsha, Mogilev e Mazir), e a segunda passando por Nével, Smolensk, Roslavl e Gomel.[133] Em 14 de
julho Stalin autorizou Júkov a formar uma "Frente da Reserva" com essas tropas. No dia 16 de julho
Smolensk foi tomada pelos alemães e Júkov foi confrontado por um Stalin furioso. De 21 a 26 de julho
um contra-ataque planejado por Júkov foi lançado em torno de Smolensk, e enfim interrompeu o Grupo
de Exércitos Centro alemão.[134][135]
Essa vitória foi amplamente utilizada como propaganda, com o objetivo de levantar o moral
soviético.[144] Quatro unidades envolvidas no confronto foram rebatizadas: as 100.ª, 127.ª, 153.ª e 161.ª
divisões de fuzileiros tornam-se respectivamente a 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª Divisão de Fuzileiros "da Guarda", as
primeiras tropas de elite desse tipo.[145]
No início de setembro Júkov foi chamado de volta ao Kremlin. De acordo com suas memórias, Stalin o
recebeu na madrugada do dia 9 e lhe ordenou organizar a defesa de Leningrado a partir do dia 10.[73] No
dia 12 Júkov partiu de avião e desembarcou próximo ao lago Ladoga, a nordeste da cidade.[146]
Vorochilov foi rebaixado por Stalin, enquanto Júkov tentava
restaurar o moral das tropas. Agora cercado por alemães e
finlandeses (Shlisselburg caíra no dia 8), ele destinou ao
combate todos homens que pôde engajar, apoiados pelos
canhões da Frota do Báltico: tropas do NKVD e do Corpo de
Fuzileiros Navais, marinheiros e milícias populares.[nota 6]
Um terço das milícias são munidas de armas anti-tanque, as
fábricas se esforçam para produzirem meio milhão de minas,
a polícia militar caça os desertores, as famílias daqueles que
se rendem espontaneamente são executadas.[147] Aos
poucos, a linha de frente se estabiliza e começa o cerco a
Júkov em outubro de 1941, durante o Leningrado, possivelmente o conflito urbano mais sangrento
cerco a Leningrado. Esta foto foi
de toda a história. Embora os soviéticos tenham sofrido
publicada no jornal Krasnaia Zvezda, por
pesadas baixas sob Júkov, o desempenho deste em
ordem direta de Stalin.
Stalingrado tem sido louvado pela maioria dos analistas.[148]
Além disso, sob seu comando os soviéticos imobilizaram
cerca de um terço das forças alemãs disponíveis na época.[73][92] Após vitórias consecutivas em Halhin-
Golie, Ielnia e Leningrado, Júkov viu sua reputação crescer consideravelmente.[148]
Júkov defendeu Moscou aplicando os mesmos métodos usados em Leningrado, no mês anterior. Tropas
sobreviventes foram reforçadas com divisões de milícias populares e recrutas mobilizados por
antecipação,[nota 8] e dispostas em um arco, partindo de Kalinin, ao norte, até Kaluga, no sul, passando
por Volokolamsk e Mojaisk, enquanto as forças alemãs ainda buscavam reduzir os bolsões de Viazma e
Briansk.[153] O Grupo de Exércitos Centro alemão, contudo, retomou a ofensiva no dia 12 de outubro.
No dia 13 a 4.ª Divisão Panzer do general Erich Hoepner tomou Kalinin, enquanto 2.º Exército Blindado
do general Guderian chegou a Kaluga. Naquela noite, o Teatro Bolshoi foi evacuado para Kuibishev
(incluindo trajes, conjuntos e poltronas), e no dia 16 foi a vez do governo, do Comintern e das
embaixadas partirem, instalando-se a novecentos quilômetros mais a leste. Dirigentes moscovitas fogem;
a cidade assiste a saques maciços; e cargas explosivas são colocadas no metrô e em pontes, estações
ferroviárias e instalações elétricas e sanitárias.[153] No dia 19 o estado de sítio é proclamado na capital, e
a ordem é restaurada.[154] Mojaisk (a cem quilômetros de Moscou) caiu no dia 18, e no dia 22 foi a vez
de Naro-Fominsk: o comandante local e seu politruk foram fuzilados diante de suas tropas, e Júkov
ordenou um contra-ataque, resultando em uma batalha de oito dias que bloqueou os alemães. A mesma
coisa ocorreu em Volokolamsk, no dia 23, onde Rokossovski
escapou por pouco da execução, por ter recuado. No dia 28
de outubro, os alemães chegaram a Tula, mas no dia 30
foram parados pela defesa soviética e pela lama, que os
privava de combustível, munições e alimentos.[155]
Júkov previu a retomada da ofensiva alemã uma vez que o solo estivesse congelado, incluindo um ataque
particularmente duro na linha de Rjev-Volokolamsk-Istra, e dois ataques nos flancos, no norte, perto do
canal Volga-Moscou (na fronteira com a Frente de Kalínin, comandada por Konev) e no sul, perto de
Tula (junto à Frente Sudoeste, de Timoshenko). Embora ele tenha se queixado ao Comando Supremo da
falta de coordenação com as frentes vizinhas, ele reforçou ambos os flancos, fazendo recuar seus 16.º e
50.º exércitos e concentrando atrás deles as suas principais unidades de cavalaria e blindados.[157]
Em 13 de novembro Júkov teve a certeza de um ataque alemão a partir do 15. Mas no dia 14 Stalin
ordenou um ataque preventivo com unidades de cavalaria e blindados junto a Volokolamsk e Serpukhov,
recusando os argumentos Júkov.[158] No dia 15, com temperaturas de -10 °C, o ataque do Grupo de
Exércitos Centro alemão ocorreu como previsto, no norte e no centro, avançando no eixo Kalinin-Klin-
Moscou e atingindo o 13.º Exército perto de Volokolamsk. O contra-ataque da cavalaria soviética no dia
17 bloqueou os alemães por dois dias. No mesmo dia, Júkov recebeu ordens de destruir todos os edifícios
de ambos os lados das estradas para Moscou, uma medida de defesa com graves consequências paras os
civis, mas que visava evitar sua apropriação pelos alemães.[159] Ao sul, no dia 18, Guderian recomeçou o
avanço, contornando Tula por Stalinogorsk, em direção a Kashira. Gradualmente, Júkov recebeu
reforços: algumas unidades siberianas (três divisões de infantaria e duas blindadas) e seis exércitos em
processo de treinamento. As comportas de uma barragem sobre o rio Istra foram abertas, inundando
temporariamente o vale. No sul, o 2.º Grupo Panzer de Guderian foi bloqueado permanentemente antes
Kashira, pelo 1.º Corpo de Cavalaria da Guarda, liderado por Pável Belov. No norte o 3.º Grupo Panzer,
do general Georg-Hans Reinhardt, foi empurrado para Iakhroma pelo 1.º Exército de Choque
"Kuznetsov", em 1 de dezembro.[159]
Em 29 de novembro Stalin concordara com a proposta de contra-ofensiva de Júkov, que ainda carecia ser
planejada. A frente norte alemã se deteve em Krasnaia Poliana, a vinte quilômetros dos limites de
Moscou, e um regimento alemão chegou até mesmo a Khimki, na parada final do elétrico moscovita. O
avanço alemão no norte também estacionou, Reinhart em 2 de dezembro, e Hoepner no dia 6. Júkov
lançou os dez exércitos da Frente Ocidental em um contra-ataque, empurrando os alemães frontalmente.
Os combates duram até 6 de janeiro de 1942, com uma temperatura variando entre -10 e -30 °C. Com a
neve profunda limitando o movimento, e o reabastecimento bloqueado nas ferrovias, vilas e cidades que
podiam servir abrigo tornaram-se os objetivos.[160] Em 13 de dezembro de 1941 o retrato de Júkov foi
estampado na primeira página do Pravda, que anunciva a derrota dos alemães em Moscou.[161] Tendo
perdido quase todos os seus veículos, por volta de 15 de dezembro as forças alemãs ameaçando Moscou
estavam em retirada, rumo às posições que ocupavam em outubro.[160]
Segundo Roberts, com a ação de Júkov na defesa de Moscou espalhou-se o mito de que "com Júkov no
comando, a vitória é certa", e de que ele seria uma versão contemporânea de Alexander Suvorov e
Mikhail Kutuzov, que haviam defendido a pátria contra Napoleão. Embora Júkov tivesse uma reputação
de brutalidade e objetividade, ele era visto pelas tropas como alguém que fazia o que devia ser feito e que
assegurava vitórias.[162]
Rjev (1942)
Em 7 de janeiro de 1942 uma reunião no Kremlin entre
Júkov, Stalin e Aleksandr Vassilevski[nota 9] definiu novos
objetivos para a Frente Ocidental: sua ala direita (1.º de
Choque, 20.º e 16.º exércitos) participaria da destruição do
saliente de Rjev; o centro (cinco exércitos) tomaria Gjatsk,
Iukhnov e Viazma; a ala esquerda (10.º Exército e o 1.º
Corpo de Cavalaria comandado por Belov) faria uma
incursão na retaguarda alemã e se juntaria ao 11.º Corpo de
Cavalaria (em Kalinin), cercando o Grupo de Exércitos
Centro nazi. Em 10 de janeiro a Carta Diretriz da Stavka n.º
3 "sobre as ações de grupos de choque e a organização de
ofensivas de artilharia" ordenou às frentes soviéticas
Mapa das operações de dezembro de
atacarem rumo ao oeste.[163] No mesmo dia, Júkov reenviou
1941 a fevereiro de 1942: a contra-
ao ataque a sua Frente Ocidental e a Frente de Kalínin: elas ofensiva liderada por Júkov recuperou
avançaram por meio de assaltos frontais, mas não Moscou mas perdeu fôlego antes de
conseguiram tomar Rjev, Viazma e Iukhnov. Nos dias 3 e 4 chegar a Rjev e Viazma.
de fevereiro a situação mudou: o 9.º Exército alemão cercou
um exército da Frente de Kalínin; o 4.º Exército alemão fez o
mesmo com o 33.º Exército soviético e o 1.º Corpo de Cavalaria da Guarda.[164] Júkov tentou socorrer
essas tropas, mas a Stavka lhe atribui objetivos nas regiões do Desna e do Dniepre, incluindo uma série
de ataques frontais compostos por ondas de infantaria. Embora as tropas de Belov tenham escapado, o
33.º Exército foi esmagado perto do rio Ugrá.[165]
Em meados de abril o derretimento da neve interrompeu a luta, que já vinha ocorrendo em um mar de
lama. Quando o solo mostrou-se mais seco, a Stavka ordenou uma série de ofensivas. Na Ucrânia a
liderança das frentes Sul e Sudoeste (Timoshenko, com Bagramian como chefe de gabinete e Khrushchov
como comissário político) lançou um ataque perto da Carcóvia, no dia 12 de maio. Apesar de um início
promissor, no dia 15 a ofensiva foi detida por bombardeios alemães, que na sequência contra-atacam
durante a Segunda Batalha de Carcóvia. Esta, transformou-se em desastre para os soviéticos, que nela
perderam 22 divisões.[166]
Em 28 de junho os alemães retomaram a iniciativa, e a metade sul de suas forças avançou para o rio Don,
Stalingrado e Baku. Para frear a metade norte das forças alemãs, a Stavka[nota 10] instrui outras frentes a
atacar. Para a Frente Ocidental de Júkov, o primeiro alvo era Oriol, entre 5 e 14 de julho. O ataque
falhou, por falta de coordenação entre os ramos das forças armadas. O segundo ataque, parte da Operação
Pogoreloé-Gorodishche, começou em 4 agosto e foi novamente direcionado a Rjev e à vizinha Sichiovka.
Ele foi completado por um ataque mais a sul, objetivando retomar Gjatsk e Viazma, mas ambos
fracassaram.[168]
Stalingrado (1942)
Em 27 de agosto de 1942 Júkov foi nomeado Vice-Comandante Supremo. Essa nova promoção foi
movida pelos fracassos da estratégia de Stalin, que previra um novo ataque a Moscou, quando Júkov
vinha lhe alertando que o ataque ocorreria mais ao sul.[169] Júkov tornou-se então o principal conselheiro
e o homem de ação de Stalin".[170]
Para isso, seriam necessárias seis semanas de preparativos. Entre o final de setembro e o início de
outubro foi criada uma nova Frente Sudoeste, que foi confiada a Vatutin; a Frente de Stalingrado se
tornou a Frente do Don, chefiada por Rokossovski; a Frente do Sudeste a nova Frente de Stalingrado, sob
o comando de Ieremenko. Em paralelo, a integração entre o conjunto de operações soviéticas foi
amplamente reforçada. Em 6 de outubro Júkov examinou o terreno em torno Serafimovich, inspecionou
as frentes do Sudoeste e do Don e repassou os planos de ataque com os comandantes locais, enquanto
Vassilevski fazia o mesmo com a Frente de Stalingrado.[178] A operação foi adiada duas vezes por Júkov,
e enfim lançada em 19 de novembro. As posições do 3.º Exército romeno, comandado pelo general Petre
Dumitrescu, foram descobertas imediatamente. A operação levou a uma decisiva vitória soviética, e no
dia 23 os dois flancos da ofensiva se reencontram em Kalach-na-Donu, completando o cerco de 290 mil
tropas alemãs.[92][179]
Operação Marte (1942)
Ao mesmo tempo em que planejava a contra-ofensiva na região do Don, Júkov convencera Stalin a
deixá-lo liderar uma grande ofensiva em Moscou, utilizando as tropas das frentes de Kalínin e Ocidental,
que eram as mais poderosas do exército. Vassilevski fora encarregado de executar a Operação Urano,
que, avançando até Rostov-sobre-o-Don, daria lugar à Operação Saturno. Júkov reservara-se primeiro a
execução da Operação Marte, que cercaria o saliente de Rjev, e em seguida a execução da Operação
Júpiter. Quatro grandes operações foram assim preparadas, cada uma prevendo um cerco.[180]
Júkov menciona esses combates em suas memórias, dedicando-lhes três páginas e meia (contra vinte
páginas para a Operação Urano). Nelas, ele culpa Konev e apresenta as batalhas como um elaborado ardil
para impedir os alemães de fortalecerem sua posição em Stalingrado.[184] De fato, em 29 de dezembro de
1942 Júkov retornou a Moscou e foi recebido por Stalin, que não o censurou, convencido de que Marte
havia servido a Urano ao imobilizar parte das forças alemãs. Nesse mesmo mês, Júkov estampou pela
primeira vez a capa da revista Time, que anunciava:
"Os alemães estão perdendo a guerra na Rússia, o que significa que estão perdendo a
Segunda Guerra Mundial. Nas planícies congeladas de Rjev, perto de Moscou, no Don e no
corredor do Volga a Stalingrado, na neve e nos vales do Cáucaso, os russos estão na
ofensiva. [...] Os poucos estrangeiros que puderam ver Júkov, lembram-se de seu rosto de
leão [...]. [Ele] denunciou, bem antes do Exército dos EUA fazer o mesmo, o peso das
convenções e da rotina no Exército Vermelho".[185]
A fim de liberar completamente Leningrado, os soviéticos planejaram uma grande ofensiva mais ao sul,
buscando cercar todo o Grupo de Exércitos Norte alemão. Essa ofensiva, que consistiria na Operação
Estrela Polar, previa primeiro que as frentes de Leningrado e Volkhov fariam um desvio em direção a
Mga, e que parte da Frente do Noroeste atacaria o Bolsão de Demiansk, encurralando seis divisões
alemãs. Em seguida, o 1.º Exército de Choque abriria uma brecha, permitindo ao 1.º Exército de Tanques
(liderado por Mikhail Katukov) e ao 68.º Exército (de Fiódor Tolbúkhin) penetrar e seguir até Narva e
Pskov. Júkov foi encarregado de coordenar as diferentes equipes. O ataque começou em 10 de fevereiro,
mas foi pouco efetivo, pois os alemães haviam evacuado o saliente de Demiansk quatro dias antes, e
também porque o 68.º Exército atolou na lama e não pôde ser utilizado. Por fim, Stalin encerrou a
operação no dia 7 de março.[189]
Mais ao sul, desde 24 janeiro Vassilevski coordenou a ofensiva geral lançada do Donets ao Dniepre,
liderada pelas frentes de Voronej (comandada por Golikov), Sudoeste (Vatutin) e Sul (Rodion
Malinovski). Mas os alemães do Grupo de Exércitos Don (comandados pelo então marechal-de-campo
von Manstein) primeiro bateram em retirada e, a partir de 19 de fevereiro, contra-atacaram, destroçando
os corpos mecanizados soviéticos que se encontravam dispersados.[190]
Em 13 de março Stalin enviou Júkov a Carcóvia. Chegando no local, cruzando as tropas em retirada, seu
carro foi alvejado. Isso lhe retirou de cena, e Carcóvia e Belgorod foram reocupadas pelos alemães em 18
de março. Na sequência, Júkov buscou restaurar a ordem junto ao comando da Frente de Voronej,
desestabilizado pela situação. Ele pediu e recebeu permissão de Moscou para substituir Golikov
(substituído por Vatutin em 21 de março) e Vassilevski (substituído no dia 22), enfim restabelecendo o
moral das tropas da região.[191]
Kursk (1943)
A partir de informações provenientes do Diretorado Principal de Inteligência (GRU) e de Ultra, os
soviéticos anteciparam um ataque iminente a ser lançado pelas unidades mecanizadas alemãs. Esse
ataque, que consistiria na Operação Cidadela, avançaria em duas frentes pelos lados do saliente, na
tentativa de cercar as forças soviéticas.[192] Em 8 de abril, Júkov enviou a Stalin um relatório preliminar,
dando sua opinião sobre a reação soviética a esse duplo cerco alemão:
"Para que o inimigo se desintegre em nossas defesas, além de medidas para fortalecer as
defesas anti-tanque das frentes Central e Voronej, nós devemos nos retirar o mais
rapidamente possível dos setores passivos e reforçar as reservas da Stavka, a fim de poder
utilizar, nos eixos ameaçados, trinta regimentos anti-tanques, todos os regimentos de
canhões autopropulsados e tantos aviões quanto possível. [...] Eu considero imprudente
lançar um ataque preventivo nos próximos dias. Seria mais apropriado deixar o inimigo se
esgotar em nossas defesas e destruir seus tanques, e, só então, depois de trazer novas
reservas, passar para a ofensiva geral [...]".[193]
A contra-ofensiva soviética começou no dia 12, com uma intensa concentração de artilharia que durou
duas horas e meia. A infantaria então perfurou as defesas alemãs, outras tropas guardaram os flancos da
brecha aberta, e os blindados avançaram. Oriol foi reconquistada no dia 5 de agosto, enquanto o 9.º
Exército alemão recuava a fim de restaurar uma linha de defesa perto de Briansk. Em 13 de julho, Júkov
foi enviado por Stalin à Frente de Voronej, ao sul do saliente, para parar a ofensiva alemã vinda do sul,
que perfurara a terceira linha de defesa. Nos dias 13 e 14 ele juntou-se a Vassilevski e ao comando do 5.º
Exército de Tanques da Guarda (comandado pelo major-general Pável Rôtmistrov). Ele ordenou que o
69.º Exército recuasse, evitando ser cercado, e a manobra foi executada em ordem, uma novidade para os
soviéticos desde o início do conflito.[197]
No dia 17 os blindados alemães param e começam a retornar às suas posições iniciais,[198] enquanto
Júkov organizava a Operação Rumiantsev. O ataque frontal empenhou cinco exércitos das frentes de
Voronej e da Estepe, que depois de uma poderosa concentração de artilharia atacaram de 3 a 8 de agosto,
perfurando as defesas inimigas. Quatro corpos mecanizados atacaram em seguida, alargando a brecha; e
enfim avançaram os tanques do 1.º Exército (chefiado por Katukov) e 5.º Exército de Tanques da Guarda
(Rôtmistrov). Von Manstein contra-atacou com seus blindados, mas acabou por perder 75 por centro
deles para esses dois exércitos mecanizados soviéticos. Em 23 de agosto, Carcóvia foi retomada.[199]
Em 5 de setembro a União Soviética declarou guerra à Bulgária, e no dia 8 Júkov foi enviado para perto
da Terceira Frente Ucraniana, que se encontrava junto à fronteira romeno-búlgara. Na noite do dia 8 de
agosto, um golpe de Estado derrubou o governo em Sófia. O novo governo assinou imediatamente um
armistício com os soviéticos, e estabeleceu a República Popular da Bulgária. Em 12 de setembro Júkov
voltou a Moscou, antes de passar o mês de outubro na Polônia.[229]
No dia 16 Varsóvia, ameaçada de cerco, foi evacuada pelos alemães. Júkov ordenou às tropas que
avançassem, e os soviéticos deixaram para trás muitos bolsões sob controle alemão. Eles liberaram Łódź,
no dia 18; Posnânia, no dia 22; Bromberg, no dia 24 (dez dias antes do previsto); e o rio Oder foi atingido
no dia 31, ao norte de Kostrzyn nad Odra.[238] As tropas de Júkov param antes a apenas oitenta
quilômetros de Berlim (uma viagem de uma hora pela Reichsstraße 1). As razões da paralisação
soviética, que durou dois meses e meio, são objeto de debate entre historiadores.[239] Vários elementos
explicam esta medida: primeiro, a 1.ª Frente da Bielorrússia era ameaçada em seu flanco direito, pois a
2.ª Frente da Bielorrússia (Rokossovski) havia sido parada antes de Elbing e Graudenz.[240] Para
proteger-se contra uma contraofensiva vinda da Pomerânia, Júkov destacara quatro exércitos, que lhe
faziam falta no Oder. Depois, a logística carecia de preparos, e caminhões com combustível e munição
deviam percorrer de quinhentos a seiscentos quilômetros em terreno em degelo.[241] Finalmente, grande
parte das forças soviéticas estava fora de controle, empenhando-se em pilhagens e estupros em massa
desde a sua entrada em território alemão: levou tempo para que Júkov e seus generais retomassem o
controle sobre as tropas.[242]
Seelow (1945)
Em fevereiro e março de 1945 os alemães lançaram ataques contra as cabeças de ponte de ambos os
lados de Küstrin, a maioria da atividade da Luftwaffe concentrando-se em caminhões e pontes a leste do
Oder (incluindo trinta missões suicidas).[243] Simultaneamente, desde 15 de fevereiro foi lançada na
Pomerânia a Operação Solstício, uma contra-ofensiva que falhou dias depois.[244] Em 1 de março Júkov
lançou ao ataque suas tropas ao leste, introduzido em seguida, pela brecha de duzentos quilômetros, duas
unidades: o 2.º Exército de Tanques da Guarda rumou para a Ilha Wolin e Estetino; e o 1.º Exército de
Tanques da Guarda dirigiu-se para o Báltico, perto de Colberga, para então seguir ao longo da costa para
Gottenhafen e Danzigue. As cidades cercadas caem uma a uma: Schneidemühl em 14 de fevereiro,
Colberga no dia 17, Posen no dia 23; Gottenhafen em 28 de março e Küstrin no dia 29; Glogau em 1 de
abril e Estetino no dia 26.[245]
De 5 a 7 de abril ele reuniu os líderes de suas tropas para planejar o ataque a Berlim, e o plano resultante
previa um ataque frontal a partir da margem esquerda do Oder. O ataque ocorreria à noite, duas horas
antes do amanhecer, iluminado por 143 holofotes anti-aéreos. Quatro exércitos se deslocariam para o
norte de Berlim, junto ao rio Elba; o 2.º Exército de Tanques da Guarda entraria na cidade pelos
subúrbios do nordeste; dois exércitos (5,º de Choque e 8.º da Guarda) pelo leste de Berlim; o 1.º Exército
de Tanques da Guarda pelos subúrbios do sul; e dois exércitos (69,º e 33,º) avançariam para Zossen,
apoiados por três exércitos da 1.ª Frente Ucraniana (3.º Exército da Guarda, e 3,º e 4,º Exércitos de
Tanques da Guarda) e chegariam a Potsdam e Brandenburgo, no sudoeste.[250]
Para chegar a Berlim era preciso conquistar as colinas de Seelow no primeiro dia e os subúrbios
berlinenses no quarto dia, e cercar a cidade no sexto dia.[251] O 9.º Exército alemão os opunha,
reconstruído com recursos da reserva (Volkssturm, cadetes, membros da Juventude Hitlerista,
convalescentes da Reichsarbeitsdienst, dentre outros) e liderado pelo general Theodor Busse. A
superioridade soviética era de seis para um, em carros; de sete para um, em infantaria; de dez para um,
em aviação; e de onze para um, em artilheria.[252][253]
Um reconhecimento foi realizado em 14 e 15 de abril de 1945,[254] e, no dia 16 às 4h, Júkov lançou sua
Primeira Frente Bielorussa ao ataque, precedida de uma enorme preparação de artilharia que durou trinta
minutos (mais de quinze mil bocas de fogo, mas ineficazes porque as duas primeiras linhas alemãs
haviam sido evacuadas durante a noite),[255] e levantou uma nuvem poeira que dificultaria a visibilidade
durante a operação. As tropas terminaram encalhadas em um vale pantanoso e coberto de minas
terrestres, no sopé das colinas de Seelow, de onde a terceira linha alemã atirava com baterias anti-
tanques. Por volta do meio-dia, Stalin anunciou a Júkov que Konev o havia ultrapassado no sul do rio
Neisse.[253][256] Júkov decidiu então utilizar o 1.º Exército de Tanques da Guarda, mas isso resultou em
um enorme engarrafamento com as unidades do 8.º Exército da Guarda.[257] O ataque consumiu muitos
obuses e as baixas foram pesadas,[247] mas os soviéticos avançaram. À noite, Júkov contatou Stalin e este
informou-o que ordenaria a Konev atacar Berlim pelo sul. O ataque de Júkov foi retomado em 17 de
abril, e Seelow foi tomada.[258] No dia 18 Konev atacou Berlim pelo sul, encontrando dificuldades. As
tropas de Júkov rapidamente tomaram Münchberg e avançaram rumo a Berlim.[259]
A conquista de Berlim (1945)
Em 20 de abril de 1945, às 19h45min, o líder da Primeira Primeira Frente
Ucraniana escreveu a seus dois exércitos de tanques (3.º e 4.º da Guarda):
"As tropas do marechal Júkov estão a dez quilômetros do leste de Berlim.
Eu ordeno que vocês sejam os primeiros a entrar em Berlim, nesta noite.
Mantenham-me informado da execução. [assinado] Konev". Às
21h50min do mesmo dia, o líder da Primeira Frente Bielorrussa enviou
um telex aos seus dois exércitos de tanques (1.º e 2.º da Guarda),
comandando: "O Exército de Tanques recebeu a missão histórica de
entrar primeiro em Berlim e içar a bandeira da vitória. Eu me
responsabilizo pessoalmente pela execução e organização. Mande a
melhor brigada de cada corpo [de exército] para Berlim, e atribua-lhes a
Ivan Konev disputou com
Júkov a distinção de libertar
missão de estar, a todo custo, às beiras de Berlim no dia 21 de abril às 4h
Berlim. da tarde. Aguardarei receber um relatório imediato, para poder anunciar o
evento ao camarada Stalin e publicá-lo pela imprensa. [assinado] Júkov".
Assim, embora nenhuma das ordens fosse viável naquela noite, a corrida
pelo Reichstag estava lançada.[260]
A realidade do teatro de batalha, contudo, logo se impôs, e Júkov modificou seu plano: o 61.º Exército
protegeria o flanco direito, alinhando-se ao longo do canal ligando o Havel ao Oder; o 1.º Exército
polonês avançaria para Oranienburg; o 47.º Exército evitaria Berlim e seguiria para Potsdam; o 2.º
Exército de Tanques da Guarda entraria na parte norte de Berlim, pelo distrito de Pankow; o 3.º Exército
de Choque entraria no nordeste, por Weissensee; o 5.º Exército de Choque invadiria o leste de Berlim,
por Karlshorst e pela avenida Frankfurter Allee; o 1.º Exército de Tanques da Guarda e o 8.º Exército da
Guarda desceriam pela Reichsstraße 1 e cruzariam o Spree e o Dahme, para então cercar todo o sul de
Berlim; os 3.º, 69.º e 33.º exércitos cercariam as tropas em fuga do 9.º Exército alemão.[260]
Em 21 de abril os exércitos de Júkov entram na Grande Berlin pelo norte e pelo nordeste;[261] e no dia
seguinte os de Konev fizeram o mesmo, no sul. Embora teoricamente a coordenação entre ambos fosse
assegurada pela Stavka, na prática elas combatiam independentemente. No dia 23 o 8.º Exército da
Guarda, comandado por Chuikov, penetrou nos subúrbios orientais de Berlim, enquanto os tanques do 3.º
Exército da Guarda foram parados no Canal Teltow. No dia 24 esses dois exércitos reuniram-se perto de
Berlim, no Aeroporto de Schönefeld,[262] e à noite Chuikov recebeu um telefonema de Júkov
questionando-o sobre o avanço das tropas de Konev e ordenando-lhe que monitorasse o seu movimento.
Na noite de 24 a 25 Stalin mudou o limite entre as frentes de Júkov e Konev, e a região do Reichstag
passou a ser uma extensão do setor Konev.[263]
Em 3 de maio Júkov visitou as ruínas do Reichstag, gravando seu nome em uma das colunas (no meio de
outras centenas).[276] Em 7 de maio Stalin anunciou-lhe por telefone a rendição alemã em Reims, no
Quartel General Supremo das Forças Expedicionárias Aliadas, argumentando que era inválido: "O peso
da guerra recaiu sobre os ombros do povo soviético [...]. A capitulação deve, portanto, ser assinada diante
do comando de todos os países da coalizão anti-Hitler". O ditador disse que o documento de Reims podia
ser aceito como um protocolo preliminar, e ordenou que o
ato de rendição, dessa vez do Estado alemão, fosse assinado
em Berlim, capital do país vencido.[277]
Pós-guerra
Júkov retornou a Moscou em 19 de maio de 1945, e foi
convidado para jantar no Kremlin com os demais marechais
e líderes do partido. Stalin dedicou o primeiro brinde aos
"grandes capitães da guerra", com Júkov na liderança.[280]
Em 7 de junho Harry Hopkins, assessor diplomático dos presidentes americanos Roosevelt e Truman,
esteve em Berlim e reuni-se com Júkov. Ele lhe anunciou a realização próxima de uma conferência aliada
na capital ocupada, que de fato ocorreu em Potsdam por recomendação de Júkov, mas sem a sua
presença.[281] Mais tarde, no dia 7 Júkov deu uma entrevista coletiva em sua residência, à beira do
Wannsee. O correspondente do The Sunday Times perguntou-lhe o que achava da declaração alemã de
que ele aprendera a arte militar da Wehrmacht, ao que Júkov respondeu: "Deixe os alemães dizerem o
que querem. [...] sempre considerei, e ainda considero, que nossa arte operativa é superior à alemã. Esta
guerra acaba de prová-lo incontestavelmente".[282] Em 10 de junho Júkov foi recebido na sede americana
em Frankfurt, iniciando uma amizade com Eisenhower que
se estenderia por muitos anos.[283][284][nota 14] Este,
celebrou-o durante o brinde: "A nenhum homem as Nações
Unidas devem mais do que ao marechal Júkov".[287][nota 15]
Apoteose
Júkov foi convocado por Stalin em 18 ou 19 de junho, e este
lhe anunciou que o havia escolhido para inspecionar a
Júkov e Montgomery, durante a entrega
grande parada militar que era preparada em Moscou,[289] e
da faixa de Grã-Cruz da Ordem do Banho
portanto como o principal homenageado do evento. Mais (12 de julho de 1945). Júkov recebeu
tarde autores descreveriam esse episódio como o principal numerosas honrarias estrangeiras por seu
momento de glória da carreira de Júkov.[290][291] papel na guerra.
Marginalização
No final do outono de 1945 Josef Stalin levou a cabo uma espécie de "expurgo suave", mirando seus
colaboradores que haviam conquistado muito poder e prestígio. A popularidade de Júkov, em particular,
se aproximava da de Stalin.[296] O primeiro a pagar o preço foi Viatcheslav Molotov, que fez sua
autocrítica no início de dezembro de 1945. Então foi a vez de Lavrenti Beria, que perdeu sua posição de
Ministro do Interior em 29 de dezembro de 1945. Contra Gueorgui Malenkov e Gueorgi Júkov, Stalin
confiou à MGB (que mais tarde daria lugar à KGB), a tarefa de estabelecer uma acusação. O marechal-
do-ar Sergei Khudiakov foi preso em 14 de dezembro de 1945 e, sob tortura, confessou ser um espião
britânico e denunciou como cúmplices Alexander Repine e o Alexei Shakhurin. Os dois últimos, presos
em 8 de abril de 1946, denunciaram o marechal-comandante Alexander Nóvikov, chefe da aviação
soviética. Preso em 23 de abril, e, torturado e ameaçado, Nóvikov denunciou 74 pessoas, dentre as quais
Malenkov e Júkov. Malenkov perdeu o Secretariado do Comitê Central do Partido, em 4 de maio de
1946, enquanto Júkov foi chamado de volta a Moscou no início de março 1946, para assumir o cargo de
Comandante-em-Chefe das Forças terrestres soviéticas.[297]
Em 1 de junho de 1946, no início de uma reunião do Conselho Superior Militar, Stalin ordenou que
Sergei Chtemenko (então vice-chefe do Estado-Maior General) lesse diante dos membros do Politburo a
confissão de Novikov, denunciando o comportamento de Júkov e sua auto-glorificação pelas vitórias na
guerra. Stalin então pediu que ele se justificasse, e anunciou sua desgraça. A diretriz de 9 de junho de
1946, assinada pelo Conselho Superior, menospreza o papel de Júkov em todas as batalhas da guerra. Em
2 de junho de 1946 Júkov passou de Comandante das Forças Terrestres Soviéticas para o posto inferior
de comandante do Distrito Militar de Odessa.[298][299]
Odessa
Júkov assumiu seu novo posto em 13 de junho, e passou a inspecionar, fortalecer a disciplina e organizar
manobras militares com fogo real. Na sequência ele viajou a lazer com sua esposa e as filhas, enquanto
continuava seu relacionamento com sua amante Lida Zakharova.[300]
Em 1946 a cidade de Odessa, em ruínas e a população faminta, enfrentava uma onda sem precedentes de
crime, controlada principalmente por uma organização chamada Gato Negro, que assumira controle dos
armazéns e trens militares da região. A fim de subjugar essa milícia, Júkov montou a operação
Maskarad, na qual pequenos grupos de militares, disfarçados de civis, foram espalhados pela cidade para
derrubar os criminosos. Em poucos meses o crime no distrito de Odessa caiu significativamente, segundo
um relatório enviado a Stalin.[301]
Em paralelo, Júkov continuava na mira do vojd. Em 23 de Agosto de 1946 Nikolai Bulganin, o Ministro-
Adjunto da Defesa, informou Stalin que funcionários aduaneiros haviam apreendido sete carros
carregados com 194 móveis pertencentes ao marechal, provenientes da Alemanha.[300] Em 21 de julho de
1947 Júkov recebeu uma reprimenda pública por ter condecorado a cantora Lidia Ruslanova com a
Ordem da Guerra Patriótica.[302]
Acusação de pilhagem
No início de 1948 Stalin autorizou buscas na casa de Júkov e na sua datcha. Um relatório da MGB
informou que haviam sido apreendidos numerosos artigos saqueados na Alemanha, e descreveu sua
datcha como um museu: dezenas de relógios de ouro, pinturas, peças de pele, tapeçarias; centenas de
talheres de prata; lotes de tecidos de veludo e seda, armas e livros preciosos. Em 20 de janeiro de 1948 o
Politburo emitiu uma resolução contra Júkov, acusando-o de ter cometido "erros que desonram o título de
membro do Partido e comandante do Exército Soviético" e definindo-o como "um homem degradado do
ponto de vista político e moral". O mesmo documento anunciou sua demissão do comando do Distrito
Militar de Odessa, e que ele entregaria ao Estado todos os bens dos quais ele teria se apropriado
ilegalmente.[303] Existe consenso, dentre os historiadores, de que as acusações contra Júkov foram
motivadas por razões políticas.[92]
Em 4 de fevereiro de 1948 Júkov foi notificado de seu apontamento como chefe do pequeno Distrito
Militar dos Urais. O Pravda não mencionou o seu nome durante o aniversário da Vitória, e seus amigos e
colaboradores também foram afetados. Seu motorista foi aposentado em janeiro de 1948, e preso em 27
de abril de 1950, acusado de ser um espião da CIA. Outros, foram torturados. A cantora Lidia Ruslanova
e seu marido foram presos em 18 de setembro e sentenciados a trabalhos forçados. O coronel-general
Vassili Gordov e o chefe de seu Estado-Maior foram presos em 12 de janeiro de 1947, e fuzilados em
agosto de 1950 por terem defendido Júkov e criticado Stalin.[304]
Exílio no Urais
Em 14 de fevereiro de 1948 Júkov foi transferido para Sverdlovsk, no que de fato constituía um
exílio.[99] Lá ele conheceu a médica militar Galina Alexandrovna Semionova, à época com 24 anos de
idade, e que substituiu Lida Zakharova como sua amante. Em 19 de junho de 1957 Galina deu à luz uma
filha, Maria Júkova.[305]
O filme A Queda de Berlim, uma grande produção soviética lançada em janeiro de 1950, retrata Stalin
como o único responsável pela liderança das forças soviéticas na guerra. Um ator no papel de Júkok
aparece brevemente em algumas cenas. Nesse mesmo ano, Júkov foi autorizado a concorrer à eleição
para o Soviete Supremo, tornando-se o representante de Sverdlovsk.[306]
Re-emergência
Em 3 de Março de 1953 Bulganin, então vice-presidente do
Conselho de Ministros da União Soviética, convocou Júkov
a Moscou, em urgência e sem informar o motivo. Chegando
no dia 5, ele participou de uma reunião do Comitê Central do
Partido Comunista,[307] durante a qual anunciou-se que
Stalin estava sofrendo uma hemorragia cerebral e iria morrer.
Um novo governo foi imediatamente formado: Malenkov
tornou-se Presidente do Conselho de Ministros; Beria,
Ministro da Segurança, compreendendo o MVD e o MGB; A morte de Stalin (direita), e a ascensão
Khrushchov, Secretário do Comitê Central do Partido; de Khrushchov (esquerda), permitiram a
Molotov, Ministro das Relações Exteriores; Anastas Júkov retornar à cena política.
Mikoian, Ministro do Comércio Exterior; Bulganin, Ministro
da Defesa, com Júkov, Vassilevski e Kuznetsov como
assistentes. A morte de Stalin ocorreu às 21h50min, e foi anunciada no rádio a partir das 6h do dia
seguinte. Em 9 de março Júkov fez parte da guarda de honra velando o corpo de Stalin.[308]
Os ministros do novo governo temiam Beria, que detinha muito poder. Em junho de 1953, enquanto este
último estava em Berlim Oriental, formou-se uma conspiração liderada por Khrushchov. De acordo com
as memórias de Júkov, Bulganin convocou os cinco outros oficiais no escritório de Malenkov, que teria
lhe dito que Beria se tornara um homem muito perigoso para o Partido e para o Estado. Júkov foi então
encarregado de prende-lo.[309] Em 26 de junho de 1953 ele abordou Beria durante uma reunião no
Kremlin, acompanhado de dois outros generais armados com pistolas. Em suas palavras, "eu me
aproximei rapidamente de Beria e disse-lhe em voz alta: Levante-se, Beria! Você está preso! Peguei-o
pelos braços, levantei-os, procurei nos bolsos dele. Ele não estava armado".[310] De acordo com
Khrushchov e Malenkov, a prisão de Beria teria sido organizada por outros militares, que teriam
convidado Júkov a participar.[311] Em todo caso, Beria foi removido do Kremlin e levado para um abrigo,
e, no dia seguinte, transferido para a sede do Distrito Militar de Moscou, sempre guardado por uma
equipe de oficiais.[310] Por ordem de Bulganin, tropas foram transferidas para Moscou, a fim de reforçar
a segurança e desincentivar tentativas de libertar o prisioneiro,[311] que acabou executado meses mais
tarde.[312]
O problema militar nesse momento girava em torno das armas nucleares, especialmente o seu uso tático,
em um momento em que os EUA detinham um significativo avanço tecnológico. No outono de 1953
Júkov presenciou um exercício liderado por Ivan Konev, simulando um ataque nuclear. Os resultados
foram inconclusivos quanto à adaptabilidade do pessoal e do equipamento a uma explosão atômica, e
quanto à possibilidade de luta e comunicação em uma zona de radiação. Júkov organizou então a
Operação Bola de Neve, que simulou o uso de uma arma nuclear para defender-se de um ataque. Um
total de 44 mil homens foram mobilizados em Totskoie, no Oblast de Oremburgo. Em 14 dezembro de
1954 um Tupolev Tu-4 lançou uma bomba RDS-4, que explodiu às 9h34min, a 350 metros de altitude.
Perto do meio dia, unidades mecanizadas devidamente equipadas foram movimentadas em campo,
algumas até a quinhentos metros do epicentro.[314] O exercício foi produtivo, e permitiu concluir que
forças convencionais podem lutar em cenário de uso de armas nucleares: os veículos devem ser
reforçados e realmente vedados, e as formações devem ser muito diluídas. Pouco tempo depois, o
comando das forças nucleares passou do Ministério do Interior (Beria coordenara o projeto atômico
soviético) para o da Defesa.[314]
Em maio de 1955 Júkov foi capa da Revista Time pela segunda vez.[316] Como ministro, em junho ele
restaurou a dotação financeira para condecorações militares, que Stalin havia abolido em 1948. Ele
propôs em 1955 a construção de estátuas monumentais nas cidades-herói de Leningrado,
Stalingrado,[nota 16] Sebastopol e Odessa. Murmansk e Kiev depois foram adicionadas à lista, com
construções progressivas até a década de 1980. No mesmo ano Júkov restaurou os comandos individuais
das forças terrestres, de aviação, marinhas e de defesa aérea, abolidos por Stalin em 1950. Ele também
criou o cargo de Vice-Ministro da Defesa para Mísseis Estratégicos, confiado a Mitrofan Nedelin. Sob o
seu ministério, Baikonur (1955) e Plesetsk (1957) foram selecionadas para a instalação de
cosmódromos.[318]
Júkov também chefiou a comissão, que, em abril de 1956,
obteve do Comitê Central o fim das perseguições contra os
1,8 milhões de soldados soviéticos aprisionados pelos
alemães, com o pagamento de seus soldos atrasados, e em
janeiro 1957 conseguiu a reabilitação póstuma de Mikhail
Tukhachevski e Dmitri Pavlov.[319]
Sua posição como Ministro da Defesa lhe conferiu um pequeno papel na Guerra Fria. Em 14 maio de
1955 ele assinou pela URSS o Pacto de Varsóvia, documento que ele ajudara a redigir em reação à
entrada da Alemanha Ocidental na Organização do Tratado do Atlântico Norte.[323] Essas tensões não
impediram decisões mais pacíficas, incluindo a proclamação da neutralidade austríaca em 15 de maio de
1955 e a evacuação da base Porkkala na Finlândia, implementada em 1956. De 18 a 23 de julho de 1955
Júkov fez parte de uma delegação soviética em Genebra, onde se reencontrou com Eisenhower, agora
presidente dos EUA, com quem trocou presentes e gentilezas.[324][325]
Aposentadoria
Em junho 1957 Júkov, no Conselho de Ministros e no plenário do Comitê Central, junto com Ivan Serov,
o chefe da KGB, ajudou Khrushchov a remover do governo os stalinistas restantes (Molotov, Lazar
Kaganovitch, Malenkov, Bulganin e Vorochilov).[329]
Mas os militares, liderados por Júkov e muito populares, tinham cada vez mais autonomia e peso
político, e despertavam o temor das lideranças civis, que citam a Revolta Dezembrista de 1825, a
dissolução do Exército Imperial Russo em 1917, e, sobretudo, seu suposto bonapartismo.[330] O risco de
um golpe de Estado tornava o exército uma ameaça, e os inimigos colecionados por Júkov se
movimentaram.[331] Em 4 de outubro de 1957 Júkov partiu para a Iugoslávia, onde conheceu Tito,[332] e
no dia 17 dirigiu-se para a Albânia. No mesmo dia, o general Alexei Jeltov, chefe da Direção Política
Principal do Exército, denunciou-o em um discurso no Politburo, acusando-o de culto da personalidade,
de glorificação de seu papel na guerra, de redução do poder dos oficiais políticos, de deterioração do
ensino do marxismo-leninismo, e de negar o papel do Partido. No dia 19 o Politburo devolveu aos
oficiais políticos o direito de interferir nas decisões dos comandantes dos distritos militares, e reuniões
foram organizadas para criticar Júkov.[333]
Júkov retornou a Moscou em 26 de outubro, e foi imediatamente convocado pelo Politburo, que o acusou
de buscar cortar os laços entre o Exército e o Partido. Khrushchov propôs retirá-lo do cargo de ministro, e
o voto foi unânime. Malinovski o substituiu.[334] Entre 28 e 29 de outubro, Júkov apresentou-se ao
plenária do Comitê Central, onde foi duramente criticado. Ao final, Khrushchov culpou-o pelas derrotas
do verão 1941. Como resultado, Júkov foi demitido por unanimidade do Politburo e do Comitê
Central.[335]
No dia 29 à noite, ele se retirou para sua datcha, onde foi sedado por duas semanas.[336] Em 3 de
novembro, Konev assinou um longo artigo publicado no Pravda, intitulado "A força do Exército e da
Marinha soviéticos é devida à liderança do Partido e à sua relação estreita com o povo", que é de fato um
apanhado de acusações contra Júkov, por seu papel na guerra e como ministro.[337]
Últimos anos
Júkov manteve o direito de usar seu uniforme, sua datcha em Sosnovka, seu apartamento em Moscou,
seu motorista e os hospitais que serviam à nomenklatura. Em 4 de março de 1958, ele foi aposentado sem
o benefício de um posto de inspetor (como os outros marechais e generais), e se tornou por alguns anos
uma persona non grata. Em sua vida privada, Alexandra Dievna descobriu sua amante Galina Semionova
e sua filha Maria. Júkov passou então a dividir seu tempo entre os dois apartamentos, da Rua Granovski
(Alexandra) e da Rua Gorki (Galina), mas a situação se deteriorou e ele divorciou-se de Alexandra em 18
de janeiro de 1965, para, no dia 22, casar-se com Galina.[338]
De 1960 a 1965 o Ministério da Defesa publicou os seis volumes de A História da Grande Guerra
Patriótica, muito crítico das decisões de Stalin, ignorando a ajuda dos EUA, e salientando o papel dos
quadros do Partido, incluindo Khrushchov na Ucrânia e Stalingrado, e Andrei Jdanov em Leningrado.
Júkov quase não foi mencionado, exceto quanto às derrotas do verão de 1941. Indignado, Júkov passou a
escrever suas memórias. Preocupado, o Politburo convocou-o em 7 de
junho de 1963, ameaçando excluí-lo do partido e prendê-lo, caso
continuasse.[176]
Legado
Joseph Brodsky, mais tarde ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, escreveu um poema por ocasião da
morte de Júkov,[nota 17] e que é uma estilização da elegia escrita por Gavrila Romanovich Derzhavin
sobre a morte de Alexander Suvorov, em 1800. A crítica considera esse poema um dos melhores escritos
por autores da geração do pós-guerra a respeito da guerra.[348]
Ainda durante a URSS, Júkov foi homenageado em nomes de ruas, selos
postais, moedas, placas e estátuas e letras de música,[nota 18]. Em 1974
uma das estradas que ligam os subúrbios ao centro de Moscou foi
rebatizada Avenida do Marechal Júkov,[nota 19],[350] e avenidas com o seu
nome existem em diversas outras grandes cidades. Ruas em homenagem
a Júkov também são comuns em numerosas localidades. Ainda em 1974
a vila de Ugodski Zavod foi renomeada Júkovo em homenagem ao
marechal, nascido na aldeia de Strelkovka, que dela faz parte. Em 1997
Jukovo tornou-se Júkov[nota 20] e foi alçada ao status de cidade. Hoje ela
é a capital do Raion Júkovski, e abriga o Museu de Estado de Marechal Moeda de rublo de 1990,
contendo a efígie de Júkov.
da União Soviética G. K. Júkov. Ainda durante a URSS, o principal
centro de treinamento da atual Força de Defesa Aeroespacial Russa
recebeu seu nome, e um planetóide descoberto em 1975 foi batizado 2132 Zhukov em honra do
marechal.[352]
Condecorações
Júkov recebeu numerosas condecorações em vida. Notavelmente, ele foi galardoado Herói da União
Soviética quatro vezes, a mais alta honraria do país. Ele foi o único a ter recebido essa honraria quatro
vezes (Leonid Brejnev também as teve, mas por auto-atribuição). Júkov também foi o primeiro a receber,
e um dos três únicos destinatários a receber duas vezes, a Ordem da Vitória, a mais alta condecoração
militar concedida pela URSS a combatentes da Segunda Guerra Mundial, e uma das honrarias mais raras
do mundo.[366] Adicionalmente, ele recebeu quinze medalhas soviéticas[367] e foi condecorado por
muitos outros países,[92] incluindo dezessete medalhas e a participação em ordens militares.[367]
Honrarias da URSS
Herói da União Soviética (29 de agosto de 1939, 29 de julho de 1944, 1 de junho de
1945, 1 de dezembro de 1956).[368]
Ordem da Vitória (n.º de série 1, 10 de abril de 1944; e n.º de série 5, 30 de março de
1945).[368]
Ordem de Lenin (16 de agosto de 1936, 29 de agosto de 1939, 21 de fevereiro de
1945, 1 de dezembro de 1956, 1 de dezembro de 1966 e 1 de dezembro de
1971).[368]
Ordem da Revolução de Outubro (22 de fevereiro de 1968).[368]
Ordem do Estandarte Vermelho (31 de agosto de 1922, 3 de novembro de 1944, 20
de junho de 1949).[368]
Ordem de Suvorov, 1.ª classe (n.º de série 1, de 28 de janeiro de 1943, e n.º de série
39, de 28 de janeiro de 1943).[368]
Medalha "Pela defesa de Stalingrado" (1942).[369]
Medalha "Pela defesa de Leningrado" (1942).[369]
Medalha "Pela defesa do Cáucaso" (1944).[369]
Medalha "Pela defesa de Moscou" (1944).[369]
Medalha "Pela liberação de Varsóvia" (1945).[369]
Medalha "Pela captura de Berlim" (1945).[369]
Medalha "Pela vitoria sobre o Japão" (1945).[369]
Medalha "Pela vitoria sobre a Alemanha na Grande Guerra Patriótica 1941–
1945".[369]
Medalha do "Jubileu de vinte anos da Grande Guerra Patriótica 1941–1945"
(1965).[369]
Medalha dos "20 anos do Exército Vermelho dos Operários e Camponeses"
(1938).[369]
Medalha dos "30 anos do Exército e Marinha soviéticos" (1948).[369]
Medalha dos "40 anos das Forças Armanadas da URSS" (1967).[369]
Medalha do jubileu de "50 anos das Forças Armadas da URSS" (1967).[369]
Medalha "Em comemoração do 100.º aniversário do nascimento de Vladimir Ilitch
Lenin" (1969).[369]
Medalha "Em comemoração do 250.º aniversário de Leningrado" (1957).[369]
Medalha "Em comemoração do 800.º aniversário de Moscou" (1947).[369]
Estrela grande de Marechal da União Soviética (1943).[369]
Honrarias estrangeiras
Ordem do Banho, Cavaleiro Grã-Cruz (Reino Unido, 12 de julho de 1945).[368]
Legião do Mérito, Chefe-comandante (Estados Unidos, 1945).[368]
Legião de Honra, Grã-Cruz (França, 2 de setembro de 1945).[370]
Ordem Virtuti Militari, Grã-Cruz (Polônia, 1945).[369]
Ordem do Mérito, 1.ª classe (Egito, 1956).[369]
Ordem do Leão Branco, 1.ª classe (Tchecoslováquia, 1945).[369]
Ordem Militar do Leão Branco, 1.ª classe (Tchecoslováquia, 1945).[369]
Ordem da Polonia Restituta, Cruz de Comandante 2.ª (1968) e 3.ª classes (1973)
(Polônia).[369]
Ordem da Liberdade (Iugoslávia, 1956).[369]
Ordem de Sukhbaatar (Mongólia, 1968, 1969, 1971).[369]
Ordem do Estandarte Vermelho (Mongólia, 1939, 1942).[369]
Notas
1. Sobre a data de nascimento de Júkov, alguns autores afirmam que teria sido o dia 2 de
dezembro do mesmo ano.[5]
2. Todavia, em sua autobiografia de 1938 afirmou ter se alistado em 1 de outubro de 1918, e
estudos recentes apontam essa data como mais provável.[37]
3. Em russo Кра́сная звезда́, traduzido como "Estrela Vermelha".[66]
4. Equivalente a general ou comandante de corpo de exército,[65] posto então novo no
Exército Vermelho.[100]
5. A Diretriz n.º 2 foi emitida às 7h15min do dia 22 de junho de 1941, sendo a n.º 1
(retroativamente) aquela que autorizara o estado de alerta.[124]
6. As Divisões Narodnogo Opolchenia.[147]
7. A rasputitsa, literalmente "estação das estradas ruins", conhecida em alemão como
schlammperiode, designa o período em que a neve derretida ou as chuvas transformam
grande parte das terras planas em um mar de lama.[150]
8. Nascidos em 1921, 1922 e 1923, e enviados para o combate por vezes sem instruções ou
uniforme.[152]
9. Desde que Borís Chápochnikov, doente, é evacuado em 15 de outubro de 1941, na prática
Vassilievski dirige o que resta do Estado-Maior em Moscou.
10. Vassilevski fora nomeado Chefe do Estado-Maior Geral, substituindo Chápochnikov, em 26
de junho de 1942.[167]
11. A sua autoria também é reivindicada pelo Escritório de Operações do Estado-Maior Geral
desde a época de Stalin; por Sergei Chtemenko, em 1971,[174] e Andrei Ieremenko, em
suas memórias publicadas em 1963[175] (ambos em um contexto de difamação de
Júkov)[176].
12. Também chamada Operação Ofensiva Estratégica Belgorod-Carcóvia e, pelos alemães,
Quarta Batalha de Carcóvia.[194]
13. Essas pontes se encontravam em Kiev, Kanev, Cherkasi, Kremenchug, Dnepropetrovsk e
Zaporíjia.[204]
14. Essa amizade levou a um episódio curioso da biografia de ambos, relacionados à criação
de uma versão incolor da Coca-Cola. Apresentado à bebida por Eisenhower, Júkov,
temeroso de ser visto bebendo esse símbolo americano, pediu ao general Mark W. Clark
que buscasse obter a bebida disfarçada. Este, repassou o pedido ao presidente Harry S.
Truman, que mandou contatar o setor de exportação da The Coca-Cola Company no
sudeste da Europa. A empresa adicionou à bebida um produto químico capaz de remover a
sua cor, e essa versão incolor da Coca-Cola foi engarrafada usando garrafas de vidro lisas,
com uma tampa branca estampada com uma estrela vermelha. O primeiro carregamento
dessa "Coca-Cola branca" consistiu em cinquenta caixas.[285][286].
15. "To no one man do the United Nations owe a greater debt than to Marshal Zhukov".[288]
16. Lá foi construída a Mãe Pátria.[317]
17. Sobre a Morte de Júkov, transliterado em inglês Na smert’ Zhukova.[347]
18. Notadamente, uma canção dos Coros do Exército Vermelho, intitulada Marechal Júkov e
Vitória.[349]
19. Em russo: Проспект Маршала Жукова (Prospekt Marchala Júkova).[350]
20. Em russo: Жуков.[351]
21. Decreto 243 de 6 de março de 1995.[353]
22. Em russo: Великий полководец Георгий Жуков.[354]
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