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FICHAMENTO
Capítulo 1 – A empresa mercantil, colonial e escravocrata.
- As três vias de constituição do capitalismo.
Existem três casos particulares de construção do modo de produção capitalista.
O caminho clássico, o prussiano e o colonial.
A via prussiana foi seguida pelos países de industrialização retardatária, no
século XIX. Especialmente países marcados pela ausência de processos
democráticos de emancipação.
Já os países de via colonial, somavam ao atraso democrático ao econômico.
Representou uma passagem do feudalismo para o capitalismo
1.3 Ascensão da burguesia e o pacto colonial.
O incremento produtivo constituído nas atividades primarias e secundárias da
economia, resultaram em uma nova agricultura de escala diferenciada. Além
disso, a impulsão da manufatura, auxiliou na expansão ultramarina e da
colonização das novas terras. Essa nova realidade fez surgir novos grupos
sociais, que se fortaleceram e conheceram sua ascensão política devido à
força econômica e financeira das atividades mercantis. Surgiam as grandes
Companhias de Comércio, organizadas em monopólios e ligadas ao aparelho
de Estado, que estava passando por transição, pois era disputado por grupos
de interesses antagônicos: clero, nobreza e a burguesia nascente.
‘Ao mesmo tempo que a nobreza e a Igreja detinham a hegemonia política,
dividiam com a burguesia uma legislação que se coadunava com as
necessidades das novas atividades econômicas — o comércio e a manufatura.’
(Pág 27)
Além disso, o capítulo demonstra os conceitos de Mercantilismo e Pacto
Colonial.
-Mercantilismo: O Mercantilismo foi um conjunto de práticas econômico-
comerciais que serviu de base à formação dos Estados da Era Moderna. Para
a burguesia nascente, era indispensável a união dos territórios visando a
homogeneização legal, monetária e dos costumes em geral. A política
econômica mercantilista sustentava o projeto do capitalismo comercial.
- Pacto Colonial: Foi um dos elementos básicos constituintes da política
econômica mercantilista. Consistia basicamente no exclusivismo comercial da
Metrópole em relação às suas colônias, subordinando-as por meio de um
conjunto de medidas econômicas e políticas.
Os representantes locais das nações europeias controlavam as relações
comerciais e defendiam os interesses da Coroa e das Companhias de
Comércio.
Futuramente, na era industrial, a classe comerciante teria de romper todos
esses laços que haviam garantido sua ascensão, pois a senda que a fortificara
tornar-se-ia uma camisa-de-força. Em razão de seu poder econômico
financeiro, a burguesia suportaria essa transição para dar o xeque-mate
posteriormente, a partir das revoluções democrático-burguesas da via clássica
e das “reformas pelo alto” da via prussiana.
Capítulo 2 – Os ciclos econômicos
2.1 – A produção açucareira
Com o passar do tempo, o conceito de engenho se estendeu a todas as terras
e culturas, tornando-se equivalente a propriedade canavieira. As extensas
terras eram ocupadas principalmente com as grandes plantações, mas também
com a agricultura de subsistência e pastagens dos animais.
O eixo da economia colonial foi a produção açucareira, durante o século XVI,
até quase o final do século XVIII. O açúcar constituía um produto nobre de
exportação, por seu destaque no plano internacional. Até o século XVII, a
produção cabocla era líder no mercado mundial, só vindo a perder esse lugar
quando entraram no cenário americano as produções concorrentes, realizadas
na América Central e nas Antilhas.
“Ainda durante o ciclo açucareiro, Lisboa enfrentaria dificuldades advindas das
invasões holandesas na região Nordeste. Com o domínio castelhano sobre a
Coroa lusa, durante o século XVII, unindo a Península Ibérica sob um único
governo, os neerlandeses tornaram-se inimigos de Portugal e,
consequentemente, do Brasil. A manutenção dos interesses portugueses na
região Nordeste tornou-se mais difícil, sendo garantida na ponta das
baionetas.” (Pág 40)
2.2 O CICLO DO OURO
A descoberta do ouro brasileiro provocou grandes mudanças na época, o ouro
atraiu para Minas Gerais, junto com as classes dominantes, um contingente
populacional carregado pela ilusão do enriquecimento rápido. Contudo, o metal
não superaria, em cifras de produção global, o montante de recursos que o
açúcar forneceu ao longo da história da colônia.
Durante o período, várias expedições ocorreram mata adentro. Muitos
membros dessas empreitadas pagaram com a própria vida a ousadia, pois
quase todas se perderam, vítimas dos índios ou da própria natureza. Essas
expedições assumiam diversas formas, dentre as quais destacaram-se as
bandeiras paulistas, que tinham como objetivo a captura de índios. Foram
esses aventureiros que encontraram o ouro mineiro na região das cidades
históricas de Minas Gerais. Começou, então, a corrida ao ouro brasileiro, que,
durante um século, ocuparia o centro nervoso da economia. A repercussão da
descoberta do metal ocasionou um movimento migratório inédito para o Brasil,
alterando o perfil populacional, sobretudo pelo surgimento de uma camada
média na escala social.
“Não se pode ignorar que a produção aurífera conheceu novas modalidades de
trabalho escravo em virtude de sua organização geral. Diferentemente do ciclo
econômico anterior, alguns escravos gozavam de uma posição diferenciada na
economia mineira, com maior mobilidade social. Podiam mesmo chegar a se
estabelecer por conta própria, trabalhando por quotas e acumulando o
suficiente para adquirir a própria liberdade. Essas diferenças sociais atingiam
os homens livres também” (Pág 41)
2.4 ENTRAVES À CONSOLIDAÇÃO DO CAPITALISMO
Um dos nódulos mais significativos no desenvolvimento da sociedade
capitalista é a formação do mercado interno. A economia colonial do Brasil, na
fase açucareira, era orientada apenas para o mercado externo. As exportações
de açúcar geraram um enorme afluxo de receitas em direção à colônia, mas a
riqueza obtida acabou sendo despendida com importações, ou seja, retornou
às economias centrais, enriquecendo um seleto grupo de colonizadores e
comerciantes. A economia brasileira não logrou frutos substantivos que fossem
responsáveis por inaugurar uma nova era. Ao contrário, entrou e saiu dos
ciclos econômicos da era colonial com a marca de uma economia subordinada
aos centros hegemônicos do capital.
No século XIX chega a família real ao Brasil, fugindo das guerras napoleônicas.
Mesmo podendo-se registrar algumas modificações na colônia, nada realmente
diferenciado do que descrevemos até aqui ocorreu. Ao contrário, o Brasil
firmou-se definitivamente como dominação inglesa intermediada pelos
portugueses, afastando-se de uma economia capitalista dinâmica.
As relações arcaicas de produção e comercialização que procediam da
organização do sistema produtivo brasileiro emperravam as leis da acumulação
capitalista. No Brasil, bem como nas demais colônias, a evolução do
capitalismo não foi acompanhada de um período de ideias iluministas, que
gerasse pensamentos humanistas, mesmo que utópicos, para formar o cidadão
consciente e uma comunidade democrática.
Capítulo 3 – A economia cafeeira
3.1 O COMERCIANTE DE CAFÉ E O CRÉDITO AGRÍCOLA
Durante um período extenso do século XIX, a economia cafeeira se sustentou
sob o trabalho escravo, e no mecanismo de financiamento da produção nas
lavouras de café.
“Um conjunto de circunstâncias a cercar o mecanismo de comercialização e
financiamento da lavoura de café, no início do século XX, transparece da leitura
do trecho anteriormente citado, escrito em 1923. Em particular, deve ser
destacada a ênfase no relacionamento entre o comerciante e o fazendeiro: não
se tratava simplesmente de uma intermediação comercial, e sim de uma
relação complexa na qual a função financiadora do primeiro adquiria relevo
essencial. Cabia ao comerciante a função de prover ao fazendeiro os recursos
necessários para a formação da lavoura e para o trato do cafezal e a colheita
do café. Em outras palavras, cabia ao comerciante fornecer os recursos para a
formação do capital fixo e de giro da produção. Era o comerciante, pois, o
“banqueiro” da lavoura.” (Pág – 64)
3.2 ESGOTAMENTO DO SISTEMA DE FINANCIAMENTO DA ECONOMIA
CAFEEIRA
O sistema creditício revelava-se flexível e adequado ao fazendo por ser
informal. Se por acaso a colheita fosse pequena, ou se baixassem as cotações
do café no mercado internacional e os preços no mercado interno, o
pagamento do empréstimo era muitas vezes postergado. As vantagens que um
sistema de crédito como esse proporcionava tanto ao comissário quanto ao
fazendeiro eram evidentes. A este último, em particular, era altamente
favorável: tinha acesso ao crédito de que necessitava a juros razoáveis e ainda
contava com flexibilidade em períodos de aperto financeiro. Ao comissário, por
sua vez, mesmo não auferindo lucros no repasse, cabia a vantagem de
assegurar para si a colheita do fazendeiro, cuja comercialização lhe
proporcionava os lucros da sua atividade. O ponto fraco do sistema estava, a
par de suas vantagens, precisamente no caráter pessoal do crédito: com a
expansão da lavoura e o consequente aumento do volume de negócios, as
somas emprestadas cresceram e passaram a exigir garantias mais sólidas.
A primeira etapa de formação do sistema capitalista no Brasil foi concluída, basicamente, logo
no fim da Primeira Guerra Mundial, em particular no Rio de Janeiro e em São Paulo.