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XI SIMPÓSIO DE AUTOMAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

16 a 19 de Agosto de 2015
CAMPINAS - SP

Redes Sinérgicas: Uma nova concepção tecnológica para a integração de


fibras ópticas e cabos condutores de energia elétrica
Carlos Alexandre M. Nascimento(1), Rivael S. Penze(2), Claudio Floridia(2), João B.
Rosolem(2), Claudio A. Hortencio(2), Danilo C. Dini(2), Elias K. Tomiyama(2)
CEMIG-D(1) Fundação CPqD(2)
Brasil
SUMÁRIO
Nos últimos 12 anos, a Cemig em parceria com o CPqD desenvolveu uma série de projetos no âmbito
do programa de P&D ANEEL na área de monitoramento de ativos usando tecnologia puramente
óptica. O emprego dessa tecnologia no setor elétrico é particularmente interessante, dentre outros
motivos, pela imunidade das fibras ópticas frente às interferências eletromagnéticas, capacidade de
sensoriamento por meio da multiplexação de vários sensores em uma única fibra, fabricação de
sensores de dimensões reduzidas, possibilidade de medidas não invasivas, e o baixo custo para
monitoração de grandes extensões de redes e, além disso, permitir diversos canais em banda larga com
baixas perdas para transmissão entre instalações e equipamentos.
Assim, aliando o ganho de conhecimento nos projetos de P&D ANEEL com sua atividade fim no setor
de eletricidade, a Cemig vislumbrou a possibilidade de uma sinergia entre as redes elétricas e de
telecomunicações, nascendo assim o conceito de “Redes Sinérgicas”, ou seja, redes que integram as
funções da fibra óptica usada para telecomunicações e sensoriamento com os elementos condutores de
energia elétrica em uma mesma plataforma, onde estes elementos são cooperativos entre si. Para a
aplicação prática de engenharia deste conceito são requeridos novos acessórios de interface e
configurações de projeto, construção, manutenção e operação para as redes de eletricidade e de
telecomunicações, uma vez que, essas duas funções seriam constituídas por meio de um único
elemento físico, o “Condutor Sinérgico”, que em escala industrial poderá revolucionar os setores
elétrico e de telecomunicações, marcando uma ruptura tecnológica por meio das Redes Inteligentes
com o uso intensivo da tecnologia de fibras ópticas.
Dentro do planejamento estratégico de como seriam as redes de energia elétrica e telecomunicações no
horizonte de 20 anos, a engenharia da Cemig projeta que, além da energia elétrica, o acesso a Internet
de barda larga será um insumo básico e fundamental para diversos ramos econômicos e principalmente
para o ser humano. Posto isso, o conceito das “Redes Sinérgicas” permitiria a universalização desse
serviço ao disponibilizar a infraestrutura necessária de acesso a Internet em regiões remotas, porém
assistidas pelo serviço de eletricidade, que nos dias atuais já apresenta grande penetração no país. Já
para o setor elétrico são previstas grandes mudanças com o monitoramento de parâmetros elétricos e
mecânicos dos ativos desde a geração até a residência dos consumidores, além da interligação física de
todos os sistemas de supervisão e controle em uma única base de dados.
O objetivo deste artigo é apresentar a visão tecnológica idealizada pela Cemig e pelo CPqD,
denominada de “Redes Sinérgicas” para a integração de fibras ópticas e cabos condutores de energia
elétrica por meio da apresentação de um exemplo de aplicação.
PALAVRAS CHAVE
Redes Sinérgicas, Redes de Energia, Rede Óptica, Redes de Telecomunicações, Fibra Óptica,
Monitoramento de Ativos, Banda Larga, Smart Grid.

caxandre@cemig.com.br
1. Introdução
Grande parte da população mundial vive atualmente em grandes centros, com acesso contínuo a serviços
públicos essenciais, fundamentais para o conforto e a qualidade de vida das pessoas. A energia elétrica bem
como os serviços de telecomunicações são fatores fundamentais para o desenvolvimento e a qualidade de vida
das sociedades.
Em um mundo globalizado e altamente competitivo, esses serviços representam um diferencial estratégico e de
desenvolvimento, sobretudo em inovações tecnológicas. Muitas vezes as pessoas não se dão conta de que, para
existir o conforto e a qualidade de vida nas casas, no trabalho e na comunidade, esses serviços tem que percorrer
um longo trajeto, e estão susceptíveis a falhas, vandalismo, entre outros fatores. A falta de planejamento
integrado, em relação ao compartilhamento das infraestruturas do setor de telecomunicações e de energia, aliada
a falta de manutenção e sinergia entre os técnicos desses setores distintos, nas áreas urbanas, podem trazer riscos
à integridade das pessoas, além de prover serviços de baixa qualidade aos usuários do sistema.
Os emaranhados de cabos nas redes de distribuição de energia e de telecomunicações, conforme podemos
observar nas
Figura 1 (a), (b) e (c), pertencentes ao modelo tradicional de fiação aérea, depõe contra aspecto físico e visual,
vez que geram prejuízo técnico e estético por conta da poluição visual, e dificultam o acesso aos postes para a
realização de intervenções operativos ou de manutenção.
Uma vez que essas redes aéreas em países em desenvolvimento são essenciais no provimento de serviços,
entende-se que a gestão adequada e sinérgica destas redes, possibilita garantir a qualidade no fornecimento de
energia e de serviços de telecomunicações, permitindo assim uma melhor supervisão e controle da infraestrutura.

Figura 1 - Exemplo de redes aéreas de energia e telecomunicações atualmente instaladas nos grandes centros
Neste sentido, a proposta deste projeto vem de encontro à quebra de paradigma, onde, a rede de
telecomunicações e energia não mais operam de forma independente e sim compartilham uma infraestrutura
única e sinérgica, onde, trocam informações para prover serviços com mais qualidade. Além disso, o advento da
rede sinérgica permitiria a universalização desse serviço ao disponibilizar a infraestrutura necessária de acesso a
Internet em regiões remotas, porém assistidas pelo serviço de eletricidade, visto que, as redes de transmissão e de
distribuição de energia elétrica apresentam um alto grau de penetração em residências de qualquer natureza. Esta
capilaridade pode ser evidenciada de um ponto de vista macro, considerando-se a penetração por meio do
segmento de média e baixa tensão, em um ambiente residencial, comercial ou industrial, e por estarem
distribuídos em todas as classes econômicas e sociais, pode-se dizer que os usuários que têm acesso à
eletricidade são bastante diversificados o que permitiria oferecer serviços diferenciados.
Em meio a essas propostas de transformações, e modernização da infraestrutura de rede, vislumbramos novos
modelos de negócio para as empresas do setor elétrico, bem como, o estimulo a competição entre as empresas de
telecomunicações, onde quem sai ganhando são os usuários do sistema com serviços mais especializados e
modernos independentes se os mesmos estejam nos grandes centros ou áreas remotas.
Na literatura são encontradas referências para este tipo de aplicação principalmente na China. Em 2009, a State
Grid Corporation da China (SGCC), maior operadora de rede de energia da China, revelou um plano para
construir uma "rede robusta e inteligente", em três etapas: por meio de uma fase de planejamento e piloto, uma

2
fase de construção e, finalmente, uma fase de melhoria e de refino [1] - [4]. De acordo com os planos da SGCC,
a construção de uma rede de energia de ultra-alta tensão e uma rede de distribuição urbana e rural seria concluída
em 2020. A PFTTH (Power Fiber to the Home) seria um suporte para a construção de Smart Grid que pode ser
integrada com as redes de telecomunicações, redes de TV a cabo, e as redes de internet por meio da PFTTH. Em
2012 as companhias State Grid e China Telecom assinaram um acordo de investimentos em redes de fibra óptica
superior a 150 bilhões até 2015. As duas empresas têm o objetivo de cooperar na área de Smart Grid e
comunicações tendo como ponto focal construir uma rede óptica de assinantes que leve também energia junto.
PFTTH significa levar fibra óptica junto ou dentro de um cabo de baixa voltagem e, portanto acessar medidores
elétricos em cada residência. Junto com a tecnologia xPON (Passive Optical Network) PFTTH trará dados de
energia elétrica, interação nas duas direções no controle do consumo de energia e serviços “triple play”. Com a
aplicação do OPLC (OPtical fiber composite Low voltage Cable), PFTTH integrará as indústrias de eletricidade
e de comunicação para garantir o fornecimento de energia e a informatização da última milha da distribuição de
energia elétrica. Já de acordo com [3] o terminal de comunicações da rede de acesso irá atender todos os serviços
necessários, o medidor do usuário, terminal de comunicação interna, o veículo elétrico que carrega estações e
locais de energia distribuídas, etc. Este terminal é para 10 kV e 0,4 kV.

2. Rede Sinérgica
O conceito de "Rede Sinérgica" foi derivado do significado da palavra "Sinergia", isto é, quando se tem a
associação concomitante de vários dispositivos executores de determinadas funções que contribuem para uma
ação coordenada, ou seja, o somatório de esforços em prol do mesmo fim. O conceito de redes sinérgicas
encaixa-se dentro da visão do Smart Grid. A fibra óptica é o melhor meio de transmissão para atingir os
requisitos de comunicação do Smart Grid, mas, no conceito de redes sinérgicas, a fibra óptica pode trazer muitos
outros benefícios. Basicamente tem-se uma rede sinérgica a partir de um condutor metálico com fibras ópticas
construídas em uma estrutura física única, para conjuntamente conduzir a energia elétrica e transmitir voz,
dados, vídeos em banda larga. Não diferente de outras áreas, para a evolução das tecnologias do setor de energia
e de telecomunicações, inovações são requeridas e são fundamentais que ocorram acelerando a materialização
desse novo produto para a sociedade.
Dessa forma, a motivação central para o desenvolvimento do conceito “Redes Sinérgicas” está diretamente
interligada nos usuários das redes do futuro. A rede sinérgica surge como uma nova visão tecnológica e de
ruptura por meio de um novo conceito para aplicação comitantemente nas empresas de energia e de
telecomunicações, que pode atingir uma sinergia muito elevada entre esses dois setores. Apesar de ser apenas um
conceito teórico, sua materialização em um futuro próximo poderá ser um marco histórico para o
desenvolvimento tecnológico. A rede sinérgica é a rede com integração das funções da fibra óptica usada para
telecomunicações e sensoriamento com os elementos condutores de energia elétrica em uma mesma plataforma
onde estes elementos são cooperativos entre si. Em uma visão simplificada, mas ampla a rede sinérgica pode ser
modelada desde a geração até os consumidores residenciais, conforme mostra a Figura 2 quando aplicadas ao
setor elétrico.

Figura 2 - Visão geral sistema elétrico.

3
Quando aplicada ao setor de telecomunicações o conceito de rede sinérgica possibilita uma visão de um novo
modelo de negocio para o setor elétrico, onde, as empresas de telecomunicações solicitariam a fibra óptica do
cabo sinérgico ou até mesmos um determinado canal para prover seus serviços conforme podemos ver na Figura
3.
B
Rede
Metropolitana
A
Central
Rede primária

Rede Acesso

Figura 3 - Visão geral sistema de telecomunicações.


Com a introdução da rede sinérgica grandes mudanças são previstas a ocorrer no setor elétrico com o
monitoramento de parâmetros elétricos e mecânicos dos ativos, desde a geração até a residência dos
consumidores, além da interligação física de todos os sistemas de supervisão e controle em uma única base de
dados, já no setor de telecomunicações além da competitividade a rede pode chegar a locais mais remotos para
prover serviços diferenciados de acordo com o perfil do usuário. Outra mudança de ruptura tecnológica será
substituir diversas redes wireless, onde as redes sinérgicas forem sendo implantadas. Isso promoverá o uso das
redes wireless para um conceito de última polegada, isto é, as redes wireless estarão disponíveis em diversos nós
das redes sinérgicas, mas com muito pouco alcance, um alcance máximo estimado de até poucas centenas de
metros.

2.1. Topologias Rede Sinérgica


As topologias existentes na camada elétrica e óptica foram avaliadas identificando-se algumas configurações que
permitem grande sinergia de estruturas. Para demonstrar a sinergia existente fazemos referência à Figura 4(a),
onde uma topologia simplificada de rede elétrica é ilustrada desde a subestação (SE) até o domicílio do cliente.
Uma SE atende de 50 a 100 trafos e cada trafo cerca de 100 domicílios. Nesta figura indicamos as três fases A, B
e C da rede de média tensão (13,8 kV) e os trafos correspondentes. Para um dos trafos, indicamos as ligações do
Neutro (N) que vão a todos os domicílios. Esta é uma simplificação esquemática, que, entretanto, poderia ser
adotada vista a capilaridade do Neutro. Ainda nesta figura observa-se que a rede elétrica suposta é tipo
barramento com cada domicílio sendo ligado a uma linha central destas.

Figura 4 - Rede elétrica de distribuição (a), rede óptica (PON) com splitter distribuído (b).
Com base na rede elétrica da Figura 4, podemos considerar uma topologia óptica como a da Figura 4(b). Esta
rede consistiria em um “paralelo” óptico da rede elétrica. Da SE sairia um cabo com N fibras e na SE existiriam
N-OLTs (Optical Line Terminator). Cada OLT atenderia um trafo e seus cerca de 100 domicílios. É importante
notar que este número de 100 domicílios é da mesma ordem de grandeza que as redes ópticas PON (Passive
Optical Network) normatizadas previstas para atender 32, 64 ou 128 domicílios. Em cada trafo, deve existir um
elemento para a transição da média tensão (13,8 kV) para a baixa tensão (110V/220V). A rede óptica
representada nesta figura, entretanto, tem uma característica especial. A divisão óptica do sinal não ocorre em
poucas unidades divisoras (Splitters), mas em divisores ópticos distribuídos de razão variável e nos pontos
4
coincidentes às derivações elétricas. Isso, entretanto, corresponde a um grau de complexidade maior para o
projeto da rede óptica além de requerer dispositivos especialmente desenhados.
Na Figura 5 ilustra a topologia sinérgica relativa às Figura 4(a) e Figura 4(b). Esta seria a primeira proposta de
topologia sinérgica e, portanto é denominada de ‘Proposta 1’. Pode-se observar que neste caso na SE existiriam
N OLTs com uma fibra óptica por “ramo”. Os splitters ópticos seriam distribuídos de razões variáveis e
coincidentes com as derivações elétricas. O elemento de transição óptico da média tensão (13,8 kV) para a baixa
tensão (110V/220V) estaria localizado no trafo ou em sua proximidade. Na Figura 4, apenas o ramo de uma
única OLT está indicado.
A
SE
B
N-OLT
C

... 50 a 100 trafos


A

~ 100 domicílios

Figura 5 - Rede Sinérgica: Proposta 1


A topologia da rede elétrica ilustrada na Figura 4(a) não é totalmente realística nas estruturas hoje existentes. De
fato a distribuição tipo “barramento" apresentado não é comum. O usual é a distribuição conforme a Figura 6(a),
que poderíamos descrever como “semi-estrela”. Novamente na Figura 4 ilustramos apenas as ligações do neutro
N que interliga todos os domicílios, por definição. Claramente as fases (uma ou duas) também são ligadas,
porém, não a todas as residências.

Figura 6 - Segundo caso de rede elétrica de distribuição (a) e rede óptica (PON) com splitter semi-distribuído (b).
Para termos um paralelo óptico da rede elétrica ilustrada na Figura 6(a), a estrutura óptica deve ser alterada
conforme a Figura 6(b). A alteração ocorre a partir do elemento de transição óptico da média tensão (13,8 kV)
para a baixa tensão (110V/220V). Neste caso deve-se usar splitters ópticos em configuração semi-distribuída e
de número variável de derivações e razões, ou seja, um elemento óptico incomum que deve ter sua viabilidade
técnica estudada para definir sua possibilidade de fabricação e custo. Eventualmente podem-se usar o
cascateamento de splitters existentes e adequados a fim de obter o número de portas e razões de acoplamento
requeridos.
Na Figura 7 ilustramos a topologia sinérgica relativa às Figura 6(a) e Figura 6(b). Constituindo a segunda
proposta de topologia sinérgica e, portanto, é denominada de ‘Proposta 2’. Pode-se observar que ainda neste caso
existiriam N OLTs na SE com uma fibra óptica por “ramo”. Os splitters ópticos seriam semi-distribuídos de
razões e número de portas variáveis e coincidentes com as derivações elétricas. O elemento de transição óptico
da média tensão (13,8 kV) para a baixa tensão (110V/220V) estaria ainda localizado no trafo ou em sua
proximidade. Na Figura 7, apenas o ramo de uma única OLT está indicado. Gostaríamos de enfatizar novamente
que os splitters ópticos necessários devem ser produzidos para este fim com número de portas e razões de
acoplamento variáveis o que por si só torna a sua produção mais dispendiosa, a não ser que se usem splitters

5
ópticos comuns com razões definidas (por exemplo, acopladores 1 para 2 com razões 1/99, 5/95, 10/90, 50/50,
etc.) e o seu cascateamento gere as necessidades reportadas na fase do projeto da rede sinérgica desejada.
A
SE B
C
...
50 a 100 trafos
A C
N

~ 100 domicílios

Figura 7 - Rede Sinérgica: Proposta 2.


Uma terceira proposta de rede óptica que evita os problemas de uso de splitters ópticos não convencionais está
ilustrada na Figura 8(a). Esta rede óptica é uma rede óptica PON convencional. Apenas um splitter divide o sinal
da OLT em diversos ramos ópticos para atender 32, 64 ou até 128 domicílios. Na Figura 8(b) a topologia de rede
sinérgica correspondente é mostrada e identificada como “proposta 3”. Nesta proposta o splitter óptico ficaria
alojado no trafo ou em sua proximidade e uma fibra óptica do cabo iria para cada um dos assinantes. Neste caso,
talvez, as fases e o neutro devam ser usados em conjunto já que serão necessárias, p.ex: 128 fibras que poderiam
estar divididas em três cabos de 48 fibras nas fases e no neutro para totalizar (e superar) o valor de 128
assinantes.

Figura 8 - Rede óptica (PON) “tradicional” (a) e rede sinérgica: proposta 3 (b).
Uma variante desta abordagem é o uso de diversos splitters conhecidos, por exemplo, um de (1x2) e dois de
1x64 ou até 1x2 e 4 de 1x32. Deste modo tem-se maior flexibilidade de instalação a depender da estrutura física
do bairro ou localidade a ser atendida. Neste caso a localização dos splitters pode ser escolhida adequadamente
no projeto. Por exemplo, a primeira ramificação de 1x2 pode estar localizada no trafo e as subdivisões em
entradas de condomínios ou prédios, sala de medidores, etc.

2.2. “Case” de Rede Sinérgica


Em função desse novo conceito revolucionário que surge como ruptura tecnologia vislumbrou -se um case, onde,
o objetivo foi de verificar apenas uma simples proposta de mudança na infraestrutura de distribuição de energia
elétrica, para prover serviços sinérgicos. Vale ressaltar que tal “case” visa apenas demonstrar a viabilidade do
conceito de rede sinérgica, visto que tal conceito tem impactos, tanto na área de geração, transmissão,
distribuição como no setor de telecomunicações e de sistemas. Neste “case”, a ideia central é a partir de uma
área fictícia, conforme podemos observar na Figura 9, prover propostas de mudanças na infraestrutura, com
intuito de se obter uma rede sinérgica. Nesta rede projetada, temos os cabos de média e baixa tensão e 6
transformadores, sendo que em todos os postes há uma caixa de atendimento que é responsável por levar os
serviços de energia elétrica e telecomunicações até o usuário.

6
DET-00

Fase - A

Fase - B

Fase - C
DET-00
Rua Belo Horizonte

1 1 30 1 32

2 2 2
29 31
3 3 3
28 30
4 4 4
27 29
5 5 5

aná

goas
26 28
6

ará
6 6
25 27

Rua Par
7 7 7

Rua Ce
Rua Ala
24 26
8 8 8
23 25 Escala 1/1000
9 9 9
DET-02
10 22 24
10 10
DET-02 21 23
11 11 11
20 22
12 12 12
19
21
13 13
18 20 8 7
14 13 6 5 4 3 2 1
14
19 1 2 3
14 15 4 5 6 7
16 17 8
15 16 9 10 11
12 13 14 15 16
17
18 3
DET-01
Rua Mato 2
1
Grosso DET-01
Rua Goias DET-01
1 2

57 56 30 29 28 27 26
55 54 9 8 7 6 25
5 4 3 2 24
57 56 30 29 28 27 26
3 25 27
55 54 24 28
1 29
4 31
53 23
aná

5 2 1 32
52 53 22 31
23 26
3 33 32
Rua Par

21 22 25
34 33
20 21 24
35 34
19 20 23
36 35
18 19 22
37 36 21
17 18
38 37
16 17 20
39 38
15 16 19
40 39 DET-02
14 15 18

ará
41 40
13 14 17
42 41

Rua Ce
12 13 16
43 42
11 12 15
44 DET-02 43
10 11 14
45 44 13
9 10
46 45
8 9 12
47 46 11

goas
7 8
DET-02 48 47
6 7 10
49 48

Rua Ala
9
Rua Par

raná
5 6
50 49
4 5 8
51 50

Rua Pa
3 4 7
52 51
3 2 3 6
aná

52 53 53 52
5 2 1 1 2 5

4 53 53 4
1 1
55 54 54 55
3 57 56 56 57 3
55 54 54 55
57 56 56 57

1 2 2 1

Grosso Rua Mato


Rua Mato Grosso
18 18
17 17
15 16 16 15
16 17 17 16
14 15 19 19 15 14
14 13 14 14 13 14
18 20 20 18
13 13 13 13
21 21
12 19 12 12 19 12
12 12
20 22 22 20
11 11 11 11 11 DET-02 11
DET-02 21 23 23 21
10 10 10 10
Rua Ala

goas
10 10
Rua Cea

ará

22 24 24 DET-02 22
Ru a Par

á
9 DET-02 9 9 9

Rua Paran
9 9
23 25 25 23
Rua Ce

Rua Ala
8 8 8 8 8 8
24 26 26 24
7 7 7 7 7 7
goas

25 27 27 25

aná

6 6 6 6 6 6
26 28 28 26
5 5 5 5 5 5
27 29 29 27
4 4 4 4 4 4
28 30 30 28
3 3 3 3 3 3
29 31 31 29
2 2 2 2 2 2

1 1 30 1 32 32 1 30 1 1

Rua Belo Horizonte Rua Belo Horizonte

Figura 9 - Visão geral rede sinérgica.


A ideia básica foi manter toda infraestrutura que dá suporte à rede de distribuição de energia elétrica. A esta
infraestrutura que é composta pelos postes, transformadores, medidores, chaves entre outros componentes
passiveis de monitoração, foi adicionado o cabo sinérgico conforme podemos observar na Figura 10. A partir da
subestação de distribuição as redes de energia elétrica e da rede de telecomunicações foram agrupadas em um
cabo sinérgico, que tem a função de levar a energia elétrica e os serviços de telecomunicações (voz, dados e
vídeo) até os equipamentos de manobras e usuários finais.
DET-00
Fase - A

Fase - C
Fase - B

Sala de telecom
Trafo-subestação
DET-00

Figura 10 - Inicio da rede sinérgica na subestação de distribuição.


Uma das características da rede sinérgica é o compartilhamento das informações entre a rede de energia e
telecomunicações, conforme podemos observar nas Figura 11 e Figura 12.
A Figura 11 apresenta uma visão esquemática da rede de energia elétrica mostrando, a partir da subestação, os
níveis de média e baixa tensão, bem como os transformadores atendidos pela rede sinérgica. Os cabos sinérgicos
também são mostrados nesta figura.

7
Fase - C
Fase - B
Fase - A

Fase - C
Fase - B
Fase - A
Fase - C
Fase - B
Fase - A

Neutro

Figura 11 - Visão geral da rede de média e baixa tensão com os cabos sinérgicos.
Já a Figura 12 apresenta uma visão esquemática da rede de telecomunicações desde a subestação passando pela
rede de média tensão até o transformador da rede de energia elétrica que é o pondo de transição entre a rede
media tensão com a de baixa tensão, de onde saem também cabos sinérgicos para atendimento aos usuários. Vale
ressaltar que os usuários da rede podem ser tantos usuários finais de serviços de energia e telecomunicações
como também equipamentos da rede de energia, smart grid, rede de sensores entre outras aplicações que utilizam
a rede sinérgica para envio ou troca de informações e serviços.

REDE METROPOLITANA
Fase - C
Fase - B
Fase - A

Fase - C
Fase - B
Fase - A

N eut ro
OLT
Router Router CABO SINERGICO FASE A
TRAFO-01

Splitter
F-01

Fase - C
Fase - B
Fase - A
TRAFO-02

Neutro
F-02

CABO SINERGICO FASE B


TRAFO-03

F-01
Splitter
Switch Fase - C
Fase - B
Fase - A
TRAFO-04

Neutro

F-02

CABO SINERGICO FASE C


TRAFO-05

F-01

Splitter
TRAFO-06

F-02
Fase - C
Fase - B
Fase - A

Neut ro

SUBESTAÇÃO

Figura 12 - Visão geral da rede de telecomunicações com os cabos sinérgicos.


Toda essa rede sinérgica esta baseada no uso de cabo OPLC (Optical Fiber Composite Low-voltage Cable)
conforme podemos observar Figura 13 que é um cabo hibrido composto por fibras ópticas que proveem os
serviços de telecomunicações, smart grid, monitoramento entre outros serviços além de um condutor de alumínio
que provê o serviço de energia elétrica. Em nosso cenário projetamos o uso do cabo OPLC de acordo com o
formato da Figura 13 (a) para a média tensão e para o atendimento do usuário, o cabo mostrado na Figura 13 (b).
Condutor de alumínio

Fibras ópticas
(a) (b)
Figura 13 - Cabos da rede elétrica com fibras ópticas
Acreditamos que utilizando esses formatos de cabo pode-se construir uma rede sinérgica de forma mais rápida,
pois, os elementos de transição entre rede são aparentemente simples o que possibilita um suporte técnico para
construção de redes inteligentes (Smart Grids) entre outras. Ademais, cabos híbridos que combinam cabos
ópticos e cabos alimentadores de cobre são muito atraentes devido a suas capacidades de transmissão de sinal
8
pelas fibras e capacidade de transmissão de energia da unidade de cobre, possibilitando a construção de redes
FTTH (Fiber to the Home) e construção de linha de distribuição de energia de baixa tensão por uma única
instalação. O cabo do tipo OPLC já se encontra em processo utilização pela China State Grid como solução de
construção de redes inteligentes. De qualquer forma, o aspecto construtivo dos cabos sinérgicos está
complemente aberta para diversos formatos e configurações, que de fato, irá proporcionar grandes inovações
previstas para o futuro próximo na topologia das redes sinérgicas. Uma grande inovação prevista seria
desenvolver um dispositivo de conexão conjunta, das fibras ópticas e dos fios metálicos, em um único
dispositivo.

3. Conclusão
O artigo apresentou uma nova visão tecnológica e de ruptura por meio de um novo conceito para aplicação nas
empresas de energia e de telecomunicações na qual a rede de telecomunicações e energia não mais operam de
forma independente e sim compartilham uma infraestrutura única e sinérgica, para prover serviços com mais
qualidade. Esta nova rede foi denominada “Rede Sinérgica”. Neste artigo foram apresentadas topologias
possíveis para esta rede bem como um “case” de rede sinérgica. Além do aspecto econômico resultante da
sinergia, outro importante aspecto a ser considerado é o apelo social relacionado, que pode ser atendido com a
possibilidade de fornecer serviços de telecomunicações por meio da rede sinérgica, devido à penetração e a
capilaridade da rede de energia elétrica. Este fato possibilita levar serviços de voz, dados e vídeos em áreas
remotas suprindo uma lacuna, promovida pelo desinteresse econômico das grandes operadoras de
telecomunicações. Neste sentido, a rede sinérgica, possibilita em um espaço de tempo curto, o acesso a serviços
básicos de telecomunicações que poderá ser disponibilizado, rapidamente, em locais onde as redes de acesso
necessitem de expansão, viabilizando, com isso, a inclusão digital nestas localidades. Além disso, a rede
sinérgica pode estimular à competição entre as operadoras de telecomunicações, pois, devido à redução dos
investimentos necessários para compor a infraestrutura e à rapidez na implementação, a rede sinérgica permite
que novos operadores possam, rapidamente, estender a área de cobertura, estabelecendo uma oferta de serviços
em áreas antes não atendidas, aumentando as possibilidades de acesso e favorecendo os consumidores,
independentemente da classe social. Já em termos de capacitação de mão de obra, a rede sinérgica possibilitará o
desenvolvimento humano de mão de obra mais especializada. Para as empresas de distribuição de energia
elétrica o novo conceito de “Redes Sinérgicas” muda radicalmente a forma de planejar, projetar, operar e prover
manutenção nos ativos, e principalmente na forma de comercialização dos serviços junto aos clientes, com
resultado empresarial e social gigantesco, em escala ainda intangível pelos ganhos possíveis, proporcionado por
esse novo contexto tecnológico.
Outra mudança de ruptura tecnológica será substituir diversas redes wireless, onde as redes sinérgicas forem
sendo implantadas. Isso promoverá o uso das redes wireless para um conceito de última polegada, isto é, as redes
wireless estarão disponíveis em diversos nós das redes sinérgicas, mas com muito pouco alcance, um alcance
máximo estimado de até poucas centenas de metros.

BIBLIOGRAFIA
[1] HTGD home page, “Smarter Grid Neworks”, disponível em http://www.htgd.com.cn/en/2-2-2.htm
[2] Xie Shu-Hong, Zhang Jian-Min, Li Xin-Jian and Yang Ri-Sheng, “Study of the Power Fiber to the Home
Technologies Based on the OPLC Cable”, Procedings of the 60th IWCS Conference, 2011.
[3] Liu Jianming; Wang Jiye; Fan Pengzhan; Zhuang Zichao, "Application of PFTTH in Smart Grid,"
Procedings of the Advanced Communication Technology (ICACT), 2011 13th International Conference on,
pp.389 - 392, 13-16 Feb. 2011.
[4] Jicong Bao, Xinxia Qiao, Ziming Qian, “The Application of Optical Fiber Composite Low-Voltage Cable
(OPLC) in Smart Grid of China”, Procedings of the 8th International Conference on Insulated Power Cables, 19
– 23 June 2011, Versailles – France.

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