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RELATÓRIO FINAL
CPF: 461.442.088-52
Matrícula: 112667
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SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 03
3.2 Jovens nas Redes Sociais: acompanhamento das páginas no Face book ...........30
V. REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 70
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I. INTRODUÇÃO
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A sociedade brasileira vivencia um momento de indignação com as inúmeras denúncias e
exploração por parte da mídia, sobre a corrupção, a violência e a desigualdade social. As ruas tem
sido palco de várias manifestações que trazem pautas importantes como as anteriores, mas também
outras que expressam o acirramento de preconceitos e posições extremamente conservadoras.
O acirramento de posições desfocam o campo da política oportunizando diferentes
expressões contraditórias no campo dos direitos sociais e políticos. As imagens a seguir, refletem
posicionamentos que estão no contexto das diferentes manifestações presentes nas ruas e nas redes
de comunicação, que expressam a ideologia que perpassam parcela destes jovens.
Fonte:http://www.camara.gov.br/internet/banco
imagem/banco/img201312041134294166957MED.jpg Acesso em 20/05/2017
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Fonte:http://s2.glbimg.com/NFOLcVjsrnO-77cQNYSWz2vaay4=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/
original/2017/02/04/dsc0097.jpg. Acesso em 20/05/2017
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Com um cenário histórico de crise de hegemonia das esquerdas e dos projetos socialistas
(séc. XX), o conservadorismo conseguiu se reatualizar, com atitudes autoritárias, discriminatórias e
irracionalistas baseado na hierarquia, na moral tradicional, na ordem e autoridade. Esta
reatualização, denominada neoconservadorismo tem sido reforçada cada vez mais entre os jovens e
é este fenômeno que temos a intencionalidade de conhecer com essa Iniciação Científica.
Acreditamos que o cenário político apontado como um governo "comunista" (Governos do
PT – 2002-2016), a crise econômica como culpa do Partido dos Trabalhadores -PT e os escândalos
de corrupção contribuíram para a descredibilidade da população na política, possibilitando assim, o
avanço do conservadorismo como uma solução para a "falha da esquerda" no desenvolvimento do
país. Nesta empreitada em derrubar o governo até então "comunista", diversas instâncias da
sociedade foram mobilizadas para protestar contra a Presidente Dilma e a propagada hegemonia do
PT.
Durante esse processo de manifestações e indignações populares, a Presidente Dilma (2014-
2016) foi destituída do cargo (2016), oportunidade ideal para a “direita” que nesse período
conseguiu se aproximar e mobilizar a população e disseminar o discurso anticorrupção e apresentar
pautas políticas ligadas ao reformismo como solução para os problemas sociais.
Portanto, diante de um contexto histórico-social de intensos acontecimentos, distorções
políticas, golpes, população dividida, disseminação dos discursos de ódio, descrédito na política e
manipulações, muitos jovens se aproximaram de uma pauta política fortemente marcada pelo
neoconservadorismo.
Com este conjunto de reflexões, essa Iniciação Científica tem como objetivo geral verificar
como se configura o (neo)conservadorismo na sociedade atual e seus rebatimentos em jovens.
Dentre os específicos, conhecer como se configura o neoconservadorismo na sociedade atual e
verificar a perspectiva conservadora que marcam diferentes posições de jovens na sociedade atual.
Consideramos essa discussão importante para entender como é absorvida essa ideologia por
jovens e como, por meio dela, os jovens agem na sociedade. Objetivamos contribuir, como jovem e
em formação em Serviço Social, a compreensão de como esse pensamento se forma, é absorvido e
propagado, ampliando os riscos à democracia no país e a destituição de direitos arduamente
conquistados.
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II. PERCURSO METODOLÓGICO
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interatividade e comunicação são facilitadas por meio do WhatSapp. Estas redes sociais dividem-se
em entretenimento, relacionamento, informação, negócios e etc.
Deste modo, a rede social mais acessada no mundo, o Facebook, possui todas essas
funcionalidades que inclusive se assemelha aos recursos que os blogs costumam oferecer. A partir
dessas concepções, identificamos que a maior dificuldade de realizar pesquisas em blogs, é que
estes não estão sendo atualizados na mesma medida quanto as redes sociais, há aqueles que ainda o
prefiram, porém, no mundo virtual já é tido como uma ferramenta digital ultrapassada.
Em contrapartida, a vantagem de realizar pesquisa nos blogs corresponde a maior qualidade
dos artigos disponibilizados e o teor formal dos debates. Com todos os limites possíveis, podemos
afirmar que o facebook é o novo "blog" da atualidade, pois além de contar com mais de 120
milhões de usuários somente no brasil, dispõe de características muito próximas dos blogs,
principalmente por também oferecer recursos que possibilitam fazer registros pessoais diários e
permitir a interatividade coletiva.
A rede social digital "Face book” possui um grau de importância muito elevada por ter sido
protagonista na organização e mobilização das manifestações que iniciaram-se em 2013.
Deste modo, revelou-se um recurso essencial para organização dos movimentos sociais e no
aumento de páginas e grupos ligados a assuntos referentes à política, economia, mobilização,
denúncias, violências, tragédias mundiais, questões sociais/raciais e etc.
Estas temáticas são assuntos que fomentam os debates que cada vez mais são crescentes em
páginas e grupos do Facebook, como divulgado no site da própria empresa no ano de 2017. As
páginas ou as fanpages fazem parte de uma funcionalidade disponibilizada pelo Facebook, cuja
intenção é ser um canal de comunicação com grupos e fãs que se interessam em determinados
assuntos, pessoas, causas, personalidades, empresas e marcas, entretenimento, informação e
política, dentre outros. Este recurso permite que seus admiradores possam segui-los sem maiores
compromissos e o mesmo possa escolher que tipo de conteúdo acompanhar.
Nesta rede social as páginas são identificadas logo abaixo de sua nomeação e estas possuem
diferentes objetivos e assuntos em comum, além disso dentre as categorias que as páginas podem se
enquadrar existem as subcategorias, que são específicas aos interesses de seus criadores.
As páginas servem para distinguir os interesses do perfil pessoal para os interesses do
coletivo, pois, em perfis pessoais os limites de amigos não podem ultrapassar a cinco mil, enquanto
que nas páginas não há um tipo de limite estabelecido. Outra característica das páginas é a
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possibilidade de emissão de um relatório com os dados sobre os perfis dos que acompanham seu
conteúdo.
Nesta perspectiva, realizar acompanhamento em fanpage contribui para a reflexão dos
debates que os jovens constroem na rede social e esse acompanhamento será complexo, devido à
quantidade de conteúdo que uma fanpage dispõe, apenas em uma postagem de determinado assunto
ou pessoa pode-se alcançar mais de mil curtidas e comentários.
As páginas escolhidas para o acompanhamento se identificam como "Jovens de Direita" e
"Jovens de Esquerda". Uma possui mais de 300 mil seguidores e outra mais de 800 mil. Nestes
espaços as discussões costumam ser acaloradas, afinal trata-se de um ambiente em que os
seguidores e curtidores das páginas trocam informações, experiências, se identificam com as
postagens ou discordam, constroem suas opiniões, fortalecem e compartilham suas visões de
mundo.
Deste modo, investigamos a contribuição dessas páginas no avanço do neoconservadorismo
junto aos jovens e para isso, analisamos a estrutura, o sentido, a interação e o comportamento social
das publicações, curtidas, comentários e compartilhamentos das páginas selecionadas.
Este acompanhamento foi realizado por meio método de análise das categorias do CMDA,
com pautas diversificadas, sejam as consideradas conservadoras sejam as consideradas no campo do
avanço dos direitos.
Herring (2004 e 2013) defende que o estudo dos discursos on-line deve ser
realizado através de uma perspectiva que chama de CMDA - Computer
Mediated Discourse Analysis (Análise de Discurso Mediada pelo
Computador), cujo foco está na linguagem e na linguagem em uso no
ambiente on-line. A proposta foi construída pela autora como uma forma de
trazer a perspectiva linguística de estudo do discurso para o ambiente on-
line e que nos parece adequada para o estudo a que este trabalho se propõe.
(RECUERO, 2013, p. 243).
Com base nesses níveis da CMDA analisamos as publicações das duas páginas.
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e etc.
A partir dessas apreensões, analisamos sete publicações das páginas de acordo com os
seguintes indicadores: família, aborto, religião, identidade de gênero, movimentos sociais,
economia e política. A escolha dos temas refere-se aos assuntos muito debatidos na sociedade a
partir de 2013, início da polarização política e ideológica que acometeu o país. A escolha das
publicações foram realizadas a partir do ano de 2016 quando os debates e os posicionamentos sobre
os assuntos selecionados foram se intensificando nas redes sociais.
Embora haja fatores positivos em fazer pesquisa em redes sociais por ser atualmente uma
das formas principais de comunicação em massa segundo o IBGE, seu acesso ainda é limitado e
desigual em quase metade das residências brasileiras, que não possuem o acesso à internet. Outro
limite é que os usuários emitem opiniões e revelam certos comportamentos que nem sempre
representam o que de fato pensam e realizam em sua realidade, em outras palavras é construído uma
imagem virtual dos jovens nas redes sociais.
Contudo, as pesquisas nas redes não devem ser descartadas pelas possibilidades em analisar
os sujeitos que revelam ideias, atitudes e comportamentos individuais e coletivos sobre os mais
variados assuntos.
Outra etapa do estudo, consistiu na aplicação de um questionário para jovens estudantes do
campus Baixada Santista - questionário que ficou online, no período de 5 dias, na página do
Facebook “Unifespianos”, com seis perguntas para identificar o perfil dos estudantes da Unifesp
Campus Baixada Santista e onze questões fechadas com os temas: família, aborto, religião,
identidade de gênero e movimentos sociais. Deixamos no final do questionário uma questão em
aberto para os estudantes comentar, se assim o desejassem, algumas das questões. A utilização do
questionário online buscou dar a dimensão qualitativa da pesquisa, enquanto a investigação em
páginas do facebook contribuiu para a dimensão quantitativa da pesquisa.
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III. RESULTADOS
O pensamento conservador tem se difundido na política brasileira nos últimos anos sendo o
motivo deste crescimento o que representa em sociedades marcada pela exploração e o
autoritarismo.
Historicamente, a América Latina é marcada por dominações estrangeiras, colonizações e
disputas por independência, sucessivamente também protagonizou diversos regimes autoritários e
processos ditatoriais datados ao longo do século XIX e XX.
No entanto é necessário compreender e considerar as experiências de cada país latino-
americano nesse contexto histórico, assim como explicita Santos:
Respeitando as particularidades de cada um, os países da América do Sul
apresentam muitos elementos em comum. Foram colônias europeias desde o
século XVI, conquistaram sua independência política no século XIX, e
depois sofreram preponderância econômica da Inglaterra [...] (2016, p.4).
Como explica Santos (2016, p.3) "essas ditaduras no pós-segunda guerra visavam combater
um inimigo que ameaçava a hegemonia dos regimes capitalistas, o comunismo". Tais ações eram
usadas também como mecanismo de repressão a grupos que reivindicavam mudanças societárias
que pudessem superar a crescente pobreza e desigualdade social que assolavam a América Latina
naquele período.
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Especificamente na realidade brasileira, este processo histórico figura em um cenário
político, econômico e social muito comprometido com a forma em que a América Latina foi
conduzida.
Em um país de inserção periférica, dependente e heterônoma no circuito da
divisão internacional do trabalho, como o Brasil, as ideologias
conservadoras em geral, e o conservadorismo em particular, tendem a
ressoar e a repercutir com intensidade sobre a cultura, a economia e a
política. (SOUZA, 2016, p. 360).
Deste modo um indivíduo que se identifica como conservador possui gostos, opiniões e
comportamentos que expressam o apelo à tradição e a ordem, seguido por uma forte resistência ao
que é "desconhecido".
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Tal posição costuma estar associada, também, à adesão à ideologia do mercado, que envolve
desde a defesa da mercantilização cada vez maior da vida social até a agenda de combate ao avanço
dos direitos humanos. (SOUZA, 2016, p. 361).
Em outros termos, acredita-se que o conservadorismo está ligado a essência humana,
portanto, é comum e inevitável que as pessoas tenham determinados receios aos avanços ou
mudanças muito radicais na sociedade.
No entanto, as mudanças podem ser aceitas desde que ocorram de acordo com a dinâmica
social e não advindas por meios revolucionários. No âmbito acadêmico e da produção de
conhecimento, o conservadorismo tem se expandido, mas este não é tratado de uma maneira
unânime, geral ou comum.
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A emergência desta classe até então autodenominada “burguesa” determina a atenção ao
indivíduo e a priorização do individualismo dos sujeitos, que por sua vez acreditam que com
esforço, autonomia, capacidade e um sistema meritocrático conseguem intervir e mudar sua própria
realidade social.
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Em terceiro lugar, há o argumento situacional ou teoria situacional que lê o conservadorismo
como uma resposta ou tática, adotada sempre que as instituições
estabelecidas estão sob alguma ameaça. (TRIGUEIRO, 2015, p. 107).
Estas três teorias possuem pontos em discordância mas em contrapartida possuem pontos em
comum. Todas concordam que o conservadorismo é uma ideologia que se relaciona com o processo
histórico.
De acordo com Silva (2015, p. 5) “[...] podemos primeiramente compreender, que a
ideologia “é um aspecto de massa das concepções filosóficas” existentes”. A ideologia representa
algo que praticamente não se altera no campo de visão de mundo de determinados grupos sociais,
abrangendo as relações políticas, econômicas e culturais. Para Silva (2015, p. 5)
Neste contexto, Russel Kirk, um importante filósofo, político, historiador, crítico e autor
consagrado por sua influência no conservadorismo americano no século XX, concorda que o
conservadorismo não se assemelha à religião ou a ideologia.
Nesta perspectiva, temos a negação do conservadorismo como uma ideologia, assumindo
então uma abordagem genuína deste como sendo um modo de olhar a ordem social, cuja estrutura é
caracterizada como um conjunto de sentimentos sem inclinações ou dogmas ideológicos, pautados
numa ordem moral duradoura.
Diante desse cenário de disputas conceituais e ideológicas, no auge de movimentos
revolucionários iniciou-se a polarização entre conservadores e progressistas. Em meio às diferentes
definições e conceituações advindas de variados processos históricos, o conservadorismo está
pautado, embora ainda vinculado ao pensamento progressista.
O pensamento conservador é definido por um intenso processo histórico que o classificou
em pelo menos cinco vertentes.
A primeira, corresponde ao conservadorismo tradicionalista, cuja filosofia baseia-se em um
pensamento em que a sociedade é uma criação, portanto, regida por leis naturais. A partir desta
concepção faz-se necessário reconhecer que existe um conjunto de valores, hábitos, tendências e
tradições que devem ser preservadas para que a sociedade mantenha-se equilibrada.
Os tradicionalistas não necessariamente são avessos às mudanças sociais e políticas, desde
que estas não sejam definitivas e radicais a ponto de haver um rompimento que afetem as
construções morais que sustentam a sociedade. Deste modo, as ideias revolucionárias são de
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imediato repudiadas e tidas como revoluções ideológicas, caracterizadas como uma ameaça às
estruturas sociais e políticas que permaneceram imutáveis durante séculos.
Por outro lado, os revolucionários alegam que tais estruturas não devem ser mantidas,
porque produzem as desigualdades e estas afetam o equilíbrio da sociedade.
A segunda vertente, representa o conservadorismo romântico, que fez parte do pensamento
alemão e desde então se coloca em oposição aos movimentos de resistência como as revoluções
burguesas e francesas que defendiam o rompimento com o antigo modo de sociabilidade, o sistema
feudal.
Os românticos acreditam que uma sociedade conduzida por dissociações das raízes do
passado e o individualismo poderiam enfraquecer as leis que regulam a natureza social através do
pressuposto de uma concepção metafísica que existe independentemente dos indivíduos. Esta
corrente de pensamento realiza ferrenhas críticas aos princípios iluministas que neste período
estavam pautados no princípio da igualdade.
No entanto, para os românticos isso implicaria no enfraquecimento da hierarquia e das
classes sociais que em seu ideário formavam as bases de uma sociedade justa, neste caso a
desigualdade era considerada extremamente necessária.
Este período compreende o início da metade do século XVIII e início do século XIX, onde
foram crescentes as ondas de tiranias modernas contra os movimentos revolucionários que ficaram
conhecidos como o período da origem do totalitarismo.
Em seguida temos um conservadorismo do tipo paternalista, aquele que essencialmente é
estatista e possui alguns traços de populismo, como complementa Schramm,
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Em seguida, temos o mais importante para este aparato teórico, as linhas de pensamento que
mais se aproximam do contexto histórico brasileiro, a vertente que pertence ao conservadorismo
que se identifica como uma nova direita.
A nova direita se configura com o agrupamento de conservadores, liberais e anticomunistas
em geral, que ganharam protagonismo a partir das manifestações de 2013 que culminaram no
impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (2016), e que, consequentemente, colocaram em
risco as liberdades individuais e alguns projetos de avanço no campo dos direitos.
O Brasil é um país que pouco vivenciou regimes democráticos, pois em seus 127 anos de
república foi palco de vários períodos ditatoriais: o primeiro, o governo da República Velha de 1989
a 1930; o segundo, o Estado Novo, de 1937 a 1945; o terceiro, a República Populista de 1945 a
1964; e o quarto, a Ditadura Militar de 1964 a 1885.
Apesar do período de redemocratização que iniciou em 1985, o país não conseguiu
consolidar uma democracia com instituições firmes e representativas. Em todo esse percurso
histórico houve o apoio de movimentos conservadores frente as tentativas de um regime
verdadeiramente democrático.
Na luta por uma sociedade mais democrática, diversas frentes de resistências foram
duramente reprimidas e identificadas pelo governo brasileiro como inimigos da nação, mecanismos
que possibilitaram os golpes de Estado no Brasil.
Isso significa que a sociedade brasileira é caracterizada por um capitalismo dependente, e
dentro dele se estabelece um sistema de governo que é democrático, autoritário e dependendo das
circunstâncias, aristocrático. Deste modo, dependendo dos interesses das classes dominantes que
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são naturalmente antagônicas aos da classe trabalhadora, o resultado desta dinâmica implica em
conflitos e instituições políticas frágeis.
Todo este contexto abre margem para entender o crescimento do conservadorismo que
historicamente se consolida como elemento estrutural da sociedade brasileira.
Em outros termos, a classe dominante pautada na moral conservadora e em planos
neoliberais, utiliza-se de aparatos ideológicos e nacionalistas para impedir os avanços no campo de
direitos e da emancipação humana. Podemos citar como exemplo o teor ideológico presente nas
manifestações de Junho de 2013.
A imagem a seguir, demonstra uma parte do início das mobilizações do dia 6 de junho de
2013 em São Paulo, motivadas pelo aumento das tarifas de metrô, trem e ônibus. O movimento foi
organizado por grupos que possuem histórico de luta contra as passagens de transportes públicos,
dentre estes grupos, o mais conhecido e que recrutou pessoas nas redes sociais para os protestos
chama-se "Movimento Passe Livre - MPL", fundado em 2005. Estes grupos, em sua maioria
descreveram-se como "apartidário" e declaram injusto o reajuste das tarifas de transporte público.
Fonte: http://thecityfixbrasil.com/2013/06/28/onda-de-manifestacoes-gera-reducao-massiva-das-tarifas-de
-ônibus-no-brasil/ Acesso: 08/10/2017.
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Entretanto, não foram apenas as manifestações pelo aumento das tarifas de transporte
público que marcaram o ano de 2013. O mês de Junho se tornou palco de uma onda de protestos,
com a incorporação de outras pautas e reivindicações dentre elas, o repúdio pela utilização do
dinheiro público para financiar a Copa do Mundo, cobranças por melhorias na saúde e educação,
combate à corrupção, insatisfação com os governantes e etc.
Estes protestos marcaram a história no país por terem mobilizado milhões de brasileiros em
um movimento também descrito como "apartidário".
Contudo, as ruas também mostraram outras presenças, até então, sem espaço para outras
formas de manifestações mais amplas, os considerados e que se autodenominaram "nacionalistas",
com cartazes e slogans de combate à corrupção, de combate ao governo do PT - Partido dos
Trabalhadores, de cunho nacionalista e moral conservadora.
Fonte: https://outrapolitica.wordpress.com/2013/07/19/manifestacoes-de-rua-acendem-alerta-no-g-20/
Acesso em: 08/10/2017
No dia 15 de março de 2015, após mais ou menos dois meses de Mandato da ex-presidente
Dilma Rousseff que estava em uma disputa por apoio político nas instituições representativas, uma
multidão de pessoas ocuparam as ruas de pelo menos vinte e dois estados brasileiros contra seu
governo.
Os atos contabilizaram mais de 1 milhão de pessoas e teve apoio da mídia, de famosos, do
empresariado, de políticos anti-petistas dentre outros. As manifestações expressaram o objetivo de
afastar o PT e a então presidente Dilma Rousseff do governo do país. As pessoas foram mobilizadas
por meio das redes sociais e organizadas por coletivos distintos como o MBL, o “Vem Pra Rua”, o
“Movimento Passe Livre”, dentre outros. Muitos manifestantes saíram às ruas vestindo verde e
amarelo simbolizando a união dos brasileiros por um Brasil sem corrupção.
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Fonte: http://blogdoparrini.blogspot.com/2015/03/bomba-jornal-russo-diz-que-eua-esta-por.html
Acesso em: 08/10/2017
Fonte: http://blogdomagnodantas.blogspot.com/2015/12/manifestacoes-favor-de-dilma-sao.html?m=1
Acesso em: 08/10/2017
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Outro grupo denominado novíssimo movimento social, de matriz
assumidamente conservadora, criado no ano de 2014, no calor das
manifestações de junho de 2013 e da campanha eleitoral para presidente da
República realizada nesse mesmo ano é o Vem Prá Rua (VPR). Esse
movimento surge logo após a campanha eleitoral, com apoio dos grupos
políticos aglutinados em torno da chapa do candidato derrotado nas eleições
presidenciais, Aécio Neves, que insatisfeito com a derrota não aceita
totalmente o resultado das urnas, e numa tentativa de demonstração de força
política, por um lado, articula os parlamentares de oposição no congresso
nacional, principalmente parte do grupo do PMDB, para atacar as propostas
do governo no parlamento, por outro lado, estimula seus apoiadores na
sociedade irem às ruas protestar contra o governo da candidata reeleita
Dilma Rousseff. (OLIVEIRA, 2017, p. 6).
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Os avanços da recém consolidada nova direita seguiram seu curso devido ao impeachment
da Presidente Dilma Rousseff que teve seu início no dia 2 de Dezembro de 2015, através de uma
denúncia sobre crime de responsabilidade fiscal e teve seu encerramento no dia 31 de agosto de
2016, com a cassação de seu mandato.
É importante ressaltar que os protestos da classe média duraram até o encerramento do
processo de impeachment em 2016.
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O povo brasileiro de modo geral desaprovou a atitude de Michel Temer por assumir o cargo
diante dos pedidos de renúncia que antecederam essa decisão, esperava-se segundo o clamor das
manifestações novas eleições.
Contrariando as expectativas inicia-se o mandato de Michel Temer, com um plano de
governo totalmente diferente do que foi apresentado na campanha de Dilma Rousseff em 2014,
inclusive o próprio Michel Temer afirmou no dia de sua posse que seu governo teria que seguir uma
perspectiva reformista. Contudo, desde que assumiu o mandato, limitou-se a fazer aliados no
parlamento para que pudesse aprovar reformas que possibilitassem o crescimento econômico do
país, com decisões ligadas à redução e corte nos investimentos sociais.
As propostas apresentadas por seu governo como o estabelecimento de um teto dos gastos
públicos - PEC 55, a Reforma Trabalhista, a Lei da Terceirização, a Reforma da Previdência, a
Reforma do Ensino Médio e outras provocaram protestos por todo o país. NO enfrentamento aos
protestos cresceu a repressão aos movimentos sociais.
Este cenário marca também o avanço do conservadorismo na sociedade brasileira, pois
desde que Eduardo Cunha (então Presidente da Câmara no impeachment) e Michel Temer
assumiram seus postos, foi possível o retorno e avanço de pautas conservadoras. Alguns dos
exemplos nesta direção, são projetos de leis que dificultam o aborto legal, como o PL 5069 de 2013;
o estabelecimento de um conceito de família por um "Estatuto da família" previsto no PL 6583 de
2013; a abertura da discussão sobre a redução da maioridade penal por meio da PEC 171 de 1993; o
estabelecimento de um "Estatuto do Nascituro" que determina Proteção Integral ao feto e
transforma aborto em crime hediondo mesmo em casos de violência sexual - PL 478 de 2007,
dentre outros.
Desde então, o Congresso Nacional está ocupado por uma maioria de representantes de
direita, que não hesitam em meio à crise política e econômica de encaminhar e votar projetos
neoliberais e conservadores.
A conciliação entre conservadorismo e capitalismo “[...]implica: desregulamentação,
liberalização, privatizações e reformas tributária, fiscal, monetária, trabalhistas, entre outros [...]”
(SOUZA, 2015, p. 17).
A questão é que esses projetos estão sendo colocados em discussão justamente pela
mudança do posicionamento político da população brasileira nesses últimos anos, com a influência
do crescimento da ideologia conservadora e o ataque aos governos populistas. A mudança no
direcionamento da política brasileira está intrinsecamente ligado ao crescimento da direita,
principalmente nos setores como o Parlamento.
Como afirma Roeder (2016, p. 3) "em 2014, a direita brasileira voltou a crescer no
parlamento, revertendo o movimento de queda constante do número de representantes na Câmara
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dos Deputados [...]". Este crescimento representa mais ou menos 35,9% de assentos ocupados por
partidos conservadores em 2010 e 42,5% no ano de 2014.
O avanço do conservadorismo está sendo observado até mesmo pelos intelectuais
conservadores da atualidade que consideram que o ano de 2017 foi um importante período para o
conservadorismo brasileiro. De acordo com o conservador Bruno Garschagen:
Por mais que eu desejasse, não poderia imaginar que 2017 seria um ano
importante para o conservadorismo no Brasil. O pensamento conservador
saiu do gueto onde estava e hoje o conservador brasileiro não tem vergonha
de ser o que é. O conservadorismo não é mais sinônimo de regime militar ou
que tais, muito embora ainda haja enormes equívocos ou mesmo ataques
ideológicos ignorantes que tentam fazer do conservadorismo uma espécie de
fascismo et caterva. Ou que tentam reduzi-lo a uma versão renovada e
caricata da antiga Tradição, Família e Propriedade (TFP).(2017,
https://www.gazetadopovo.com.br/blogs/bruno-
garschagen/2018/01/01/2017-um-ano-importante-para-o-conservadorismo-
no-brasil/).
Seu ponto de vista compreende que o conservadorismo deu pequenos passos na sociedade e
o maior deles representa a participação em massa de conservadores nos espaços culturais,
intelectuais, políticos, econômicos e jornalísticos.
Esta participação mais evidente foram influenciadas pelas manifestações da classe média
nos anos anteriores e pelo rumo político que as mesmas desencadearam no país, principalmente
com o foco para as eleições presidenciais que acontecerão em 2018, em que a direita busca formas
de ter um candidato eleito para mudar definitivamente as diretrizes da sociedade brasileira e
retroceder os direitos sociais conquistados.
Neste contexto, argumenta Bruno Garschagen:
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Em tese, os conservadores acreditam que as diferenças entre os seres humanos não devem
ser reconhecidas como os fatores que geram a desigualdade. Para estes, todas as pessoas são
legalmente iguais, portanto, o Estado não deve tratar as pessoas com excepcionalidade. Isso
significa negar aparatos de reparação histórica e social para indivíduos discriminados, excluídos,
marginalizados e “radicalmente” diferentes.
No entanto, o que Bruno Garschagen enfatiza é que os conservadores apareceram e se
impuseram para defender suas ideias, têm sido lançado diversos livros acerca do tema, tem-se
criado espaços presenciais e virtuais para discussão e etc.
Para ele o maior avanço está na própria participação dos conservadores no embate contra a
esquerda e na corrida para as eleições presidenciais. Os principais pré-candidatos para as eleições
presidenciais compreende o ex-presidente Lula e o deputado federal Jair Bolsonaro.
Contudo, as dificuldades aumentam para as duas principais candidaturas, à medida em que
as eleições se aproximam, pois para o ex-presidente Lula condenado em segunda instância no STF
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a condenação pode significar um impedimento para
sua candidatura. Por outro lado, temos o candidato Jair Messias Bolsonaro, militar e político
brasileiro, conhecido por suas ideias nacionalistas e conservadoras. Suas declarações de cunho
racista, machista e LGBTQ fóbicas lhes custaram trinta pedidos de cassação e três de condenações
judiciais. Corriqueiramente suas posições políticas e ideológicas são associadas aos discursos da
extrema-direita.
No entanto, estas mesmas posições rendem ao candidato popularidade, principalmente nas
redes sociais junto a pelo menos 6,7 milhões de seguidores.
Vivenciamos uma conjuntura tensa em nosso país em que tais posições ganham cada vez
mais espaço. O conservadorismo atual vem revelando características nocivas à sociedade, suas
novas bases apresentam-se principalmente em um cenário político de crise de uma suposta
hegemonia das esquerdas.
Sendo assim, nestes últimos anos o pensamento conservador tem encontrado terreno fértil
para realizar apologia ao capitalismo e reforçar um Estado Mínimo como os meios capazes de
solucionar os problemas sociais. Com isso almeja-se menos restrições ao mercado e a atribuição ao
Estado de sua função coercitiva, do uso de sua força como legítima para agir violentamente com
todos que forem contra a ordem social vigente e seus costumes tradicionais.
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É nesse contexto que o conservadorismo tem encontrado espaço para se
reatualizar, apoiando-se em mitos, motivando atitudes autoritárias,
discriminatórias e irracionalistas, comportamentos e ideias valorizadoras da
hierarquia, das normas institucionalizadas, da moral tradicional, da ordem e
da autoridade. (BARROCO, 2011, p. 210)
Este contexto abre margem para a discussão sobre a colaboração das redes de comunicação,
principalmente das redes sociais que exploram a violência em páginas policiais ou na viralização de
conteúdos violentos que são criteriosamente selecionados para chocar e espalhar a sensação de
injustiça e provocar indignação.
Os meios de comunicação, principalmente os relacionados às redes sociais mais usadas
pelos jovens brasileiros (Facebook, WhatsApp, Instagram e Twitter), possuem milhares de
seguidores, nos quais os protagonistas são os jovens que participaram/participam ativamente de
protestos e estão conectados à política por esses meios não convencionais.
A juventude é entendida como uma construção social, uma fase de transição entre a infância
e a idade adulta em que o “jovem” aos poucos, incorporam-se a um mundo de transformações
biológicas, psicológicas, culturais, adquire responsabilidades, elege novos valores (ou não), forma
sua identidade social.
É, assim, o momento crucial no qual o indivíduo se prepara para se
constituir plenamente como sujeito social, livre, integrando-se à sociedade e
podendo desempenhar os papéis para os quais se tomou apto através da
interiorização dos seus valores, normas e comportamentos. Por isso mesmo
é um momento crucial para a continuidade social: é nesse momento que a
26
integração do indivíduo se efetiva ou não, trazendo consequências para ele
próprio e para a manutenção da coesão social. (ABRAMO, 1997, p. 29).
Sendo assim,
Não existe uma concepção social única que caracterize e delimite o grupo
geracional no qual os jovens estão inseridos, visto que se trata de uma
categoria em permanente construção social e histórica. Assim, cabe falar em
diferentes juventudes, que possuem a construção da identidade como
questão central, mas que se destacam no imaginário social a partir de
múltiplas referências da sociedade (SOUZA e PAIVA, 2012, p. 353-354).
De acordo com Aquino (2009), “por volta das décadas de 1950 e 1960, a juventude passa a
ser vista como uma fase preparatória e transitória da vida, que exige da família e da escola uma
27
atenção e esforço contínuos, que visem preparar o jovem para a socialização.” (PAIVA apud
AQUINO, 2012, p. 355). Cresce a preocupação com a “juventude” e são construídas as formas mais
variadas de proteção (repressão).
Nos anos 60 e parte dos anos 70, o problema apareceu como sendo o de toda
uma geração de jovens ameaçando a ordem social, nos planos político,
cultural e moral, por uma atitude de crítica à ordem estabelecida e pelo
desencadear de atos concretos em busca de transformação - movimentos
estudantis e de oposição aos regimes autoritários, contra a tecnocracia e
todas as formas de dominação, movimentos pacifistas, as proposições da
contracultura, o movimento hippie. A juventude apareceu como a categoria
portadora da possibilidade de transformação profunda: e para a maior parte
da sociedade, portanto, condensava o pânico da revolução. O medo aqui era
duplo: por um lado?_ q da reversão do sistema , por outro, o medo de que,
não conseguindo mudar o sistema, os jovens condenavam a si próprios a
jamais conseguirem se integrar ao funcionamento normal da sociedade, por
sua própria recusa (os jovens que entram na clandestinidade, por um lado;
por outros, os jovens que se recusam a assumir um emprego formal, que
vivem em comunidades à parte, com formas familiares e de sobrevivência
alternativas etc.) - não mais como uma fase passageira de dificuldades, mas
como uma recusa permanente de se adaptar, de se “enquadrar”.(ABRAMO,
1997, p. 30-31).
A partir da década de 1960, a juventude ganha protagonismo por seu engajamento político e
o questionamento dos valores e costumes que imperavam na sociedade brasileira. Desde então, o
jovem é visto como um agente de transformação social, engajado e revolucionário.
28
culturais que questionavam os padrões de comportamento - sexuais, morais,
na relação com a propriedade e o consumo, etc. (ABRAMO, 1997, p. 31).
Este estereótipo acerca dos jovens vem sendo desconstruído à medida em que uma parcela
significativa de jovens se unem contra as pautas progressistas e se identificam com o pensamento
conservador. Diferente das gerações anteriores,
Nos anos 90 as figuras juvenis mais em evidência são os jovens pobres que
aparecem nas ruas, divididos entre o hedonismo e a violência: meninos de
rua, jovens infratores, gangues, galeras, tribos; e, principalmente, jovens em
“situação de risco” (risco para si próprios e para a ordem social), dos quais
aqueles envolvidos no tráfico, matando e morrendo muito cedo, são uma das
imagens mais dramáticas e ameaçadoras dos nossos tempos. Figuras
paradigmáticas em cada conjuntura histórica, mas também genericamente na
construção social a respeito da juventude no Brasil, diametralmente opostas
nas equações que se montam a respeito da exclusão e da cidadania e na
formulação das esperanças e das angústias neles depositadas: numa ponta,
os jovens estudantes politizados, idealistas e comprometidos com as causas
sociais e políticas da sociedade; na outra, jovens carentes envolvidos com o
mundo da criminalidade. (ABRAMO, 1997, p. 33).
Por outro lado, temos outra parcela da juventude que está se tornando cada vez mais
conservadora, resultados da crise de uma suposta hegemonia das esquerdas e o avanço de projetos e
ideologias neoconservadoras que através do advento da internet puderam agrupar-se, expandir seus
pensamentos e adentrar no imaginário social de uma juventude descrente da política convencional.
Neste contexto, há um crescimento da participação juvenil na política convencional, porém,
não possui comparação com as não convencionais como as redes sociais, organizações culturais,
reuniões juvenis, etc.
Ao analisar o crescimento do conservadorismo na sociedade brasileira podemos considerar o
forte protagonismo de “jovens”, caracterizados pela mídia como “revolucionários ao contrário”, que
investem no resgate do conservadorismo como alternativa aos problemas sociais e com isto,
crescem atitudes, práticas e discursos ferrenhos de defesa de seus valores, crenças e ideologias que
fazem oposição aos direitos sociais.
29
de pacto com o demônio, ou, ainda, os que cometem atos de justiçamento.
(BARROCO, 2015, p. 632).
30
deveria respeitar o meu
direito de matá-los.”
Frase 6: “Está bem se quer
respeitar as mulheres, mas
deveriam respeitar meu
direito de bater nelas.
Frase 7: “O corpo do bebê
não é seu.”
31
Frase 2: “É um estádio sem
uso.”
Frase 3: “Foi usado na copa
e é isso.”
Fonte: https://m.facebook.com/profile.php?id=1392558690986399&ref=content_filter
32
Fanpage: Jovens de Esquerda
Tabela 3. Agrupamento dos dados recolhidos nas publicações da página “Jovens de Esquerda”
33
Publicação Frase 1: “Não tenho 797 142 177
4 medo de ter filho gay,
tenho é medo de ter
filho homofóbico que
vai ser agente
causador de
sofrimento alheio!
Frase 2: “Isso sim é
uma vergonha!”
Fonte: https://m.facebook.com/profile.php?id=665517103649471&ref=content_filter
Dos dados coletados foram analisados três categorias do CMDA- Análise de Discurso
Mediado pelo computador:
34
A. Sentido - a página “Jovens de Direita” expressa a aproximação dos jovens em pautas
diversificadas no campo dos direitos, da vida privada/pública, política e moral, que são discutidas e
propagandas através de uma perspectiva conservadora carregada de ironia, contestação e analogia,
fazendo o uso de frases que remetem a questionamentos, relativismo e negação de conteúdos que
não sejam neoconservadores.
Por outro lado, temos a página “Jovens de Esquerda” que possui características alinhadas a
superação da desigualdade social que estes acreditam ser fruto de uma sociedade capitalista e
extremamente conservadora. Neste sentido, a página faz publicações expressando visões de mundo
e de combate ao conservadorismo por meio de imagens, frases de efeito e compartilhamentos.
B. Interação - A interação dos indivíduos que se colocam em contato com as páginas ocorre
através de curtidas, compartilhamentos e principalmente pelos comentários. Entretanto, na página
“Jovens de Direita” os comentários foram muito inferiores ao alcance das publicações no quesito
curtidas e compartilhamentos; apenas algumas publicações geraram debates mais intensos. A
maioria dos comentários concordavam e buscavam legitimar por meio do discurso, o conteúdo das
publicações. Contudo, a página “Jovens de esquerda” alcançou um número significativo de
comentários; no entanto, a maioria era de pessoas que não concordavam com o conteúdo de suas
publicações e buscavam a todo momento fazer oposição às publicações.
35
cristã, baseada nos preceitos bíblicos, não abarca mais todos os arranjos
contemporâneos. Ela exclui dos direitos estendidos às famílias uma parcela
grande das pessoas que se organizam de formas alternativas. Ao definir
família apenas como aquela que compatível com o arranjo cristão, não se
excluem apenas as uniões homoafetivas, mas também as famílias formadas
por avós que educam os netos, por tios que se responsabilizam pela criação
dos sobrinhos, etc. (POST; COSTA, 2015 s/p)
36
Fig. 3. Comentário da publicação 1.
Outros expressam que “É o fim do mundo mesmo” e “Quem quiser achar a coisa mais
normal do mundo q ache eu tenho dois filhos homem e gostaria muito q eles continue homem pq eu
pari homem”.
Contudo, há também comentários de apoio à publicação “muito mais do que normal, opção
Religiosa e opção sexual cada um escolhe a sua basta o outro Respeitar (Emoticon apaixonado),
“Ninguém tem que aprovar nada. Apenas vejam. E respeite pra ser respeitado.” e “Lindos
(Emoticon apaixonado)”.
37
Nesta perspectiva, a publicação expressa comentários que reforçam a criminalização do
aborto.
Outro aspecto aparece nos comentários: a questão dos meios de prevenção e a culpabilização
da mulher. Consideramos necessário discutir o tema em sua totalidade considerando informações
aprofundadas que não sejam apenas informações incompletas e carregadas de pré-julgamentos.
Deste modo,
38
Mas há também quem discorde da publicação “Post ridículo” e outros que fazem uma
reflexão mais abrangente acerca do assunto, considerando as condições sociais de risco à saúde
feminina, denunciando a institucionalização do corpo da mulher pelo Estado e pela Igreja, que
expõe a realidade social de crianças pobres, o abandono paterno e a hipocrisia de quem defende o
aborto porque está “defendendo uma vida”.
A fanpage “Jovens de Esquerda” se propõe e parecem mais abertos a discutir a questão do
aborto de uma forma mais reflexiva e como problema de saúde pública. Deste modo, nos
comentários da publicação 2 da tabela número 3 são expressas reflexões sobre o assunto, embora
com muitos comentários contrários ao tema.
39
Fig. 2. Comentário da publicação 2.
40
São Paulo. É colocada à disposição uma frase que reforça a representação da comunidade como
algo ruim, promíscuo e amaldiçoado que é legitimado com o suporte da religião.
As crenças baseadas em estereótipos LGBT fóbicos vêm este mundo diversificado como um
"pecado", pois existem religiosos que reconhecem apenas um tipo de relação amorosa: aquele que
acontece entre pessoas de sexos opostos e só reconhecem a identidade de gênero daqueles que
biologicamente nascem homem ou mulher.
Neste contexto, a comunidade LGBT é alvo de críticas por não seguir os padrões de
identidade e relacionamento prescritos em um livro sagrado numa sociedade laica, ainda muito
orientada por religiões "cristãs".
41
Fig. 3. Comentário da publicação 3.
A fanpage "Jovens de Esquerda" procura discutir religião em uma perspectiva de respeito ao
Estado laico; que este não influencie a exclusão de determinados grupos. Isto significa combater a
discriminação e garantir direitos iguais aos demais cidadãos brasileiros, mesmo que estes sejam
contrários a determinados preceitos religiosos.
Um exemplo da influência de determinadas religiões no cerne da sociedade, são algumas
pessoas tentando justificar o massacre que há tempos vem ocorrendo na Síria por meio de passagens
bíblicas, assim como justificam o machismo e a homofobia dentre outros.
A maioria das pessoas concordaram com o conteúdo publicado pela página e escreveram
mensagens em tons de crítica a quem discorda e a ação de utilizar passagens bíblicas para estes fins;
outros discordaram do conteúdo afirmando que as passagens de alguma maneira estão corretas.
42
Fig. 2. Comentário da publicação 3.
Nessa perspectiva, a sociedade tem estabelecido papéis sociais que devem ser exercidos por
homens e mulheres, numa relação em que o papel feminino é passivo e o masculino ativo. Isso
43
significa que os homens devem seguir um padrão de masculinidade sustentado por uma sociedade
machista e religiosa que impõe papéis de gênero e oprime aqueles que não se encaixam.
Crescemos sendo ensinados que “homens são assim e mulheres são assado”,
porque “é da sua natureza”, e costumamos realmente observar isso na
sociedade. Entretanto, o fato é que a grande diferença que percebemos entre
homens e mulheres é construída socialmente, desde o nascimento, quando
meninos e meninas são ensinados a agir de acordo como são identificadas, a
ter um papel de gênero “adequado” (JESUS, 2012, p. 7-8).
É comum, nestes comentários, encontrar posicionamentos que tratam o assunto como caso
de correção moral através da violência, que habitualmente faz parte do mecanismo de famílias que
não aceitam a identidade de gênero ou a orientação sexual de seus membros, principalmente de seus
filhos.
44
Fig. 3. Comentário da publicação 4.
Em contrapartida, temos determinados sujeitos que não se importam com o menino gostar
de se maquiar.
45
Fig. 2. Comentário da publicação 4.
E que,
A esperada cidadania após a abolição não aconteceu e, até hoje, é uma luta
constante em uma sociedade em que a desigualdade racial é arraigada e as
tentativas de apagar a memória da barbárie contra os escravos são
46
permanentes, quer pela eliminação de documentos, quer pela disseminação
do mito da democracia racial (NUNES, 2006, p.91).
Deste modo, com essa herança histórica não se pode analisar essas duas manifestações da
mesma maneira e nem considerar algum tipo de racismo que afeta os brancos, pois quando falamos
de racismo a tendência é de pensá-lo na esfera das relações interpessoais traduzindo-o como
preconceito que pode ocorrer com qualquer pessoa através de discriminação e injúria.
O racismo é pouco discutido na esfera estrutural e cultural da sociedade brasileira, onde
segundo dados do IBGE (2017) o racismo é um fator que desencadeia desigualdades sociais e
explica abismos sociais entre brancos e negros.
Dito de outro modo, o racismo se configura como uma forma dos grupos dominantes
manterem “privilégios historicamente adquiridos em detrimentos dos direitos dos grupos
estigmatizados, oprimidos e marginalizados na sociedade brasileira desde a formação do país”.
(ARAÚJO, 2016, p. 465-466).
Com estas constatações, a fanpage faz analogias infundadas que reforçam práticas e atitudes
racistas, além de retirar do sujeito a condição de vítima para vitimar-se quando lhe é apontado
privilégios.
Contudo, os comentários da publicação reforçam a mensagem sobre a questão racial,
fundamentadas no senso comum em que consideram "justo" a comparação, sem dar importância ao
contexto histórico.
47
Dos comentários que validaram a publicação da fanpage, apenas um indivíduo se manifestou
de forma contrária, trazendo uma reflexão.
A página "Jovens de esquerda" discute movimentos sociais por meio de uma foto de uma
artista mexicana chamada Frida Kahlo, defensora dos direitos das mulheres que se tornou um
símbolo do movimento feminista.
Neste contexto, Frida Kahlo (1907-1954) lutava para desconstruir esse conceito do feminino
por meio de suas atitudes e personalidade forte. Apesar de suas superações pessoais e sua trajetória
na luta feminina, Frida ainda é questionada por diversos movimentos anti feministas sobre o fato de
ser símbolo da luta feminista.
48
Ao contrário da página "Jovens de Direita", a página "Jovens de Esquerda" apoia os
movimentos sociais e reconhece sua importância histórica na luta por uma sociedade mais justa e
igualitária. No entanto, houve comentários questionando a simbologia da artista e o compromisso
da página em lutar contra as opressões.
Em seguida tem-se um comentário que reduz a mulher aos afazeres domésticos sempre que
esta luta por seus direitos.
49
A maioria dos comentários foram de homens o que chama a atenção para o teor machista
dos comentários e que tais atitudes foram despertadas porque a organização de mulheres vem
incomodando.
50
De acordo com esta realidade, os liberais defendem a privatização e um Estado menos
intervencionista; de um lado há comentários defendendo a posição da página e de outro há ressalvas
de uma pessoa que acredita que em alguns serviços públicos e o Estado com maior qualidade na
prestação de serviços.
51
Fig. 1. Comentário da publicação 6.
É apontado também comentários que reforçam a ideia de que o Estado é negligente, corrupto
e que o mercado é mais capacitado para gerir empresas, bens e serviços.
52
3.2.7 A dimensão da política
Deste modo, Jair Bolsonaro com cerca de mais de 4 milhões de seguidores nas mídias
sociais torna-se o "messias", aquele que poderá salvar o povo brasileiro da corrupção, da crise
econômica e política e "afastar a esquerda" do poder.
53
Fig. 2. Comentário da publicação 7.
54
Fig. 2. Comentário da publicação 7.
Observamos que, com a criação das redes sociais, os debates ideológicos se intensificaram e
os jovens não possuem nenhum constrangimento em se colocarem indignados com o que ou quem
não concorda com seus valores e ideologia.
55
As páginas reforçam através de imagens e textos, ideologias políticas que traduzem-se no
dualismo entre direita e esquerda, conservadores e progressistas, bem e mal.
A era da informação e comunicação digital deu voz aos jovens, sejam os de direita, sejam os
de esquerda.
Nas páginas analisadas, é possível atestar um crescimento significativo de comentários que
expressam posições preconceituosas, discriminatórias, relativizadoras, fundamentados no senso
comum, sem aprofundamento teórico e crítico.
Em contrapartida tem-se a presença de posições mais progressistas, baseadas nos princípios
de igualdade e justiça social que fazem oposição ao crescimento do conservadorismo.
Consideramos que tais comportamentos preconceituosos, criminosos e discriminatórios
possuem presença mais forte nas redes sociais, pois trata-se de um mecanismo onde é permitido de
uma certa maneira expressar e emitir opiniões que nem sempre podem ser ditas na vida offline.
Sobre os indicadores selecionados, constata-se que 98% dos seguidores da fanpage “Jovens
de Direita” colocam-se em um posicionamento contrário às tentativas progressistas de ressignificar
certas temáticas como o conceito de família inclusiva em detrimento da tradicional; o aborto em
uma perspectiva de saúde pública em detrimento do pensamento moral, cristão e machista que cerca
o tema; o Estado Laico e que respeita e representa todas as religiões ou a ausência delas em
detrimento de um Estado cristão e intolerante; pensar a construção de um debate sobre identidade
de gênero e respeito às diferenças humanas em detrimento de crenças que estabelecem e respeitam
apenas o gênero masculino e feminino; considerar válida a luta das minorias por respeito e
igualdade/equidade em detrimento da relativização, individualização, exclusão, opressão e
marginalização.
Ressalta-se que fanpage “Jovens de Esquerda” se coloca na resistência ao crescimento do
pensamento conservador ao discutir esses indicadores em uma perspectiva progressista baseando-se
nos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade.
56
3.3 Jovens e o conservadorismo: uma aproximação com os estudantes do Campus Baixada
Santista
57
58
59
60
61
62
63
64
Caso queira, comente as questões.
65
1- Algumas são tendenciosas, tem perguntas quem não dá pra responder só com concordo ou
discordo
2- Acho que vocês estão criando um estudo enviezado, no meu ponto de vista jovens radicais
socialistas e capitalistas são problemas semelhantes, necessidade de atenção, segundo algum
psicólogo que não me recordo.
Ser de esquerda não te torna uma pessoa boa.
3- Cuidado com o público com o qual você está fazendo sua pesquisa. Se esforce para que
outras pessoas de outros ambientes que não o universitário também respondam ao questionário,
para conseguir respostas mais abrangentes e fiéis à população real brasileira que não o âmbito
privilegiado, desconstruído e de uma certa classe social que são em sua maioria os estudantes da
Unifesp
5- A penúltima questão eu ainda não sei avaliar direito, pois me falta o conhecimento de dados
e argumentos contrários e favoráveis.
6- Falta mais clarificação em algumas questões. Fica uma margem de erro é um maniqueísmo
ao responder algumas questões. Meio que se ficássemos coagidos a responder de uma maneira
específica, senão, seríamos pertencentes a um grupo inimigo.
7- As perguntas estão sugestivas e muitas vezes não indicam algo objetivo. Por exemplo: a do
Bolsonaro que comenta dos valores cristãos, na afirmação não há relacionando religião e estado
somente relacionando os valores que guiam indivíduos, logo isso é muito subjetivo do
indivíduo. Respondi imaginando que a intenção fosse ligar religião e Estado.
Outro comentário: o conservadorismo não se restringe a ações que ocorrem na política e não são
somente ligadas ao setor cristão da sociedade. Grande parte do apresentado tem relação com a
religião cristã, mas podem existir umbandistas que acreditam na pena de morte, ateus que são
contra o aborto e cristãos a favor do casamento de homossexuais. Cuidado para que crenças
internas interfiram na pesquisa. Por fim, bom trabalho e boa sorte.
8- "neoconservadorismo" kkkkkkkkkkkkkj
66
9- Me manda o resultado :D
10- Na questão sobre ideologia de gênero, é difícil entender se a pergunta se refere a posição do
MEC ou a posição dos críticos. Assumi, porém, que referir-se-ia a posição dos críticos.
67
Na perspectiva dos estudantes, o questionário não os contemplou por não permitir a reflexão
sobre os temas, ou até mesmo a justificação de suas respostas, espaço para debates, tornando assim
em suas visões, um questionário tendencioso e enviesado condicionando a esquerda ou à direita,
conservador ou progressista, sem considerar outras possibilidades de posicionamentos políticos
distintos ou até mesmo moderados, neutros e/ou apáticos. Consideramos tais ponderações como
processos importantes no percurso dos estudos, futuras propostas de estudos/pesquisas.
Desde os anos 1990, a juventude vem se aproximando de pautas cada vez mais conservadoras e
assumindo práticas e posições fechadas e retrógradas que por muitas décadas não se atribuíam aos
jovens.
Entendemos que a juventude é uma condição social que marca o meio entre a infância e a idade
adulta, onde ocorrem as mudanças sociais e biológicas que aproximam os jovens aos diversos
conceitos e formas amplas de leituras de mundo.
Deste modo, o estudo aponta a importância de entender os jovens que expressam uma leitura de
mundo conservadora, ampliando os riscos a democracia no Brasil.
Nas redes sociais, o conservadorismo tem encontrado terreno fértil para realizar a apologia ao
capitalismo, aos discursos de ódio, atitudes autoritárias e discriminatórias e comportamentos que
reforçam a hierarquia, as normas, a ordem, a moral conservadora e as ações punitivistas.
Esse modo de pensar a sociedade induz considerar as expressões da questão social e a luta das
classes oprimidas como problemas de ordem moral e por isso precisam ser reprimidos. Desse modo,
temos cada vez mais jovens investindo na vocação do passado e o resgate da moral tradicional para
solucionar os problemas do presente.
As consequências desse comportamento implicam no embate de conservadores versus avanços
progressistas dos movimentos sociais. Nas redes, observamos que os jovens não possuem mais
nenhum constrangimento em assumir-se conservadores e colocar-se indignados com quem não
concorda com seus valores. Tais comportamentos aparecem recorrentemente nas redes sociais por
ser um mecanismo onde é permitido expressar opiniões que nem sempre podem ser ditas na vida off
line, ser de “direita” virou moda e não mais motivo de constrangimento entre os jovens.
68
As redes sociais tornaram-se meios de participação política não convencional mais usada entre
os jovens, sejam os de “direita”, sejam os de “esquerda”. Nesses espaços os jovens discutem pautas
importantes que possuem um grande impacto na política convencional
No entanto, jovens universitários da Unifesp/campus Baixada Santista possuem aproximação
com o pensamentos progressista e se mostram mais críticos quanto ao avanço do conservadorismo
que apesar de menor predominância no ambiente acadêmico, vem tentando ocupar espaço.
Neste contexto, verificamos que o avanço do neoconservadorismo junto aos jovens está pautado
em um cenário de disputas de projetos societários, queda e crise de uma suposta hegemonia das
esquerdas e apatia política que divide a população brasileira e abre espaço para projetos
conservadores.
Neste cenário o conservadorismo conseguiu se reatualizar, com atitudes autoritárias,
discriminatórias e irracionalistas baseado na hierarquia, na moral tradicional, na ordem e
autoridade. Esta reatualização, denominada neoconservadorismo, tem sido reforçada cada vez mais
entre os jovens nas redes sociais.
69
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Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v32n3/a01v32n3.pdf. Acesso em: 11/05/2018
Outras:
http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/bruno-garschagen/2018/01/01/2017-um-ano-importante-
para-o-conservadorismo-no-brasil/. Acesso: 19/03/2018.
73
<http://alas2017.easyplanners.info/opc/index.php?page=buscarProgramaExtendido&key=MTE2
Acesso em: 20/04/2018.
https://newsroom.fb.com/news/2017/12/facebooks-2017-year-in-review/
Acesso em: 20/08/2017.
http://www.pucsp.br/projetojovensurbanos/downloads/publicacoes/Ojovemsotresperspectivas.pdf
Acesso em 20/08/2017.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762005000100001.
Acesso em 20 de maio de 2017.
74
VI. ANEXOS/APENDICES
Aborto
Conservador
Blog:
Ideologia de gênero
________
_________ Homossexualidades
Religião
Família
Aborto
Discussões
voltadas aos
direitos
humanos
Blog: Ideologia de
Gênero
______
________
Homossexualidades
Religião
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2. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE
Concordo voluntariamente em participar do referido Projeto. Confirmo minha faixa etária entre 17 e
29 anos. O preenchimento do questionário online confirma minha anuência quanto a participação. Fui
informado/a que, em qualquer etapa deste estudo, terei acesso às responsáveis, para esclarecimento de
eventuais dúvidas no Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletiva, sito à R. Silva Jardim, 133/166-
Vila Matias - Santos/SP. Responsável: Profa. Terezinha de Fátima Rodrigues, fone: (13) 99793-8793. Caso
tenha alguma consideração ou dúvida sobre a ética na pesquisa, poderei entrar em contato com o Comitê de
Ética em Pesquisa (CEP) da UNIFESP na Rua Prof. Francisco de Castro, n: 55, - 04020-050, fones (11)
5571-1062, FAX: (11)5539-7162. E-mail: CEP@unifesp.edu.br.
Acredito ter sido suficientemente informada/o a respeito das informações: ficaram claros quais são
os propósitos/objetivos do estudo; a garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes; a
participação que vai ocorrer na forma de respostas a um questionário online, com uma previsão de
aproximadamente cinco a oito minutos para o respectivo preenchimento; que minha participação é isenta de
riscos e ônus financeiros com garantia do anonimato, fidelidade e respeito aos conteúdos abordados.
Concordo voluntariamente em participar e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento,
antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo.
*Obrigatório
I. IDENTIFICAÇÃO
Em qual Eixo/curso está matriculado/a? *
Bacharelado Interdisciplinar de Ciência e Tecnologia do Mar
Educação Física
Engenharia Ambiental
Engenharia de Petróleo
Fisioterapia
Nutrição
Psicologia
Serviço Social
Terapia Ocupacional
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Não quer declarar
2. No ano de 2011, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que pessoas do mesmo sexo podem se unir
juridicamente, com os mesmos direitos e deveres de outros casais heterossexuais como pensão, INSS e
licença-maternidade. Você concorda com essa posição? ( ) Sim ( ) Não
3. Tramita na Câmara dos Deputados o Estatuto do Nascituro ((PL 478/2007), projeto que privilegia os
direitos do feto desde o momento da concepção e que transforma o aborto em crime hediondo. Em aprovado,
será considerado crime todas as formas de aborto. Você concorda com esta propositura presente no Estatuto (
) sim ( ) não
4. Como observa a socióloga Maria José Rosado, coordenadora geral do Movimento “Católicas pelo Direito
de Decidir” (2017), “a proposta de dar ao nascituro um ‘estatuto’ é mais uma tentativa dos setores mais
retrógrados da sociedade de impedir a efetivação dos direitos de cidadania das mulheres”. Você concorda
com essa posição? ( ) Sim ( ) Não
5. No Brasil, o debate sobre a "ideologia de gênero" se intensificou com a estruturação do Plano Nacional de
Educação (PNE), em 2014. A proposta do Ministério da Educação (MEC) era incluir temas relacionados
com a identidade de gênero e sexualidade nos planos de educação de todo o país. Porém, críticos à esta
concepção construíram o conceito de "ideologia de gênero" e acusam esta de servir para doutrinação das
crianças, desconstruindo os tradicionais conceitos de família, homem e mulher, baseados em preceitos
religiosos. Você concorda com esta posição? ( ) Sim ( ) Não.
6. O Juiz federal da 14ª Vara do Distrito Federal Waldemar Cláudio de Carvalho concedeu liminar que abre
brecha para que psicólogos ofereçam a terapia de reversão sexual, conhecida como ‘cura gay’, tratamento
proibido pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999. Essa limitar abriu discussões sobre o retorno da
homossexualidade à lista de doenças. Você acredita que a homossexualidade deve ser tratada por psicólogos
ou por entidades religiosas? ( ) Sim ( ) Não
7. O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pelo ensino religioso nas escolas públicas e que o
mesmo pode ter natureza confessional, isto é, que as aulas podem seguir os ensinamentos de uma religião
específica e não de todas. A disciplina será facultativa. Segundo alguns críticos " a decisão favorece algumas
religiões em detrimento de outras, não respeitando o Estado Laico ". Deve haver ensino religioso nas
escolas? ( ) Sim ( ) Não
8. Segundo o Deputado Jair Messias Bolsonaro, a maioria dos brasileiros são "cristãos", por isso em nossa
sociedade deve imperar os valores cristãos, afinal o Estado é laico e não ateu?
Você concorda com a posição do parlamentar? ( ) Sim ( ) Não
9. Tem sido frequentes os ataques às religiões de Matrizes Africanas e Espiritas em determinados Estados
Brasileiros. Os atos chocaram o país pela intolerância religiosa observada. As religiões "afro" e espiritas
devem ter o mesmo direito de manifestação que as demais. Você concorda com esta afirmativa? ( ) Sim (
) Não
10. Os ministérios públicos estadual e federal do Rio de Janeiro vão atuar juntos para acompanhar as
investigações de casos de intolerância religiosa no Estado. Algumas imagens divulgadas nas redes mostram
pessoas coagindo religiosos para destruir imagens em terreiros de religiões de matriz africana. Com isso é
reforçado a necessidade de criar uma delegacia especializada para esses crimes. Você concorda com a
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proposta de criação desta delegacia? ( ) Sim ( ) Não
11. Os movimentos sociais são equivocados e prejudicam a ordem natural e moral das coisas. Sempre trazem
pautas de partidos, principalmente o PT e, na maioria das vezes, fogem totalmente da discussão política,
tornando-se ideológicos. Você concorda com essa afirmativa? ( ) Sim ( ) Não
Área Temática:
DADOS DO PROJETO DE PESQUISA
Número do Parecer: 2.726.646
DADOS DO PARECER
Projeto CEP/UNIFESP n:0296/2018 (parecer final). Projeto de Iniciação Cientifica, na modalidade Ações
Afirmativas (Pibic-af) da estudante Gabriela Inácio Santos (CNPq). Busca discutir o avanço do
neoconservadorismo junto aos jovens. Este tema é oriundo da inserção da estudante no âmbito da
Universidade com diferentes reflexões a partir da observação empírica de diferentes manifestações de jovens
em uma perspectiva conservadora, carregada de preconceitos, sejam os de classe, gênero, raça e etnia.
Apresenta como objetivo geral, verificar como se configura o (neo)conservadorismo na sociedade atual e
seus rebatimentos em jovens e, dentre os específicos, conhecer como se configura o neoconservadorismo na
sociedade atual; verificar a perspectiva conservadora que marcam diferentes posições de jovens na sociedade
atual; acompanhar, pelos blogs de jovens que se aproximaram da pauta conservadora, quais as questões que
se apresentam. Objetivamos contribuir, como jovem e em formação em Serviço Social, na compreensão de
como esse pensamento se forma, é absorvido e propagado, ampliando os riscos à democracia no país e a
destituição de direitos arduamente conquistados.
-HIPÓTESE: A pauta neoconservadora tem atingido fortemente os jovens que defendem posições
reacionárias na contramão dos direitos sociais; Muitos jovens se aproximaram das discussões políticas que
envolvem o país, a partir das Manifestações de Junho de 2013 e com o crescimento da crise de hegemonia
das esquerdas no período 2013 -2016 esta aproximação ocorreu/ocorre de maneira a deslocar o lugar da
política para ações imediatistas e de forte cunho moral.
Apresentação do Projeto:
-OBJETIVO PRIMÁRIO: Verificar como se configura o (neo)conservadorismo na sociedade atual e seus
rebatimentos em jovens.
Objetivo da Pesquisa:
Em relação aos riscos e benefícios, o pesquisador declara:
-RISCOS: Não consideramos que esta Iniciação Científica apresente riscos. Em tese, poderemos no
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questionário online alguns estudantes que não se sintam confortáveis em responder alguma questão e
serão considerados.
-BENEFÍCIOS: Consideramos essa discussão importante para entender como é absorvida essa ideologia
por jovens e como, por meio dela, os jovens agem na sociedade. Objetivamos contribuir, como jovem e em
formação em Serviço Social, na compreensão de como esse pensamento se forma, é absorvido e
propagado, ampliando os riscos à democracia no país e a destituição de direitos arduamente conquistados.
TIPO DE ESTUDO: Esta pesquisa tem como suporte metodológico o método materialista histórico-dialético
e classifica como exploratória.
LOCAL: campus Baixada Santista
PARTICIPANTES: estudantes no campus Baixada Santista
PROCEDIMENTOS:
-No percurso metodológico, pretendemos:
1- pesquisa bibliográfica/temática;
2- acompanhamento, no período de 3 meses, dos blogs (redes) de jovens, com pautas diversificadas, sejam
as consideradas conservadoras sejam as consideradas no campo do avanço dos direitos.
3- aplicação de um questionário on line para estudantes no campus Baixada Santista, para verificar como se
posicionam frente a essas pautas.
1- Foram apresentados os principais documentos: folha de rosto; projeto completo; cópia do cadastro
CEP/UNIFESP, orçamento financeiro e cronograma apresentados adequadamente.
2-TCLE a ser aplicado aos participantes
3- O questionário está inserido junto com o TCLE.
Recomendações:
Sem inadequações - projeto aprovado
(respostas as pendências atendidas).
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