Você está na página 1de 15

FATORES QUE INFLUENCIAM NA INOVAÇÃO DE

MODELOS DE AGRONEGÓCIO: UMA REVISÃO


SISTEMÁTICA DA LITERATURA

Rosana da Glória Eduardo


Frederico Humberto de Oliveira
Letícia Bettoni Siqueira
Fabiane Fidelis Querino
Carolina Greco
INTRODUÇÃO

• Os modelos de negócio são importantes para explicar o


desempenho das empresas.

• Possibilitam o entendimento da lógica de criação de valor nas


organizações, podendo ser desenhados modelos inovadores
para específicos do agronegócio (POLÁKOVÁ; KOLÁCKOVÁ;
TICHÁ, 2015)

• A inovação é definida como a exploração de novas ideias como


forma de impulsionar a melhoria dos negócios, e assim gerar
vantagens competitivas, (RANK; EMEDIATO; OSORIO, 2008;
CARVALHO; DOS REIS; CAVALCANTE, 2011).
INTRODUÇÃO

• Modelos de agronegócio: a inovação tem como finalidade


aumentar a produtividade e a participação de mercado para
atender melhor as exigências e demandas do consumidor.

• A inovação torna-se imprescindível para a criação de novos


modelos de negócios, usando componentes que levem em
consideração as especificidades desse setor em particular.

• Objetivo: analisar através da revisão sistemática de literatura,


as contribuições sobre inovação dos trabalhos presentes na
literatura sobre os modelos de agronegócio, discuti-los e
apontar lacunas para trabalhos futuros.
REFERENCIAL TEÓRICO
Modelos de agronegócio
• Agronegócio: negócios ligados a agricultura e pecuária, ou seja,
todas as operações desde a fabricação dos insumos, a produção,
o processamento, a distribuição e o consumo de produtos
agrícolas e pecuários (ARAÚJO, 2010).

• Segmentos: os fornecedores de insumos; as atividades que


gravitam em torno da agropecuária; os processos de
transformação da agroindústria; as operações de armazenagem,
transporte e distribuição (Soares e Jacometti, 2015).

• Modelo de negócios: é útil para compreender a lógica de criação,


entrega e captura de valor de uma empresa. Estes modelos estão
presentes em vários setores inclusive no agronegócio.
REFERENCIAL TEÓRICO
• Modelo de Negócios de lona (canvas): proposição de valor,
segmento de clientes, relacionamento com o cliente, canais,
atividades, recursos, parcerias, estrutura de custos e fluxo de
receitas (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2010).
• Recriação do modelo, aplicando-o no setor do agronegócio,
tendo constatado a possibilidade de inovação do modelo
tradicional (POLÁKOVÁ et al., 2015)

• Modelos desenvolvidos por Shafer et al. (2005): Proposição de


Valor para o Cliente, Lucro, Processos Chave e Recursos
Principais.

• Modelos de pequenos negócios para o agronegócio: Producer-


driven, Buyer-driven e Intermediary-driven (FAO, 2012).
MÉTODO
• Revisão sistemática: agrupar, avaliar e conduzir uma síntese dos
resultados encontrados nos estudos (CLARKE; HORTON, 2001).
• Delimitação do escopo da análise: pesquisa na base WOS, por
ser uma das principais bases de pesquisa no cenário
internacional e pela sua abrangência no campo das Ciências
Sociais (MINEIRO et al., 2018).

• Seleção dos artigos: termos de busca “agribusiness model” e


“innovation” com suas variações no plural e singular no campo
de títulos.

• Delimitação nos últimos 10 anos, resultando 144 trabalhos.


Refinamentos: tipo de periódico (apenas artigos) e idioma
(português ou inglês), ficando com 51 artigos.
MÉTODO

• Os resumos desses artigos foram extraídos da base de dados e


lidos para identificar apenas aqueles que eram relacionados ao
conteúdo abordado, sendo analisados ao final 19 trabalhos.

• Análise descritiva dos dados: leitura dos trabalhos e


enquadramento em categorias que expressam fatores de
inovação que impactam nos modelos de negócio.

• Análise semântica dos dados: as categorias foram comentadas


em função da leitura completa dos trabalhos. Nesta etapa, o
objetivo foi de detalhar o tema abordado pelos artigos, com
considerações metodológicas e contribuições para a literatura.
RESULTADOS
• Predominância de estudos empíricos: três ensaios teóricos, um
de revisão sistemática, oito estudos de caso qualitativos e sete
são estudos de caso quantitativos.

• Desenvolvimento sustentável (02): desenvolvimento de


modelos de negócio inovadores com capacidade de serem
sustentáveis.
• Panta (2017) aborda o setor apiário, mostrando que novos
modelos fornecem aporte completo para as organizações
alcançarem o desenvolvimento sustentável.
• Latesteijn e Rabbinge (2012) apresentam um método de
captação de modelos de negócios sustentáveis a partir do
desenvolvimento de uma plataforma de compartilhamento de
ideias relacionadas ao setor agrário.
RESULTADOS

• Aplicação do Enterprise Resource Planning (02): envolve


atributos de inovação do setor agrário voltados para a
implantação do ERP.

• Os estudos mostram as vantagens da utilização do software


para a industrialização da agricultura, obstáculos e impactos
causados nos modelos de negócio.

• Haberli, Oliveira e Yanaze (2017) voltam-se para a produção de


soja, milho e algodão. O trabalho traz resultados sobre a
minimização de riscos relacionados a estoque, custo de
transporte, variações climáticas, vulnerabilidade a pestes e
doenças.
RESULTADOS
• Tecnologias que impactam a inovação em modelos de negócio no setor
agrário (05): Onoyama et al. (2012) analisam a aplicação do método
Technology roadmapping (TRM) na definição da programação da
pesquisa da cadeia de produção de cenoura.

• A aplicação do TRM, possibilitou um levantamento da realidade da


cadeia produtiva de cenoura no Brasil e a explicitação clara de ações de
pesquisa visando atender as demandas priorizadas desta cadeia.

• Cunico et al. (2017) tratam do processo de inovação das agroindústrias


do estado do Paraná no Brasil. O estudo aponta que o desenvolvimento
tecnológico ocorre por meio de parcerias com o governo, empresas de
consultoria ambiental e fornecedoras de máquinas e equipamentos.

• A pesquisa mostrou também que existe um grau positivo de


participação da indústria agrária na geração de ecoinovação.
RESULTADOS
• Estratégia e inovação (10): Neto et al. (2016) forneceram
evidências empíricas acerca das relações entre a orientação para
o mercado, orientação empreendedora e colaboração dos
agentes externos no processo de inovação dos negócios das
empresas rurais.

• Sereia et al. (2015) analisam os fatores determinantes na


decisão de inovação em produtos e em processos no setor
agroindustrial de carnes.

• Os resultados apontaram grande investimento na inovação de


processos por parte das empresas, e que as principais fontes de
inovação são feiras, exposições, conferências e clientes.
RESULTADOS
• Medeiros et al. (2016) mostram que a criação de alianças para a
inovação esbarra na desconfiança entre os parceiros. Devido a
isso é necessário que existam ferramentas de comunicação e
modelos de proteção da propriedade intelectual no setor da
agricultura.

• Agwu et al. (2015) analisaram dos determinantes da


participação dos empreendedores do agronegócio em inovação,
mostrando que idade, gênero, tamanho da família, renda e
nível de produção da empresa são os fatores que impactam na
inovação.
• Sivertsson e Tell (2015) mostrou como a indústria agrária pode
superar dificuldades de concorrência com o mercado externo a
partir da inovação de modelos de negócios.
CONCLUSÃO
• O campo do agronegócio está dividido entre pesquisas que tratam
de pequenos produtores com características de produção familiar, e
produtores que contém alta escala produtiva.

• A área apresenta uma grande defasagem de aplicação de


ferramentas de gestão já utilizadas há tempos em outros setores da
indústria.

• Sugestão de trabalhos futuros: realização de revisões sistemáticas


focadas em determinadas áreas do setor do agronegócio com maior
amplitude de bases de trabalhos científicos, uma vez que diferentes
setores dessa indústria podem apresentar características específicas
que interferem nos fatores de inovação.
REFERÊNCIAS
• AGWU, N. et al. Determinants of agribusiness entrepreneurs’ participation in innovations: a
study of Abia State, Nigeria. Scientific Papers Series Management, Economic Engineering in
Agriculture and Rural Development, v. 15, n. 3, p. 13-18, 2015.
• ARAÚJO, M. Fundamentos de agronegócio. 3ª Edição. São Paulo: Atlas, 2010.
• CARVALHO, H.; REIS, D.; CAVALCANTE, M. Gestão da Inovação. Curitiba: Aymará, 2011.
• CLARKE, M.; HORTON, R. Bringing it all together: Lancet-Cochrane collaborate on systematic
reviews. Lancet, v. 357. n. 1728, 2001.
• DZODZI T.; AWETORI, J. When a good business model is not enough: land transactions and
gendered livelihood prospects in rural Ghana. Feminist Economics, v. 20, n. 1, p. 202-226, 2014.
• FAO. Smallholder business models for agribusiness-led development: Good practice and policy
guidance. Rome, 2012.
• HOLLOWAY, S.; SEBASTIAO, H. The role of business model innovation in the emergence of
markets: A missing dimension of entrepreneurial strategy? Journal of Strategic Innovation and
Sustainability, v. 6, n. 4, p. 86–100, 2010.
• MENDES, J.; PADILHA JUNIOR, J. Agronegócio: uma abordagem econômica. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007.
• MINEIRO, A. et al. Da hélice tríplice a quíntupla: uma revisão sistemática. Economia e Gestão,
Belo Horizonte, v. 18, n. 51, p. 77-93, set./dez. 2018.
• OSTERWALDER, A; PIGNEUR, Y. Business Model Generation - Inovação em Modelos de Negócios:
um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2011.
• POLÁKOVÁ, J.; KOLÁCKOVÁ, G; TICHÁ, I. Business Model for Czech Agribusiness, Scientia
Agriculturae Bohemica, v. 46, n. 3, p. 128-136, 2015.
• ZOTT, C.; AMIT, R.; MASSA, L. The business model: theoretical roots, recent developments and
future research. IESE Business School-University of Navarra, p. 1-43, 2010.
Obrigada!
rosanadagloria.92@hotmail.com

Você também pode gostar