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AS CONSTRUÇÕES SOCIAIS E FÍSICAS

DO RIBEIRINHO NA AMAZÔNIA

THE RIVERINES SOCIAL AND PHYSICAL


CONSTRUCTIONS IN THE AMAZON

LES CONSTRUCTIONS SOCIALES ET PHYSIQUES


DES RIVERAINS EN AMAZONIE
Mayra Hermínia Simões Hamad Farias do COUTO; Nírvia RAVENA; Maria Cristina de Jesus dos SANTOS.

RESUMO ABSTRACT RÉSUMÉ

A caracterização de hábitos, A characterization of habits,La caractérisation des habitudes,


costumes e tradições fantasies and particular
des coutumes et des traditions
particulares dos ribeirinhos têm traditions of the ribeirinhos -
des riverains des fleuves revêt
grande relevância regional, pois inhabitants along the riverbanks
une grande importance
as cidades na Amazônia foram in Amazonia - have great régionale, car les villes de
criadas inicialmente a partir dos regional relevance, since from
l’Amazonie ont été créées
rios. O objetivo da pesquisa foi the rivers were the starting initialement au bord des rivières.
descrever as construções sociais point for the cities in the L'objectif de la recherche était
e físicas dos ribeirinhos na Amazon. The objective of the de décrire les constructions
Amazônia com enfoque nas research was to describe the sociales et physiques des
características e particularidades social constructions and uses of
habitants des rivières
de identidade cultural na the riverside in the Amazon, amazoniennes en se concentrant
utilização do rio. A realização da with characteristics of cultural
sur les caractéristiques et les
pesquisa ocorreu com a análise identity in the use of the river.
particularités de
do discurso e dados secundários One research took place with l'identité
utilizados para descrever e an analysis of the discourse and
culturelle. La recherche a été
conhecer o objeto de estudo e secondary data used to
effectuée au moyen d’une
tentar compreender o universo describe and to get to know the
analyse du discours et de
particular das populações object of study, and try to données secondaires utilisées
tradicionais sob a perspectiva understand the particular
pour décrire et connaître l’objet
de uma correlação a outras universe of traditional statistics
de l’étude et pour tenter de
populações estudadas.  Foram from a perspective of
comprendre l’univers particulier
feitas três visitas entre os anos correlation with others studied.
des populations traditionnelles
de 2013 e 2015 com a realização The researchers made three du point de vue d’une corrélation
de entrevistas e observação ao visits between 2013 and 2015 in
avec les autres populations
longo dos percursos entre as iwhich there were interviews étudiées en utilisation fluviale.
cidades de Oriximiná e and observation processes
Trois visites ont été menées
Santarém, na Amazônia, along the routes between cities
entre 2013 et 2015, avec la
avaliando a inserção cultural no of Oriximiná and Santarém, inréalisation d’entretiens et
contexto geográfico, econômico the Amazon, evaluating a d’observations le long des
e político.Dividindo a população cultural insertion without
itinéraires entre les villes
que vive na Amazônia, pode-se, geographical, economic and d'Oriximiná et de Santarém, en
de forma comparativa, distribuí- political context. We can
Amazonie, afin d'évaluer
la em um espaço social distribute the Amazon
l'insertion culturelle dans le
específico para os ribeirinhos population in a specific social
contexte géographique,
quando comparada aos space for ribeirinhos when weéconomique et politique. Si on
moradores amazônicos das compare them to the
partage la population qui vit en
grandes metrópoles, pois Amazonian inhabitants of the Amazonie, celle-ci peut être
répartie, de manière
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possuem habitus, capital large cities, as they have comparative, dans un espace
econômico e cultural different habitus, economic and social spécifique aux habitants
diferenciados, ou seja, a divisão cultural capital. That demands des bords du fleuve par rapport
por categorias sociais de separating them by social aux habitants amazoniens des
percepção, princípios de visão e categories based on perception, grandes métropoles, car ils ont
de divisão, diferenças nas principles of vision and division, des habitus, un capital
práticas, nos bens possuídos e differences in practices, possible économique et culturel
nas opiniões expressas. goods, and expressed opinions. différents, à savoir : une division
par catégories sociales de
PALAVRAS-CHAVES: Amazônia; KEYWORDS: Amazon; Riverines; perception, des principes de
Ribeirinho;Cultura; População Culture; Traditional population vision et de division, des
tradicional. différences de pratiques, de
possessions et d'opinions
exprimées.

MOTS-CLÉS  : Amazonie;
Riverain Des Fleuves; Culture
Population; Traditionnelle;

INTRODUÇÃO sido discutida por antropólogos principalmente próximo aos rios.


  e sociólogos há muitos anos e Essa caracterização de hábitos,
Na Amazônia, se utiliza a são capazes de gerar o costumes e tradições
denominação de ribeirinhos reconhecimento social como um particulares dos ribeirinhos tem
para as populações tradicionais grupo baseada em fatores grande relevância regional, pois
que usufruem dos rios como históricos e culturais pré- as cidades na Amazônia foram
principal fonte de acesso e determinados (CARVALHO, criadas inicialmente a partir dos
trocas, porém essa descrição é 2002; ZANELLAet.al., 2003). rios, com seus trapiches e
muito simplificada e não condiz Assim, as características portos. Trindade Júnior e
com a magnitude desse grupo específicas dessa população são Tavares (2008) descrevem a
social composto de muitas consideradas como uma formação das cidades ao longo
particularidades (DIEGUES; ferramenta para a compreensão dos rios por meio de um
ARRUDA, 2001). Atualmente, das múltiplas diversidades na processo histórico/geográfico
essas populações representam Amazônia, sendo necessário à vinculado à ocupação e à defesa
uma mistura de diferentes sua identificação cultural, territorial, iniciado pela igreja
grupos sociais (indígenas, regional e particular. católica, com a criação de
nordestinos e migrantes de aldeamentos e a formação de
outras regiões), vivendo em Na Amazônia, foi observado que paisagens características com
áreas rurais, às margens  de rios  os patrimônios naturais são uma rua principal paralela ao rio
e  lagos; e desempenhando socialmente utilizados e e a presença do trapiche ou
atividades  econômicas de incorporados à vida prática da porto que são geralmente
extrativismo  vegetal  e mineral, população cabocla local e precários.
agricultura familiar, pesca, carregados de significados
comércio e serviços (nas (FURTADO, 2009). Os estudos Além disso, há uma forte ligação
proximidades de cidades) e arqueológicos confirmam que as afetiva da população ribeirinha
vivenciando diversas tradições culturais amazônicas com o rio, devido à presença de
manifestações  linguísticas nas atingiram marcado grau de populações tradicionais com
manifestações sociais, culturais complexidade tecnológica e origem local, o que demonstra a
e históricas  (GAMA, et. al., 2018; sofisticação artística, além do necessidade de identificar as
SANTOS, et. al., 2019). sucesso na domesticação e no características peculiares e
desenvolvimento de diversificadas de habitar a
processamentos alimentares 1
Amazônia ao longo dos rios;
diversos, intensificando o bem como, compreender o
A explicação da especificidade manejo ambiental e valor simbólico dos rios aos
de “denominações” para grupos favorecendo o processo ribeirinhos que ocupam papel
específicos populacionais já vem civilizador (MAGALHÃES, 2013). central em sua cultura e

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tradição. Assim, o objetivo da CONSTRUÇÕES SOCIAIS DO diferenciam dos fenômenos
pesquisa foi descrever as RIBEIRINHO NA AMAZÔNIA sociais, pois, por definição,
construções sociais e físicas dos fenômenos sociais são
ribeirinhos na Amazônia com Ao serem considerados os específicos de uma sociedade e
enfoque nas características e espaços sociais, espaços responsáveis pela sua
particularidades de identidade simbólicos ou de classes sociais individualização e isolamento, e
cultural na utilização do rio. como um mecanismo de devem ser estudados à parte
correlação entre sociedades, há para não se cometer erros, pois
A realização da pesquisa uma necessidade de todos têm uma característica
ocorreu com a análise de dados aprofundamento nas importante, a de serem comum
secundários e a pesquisa de particularidades da realidade a uma parte da sociedade e
campo. Os dados secundários empírica e histórica situada e inclusos em sua história
foram utilizados para descrever datada, atribuindo prioridade às definindo assim os fenômenos
e conhecer o objeto de estudo e particularidades de histórias de civilização. Lakatos (1997)
tentar compreender o universo coletivas diferentes, e indicando corrobora ao definir que sem os
particular das populações as diferenças reais que separam grupos sociais não seria possível
tradicionais sob a perspectiva tanto as estruturas quanto as compreender a evolução da
de uma correlação a outras disposições (o habitus) para sociedade e que são unidades
populações estudadas.   A poder investigar e inferir a fundamentais e elementares
pesquisa de campo teve como respeito de um grupo específico formadas a partir da
objetivo avaliar como o principal (BOURDIEU, 2011). coletividade de pessoas que
envolvido no objeto de pesquisa desempenham papéis
está inserido no contexto Assim, o conhecimento e a recíprocos, segundo
geográfico, econômico, cultural delimitação em grupos sociais determinadas normas,
e político, já que Barros e são necessários, visto que interesses e valores sociais
Lehfeld (2013, p. 75) relatam existem muitas descrições sobre visando o mesmo objetivo,
que “o investigador na pesquisa as sociedades, os grupos sociais porém as características desses
de campo assume o papel de e as civilizações com muitos grupos compreendem a
observador e explorador, pontos em comum. A identificação por membros
coletando diretamente os dados conceituação de Mauss (1979), internos (pertencentes) e
no local (campo) em que se que escreveu sobre as externos, pela estrutura social,
deram ou surgiram os “Civilizações: com seus devido a diferenciação dos
fenômenos”. A pesquisa ocorreu elementos e formas”, relaciona papéis individuais, das relações
com entrevistas e observação as civilizações ao encadeamento recíprocas, das normas
ao longo dos percursos in loco cronológico e geográfico das comportamentais, do interesse
entre as cidades de Oriximiná e sociedades, porém utiliza o e valores comuns, da finalidade
Santarém, no estado do Pará, autor Adolf Bastian como o social e da permanência.
onde foram feitas três visitas às responsável pela descrição mais Somam-se as influências sobre
cidades e ao longo dos rios que utilizada pelos cientistas ao os indivíduos dentro de um
as interliga entre os anos de agrupar em três princípios, entre mesmo grupo que determinam
2013 e 2015. A escolha é eles a ideia elementar (cultural), atitudes, formam opiniões,
justificada pelo percurso entre o setor geográfico (localização) fornecem um “meio” de
essas cidades ser exclusivo e a migração (trocas sociais). A conhecer a realidade, e ajudam
pelos rios, e ambas terem ideia elementar se caracteriza a formar uma perspectiva de
grande importância econômica, pelo traço cultural existente vida. As influências citadas
política e cultural na Amazônia. entre os grupos que têm um acima pelo autor, poderiam ser
Durante a pesquisa foi feita a espírito coletivo e dividem os justificadas pelo poder
observação e entrevista aos mesmos anseios; o setor simbólico descrito por Bourdieu
atores envolvidos na dinâmica geográfico contempla as (2012) que faz agrupar pessoas
social de trocas locais, obtendo semelhanças de fatos, por em um mesmo grupo social.
por meio da análise do discurso línguas irmãs; e a migração é a
as características e identidade transformação e absorção de 1
Ao inferir sobre os fenômenos
cultural do grupo social elementos por mistura de sociais e avaliar os dialetos, a
investigado dentro da povos. Os fenômenos de constituição, o costume
perspectiva do uso dos rios. civilização se religioso ou estético e a moda,

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pode-se concluir a existência de sociedade civilizada por sua Roué (1997) aponta o valor
uma força simbólica na forma organizada de interagir simbólico da língua para uma
delimitação da sociedade e de regida por suas regras de sociedade como responsável
grupos. Faz-se uma analogia ao conduta. por determinar seu próprio
poder simbólico, em que caráter perceptual, com uma
Bourdieu (2012) descreve a Mauss (1979, p. 186-187) propõe grande riqueza e complexidade
comunicação como fenômeno como definição de civilização: de vocabulário. As populações
social que delimita uma tradicionais na Amazônia,
sociedade ou civilização, ao ser É um conjunto incluindo os ribeirinhos, são
capaz de transmitir suficientemente identificados como um grupo ao
conhecimento e promover as grande e numeroso denominarem de forma única e
relações sociais com o poder de fenômenos de específica seus materiais de uso
simbólico de repassar civilização, os quais comum, como a nomeação de
significação à informação. Desse devem ser embarcações pequenas que
modo, o ponto principal de suficientemente podem variar pelo tamanho,
trocas sociais dos ribeirinhos é importantes, tanto material com que são feitos, o
delimitado por o usufruto de pela quantidade como uso e a força do motor,
uma territorialidade de pela qualidade; é podendo ser descritos como
ocupação e pertencimento ao também um conjunto “rabeta”, “catraia”, “pô-pô-pô” e
longo dos rios, organizando-os bastante vasto de outras que encontram um
em grupos sociais com uma sociedades que os significado aos que deles
comunicação própria de valor apresentam; em utilizam. Este fato é confirmado
simbólico (re)conhecida por outras palavras: um por Castro (1997), que relata
essa comunidade tradicional. conjunto que os sistemas classificatórios
suficientemente das populações tradicionais são
Assim, os fenômenos sociais são grande e obtidos pelo vocabulário e
responsáveis por imprimir suficientemente termos usados na vivência e na
características únicas a uma característico para adaptação aos ecossistemas.
determinada sociedade; que possa significar,
enquanto são descritos os evocar uma família de As trocas sociais geradas pelos
“fenômenos de civilização” a sociedade (MAUSS, dialetos também ocorrem a
partir de fenômenos sociais que 1979,p. 186-187) partir de costumes. A formação
possuem características de de instituições e costume
semelhanças com um número A civilização descrita por religiosos peculiares ao local e
maior ou menor de sociedades e Durkheim e Mauss (2013) de origem comum, perpassada
de um passado mais ou menos aponta a existência de sistemas ao longo dos tempos, também
distante dessas sociedades, complexos e solidários, aparece como uma
podendo ser divididos conforme localizáveis no tempo e no característica dos ribeirinhos
o tempo e o lugar e que se espaço e constituídos de uma que os transforma em grupo.
transmitem de grupo a grupo, espécie de meio ambiente moral Como exemplo, a figura do
de geração a geração e são por meio da atuação de suas padre, ou hoje também do
conceituados como: “aqueles particularidades e de pastor, como o “dono do
fenômenos sociais comuns a organismos sociais dominando a conhecimento” e da instrução
várias sociedades mais ou vida coletiva de cada povo, em para as tomadas de decisões
menos próximas” (MAUSS, 1979, resumo, é responsável por que tem sua localização
p. 186). Dessa forma, as exprimir uma vida coletiva de principalmente as margens dos
populações tradicionais como um gênero especial. Um dos rios na Amazônia; assim como a
as exemplos apontados é a aproximação social e o lazer que
ribeirinhas, foram ao longo de linguística, que agrupa as ocorrem em festejos religiosos e
muitos anos incompreendidas e sociedades em famílias de por meio das “conversas” na
rotuladas erroneamente como povos que estão ou estiveram frente do rio. Os mirantes, os
uma sociedade “não” civilizada, em relação com os outros ou cais, os trapiches e as praças
porém nota-se as características que saíram de uma mesma sempre margeados pelos rios,
peculiares e exclusivas que as origem refletindo nas podendo ter também outras
categorizam dentro de seus instituições geradas por elas. denominações, funcionam como
fenômenos sociais em uma

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um ponto central de encontro tradicional a utiliza de forma acesso aos recursos é
para os ribeirinhos que a partir coletiva como um direito observada com o transporte
desse local desenvolvem suas sagrado onde viveram seus fluvial que utiliza variadas
trocas impulsionadas por antepassados que lhes fornece tipologias de embarcações, e
costumes perpassados por os meios de subsistência, os para os ribeirinhos é a principal
gerações. meios de trabalho e produção e forma de deslocamento, o que
os meios de produzir os demonstra sua relevância a essa
Com isso, pode-se abordar os aspectos materiais das relações população tradicional. Na
grupos ou classes sociais no sociais, com o rio assumindo o Amazônia foram observados
espaço social a partir de uma papel de protagonista, enquanto índices alarmantes de acidentes
distribuição dos grupos em as populações urbano- com o motor das embarcações
função de sua diferenciação de industriais compreendem o uso que causam a perda de cabelos
capital econômico e o capital da terra como privado, (escalpelamento) ou a morte de
cultural. Cada espaço social de dividindo-os assim em dois usuários; ocorre quando as
posições corresponderia a uma grupos diversos. vítimas têm seus cabelos
classe vinculada por afinidade repentinamente puxados pelo
de estilos, ou seja, de gostos Porém, mesmo a categorização eixo do motor de embarcações,
(habitus) produzidos por em grupos deve ser arrancando bruscamente todo
condicionamentos sociais com cuidadosamente descrita. ou parte do couro cabeludo da
valores simbólicos. É apontado Popper (2013) descreve como vítima, inclusive orelhas,
que a proximidade no espaço enunciados “específicos” ou sobrancelhas e por vezes uma
social é o que agrupa a “singulares” os que dizem enorme parte da pele do rosto e
sociedade em classes sociais respeito apenas a certas regiões pescoço, levando a
gerando as práticas culturais, de finitas do espaço e do tempo e deformações graves e até a
consumo, de opiniões políticas diferencia os conceitos morte (CAPOR, 2014). Nas
etc.; e está organizada em três universais e individuais, em que entrevistas colhidas ao longo da
dimensões fundamentais os enunciados singulares da pesquisa, uma ribeirinha que
distribuídas pelo volume global ciência aparecem, sofreu o escalpelamento com
de capital, a estrutura desse frequentemente, em sete anos narrou a experiência
capital e com a evolução desse coordenadas espaço-temporais, vivenciada por ela e sua família.
capital (BOURDIEU, 2011). podendo ser conceitos de
classes, enquanto os enunciados Na manhã de um dia
Ao dividir a população que vive universais remetem ao todo. desconhecido no ano de um mil
na Amazônia, pode-se, de forma Dentro da abordagem de novecentos e noventa e seis,
comparativa, distribuí-la em um Popper(2013), os ribeirinhos se uma família ribeirinha navegava
espaço social específico para os inserem num enunciado em direção a sua residência no
ribeirinhos quando comparada específico ou singular, já que se rio Inhamundá no estado do
aos moradores amazônicos das categorizam num padrão Pará. O percurso transcorreria
grandes metrópoles, pois específico e único dentro de aproximadamente quatro horas
possuem habitus, capital uma coordenada espaço- de viagem na própria
econômico e cultural temporal, incluindo assim, as embarcação da família, quando
diferenciados, ou seja, a divisão características sazonais de a filha caçula foi ao “bacio”
por categorias sociais de organização. (penico) e parte de seu cabelo
percepção, princípios de visão e foi arrancado pelo eixo do
de divisão, diferenças nas Na Amazônia, há diversas motor da embarcação. A família
práticas, nos bens possuídos e formas de usufruto dos rios que foi atendida na unidade de
nas opiniões expressas. Diegues depende da sazonalidade para saúde da cidade  mais próxima,
(1997), ao escrever a forma de obter certos recursos, como o no entanto, foi encaminhada
utilização da Amazônia, provimento de certos alimentos, com urgência para uma cidade
diferencia as populações por entre eles os variados peixes, as de maior porte (Oriximiná-PA)
meio de seus interesses e coletas extrativistas ou o cultivo em lancha paga pela prefeitura.
saberes, classificando as da agricultura de subsistência 1
Na manhã seguinte a criança e
populações em urbano- que precisam dos fluxos das sua mãe foram de avião para a
industriais e tradicionais a partir águas dos rios para seu capital, Belém (PA), sendo
do uso da terra, cuja população consumo. Outra forma de atendidas no hospital de

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referência (Santa Casa de Um exemplo prático que pode pessoas que vivem nas
Misericórdia), onde ficou em ser usado comparativamente proximidades dos rios em que o
tratamento por quatro meses aos ribeirinhos, guardando suas volume e a altura das águas se
em contato com sete crianças devidas proporções, foi a modificam. Resumidamente, as
que também haviam sofrido o descrição das variações habitações podem se
escalpelamento. Após sazonais das sociedades localizarem terrenos que não
tratamento, retornou a sua casa esquimós feita por Mauss são alagados com o aumento de
e permaneceu um ano sem (2003), que aponta como um volume de água e assim não
freqüentar a escola, quando campo de estudo privilegiado já “invadem” o limite da casa,
apresentou anemia e voltou que além de ser uma população sendo denominada pela
para Belém, onde fez enxertia geograficamente determinada, população local como casas em
do couro cabeludo, melhorando sofre ao longo do ano grandes “terra firme”, esses são os
o aspecto local.  O modificações conforme as terrenos que abrigam os animais
escalpelamento é capaz de estações, modificando a que são transportados com a
impactar uma família dentro de maneira como os homens se cheia. Porém, as casas
vários enfoques, culturalmente agrupam, a forma de suas casas, localizadas em terrenos que são
pela perda dos longos fios e sua a natureza de suas instituições  submersos durante a cheia, são
mutilação que gera o menor e aponta que afeta os diferente feitas de “palafitas”, ou seja,
“embelezamento” para o grupo modos de atividades coletivas. casas em cima de estruturas de
social, economicamente pela Assim como os esquimós, os madeira sem tocar o chão, e o
diminuição na oferta de ribeirinhos são essencialmente acesso aos rios ou ao solo,
recursos, psicologicamente um povo que vive à margem quando em época de seca, é
pelos traumas gerados e d’água, e para ambos, a forma feito por escadas ou terminais
socialmente pela diminuição de de interação com sua moradia flutuantes privados, como
contato gerado pelo isolamento, se modifica sazonalmente de observado nas Fotografias 1 e 2.
e na Amazônia, ainda é uma das acordo com a cultura local e as
principais externalidades necessidades sazonais. Para os
negativas aos ribeirinhos. esquimós, a habitação no verão
é feita em uma construção mais
No entanto, o uso das águas simples composta de varas em
fluviais é imprescindível para formato de cone que não
essa população tradicional que comporta divisórias para isolar a
utiliza esse território de família de seus eventuais
pertencimento com técnicas hóspedes, dormindo todos em
Fotografia 1 - Casa de palafita.
corporais específicas em suas um mesmo ambiente, chamada
atividades cotidianas (SILVEIRA; de tenda, enquanto que a
BASSALO, 2012) e são habitação no inverno é chamada
justificadas a partir do valor de casa e possui três elementos
simbólico em que a cultura de essenciais; um corredor que
um povo emprega nas começa no exterior e vem
características gerais de desembocar no interior por uma
comportamento, inclusive as entrada subterrânea; um banco
corporais (MAUSS, 2003; com lugares para lâmpadas e
BOURDIEU, 2012). Assim, deve- divisórias que determinam o
se ter em mente a história compartilhamento de ambiente, Fotografia 2 - Vista do caminho
vivenciada por seus habitantes muito conhecido como iglu. de uma casa de palafita ao solo
que passada por gerações, Essas diferenças habitacionais ou rio.
impactam o seu modo de vida. ocorreram por meio de um
No caso da Amazônia, a forma desenvolvimento histórico
Existem também algumas casas
de ocupação a partir dos leitos provavelmente muito longo e de
flutuantes que são usadas
dos rios, primeiramente com a migrações de extraordinária
quando a altura da água
colonização, depois com a amplitude (MAUSS, 2003).  1
excede  o limite esperado, e a
urbanização dessas localidades
flutuação de alguns domicílios é
que originaram as cidades. Porém, para o ribeirinho, a
feita por estruturas
sazonalidade ocorre com a
hermeticamente fechadas com
CONSTRUÇÕES FÍSICAS DO cheia e a seca do rio,
ar dentro que são colocadas por
RIBEIRINHO NA AMAZÔNIA modificando as habitações das
baixo do chão de 
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madeira das casas e podem ter intensificado e o peixe é mais
grande variedade de materiais e consumido. As autoras também
formatos, porém na maioria das relacionaram a sazonalidade a
vezes reutilizam-se garrafas partir do volume d´água com as
plásticas em casas ou terminais manifestações sociais, capaz de
flutuantes menores como promover a organização do
observado na Fotografia 3 que calendário anual de festas e
mostra um flutuante como religiosidades, de manifestações
terminal de embarque e políticas, de maior ou menor
desembarque de embarcações. integração nas relações
Fotografia  4 - Casa flutuante
Contudo, podem possuir familiares.
feita com estrutura de alumínio.
estruturas diferenciadas, como
na Fotografia 4 que mostra dois Paiola e Tomanik (2002)
tubos de alumínio apoiando a Além de modificar a forma de apontam, por meio de suas
casa. habitação, a sazonalidade, entrevistas com pescadores,
descrita a partir das águas, que as populações tradicionais
Essas casas flutuantes podem também contribui nas variadas se identificam não só pelas
ser deslocadas ao longo dos atividades produtivas agro- características descritas por
rios, podendo ser recolocada extrativista. Scherer (2004) Diegues (1996) como, por
em um local de “terra firme” e descreve os modos de vida dos exemplo, pelo apego ao estilo
servem como terminais de ribeirinhos a partir de dois livre de vida, dependência e
embarque e desembarque, ecossistemas, as terras de conhecimento aprofundado em
comprovando sustentabilidade várzeas, sujeitas a inundações relação aos ciclos naturais,
por meio de conhecimentos nas cheias e as terras firmes, importância dada à unidade
acumulados que perpassam as que não inundam com as familiar, reduzida acumulação
gerações nas escolhas feitas mudanças sazonais e servem de de capital, utilização de
pelos ribeirinhos. Acevedo apoio. Assim estes são tecnologias simples e fraco
Marin e Castro (1998) chamados de povos das águas, poder político, mas também 
contribuem com a investigação por viverem em função das por serem descendentes e
ao descrever as relações mudanças sazonais que regulam herdeiros de população e
socioambientais de suas atividades; viverem em cultura tradicionais.
comunidades ribeirinhas com a pequenas comunidades
natureza que fazem parte:“A próximas aos rios em casas de Não se deve esquecer que
ordem da natureza é palafita; usarem a terra para a mesmo dentro do conceito de
interpretada seguramente sem agricultura familiar e o populações tradicionais
o rigor de um conhecimento extrativismo de produtos encontramos as particularidades
produzido pela ciência, mas regionais e o rio como principal de etnias, costumes, manejo da
gerador de um saber prático fonte proteica, no entanto, o terra e do rio e outras formas de
eficiente em relação ao seu excedente é vendido e compra- interação com o ambiente. No
modo de produzir e viver”. se carne bovina. entanto, a tradição indígena por
(ACEVEDO MARIN; CASTRO, meio de técnicas e estratégias
1998, p. 169). Ao estudarem a população de manejo foi a primeira fonte
negra nas margens do rio cultural das populações
Trombetas, Acevedo Marin e tradicionais e originou a
Castro (1998) descreveram as descoberta de alimentos e
atividades produtivas e sua matérias-primas importantes
maneira de realizá-las a partir de usados ainda hoje por todos,
uma divisão entre verão e como a batata, a mandioca, o
inverno, equivalente milho, a borracha, o guaraná
respectivamente à “seca” e etc., o que demonstra que os
“cheia” dos rios. No inverno índios são responsáveis pelo
aumenta-se a coleta saber primitivo na
1

dacastanha e a caça é América,porém ainda não


priorizada por estar mais gorda, muito valorizado pela população
Fotografia 3 - Casa flutuante
enquanto que na época do urbano-industrial (LIMA;
feita com garrafas plásticas.
verão, o trabalho na roça é PEREIRA, 2007).

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Diegues e Arruda (2001) seres sobrenaturais tem povo de dispor deles mesmos
consideram as populações influência sobre a caça e a (CASTRO, 1997; DIEGUES, 1997;
tradicionais como indígena e pesca (DIEGUES; ARRUDA, PAIOLA; TOMANIK, 2002;
não indígena, porém algumas 2001). ROUÉ, 1997), como na utilização
não indígenas (caiçara, do rio como um bem comum a
ribeirinho amazônico, sertanejo) CONSIDERAÇÕES FINAIS partir da identidade cultural
receberam forte influência atribuída a ele, e assim,
indígena observada na herança Essa ocupação e utilização dos assumindo a busca de
dos termos regionais e nas recursos no território amazônico reconhecimento desse grupo
tecnologias patrimoniais de ocorrem a partir da interação dentro do espaço amazônico a
preparação de alimento, com o meio ambiente de forma partir de suas peculiaridades
cerâmica e técnicas de específica por seus povos por culturais. Diegues acrescenta
construção de instrumentos de meio dos conhecimentos que a exploração dos recursos
caça e pesca. As populações integrados de crenças e práticas naturais pelas populações
tradicionais não indígenas foram passados por gerações, mas tradicionais ocorre mediante as
ordenadas de acordo com sempre ao entorno das redes de relações sociais, suas
“áreas culturais”, diferenciando- trocas fluviais na Amazônia racionalidades intencionais, seus
as em: açorianos, babuaçeiros, (CASTRO, 1997; DIEGUES, objetivos de produção material
caboclos / ribeirinhos 2000; DIEGUES, 2001; LIMA; e social por meio de
amazônicos, caiçaras, caipiras / PEREIRA, 2007). E os representações simbólicas, e o
sitiantes, campeiros (pastoreio), ribeirinhos fazem das ilhas seus rio assume aos ribeirinhos o
jangadeiro, pantaneiro, territórios-paisagens de valor simbólico indispensável à
pescadores artesanais, praieiros, pertencimento pela sobrevivência.
quilombolas, sertanejos / caracterização de território
vaqueiros e varjeiros e o uso de seus recursos em que Somado a essa caracterização
(ribeirinhos não amazônicos). a sazonalidade atua na de identificação cultural,
adaptação ao meio em que Furtado (2009) aponta a
A definição de populações usufruem, como em sua necessidade de valorização do
tradicionais não indígenas da moradia e embarcação. Somado ser humano em sua diversidade
Amazônia é caracterizada pelas a sua forma característica, sociocultural e adaptativa com
atividades extrativistas peculiar e diversificada de enfoque na relação dos
aquáticas ou florestais habitar a Amazônia ao longo pescadores com os rios que
terrestres. O caboclo / ribeirinho dos rios com uma multivariada envolvem valores, concepções,
amazônico é extrativista, mas incorporação de técnicas e interesses e objetivos sobre os
vive da pesca nas várzeas e ajustes ao espaço, possuem sua patrimônios naturais carregados
nas beiras de própria, exclusiva e diferenciada de semântica, pois além de ser
igarapés, igapós, lagos e rios e identidade cultural. fonte de alimento e provisão de
sua vida é regulada pelos ciclos água, têm os significados que
da água modificando as
A diferenciação da forma de extrapolam a natureza material
atividades de extrativismointeragir com o meio é então e quase sempre são invisíveis ao
vegetal, agricultura e pesca. O uma das características e senso comum. Visto que, nas
modo de produção agrícola é particularidades de identificar sociedades primitivas e
familiar, vendendo o excedente culturalmente os ribeirinhos tradicionais existe uma ligação
e trocando com os vizinhos; se dentro de suas construções próxima entre o homem e a
utilizam de seus conhecimentos sociais e físicas, sendo os natureza, marcada por crenças
sobre a várzea na colheita de ribeirinhos, um dos atores em mitos ancestrais e
produtos alimentícios, como amazônicos inclusos no grupo religiososcomo um sistema de
mandioca, frutas e ervas
de populações tradicionais. Para representação da natureza, na
medicinais; na floresta extraem isso, começaram os estudos dos qual o rio exerce três funções de
o látex e a castanha-do-pará; saberes da natureza das conhecimento e significação aos
criam pequenos animais
populações locais ou indígenas ribeirinhos, sendo elas a
domésticos e possuem poucas a partir de 1970, na perspectiva 1
representação, a organização e
cabeças de gado; moram em de valorizar esses saberes para a legitimação nas relações de
casas de madeira construídas gerir recursos naturais, com pertencimento na natureza
em palafita; a pesca é
enfoque na preservação do vivenciada (DIEGUES, 1997).
importante fonte de proteína e ecossistema e biodiversidades,
renda; e a crença em diversos reconhecendo na esfera Assim, propõe-se o
científica e política o direito do 13
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reconhecimento da existência ______. O mito do paraíso DIEGUES, Antonio Carlos;
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Recebido em 01 nov 2019 l Aprovado em 03 dez 2019

Mayra Hermínia Simões Hamad Farias do COUTO

Doutora em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pelo Núcleo de Altos Estudos da Amazônia (NAEA) da
Universidade Federa do Pará (UFPA). Mestre em "Neurociências e biologia celular" pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
Especialista em "Fisioterapia em Neurologia" pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e em "Métodos
de tratamento em deficiências físicas e gestão organizacional de centros de reabilitação" pela Associação de Assistência à
Criança Deficiente (AACD) e Instituto da cabeça da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Graduada em
Fisioterapia pela Universidade da Amazônia (UNAMA).
E-mail: mayrahamad@gmail.com
 
Nírvia RAVENA 

Doutora em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia) pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro
(IUPERJ). Mestre em Planejamento do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Graduada em Ciências
Sociais pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente, é professora do Programa de Pós-Graduação em
Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU) do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), e
pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT-
PPED).
E-mail: niravena@gmail.com

Maria Cristina de Jesus dos SANTOS

Mestre em Gestão e Saúde na Amazônia pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA) associado à
Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade do Estado do Pará (UEPA). Pós-Graduação em Saúde Pública,
Administração e Planejamento em Projetos Sociais e Auditoria em Serviços de Saúde. Graduada em Serviço Social e
Administração. Docente na Faculdade Pan Amazônica (FAPAN), no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e
Emprego (PRONATEC) e no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).

E-mail: mcrisjsantos@gmail.com

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