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RESUMO - Esse trabalho visa apontar a importância do clima no debate sobre futebol em
relação às especificidades de cada cidade onde a prática é realizada, dada as diferentes
dinâmicas climáticas que se inserem em um país de dimensões continentais como o Brasil.
Estudos geográficos do clima são necessários para entender as interações da atmosfera com a
superfície terrestre. Monteiro (1976) definiu o “clima urbano como sendo o sistema que
abrange o clima de um dado espaço terrestre e sua urbanização”, é fruto das alterações
humanas no ambiente natural que influenciam as condições térmicas das cidades.
Características térmicas da superfície, taxas de evaporação, novos padrões de circulação do ar,
impermeabilização do solo, ausência de vegetação, presença e atividade do homem são
fatores que o tornam peculiar. Atividades esportivas praticadas ao ar livre nas cidades são
afetadas pelas condições climáticas, podendo causar prejuízo à saúde dos praticantes
principalmente quando a temperatura é elevada, alteram o metabolismo e a transferência de
calor entre o corpo e o meio ambiente e, portanto, os atletas podem ser considerados grupos
de risco para o surgimento de transtornos ligados ao comprometimento dos mecanismos de
dissipação do calor. O futebol, praticado ao ar livre, possui tempo de esforço físico e mental
prolongado, com jogos e treinos ocorrendo em horários de forte exposição solar e, assim,
predispõe seus praticantes a riscos de desidratação e hipertermia.
Ludwig von Bertalanffy. Assim “o estudo do SCU deve ser realizado tendo em vista a
organização funcional de partes relacionadas, em que o que importa não é o fracionamento
das partes, mas as relações entre elas, numa perspectiva holística” (DUNKE, 2007, p. 125).
Em Teoria e Clima Urbano, Monteiro, altera o paradigma nos estudos do clima urbano no
Brasil.
A conquista do espaço urbanizado, ao mesmo tempo em que implica em derivações
de vulto no quadro ecológico, passa, através do seu desenvolvimento temporal, por
várias feições da massa edificada, de acordo com a própria evolução e
diversificação das funções urbanas. E este próprio evoluir é condição básica para
que a cidade seja capaz de alterar as condições climáticas locais até adquirir
atributos tais que a possam dotar de um caráter de clima “urbano” (MONTEIRO,
1990, p. 87).
Monteiro (1976) definiu o “clima urbano como sendo o sistema que abrange o clima
de um dado espaço terrestre e sua urbanização” é, então, fruto das alterações humanas no
ambiente natural. O ambiente artificial criado pelo homem, o asfalto e o concreto possui
menor albedo em comparação com áreas verdes, e suas características físicas absorvem mais
calor advindo da radiação solar. Essas alterações na cobertura do solo somadas com a
produção artificial de calor pelas atividades do homem influenciam significativamente as
condições térmicas no ambiente urbano. “As questões ambientais no ambiente urbano devem
ser entendidas, portanto como decorrência da forma de ocupação e das ações sociais dessa e
nessa ocupação” (CASTRO, 1999, p. 7).
A diferenciação dos microclimas na cidade, portanto, resultam das alterações na
atmosfera urbana provocada pelos poluentes, atividades industriais,
desflorestamentos e outras atividades antropogênicas, gerando “ilhas de calor” e
“ilhas de frescor” conforme a interação do clima com a configuração e o uso do
espaço (DUMKE, 2007, p. 124).
Para Dumke (2007) percepção e sensação de conforto térmico não estão ligadas
somente aos fatores fisiológicos, mas também culturais e psicológicos, assim, a sensação de
conforto térmico é “o estado mental que expressa satisfação com o ambiente térmico que
envolve a pessoa” (ASHRAE, 1981 apud DUMKE, 2007, p. 132). Goedert (2006) cita os
estudos de Parsons (2003) que, por sua vez, basearam-se nos de Fanger para definir os
parâmetros básicos de conforto térmico, o qual dividiu em dois grupos: os ambientais
(temperatura do ar, temperatura radiante, umidade relativa e movimento do ar) e individuais
(calor gerado pelo metabolismo e a vestimenta).
Segundo Monteiro (1990), as manifestações climáticas que devem ser consideradas
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quando se trata de conforto térmico são: a radiação solar, a temperatura do ar, a umidade, os
ventos e as precipitações. Assim, define conforto térmico como ausência de constrangimento
sensorial pelo corpo humano em sua troca com o ambiente e, portanto, por ser sentido se
comporta, também, como uma grandeza subjetiva (CASTRO, 1999). Variações de
temperatura acima de 1º a 2ºC para o homem por um tempo relativamente longo, como
algumas horas, podem afetar seriamente o organismo – “um desvio da temperatura de 4ºC
acima ou abaixo da média, poderá causar lesão permanente ou morte” (RORIZ, 1987 apud
DUMKE, 2007, p. 130).
[...] o corpo humano funciona dentro de certas condições ambientais, com limite de
temperatura, umidade, luz, qualidade do ar, etc. Para um determinado conjunto
dessas variáveis deverá haver uma resposta biológica, com resultados psicológicos
que podem ser de prazer, conforto, desconforto ou estresse (BRANDÃO, 2009, p.
43).
Goedert (2006) explica as respostas que o corpo pode dar às variáveis ambientais, são
elas: o conforto térmico, quando atende as necessidades fisiológicas e preferências térmicas; o
desconforto térmico, quando essas respostas não são atendidas; o estresse térmico, que exige
um esforço psicológico adicional; e morte, quando elas superam os limites fisiológicos.
2. Climatologia e esportes.
Segundo Pallota et al (2015, p. 224) “a relação entre as condições de tempo, clima e o
esporte é cada vez mais abordada dentre as diversas frentes que desenvolvem melhores
técnicas para modalidades esportivas profissionais”. Thornes (1977) dizia que eram
necessárias pesquisas sobre meteorologia aplicada ao esporte e Perry (2004) também justifica
essa necessidade, o que mostra a carência de estudos sobre climatologia e esportes.
Guerra (2013) afirma que as atividades esportivas, especialmente as praticadas ao ar
livre no ambiente urbano são afetadas pelas condições climáticas, podendo causar prejuízo à
saúde dos praticantes principalmente quando a temperatura é elevada.
Esportes de corrida, bem como o futebol e outros, dificilmente seriam considerados
dependentes das condições de tempo [...] No entanto, são em modalidades como
essas que o principal tema da meteorologia do esporte vem à tona: o conforto
térmico do atleta (PALLOTA et al, 2015, p. 224).
As atividades físicas de alto nível alteram o metabolismo e a transferência de calor
entre o corpo e o meio ambiente. Vimieiro-Gomes e Rodrigues (2001) relatam que atletas que
praticam esportes ao ar livre em regiões de clima quente e úmido podem ser considerados
grupos de risco para o aparecimento de transtornos devido ao comprometimento dos
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3. Climatologia e futebol.
O futebol se enquadra na prática de esportes realizados ao ar livre, que possui tempo
de esforço físico e mental prolongado (noventa minutos) com apenas um intervalo regular
(GUERRA, 2013). Alguns jogos e treinos ocorrem em horários com forte exposição solar,
principalmente para clubes menores que jogam divisões inferiores em campeonatos estaduais
e nacionais, predispondo os atletas a riscos de desidratação e hipertermia.
A prática de atividades físicas ao ar livre é na maioria das vezes benéfica ao ser
humano. No entanto, se realizadas em condições de tempo desfavoráveis podem se
transformar em um fator de risco a saúde dos atletas (GUERRA, 2013, p. 55).
Morais et al. (2007) relacionaram os desgastes orgânicos em contextos de esforço
físico com as variáveis climáticas e concluiu que em jogadores atuantes na posição de lateral
há uma diminuição do peso corporal de até 4,33% sob essas condições. Guerra (2013) afirma
que uma sobrecarga fisiológica nos sistemas termorregulatórios pode causar falha na
manutenção da temperatura corporal interna. Muitos autores propuseram indicadores
ambientais para o controle das condições ambientais durante a prática esportiva, segundo
Guerra (2013), porém, especificamente sobre futebol são raros esses estudos.
Assim, se por um lado, a ausência de um critério universalmente aceito pode levar a
resultados discrepantes nas pesquisas e ao impedimento de comparações, por outro,
isso dá aos pesquisadores uma ampla possibilidade de investigações, que permitem
diferentes opções de acordo com os objetivos a serem alcançados e dados
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
HOPPE, P. R.. The physiological equivalent temperature: a universal index for the
biometeorological assessment of thermal environment. International Journal Of
Biometeorology, S, v. 43, n. 0, p.71-75, jan. 1999.
LOMBARDO, M. A. Ilhas de Calor nas Metrópoles: o caso de São Paulo: Hucitec, 1985.