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1. Fundamentos da combustão Formatado: Recuo: À esquerda: 0


1.1 As necessidades de ar para a combustão cm, Primeira linha: 0 cm, Vários níveis
1.2 Coeficiente de excesso de ar + Nível: 1 + Estilo da numeração: 1, 2,
3, … + Iniciar em: 1 + Alinhamento:
2 Condições para combustão completa
Esquerda + Alinhado em: 0,63 cm +
3 Energia liberada durante a combustão Tabulação após: 1,27 cm + Recuar
4 Eficiência energética da combustão em: 1,27 cm, Tabulações: 0,5 cm,
5 Formação de gases e poluentes no processo de combustão Tabulação de lista + Não em 0,63 cm
5.1 Material particulado - MP + 1,27 cm
5.2 Fuligem
5.3 Monóxido de carbono - CO
5.4 Óxidos de enxofre - SOx
5.5 Óxidos de nitrogênio - NOx
5.6 Compostos orgânicos voláteis – COVs
5.7 Oxigênio – O2
5.8 Dióxido de carbono – CO2
6 Breve descrição dos mecanismos de combustão
6.1 Poderes caloríficos dos principais combustíveis industriais
6.2 Valores de referência para ajuste de sistemas de queima
7 Medição dos gases da combustão (instrumental necessário)
7.1 Determinação dos gases pelo método de Orsat
7.2 Determinação do CO2 ou do O2 por analisador químico portátil
7.3 Determinação dos gases com analisadores portáteis
7.3.1 Funcionamento do sensor eletroquímico
7.3.2 Analisadores de combustão eletroquímicos
7.3.3 Cálculos (básicos) adotados em analisadores eletroquímicos
7.3.4 Cálculo da concentração de CO2
7.3.5 Cálculo da concentração de NOx
7.3.6 Cálculo do monóxido de carbono não diluído
7.3.7 Cálculo da concentração em massa dos componentes do gás
7.3.8 Oxigênio relativo
7.3.9 Cálculo do excesso de ar ou do coeficiente lambda
7.3.10 Cálculo do rendimento da combustão
7.3.11 Cálculo da relação CO/CO2 - ratio
7.3.12 Gráfico do excesso de ar e do CO2 para vários combustíveis
7.4 Emprego de analisadores contínuos na medição dos gases
7.4.1 Medição extrativa Formatado: Recuo: Deslocamento:
7.4.2 Medição “in situ” do teor de oxigênio 2,22 cm, Vários níveis + Nível: 3 +
7.4.3 Análise contínua do CO Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
Iniciar em: 1 + Alinhamento: Esquerda
7.5 Medição da qualidade da queima pela opacidade dos gases + Alinhado em: 0,95 cm + Tabulação
7.5.1 Medição do índice de fuligem após: 2,22 cm + Recuar em: 2,22 cm
7.5.2 A escala de Ringelmann
Formatado: Recuo: Deslocamento:
7.5.3 Opacímetros
1,48 cm, Vários níveis + Nível: 2 +
7.5.4 Medição de particulado por amostragem isocinética Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
Anexo: Onde analisar os gases da combustão? Iniciar em: 1 + Alinhamento: Esquerda
+ Alinhado em: 0,85 cm + Tabulação
após: 1,48 cm + Recuar em: 1,48 cm
Formatado: Recuo: Deslocamento:
Wagner Branco 2,22 cm, Vários níveis + Nível: 3 +
Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
wbranco@confor.com.br Iniciar em: 1 + Alinhamento: Esquerda
tel 11 7466-6214 + Alinhado em: 0,95 cm + Tabulação
após: 2,22 cm + Recuar em: 2,22 cm
1. Fundamentos da Combustão

Combustão é uma reação química que envolve reações de oxidação do oxigênio (puro ou do ar
atmosférico) com materiais ou compostos considerados combustíveis, liberando energia (calor).

Os principais elementos químicos que constituem um combustível são carbono, hidrogênio e alguns
casos , enxofre. Estes elementos reagem com oxigênio, e na sua forma pura apresentam a seguinte
liberação de calor, segundo as reações:

C + O2  CO2 - 393.500 kj/kmol


H2 + ½ O2  H2O - 241.800 kj/kmol
S + O2  SO2 - 29.300 kj/kmol

A maioria dos processos de combustão utiliza o ar ambiente como fonte de fornecimento de oxigênio
para a combustão.

Composição do ar Atmosférico

Elemento em massa em volume


Oxigênio 23,2% 21%
Nitrogênio 76,8% 79%
Relação molar O2/N2 3,76

1.1 As necessidades de ar para a combustão

Qualquer combustível convencional requer de acordo com sua composição, uma quantidade específica
e calculável de oxigênio e portanto de ar, uma vez que este é o agente comum de fornecimento) para
atingir teoricamente uma reação completa. Menos do que essa quantidade gera perdas excessivas de
calor através do gás de combustão. Na prática, a fim de se garantir combustão completa, é utilizado um
pouco mais do que a quantidade teórica necessária, por razões posteriormente explicadas.
O cálculo do excesso de ar envolve o conhecimento da composição química elementar do combustível,
do ar (oxigênio) e dos pesos atômicos envolvidos, desta forma determina-se a relação ar/combustivel
estequimétrica para qualquer combustível de composição conhecida.

Para um composto simples como o metano (CH4), constituinte principal do gás natural, pode ser
escrita a equação de combustão:

CH4 + 2 (O2 + 3,76N2)  CO2 + 2H2O + 7,52N2

Pela equação acima, temos que 1 mol de CH4 necessita de 2 moles de O2 para ocorrer combustão
completa. No caso de ar atmosférico, é envolvido obrigatoriamente mais (2 x 3,76) moles de N 2 no
processo de combustão. A princípio, admite-se que o N2 não participa das reações, e sai do processo
não modificado.
Com base nesses dados é possível calcular as massas de combustível e ar envolvidos, a partir dos
pesos moleculares dos componentes da reação:

Combustível: 1 mol CH4 = 16 gramas


Ar atmosférico: 2 moles O2 = 2 x 32 = 64 gramas
(2x 3,76) moles N2 = 2 x 3,76 x 28 = 210,56 gramas

A/C = ___Massa de Ar_____ __ = 274,56 = 17,16


Massa de combustível 16
A relação Ar/Combustível estequiométrica em base de massa é 17,61 : 1

O cálculo estequiométrico como ilustrado acima permite determinar-se a relação A/C estequiométrica
para qualquer combustível de composição conhecida. Quando se tratar de combustível de composição
molecular indeterminada, como o caso da biomassa, ou com uma grande quantidade de compostos
envolvidos, como o caso de derivados líquidos de petróleo, deve ser conhecida a composição
elementar do combustível, que é a proporção, em massa, dos elementos químicos constituintes (C, H,
S, etc..). A partir desta composição elementar em massa, transformando-os em composição molar, o
processo de cálculo é o mesmo.
A tabela abaixo apresenta valores típicos da relação A/C estequiométrica para os principais
combustíveis utilizados no Brasil.

Relação A/C estequiométrica, valores típicos para alguns combustíveis:

COMBUSTÍVEL A/C ESTEQUIOMÉTRICA (EM MASSA)

Óleo combustível 1% S 14,3


Óleo combustível 3% S 13,9
GLP 15,5
Gás natural 16,4
Lenha (base seca) 5,97
Bagaço (base seca) 5,73
Lenha 25% umidade 4,5
Bagaço 50% umidade 2,9

1.2 Coefiente de excesso de ar

Define-se o coeficiente de excesso de ar  como a relação entre o nº de moles realmente utilizados


na combustão e o nº de moles estequiométricamente necessário:

= N mol – realO2 = Mreal O2


N mol - esqO2 M esteqO2

Por exemplo, se um combustível for queimado com 20% de excesso de ar, então a proporção de
trabalho de ar/combustível é 1,20 vezes a proporção estequiométrica. O ar em excesso, então, não
participa diretamente da combustão, e sai do processo junto com os produtos da combustão.
Podemos chamar também de coeficiente lambda  , onde:

)orez a laugi ra ed ossecxe( 1 = ‫ג‬


)ra ed ossecxe( 1 > ‫ג‬
)ra ed atlaf( 1 < ‫ג‬

Como vimos, as equações de estequiometria química permitem o cálculo das necessidades de ar de


combustão e por consequência, a previsão da composição dos gases de combustão desde que:
- seja conhecida a composição do combustível,
- seja admitida combustão completa, Formatado: Com marcadores + Nível:
- e seja conhecido o excesso de ar aplicado. 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
Da mesma maneira, se for conhecido a composição dos produtos de combustão, ou a fração molar de após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
um de seus componentes, é possível calcular-se o excesso de ar aplicado. A análise química dos
produtos de combustão permite tal determinação e é um meio extremamente útil e confiável para
controle do processo de combustão. Os teores de CO2 e O2 são as medidas mais usadas para
determinação do excesso de ar através da análise dos gases de combustão. Desde que a composição
elementar da maioria dos combustíveis industriais não varia consideravelmente, é possível construir
um gráfico que relaciona o excesso de ar com o teor de CO2 ou O2 nos produtos de combustão.
Formação típica dos gases da
combustão:

 Ar em demasia desperdiça calor Formatado: Recuo: À esquerda: 0,5


 Ar insuficiente desperdiça cm, Primeira linha: 0,13 cm, Com
combustível marcadores + Nível: 1 + Alinhado em:
0,63 cm + Tabulação após: 1,27 cm +
 Combustível não queimado Recuar em: 1,27 cm
causa poluição
Formatado: Com marcadores + Nível:
 Melhor faixa operacional é 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
obtida com baixos excessos após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
de ar e baixo CO
Formatado: Com marcadores + Nível:
1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm

2. Condições para combustão completa Formatado: Com marcadores + Nível:


1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
A combustão completa é obtida quando os elementos químicos componentes do combustível são
oxidados completamente para o seu mais baixo potencial químico, portanto, C,H,S são oxidados
respectivamente para CO2, H2O e SO2.

Para que haja combustão completa é necessário reunir algumas condições especiais, a saber:
- temperatura suficiente para correr a reação Formatado: Com marcadores + Nível:
- tempo de permanência dos reagentes nesta temperatura 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
- contato físico entre combustível e oxidante, ou seja, uma boa mistura entre o combustível e ar de após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
combustão.

As condições acima são necessárias para que ocorra a maioria das reações químicas e as reações de
combustão estão incluídas. As reações químicas necessitam de uma energia mínima de ativação das
mesmas, e isto é obtido normalmente pelo aumento de temperatura. Uma vez que a reação inicia-se, é
necessário um certo tempo para que seja completada e daí a necessidade de um tempo de residência
nesta temperatura para a ocorrência de combustão completa. O contanto físico é obviamente
necessário já que os átomos do combustível juntam-se a um ou mais átomos de oxigênio para ocorrer
a combustão. Num processo de combustão, estas condições são obtidas através de:
- uma fonte de ignição, para iniciar a reação Formatado: Com marcadores + Nível:
- uma câmara de combustão, para confinar a reação de um volume determinado, manter alta 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
temperatura e suprir o tempo de permanência necessário e após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
- um dispositivo de mistura entre o combustível e ar: o queimador.

Uma vez que a combustão é iniciada, a temperatura do volume onde ocorre a combustão é mantida
pelo equilíbrio entre a geração de calor proveniente da queima do combustível e do calor transferido ao
meio, por exemplo, para gerar vapor ou aquecer algum material.
O queimador tem papel fundamental neste processo, já que o contato entre o ar e o combustível é feito
através deste dispositivo de mistura utilizando-se de efeitos aerodinâmicos tais como a turbulência para
promover a mistura ar-combustível. Com combustíveis gasosos, esta mistura é relativamente fácil de
se obtida na fase gasosa, situação onde ocorre as reações de combustão. Para combustíveis líquidos
é necessário que haja vaporização das frações leves e devolatização das frações pesadas de líquidos
e isto é obtido normalmente através do processo de nebulização de líquidos. A nebulização,
transformando o líquido em uma infinidade de gotículas, aumenta grandemente a área superficial de
contato entre ar e combustível, proporcionando condições para vaporização e mistura do mesmo.
Em combustíveis sólidos, algumas reações de combustão e devolatização iniciam-se no seio da massa
sólida, e mais uma vez, a área interfacial de contato entre combustível e ar é importante no processo.
Para garantir o contato entre combustível e ar é utilizado, na prática um excesso de ar. O excesso de
ar deve ser maior quanto mais difícil for o contato e mistura entre combustível e ar. Assim, maior o
excesso de ar é necessário para combustíveis sólidos, diminuindo para combustíveis líquidos e é
muitas vezes até desnecessário para combustíveis gasosos.
3. Energia liberada durante a combustão

O Poder Calorífico de um combustível é definido como a quantidade de calor desprendido pela


combustão completa do combustível. Se esta quantidade de calor é medida com os produtos de
combustão saindo completamente na fase gasosa, este é denominado Poder Calorífico Inferior - PCI.
Se, por outro lado, a água nos produtos de combustão for considerada na fase líquida, ou seja, com os
produtos de combustão à temperatura ambiente, o calor desprendido é denominado Poder Calorífico
Superior - PCS. A diferença entre os dois valores é exatamente a entalpia de vaporização da água
formada na combustão do hidrogênio constituinte e da água presente no combustível na forma de
umidade. O cálculo do PCI considera o teor de hidrogênio constituinte do combustível e a umidade
presente no mesmo, e deve ser feito segundo a equação abaixo:

PCI = (1 – u) PCS – ( 1- u) 2440 (9h) – 2440u


Onde:

PCI = Poder Calorífico Inferior, base úmida (kJ/kg)


PCS = Poder Calorífico Superior (kj/kg)
h = teor de hidrogênio constituinte do combustível, base seca (kg/kg)
u = teor de umidade no combustível (kg H2O /kg) base úmida

As medições de Poder Calorífico em laboratórios são realizadas em bomba calorimétrica com


temperatura do meio controlada próximo a temperatura ambiente, e o valor obtido é sempre o Poder
Calorífico Superior. A avaliação do PCI é feita através da equação acima, e portanto deve ser
conhecida o teor de hidrogênio do combustível, ou pelo menos, estimado com algumas margens de
segurança. A maioria dos processos industriais tem seus produtos de combustão exauridos a
temperaturas onde a água esta na forma de vapor, e por esta razão o conhecimento do Poder
Calorífico Inferior é útil e facilita os cálculos de aproveitamento de calor.

4. Eficiência energética da combustão

O principal objetivo da queima de algum combustível é o aproveitamento de energia, geralmente feito


com a geração de vapor de água ou o aquecimento de algum material ou produto. Seja qual for o
processo, a energia introduzida ao sistema na forma do poder calorífico do combustível é transformado
em calor útil e perdas de calor conforme a equação:

Qu=  E 1 -  perdas
Onde :
Qu: energia útil produzida
E1: energia total que entra

 perdas: soma de todas as perdas de calor e energia na operação do sistema.


Definindo o rendimento térmico de equipamentos como a relação entre a energia útil produzida e a
energia consumida, temos que:

N=  E 1 -  perdas = 1 -  perdas
E1 E1
É óbvio que a diminuição das perdas aumenta o aproveitamento da energia do combustível.
A principal perda de calor em equipamentos de combustão está contida no calor arrastado pelos
produtos de combustão e dispersados na atmosfera. Outras perdas são as perdas de calor através das
paredes dos equipamentos, o calor sensível de cinzas caídas no cinzeiro de combustores de sólidos, a
radiação através de frestas e portas de fornalhas, e diversas outras especificadas e inerentes a cada
tipo de equipamento.

Devido ao fato que, na prática, a perda de calor por entalpia dos produtos de combustão é
normalmente a mais preponderante, o controle desta perda mostra-se extremamente útil.

Aplicando-se um balanço genérico de massa e energia num equipamento de combustão, a


porcentagem de perda de calor pelos produtos de combustão pode ser calculada através da equação:

P= [1+(A/C) esteq  Cp (Tg –Tar)


PC
Onde:
P = percentagem de perdas pelos gases de combustão
(A/C)esteq = relação Ar/Combustível estequiométrica do combustível
 = coeficiente de excesso de ar
Cp = calor especifico médio dos gases de combustão (1050 J/kg ºC)
Tg = temperatura de saída dos gases de combustão
Tar = temperatura ambiente

Através do exame da equação acima, conclui-se que duas variáveis importantes tem influencia na
perda de calor pelos gases de combustão:

 A temperatura de saída dos gases Formatado: Com marcadores + Nível:


 O coeficiente de excesso de ar 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm

Para minimização das perdas, a menor temperatura de saída é desejável, com o objetivo de melhor
aproveitamento do calor sensível contido nos gases. A temperatura de saída nem sempre é possível de
ser controlada, já que dependendo do aumento da troca de calor dos gases com o fluído de trabalho ou
material a ser aquecido. Isto implica normalmente em aumento da área de troca de calor, que é um
parâmetro original do projeto e construção de equipamentos. O aumento da área de troca pode ser
feito através da adição de recuperadores de calor, pré-aquecendo o ar de combustão ou a água de
alimentação de caldeiras.
A limitação na redução de temperatura de saída dos gases está na temperatura de processo, já que há
sempre a necessidade de um diferencial de temperatura para haver transmissão de calor, e na
temperatura de orvalho dos produtos de combustão quando se trata de combustíveis com enxofre.

A outra variável é o excesso de ar, que deve ser mínimo até o limite onde possa ocorrer combustão
incompleta. Isto normalmente pode ser obtido através da regulagem do queimador com o menor
excesso de ar possível, identificando pela análise dos produtos de combustão, determinando-se o teor
de CO2 ou O2 para o controle de excesso de ar e CO ou HC totais para determinação de combustão
completa.
5. Formação de gases e poluentes nos processo da combustão

Rigorosamente é impossível atingir-se condições para combustão completa em processos de


combustão industrial, e além de CO2 e H2O, é formado e emitido ao meio ambiente alguns poluentes
atmosféricos. Além disso, mesmo os produtos de combustão completa, como o SO2 é considerando um
poluente.

Assim, os processos de combustão produzem e emitem (dependendo também da composição do


combustível) normalmente os seguintes poluentes atmosféricos:
- Material particulado Formatado: Com marcadores + Nível:
- Monóxido de carbono : CO 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
- Óxidos de enxofre; SO2 e SO3 após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
- Óxidos de nitrogênio NOx
- Compostos orgânicos voláteis e outros produtos de combustão incompleta.

5.1 Material Particulado - MP

A formação e emissão de material particulado ocorre principalmente na combustão de combustíveis


sólidos e líquidos, sendo que é resultado de duas fontes principais:

 Material inorgânico presente no combustível (cinzas) Formatado: Com marcadores + Nível:


 Fuligem formada pela combustão incompleta. 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
As cinzas volantes são óxidos de elementos inorgânicos constituintes dos combustíveis, tais como
CaO, Al2O3, KO, etc... Sua formação e emissão depende fundamentalmente do teor de cinzas presente
no combustível, normalmente maior em combustíveis sólidos. Óleos combustíveis pesados também
apresentam algum teor de cinzas, que pode chegar até 0,1% em massa. O arraste das cinzas pelos
produtos de combustão dependem do sistema de combustão. Para combustão de líquidos o arraste é
praticamente total, enquanto que para combustíveis sólidos em grelha ou similar, o arraste de cinzas
depende do projeto do sistema da fornalha e das condições de operação.

5.2 Fuligem

Fuligem é o produto de combustão incompleta de frações orgânicas do combustível. A fuligem pode ser
formada devido a recombinações de voláteis ou frações leves de combustível, sob condições
especificas, ainda não muito bem conhecidas e determinadas. Pode ser formada também devido a
devolatização incompleta de gotas ou do combustível sólido, os quais não tiveram tempo, temperatura
e oxigênio suficiente para oxidação completa.
A formação de fuligem é indesejável do ponto de vista ambiental e também de aproveitamento de
energia, já que representa combustível não queimado, porém pode ser importante para certas
condições de transferência de calor, já que a fuligem é a maior responsável pela emissividade de
radiação térmica da chama. No núcleo da chama, a emissão de radiação é devido a existência de
fuligem, ou partículas de carbono incandescentes.

As principais razões de formação de fuligem são:


 Falta de ar de combustão, ou mistura não homogênea Formatado: Com marcadores + Nível:
 Pulverização deficiente (gotas grandes) 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
 Zonas de baixa temperatura (interrupção da combustão)

A perfeita nebulização de líquidos (com formação de diâmetro pequeno de gotas) e a mistura


homogênea de ar e combustível normalmente evitam a emissão de fuligem.
5.3 Monóxido de Carbono - CO

O monóxido de carbono é produto da combustão incompleta do carbono e pode ser formado devido à
dissociação do CO2, que ocorre em altas temperaturas, segundo a reação:

CO2  CO + ½ O2

ou devido a não oxidação completa de CO formado pela devolatização de sólidos ou gotas de


combustíveis líquidos. A prática mostra que a formação de CO é sempre acompanhada pela formação
de outros produtos de combustão incompleta e o seu teor nos produtos de combustão pode ser
utilizado como um indicador de combustão incompleta. Queimadores industriais a óleo pesado, p.ex.,
bem regulados emitem CO da ordem de 30 a 100 ppm e um aumento desta concentração é
normalmente acompanhado pela emissão de fuligem e hidrocarbonetos não queimados. A emissão de
CO em fornalhas a biomassa depende muito da qualidade do combustível, umidade presente no
mesmo, temperatura, dimensões da câmara entre outros fatores e teores acima de 5.000 ppm (0,5%)
não são incomuns de serem encontrados, embora teores inferiores a 500 ppm podem ser considerados
satisfatórios.

5.4 Óxidos de enxofre - SOx

A combustão de produtos contendo enxofre origina dióxido de enxofre como produto de combustão
através da reação:
S + O2  SO2

Uma parcela de SO2 produzido na câmara de combustão, conforme as condições de temperatura e


excesso de ar é oxidado até SO3, conforme a reação:

SO2 + ½ O2  SO3

Esta reação ocorre também na atmosfera, e é ativada pelos raios ultravioletas do sol.
Nas partes mais frias do processo, ou após o efluente gasoso ter sido exaurido para a atmosfera, a
umidade dos gases, ou do ar atmosférico reage com o trióxido de enxofre produzindo ácido sulfúrico.

H2O + SO3  H2SO4

Os gases ácidos de enxofre são um dos principais causadores da chuva ácida, juntamente com óxidos
de nitrogênio. A emissão de óxidos de enxofre é altamente indesejável e seu controle e prevenção tem
dispensado grandes esforços em tecnologia e investimentos Carvão mineral e óleos combustíveis
pesados são os principais insumos energéticos que contém enxofre, no caso de óleo combustível, a
presença de alguns metais, como o vanádio, catalisa a reação de produção de trióxido de enxofre
aumenta mais o potencial corrosivo dos gases de combustão. A presença de ácido sulfúrico nos
produtos de combustão aumenta a temperatura de orvalho dos gases e ácido sulfúrico, o qual pode ser
condensado nas partes mais frias do equipamento, danificando-o rapidamente.
O ponto de orvalho dos produtos de combustão contendo óxidos de enxofre depende fortemente da
associação do SO2 para o SO3, cuja taxa de reação é difícil de prever, pois tem dependência do
histórico de temperatura dos gases de combustão e do excesso de ar. Em condições normais num
gerador de vapor, a formação de SO3 é de cerca de 0,01 a 3% do SO2 calculado
estequiometricamente.
A figura abaixo mostra o ponto de orvalho dos gases de combustão típicos para óleos combustíveis:

Ponto de orvalho para gases de combustão de óleos combustíveis, valores típicos.


(fonte: Combustão e Combustíveis Industriais, Esso Bras. de Petróleo S.A)

Na combustão de combustíveis contendo enxofre não há como evitar a formação de seus óxidos. O
controle ambiental é feito absorvendo os gases ácidos em uma corrente nebulizada de líquido alcalino,
através de lavadores de gases, e neutralizando-os em sulfatos e sulfitos. Em alguns casos especiais, a
absorção é feita “in situ” utilizando-se a tecnologia de combustão em leito fluidizado com a adição de
calcário, absorvendo o enxofre em meio sólido, no interior da câmara de combustão, através da
produção de sulfatos.

5.5 Óxidos de Nitrogênio - NOx

O nitrogênio forma , em reação com o oxigênio, 8 óxidos distintos, dos quais o NO3 é instável. São
denominados genericamente como NOx. Causam preocupação o No e o NO2 que resultam
principalmente dos processos de combustão a altas temperaturas e da produção de ácido nítrico,
sendo que o NO é parcialmente oxidado a NO2 na atmosfera.

No estudo da estequiometria da combustão o nitrogênio contido no ar atmosférico não foi considerado


como participante das reações. Embora tal consideração seja aceitável para o cálculo estequiométrico
das necessidades de ar e do excesso de ar, isto não é rigorosamente verdade devido as condições de
altas temperaturas e ambiente altamente reativo. Na chama, o nitrogênio do ar pode ser dissociado e
re-combinado com oxigênio formando o óxido nítrico:

N2 + O2  2NO

Reações secundárias na atmosfera, ativadas pela radiação ultravioleta e por hidrocarbonetos


produzem a partir do óxido nítrico, o dióxido de nitrogênio.

Os óxidos de nitrogênio contribuem para a formação da chuva ácida através da combinação com
umidade, formando ácido nítricos. A presença de NOx na atmosfera, tem sido relacionada com
diversos efeitos na saúde humana e diminuição da produtividade de culturas agrícolas. A preocupação
em relação ao NOx é relativamente recente, em comparação com outros poluentes atmosféricos
conhecidos, e deve tomar grande importância em um futuro próximo.
A formação de NO não é justificada pela simples reação mostrada anteriormente. Uma sequência de
reações, altamente dependentes da temperatura devido a sua elevada energia de ativação constitui o
denominado mecanismo de Zeldovich, proposto em 1947:

O + N2  NO + N
N + O2  NO + O
N + OH  NO + H

Desde então, diversas teorias tem sido propostas para explicar e prever a formação dos óxidos de
nitrogênio. São três as rotas básicas que se admite para explicar a formação de NOx:

- O NO térmico, correspondente ao mecanismo de Zeldovich Formatado: Com marcadores + Nível:


- O NO rápido, proveniente da reação do nitrogênio com radicais de hidrocarbonetos 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
que são formados na base da chama e após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
- O NO combustível, proveniente da oxidação do nitrogênio constituinte do combustível.
Formatado: Com marcadores + Nível:
A mais importante destas rotas é a do NO térmico, que ocorre nas regiões de altas temperaturas no 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
interior da chama.
O controle pós-combustão da emissão de NOx é muito difícil, já que o NO é pouco solúvel em meio
aquoso, impossibilitando a absorção tal qual se faz com o SO2. A formação de NO deve ser controlada
no processo, evitando-se as duas condições principais que colaboram para a produção do NO térmico:

- Altas temperaturas locais Formatado: Com marcadores + Nível:


- Alto excesso de ar 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
Este controle só pode ser feito através do projeto adequado do queimador e câmara de combustão,
utilizando-se diversos artifícios, tais como: Formatado: Com marcadores + Nível:
- combustão estagiada: com a adição gradativa de ar, ou adição gradativa de combustível para 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
controle das temperaturas de reação e da concentração de oxigênio livre.
- Recirculação dos produtos de combustão, internamente através do projeto aerodinâmico do Formatado: Com marcadores + Nível:
combustor, ou externamente através do retorno de parcela dos produtos de combustão à base da 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
chama. Equipamentos que se utilizam deste artifício são os chamados queimadores de baixo NOx
e tem sido gradativamente desenvolvidos e disponibilizados pelos fabricantes de equipamentos de
combustão.

5.6 Compostos Orgânicos Voláteis – COV’s

Diversos compostos orgânicos voláteis podem ser emitidos pelo processo de combustão e são
originados principalmente da combustão incompleta do combustível. Estes compostos podem ser
parcelas do próprio combustível que não conseguiu ser queimado e saiu junto com outros produtos de
combustão, ou compostos formados a partir de radicais hidrocarbonetos não oxidados completamente.
A medição destes compostos nos produtos de combustão é denominado de hidrocarbonetos totais e
juntamente com o monóxido de carbono pode ser utilizado como um indicador de combustão completa
para fins de controle do processo de combustão.
As principais razões de formação de HC totais nos gases de combustão são basicamente as mesmas
para a formação de CO e outros produtos de combustão incompleta:

- Mistura não homogênea entre combustível e ar Formatado: Com marcadores + Nível:


- Má distribuição do tempo de residência dos gases 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
Esfriamento da chama, interrompendo as reações. após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
-
5.7 Oxigênio Formatado: Vários níveis + Nível: 2 +
Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
O oxigênio presente nos gases da combustão é um indicador de excesso de ar. Além disso o oxigênio Iniciar em: 7 + Alinhamento: Esquerda
+ Alinhado em: 0 cm + Tabulação
dissolvido com o ar, combina com o hidrogênio em combustível para formar vapor d’água. Livre na após: 0,69 cm + Recuar em: 0,69 cm
atmosfera, acelera os processos de corrosão em metais. Valores de oxigênio na combustão devem ser
estabelecidos em função da temperatura da câmara de combustão, do processo, da concentração de
CO de material particulado emitido. Normalmente se procura obter baixos excessos de oxigênio para
aumentar o rendimento da queima, desde que não haja formação excessiva de Co ou de fuligem nos
gases.

5.8 Dióxido de carbono – CO2 Formatado: Vários níveis + Nível: 2 +


Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
Gerado nos processos de combustão e presente em pequenas quantidades no ar atmosférico (300 a Iniciar em: 7 + Alinhamento: Esquerda
+ Alinhado em: 0 cm + Tabulação
400 ppm), este nos oferece informações sobre o carbono convertido e o excesso de ar empregado na após: 0,69 cm + Recuar em: 0,69 cm
queima, além disso, o CO2 é um ótimo meio de transporte de calor nos processos térmicos e quanto
maior for sua quantidade na queima, melhores serão as transferências de calor. Valores típicos de 12%
a 14% podem ser encontrados em queimadores a óleo bem regulados. O CO2 estequiométrico é o
valor máximo que pode-se obter na combustão com excesso de ar igual a zero. Na prática dificilmente
consegue-se operar um sistema de queima industrial em condições estequiométricas.

6. Breve descrição dos mecanismo de combustão

Para queima eficiente de um combustível precisamos:


- Conhecer suas propriedades Formatado: Com marcadores + Nível:
- Seu comportamento e o 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
- Aparelho de combustão após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm

A combustão de sólidos se diferencia da combustão de gases e de líquidos pela dependência de um


número maior de parâmetros operacionais como o conhecimento da umidade, teor de voláteis,
geometria, dimensões, porosidade da partícula, etc. Na combustão de gases os parâmetros mais
importantes são a temperatura e a mistura entre os gases ou vapores reagentes. Na de líquidos, o
diâmetro de gotas passa a ser um parâmetro relevante.
Desta forma, queimar sólidos exige maiores esforços, maiores excessos de ar, melhores fornalhas e
controle de mais parâmetros, como a da umidade, do tamanho do combustível, da temperatura da
fornalha, etc. A queima de líquidos necessita de boa mistura entre ar e combustível além de diminuto
tamanho da gota, exigindo, dependendo do processo baixos excessos de ar e a queima de gases, este
já na forma perfeita para combustão, necessita também de uma boa relação ar/gás para desenvolver
boas temperaturas e queima completa, podendo-se em alguns casos chegar à condições
estequiométricas.

O aparelho de combustão, fornalhas e queimadores, tem papel fundamental para desenvolvimento de


uma boa combustão. Projeto de fornalhas são baseados numa determinada carga calorífica por volume
de queima e queimadores tem que ter a função de promover uma ótima mistura ar/combustível, mas
nem sempre isso pode ser conseguido, exigindo o controle da queima para evitar consumo excessivo
de combustível e de calor.

Um sistema de combustão, seja a óleo, gás ou biomassa deverá ser parametrizado, isto é, todas as
suas variáveis devem ser controladas, inclusive as ambientais. Um registro das condições
operacionais sempre deve estar às mãos dos técnicos de operação, pois são se suma importância para
manutenção da eficiência e para o estabelecimento dos melhores padrões operacionais e
conseqüentemente no controle das emissões. Muitas indústrias, até mesmo as de grande porte
chegam às vezes a não possuírem um sistema de registro das condições operacionais de seus
sistemas térmicos.
6.1 Poderes caloríficos dos principais combustíveis industriais

Poderes Caloríficos (PCI) de alguns combustíveis sólidos

Bagaço de cana (50% umid) 1.795 kcal⁄kg


Lenha (eucalipto 40% umid) 2.450 kcal⁄kg
Carvão vegetal (b.s) 7.200 kcal⁄kg
Carvão vapor (35% cinzas) 3.800 kcal⁄kg
Casca de caju 4.700 kcal⁄kg
Casca de côco 4.000 kcal⁄kg
Casca de babaçu 4.000 kcal⁄kg
Serragem (20 % umid) 3.500 kcal⁄kg
Sisal (10% umid) 3.350 kcal⁄kg
Borra de café 1.570 kcal⁄kg

Obs.: O PCI pode variar em função da composição do combustível

Poderes Caloríficos (PCI) de combustíveis líquidos

Óleos combustíveis pesados 9.400 a 9.650 kcal⁄kg


Óleo de xisto 9.700 kcal⁄kg
Querosene 8.300 kcal⁄l
Óleo Diesel 8.600 kcal⁄l
Álcool de cana 5.500 kcal⁄l
Óleo de soja 8.125 kcal⁄l
Óleo de babaçu 7.700 kcal⁄l
Óleo de amendoim 8.000 kcal⁄l
Óleo de algodão 8.050 kcal⁄l
Sebo bovino (líquido) 8.200 kcal⁄l
Metanol 5.040 kcal⁄l

Obs.: O PCI pode variar em função da composição do combustível

Poderes Caloríficos (PCI) dos principais gases na indústria


3
Gás Natural (RJ⁄SP⁄MG) 8.700 kcal⁄m
GLP (50%) 11.025 kcal⁄kg
3
Metano 8.570 kcal⁄m
Propano 11.080 kcal⁄kg
Gás de refinaria 8.235 kcal⁄m3
Gás de coqueria 4.460 kcal⁄m3
3
Gás de alto forno 980 kcal⁄m
3
Gás pobre (gasogênio a lenha) 1.200 kcal⁄m
3
Biogás 5.800 kcal⁄m
3
CO (mon. de carbono) 3.000 kcal⁄m
3
Hidrogênio 2.570 kcal⁄m

Obs.: O PCI pode variar em função da composição do combustível


6.2 Valores de referência para ajuste de sistemas de queima

Geralmente nos processos de combustão industrial, a intenção é de reduzir ao máximo o teor de


oxigênio (O2), aumentar o teor de dióxido de carbono (CO2), reduzir o monóxido de carbono (CO) e os
índices de emissão de particulado/fuligem.

 O2 nos informa sobre a falta ou excesso de ar. Formatado: Com marcadores + Nível:
 CO2 indica a taxa de conversão do carbono e também o excesso de ar empregado. 1 + Alinhado em: 0,63 cm + Tabulação
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
 CO nos informa sobre as anomalias decorrentes da queima, isto é, os incombustos.

Tabela de referência *

Combustível CO2 O2 CO
Índice Faixa de
de excesso
fuligem de ar
Óleos pesados 12 a 14% 3 a 5% < 50 ppm* 3 15 a 30%
Gás natural 9 a 10,5% 2 a 5% < 30 ppm 0 10 a 30%
GLP 10 a 13% 2 a 6% < 30 ppm 0 10 a 40%
Lenha (grelha fixa) 11 a 13% 7,5 a 9,5% < 1000 ppm 4 55 a 85%
Lenha (basculante) 13 a 16% 4 a 7,5 % < 500 ppm 4 25 a 55%
Bagaço de cana 12 a 14% 6 a 8% < 1000 ppm 4 40 a 65%
(grelha fixa)
Bagaço de cana 14 a 16% 4 a 6% < 500 ppm 4 25 a 40%
(grelha basculante⁄rotativa)

Nota: Estes valores podem variar em função do projeto da câmara de combustão,


do processo, das características do queimador, do sistema de controle
da combustão da qualidade do combustível entre outros fatores.
Considera-se bons parâmetros da combustão quando o teor de CO2 for o
mais alto possível, o O2, CO e o índice de fuligem forem baixos. (vide tabela)

(*) Valores usualmente encontrados


e adotados por fabricantes de
equipamentos térmicos.
7. Medição dos gases da combustão

A análise de gases é utilizada como forma de controle e de verificação de uma combustão completa ou
não. Os vários instrumentos utilizados para determinar a composição de gases possuem diferentes
princípios de operação e necessitam de cuidados específicos, quando de sua utilização.
Os instrumentos para determinação da composição de gases mais utilizados são descritos a seguir:

7.1 Determinação dos gases pelo método de Orsat

O aparelho de Orsat (método de Orsat), consiste de um conjunto de pipetas e de recipientes de vidro


que baseia-se na determinação dos constituintes gasosos, mediante técnicas de absorção do gás em
reagente químico e da combustão deste gás na presença de um filamento de platina aquecido.
Alguns componentes da amostra analisada são quantificados através de sucessivas absorções, de
cada um dos componentes, em reagentes adequados, medindo-se o volume residual após cada
absorção. Outros componentes, que englobam os constituintes capazes de queimar em presença de
excesso de oxigênio ou do ar, são determinados fazendo-se a combustão da amostra e medindo-se os
efeitos da combustão (volume de ar ou de oxigênio consumido, contração de volume e volume de
dióxido de carbono formado).

Os resultados da análise são dados em percentuais volumétricos em base seca, sendo o volume dos
gases medidos à temperatura e pressão ambientes. Dessa forma, quando do início da análise, deve-se
ter aparelho e amostra em equilíbrio com o ambiente, que não deve sofrer grandes variações de
temperatura e pressão durante as determinações. Podem ocorrer erros de até 1% ou mais caso ocorra
variações de temperatura ou pressão durante a determinação.

O aparelho de Orsat determina por absorção de CO2, CO2 e CO na faixa de 0 a 100% com precisão
de +/- 0,2% ou de 0,5%, dependendo da escala graduada. Pode-se determinar também por combustão
na pipeta com filamento de platina teores de hidrocarbonetos totais.

15

Aparelho de Orsat
7.2 Analisador químico portátil de absorção para CO2 ou O2

A amostra do gás é introduzida no aparelho por meio de um bulbo de sucção, entrando o gás em um
reservatório que contém uma solução que absorve apenas um de seus componentes.
O gás em contato com a solução (o aparelho é invertido para fazer essa mistura), promove a absorção
deste e parte do volume gasoso corresponde ao gás absorvido, causa uma contração volumétrica
(depressão), um vácuo parcial. Essa redução de pressão provoca o deslocamento da solução para a
coluna graduada e a leitura é feita diretamente em percentagem volumétrica (base seca).

Estes analisadores são encontrados para medir o teor de CO2 nas faixas de 0 – 20% ou de até 60% e
de O2 na faixa de 0 a 21%.
O conjunto de medição compreende um dispositivo que coleta os gases na chaminé, que é composto
por uma haste metálica ligada à mangueira de borracha flexível com filtro e um conector que é
adaptado na entrada do aparelho.
As soluções absorvedoras vão se saturando à medida que o instrumento vai sendo utilizado.
O fluido de CO2, é alcalino e tem durabilidade para absorção de aproximadamente 300 amostras de
gás à 10% de CO2.
O fluído de O2 é ácido à base de sais de cromo, esta solução de cor característica azul, vai se oxidar
em presença do O2, e tem durabilidade para aproximadamente 60 medições à 21% (ar atmosférico),
podendo durar até 100 medições para níveis de oxigênio na amostra inferiores à 5%.

Analisador Testoryt

Operação do analisador químico por absorção

Ponto recomendado para análise em


chaminé de caldeira flamotubular
Aspectos importantes a serem considerados na análise com analisador químico portátil de
absorção para CO2 ou O2 :

a) O analisador é calibrado para uma amostra de gás saturada com água. Portanto, o material de
enchimento do filtro da bomba de sucção deve permanecer levemente umedecido durante as análises.
b) Deve-se verificar todos os acessórios de coleta antes do início da análise. Não deve haver
vazamento entre as várias junções do coletor de gás.
c) Os acessórios de coleta podem conduzir amostras à temperatura máxima de 450º C, a
amostra deve entrar no aparelho à temperatura ambiente. O aparelho deve estar em equilíbrio térmico
com o ambiente para início de operação.
d) Durante uma série de análise consecutivas, deve-se, esporadicamente, verificar as soluções
absorvedoras de CO2 e de O2. Para isso é necessário, terminada uma análise, estando a amostra
ainda no analisador, tornar a promover o contato da amostra com a solução e voltar a ler o valor do
CO2 ou do O2. Um acréscimo superior à 0,5% entre a leitura recente e a anterior indicará a saturação
da solução. Outro modo rápido de testar as soluções é analisar o ar ambiente (21% de O2) e o ar
expirado (4% de CO2).
e) Estes aparelhos tem precisão, na faixa de +/- 0,5% da leitura e para processos que requeiram muita
precisão deve ser utilizado com reservas.

A grande vantagem deste aparelho ainda muito utilizado é seu baixo custo e funciona também como
um tira teima de analisadores eletrônicos.
Processos que geram CO2 como fornos de vidro, de cimento e alguns calcinadores podem utilizar este
procedimento de análise para verificações operacionais.

7.3 Determinação dos gases com analisadores portáteis Formatado: Vários níveis + Nível: 2 +
Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
Com as modernas técnicas de sensores eletroquímicos e a eletrônica microprocessada, começa a ser Iniciar em: 3 + Alinhamento: Esquerda
+ Alinhado em: 0 cm + Tabulação
produzido em todo o mundo os analisadores portáteis de gases de combustão, muitas vezes após: 0,69 cm + Recuar em: 0,69 cm
conjugados para medir todos os parâmetros da combustão como pressão, temperatura, tiragem
E ainda executar cálculos de rendimento, perdas de calor entre outros. Estes analisadores podem
possuir sensores para 1, 2, ou até 9 gases e sua grande vantagem está no custo, frente aos grandes
analisadores de gases.
Este instrumento é composto por uma bomba elétrica que vai puxar os gases para dentro dos
sensores, display, entre inúmeros recursos como memória de dados, sistema de transmissão wireless,
etc...
O procedimento de análise é muito simples, basta ligar o instrumento, aguardar o auto-ajuste e depois
introduzir a sonda no duto da chaminé. O tempo de resposta é inferior à 90 segundos.
Os sensores eletroquímicos se saturam com o tempo de uso e devem ser substituídos.
Tipicamente sensores de oxigênio tem vida para medir o O2 no ambiente para aprox. 2 anos, em gases
de combustão sua vida fica reduzida para pouco mais de um ano. Sensores de O2 de longa vida,
podem durar mais de 3 anos. Sensores de gases tóxicos como o NO e o SO 2 podem durar de 2 a 3
anos e para CO de 3 a 5 anos, dependendo do uso e das condições de amostragem.

Analisador portátil
Analisador eletrônico de gases
de combustão.
7.3.1 Funcionamento do sensor eletroquímico Formatado: Vários níveis + Nível: 3 +
Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
Os sensores eletroquímicos se baseiam em reações espontâneas de oxidação e redução, que Iniciar em: 1 + Alinhamento: Esquerda
envolvem um determinado gás para medição de sua concentração. Estas reações geram a circulação + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
de uma corrente entre os eletrodos, a qual é proporcional a concentração do gás que se deseja após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
mensurar.

As células eletroquímicas são construídas de forma similar a uma bateria, sendo a principal diferença a
presença de uma membrana semipermeável de separação das fases líquida (eletrólito) e gasosa
(amostra de ar a ser medida). Esta membrana permite a difusão das moléculas gasosas através do
eletrólito, evitando ao mesmo tempo a evaporação do eletrólito.

Para potencializar a ionização do gás que se deseja mesurar no eletrólito os eletrodos dos sensores
são construídos normalmente de metais como a Platina, o Ouro e a Prata em função de suas
propriedades de catalíticas. A membrana de separação entre a fase líquida e gasosa dos sensores é
feita através de matérias porosos e hidrofóbicos. O material mais utilizado para este fim é PTFE (Poli
Tetra Flúor Etileno).

Estrutura de um sensor eletroquímico de medição de oxigênio

7.3.2 Analisadores de gases de combustão eletroquímicos Formatado: Vários níveis + Nível: 3 +


Estilo da numeração: 1, 2, 3, … +
Devido à rapidez na amostragem dos gases, tempo de resposta precisão e custo, os analisadores Iniciar em: 2 + Alinhamento: Esquerda
+ Alinhado em: 0 cm + Tabulação
eletroquímicos vem ganhando um grande mercado mundial.
após: 1,27 cm + Recuar em: 1,27 cm
Estes são produzidos para atender as mais diversas aplicações:
- monitoramento da combustão Formatado: Com marcadores + Nível:
- monitoramento das emissões poluentes 2 + Alinhado em: 1,9 cm + Tabulação
- monitoramento de gases tóxicos e inflamáveis na segurança pessoal após: 2,54 cm + Recuar em: 2,54 cm
- monitoramento de gases diversos na área médica e de saúde

Os sensores instalados em analisadores de combustão, diferenciam-se dos analisadores de gás


aplicados para outras áreas devido os gases da combustão conterem componentes que atacam estes
sensores, como p. ex. o enxofre.

Como padrão todo analisador de combustão que utiliza sensor eletroquímico, executa medição do teor
de O2 e do CO e adicionalmente estas unidades de medição possuem sensores para medição da
temperatura dos gases e sensor para medir pressão do fluxo de ar/gases.
Existem várias configurações, segundo as aplicações. Para monitoramento da combustão se faz
necessário a indicação do teor de CO2 correspondente ao combustível utilizado, cálculos de excesso
de ar e do rendimento da combustão, entre outros.
Para medição das emissões poluentes estes analisadores incluem sensores de NO, NO2 , HC, H2S ou
HCl e podem executar cálculos de emissões segundo normas preconizadas pelo fabricante do país de
origem.

Existem analisadores de uso misto, conjugado com sensores que podem monitorar tanto a combustão
como o ar ambiente interno, analisando CO ambiente, detectando vazamentos de gás inflamável ou até
mesmo medindo umidade relativa e velocidade do ar e dos gases em dutos e chaminés.

Vários modelos estão disponíveis em todo o mundo. Na Europa e América do Norte, analisadores que
medem o O2 e o CO são muito comuns em residências. Existindo legislação específica para segurança
das instalações residenciais de calefação predominantemente a gás.
No Brasil o monitoramento da combustão é feito basicamente pelas industrias, no entanto alguns
modelos de analisadores que aqui chegam, sofrem desgaste prematuro devido às duras condições
em que são expostos.

Portanto, ao selecionar um analisador portátil, é importante saber onde e como será aplicado.. Se para
medições esporádicas da combustão, monitoramento diário e que tipo de combustíveis irá analisar
para que seus sensores não sofram danos.

Sensores eletroquímicos disponíveis para vários gases:

Gás a ser medido Ranges disponíveis (mais utilizados)


O2 0 – 25%
CO 0 a 10.000 ppm, 0 – 10%
NO 0 – 1.000 ppm
NO2 0 – 200 ppm
SO2 0 – 2.000 ppm
H2S 0 – 500 ppm
HCl 0 – 100 ppm

Para atender a legislação ambiental em vários países muitos, analisadores são produzidos integrando
sensores eletroquímicos, infravermelhos ou catalíticos.

Ex.:
O2 Sensor eletroquímico
CO Infravermelho
CO2 Infravermelho
HC catalítico
SO2 Infravermelho
NO2 eletroquimico
Esquema mostrando o uso de analisador portátil em chaminé.
7.3.3 Cálculos (básicos) adotados em analisadores eletroquímicos

Nas medições diretas são obtidos os valores de temperatura e também das concentrações dos
elementos que são detectados por sensores eletroquímicos independentes. As indicações das células
eletroquímicas são proporcionais às concentrações em volume de elementos detectados expressos em
ppm (partes por milhão).
. temperatura do gás de combustão em ºC ou em ºF
. concentração em volume de CO (ppm)
. concentração em volume de NO (ppm)
. concentração em volume de SO2 (ppm)
. concentração em volume de O2 (%)

7.3.4 Cálculo da concentração de CO2

A concentração em volume do CO2 expressa em % vol., não é obtida por medição direta mas é
calculada com base na concentração do O2 medido e com base no valor do CO2 estequiométrico para
um dado combustível.

A seguinte expressão calcula o teor de CO2:

C O2 max (20,9% - % O2 medido)


CO2 calc = ____________________________
20,9%
7.3.5 Cálculo da concentração de óxidos de nitrogênio - NOx

Nos analisadores que possuem o sensor de NO, o cálculo do NOx é dado por:

NO ppm
NOx (ppm) = __________
0,95

A concentração do NOx é calculada pelo analisador como simplesmente a soma do NO medido e as


concentrações de NO2.
NOx (ppm) = NO (ppm) + NO2 (ppm)

7.3.6 Cálculo do monóxido de carbono “não diluído” - CO não diluído

Para fazer os cálculos da concentração de CO nos gases de combustão, independentemente do


excesso de ar com que o processo de combustão é conduizido, foi introduzida a idéia de CO “não
diluída” (também chamada de concentração calculada de CO por 0% de O2).

CO não diluído = CO x lambda

Onde:
CO = concentração de CO medida em ppm
Lambda = excesso de ar

21
Como pode ser visto, a concentração de CO “não diluído” é a concentração hipotética que teria que ser
formada se a mesma quantidade de CO tivesse aparecido nos gases de combustão quando
queimando sem excesso de ar (onde lambda = 1, assim O2 = 0%)

7.3.7 Cálculo da concentração em massa dos componentes do gás

Alguns analisadores também podem ter suas funções programadas para conversão da escala de
medida de ppm vol para mg. A concentração de massa dos elementos do gás depende da pressão e
da temperatura do gás. Para comparar os resultados possíveis, foi introduzida a idéia de condição
padrão, que são valores padrão de temperatura e pressão, aos quais a concentração de massa dos
elementos é calculada. Condições padrão de 1000 hPa e 0ºC são
3
Dadas. O analisador indica diferentes valores expressos em mg/m que são então chamados de
concentração de massa absoluta e concentração relativa de oxigênio.
3
Concentração em massa de um gás (mg/m ) = medida em ppm x fator

Tabela de fatores para corrigir a concentração em ppm


3
para concentração em mg/m , na
condição padrão de 1000hPa a 0ºC

Gás Fator
CO 1,250
NO 1,340
SO2 2,860
NO2 2.056
H2S 1,520
H2 0,089
Cl2 3,220
HCl 1,693
HCN 1,205
7.3.8 Oxigênio relativo - O2 ref

A concentração de um dado componente em relação à concentração de oxigênio pode ser dada pela
seguinte expressão:

Cr = (20,9% - O2 ref.) / (20,9 – O2 med) x CM

Onde:
Cr = concentração corrigida para condições referenciais em mg/m3 ou ppmv
CM = concentração medida em ppm ou mg/m3
O2 ref = concentração referencial de oxigênio em %vol.
O2 med = concentração medida de O2 em %vol
20,9% = concentração de oxigênio no ar atmosférico

O parâmetro O2 ref – oxigênio de referência é um valor que pode ser estabelecido para vários tipos de
combustíveis.

7.3.9 Cálculo do excesso de ar ou do coeficiente de ar ‫) ג‬lambda(

O excesso de ar é dado pela seguinte expressão:

Exc ar = 20,9 - 1 x 100


20,9 - %O2 med

o coeficiente de ar ‫( ג‬lambda) não expressa o excesso de ar em percentagem, portanto:

( 1 = ‫ג‬excesso de ar igual a zero)


)ra ed ossecxe( 1 > ‫ג‬
)ra ed atlaf( 1 < ‫ג‬

Nota: Muitos analisadores indicam diretamente o excesso de ar em % - XAIR


7.3.10 Cálculo do rendimento da combustão

O cálculo do rendimento da combustão está baseado no calor específico médio do gás de combustão a
uma dada temperatura e a um dado excesso de ar. Estes parâmetros podem ser considerados como
indicadores do rendimento , dependendo das normas adotadas o cálculo do rendimento pode se tornar
muito complexo. A princípio adota-se o método abreviado de Siegert para se determinar estas perdas
de calor sensível nos gases da combustão.

Pc = K (t – to)
%CO2 med
onde:

Pc = perdas de calor sensível nos gases da combustão


com base no PCI do combustível utilizado
K = coeficiente que depende do combustível que está
sendo queimado
T = temperatura dos gases no duto de saída
To = temperatura do ar de combustão
%CO2 = % do CO2 medido na chaminé

Os valores mais freqüentes de k são:


- 0,57 para óleos pesados Formatado: Com marcadores + Nível:
- 0,48 para gás natural 2 + Alinhado em: 1,9 cm + Tabulação
após: 2,54 cm + Recuar em: 2,54 cm
Nota: Analisadores mostram diretamente a eficiência da queima EFF, descontando-se as perdas.

7.3.11 Cálculo da relação CO/CO2 - ratio

Essa relação é a razão do CO em % vol. pelo teor do CO2 medido ou calculado em % vol e é um
parâmetro para indicar combustão higiênica entre o máximo teor de CO2 alcançado e a mínima
liberação de CO para o ambiente, onde podemos dizer que a relação ar/combustível está sendo feita
em boas condições, isto é, a formação de CO2 é a mais alta possível para uma baixa emissão de CO,
os valores são dados em percentagem e esta relação deve tender a zero para aplicação prática.

P. ex: Calcular o ratio onde o CO2 é 9% e o CO de 50 ppm.


Ratio = 0,005/9 = 0,0005

Este valor é bem aceitável, no entanto se obtivermos 300 ppm de CO e mantido o mesmo CO2, o ratio
será de 0,003, um resultado insatisfatório.
7.3.12 Gráfico do excesso de ar e do CO2 para vários combustíveis

O2 x CO2 x Excesso de Ar
21

20

19

18

17

16
%CO2 ou O2 nos Gases de Combustão

15

14

13
Le
G

nh
LP

12 a

11 O2

10
CO
9 2

0 70
Percentagem de Excesso de Ar

O gráfico mostra o teor do O2 medido e a curva do CO2 calculado para vários combustíveis e a percentagem do
excesso de ar.
Exemplo:
Medido o teor de 5% de O2 no gás de combustão da queima de óleo pesado, determine o CO2 e o excesso de ar
correspondente

R:
CO2 = 11,8%
Exc. Ar = 32%
7.4 Emprego de analisadores contínuos na medição dos gases

A supervisão direta das fontes poluidoras visa manter as emissões dentro dos padrões estabelecidos,
detectar anomalias no processo, manter os equipamentos dentro de seus parâmetros e de ótima
eficiência ou simplesmente manter uma função supervisória.
Existem analisadores contínuos para quase totalidade dos gases.
A escolha de um analisador continuo depende do tipo de poluente (gás) a ser medido, do processo e
de suas condições locais.
Podemos distinguir praticamente duas técnicas de medição:
- o extrativo e o “in situ” Formatado: Com marcadores + Nível:
2 + Alinhado em: 1,9 cm + Tabulação
após: 2,54 cm + Recuar em: 2,54 cm
7.4.1 Medição extrativa

A medição extrativa é onde a amostra gasosa é captada por meio de sondas, condicionada e levada
até a unidade de análise. O condicionamento visa adequar a pressão e temperatura aos requisitos do
instrumento, bem como remover componentes indesejáveis como umidade, particulados e
eventualmente produtos corrosivos e que podem cruzar sensibilidade interferindo assim no resultado.
A medição extrativa pode até mesmo empregar os sensores eletroquímicos para uma variada gama de
tipos de gases possíveis de serem medidos.
A medição extrativa é feita em base seca.
Este sistema pode ser configurado também por várias técnicas de medição, dependendo da
necessidade do processo, dos custos envolvidos, da precisão requerida e da facilidade de
manutenção. Podendo um sistema de análise ser integrado por sensores infra-vermelhos,
eletroquímicos, radiação de ultra violeta entre outros.
O grande problema dos sistemas extrativos é o condicionamento da amostra que pode eliminar ou criar
alguns produtos indesejáveis devido à condensação dos mesmos, pois alguns gases são parcialmente
solúveis em água e podem ser eliminados.
Muitas vezes o custo de um sistema eficiente de condicionamento de amostra ultrapassa a unidade de
medição e exige pessoal bem treinado para sua operação e manutenção.

7.4.2 Medição “in situ” do teor de oxigênio

A medição “in situ” resulta da utilização da unidade sensora inserida dentro do processo.
A medição do oxigênio no processo para controle da combustão se faz necessária para garantir a
relação correta do ar/combustível na queima, no controle do excesso de ar, de forma a garantir o
máximo rendimento da queima com baixos níveis de emissão, resultando também em otimização da
queima e economia de combustível.
Os analisadores de oxigênio de maior aplicação são aqueles com sensor de óxido de zircônio e os
sensores baseados no efeito paramagnético.
Os analisadores de óxido de zircônia são constituídos de uma sonda de aço inoxidável e em seu
interior está presente o sensor de zircônia que trabalha aquecido. Podemos destacar os analisadores
que necessitam de uma referência de oxigênio (operando com um cilindro de O2 padrão) e os sensores
do tipo lambda que utilizam o ar atmosférico como referência.
A aplicação destes depende do processo e um estudo prévio sempre é bom ser feito para que não
ocorra danos ou desgaste prematuro na célula de medição.
Os sensores de zircônia podem ter uma vida útil que varia de um a cinco anos.
Vários tipos construtivos existem no mercado, para dutos ou chaminés até 600 C, sondas de aço
inoxidável ou sonda de porcelana para altas temperaturas, até 1.700ºC.
Analisadores com sensores lambda (micro sensor de zircônia) tem custo mais acessível e podem ser
aplicados para sistemas de queima a óleo, gás ou biomassa, mas tem algumas restrições quanto à sua
instalação devido às dimensões da chaminé e do nível de particulado emitido no processo entre outros
fatores que devem ser analisados previamente.
sonda

painel

cabos
.
Analisador de oxigênio com sonda (sensor) zircônia e painel de controle.

7.4.3 Análise contínua do CO (analisando CO ou combustíveis não queimados?)

Existem analisadores CO integrados ao analisador de oxigênio, normalmente o de zircônia que medem


além do CO os combustíveis, como o metano, hidrogênio entre outros hidrocarbonetos. Estes com
sensores catalíticos que são sensíveis para todos os combustíveis e não somente o CO, medindo
desta forma o CO equivalente. Normalmente este instrumento é projetado para medir combustíveis,
inclusive o CO, para auxiliar no controle da combustão e não medir isoladamente o CO para fins de
controle de emissões.
A determinação isolada do CO deve ser feita empregando-se analisadores por absorção de radiação
infravermelha.
Na prática o que se predomina mesmo é a medição do CO. Observa-se que o emprego deste
analisador é mais difundido para sistemas complexos de combustão (uma petroquímica p.ex.) que
pode utilizar gases combustíveis do processo para queimar em suas caldeiras.

7.5 Medição da qualidade da queima pela opacidade dos gases

Os particulados compreendem partículas sólidas e liquidas passíveis de se dispersarem na atmosfera,


causando danos ao meio ambiente. Grande maioria dos processos de combustão, chegam a emitir
partículas para a atmosfera, em maior ou menor intensidade, dependendo do processo em que a
queima esteja inserida, seja num aquecedor doméstico a gás, em fornos de fusão ou de aquecimento.

A qualidade da queima pode ser determinada pela a qualidade da opacidade emitida na chaminé, que
é resultado das emissões de material particulado (MP).

Métodos existentes:
- a medição do índice de fuligem, método ASTM D2156 para queimadores a óleo Formatado: Com marcadores + Nível:
- a comparação colorimétrica pela escala de Ringelmann 1 + Alinhado em: 0 cm + Tabulação
- analisadores de opacidade, os opacímetros (ópticos ou eletrostáticos) após: 0,63 cm + Recuar em: 0,63 cm
- a determinação do MP por amostragem isocinética
7.5.1 Medição do Índice de Fuligem

O índice de fuligem (Smoke Spot Number) pode ser determinado pelo método ASTM D 2156 (USA) ou
DIN 51402 (Alemão). O método consiste basicamente, em reter todo produto sólido presente em uma
amostra de gás proveniente da queima de um combustível destilado de petróleo.
O aparelho consiste de uma bomba de aspiração manual com volume pré-determinado, um suporte de
fixação do papel filtro que vai reter as partículas e uma haste metálica que é inserida no duto da
chaminé.
Pode-se citar, como aplicação típica do método, a regulagem do excesso de ar de combustão em uma
fornalha e a verificação da limpeza interna dos tubos e da fornalha (deposição de cinzas/fuligem).
Deve-se minimizar o excesso de ar de tal modo a maximizar o teor de CO2 nos gases de combustão
sem, no entanto, aumentar o índice de fuligem. Esta determinação se restringe a uma análise
qualitativa do teor de fuligem nos gases, sendo útil apenas para monitoramento da qualidade da
queima, não podendo auxiliar na determinação em massa de cinzas ou fuligem.

Smoke Test – Operação.

Fixe o papel de amostra no Introduza a sonda na chaminé Compare a macha no papel


Smoke Test. e puxe a haste 10 vezes. filtro com a escala padrão.

Medidor de fuligem – Smoke Test.

Interpretação da escala de fuligem

Nr da escala Interpretação
0 Branco (máximo excesso de ar)
1 Excelente (baixas emissões)
2 Bom
3 Satisfatório (limite padrão)
4 Condição máxima operacional
5 Condição inadequada
6 Condição inadequada
7 Condição inadequada
8 Condição inadequada
9 Critico (100% preto)
7.5.2 A escala de Ringelmann

Um dos primeiros métodos para avaliação de fumaça, foi a escala de Ringelmann (1893), que consistiu
na comparação visual da amostra analisada com um padrão reticulado. Os padrões correspondem à
uma escala gráfica com 20, 40, 60, 80 e 100% da área enegrecida.

Os padrões da Escala de Ringelmann são numerados de 1 a 5 e assim definidos:

Padrão nº 1 – densidade 20%


Padrão nº 2 – densidade 40%
Padrão nº 3 – densidade 60%
Padrão nº 4 – densidade 80%
Padrão nº 5 – densidade 100% (Inteiramente preto).

Para uniformizar as avaliações dos efluentes gasosos a “EPA” em 1971 promulgou o método 9 que
utilizou a escala de Ringelmann. Posteriormente incrementou–se o método 9, alternativa 1, com a
utilização de medidores analíticos de opacidade que permitiu o monitoramento continuo em fontes
estacionárias.
Cada tipo de fonte estacionária, terá um limite percentual de opacidade permitido, por um determinado
tempo de emissão, pois existe uma correlação entre opacidade e a concentração de particulado.
7.5.3 Opacímetros

São instrumentos empregados na monitoração continua dos particulados, sendo de instalação fixa e
permanente “in situ”. Empregam um feixe de luz que atravessa o meio contendo os particulados, e
incide em um foto detector. A atenuação da luz, também denominada extinção do feixe, é proporcional
ao teor de particulados.
Os opacímetros detectam desde opacidade de 0 (transparência total) a 100% (bloqueio total) cujos
sinais permitem em muitos casos uma correlação com os resultados obtidos pela amostragem
isocinéticas.
Há basicamente 3 tipos de opacímetros, dois de luz transmitida e um de luz refletida
Os opacímetros de luz transmitida podem ser de uma passagem de luz ou de duas passagens.

Opacímetro com fonte de luz transmitida e detector

O modelo de uma luz transmitida consiste de um transmissor e um receptor do outro lado (interno) da
chaminé. A corrente gerada no detector é proporcional à luz visível transmitida através dos gases. Um
aumento na concentração de material particulado nos gases fará com que mais luz seja absorvida ou
espalhada e assim a parcela que alcançará a fotocélula será menor.
Um dos principais problemas deste opacímetro está no alinhamento da fonte luminosa e o receptor em
virtude de dilatações, variações da combustão, temperatura ou mesmo devido à vibrações.
No modelo de duas passagens de luz, o feixe é refletido por um espelho e retorna para o mesmo lado
da chaminé , estando o sensor próximo da fonte luminosa, a figura abaixo mostra este modelo.
Este modelo possibilita maior sensibilidade de detecção de baixos níveis de particulado.

Opacímetro de dupla passagem com espelho defletor.


O terceiro modelo de opacímetro é o de luz refletida. Neste modelo a fonte luminosa e o sensor estão
dispostos sobre um único suporte, formando entre si um ângulo igual ou menor que 90º. Este modelo
não apresenta problemas de alinhamento, pois a posição relativa do sensor e da fonte é sempre a
mesma. A figura abaixo mostra a concepção deste modelo.

Opacímetro de luz refletida.

Obs: Correlação com amostragem isocinética


Não existe padrões de calibração para opacímetros. Após a sua instalação, a correlação é feita com
amostragens isocinéticas. A maioria dos opacímetros micro processados permitem que os dados sejam
memorizados, e desta forma programados na unidade de controle do instrumento. Eventuais alterações
na natureza das partículas, devida a alterações no processo ou na operação, torna-se necessário nova
correlação.

7.5.4 Medição de particulado por amostragem isocinética

A medição dos teores de particulados nos gases de combustão é normalmente feita usando-se a
técnica isocinética, onde a sonda de coleta dos gases amostrados permite retirar a amostra de gases
exatamente na mesma velocidade em que se encontram em cada ponto de chaminé. Para tanto, a
sonda dispõe de tubos de Pitot que permitem medir a velocidade dos gases da chaminé, em cada
ponto, e assim , de posse deste dado, pode-se ajustar a bomba de vácuo (veja figura abaixo) de modo
a ter no tubo coletor de gás exatamente a mesma velocidade medida na chaminé. Desta forma, as
partículas na amostra de gases são perfeitamente representativas das existentes no fluxo global da
chaminé.
Os gases coletados pela sonda passam pela sonda em um filtro com papel de fibra de vidro
previamente pesado. A massa de sólidos retirada neste filtro é então dividida pela vazão média de
gases coletados e se tem assim a concentração de material particulado.

Esta técnica está descrita originalmente no Método 5 USEPA – Particulate Matter (PM), preconizadas
pela ABNT, NBR 12019 e método de ensaio L9.225 Cetesb.
Equipamento de coleta de material particulado

RELAÇÃO DE NORMAS HOMOLOGADAS PELA ABNT

TÍTULO RESUMIDO N° ABNT EMISSÃO MÉTODO USEPA


EQUIVALENTES
Planejamento de Amostragem NBR 10700 1989 -
Determinação de Pontos NBR 10701 1989 1
Determinação Velocidade e Vazão NBR 11966 1989 2
Determinação Massa Molecular Base Seca NBR 10702 1989 3
Determinação Umidade NBR 11967 1990 4
Determinação material Particulado NBR 12019 1990 5
Calibração Equipamento NBR 12020 1992 -
Determinação SO2, SO3 e Névoa NBR 12021 1990 8
Determinação SO2 NBR 12022 1990 6
Determinação MPcom filtro dentro chaminé NBR12827 1993 17

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ONDE ANALISAR OS GASES DA COMBUSTÃO?

Análise de gases de combustão em caldeira flamotubular

Análise de gases de combustão e verificação de infiltração de O2 – caldeira aquotubular


Análise de gases de combustão em forno a óleo ou gás

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