Sobre o POLÍTICO / Chantal Mouffe (7 a 32) • De acordo com Schmitt, o individualismo coerente precisa negar o
político, já que exige que o ponto de referência permaneça o indivíduo.
A política e o político: Para ele, não existe lugar para o pluralismo na democracia. •Política- nível ôntico (relativo ou pertencente ao ser, ao seu estudo ou às suas características)- diferenças práticas da política convencional. • Político compreendido no contexto amigo x inimigo: o liberalismo •Político – nível ontológico (a investigação teórica do ser)- relativo à forma NEGA O ANTAGONISMO, porque o último revela o limite de qualquer em que a sociedade é fundada. Para outros teóricos, como Hannah consenso racional. Arendt, o político está relacionado ao espaço de liberdade e de discussão ~ PARADIGMAS LIBERAIS ESSENCIAIS: 1. Agregativo: política como pública. compromisso entre forças sociais concorrentes e discordantes- Para a autora: indivíduos retratados como seres racionais, movidos pelos próprios POLÍTICO: a dimensão de antagonismo constitutiva da sociedade. interesses. 2- Deliberativo: ligação entre moralidade e política. POLÍTICA: o conjunto de práticas e instituições por meio das quais uma Substituição da racionalidade instrumental pela comunicativa. Consenso ordem é criada, organizando a coexistência humana no contexto através da discussão livre. // Democracia associada ao pluralismo. conflituoso produzido pelo político.
• A falta de compreensão do político está na origem da incapacidade de
PLURALISMO E RELAÇÃO AMIGO-INIMIGO: a criação de uma pensar de forma política. Assim, o futuro da democracia está atrelado à identidade implica o estabelecimento de uma diferença. Toda necessidade de uma abordagem alternativa para compreender a política identidade é RELACIONAL. Há sempre a possibilidade de uma relação democrática. tornar-se antagonista (quando o “eles” questiona a identidade do • A incapacidade de pensar politicamente se deve à indiscutível hegemonia “nós.”). Assim, o desafio da prática democrática é tentar manter sob do LIBERALISMO. Pois, a tendência do pensamento liberal é uma controle o surgimento do antagonismo por meio da introdução de uma abordagem racionalista e individualista que impede o reconhecimento da diferente forma nós- eles. natureza das identidades coletivas. POLÍTICA COMO HEGEMONIA: Para lidar com o antagonismo é •O conflito AGNÓSTICO SE DESENVOLVE SOB CONDIÇÕES QUE SÃO preciso admitir a inexistência de uma situação definitiva e reconhecer a REGULADAS POR UM CONJUNTO DE PROCEDIMENTOS dimensão de irredutibilidade que permeia toda ordem.Ou seja, é DEMOCRÁTICOS ACEITOS PELOS ADVERSÁRIOS. preciso reconhecer o caráter hegemônico de todos os tipos de ordem Canetti sobre o sistema parlamentar: social. Toda sociedade é o resultado de um conjunto de práticas que •uma grande guerra em que se abriu mão de matar tentam estabelecer a ordem em um contexto de contingência. •quando as instituições parlamentares desaparecem, o agnóstico dá •Características principais de uma intervenção hegemônica: 1) caráter lugar ao antagônico. contingente das relações hegemônicas; 2) caráter constitutivo: institui • atração pela multidão. relações sociais não dependentes, inicialmente de uma relação social. A teoria democrática atual não leva em consideração a paixão como • A fronteira entre social e político é indispensável: social- esfera das força matriz do campo da política. Desse modo, a ênfase no consenso práticas sedimentadas; político- atos da instituição da hegemonia. diminui o interesse pela política e aumenta o índice de abstenção. Política: expressa estrutura específica de relação de poder. Votar deveria ser um ato além de interesses- também de afeto e •Toda ordem é política e se baseia em alguma forma de exclusão. identificação. • As práticas hegemônicas são práticas de articulação por meio das FREUD E A IDENTIFICAÇÃO: • mesmo em uma sociedade quais se estabelece uma determinada ordem. A ordem hegemônica é individualista, a necessidade de identificação coletiva nunca desafiada por práticas anti-hegemônicas que tentarão desarticular a desaparecerá. Ignorar isso enfraquece a democracia. • É necessário ordem existente para instalar outra fonte de hegemonia. oferecer formas de identificação que contribuam para as práticas O nós/eles para uma política democrática: A tarefa da democráticas. • O consenso predominante hoje é um sinal de PÓS- democracia é transformar ANTAGONISMO EM AGONISMO. DEMOCRACIA – uma democracia que eliminou a disputa do povo, O agonismo é o tipo de relação em que as partes conflitantes, embora reduzindo-se à interação de mecanismos de Estado e aos acordos reconheçam que não há solução racional para o conflito, ainda assim, entre forças e interesses sociais// Eliminação da dimensão reconhece a legitimidade dos oponentes. São adversários, não adversarial que é constitutiva do político e que dá à política sua inimigos- os adversários são cruciais para a política DEMOCRÁTICA. dinâmica própria. ATENÇÃO: •Confrontação agnóstica é a condição mesma da • A transformação do modelo atual NÃO depende de uma existência da democracia (não o consenso). rejeição total à democracia liberal.
• Uma sociedade democrática liberal pluralista não nega a
existência do conflito, mas fornece instituições que permitem 1. que ela se expresse de forma adversária.
• Para funcionar, a democracia exige que haja um choque entre
posições políticas democráticas legítimas.
• Os confrontos (direita x esquerda) devem fornecer
identificações fortes o suficiente para mobilizar as paixões políticas.
• As posições democráticas devem ser claramente
diferenciadas.
• O problema da sociedade não são os ideais que ela proclama,
mas o fato de que esses ideais não são colocados em prática.
•O consenso precisa estar acompanhado do dissenso
(discórdia).
•O primeiro desafio da política agonística é a aceitação do