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REVISÃO PROCESSUAL
“Frente às razões expostas e por tudo mais que consta dos Autos, dá-se por
concluído o presente trabalho, entendendo esta Comissão, após o minucioso
exame das provas coligadas, com fundamento no Art. 17, I, VII, da Lei
Municipal n° 6.532/2017 e o Art. 198, I, da Lei Municipal 2.215/1991 que
ocorreu a prática da conduta descrita nos itens “a”, da Portaria Inaugural, pelo
Indiciado, Paulo Henrique Aimi – matrícula n° 12.611, Guarda Patrimonial, que,
dada a gravidade da irregularidade, é passível de pena de suspensão, de
acordo com o disposto no Art. 212 inciso II, da Lei Municipal 2.215/1991.
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“Considerando a relevância social que tais atos desencadearam em
concorrência, bem como os prejuízos gerados para a Imagem da
Administração Pública, a pena-base adequada ao caso em concreto seria a de
SUSPENSÃO pelo prazo de 10 (dez) dias. Para tanto ficou comprovado à
existência de duas atenuantes, fatos que de maneira alteram a pena-base,
para tal, respeitado o Instituto da Dosimetria da Pena. Assim, a pena sugerida
e cabível passa a ser a de SUPENSÃO pelo prazo de 03 (três) dias, devendo a
suspensão ser convertida em multa, deixando o Servidor de receber 50%
(cinquenta por cento), por dia de vencimento e/ou remuneração e, ficando
obrigado a permanecer em serviço, nos termos do inciso IV do artigo 208, na
forma do artigo 238, consubstanciado ao artigo 130, § 2° da Lei Federal n°
8112/90”.
Em momento nenhum foi avaliado o documento anexo nos autos que mostra
que o Indiciado, é representante (Delegado Municipal) da Associação Nacional
das Guardas Municipais – ANGM.
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por parte de dirigente de associação de servidores – de pontos de vista
contrários à Gestão anterior do Órgão que integra;
4. Sendo assim devesse ser desconsiderado os fatos que ensejaram a
punição, no processo administrativo disciplinar sob exame, pois as
mesmas são desconsideradas aptas a tipificar a conduta imputada ao
servidor.
5. Figurando como atípica a conduta imputada ao servidor, a jurisprudência
indica que a solução judicial é a anulação do ato reputado coator.
Precedente: MS 14.703/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Terceira
Seção, Dje 3.5.2012. Segurança concedida. (MS. 19.734/DF, Rel.
Ministro Humberto Martins, Primeira Seção, julgado em 23/10/2013, Dje
06/11/2013)
6. A matéria jornalística e as declarações do servidor, não extrapolaram os
limites de liberdade de expressão, o que afasta a ilicitude da conduta e,
por via de consequência, a responsabilidade civil.
7. O fato de ter expressado:
“... No final da gestão passada houve um boicote na
Guarda patrimonial, as viaturas foram tiradas da rua e
foram tirados os guardas das praças e parques e
foram colocados em plantões com alarme, isso gerou
um desconforto na segurança municipal porque
houve um vandalismo muito grande e alguns próprios
acabaram ficando vandalizados, o que justificou a
criação de uma nova guarda....”
8. Como visto, os termos utilizados na reportagem não incorreram em
abuso de direito, dada a ausência de expressões injuriosas. Não se
deve perder de vista, a proposito, que prevalece em nossos Tribunais o
entendimento segundo o qual a pessoa que exerce cargo público tem
mitigado seus direitos da personalidade, justamente em razão do
interesse público no acompanhamento da atuação do agente,
notadamente pelos meios de comunicação. Com efeito, as garantias
Constitucionais da liberdade de expressão do pensamento, da
comunicação e da informação representam valiosa conquista
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democrática, respaldada por inúmeros precedentes judiciais,
notadamente no Supremo Tribunal Federal (ADPF 130).
9. A critica jornalística mesmo severa e impiedosa representa um direito
inserido na amplitude da liberdade de expressão e informação,
desautorizada apenas a ofensa pessoal, mediante emprego de
expressões injuriosas, isto por violação do principio da dignidade da
pessoa humana (CF. art. 1°, III) em abuso de direito, que sujeita o
ofensor à reparação moral da vítima.
10. Consoante orientação do Superior Tribunal de Justiça (REsp
801.109/DF), a liberdade de expressão, compreendendo a informação, a
opinião e a crítica jornalística, por não ser absoluta, encontra algumas
limitações ao seu exercício, compatíveis com o regime democrático,
quais sejam: 1°- o compromisso ético com a informação verossível;
2° - a preservação dos chamados direitos de personalidade, entre os
quais incluem-se os direitos a honra, a imagem, a privacidade e a
intimidade; e 3° - a vedação de veiculação de critica jornalística com
intuito de difamar, injuriar ou caluniar a pessoa (animus injuriandi vel
diffamandi).
11. Em casos dessa natureza, a Corte Superior assentou orientação no
sentido da necessidade de se “verificar se o caso envolve individuo
comum ou pessoa com vida pública, uma vez que, na segunda hipótese,
o circulo de proteção da privacidade cede maior espaço diante do direito
de crítica, em razão do cargo ou posição social (REsp 1297787/RJ).
12. Cabe repetir: no caso em tela, a matéria objetivo dos autos não
ultrapassou os limites da liberdade de expressão, limitando-se a tecer
críticas à Gestão anterior, sem, contudo, manifestar ofensa pessoal
mediante o uso de expressões injuriosas.
13. Por isso, considerando que:
a) A Constituição da República assegura como direitos fundamentais a
liberdade de pensamento e de sua expressão, a liberdade de
atividade intelectual, artística, literária, científica, cultural;
b) A Constituição da República garante o direito de acesso à
informação, no qual se compreende o direito de informante, de se
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informar e de ser informada, a liberdade de pesquisa acadêmica,
para o que a biografia compõe fonte inarredável e fecunda;
c) A Constituição brasileira proíbe censura de qualquer natureza, não
se podendo concebê-la de forma subliminar pelo Estado ou por
particular sobre o direito de outrem;
d) A Constituição vigente garante a inviolabilidade da intimidade , da
privacidade, da honra e da dignidade da pessoa, estabelecendo a
consequência do descumprimento dessa norma pela definição da
reparação de contrariedade a ela por indenização a ser definida; e
e) Norma infraconstitucional não pode cercear ou restringir direitos
fundamentais constitucionais, ainda que sob o pretexto de
estabelecer formas de proteção, impondo condições ao exercício das
liberdades de forma diversa daquela constitucionalmente permitida, o
que impõe se busque a interpretação que compatibilize a regra civil
com a sua norma fundante, sob pena de não poder persistir no
sistema jurídico.
CÂMARA CÍVEL
FISCAL DE TRANSPORTE PÚBLICO
CONCESSÃO DE ENTREVISTA
INFRAÇÃO DISCIPLINAR
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
REINTEGRAÇÃO NO CARGO
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correspondeu ao que foi dito pelos declarantes. Inexistência de qualquer outra
prova a desconstituir a negativa dos autores, de que tenham se manifestado
naqueles termos, tal como constou da publicação. Análise da motivação do ato
pela instância judicial que não pode ser considerada invasão ao mérito
administrativo, porquanto se trata do mero exame de aspectos relacionados à
legalidade do ato administrativo que, para ser regular, deve ser emanado não
apenas sob o crivo do devido processo legal, da ampla defesa, mas também da
devida motivação a que alude o artigo 50 da Lei nº 9784/99. Faltando
motivação, o ato deve mesmo ser considerado nulo não havendo nisso
qualquer interferência indevida do Poder Judiciário na esfera do Poder
Executivo. Exame da razoabilidade da punição aplicada que pode ser
tranquilamente feita pelo Poder Judiciário, pois a análise jurisdicional não fica
limitada aos aspectos meramente formais do ato, mas também à sua
legitimidade. Precedentes do Colendo Superior Tribunal de Justiça e desta
Egrégia Corte Estadual. Processo administrativo que, por ser imotivado, no que
se refere a Kátia e Eduardo, e por não comprovar a existência da suposta
infração disciplinar atribuída aos demandantes deve ser anulado, impondo-se a
reintegração dos autores nos respectivos cargos de Fiscal de Transportes da
Superintendência Municipal de Transportes, com o recebimento das parcelas
mensais remuneratórias, as quais injustamente não foram recebidas desde a
data de sua demissão, excluído o FGTS durante o período de afastamento,
porque a demissão ocorreu após a instituição do regime estatutário no âmbito
municipal, sendo certo que o servidor público não possui direito a tal parcela.
Provimento do recurso de apelação interposto apenas por Eduardo que
também aproveita a outra demandante, Kátia Simões Lacerda. Inteligência do
artigo 509, do Código de Processo Civil de 1973. RECURSO PROVIDO.
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nulidade do Processo Administrativo Disciplinar nº 012/2014-SR/PF/SP, bem
como da penalidade de suspensão aplicada ao autor.
2. No caso presente, foi aplicada ao apelado, Agente de Polícia Federal
investido em mandato classista, a penalidade de 10 (dez) dias de suspensão,
por, supostamente, ter abusado do direito de crítica ao dar entrevistas à
imprensa e proferir palestras depreciando o Departamento de Polícia Federal,
além de ter deixado de comunicar supostas irregularidades das quais teve
ciência.
3. Não há se falar em ilícito administrativo quando o servidor representante
classista, no exercício da liberdade de expressão e na defesa de interesses
de classe, emite declarações em espaços públicos, narrando as condições de
trabalho e práticas institucionais sem o propósito de difamar agentes ou
instituições. O princípio da democracia se densifica na medida em que
permite a diversidade de vozes.
4. Honorários advocatícios majorados em 2% (dois por cento), nos termos do
art. CARLOS AUGUSTO PIRES BRANDÃO RELATOR.
DO PEDIDO
Por todo o exposto, considerando que suas declarações não foram abusivas e
sim de cunho representativo e, ainda, não causaram nenhum prejuízo ao
Erário Público, baseando-se simplesmente em informações da própria
Administração junto a mídia local, pede-se, com base em tudo que foi acima
explanado, a revisão do distinto processo, por não restar comprovada
qualquer conduta ilícita por ele praticada, que porventura tenha gerado
algum prejuízo ao Instituto.
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