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EST UDOS

Luz, cor e ouro


As Perfeitíssimas Horas da rainha D. Leonor.
Leitura iconográfica e sua repercussão na
definição do percurso do manuscrito
delmira espada custódio (iem-fcsh­‑unl)

Breve apresentação do manuscrito.


Análise formal e sua repercussão na reconstituição de um percurso

O Livro de Horas dito de D. Leonor, mulher do rei D. João II, data do terceiro
quartel do século xv e é um manuscrito absolutamente notável, de uma quali‑
dade excecional, a nível do que melhor se produziu na Flandres deste período1.
Totalmente iluminado em grisalha e ouro, com apontamentos pontuais de cor,
é também um dos exemplos mais significativos de todo o corpus do seu ilumi‑
nador, o flamengo Willem Vrelant2, um artista de renome oriundo de Utreque,
que desenvolveu a parte mais relevante da sua obra em Bruges, onde dirigiu um
proeminente ateliê, cuja produção deixou uma marca profunda na iluminura
flamenga do terceiro quartel do século xv3.
O manuscrito, que hoje se guarda na Biblioteca Nacional de Portugal
(bnp), embora incompleto, apresenta bom estado de conservação, integrando 157
fólios do volume original. Da análise do seu conteúdo4 salientamos a inexistência
das Horas do Espírito Santo, da O Intemerata e do Memorial dos Santos, o que,
numa obra desta envergadura, poderá indiciar uma encomenda inacabada ou o
desmembramento do códice com perda de algumas secções5.

1 Para um estudo mais detalhado deste manuscrito vide Custódio (2010).


2 Para um estudo mais aprofundado da obra deste iluminador vide Bousmane (1997).
3 Entre os manuscritos que atualmente se guardam em Portugal, destacamos o Cofre 13, da
Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, cuja autoria atribuímos ao círculo próximo
deste iluminador e o iluminado 206, da Biblioteca Nacional de Portugal, cuja linguagem
plástica reflete a sua influência.
4 Vide, em anexo, a descrição completa do conteúdo do códice.
5 O extravio de fólios é confirmado pela interrupção abrupta do texto no final dos fólios 64v
e 81v.

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Fig. 1, 2 bnp il. 165, f. 72v­‑73 <http://purl.pt/24005/3/#/148>

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Os restantes fólios inserem três orações e uma ladainha, posteriormente firmadas
pela mão de diferentes escribas (f. 157v-164). Nestes, destacamos a inclusão de
duas rubricas, escritas em português, que a par da pertença deixada no primeiro
fólio, constituem uma forte evidência da presença do códice em território
nacional.
A atual foliação foi feita por Gabriel Pereira, em 1910, e é o próprio autor
quem o afirma: «Primeiramente numerei­‑o, no canto esquerdo, inferior, ou de
pé de página. E numerei assim 164 folhas»6. Os fólios são regrados a verme‑
lho, de forma quase impercetível, apresentando uma única coluna de texto, com
dezanove linhas. A escrita, em letra gótica, foi cuidadosamente executada, não
sendo visíveis quaisquer marcas de puncturação.
No que respeita à ornamentação e hierarquização do seu conteúdo, as prin­
cipais secções são introduzidas por dois fólios ornados, com cercaduras bastante
desenvolvidas ocupando as quatro margens; comportando, no seu conjunto,
o tema iconográfico em fólio intercalado e cinco núcleos de figuração marginal
(Fig. 1)7. Nos restantes fólios a coluna de texto é acompanhada por banda ornada
na margem de goteira (incluindo muito pontualmente seres compósitos)
(f. 82v, 88, 88v, 97v) ou duas bandas horizontais inseridas nas margens de cabeça
e pé, ornadas apenas com elementos da flora8. São exceção, as bandas verticais
que acompanham o Calendário e que apresentam no seu interior, sem qualquer
destaque ou emoldura­mento9, a iconografia do trabalho dos meses10. Igualmente
notória é a ausência dos signos do zodíaco, tema que invariavelmente acompanha
o trabalho dos meses nos calendários iluminados. A divisão hierárquica das
diferentes partes do texto compreende, ainda, rubricas a vermelho, iniciais
ornadas, maiúsculas realçadas com aguada amarela e fins­‑de­‑linha.

6 Embora o autor afirme ter numerado apenas 164 fólios, atualmente, o f. 165 também está
numerado (pereira 1910: 14).
7 As cercaduras ornadas que acompanham os temas iconográficos, inseridas à esquerda, (f. 53v,
65v, 72v, 76v, 99v, 114v) incluem apenas dois núcleos de figuração narrativa, nas margens de
goteira e pé. Atualmente, devido ao extravio de 10 iluminuras de página plena, grande parte
das secções é introduzida, apenas, pelo fólio da direita, que inclui uma cercadura ornada com
três núcleos de figuração marginal, rubrica e inicial ornada de grande dimensão.
8 Esta última solução é utilizada apenas em duas secções nos f. 25v-32, 33-34v.
9 De acordo com Bernard Bousmanne, a introdução da figuração sem qualquer destaque ou
emolduramento é uma característica que apenas se verifica no manuscrito em análise.
10 Do Calendário restam apenas os fólios relativos aos meses de janeiro e dezembro; pelo que
se depreende tratar-se de um sénio, cujos cinco bifólios centrais se terão perdido.

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O seu programa iconográfico (ou o que dele resta) inclui, apenas, seis
iluminuras de página plena, em fólio intercalado, executadas num pergaminho
mais grosso: Visitação (f. 53v), Anúncio aos Pastores (f. 65v), Circuncisão (f. 72v),
Matança dos Inocentes (f. 76v), Juízo Final (f. 99v) e Celebração do Ofício Fúnebre
(f. 114v)11. Além destas, o manuscrito comporta também um extenso programa
de figuração marginal, que apresentaremos, de forma mais detalhada, um pouco
mais adiante.
Tendo por base a observação direta que fizemos do manuscrito e o que as
fontes escritas nos informam, sabemos que o iluminado 165 pertenceu à rainha
D. Leonor (1468­‑1525) e que esta o terá deixado, em testamento (Belém 1755: 85)
ao Mosteiro da Madre de Deus de Xabregas. Na base desta atribuição está uma
nota manuscrita, firmada no fólio de abertura do códice, assinada por frei Luís de
S. Tiago, onde se lê: «Este livro foi da rainha dona Lianor não se pode dar de fora
so pena de escomunhão».
Desconhecem­‑se as condições e a data da transferência do códice para a
Imprensa Nacional Casa da Moeda; contudo sabemos que a sua incorporação
é anterior a 1882, uma vez que já aí se encontrava depositado aquando da Expo‑
sição Retrospetiva de Arte Ornamental Portuguesa e Espanhola (Catálogo 1882:
314­‑315). Pelo contrário, a sua passagem para a bnp está bem documentada, atra‑
vés da correspondência publicada por Gabriel Pereira, dando conta do percurso
que este, e dois outros manuscritos, fizeram desde Xabregas até à então Biblio‑
teca Nacional de Lisboa, onde deram entrada a 26 de janeiro de 1910 (Pereira
1910: 3­‑4).
Do estudo mais aprofundado do códice retirámos novos dados que também
contribuem para a reconstituição do seu percurso. A notável qualidade do velino
utilizado, a regularidade da escrita, a excelência do desenho, o número de ini‑
cias ornadas12, todas finamente desenhadas e preenchidas com ouro brunido,
a qualidade plástica e o rigor da ornamentação e da figuração marginal compro‑
vam tratar­‑se de uma obra encomendada por figura régia ou nobilitária de ele‑
vado prestígio social. E embora o percurso, as marcas pessoais de posse e o que
se conhece do testamento da rainha legitimem, de forma relativamente segura,

11 Assinalamos a ausência de dez iluminuras de página plena, em fólio solto. Com base na estru‑
tura do manuscrito, entendemos seguro afirmar que os fólios em falta acompanhavam as
seguintes secções: Horas da Paixão, Horas da Cruz, Missa da Bem-aventurada Virgem Maria,
Horas da Virgem (Matinas, Prima, Sexta e Completas), Horas da Virgem para o Advento e
Natal, Missa da Festa de Santo André e Livro de Salmos de São Jerónimo.
12 Comporta um total de 1950 iniciais ornadas: 2 a cinco espaços, 14 a quatro, 10 a três, 245 a
dois e 1679 a um espaço.

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a sua propriedade, acreditamos não ter sido este manuscrito especificamente
executado para D. Leonor; não apenas pelo facto da figuração marginal, como
explicitaremos mais adiante, apontar para um possível encomendante ligado à
corte dos Valois, mas também, por não encontrarmos quaisquer outros indícios
que nos permitissem vincular a encomenda do códice à casa real portuguesa.
Foi a análise comparativa das iluminuras de página plena que nos permitiu
formular a hipótese da existência de uma ligação entre o iluminado 165 e a corte
espanhola, concretamente a Fernando de Aragão e ao iluminador castelhano
Juan de Carrión e, deste modo, delinear um possível percurso para a entrada do
códice em Portugal. Juan de Carríon foi um dos mais importantes e hábeis minia‑
turistas castelhanos do século xv, tendo conduzido e dinamizado um ateliêr de
prestígio em Castela, com fortes ligações aos Reis Católicos e a grandes persona‑
lidades eclesiásticas13. Está seguramente documentado na região de Ávila desde
1470, pela sua colaboração nos Livros de Coro da Catedral, e o seu ateliê esteve
ativo entre 1465 e 1480, período que coincide (e muito provavelmente ultrapassa)
a execução do nosso iluminado. Embora tenha uma expressão bastante indivi‑
dualizada, o seu trabalho é claramente marcado pela iluminura nórdica, deno‑
tando uma forte influência flamenga.
A comparação do nosso iluminado com as Horas do Infante Afonso de
Castela e Aragão14, atribuídas a Juan de Carríon, colocou em evidência as inegá‑
veis proximidades formais existentes entre os dois manuscritos: a opção estética
do uso da grisalha combinada com o ouro15, a introdução de núcleos figurativos
na ornamentação marginal, os elementos vegetais representados nas margens,
a empaginação em duplo fólio, e, acima de tudo, a utilização dos mesmos mode‑
los nas iluminuras de página plena.
Ao contrário do manuscrito de Nova Iorque, que conserva ainda vinte e
quatro iluminuras de página plena, as Perfeitíssimas Horas inserem apenas seis
composições. No entanto, verificámos que entre essas, duas, claramente parti‑
lham o mesmo modelo e uma terceira denota influência direta. Atendendo à dis‑
crepância de números (entre os dois códices) optámos por estender a comparação
ao corpus Vrelant, o que permitiu aferir uma ligação óbvia entre os dois artistas.
A forma como Saulnier caracterizou genericamente o trabalho de Carríon ­–

13 Sobre este iluminador vide, por exemplo, Sebastian (2009); Bosh (2000).
14 Nova Iorque, Pierpont Morgan Library, Ms. M. 854.
15 Ainda que no caso do manuscrito da Pierpont Morgan Library tenhamos que falar, apenas,
em meia grisalha.

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« une interprétation austère de l’enluminure nordique dont il est fortement
imprégné, mais dans une style tout à fait personnel et individualisé » (Saul‑
nier 1982: 56­‑60) – adequa­‑se em pleno à relação direta que encontrámos entre
estes dois iluminados, e de forma mais alargada com outros manuscritos do
corpus. Não se trata, porém, de uma relação oficinal de mestre/aprendiz; pelo
contrário, a qualidade das iluminuras revela a personalidade de dois grandes
mestres, com uma linguagem pictórica bastante diferenciada. Apesar disso,
a análise formal comparativa da Visitação16 (Fig. 3) e do Anúncio aos Pastores17
(Fig. 4) – para citarmos apenas os dois casos onde as proximidades formais são
mais evidentes – tornou claro que houve um contacto direto entre os dois códi‑
ces, em especial se considerarmos que nesta procura de modelos não encontrá‑
mos composições equivalentes noutros manuscritos, dentro e fora do corpus.
Veja­‑se, por exemplo, na Visitação, a verosimilhança no pormenor das mãos,
sobre­tudo na forma como Isabel segura o manto da Virgem ou a analogia entre
os pastores das duas composições.
A isto acresce o facto da conjuntura histórica deste período favorecer a rainha
de Navarra e Aragão, Joana Enriquéz, colocando­‑a em boa posição para enco‑
mendar e patrocinar objetos artísticos. O Livro de Horas dito de Isabel a Católica18,
iluminado por Vrelant e com ligações pontuais ao nosso manuscrito, teve como
primeira proprietária esta rainha. Parece­‑nos, por isso, defensável que o ilumi‑
nado 165 possa também ter sido adquirido por Joana Enriquéz, ou mesmo, pelo
seu filho Fernando de Aragão. Quando este casa com Isabel a Católica, em 1469,
o manuscrito tê­‑lo­‑á acompanhado até Castela onde Juan de Carríon, muito pro‑
vavelmente, terá tido acesso ao códice; justificando­‑se assim as inegáveis relações
formais que existem entre os dois manuscritos.
Uma vez que Joana a Louca, filha de Isabel e Fernando, herdou o Livro de
Horas dito de Isabel a Católica, parece­‑nos bastante plausível que o iluminado
165 possa ter entrado em Portugal com uma das suas irmãs: a infanta D. Isabel,
aquando dos seus casamentos com o príncipe Afonso (1490) e mais tarde com
D. Manuel (1497) ou, através da infanta D. Maria, que casou com este soberano
em 1500.

16 Lisboa, bnp il 165, f. 53v e New York, Pierpont Morgan Library, Ms. M. 854, f. 62v.
17 Lisboa, bnp il 165, f. 65v e New York, Pierpont Morgan Library, Ms. M. 854, f. 85v.
18 Madrid, Real Biblioteca del Palácio, [s. n.] (Expos., sala xvi n.º 147).

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Fig. 3, 4 bnp il. 165, f. 53v <[http://purl.pt/24005/3/#/110] e 65v [http://purl.pt/24005/3/#/134]>

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Por outro lado, e embora não haja, até à data, documentação que o com‑
prove, vários autores sugerem que Vrelant tenha procurado mecenas em França.
A narrativa que encontrámos nas margens do Ofício da Virgem reforça, em
nosso entender, esta possibilidade. Avaliando o seu percurso constata­‑se a exis‑
tência de dois momentos em que o iluminador poderá ter estado em França:
o período que medeia a sua saída de Utreque e respetiva instalação em Bruges
(1449­‑1451/54) e, entre 6 de maio de 1456 e 28 de junho de 1459, hiato em que
não paga a sua quotização à guilda de São João Evangelista de Bruges. Acresce
ainda, pelo que é pertinente sublinhá­‑lo, que este intervalo de tempo (1456­‑1459)
coincide, justamente, com a anulação da sentença que condenou Joana d’Arc em
1431 e que, por ordem de Carlos VII, foi revista e anulada, no ano de 1456. Como
adiante procuraremos demonstrar, estes acontecimentos coetâneos à execução
do nosso iluminado terão, certamente, influenciado a temática da sua figura‑
ção marginal, fazendo­‑nos pensar num encomendante ligado à corte dos Valois.

Iconografia das margens.


Indício de uma encomenda e possível percurso do seu iluminador

Como já tivemos oportunidade de assinalar, a figuração marginal deste Livro


de Horas é particularmente rica e invulgar, não tendo paralelo naquilo que se
conhece do corpus do seu iluminador. E conquanto Bernard Bousmanne (que fez
um estudo exaustivo da sua obra) seja omisso quanto à sua atribuição, estamos
em condições de afirmar que as margens do iluminado 165 são claramente obra
de Vrelant, não apenas pela excecional qualidade da grande maioria dos elemen‑
tos representados, como também, pela sua afinidade formal com outros manus‑
critos do corpus.
Genericamente, os temas representados subdividem­‑se em três grandes
núcleos: animais (reais e imaginários), seres compósitos e seres humanos19.
O mais significativo, que marca a ambiência do códice, é constituído por cenas de
luta, onde os soldados combatem corpo a corpo. Repletas de pequenas figuras,
as margens, são percorridas por arqueiros, homens com espada, lança e até cam‑
poneses desarmados. Inclui, também, cenas alusivas à vida de corte e a música
marca uma presença não menos significativa. Por último, encontramos figuras e
narrativas bíblicas do Antigo e Novo Testamentos, e ainda um grupo de seis car‑
pideiras, em direta articulação com o texto que acompanham.

19 Vide também Custódio (2015).

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A leitura iconográfica que iremos propor incidirá, essencialmente, na aná‑
lise das cercaduras ornadas completas, que acompanham o início de cada secção.
Num total aproximado de 135 figurações, distribuídas por 23 fólios iluminados
e seis bandas ornadas, não detetámos uma única repetição. Sem que os temas
fujam ao repertório de outros códices, estas representações diferenciam­‑se
pelo seu carácter vincadamente narrativo. De um modo geral, as personagens
não surgem isoladas, movimentam­‑se e interagem entre si. Distribuídas entre as
folhagens, sente­‑se o movimento implícito de cada figura, produzindo um efeito
que transcende a mera ornamentação. Os rostos são expressivos e individualiza‑
dos e as poses bastante diversificadas. O desenho é vigoroso, detalhado e muito
preciso, revelando um bom entendimento estrutural das formas. E embora a
escala seja muito reduzida20 o iluminador não sacrificou a modelação das formas
nem os detalhes da representação, utilizando tons rosados para as partes desco‑
bertas do corpo e o ouro na diferenciação de alguns objetos.
Ao longo das Horas da Virgem – a parte mais significativa do Livro de Horas
– o iluminador desenvolve uma história profana de carácter biográfico, cuja rela‑
ção com os textos apenas se faz de forma indireta. Acreditamos ter reunido factos
que comprovam a hipótese da leitura conjunta destes núcleos apresentar a his‑
tória do rei de França, Carlos VII, com especial enfoque na intervenção de Joana
d’Arc, no episódio que inverteu o resultado da Guerra dos Cem Anos e pôs termo
ao conflito.
Assim, as figurações presentes nas margens dos fólios introdutórios da Missa
da Bem­‑Aventurada Virgem Maria (que antecede o Ofício) e da Hora de Mati‑
nas (f. 33, 40, respetivamente) apresentam o que entendemos ser os primeiros
anos de governação de Carlos VII, na luta que travou pela defesa e conquista do
pequeno reino, onde ainda era reconhecido como herdeiro legítimo do trono
francês. Conhecem­‑se várias imagens deste monarca; contudo, importa­‑nos
aqui referir uma composição do Livro de Horas de Étienne Chevalier, onde o rei
e os seus filhos (Luís XI e Carlos de França) são representados no lugar dos reis
Magos21. A relevância desta iluminura impõe­‑se sob vários aspetos: primeiro, é
uma realização contemporânea do manuscrito em análise; segundo, a indumen‑
tária de Carlos VII coincide com as figurações marginais do nosso manuscrito
e, por último, o facto de o rei figurar dentro de uma narrativa bíblica, tomando
mesmo o lugar de uma personagem, encontra muitas afinidades com a leitura
iconográfica que propomos.

20 Raramente excede os 25 mm.


21 Chantilly, Musée Condé, Horas de Étienne Chevalier, f. 68.

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Outra das obras que importa aqui evocar é um desenho, datado do século xvi,
que François Avril deu a conhecer em 200322 e que insere uma representação de
Carlos VII, formalmente próxima da anteriormente citada, acom­panhada de uma
inscrição que conta, resumidamente, a intervenção de Joana d’Arc na reconquista
da independência de França. Com base neste cenário, acreditamos que as cenas
de galanteio e vida cortesã, representadas nos fólios 33 e 40, possam retratar o
delfim Carlos e sua esposa, Maria de Anjou. Não sendo, evidentemente, retratos
fiéis, reproduzem figurações tipificadas de um determinado estatuto social, que,
no contexto específico deste códice, podem ser identificadas com figuras reais.
A figuração marginal, presente nos dois fólios que introduzem a Hora de
Laudes (f. 53v-54), evoca as lutas travadas entre os partidários da causa francesa
e os ingleses, que os primeiros procuravam expulsar do seu território. A cena
incluída na margem de pé do fólio 53v é essencial para a identificação do tema. O
chifre colocado sobre a cabeça do cavalo (alusão certamente ao unicórnio23) e a
presença feminina que a figura transmite foram determinantes para a identificação
da narrativa. Joana d’Arc surge, assim, em luta contra os inimigos, provavelmente
naquela que foi a sua primeira grande missão divina: a libertação da praça de
Orleães, que viria a marcar definitivamente a viragem da Guerra dos Cem Anos.
Por outro lado, a análise conjunta dos dois fólios sugere uma interessante
analogia entre a história bíblica do tema central e o episódio histórico narrado
nas margens. Enuncia­‑se, assim, um momento de esperança para toda a huma‑
nidade: o anúncio da vinda do Messias, evocado pela presença do ventre expec‑
tante, e a salvação da coroa francesa, corporizada na figura da pucelle.
As temáticas inseridas nas margens do fólio 62 confirmam e desenvolvem
a narrativa do fólio precedente, anunciando o grande ponto de viragem na
vida do futuro Carlos VII e a concretização da missão divina de Joana d’Arc:
a consagração do delfim em Reims, que viria a legitimar a sua sucessão ao trono
de França. A cena que se desenvolve na margem de pé é bastante esclarecedora.
A figura, que Gabriel Pereira (Pereira 1910: 17) descreve como «cavalleiro» é
assumidamente feminina, tem cabelos compridos, vestes de mulher e monta à
amazona. Contudo, não estamos perante uma figura da alta nobreza; a mulher
representada, em tudo diferente da que podemos ver na margem de goteira,
afigura­‑se a uma guerreira, oriunda de uma classe social mais baixa. Pelo que se

22 Reproduzida em Reynaud (2006: 34).


23 O unicórnio é igualmente evocado na figuração marginal do fólio 3: na margem de cabeça,
fazendo frente a um soldado e, na margem de pé, onde associado a um busto feminino forma
uma figura híbrida.

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impõe a questão: neste período, além de Joana d’Arc, que outras mulheres, nestas
condições, teriam lugar num Livro de Horas? E a reforçar a leitura proposta,
figura, neste mesmo fólio, na margem de cabeça, um rei a ser coroado. Reitero: que
outro rei, além de Carlos VII, foi coroado com a ajuda de uma mulher guerreira?
A pequena cena, que coroa o início da Hora Prima, referir­‑se­‑á, certamente,
à consagração solene do monarca em Reims, que ocorreu a 17 de julho de 1429.
Na Hora Tercia (f. 65v-66) as figurações marginais dão continuidade à luta
pela expulsão dos ingleses anunciando, em simultâneo, a festa da coroação de
Carlos VII, aqui simbolicamente indiciado por uma figura antropomórfica. Esta
simbólica do novo monarca mostra um dirigente confiante, tomando a seu cargo a
reconquista do território francês. Uma vez mais, o iluminador, por livre iniciativa
ou indicação mecenática, procurou uma analogia entre os acontecimentos
bíblicos narrados no tema principal e a história profana evocada nas margens: o
anúncio do nascimento de Cristo, visando a salvação dos homens e a legitimação
do Delfim que libertará a França do domínio inglês.
As figurações marginais que acompanham a Hora Sexta (f. 69) dão continui‑
dade à narrativa que temos vindo a apresentar, convergindo a sua interpretação
para um torneio comemorativo da recente coroação do Monarca. Dos núcleos
presentes na Hora Noa (f. 72v-73) destacamos o da margem de pé, do fólio 72v,
constituído por um cão perseguindo uma raposa que foge com uma ave na boca.
Aparentemente uma cena de caça, esta representação pretenderá aludir ao martí‑
rio de Joana d’Arc, verificando­‑se, uma vez mais, a articulação simbólica entre as
duas narrativas: o primeiro sangue que Cristo derrama pela humanidade, através
da circuncisão (tema central), e o sacrifício da pucelle (margem), evocado pela
pomba, que é martirizada em nome da sua missão divina.
Conclui­‑se assim que, no essencial, as figurações marginais que acompa‑
nham o Ofício da Virgem narram uma temática muito específica, possivelmente
relacionada com a vontade do mecenas encomendante do manuscrito. Lembra‑
mos que o iluminado 165 não é o primeiro a introduzir a simultaneidade de narra‑
tivas. As Horas de Jeanne d’Évreux24 comissariadas por Carlos IV, de França, inse‑
rem um ciclo de nove iluminuras alusivas à vida de Luís IX e, nas já citadas Horas
de Étienne Chevalier, iluminadas por Jean Fouquet, o próprio Carlos VII figura
no lugar de um dos reis Magos. Acresce ainda o facto da imagem de Joana d’Arc,
durante a segunda metade do século xv, ser relativamente comum, em especial,

24 New York, The Metropolitan Museum of Art, The Cloister Collection, ms. 54.1.2.

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dentro da corte dos Valois25, e a circunstância de Christine de Pisan lhe ter consa‑
grado vários versos, celebrando as suas primeiras vitórias ainda em vida, denota
bem o prestígio que a heroína francesa gozou durante este período.
Por tudo o que foi exposto entendemos que a leitura iconográfica do nosso
manuscrito, assim como a análise comparativa das suas iluminuras se revelou
um contributo válido para a reconstituição do percurso e história deste valioso
iluminado, vinculando a sua possível encomenda à corte dos Valois. Facto
igualmente relevante para a construção da biografia do seu iluminador, na medida
em que permitirá confirmar a hipótese já avançada por outros autores (embora
sem fontes documentais que o pudessem comprovar) da sua passagem por
França e simultaneamente justificar a interrupção no pagamento da quotização
à guilda. E conquanto não tenhamos chegado, ainda, a conclusões definitivas,
a proximidade formal que verificámos existir entre o nosso iluminado e o
Ms 854 da Pierpont Morgan Library, permitiu­‑nos traçar um percurso possível
que poderá ter conduzido o manuscrito até às mãos da Rainha Perfeitíssima.

25 Encontramo-la, por exemplo, segurando o seu escudo de armas, ao lado de Judite e


Holofernes numa iluminura do Champion des Dames, de 1451 (Bibliothèque nationale de
France – ms. Français 12476, f. 101v) ou nas Vigiles du roi Charles VII, de 1481, (Bibliothèque
nationale de France – ms. Français 5054, f. 55v, 60v, 61v, 62, 66v, 70, 71) onde a sua história é
narrada em sete miniaturas.

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Anexo: Textos que integram o iluminado 165

f. [não numerado]v, Pertença assinada por Frei Luís de S. Tiago: Este livro foi da
rainha dona Lianor não se pode dar de fora so pena de escomunhão.
f.  1­‑2v, Calendário em latim segundo o uso de Bruges (?)
f.  3­‑24v, Horas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo: horae de passione domini
nostri ihesu christi Domine labia mea aperies et os meum ...;
f.  25­‑29v, Horas da Santa Cruz: Incipiunt hore de sancta cruce. Ad matutinum Domine
labia mea aperies et os meum ...;
f.  29v­‑31, Missa da Santa Cruz: Introitus misse de sacta cruce. Nos autem gloriari opor‑
tet in cruce domini nostri ...;
f.  31v­‑32v, Missa da Nossa Senhora: Incipit missa de domina nostra. Introibo ad altare
dei: ad deum qui letificat iuventutem meam ...;
f.  33­‑36, Missa da Bem Aventurada Virgem Maria: Introitus misse beate marie virgi‑
nis Salve sancta parens enixa puerpera regem ...;
f.  36­‑39v, Perícopes evangélicas: (f.  36­‑37) Secundum iohannem In principio erat
verbum et verbum ...; (f.  37­‑38) Secundum lucam In illo tempore Missus est
angelus ...; (f.  38­‑39) Secundum matheum Cum natus esset ihesus in bethlemm ...;
(f.  39­‑39v) Secundum marcum In illo tempore Recumbentibus ...;
f. 40­‑93, Horas da Bem­‑Aventurada Virgem Maria segundo o uso romano:
Hic incipiunt hore beate marie virginis secundum usum romane ecclesie (f.  40­‑52v) Mati‑
nas: Domine labia mea aperies et os meum ...; (f.  54­‑61v) In laudibus Deus in
adiutorium meum intende ...; (f.  62­‑64v) Ad primam Deus in adiutorium meum
intende ...; (f.  66­‑68v) Ad terciam. Deus in adiutorium meum intende ...; (f.  69­‑71v)
Ad meridiem Deus in adiutorium meum intende ...; (f.  73­‑75v) Ad nonam Deus in
adiutorium meum intende ...; (f.  77­‑81v) ad vesperas Deus in adiutorium meum
intende ...; (f.  82­‑85v) Ad completorium Converte nos deus salutaris noster...;
f. 86­‑93, Ofício da Virgem para o Advento e Natal: Antífonas e Salmos Incipit
officium beate marie quod dicitur totum ad adventum. Ad vesperas. Antiphone. et psalmi.
Deus in adiutorium meum intende ...;
f.  93v­‑95v, Obsecro te: Oratio bona et devota ad virginem mariam Obsecro te domina
sancta maria mater dei pietate ...;
f.  96­‑98v, Missa da Festa de Santo André Missa in festo sancti andree. Introitus Michi
autem nimis honorati sunt amici tui deus ...;
f.  100­‑113v, Salmos Penitenciais e Litania (f.  100­‑107v) Incipiunt septem psalmi peni‑
tencial Domine ne in furore tuo arguas me ...; (f.  107v­‑113v) Litania: Kyrieeleison
christeeleison ...;

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f.  115­‑145v, Ofício dos Defuntos: Hic incipiunt vigilie mortuorum Dilexi quoniam
exaudiet dominus vocem ...;
f. 146­‑157v, Livro de Salmos de São Jerónimo Psalterium sancti Ieronimi. Verba mea
auribus percipe domine intellige clamorem meum ...;
f.  157v­‑160v,26 O Intemerata Oratio valde devota virgini marie: O Intemerata et in
eternum benedicta singularis...;
f.  161­‑162v, Ladainha da Bem­ ‑Aventurada Virgem Letani de beata virgine.
Kyrieleison Christeeleison ...;
f.  163­‑163v, Oração com rubrica em língua portuguesa: morte visivelmente: i qualquer
cousa que for iusta que se pedir a nossa senhora por estes nomes ser lhe ha outurgada:­‑
Seguemse:­‑. Ave digna Ave virga Ave flos ...;
f. 164, Oração em latim seguida de rubrica em língua portuguesa: Benedicat me
Imperialis Majestas protegat ...; Estes versos açima escritos sam de muitas pre Roga‑
tivas E devemse Rezar em giolhos finandosse acada huum verso Do sinal da  em fim de
todos rezar huum pater noster ave maria E assi fazer em ho chaao o sinal da  Beijalla
com omildade e devação Orate prome (f.  164v­‑165v) lisos.

Fontes manuscritas
bnp il. 165.
Cepeda, Isabel Vilares (1966) – [Notas manuscritas] In A Collecção dos Codices com
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Moniz, José António (1987­‑1917) – Coleção Alcobacense ‑­ Iluminados. [manuscrito,
bnp cod. 13482]

26 O conteúdo dos fólios 157v-164 não fazia originalmente parte do códice, tendo sido poste‑
riormente adicionado.

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