Você está na página 1de 8

Administração

Abordagem Contingencial

Professor Rafael Ravazolo

www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração

1. ABORDAGEM CONTINGENCIAL

Conforme o dicionário Caldas Aulete, Contingência é: possibilidade de algo acontecer ou não;


fato que não é previsível ou sobre cuja ocorrência não há certeza, que depende de circunstâncias
não controláveis. Em outras palavras, contingência é algo situacional, que pode acontecer ou
não, dependendo das circunstâncias.
Aplicando este conceito na Administração, a abordagem contingencial salienta que nada
é absoluto, que tudo depende das circunstâncias. As frases “não existe uma única melhor
maneira de administrar e organizar” e“tudo depende” marcam a perspectiva contingencial, em
uma clara oposição às ideias absolutas das escolas clássicas de administração.
Pesquisadores salientam que métodos e técnicas altamente eficazes em uma situação deixam
de funcionar em outras, logo, não há apenas "uma melhor maneira" de se fazer as coisas.
Chiavenato chama isto de "Relativismo em Administração" (tudo é relativo): não se alcança a
eficácia seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, existem várias maneiras de se
chegar a um mesmo objetivo e a maneira mais adequada depende de cada situação. É papel
do administrador analisar a situação e suas circunstâncias específicas para identificar quais
técnicas trariam os melhores resultados naquele contexto.
A abordagem contingencial tem, dentre seus precursores, Lawrence e Lorsch. Os pesquisadores
buscavam compreender as características que as empresas deveriam ter para enfrentar
com eficiência as diferentes condições externas, tecnológicas e de mercado, ou seja, os
autores confrontaram organização e ambiente, buscando identificar a melhor forma de se
agir. Acabaram descobrindo que não existe "a melhor forma" (the best way), ao contrário, as
organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às condições ambientais.
O Enfoque Contingencial consolida-se a partir dos principais conceitos da Teoria dos Sistemas,
mas representa um passo além: baseia-se na concepção da organização como um sistema
aberto em contínua interação com o ambiente; procura analisar as relações dentro e entre os
subsistemas, bem como entre a organização e seu ambiente; refuta os princípios universais de
administração e defende que uma variedade de fatores, tanto internos quanto externos, pode
influenciar seus resultados.
Há o deslocamento da visualização, de dentro para fora da organização: a ênfase é colocada
no ambiente e nas demandas ambientais sobre a dinâmica organizacional. Para a abordagem
contingencial são as características ambientais que condicionam as características
organizacionais: no ambiente estão as explicações causais das características das organizações.
As características organizacionais somente podem ser entendidas mediante a análise das
características ambientais com as quais se defrontam.

www.acasadoconcurseiro.com.br 3
Aspectos básicos da Teoria da Contingência:
•• A organização é de natureza sistêmica, isto é, ela é um sistema aberto em constante
interação com o ambiente. Ambiente é o contexto que envolve externamente a organização
(ou o sistema), é a situação dentro da qual uma organização está inserida. Tudo o que
ocorre externamente influencia internamente a organização.
•• As características organizacionais interagem entre si (integração interna) e com o ambiente.
•• As características ambientais funcionam como variáveis independentes, enquanto as
características organizacionais são variáveis dependentes.
•• Tem ênfase no ambiente e na tecnologia.
Estudos recentes sobre as organizações complexas revelam a importância da variável Ambiente:
diferentes ambientes requerem diferentes desenhos organizacionais para obter eficácia. Existe
uma relação funcional entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas
para o alcance eficaz dos objetivos: as técnicas variam em função do ambiente.
Para defrontar-se com o ambiente, a organização utiliza tecnologias que condicionam a sua
estrutura organizacional e o seu funcionamento. A partir da Teoria da Contingência, a variável
Tecnologia passou a assumir um importante papel na teoria administrativa, a ponto de alguns
autores usarem a expressão "imperativo tecnológico" sobre a estrutura organizacional.
Para a Teoria da Contingência as concepções anteriores a respeito da natureza humana não
consideram toda a complexidade do homem e os fatores que influenciam a sua motivação para
alcançar os objetivos organizacionais. Os autores propõem uma concepção contingencial do
ser humano, a qual denominam "homem complexo": o homem como um sistema complexo de
valores, percepções, características pessoais e necessidades. Ele busca manter seu equilíbrio
interno diante das demandas feitas pelas forças externas do ambiente (família, amigos,
organizações etc.). São características do "homem complexo":
•• É um modelo de sistema aberto, um ser transacional, que não só recebe insumos do
ambiente, como reage a eles e adota uma posição proativa, antecipando-se e provocando
mudanças no seu ambiente.
•• Tem um comportamento dirigido para objetivos.
•• Não é estático, está em desenvolvimento contínuo.
A contribuição da perspectiva contingencial não se esgota apenas no reconhecimento da
diversidade de organizações em termos de tamanho, objetivos, tarefa, pessoas, indústrias etc.
Foram identificadas, também, as principais contingências, isto é, as características situacionais
(internas e externas) que podem influenciar uma organização. Entender essas contingências
ajuda o administrador a compreender quais ações administrativas são mais adequadas em
determinado conjunto de circunstâncias.
Sobral e Peci citam algumas contingências:
•• Grau de Incerteza e Complexidade do Ambiente Externo: ambientes mais estáveis e
previsíveis demandam estruturas mais burocratizadas, com divisões claras de tarefas,
papéis e responsabilidades, cadeia definida de comando e controle; ambientes turbulentos

4 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Abordagem Contingencial – Prof. Rafael Ravazolo

(com alto grau de incerteza e complexidade) requerem maior grau de inovação, estruturas
organizacionais mais flexíveis e enxutas, caracterizadas pela delegação de poder.
•• Tamanho da Organização: o aumento do tamanho de uma organização (em termos de
número de pessoas, volume de receitas, etc.) traz problemas de coordenação entre as
áreas.
•• Tecnologia: refere-se ao processo de transformação de insumos em produtos e varia de
tecnologias mais rotineiras e padronizadas até mais complexas e customizadas. Cada uma
dessas tecnologias demandará diferentes estilos de liderança, sistemas de controle e
estruturas organizacionais.
•• Tarefa: tarefas complexas requerem estruturas que possam incentivar maior coordenação
entre os membros da organização, em busca de soluções mais inovadoras e complexas.
•• Ambiente interno: as características do ambiente interno, em termos de pontos fortes e
fracos que a organização apresenta em dado momento, também influenciam as estratégias
que a administração deve adotar.
Burns e Stalker diferenciaram o modelo Mecânico e o modelo Orgânico da organização, o
primeiro adequado a situações relativamente estáveis de mercado e tecnologia, ao passo que o
segundo é mais adequado a mercados turbulentos.
Conforme Chiavenato, as organizações mecanísticas (mecanicistas, como máquinas)
apresentam as seguintes características:
a) Estrutura burocrática baseada em uma minuciosa divisão do trabalho.
b) Cargos ocupados por especialistas com atribuições claramente definidas.
c) Decisões centralizadas e concentradas na cúpula da empresa.
d) Hierarquia rígida de autoridade baseada no comando único.
e) Sistema rígido de controle: a informação sobe por meio de filtros e as decisões descem por
meio de uma sucessão de amplificadores.
f) Predomínio da interação vertical entre superior e subordinado.
g) Amplitude de controle administrativo mais estreita.
h) Ênfase nas regras e procedimentos formais.
i) Ênfase nos princípios universais da Teoria Clássica.
As organizações Orgânicas (como organismos vivos, adaptáveis) apresentam as seguintes
características:
a) Estruturas organizacionais flexíveis com pouca divisão de trabalho.
b) Cargos continuamente modificados e redefinidos por meio da interação com outras pessoas
que participam da tarefa.
c) Decisões descentralizadas e delegadas aos níveis inferiores.

www.acasadoconcurseiro.com.br 5
d) Tarefas executadas por meio do conhecimento que as pessoas têm da empresa como um
todo.
e) Hierarquia flexível, com predomínio da interação lateral sobre a vertical.
f) Amplitude de controle administrativo mais ampla.
g) Maior confiabilidade nas comunicações informais.
h) Ênfase nos princípios de relacionamento humano da Teoria das Relações Humanas.

Em suma, a Teoria da Contingência tem um caráter eclético e integrativo: absorve os conceitos


das demais teorias administrativas no sentido de alargar horizontes e mostrar que nada é
absoluto. Dessa forma, parte para novos modelos organizacionais, mais flexíveis e orgânicos
(adaptativos), como a estrutura matricial, a estrutura em redes e a estrutura em equipes e
também enfatiza o homem complexo e abordagens contingenciais sobre motivação e liderança.
Em uma apreciação crítica, verifica-se que a Teoria da Contingência é muito mais uma maneira
relativa de encarar o mundo do que propriamente uma teoria administrativa.

6 www.acasadoconcurseiro.com.br
Administração – Abordagem Contingencial – Prof. Rafael Ravazolo

Slides - Abordagem Contingencial

Abordagem Contingencial
• Contingência: algo imprevisível, que pode acontecer ou não,
dependendo das circunstâncias.
• Máxima: tudo depende!
‒ Nada é absoluto, não existe uma única melhor maneira de administrar
e organizar, tudo depende do contexto.
‒ Caráter eclético e integrativo: aproveita teorias anteriores.
‒ Oposição às ideias absolutas das escolas clássicas (princípios gerais de
Administração).
‒ Relativismo em Administração: tudo é relativo.
• Ênfase no ambiente e na tecnologia.
• Visão sobre o ser humano: homem complexo.

Abordagem Contingencial
• Lawrence e Lorsch: não existe the best way.
‒ As organizações precisam ser sistematicamente ajustadas às
condições ambientais.

• Chiavenato: “é um passo além da Teoria de Sistemas”.


‒ Organização é um sistema aberto em contínua interação com o
ambiente;
‒ Analisa as relações dentro e entre subsistemas, bem como entre a
organização e seu ambiente;
‒ Refuta princípios universais de administração e defende que uma
variedade de fatores, tanto internos quanto externos, pode influenciar
seus resultados.

www.acasadoconcurseiro.com.br 7
Abordagem Contingencial

• “Homem Complexo":
‒ ser humano como um sistema complexo de valores, percepções,
características pessoais e necessidades.
‒ Busca manter seu equilíbrio interno diante das demandas feitas pelas
forças externas do ambiente (família, amigos, organizações etc.).
o Recebe insumos do ambiente, reage, provoca mudanças.
‒ Tem um comportamento dirigido para objetivos.
‒ Não é estático, está em desenvolvimento contínuo.

Abordagem Contingencial
• Fatores situacionais (Sobral e Peci): Grau de Incerteza e Complexidade
do Ambiente Externo; Tamanho da Organização; Tecnologia; Tarefa;
Ambiente interno.
• Burns e Stalker: modelo Mecânico X Orgânico

Burocrático: rígido, vertical, Adhocrático (pós-burocrático) - flexível,


forte controle, regras, horizontal, empowerment, downsizing,
hierarquia, especialização, competências, liderança democrática,
centralização, autoridade descentralização, cooperação, estruturas
formal, liderança autocrática. matriciais / em redes / por equipes.

8 www.acasadoconcurseiro.com.br

Você também pode gostar