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Notas de Aula de Topografia I

Prof. Carolina Vieira


2018-2
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Sumário
1. Introdução à Topografia .......................................................................................................... 6
1.1. . Definição de Topografia ......................................................................................................... 6
Utilização da Topografia.............................................................................................................. 6
1.2. Evolução Histórica .................................................................................................................... 6
1.3. Geodésia................................................................................................................................... 7
1.4. Divisões da Topografia ............................................................................................................. 7
Planimetria .................................................................................................................................. 7
Altimetria..................................................................................................................................... 7
1.5. Erros em Topografia................................................................................................................. 8
Sistemáticos ou Naturais............................................................................................................. 8
Acidentais ou Instrumentais ....................................................................................................... 8
Grosseiros ou Pessoais ................................................................................................................ 8
Exercícios ..................................................................................................................................... 8
2. Equipamentos Topográficos .................................................................................................. 10
2.1. Instrumentos Topográficos .................................................................................................... 10
Teodolito ................................................................................................................................... 10
Nível........................................................................................................................................... 11
Estação Total ou Taqueômetro Eletrônico................................................................................ 11
Receptor GNSS – Global Navigation Satellite System ............................................................... 11
Trena & Fita de Topografia........................................................................................................ 12
Tripé e bipé................................................................................................................................ 12
Fio de prumo ............................................................................................................................. 13
Bastão ou baliza ........................................................................................................................ 13
Mira, Estádia ou Régua Graduada............................................................................................. 14
Nível de Cantoneira ................................................................................................................... 14
Distanciômetro .......................................................................................................................... 15
Prisma ........................................................................................................................................ 15
Exercícios ................................................................................................................................... 16
3. Revisão Matemática............................................................................................................... 17
3.1. Ângulos e Arcos...................................................................................................................... 17
O Grau ....................................................................................................................................... 17
Conversão entre os sistemas Sexagesimal e o Decimal ........................................................ 17
De Sexagesimal para Decimal ............................................................................................... 17
De Decimal para Sexagesimal ............................................................................................... 17
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Topografia I

O Grado ..................................................................................................................................... 18
O Radiano .................................................................................................................................. 19
Conversão de Radianos para Graus ...................................................................................... 19
3.2. Triângulos ............................................................................................................................... 19
Trigonometria Básica no Triângulo Retângulo.......................................................................... 19
Relações Trigonométricas no Triângulo Retângulo .................................................................. 20
Relações Trigonométricas em um Triângulo Qualquer ............................................................ 20
Lei dos senos ......................................................................................................................... 20
Lei dos cossenos .................................................................................................................... 20
Exercícios ................................................................................................................................... 21
3.3. Retas e Ângulos ...................................................................................................................... 23
Ângulos formados por duas retas paralelas com uma transversal........................................... 23
Ângulos colaterais internos ................................................................................................... 23
Ângulos colaterais externos .................................................................................................. 23
Ângulos alternos internos ..................................................................................................... 24
Ângulos alternos externos .................................................................................................... 24
Ângulos correspondentes ..................................................................................................... 24
Ângulos opostos pelo vértice ................................................................................................ 24
Exercícios ................................................................................................................................... 25
3.4. Geometria Plana .................................................................................................................... 27
Áreas.......................................................................................................................................... 27
Exercícios ................................................................................................................................... 28
Ângulos em um polígono .......................................................................................................... 29
Soma dos ângulos internos de qualquer polígono ............................................................... 29
Soma dos ângulos externos de qualquer polígono ............................................................... 29
Exercícios ................................................................................................................................... 30
Plano Cartesiano ....................................................................................................................... 30
Distância entre dois pontos .................................................................................................. 31
Exercícios ................................................................................................................................... 31
Ponto médio de um segmento no plano .............................................................................. 32
Exercícios ................................................................................................................................... 32
4. Escalas .................................................................................................................................... 34
4.1. Definição de Escala ................................................................................................................ 34
EXEMPLO ................................................................................................................................... 35
Exercícios ................................................................................................................................... 36
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5. Rumos e Azimutes.................................................................................................................. 38
Rumo ............................................................................................................................................. 38
Azimute ......................................................................................................................................... 38
Conversão de Azimute para Rumo............................................................................................ 39
Conversão de Rumo para Azimute............................................................................................ 39
Exercícios ................................................................................................................................... 40
6. Levantamento planimétrico................................................................................................... 43
Poligonação ................................................................................................................................... 44
Classificação de poligonais .................................................................................................... 45
Tipos de poligonais ................................................................................................................ 45
Levantamento da poligonal....................................................................................................... 47
Coleta de ângulos .................................................................................................................. 48
Coleta de Distâncias .............................................................................................................. 49
Coleta de detalhes................................................................................................................. 50
Croqui .................................................................................................................................... 50
Coleta de dados em campo....................................................................................................... 51
Instalação do equipamento .................................................................................................. 51
Instalando o tripé .................................................................................................................. 51
Centragem e nivelamento..................................................................................................... 54
Cuidados ................................................................................................................................ 57
Organização dos dados de campo ............................................................................................ 57
Procedimento pós-levantamento ............................................................................................. 58
Exercícios ................................................................................................................................... 59
7. Estadimetria ........................................................................................................................... 62
7.1. A Mira ..................................................................................................................................... 62
Determinação das distâncias (Taqueometria ou Estadimetria).................................................... 63
Visada Horizontal ...................................................................................................................... 64
Visada Inclinada......................................................................................................................... 65
Organização dos dados de campo ............................................................................................ 67
Exercícios ................................................................................................................................... 67
8. Cálculo Planimétrico .............................................................................................................. 72
8.1. Sequência de Cálculo ............................................................................................................. 72
8.2. Levantamento Planimétrico................................................................................................... 72
Erro angular ............................................................................................................................... 72
Exemplo ..................................................................................................................................... 73
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Avaliação do Erro Angular ..................................................................................................... 74


Exemplo ..................................................................................................................................... 74
Exercício .................................................................................................................................... 74
Distribuição do Erro Angular ................................................................................................. 75
Exemplo ..................................................................................................................................... 75
Cálculo de Azimute.................................................................................................................... 76
Exemplo ..................................................................................................................................... 78
Cálculo das Coordenas Parciais ................................................................................................. 79
E & N................................................................................................................................. 79
Exemplo ..................................................................................................................................... 80
Erro Linear ............................................................................................................................. 81
Avaliação do Erro Linear........................................................................................................ 82
Exercício .................................................................................................................................... 82
Correção e distribuição do Erro linear .................................................................................. 82
Exemplo ..................................................................................................................................... 83
Cálculo das Coordenadas Finais ................................................................................................ 84
Exemplo ..................................................................................................................................... 84
Exemplo – Ângulos Externos ..................................................................................................... 85
Determinação do Erro Angular ................................................................................................. 85
Avaliação do Erro Angular ......................................................................................................... 85
Distribuição do Erro Angular ..................................................................................................... 86
Cálculo de Azimutes .................................................................................................................. 87
Cálculo das Coordenadas Parciais ............................................................................................. 88
Avaliação e Distribuição do Erro Linear .................................................................................... 89
Cálculo das Coordenadas Finais (Coordenadas Totais)............................................................. 90
Exercício .................................................................................................................................... 91
9. Cálculo Planimétrico: Detalhes .............................................................................................. 92
9.1. Irradiação ............................................................................................................................... 92
9.2. Cálculos .................................................................................................................................. 93
Cálculo dos Azimutes ................................................................................................................ 93
Cálculo das Coordenadas Parciais ............................................................................................. 94
Cálculo das Coordenadas Finais ................................................................................................ 94
Exercícios ................................................................................................................................... 95
10. Referência Bibliográfica ......................................................................................................... 96

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Topografia I

Esse material foi elaborado com a finalidade


de auxiliar os alunos da Disciplina de
Topografia I. Uma parte desse material é
compilação de outros materiais disponíveis na
internet, uma parte é de autoria da prof.
Carolina Vieira.

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Topografia I

1. Introdução à Topografia

1.1. . Definição de Topografia


Etimologicamente, a palavra “Topografia” deriva das palavras gregas: topos que significa lugar e
graphen que significa descrever. Portanto, topografia quer dizer descrição de um lugar.
Em outras palavras, topografia é a arte de representar no papel a configuração de uma extensão
de terra com a posição de todos os seus acidentes naturais ou artificiais.
Segundo Veiga, Zanetti e Faggion (2012), o objetivo principal é efetuar o levantamento (executar
medições de ângulos, distâncias e desníveis) que permita representar uma porção da superfície
terrestre em uma escala adequada. Às operações efetuadas em campo, com o objetivo de coletar
dados para a posterior representação, denomina-se de levantamento topográfico.
Geomática é um termo relativamente novo, bastante aplicado na atualidade para abranger áreas
antes identificadas como agrimensura ou topografia. O motivo dessa alteração é função do
desenvolvimento de novas tecnologias que forneceram aos topógrafos novas ferramentas para
medição e/ou coleta de informações.
Utilização da Topografia
Ao se projetar qualquer obra de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, se impõe a necessidade
do prévio levantamento topográfico do lugar onde o projeto será implantado. Assim, como
exemplos de utilização da Topografia, podem ser citados:
 Projetos e execução de estradas;
 Grandes obras de engenharia como: pontes, portos, viadutos, túneis, etc.
 Locação de obras;
 Trabalhos de terraplenagem;
 Monitoramento de estruturas;
 Planejamento urbano;
 Irrigação e drenagem;
 Reflorestamentos;
 Outros...

1.2. Evolução Histórica


A curiosidade do homem levou-o a observar os fenômenos naturais em torno de si, ao longo dos
séculos o estudo da forma da Terra norteou o homem na busca pelo conhecimento da superfície
terrestre. Alguns estudiosos se destacaram, são eles:
Thales de Mileto (625-547 a.C.) fundador da trigonometria, considerava aTerra com a forma de
um disco que flutuava no infinito.
Anaximandro de Mileto (611-545 a.C.) considerava a Terra como um cilindro com eixo orientado
na direção leste-oeste.
A escola de Pitágoras (580-500 a.C.) foi a primeira a acreditar na esfericidade da Terra, essa ideia
prevaleceu por mais de dois milênios.

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Topografia I

Erastótenes (276-104 a.C.) é considerado o percursor da Geodésia, foi o primeiro trabalho


científico que determinou as dimensões da Terra.
Sir Isaac Newton (1642-1727) considerou a forma da Terra como uma figura geométrica gerada
pela rotação de uma elipse em torno de seu eixo menor.
Gauss (1777-1855) caracterizou o Geóide como uma superfície equipotencial do campo de
gravidade que coincide com o nível médio não perturbado dos mares.

1.3. Geodésia
A Geodésia se ocupa dos processos de medida e especificação para o levantamento e
representação de uma GRANDE extensão da superfície terrestre projetada numa superfície de
referência.
A forma da Terra é representada pelo geoide, forma obtida pelo prolongamento do nível médio
dos mares, em repouso, pelos continentes, e este não oferece representação matemática.
Assim, o geoide é simplificado para um elipsoide de revolução, formado por uma elipse girante
em torno de seu eixo menor. Pode-se ainda simplificar o geoide para uma esfera ou um plano
em função da área que se deseja representar e da precisão necessária. Na Figura 1 podemos ver
o geoide e suas simplificações.

Figura 1 - Geoide, elipsoide de revolução, esfera e plano respectivamente.

A topografia supõe a Terra plana, portanto, resulta em plantas e não em cartas. Áreas de 25 a 30
km² podem ter os efeitos de curvatura da Terra desprezados.

1.4. Divisões da Topografia


Sucintamente, a topografia pode ser subdivida em topometria que abrange a planimetria e
altimetria. Na literatura existem outras subdivisões que não serão objeto de nossos estudos.
Citando-as apenas, tem-se ainda a topologia, taqueometria e fotogrametria.
Planimetria
Determinação das distâncias horizontais de um local que será representado sobre um plano de
referência horizontal através de suas coordenadas X e Y.
Altimetria
Determinação das distâncias verticais em relação a um plano de referência vertical. É
representada através de curvas de nível ou pontos cotados.

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1.5. Erros em Topografia


Em geral, os erros de observação são divididos em três grupos: erros grosseiros ou equívocos,
erros sistemáticos e erros acidentais.
Sistemáticos ou Naturais
São aqueles ocasionados por fatores ambientais, ou seja, temperatura, vento e pressão
atmosférica. Dificilmente podem ser evitados, no entanto, alguns deles podem ser corrigidos.
Acidentais ou Instrumentais
São aqueles ocasionados por defeitos ou imperfeições dos instrumentos ou aparelhos utilizados
nas medições. Podem ser evitados a partir da aferição e calibragem dos equipamentos.
Grosseiros ou Pessoais
São aqueles ocasionados pela falta de cuidado do operador. Devem ser evitados pois não são
passiveis de correção.

IMPORTANTE
Ao trabalharmos com qualquer tipo de grandezas que são medidas (dis tâncias, áreas, volumes
etc.), devemos renunciar a pretensão de chegar ao valor verdadeiro destas grandezas.
As observações realizadas, mesmo que repetidas em condições supostamente idênticas,
sempre vão apresentar os inevitáveis erros de medida. Tais erros de medida são atribuídos à
falibilidade humana; à imperfeição do equipamento e a influência das condições atmosféricas.

Exercícios
1) “Por melhores que sejam os equipamentos e por mais cuidado que se tome ao executar um
levantamento topográfico, as medidas obtidas jamais estarão isentas de erros.”
A respeito do enfoque dado acima, assinale a alternativa que apresenta a definição correta
de erro natural.
A( ) São aqueles ocasionados por defeitos ou imperfeições dos instrumentos ou aparelhos
utilizados nas medições. Alguns destes erros são classificados como erros acidentais e
ocorrem ocasionalmente, podendo ser evitados e/ou corrigidos com a aferição e
calibragem constante dos aparelhos.
B( ) São aqueles ocasionados por fatores ambientais, ou seja, temperatura, vento, refração,
pressão atmosférica, ação da gravidade, etc.. Alguns destes erros são classificados como
erros sistemáticos e dificilmente podem ser evitados. Devem ser tomadas as devidas
precauções durante a medição para que sejam minimizados.
C( ) São aqueles ocasionados pela falta de cuidado do operador. Os mais comuns são: erro
na leitura dos ângulos, erro na leitura da régua graduada, na contagem do número de
trenadas, ponto visado errado, aparelho fora de prumo, aparelho fora de nível, etc.
D( ) São aqueles ocasionados por defeitos ou imperfeições do operador somado com a falta
da experiência do mesmo.
E( ) São erros ocasionados quando o operador não teve a intenção de errar, também
chamado de erro culposo.
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Topografia I

2) Podemos afirmar que a topografia é aplicada em todos os trabalhos de engenharia civil, em


menor ou maior escala. Por exemplo, na construção de uma estrada, o topógrafo participa
do anteprojeto, executa a linha de ensaio, controla a execução da pavimentação, corrige
curvas mal elaboradas, colabora na sinalização, etc.”
O texto acima ressalta a importância da topografia, cujas divisões têm características
próprias. Indique se é falso (F) ou verdadeiro(V) o que se afirma abaixo. A seguir assinale a
alternativa que contém a sequência correta.
( ) Na planimetria são medidas as grandezas sobre um plano vertical.
( ) Através da altimetria fazemos medições das distâncias e dos ângulos horizontais.
( ) Os detalhes da planimetria são representados sobre um plano vertical.

A( ) F– F–F
B( ) F– V– V
C( ) V –F– F
D( ) V –V – V
E( ) F– V– F

3) A topografia pode ser dividida de forma simplificada em duas partes. Quais são elas e o que
as diferencia? A utilização da topografia na engenharia é vasta, cite duas delas. Escreva um
parágrafo discorrendo sobre o assunto.

4) Quais erros podem ocorrer em um levantamento topográfico? Como são causados e como
podemos eliminá-los? Escreva um parágrafo discorrendo sobre o assunto.

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2. Equipamentos Topográficos
O objetivo é apresentar, descrever e identificar os principais instrumentos utilizados na
topografia.
2.1. Instrumentos Topográficos

Teodolito
Instrumento destinado a medir ângulos horizontais e verticais. Podem ser mecânicos ou
eletrônicos.

Figura 2 – Teodolito Eletrônico Leica

Figura 3 – Teodolito Eletrônico Nikon NE-101

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Nível
Instrumento destinado a gerar um plano horizontal de referência visando calcular os desníveis
entre pontos.

Figura 4 - Exemplos de Nível Óptico

Estação Total ou Taqueômetro Eletrônico


A evolução dos instrumentos de medida de ângulos e distâncias trouxe como consequência o
surgimento destes novos instrumentos, que nada mais são do que teodolitos eletrônicos digitais
com distanciômetros eletrônicos incorporados e montados num só bloco. Trazem muita
vantagem para a automação de dados, podendo inclusive armazenar os dados coletados e
executar alguns cálculos mesmo em campo.

Figura 5 - Exemplos de Estação Total

Receptor GNSS – Global Navigation Satellite System


Instrumento destinado para medição de coordenadas geodésicas utilizando satélites disponíveis
na órbita. Podem utilizar o sistema de posicionamento norte americano GPS, o russo GLONASS,
o europeu GALILEU e o chinês BEIDOU.

Figura 6 – Exemplo de Receptores GNSS


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Trena & Fita de Topografia


São usadas para medir distâncias de forma direta.
As trenas podem ser de fibra de vidro, aço ou ínvar1. As de vidro devem ser manuseadas com
cuidado por serem quebradiças. As de aço devem ser utilizadas levando em consideração a
dilatação térmica, aplicando o fator de correção de temperatura.
As fitas de topografia encontradas hoje em dia são revestidas de nylon ou epoxy e, porta nto, são
resistentes à umidade, produtos químicos, produtos oleosos e a temperaturas altas. O
comprimento das fitas utilizadas em levantamentos topográficos são geralmente de 20, 50 e 100
m.

Figura 7 – Tipos de Trenas e fita de topografia

Tripé e bipé
Tripé é utilizado para a sustentação de outros instrumentos como teodolitos, estações totais,
níveis, bastão, baliza, etc. Por sua vez, o Bipé é um suporte para apoio da baliza ou do bastão.

Figura 8 – Exemplos de Tripé

1 As l i gas ínva r têm teor de níquel na faixa de 30 a 36%, sendo o restante de ferro, podendo ser a crescentados outros elementos .
A l i ga mais usada tem 36%Ni e 64%Fe, sendo conhecida como Invar-36, cujo coeficiente de dilatação é inferior a 1,5x10-6/°C,
entre 0°C e 100°C.
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Figura 9 – Exemplos de Bipé

Fio de prumo
Instrumento para detectar a vertical do lugar e elevar o ponto. Pode ser adaptado num prisma
ortogonal ou em um tripé.

Figura 10 – Exemplos de Prumos

Bastão ou baliza
Instrumento que serve para elevar o ponto topográfico com o objetivo de torná-lo visível. Possui
encaixe ou rosca para adaptação de antena GPS ou prisma.

Figura 11 – Balizas

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Figura 12 - Exemplo de Bastões

Mira, Estádia ou Régua Graduada


Miras nada mais são do que réguas graduadas. Existem no mercado diversos modelos de miras,
geralmente com comprimento entre 2 e 4 m. Apresentam articulação do tipo telescópica ou
dobradiça. Quanto ao material, podem ser de madeira, fibra de vidro, alumínio ou ínvar.

Figura 13 – Exemplos de miras

Nível de Cantoneira
Instrumento utilizado para detectar a vertical de outro instrumento. Pode ser adaptado numa
baliza ou numa mira.

Figura 14 - Nível de Cantoneira

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Distanciômetro
Instrumento destinado a medir distâncias inclinadas. Deve ser acoplado a um teodolito para
possibilitar a medição do ângulo vertical para calcular a distância horizontal e a distância vertical.

Figura 15 - Distanciômetros

Prisma
Instrumento destinado à reflexão do sinal emitido por um distanciômetro ou uma estação total.

Figura 16 - Modelos de prismas

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Exercícios
5) Dadas as figuras abaixo, marque a alternativa CORRETA quanto ao nome dos equipamentos
usados em topografia.

A( ) Fio de prumo / Nível de cantoneira / Prisma


B( ) Bastão / Teodolito / Baliza
C( ) Nível de cantoneira / Baliza / Estação total
D( ) Fio de prumo / Prisma / Nível
E( ) Nível / Prisma / Fio de prumo

6) Em topografia utilizamos vários equipamentos para o cadastramento de áreas (planimetria).


Sabendo disso e conhecendo esses equipamentos, cite pelo menos três equipamentos
utilizados, descreva para que servem e como devem ser usados.

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3. Revisão Matemática
Nesse capítulo serão abordados alguns conceitos básicos de matemática afim de facilitar a
compreensão e a aprendizagem ao longo do curso.
3.1. Ângulos e Arcos
Ângulo é o espaço contido entre dois segmentos de reta orientados (ou duas semirretas
orientadas) a partir de um ponto comum.

O Grau
1
A unidade de medida grau, denotada por 1°, é definida como o arco equivalente a 360 da
circunferência, isto é, em uma circunferência cabem 360°.
Usualmente o grau é subdividido utilizando o sistema sexagesimal, assim, o grau é dividido em
sessenta (60) partes chamadas minutos, denotados por (').
1° = 60′
Os minutos também são divididos em sessenta partes chamadas de segundos, denotados por (").
1′ = 60′′
No entanto, um ângulo também pode ser expresso usando o sistema decimal. Desta forma um
ângulo pode ter uma medida de 35,75 graus. Isto é, o tamanho do ângulo, neste caso, seria de
trinta e cinco graus completos mais setenta e cinco centésimos de grau.
Conversão entre os sistemas Sexagesimal e o Decimal
Na existência de dois sistemas de representação, é importante saber como trabalhar com ambos
e, caso necessário, converter de um sistema para o outro.
De Sexagesimal para Decimal
Como poderia ser indicado o ângulo 40°20′50′′usando a notação decimal comum?
1
Neste caso, tem-se 40 graus completos, 20 minutos (cada minuto equivale à 60 de um grau), e 50
1 1 1
segundos (cada segundo equivale à de minuto, ou ainda, cada segundo equivale à de 60 de
60 60
um grau).
Ou seja:
1 1 1
40°20′ 50′′ = 40 + (20 ∙ ) + (50 ∙ ∙ ) = 40,347222 ⋯
60 60 60

De Decimal para Sexagesimal


Suponha que comecemos com 40,34722 graus decimais. Como expressar em unidades de graus,
minutos e segundos?
Em primeiro lugar, observe que há 40 graus completos. Isso deixa 0,34722 graus. Então, 0,34722
graus correspondem a quantos minutos?

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Topografia I

Bem, sabemos que 1° = 60′, então basta multiplicar 0,34722 por 60. Ou seja,
1° = 60′
0,34722° = 𝓍′
𝓍 = 20,83320
Então, há 20 minutos completos, com 0,83320 de um minuto sobrando.
Da mesma forma, 0,83320 minutos correspondem a quantos segundos? Bem, sabemos que 1′ =
60′′, então basta multiplicar 0,83320 por 60. Assim temos,
1′ = 60′′
0,83320′ = y ′′
y = 49,99200
O resultado é 49,99200 ou quase 50 segundos.
Então, conclui-se que 40,34722 graus é aproximadamente igual a 40°20′ 50′′.

OBSERVAÇÃO
A razão pela qual não se obteve 50 segundos é que foi utilizado um ângulo ligeiramente menor
na explicação deste cálculo. No ângulo original, têm-se 40,3472222222... graus, o último dígito
repete infinitamente, assim, o ângulo original é um pouco maior que 40,34722.
Por isso, neste curso recomenda-se que seja utilizado no mínimo 5 casas decimais depois da
vírgula!

O Grado
𝜋
Grado é uma unidade de medida de ângulos planos equivalente a radianos ou 0,9 graus. O
200
símbolo internacional para esta unidade é "gon". Outros símbolos usados no passado incluíam
"gr", "grd", e "g".
O termo "grado" tem origem no francês, grade, e foi proposto junto com o sistema métrico,
embora não faça parte do sistema internacional de unidades. A unidade para ângulos planos no
sistema internacional é o radiano.
Uma vantagem desta unidade é que ângulos retos são fáceis de somar e subtrair na aritmética
mental.
Uma desvantagem é que os ângulos comuns de 30° e 60° têm valores fracionários em grados,
33,333...gon e 66,666...gon, respectivamente, dificultando as operações trigonométricas.

CURIOSIDADE
A definição original do metro, de 1889, estabelecia que 1 metro era o comprimento
equivalente a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre. Portanto, 1
grado em longitude ou latitude (ou em relação a qualquer círculo máximo terrestre) equivale
a aproximadamente 100 km sobre a superfície da Terra.

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O Radiano
Define-se 1 radiano como o arco cujo comprimento é igual ao raio da circunferência onde tal arco
foi determinado.

Conversão de Radianos para Graus

Existem 2𝜋 radianos em um círculo completo, portanto, 2𝜋 𝑟𝑎𝑑 = 360°.


Mais genericamente, podemos dizer:
180°
𝑥 𝑟𝑎𝑑 = 𝑥 ∙
𝜋
3.2. Triângulos

Trigonometria Básica no Triângulo Retângulo


Num triângulo retângulo, os lados perpendiculares (aqueles que formam um ângulo de 90°), são
denominados catetos e o lado oposto ao ângulo de 90° recebe o nome de hipotenusa.

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O Teorema de Pitágoras é aplicado ao triângulo retângulo e diz que: hipotenusa ao quadrado é


igual à soma do quadrado dos catetos.
Teorema de Pitágoras - 𝑎2 = 𝑏2 + 𝑐 2
Relações Trigonométricas no Triângulo Retângulo
Tomando por referência o triângulo acima, tem-se que o seno de um ângulo α em um triângulo
retângulo é definido por:
𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑐
𝑠𝑒𝑛𝑜 𝛼 = =
ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 𝑎
Por sua vez, o cosseno de um ângulo α em um triângulo retângulo é definido por:
𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑𝑗𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑏
𝑐𝑜𝑠𝑠𝑒𝑛𝑜 𝛼 = =
ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎 𝑎
E a tangente de um ângulo α em um triângulo retângulo é definido por:
𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑐
𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒 𝛼 = =
𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑎𝑑𝑗𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑏

Relações Trigonométricas em um Triângulo Qualquer


Dada a figura abaixo, temos as seguintes relações:

Lei dos senos


Se os lados de um triângulo tiverem comprimentos a, b e c e se α for o ângulo entre os lados b e
c, β entre os lados c e a, γ entre os lados a e b então vale a relação:
𝑎 𝑏 𝑐
= =
sin 𝛼 sin 𝛽 sin 𝛾
Usa-se a lei dos senos quando são conhecidos dois ângulos e um lado ou dois lados e um ângulo.
Lei dos cossenos
Ainda em relação ao triangulo da figura acima, valem as relações:
𝑐 2 = 𝑎2 + 𝑏2 − 2 ∙ 𝑎 ∙ 𝑏 ∙ cos 𝛾
𝑏2 = 𝑎2 + 𝑐 2 − 2 ∙ 𝑎 ∙ 𝑐 ∙ cos 𝛽
𝑎2 = 𝑐 2 + 𝑏2 − 2 ∙ 𝑐 ∙ 𝑏 ∙ cos 𝛼
Usa-se a lei dos cossenos quando são conhecidos dois lados e o ângulo formado por eles .

OBSERVAÇÃO
É importante lembrar que as funções trigonométricas são adimensionais, ou seja, para
qualquer unidade que esteja sendo utilizadas, elas sempre se simplificarão.

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Topografia I

Exercícios
7) Um observador na margem de um rio vê o topo de uma torre na outra margem segundo um
ângulo de 56° 00’00”. Afastando-se de 20,00 m, o mesmo observador vê a mesma torre
segundo um ângulo de 35°00’00”. Calcule a largura “d” do rio.

8) Para determinar a largura de um rio, um topógrafo mediu a partir de uma base de 20,00m
(a + b) de comprimento os ângulos A e B, conforme figura. Calcule valor de h.

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Topografia I

9) Sabendo que a haste tem 4m de altura, determine a altura da colina.

10) Calcule a altura do prédio.

11) Estando a 20m de um edifício, enxergo seu topo conforme um ângulo de 75°. Sabendo que
minha altura é de 1,70m, calcule a altura do edifício.

12) A que altura de uma parede uma escada de 12m se apoia, se a escada e a parede formam
um ângulo de 32°?

13) Um topógrafo quer determinar a largura de um rio. Para isso localiza um ponto fixo do outro
lado do rio(uma árvore), perpendicular ao ponto em que está. Neste ponto fixa uma marco
e caminha pela margem, em um ângulo reto com a linha imaginária traçada da árvore ao
marco colocado. Depois de 100m ele pára, olha a árvore e vê que formou com seu trajeto
um ângulo de 34°. Qual a largura do rio? (Faça o desenho)

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Topografia I

3.3. Retas e Ângulos

Ângulos formados por duas retas paralelas com uma transversal


Retas paralelas são retas que estão no mesmo plano e não possuem ponto em comum.

Observando a figura acima podemos definir o seguinte:

Ângulos colaterais internos

A soma dos ângulos colaterais internos é igual a 180°.

Ângulos colaterais externos

A soma dos ângulos colaterais externos é igual a 180°.

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Topografia I

Ângulos alternos internos

Os ângulos alternos internos são congruentes (iguais).

Ângulos alternos externos

Os ângulos alternos externos são congruentes (iguais).

Ângulos correspondentes

São ângulos que ocupam uma mesma posição na reta transversal, um na região interna e o
outro na região externa.
Ângulos correspondentes são congruentes (iguais).

Ângulos opostos pelo vértice

Ângulos opostos pelo vértice são congruentes (iguais).


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Topografia I

Exercícios
14) Sendo as retas r e s paralelas, determine x

15) Determine x

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Topografia I

16) Determine x e 𝑦 nos triângulos retângulos.

17) Determine x

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Topografia I

3.4. Geometria Plana

Áreas

Quadrado Triângulo

𝐵∙ℎ
𝐴 = 𝑙2 𝐴=
2

Retângulo Trapézio

𝐵+𝑏
𝐴 = 𝑎∙𝑏 𝐴= ∙ℎ
2

Losango Círculo

𝐷∙𝑑
𝐴= 𝐴 = 𝜋 ∙ 𝑟2
2

Paralelogramo Polígono Regular

𝑃∙𝑎
𝐴=
𝐴 =𝐵∙ℎ 2

𝑃 = 𝑝𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜

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Topografia I

Exercícios
18) Calcule as áreas das figuras

19) Calcule as áreas sombreadas das figuras

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Topografia I

Ângulos em um polígono

Soma dos ângulos internos de qualquer polígono


A soma dos ângulos internos de qualquer polígono depende do número de lados, sendo usada
a seguinte expressão para o cálculo:
𝑆 = (𝑛 – 2) ∙ 180
Onde 𝑛 o número de lados.

Soma dos ângulos externos de qualquer polígono


A soma dos ângulos externos de qualquer polígono depende do número de lados, sendo usada
a seguinte expressão para o cálculo:
𝑆 = (𝑛 + 2) ∙ 180
Onde 𝑛 o número de lados.

OBSERVAÇÃO
Não confundir as equações da soma dos ângulos internos com os externos!
Dica: Para você não esquecer qual é qual, faça o teste com o triangulo, onde 𝑛 = 3 e 𝑆 = 180°

CURIOSIDADE
Os polígonos recebem seus nomes de acordo com seu número de lados.

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Topografia I

Exercícios
20) Qual é a soma dos ângulos internos de um heptágono regular?

21) Qual a soma dos ângulos internos de um icoságono (20 lados)?

22) Quantos lados possui um polígono cuja soma dos ângulos internos é igual a 2340°?

23) Qual é a soma dos ângulos internos de um dodecágono regular?

24) Quanto mede o ângulo externo do hexágono?

Plano Cartesiano
O plano cartesiano foi desenvolvido por Descartes no intuito de localizar pontos num
determinado espaço. É composto por duas retas perpendiculares e orientadas, uma horizontal e
outra vertical.
Dá-se o nome de eixo 𝑥 ou eixo das abscissas à reta horizontal. À vertical denominamos de eixo
𝑦 ou eixo das ordenadas.
No plano cartesiano, qualquer ponto possui uma coordenada de localização, basta identificar o
ponto e observar os valores primeiramente em relação ao eixo horizontal x e posteriormente em
relação ao eixo vertical y.

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Distância entre dois pontos


No sistema de coordenadas cartesiano podemos demarcar dois pontos e determinar a distância
entre eles.

Observe a figura acima. O triângulo formado é um triângulo retângulo de catetos AC e BC e


hipotenusa AB. Se aplicarmos o Teorema de Pitágoras nesse triângulo, determinando a medida
da hipotenusa, estaremos também calculando a distância entre os pontos A e B.
Assim, aplicando o teorema, temos a expressão matemática responsável pela determinação da
distância entre dois pontos em função de suas coordenadas.
𝐷𝐴𝐵 = √(𝑥 2 − 𝑥 1 )2 + (𝑦2 − 𝑦1 )2

Exercícios
25) Qual a distância do ponto A ( -1, 2 ) ao ponto B ( 2, 6 )?

26) Qual a distância do ponto A ( a, a ) ao ponto B ( 6 a, 13 a )?

27) Qual o valor de y, para qual e distância do ponto A ( 1, 0 ) ao ponto B ( 5, y ) seja 5?

28) Num sistema cartesiano, os pontos A ( -2 , -3 ) e C ( 5 , 4 ) são vértices de um quadrado ABCD


a) Determine as coordenadas dos outros dois vértices ( B e D )
b) Calcule o perímetro do quadrado ABCD
c) Calcule a área do quadrado ABCD

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Topografia I

29) Dadas as coordenadas X1=35,5 , Y1=25,25; X2=100,65 , Y2=11,5; X3=33,45 , Y3=82,25,


determine o comprimento dos lados e os ângulos internos desse triângulo.

Ponto médio de um segmento no plano


O ponto que divide um segmento de reta em duas partes de mesmo tamanho é chamado de
ponto médio.
Assim, o ponto médio possui as coordenadas conforme a figura abaixo.

Exercícios
30) Determine as coordenadas do ponto médio do segmento AB de extremos A(2, 9) e B(7, 3).

31) O ponto médio do segmento PQ tem coordenadas M(6, 6). Sabendo que o ponto P tem
coordenadas P(2, 4), quais são as coordenadas do ponto Q?

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Topografia I

CURIOSIDADE
Aprenda a usar sua Calculadora!

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Topografia I

4. Escalas
Escala é relação entre as dimensões de um desenho e o objeto por ele representado. Podem ser
de ampliação ou redução.
Para cada tipo de aplicação em engenharia, uma determinada escala se mostra mais conveniente
que outra, contudo a escolha da escala dependerá da forma de apresentação do desenho ou
projeto e a área a ser representada. Assim, como orientação, a tabela mostra as escalas usuais
para as aplicações mais corriqueiras em engenharia.

Tabela 1 - Escalas Usuais

Aplicação Escala
Detalhes de terrenos urbanos 1:50
Planta de pequenos lotes e edifícios 1:100 e 1:200
Planta de arruamentos e loteamentos urbanos 1:500 e 1:1.000
Planta de propriedades rurais 1:1.000, 1:2.000 e 1:5.000
Planta cadastral de cidades e grandes propriedades rurais ou
1:5.000, 1:10.000 e 1:25.000
industriais
Cartas de municípios 1:50.000 e 1:100.000
Mapas de estados, países, continentes etc. 1:200.000 a 1:10.000.000

4.1. Definição de Escala


A escala de um desenho é definida pela seguinte relação:
𝑑 1
𝐸= =
𝐷 𝑀
Em que:
𝐷 = Representa qualquer comprimento linear real, medido sobre o terreno.
𝑑 = Representa um comprimento linear gráfico qualquer, medido sobre o papel, e que é
correspondente ao comprimento medido sobre o terreno.
𝑑
𝑀 = É denominado módulo da escala e representa o inverso de 𝐷.

IMPORTANTE
Escalas são classificadas em maiores ou menores. Essa relação só pode ser definida através da
comparação entre duas escalas. Uma escala é maior quando o denominador é menor em
relação ao denominador de outra escala.

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EXEMPLO
Imagine um simples terreno de 10𝑚 𝑥 20𝑚; teríamos que ter, no mínimo, 20 𝑚² de papel para
representa-lo. Ou seja, inviável! Portanto, para desenhar, devemos utilizar as escalas.
Vamos adotar o papel no formato A4, que tem dimensões de 210𝑚𝑚 de largura por 297𝑚𝑚 de
altura. Determine uma escala que seja adequada à representação desse terreno utilizando a folha
A4.

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Topografia I

Exercícios
32) Qual das escalas é maior 1:1. 000.000 ou 1:1.000?

33) Qual das escalas é menor 1:10 ou 1:1.000?

34) Determinar o comprimento de um rio onde a escala do desenho é de 1:18.000 e o rio foi
representado por uma linha com 17,5 cm de comprimento.
𝐸 = 1: 18.000
𝑑 = 17,5 𝑐𝑚

35) Determinar qual a escala de uma carta sabendo que distâncias homólogas na carta e no
terreno são, respectivamente, 225 mm e 4,5 km.

36) Com qual comprimento uma estrada de 2500 m será representada na escala 1:10.000?

37) Um lote urbano tem a forma de um retângulo, sendo que o seu comprimento é duas vezes
maior que a sua altura e sua área é de 16.722,54 m². Calcular os comprimentos dos lados se
esta área fosse representada na escala 1:10.560.

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38) Calcular o comprimento no desenho de uma rua com 30 m de comprimento nas escalas
abaixo.
Escala Comprimento
1:100
1:200
1:250
1:500
1:1.000

39) As dimensões de um terreno foram medidas em uma carta e os valores obtidos foram:
250mm de comprimento por 175mm de largura. Sabendo-se que a escala do desenho é de
1:2000, qual é a área do terreno em m² ?

40) Se a avaliação de uma área na planta resultou em 2575 cm² para uma escala de 1:500, a
quantos metros quadrados corresponderá a área no terreno?

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5. Rumos e Azimutes

Rumo
Rumo é o ângulo formado entre o alinhamento Norte/Sul e a direção considerada, no sentido
horário ou anti-horário. Varia de 0° a 90°, sendo contado do Norte ou Sul, a Leste ou Oeste.

Figura 17 - Exemplo de indicações de RUMOS

Azimute
Azimute de uma direção é o ângulo formado entre o alinhamento Norte-Sul e a direção
considerada.
É medido a partir do Norte ou do Sul, no sentido horário ou anti-horário e varia de 0° a 360°.

Figura 18 - Exemplo de indicações de AZIMUTES

IMPORTANTE
No hemisfério sul, usa-se sempre medir o azimute a partir do norte, sendo ainda mais comum
no sentido horário, ou seja, à direita.

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Conversão de Azimute para Rumo

Figura 19 - Conversão de Azimute para Rumo

Primeiro Quadrante 𝑅1 = 𝐴𝑧1


Segundo Quadrante 𝑅2 = 180° − 𝐴𝑧2
Terceiro Quadrante 𝑅3 = 𝐴𝑧3 − 180°
Quarto Quadrante 𝑅4 = 360° − 𝐴𝑧4

Conversão de Rumo para Azimute

Figura 20 - Conversão de Rumo para Azimute

Primeiro Quadrante - NE 𝐴𝑧1 = 𝑅1


Segundo Quadrante - SE 𝐴𝑧2 = 180° − 𝑅2
Terceiro Quadrante - SW 𝐴𝑧3 = 180° + 𝑅3
Quarto Quadrante - NW 𝐴𝑧4 = 360° − 𝑅4

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Topografia I

Exercícios
41) Transforme os Rumos em Azimutes.

Alinhamento Rumo Azimute


1-2 40°20’NW
2-3 0°50’SW
3-4 60°40’SE
4-5 10°30’SE
5-6 70°10’NE
6-7 50°40’NE
7-8 20°50’NW

42) Transforme os Azimutes em Rumos.

Alinhamento Azimute Rumo


1-2 300°20’
2-3 190°40’
3-4 90°50’
4-5 170°10’
5-6 100°30’
6-7 30°10’
7-8 350°00’

43) Dados os rumos a vante dos alinhamentos, encontre os azimutes de acordo com a tabela.

Alinhamento Rumos Azimutes Alinhamento Azimutes


A-B 31°00’NW B-A
B-C 12°50’SW C-B
C-D 0°15’SE D-C
D-E 88°50’NE E-D
E-F 0°10’NE F-E

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44) O azimute do alinhamento CD é 203°16’12” e o rumo do alinhamento ED é de 43°43’12”SE.


̂ E, medido no sentido horário.
Calcule o ângulo CD

45) O rumo do alinhamento 6-7 é 81°02’24”SW, o rumo do alinhamento 7-8 é 82°13’12”NW.


Calcular o ângulo 678 no sentido horário na estaca 7.

46) De acordo com a figura abaixo, considerando que são 18 horas, se a bola for chutada do
centro em direção aos pontos A, B e C respectivamente, determine o que se pede.
PS: O sol se põe na direção oeste.

20°
C

Determine o rumo e o azimute de cada um dos três segmentos.

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47) Dadas as coordenadas de três vértices de um polígono (X 1=35,50; Y1=25,25) (X2=100,65;


Y2=11,5 (X3=33,45; Y3=82,25). O limite quadriculado abaixo deverá ser usado para posicionar
os pontos no sistema de coordenadas

Calcule:

a. O comprimento dos alinhamentos 12, 23 e 31.


b. O rumo e o azimute dos alinhamentos 12, 23, 31, 32, 21 e 13.
c. O valor dos ângulos internos do polígono.

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6. Levantamento planimétrico

Durante um levantamento topográfico, normalmente são determinados pontos de apoio ao


levantamento (pontos planimétricos, altimétricos ou planialtimétricos), e a partir destes, são
levantados os demais pontos que permitem representar a área cadastrada. A primeira etapa
pode ser chamada de estabelecimento do apoio topográfico e a segunda de levantamento de
detalhes.
De acordo com a ABNT NBR 13133:1994 os pontos de apoio são definidos por: “pontos,
convenientemente distribuídos, que amarram ao terreno o levantamento topográfico e, por isso,
devem ser materializados por estacas, piquetes, marcos de concreto, pinos de metal ou tinta,
dependendo da sua importância e permanência”.

Figura 21 – Exemplos de Pontos de Apoio Topográfico

Já o levantamento de detalhes é definido na ABNT NBR 13133:1994 como: “conjunto de


operações topográficas clássicas (poligonais, irradiações, interseções ou por ordenadas sobre
uma linha-base), destinadas à determinação das posições planimétricas e/ou altimétrica s dos
pontos, que vão permitir a representação do terreno a ser levantado topograficamente a partir
do apoio topográfico. Estas operações podem conduzir, simultaneamente, à obtenção da
planimetria e da altimetria, ou então, separadamente, se as condições especiais do terreno ou
exigências do levantamento obrigarem à separação”.

Dois conceitos importantes na Topografia são os conceitos de estação ré e estação vante.


No sentido de caminhamento da poligonal, a estação anterior à estação ocupada denomina -se
de estação RÉ e a estação seguinte de VANTE.

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Topografia I

Figura 22 - Estação Ré e Vante.

Poligonação
A poligonação é um dos métodos mais empregados para a determinação de coordenadas de
pontos em Topografia, principalmente para a definição de pontos de apoio planimétrico. Uma
poligonal consiste em uma série de linhas consecutivas onde são conhecidos os comprimentos e
direções, obtidos através de medições em campo.
O levantamento de uma poligonal é realizado através do método de caminhamento,
percorrendo-se o contorno de um itinerário definido por uma série de pontos, medindo-se todos
os ângulos, lados e uma orientação inicial (Figura 23). A partir destes dados e de uma coordenada
de partida, é possível calcular as coordenadas de todos os pontos que formam esta poligonal.

Figura 23 – Exemplo de Poligonal

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Topografia I

Classificação de poligonais
A ABNT NBR 13133:1994 classifica as poligonais em principal, secundária e auxiliar.
 Poligonal principal: poligonal que determina os pontos de apoio topográfico de primeira
ordem;
 Poligonal secundária: aquela que, apoiada nos vértices da poligonal principal, determina
os pontos de apoio topográfico de segunda ordem;
 Poligonal auxiliar: poligonal que, baseada nos pontos de apoio topográfico planimétrico,
tem seus vértices distribuídos na área ou faixa a ser levantada, de tal forma que seja
possível coletar, direta ou indiretamente, por irradiação, interseção ou ordenadas sobre
uma linha de base, os pontos de detalhes julgados importantes, que devem ser
estabelecidos pela escala ou nível de detalhamento do levantamento.
Tipos de poligonais
As poligonais levantadas em campo poderão ser fechadas, enquadradas ou abertas.
 Poligonal fechada: parte de um ponto com coordenadas conhecidas e retorna ao mesmo
ponto. Sua principal vantagem é permitir a verificação de erro de fechamento angular e
linear

Figura 24 – Poligonal Fechada

 Poligonal enquadrada: parte de dois pontos com coordenadas conhecidas e termina em


outros dois pontos com coordenadas conhecidas. Permite a verificação do erro de
fechamento angular e linear.

Figura 25 - Poligonal Enquadrada

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Topografia I

Figura 26 - Levantamento de uma poligonal enquadrada em campo

 Poligonal aberta: parte de um ponto com coordenadas conhecidas e acaba em um ponto


cujas coordenadas deseja-se determinar. Não é possível determinar erros de fechamento,
portanto deve-se tomar todos os cuidados necessários durante o levantamento de campo
para evitá-los.

Figura 27 - Poligonal Aberta

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Topografia I

Figura 28 – Tipos de Poligonais

Levantamento da poligonal
Os elementos necessários para a definição de uma poligonal são os ângulos formados por seus
lados e as distâncias entre os vértices desse polígono, ou seja, o próprio lado.
A medição destes ângulos pode ser feita utilizando quaisquer técnicas conhecidas. Normalmente
são determinados os ângulos externos ou internos da poligonal.

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Topografia I

Figura 29 – Ângulos externos e internos de uma poligonal

Coleta de ângulos
Tomemos por exemplo o sentido de caminhamento horário, neste caso os ângulos determinados
são chamados de ângulos horizontais horários (externos) e são obtidos estacionando-se o
equipamento na estação onde serão efetuadas as medições, faz-se a visada na estação de ré e
depois, na estação de vante.
O ângulo horizontal será dado por: ângulo (∡) = leitura de vante – leitura de ré

Figura 30 – Leitura do ângulo horizontal

Uma simplificação muito usada em levantamentos é a de zerar o equipamento quando se faz a


visada de Ré (Leitura angular de 000’00”).

Figura 31 – Simplificação da leitura angular

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Topografia I

Coleta de Distâncias
Quando fazemos o cadastramento de uma área e coletamos distâncias, desejamos conhecer a
distancia entre o ponto de estação e o local onde se encontra a baliza, podendo ser um ponto de
ré, vante ou detalhe.
Na coleta da distância entre os pontos A e B, procura-se, na realidade, medir a projeção de AB
no plano horizontal, resultando na medição de A’B’. A essa medida chamamos de distância
horizontal (Dh ou DH) ou distância reduzida, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 32 - Medida de distância horizontal entre dois pontos

Os métodos existentes de coletas de distâncias são variados. Pode-se utilizar trenas,


taqueometria (medida de distância utilizando os fios estadimétricos do teodolito ou nível),
distanciômetros ou ainda, a estação total. Hoje em dia, o método mais comum é a coleta através
da estação total.

Figura 33 – Exemplo de medida de distância com trena

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Topografia I

Coleta de detalhes
A ABNT NBR 13133:1994 define detalhes como “Pontos importantes dos acidentes naturais e/ou
artificiais, definidores da forma do detalhe e/ou do relevo, indispensáveis à sua representação
gráfica”.
Em outras palavras, os detalhes são todos os pontos necessários para representação da área
cadastrada.
Os detalhes devem ser bem escolhidos, pois um excesso deles pode sobrecarregar o serviço de
campo sem acrescentar melhorias significativas ao serviço.
Por outro lado, a ausência de detalhes pode prejudicar a qualidade do serviço, não
representando fielmente a área cadastrada.
Croqui
De acordo com a ABNT NBR 13133:1994 o croqui pode ser definido como: “Esboço gráfico sem
escala, em breves traços, que facilite a identificação de detalhes”.
O croqui representa o local cadastrado, facilitando assim o desenho da planta no momento de
sua confecção.
Cada ponto cadastrado deve ser representado por uma letra, numero ou ambos. Quando se
utiliza uma Estação Total com capacidade de armazenamento de dados, é usua l a utilização de
números pela facilidade de entrada de dados.

Figura 34 – Croqui do levantamento realizado na Av. Cel. Teodolino Pereira de Araújo, Araguari / MG com a representação
dos pontos da poligonal e dos detalhes.

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Topografia I

O croqui deve ser feito de forma organizada e legível, devendo representar o mais fielmente a
área cadastrada, um croqui mal feito pode ser motivo de erros na planta.
Coleta de dados em campo
De forma sucinta, para a realização do levantamento no campo, seguimos os passos listados
abaixo:
 Inspeção do local para conhecimento da área;
 Definição das referências, ou seja, determinam-se os pontos de apoio topográfico e os
detalhes a serem levantados;
 Desenho do croqui na caderneta de campo com os pontos a serem levantados;
 Realização das medições.
Instalação do equipamento
Para que equipamentos como teodolito, estação total e níveis possam ser utilizados, estes devem
estar corretamente “estacionados” sobre um determinado ponto.

IMPORTANTE
Estacionar um equipamento significa que o mesmo deverá estar nivelado e centrado sobre o
ponto topográfico.
As medições somente poderão iniciar após estas condições serem verificadas!

Com tempo e prática, os profissionais acabam por desenvolver sua própria forma de estacionar
o equipamento, contudo, com algumas regras simples, qualquer iniciante pode efetuá -lo de
forma rápida e precisa.
Sendo assim, são demonstrados a seguir os procedimentos gerais para o estacionamento de
quaisquer equipamentos que possuam prumos ópticos ou laser.

IMPORTANTE
Enquanto os equipamentos não estiverem sendo utilizados, evite deixá-los apoiados em pé
para que não caiam e sofram alguma avaria. O ideal é deixa-los na caixa até o momento de sua
utilização.

Instalando o tripé
O tripé possui parafusos ou travas que permitem o ajuste das alturas das pernas. Assim, com o
tripé fechado, estenda as pernas do tripé até a altura do ombro, em seguida aperte as
travas/parafusos de extensão e, finalmente, fixe-o adequadamente no piso/solo, próximo do
marco topográfico.

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Topografia I

Figura 35 – Tripé e suas partes constituintes

Para estacionar o equipamento sobre um determinado ponto topográfico, o primeiro passo é


instalar o tripé sobre o ponto de modo a deixar a sua base o mais próximo da horizontal. É
fundamental cravar bem as pontas das pernas do tripé para evitar que o mesmo se mova
posteriormente durante as medições

Figura 36 – Posicionar e cravar o tripé

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

IMPORTANTE
Para facilitar a posterior instalação do equipamento a base (ou prato) do tripé deve estar o
mais horizontal possível

Figura 37 – Ajuste da base do tripé

Em seguida, retire com cuidado o equipamento de seu estojo e coloque-o sobre o tripé, fixando-
o com o parafuso de fixação central.

Figura 38 – Instalação do equipamento no tripé

FIQUE ATENTO!
 Enquanto o equipamento não estiver preso ao tripé, deve-se sempre segurá-lo com uma
das mãos para evitar que caia.
 Após retirar o equipamento, é importante deixar o estojo fechado em campo para evitar
problemas com umidade e sujeira, além de dificultar a perda de acessórios que ficam
guardados no estojo.
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Topografia I

Centragem e nivelamento
Após o equipamento estar fixo sobre o tripé é necessário realizar a centragem e o nivelamento.
Posicione o conjunto tripé/instrumento de modo a deixar o eixo principal (vertical) sobre o marco
topográfico, em uma primeira aproximação. Utilize o fio de prumo, prumo ótico ou prumo laser
para garantir esse posicionamento.

Figura 39 - Eixo principal do equipamento passando pelo ponto

O nivelamento pode ser dividido em duas etapas, uma inicial ou grosseira, utilizando-se o nível
esférico, que em alguns equipamentos está associado à base, e a outra de precisão ou "fina",
utilizando-se níveis tubulares, ou mais recentemente, níveis digitais.

Figura 40 – Níveis esférico, tubular e digital.

Assim, para fazer o nivelamento grosseiro, movimente a extensão das pernas do tripé até calar a
bolha do nível esférico. Certifique-se que o instrumento esteja nivelado para qualquer posição e
que o eixo principal esteja posicionado sobre o marco topográfico

54
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Figura 41 - Ajuste do nível de bolha utilizando os movimentos de extensão do tripé.

Em seguida, o nivelamento de precisão é realizado com auxílio dos parafusos calantes e níveis
tubulares ou os digitais.
Inicialmente coloque o nível tubular paralelo aos parafusos calantes A e B. Em seguida, gire o
instrumento 90° e efetue a calagem do nível tubular movimentando apenas o parafuso calante
C.

Figura 42 – Calagem do nível tubular

55
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Topografia I

Para equipamentos com níveis digitais não é necessário rotacionar o equipamento, basta atuar
diretamente no parafuso C.

Figura 43 – Exemplo de calagem de equipamento com nível digital.

Repete-se o procedimento até que, ao girar o equipamento, este esteja sempre calado em
qualquer posição.
Ao terminar este procedimento, verifica-se a posição do prumo. Caso não esteja sobre o ponto,
deve-se afrouxar o parafuso de fixação do equipamento e deslocar a base com cuidado até que
o prumo esteja coincidindo com o ponto.
Feito isto, deve-se verificar se o instrumento ainda está calado, caso contrário, realiza-se
novamente o nivelamento fino. Este procedimento deve ser repetido até que o equipamento
esteja perfeitamente calado e centrado. Ao final desta etapa, o equipamento estará pronto para
a realização das medições.

As etapas para instalação do equipamento podem ser resumidas em:

 Posicionar o tripé sobre o ponto tomando o cuidado de deixar o prato o mais horizontal
possível sendo possível enxergar o ponto através do orifício existente na base do tripé;

 Fixar o equipamento sobre o tripé;

 Nivelar a bolha esférica com o auxílio do movimento de extensão das pernas do tripé;

 Realizar o nivelamento fino utilizando o nível tubular ou digital;

 Verificar se o prumo sai do ponto. Caso isto ocorra, soltar o equipamento e deslocar o
mesmo até que o prumo esteja posicionado sobre o ponto;

 Repetir os dois últimos procedimentos até que o equipamento esteja perfeitamente


nivelado e centrado.

56
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Topografia I

Cuidados
Ao transportar o equipamento para o campo, certifique-se de carregar o instrumento em seu
estojo, ou para distâncias pequenas, carregar o tripé com as pernas abertas sobre os ombros,
mantendo o equipamento na posição vertical.

Figura 44 - Cuidados no transporte

Nunca transporte o instrumento solto dentro de veículos. O instrumento pode ser danificado
por choques e vibrações. Ele deve ser acondicionado e transportado sempre no seu estojo.

Organização dos dados de campo


É comum organizarmos os dados em uma tabela onde são registrados os dados coletados em
campo para, posteriormente, serem efetuados os demais cálculos.

Os campos usuais desta tabela são :

Est PV ∢ h orizontal ∢ vertical FS FM FI Dist.


MP 01 0°00’00” 0°25’30” 440 300 160 -
MP 02 174°03’20” - - - - 63,978

Onde Est: é a estação (ponto) no qual o equipamento encontra-se estacionado;


PV: é o ponto visado a partir da estação;
∢horizontal: é o ângulo horizontal lido no equipamento;
∢ v ertical: é o ângulo vertical lido no equipamento;
FS: é o fio superior lido na mira;
FM: é o fio médio lido na mira;
FI: é o fio inferior lido na mira;
Dist.: é a distância horizontal coletada entre a estação e o ponto visado.

57
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A seguir, a Figura 45 mostra uma tabela de coleta preenchida e calculada.

Figura 45 – Exemplo de Tabela de Dados Calculada. Em vermelho, dados da poligonal e em preto, dados dos detalhes

Procedimento pós-levantamento
Para completar o levantamento realizado em campo, o profissional de topografia deverá realizar
o Cálculo da Poligonal levantada. Este será o tema do próximo capítulo.
A sequência de cálculo e ajuste de uma poligonal fechada pode ser resumida em:

 Determinação das coordenadas do ponto de partida;


 Determinação da orientação da poligonal;
 Cálculo do erro de fechamento angular pelo somatório dos ângulos internos ou externos
(em função do sentido horário ou anti-horário);
 Avaliação do erro angular em relação à tolerância angular;
 Distribuição do erro de fechamento angular;
 Cálculo dos Azimutes;
 Cálculo das coordenadas parciais (ΔX, ΔY) ou (ΔE, ΔN);
 Cálculo do erro de fechamento linear;
 Avaliação do erro linear em relação à tolerância linear;
 Distribuição do erro de fechamento linear;
 Cálculo das coordenadas definitivas (X, Y) ou (E, N).
 Desenho e finalização da planta.

58
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Topografia I

Exercícios
48) Leia o parágrafo abaixo e em seguida responda às questões que seguem:

“Durante um levantamento topográfico, normalmente são determinados pontos de apoio ao


levantamento (pontos planimétricos, altimétricos ou planialtimétricos), e a partir destes, são
levantados os demais pontos que permitem representar a área cadastrada. A primeira etapa
pode ser chamada de estabelecimento do apoio topográfico e a segunda de levantamento de
detalhes.”

Com suas palavras defina pontos de apoio topográfico e pontos de detalhes.

49) De acordo com a figura abaixo, responda as questões:

a. Dado o sentido de caminhamento, marque na figura os ângulos que serão


coletados, indique o sentido.

b. Numere os vértices na figura acima e complete a tabela.

Visada Visada
Estação
de Ré de Vante

59
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Topografia I

50) Relacione cada uma das poligonais da figura abaixo, poligonais 1, 2 e 3, aos tipos de poligonal
(Poligonal Fechada, Poligonal Aberta e Poligonal Enquadrada) em seguida, com s uas
palavras, defina cada uma delas. O que as diferencia?

51) Descreva o procedimento usado para o cadastramento de uma área levando em


consideração seus conhecimentos em topografia.

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Topografia I

52) Discorra sobre os dados que são anotados na caderneta de campo, quais são esses dados e
como serão usados depois?

53) Um cliente procurou você para que efetuasse o cadastramento de uma área que ele possui.
A área está situada em área urbana e possui cerca de 10.000m². Utilizando equipamentos
topográficos, descreva como você faria esse cadastramento (etapas a serem realizadas em
campo).

61
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Topografia I

7. Estadimetria
Uma distância é medida de maneira indireta, quando no campo são observadas outras grandezas
(no nosso caso ângulos) e através delas podemos calcular a distância desejada.
Sendo assim, são necessários alguns cálculos sobre as medidas efetuadas em campo, para se
obter indiretamente o valor da distância. Esse procedimento é chamado de Taqueometria ou
Estadimetria.
Estádias, ou miras estadimétricas são as réguas graduadas centimetricamente que conhecemos
simplesmente por Miras. Na estádia são efetuadas as leituras dos fios estadimétricos (superior,
inferior e médio). Por sua vez, os fios estadimétricos são as marcações encontradas no retículo
dos equipamentos (teodolito, nível, estação total).

Figura 46 – Exemplo de Estádia (ou Mira) e dos fios estadimétricos

7.1. A Mira
Conforme mencionado acima, Miras nada mais são do que réguas graduadas. Existem no
mercado diversos modelos de miras, geralmente com comprimento entre 2 e 4 m. Possuem
articulação do tipo telescópica ou dobradiça. Quanto ao material de fabricação, as miras podem
ser de madeira, fibra de vidro, alumínio ou ínvar.

IMPORTANTE
Durante a leitura em uma mira convencional devem ser lidos quatro algarismos que
corresponderão aos valores do metro, decímetro, centímetro e milímetro, sendo que este
último é obtido por uma estimativa e os demais por leitura direta dos valores indicados na
mira.
Para evitar erros, a leitura deve ser verificada da seguinte forma: O fio inferior mais o superior
dividido por dois, deve ser igual ao valor lido do fio médio. A tolerância é de ± 2,0𝑚𝑚.
𝐹𝐼 + 𝐹𝑆
= 𝐹𝑀; 𝐸𝑟𝑟𝑜 ≤ ± 2,0𝑚𝑚
2

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Topografia I

Figura 47 – Exemplos de leitura na Mira

Determinação das distâncias (Taqueometria ou Estadimetria)


As observações em campo são realizadas com o auxílio, ou de teodolitos ou de níveis.
Devido a sua forma construtiva, com o nível só é possível efetuar visadas horizontais (lembre-se
que o nível não tem variação angular vertical).
Já com o teodolito, é possível realizar visadas inclinadas, e o equipamento nos fornece o ângulo
vertical ou o ângulo zenital (varia de acordo com o fabricante e o modelo do equipamento).

Figura 48 – Nível e Teodolito

A seguir são apresentadas as formulações para cada tipo de visada mencionada.

63
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Visada Horizontal
Com os fios estadimétricos da luneta é possível efetuar leituras sobre uma mira graduada e
relacioná-las com os valores constantes do instrumento. Mediante as considerações geométricas
determina-se com facilidade a distância horizontal aparelho-mira.
Na Figura 49, Ln é a luneta; 𝒅 é a distância entre os planos dos fios do retículo e o foco 𝑭 da
objetiva; 𝒈 é a distância vertical entre os fios estadimétricos; 𝑫𝒉 é a distância aparelho-mira;
𝐴𝐵 = 𝐺 é o número gerador obtido através da diferença de leituras sobre a mira dos fios
superior 𝐹𝑆 e inferior 𝐹𝐼.

Figura 49 - Determinação da distância com visadas horizontal

Da semelhança entre os triângulos 𝑎𝑏𝐹 e 𝐴𝐵𝐹, extrai-se a seguinte relação:


𝐷ℎ 𝐴𝐵
=
𝑑 𝑎𝑏
Conforme dito acima,
𝐴𝐵 = 𝐺 = 𝐹𝑆 − 𝐹𝐼
𝑎𝑏 = 𝑔
Substituindo na primeira equação, pode-se escrever:
𝐷ℎ 𝐺 𝑑
= ⇒ 𝐷ℎ = ∙ 𝐺
𝑑 𝑔 𝑔
Os valores 𝒅 e 𝒈 são invariáveis, isto é, são constantes para cada instrumento. Logo, a relação
𝑑
= 𝑘, é conhecida como a constante estadimétrica do instrumento. Para facilidade de
𝑔
operação, os fabricantes costumam fazer 𝑘 = 100. Assim, a determinação da distância 𝑫𝒉
depende única e exclusivamente do número gerador 𝐺 que, como já se sabe, é obtido pela
diferença de leituras sobre a mira, dos fios estadimétricos superior e inferior.
Com isso, a equação anterior apresenta-se da seguinte forma:
𝐷ℎ = 𝑘 ∙ 𝐺

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Topografia I

ATENÇÃO!

A fórmula 𝑫𝒉 = 𝒌 ∙ 𝑮 é válida SOMENTE para medidas efetuadas com NÍVEIS ou teodolitos


com a luneta a 90°! (Visadas HORIZONTAIS)

Visada Inclinada
Na dedução da fórmula para o cálculo da distância utilizando uma visada inclinada, tome por
base a figura a seguir.

Figura 50 - Determinação da distância com visadas inclinadas

Adotaremos as seguintes convenções:


Ângulo Zenital: 𝑍;
Ângulo Vertical: 𝑉;
Distância Horizontal: 𝐷ℎ;
Distância Inclinada: 𝐷𝑖;
Número Gerador da Mira Real: 𝑮 (𝐺 = 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑆𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝐵 − 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐼𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝐴);
Número Gerador da Mira Fictícia: 𝑮′ (𝐺′ = 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑆𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝐵′ − 𝐿𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎 𝐼𝑛𝑓𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝐴′).

Sabemos que o seno de um ângulo é dado por:


𝑐𝑎𝑡𝑒𝑡𝑜 𝑜𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜
𝑠𝑒𝑛 𝜃 =
ℎ𝑖𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑢𝑠𝑎
Da Figura 50 obtém-se:
𝐺’
𝐺′
𝑠𝑒𝑛 𝑍 = 2 = ⇒ 𝐺’ = 𝐺 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑍
𝐺 𝐺
2

65
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Topografia I

𝐷ℎ
𝑠𝑒𝑛 𝑍 = ⇒ 𝐷ℎ = 𝐷𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑍
𝐷𝑖
Sabendo-se que para obter a distância utiliza-se a fórmula:
𝐷𝑖 = 𝐺’ ∙ 𝑘 ⇒ 𝐷𝑖 = 𝐺 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑍 ∙ 𝑘
Onde 𝑘 é a constante estadimétrica do instrumento, definida pelo fabricante e geralmente igual
a 100.
Substituindo 𝐷𝑖 em 𝐷ℎ temos
𝐷ℎ = 𝐺 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑍 ∙ 𝑘 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝑍 ⇒ 𝐷ℎ = 𝐺 ∙ 𝑘 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝑍
Seguindo o mesmo raciocínio para o ângulo vertical, chega-se a:
𝐷ℎ = 𝐺 ∙ 𝐾 ∙ 𝑐𝑜𝑠 2 𝑉

CURIOSIDADE
Com as leituras dos fios estadimétricos e com o valor da distância horizontal ou da inclinada, é
possível calcularmos o desnível entre dois pontos A e B.

𝛥ℎ𝐴𝐵 : Desnível entre A e B;


ℎ𝑖 : Altura do instrumento;
ℎ𝑠 : Altura lida (fio médio);
𝐷𝑖 : Distância inclinada;
𝐷ℎ : Distância horizontal;
𝐷𝑉 : Distância vertical;
𝑍 : Ângulo zenital.

Observando a figura, pode-se escrever que o desnível 𝛥ℎ𝐴𝐵 será:


𝐷𝑉 + ℎ𝑖 = ℎ𝑠 + 𝛥ℎ𝐴𝐵 ⇒ 𝛥ℎ𝐴𝐵 = ℎ𝑖 − ℎ𝑠 + 𝐷𝑉
Calculando a distância vertical 𝐷𝑉 teremos:
𝐷ℎ 𝐷ℎ
𝑡𝑎𝑛 (𝑍) = ⇒ 𝐷𝑉 = = 𝐷ℎ ∙ 𝑐𝑜𝑡𝑔 (𝑍) ∴ 𝐷𝑉 = 𝐷ℎ ∙ 𝑐𝑜𝑡𝑔 (𝑍)
𝐷𝑉 𝑡𝑎𝑛 (𝑍)
Ou então, simplesmente:
𝐷𝑉 = 𝐷𝑖 ∙ 𝑐𝑜𝑠(𝑍)

Substituindo as equações de 𝐷𝑉 na de 𝛥ℎ𝐴𝐵 obtém-se:


𝛥ℎ𝐴𝐵 = ℎ𝑖 – ℎ𝑠 + 𝐷ℎ 𝑐𝑜𝑡𝑔(𝑍)
ou
𝛥ℎ𝐴𝐵 = ℎ𝑖 – ℎ𝑠 + 𝐷𝑖 𝑐𝑜𝑠(𝑍)

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Topografia I

Organização dos dados de campo


Para organizarmos os dados de campo, usamos a mesma tabela apresentada no capítulo anterior
com algumas alterações para acomodar os novos dados coletados.
Os campos usuais desta tabela são :

E PV ∢h ∢v FS FM FI Dist.
MP 01 0°00’00” - 10°47’20” 495 430 368 12,254
MP 02 174°03’20” 00°39’20” 461 398 335 12,598

Onde E: é a estação (ponto) na qual o equipamento encontra-se estacionado;


PV: é o ponto visado a partir da estação;
∢ h: é o ângulo horizontal lido no equipamento;
∢v: é o ângulo vertical lido no equipamento;
FS é o fio estadimétrico superior;
FM é o fio estadimétrico médio;
FI é o fio estadimétrico inferior;
Dist.: é a distância horizontal coletada entre a estação e o ponto vis ado.

Exercícios
54) Com os elementos dados na planilha abaixo, calcule as distâncias horizontais.

Ponto
Ponto Ângulo Fio Fio Fio Ângulo Distância
de (FS-FI)
Visado Vertical Superior Médio Inferior Zenital Horizontal
Estação
-
1 990 960 920
03°16’00”
-
2 495 430 368
10°47’20”

A 3 00°39’20” 461 398 335


4 00°42’00” 128 119 112
-
5 880 800 718
04°24’40”
6 03°52’10” 1940 1850 1762

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

55) Faça a leitura dos fios estadimétricos.


a. b.

FI:______________________________________ FI:______________________________________

FM:_____________________________________ FM:_____________________________________

FS:______________________________________ FS:______________________________________

VERIFICAÇÃO:_____________________________ VERIFICAÇÃO:_____________________________

c. d.

FI:______________________________________ FI:______________________________________

FM:_____________________________________ FM:_____________________________________

FS:______________________________________ FS:______________________________________

VERIFICAÇÃO:_____________________________ VERIFICAÇÃO:_____________________________

68
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

e. f.

FI:______________________________________ FI:______________________________________

FM:_____________________________________ FM:_____________________________________

FS:_____________________________________ FS:______________________________________

VERIFICAÇÃO:____________________________ VERIFICAÇÃO:_____________________________

g. h.

FI:______________________________________ FI:______________________________________

FM:_____________________________________ FM:_____________________________________

FS:_____________________________________ FS:______________________________________

VERIFICAÇÃO:____________________________ VERIFICAÇÃO:_____________________________

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Topografia I

i. j.

FI:______________________________________ FI:______________________________________

FM:____________________________________ FM:_____________________________________

FS:_____________________________________ FS:______________________________________

VERIFICAÇÃO:___________________________ VERIFICAÇÃO:_____________________________

k. l.

FI:______________________________________ FI:______________________________________

FM:_____________________________________ FM:_____________________________________

FS:_____________________________________ FS:______________________________________

VERIFICAÇÃO:____________________________ VERIFICAÇÃO:_____________________________

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

m.

FI:______________________________________

FM:____________________________________

FS:_____________________________________

VERIFICAÇÃO:____________________________

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

8. Cálculo Planimétrico
No capítulo anterior, foram apresentados os conceitos de poligonação e os procedimentos
necessários para, em campo, realizar o cadastramento de uma área. De forma sucinta,
poderíamos resumi-los em:
 Inspeção do local para conhecimento da área;
 Definição das referências, ou seja, determinam-se os pontos de apoio topográfico e os
detalhes a serem levantados;
 Desenho do croqui na caderneta de campo com os pontos a serem cadastrados;
 Realização das medições;
Agora de posse desses dados coletados pelo topógrafo e sua equipe, passaremos para a
realização dos cálculos. Assim, este capítulo abordará os procedimentos pós -levantamento,
realizados pela equipe do escritório (composta geralmente por engenheiros e/ou técnicos).
8.1. Sequência de Cálculo
Conforme citado anteriormente, a sequência de cálculo e ajuste de uma poligonal fechada pode
ser resumida em:
1. Determinação das coordenadas do ponto de partida;
2. Determinação da orientação da poligonal (Azimute de Partida);
3. Cálculo do erro de fechamento angular pelo somatório dos ângulos internos ou externos
(sentido horário ou anti-horário);
4. Avaliação do erro angular em relação à tolerância angular;
5. Distribuição do erro de fechamento angular;
6. Cálculo dos Azimutes;
7. Cálculo das coordenadas parciais (ΔX, ΔY) ou (ΔE, ΔN);
8. Cálculo do erro de fechamento linear;
9. Avaliação do erro linear em relação à tolerância linear;
10. Cálculo das coordenadas definitivas (XC, YC) ou (EC, NC).
11. Desenho e finalização da planta.
8.2. Levantamento Planimétrico
Nos levantamentos planimétricos, é comum utilizarmos uma poligonal fechada devido as suas
vantagens, uma vez que ela possibilita o calculo e o ajuste de erros. Por este motivo, neste
capítulo trataremos desta poligonal.
Erro angular
Como é de nosso conhecimento, ao efetuarmos a coleta dos ângulos durante o levantamento,
estamos sujeitos a erros.
Para sabermos o quanto erramos, devemos somar os ângulos lidos a partir de cada ponto de
estação. Este somatório deve ser igual ao somatório dos ângulos (internos ou externos) do
polígono percorrido.
Por exemplo, se utilizamos uma poligonal de três lados (triângulo) durante o levantamento, o
somatório dos ângulos internos deveria ser 180° e o dos ângulos externos, deveria ser 900°. A
diferença dos valores teóricos e dos valores obtidos em campo é o nosso ERRO ANGULAR.
72
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

De forma geral, a soma dos ângulos internos e externos de qualquer polígono é dada por:

𝑆∢𝑖𝑛𝑡 = (𝑛 − 2) ∙ 180°

𝑆∢𝑒𝑥𝑡 = (𝑛 + 2) ∙ 180° Onde 𝑛 é o número de lados do polígono.


Assim, o erro angular é dado por:

𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = ∑ ∢𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜𝑠 − 𝑆∢𝑖𝑛𝑡

𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = ∑ ∢𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜𝑠 − 𝑆∢𝑒𝑥𝑡

O que define qual ângulo será utilizado (interno ou externo) é o sentido de caminhamento
durante o levantamento em campo.

Exemplo
Foi realizado o levantamento de uma poligonal conforme a figura abaixo. Calcule o erro angular.

Figura 51 – Exemplo A: Poligonal coletada no sentido anti-horário

Resolução:
A soma dos ângulos internos de um polígono de 4 lados será
𝑆∢𝑖𝑛𝑡 = (𝑛 − 2) ∙ 180° = (4 − 2) ∙ 180° = 360°
O somatório dos ângulos coletados é igual à
∑ ∢𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜𝑠 = 43°58′ 48′′ + 145°28′ 48′′ + 65°41′ 24′′ + 104°49′ 48′′ = ______________________
Portanto o erro é
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = ∑ ∢𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜𝑠 − 𝑆∢𝑖𝑛𝑡 = __________________________________________________________

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Avaliação do Erro Angular


O erro angular por si próprio não nos serve de nada se não pudermos dizer se erramos muito ou
pouco. Precisamos de um parâmetro para comparação e essa referência é a tolerância.
A tolerância angular (𝜏𝑎 ) é definida pala ABNT NBR 13133:1994. É comum encontrar a seguinte
equação para o cálculo da tolerância angular:
𝜏𝑎 = ± 𝑝 ∙ √ 𝑚
Onde 𝑚 é o número de ângulos medidos na poligonal e 𝑝 é precisão nominal do equipamento
de medição angular.
Portanto, caso o erro cometido seja maior que o erro tolerável é necessário refazer as medições
angulares!

Exemplo
Se a precisão do equipamento utilizado para o levantamento do exemplo apresentado for de
00°02′ 00′′, avalie o erro.

Exercício
56) Dada a caderneta de campo abaixo, utilizada para o levantamento de uma poligonal, avalie
o erro angular. São Dados: (Obs.: A leitura de Ré foi suprimida da tabela)
Tolerância Angular: 2’√ 𝑚
Est PV Ângulo Horizontal Distância (m)
OPP 1 215°32´ 56,57
1 2 288°54´ 60,83
2 3 287°06´ 60,75
3 4 142°07´ 44,72
4 OPP 326°19´ 51,01

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Topografia I

Distribuição do Erro Angular


Uma vez calculado e avaliado, o erro angular deve ser distribuído igualmente para todos os
pontos da poligonal, sendo assim deve-se:
1. Dividir o erro, com sinal inverso, pelo número de vértices do polígono;

−𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟
𝐷𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜 =
𝑛

2. Somar o valor a ser distribuído com cada ângulo das estações da poligonal.

OBSERVAÇÃO
Lembre-se sempre de trocar o sinal do erro quando for fazer a distribuição do erro angular!

Exemplo
Uma vez calculado e avaliado o erro no exemplo apresentado. Distribua o erro angular.

Est PV ∢ Distribuição ∢𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜


MP P3 00°00’00”
MP P1 43°58’48”
P1 MP 00°00’00”
P1 P2 145°28’48”
P2 P1 00°00’00”
P2 P3 65°41’24”
P3 P2 00°00’00”
P3 MP 104°49’48”

∑∢

OBSERVAÇÃO
Lembre-se, depois de aplicada a correção, a soma dos ângulos deverá ser igual ao valor
teórico!

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Topografia I

Cálculo de Azimute
Os azimutes serão calculados a partir de um azimute de partida conhecido (seja ele coletado ou
fornecido).

Figura 52 – Coleta do ângulo horizontal e do azimute

Os demais serão calculados pela seguinte equação:


𝐴𝑧𝑖𝑚𝑢𝑡𝑒 𝑃1→𝑃2 = 𝐴𝑧𝑖𝑚𝑢𝑡𝑒 𝑀𝑃→𝑃1 + ∢𝑃1→𝑃2 ± 180°
Onde 𝐴𝑧𝑖𝑚𝑢𝑡𝑒𝑀𝑃→𝑃1 é conhecido e o ângulo (∢) corresponde ao ângulo horizontal lido.

Figura 53 – Coletas dos ângulos

76
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Figura 54 – Exemplo de poligonal e coleta de dados.

OBSERVAÇÃO
Lembre-se que Azimute de uma direção é o ângulo formado entre o alinhamento Norte-Sul e
a direção considerada e que, no hemisfério sul, usa-se sempre medir o azimute a partir do
norte, no sentido horário, ou seja, à direita.

77
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Exemplo
Continuando com o nosso levantamento, calcule os Azimutes da poligonal.

Figura 55 – Azimutes da poligonal do exemplo A

Est PV ∢𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 Azi


MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Cálculo das Coordenas Parciais


Após todos os ângulos terem sido coletados e corrigidos e os azimutes calculados, é possível
iniciar o cálculo das coordenadas parciais dos pontos.
E & N
As coordenadas parciais, 𝐸 e 𝑁 são as variações da distância nas direções leste e norte,
respectivamente, ao mudarmos de um ponto ao outro, como por exemplo, de MP para P1.
Assim, para se calcular as coordenadas parciais, 𝐸 e 𝑁 para cada ponto de poligonal,
observemos a figura abaixo.

Figura 56 – Coordenadas parciais e sua representação

Da figura podemos escrever que:

𝐸𝑀𝑃→𝑃1 𝑁𝑀𝑃→𝑃1
sin 𝐴𝑧𝑀𝑃→𝑃1 = cos 𝐴𝑧𝑀𝑃→𝑃1 =
ℓ1 ℓ1

𝐸𝑀𝑃→𝑃1 = ℓ1 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝐴𝑧𝑀𝑃→𝑃1 𝑁𝑀𝑃→𝑃1 = ℓ1 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝐴𝑧𝑀𝑃→𝑃1

𝐸𝑃1→𝑃2 = ℓ2 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝐴𝑧𝑃1→𝑃2 𝑁𝑃1→𝑃2 = ℓ2 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝐴𝑧𝑃1→𝑃2

⋮ ⋮

𝐸(𝑖−1)→𝑖 = ℓ𝑖 ∙ 𝑠𝑒𝑛 𝐴𝑧(𝑖−1)→𝑖 𝑁(𝑖−1)→𝑖 = ℓ𝑖 ∙ 𝑐𝑜𝑠 𝐴𝑧(𝑖−1)→𝑖

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Exemplo
Continuando, calcule as coordenadas parciais da poligonal.

Figura 57 – Poligonal do exemplo A: distâncias

Est PV 𝑑𝑖𝑠𝑡 Azi ∆𝐸 ∆𝑁


MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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Topografia I

Erro Linear
Numa poligonal fechada, iniciamos os cálculos das coordenadas a partir do marco de partida
(MP) e prosseguimos com as coordenadas dos demais pontos até retornarmos ao ponto de
partida. A diferença entre as coordenadas calculadas e as fornecidas para este ponto resultará
no chamado erro linear cometido ou erro planimétrico.
Como os ângulos já foram ajustados, este erro é decorrente de imprecisões na medição das
distâncias.

O erro linear pode ser decomposto em uma componente na direção E (ou X) e na direção N(ou
Y).

O somatório dos valores de 𝐸 e de 𝑁 calculados fornecerão respectivamente os erros leste e


norte para a poligonal calculada.

𝐸𝑟𝑟𝑜 𝐿𝑒𝑠𝑡𝑒 = ∑ ∆𝐸 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑡𝑒 = ∑ ∆𝑁

Logo, pelo Teorema de Pitágoras calculamos o Erro Linear, que será dado por:
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 = √𝐸𝑟𝑟𝑜 𝐿𝑒𝑠𝑡𝑒² + 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑁𝑜𝑟𝑡𝑒² = √(ΣΔ𝐸 )2 + (ΣΔ𝑁)2

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Avaliação do Erro Linear


Conhecido o erro, é necessário verificar se estamos abaixo de uma determinada tolerância linear.
Normalmente esta tolerância é dada em forma de escala, como por exemplo, 1:1000.
O significado disto é que, em uma poligonal com 1000 m de comprimento o erro aceitável seria
de 1 m. Desta forma, para avaliar o erro planimétrico em forma de escala, utilizamos as seguintes
fórmulas:
1 ∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡
𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑐𝑎𝑙𝑎 = ; 𝑀= ;
𝑀 𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟
Onde 𝛴𝑑𝑖𝑠𝑡 é o perímetro da poligonal.

Exercício
57) Dados os valores de erro de fechamento linear e tolerância linear, verificar o levantamento
efetuado. São dados:
𝑃𝑒𝑟í𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜 = 1467,434 𝑚 ; ∑∆𝐸 = 0,085 𝑚 ; ∑∆𝑁 = −0,094 𝑚 ;
𝑇𝑜𝑙𝑒𝑟â𝑛𝑐𝑖𝑎 = 1: 10.000

Correção e distribuição do Erro linear


Após a verificação da tolerância, o erro linear será corrigido proporcionalmente ao comprimento
dos lados da poligonal. Ou seja, um lado da poligonal cujo comprimento é maior, terá uma
correção maior do que um lado de comprimento menor. Matematicamente temos:
− ∑ ∆𝐸 − ∑ ∆𝑁
𝐶𝐸 𝑀𝑃→𝑃1 = ∙ℓ 𝐶𝑁 𝑀𝑃→𝑃1 = ∙ ℓ𝑀𝑃→𝑃1
∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡 𝑀𝑃→𝑃1 ∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡
− ∑ ∆𝐸 − ∑ ∆𝑁
𝐶𝐸 𝑃1→𝑃2 = ∙ℓ 𝐶𝑁 𝑃1→𝑃2 = ∙ ℓ𝑃1→𝑃2
∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡 𝑃1→𝑃2 ∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡
⋮ ⋮
− ∑ ∆𝐸 − ∑ ∆𝑁
𝐶𝐸 (𝑖−1)→𝑖 = ∙ℓ 𝐶𝑁 (𝑖−1)→𝑖 = ∙ ℓ(𝑖−1)→𝑖
∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡 (𝑖−1)→𝑖 ∑ 𝑑𝑖𝑠𝑡
Onde ℓ𝑖 é o comprimento do lado a ser corrigido.

OBSERVAÇÃO
Depois de corrigidos os valores das coordenadas parciais ( 𝐸 e 𝑁), o somatório dos valores
em leste e norte devem ser zero!

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Exemplo
Continuando, calcule o erro leste, norte e o erro linear da poligonal. Avalie o erro dada a
tolerância linear de 1: 10.000. Faça a distribuição.
Est PV 𝑑𝑖𝑠𝑡 ∆𝐸 𝐶𝐸𝑖 ∆𝑁 𝐶𝑁𝑖
MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Cálculo das Coordenadas Finais


Finalmente, conhecendo as coordenadas do ponto inicial, mais as coordenadas parciais ( 𝐸 e
𝑁), mais as correções lineares, podemos calcular as coordenadas de cada ponto, uma a uma.
Em outras palavras temos:
Ponto da
Coordenada E Coordenada N
Poligonal
𝑀𝑃 (𝐸1 , 𝑁1 ) 𝐸𝑀𝑃 = 𝐸1 𝑁𝑀𝑃 = 𝑁1
𝑃1 (𝐸𝑃1 , 𝑁𝑃1 ) 𝐸𝑃1 = 𝐸𝑀𝑃 + ∆𝐸𝑀𝑃→𝑃1 + 𝐶𝐸 𝑀𝑃→𝑃1 𝑁𝑃1 = 𝑁𝑀𝑃 + ∆𝑁𝑀𝑃→𝑃1 + 𝐶𝑁 𝑀𝑃→𝑃1
𝑃2 (𝐸𝑃2 , 𝑁𝑃2 ) 𝐸𝑃2 = 𝐸𝑃1 + ∆𝐸𝑃1→𝑃2 + 𝐶𝐸 𝑃1→𝑃2 𝑁𝑃2 = 𝑁𝑃1 + ∆𝑁𝑃1→𝑃2 + 𝐶𝑁 𝑃1→𝑃2
⋮ ⋮ ⋮

𝑃𝑖 (𝐸𝑖 , 𝑁𝑖 ) 𝐸𝑖 = 𝐸(𝑖−1) + ∆𝐸(𝑖−1)→𝑖 + 𝐶𝐸 (𝑖−1)→𝑖 𝑁𝑖 = 𝑁(𝑖−1) + ∆𝑁(𝑖−1)→𝑖 + 𝐶𝑁 (𝑖−1)→𝑖

Exemplo
Finalmente, calcule as coordenadas finais da poligonal.
Est PV ∆𝐸 𝐶𝐸𝑖 ∆𝑁 𝐶𝑁𝑖 E N
MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Exemplo – Ângulos Externos

Determinação do Erro Angular


De forma similar ao exemplo anterior, foi realizado o levantamento de uma poligonal conforme
a figura abaixo. Calcule o erro angular.

Figura 58 – Exemplo B: Poligonal coletada no sentido horário

Resolução:
A soma dos ângulos externos de um polígono de 4 lados será
𝑆∢𝑒𝑥𝑡 = (𝑛 + 2) ∙ 180° = (4 + 2) ∙ 180° = _________________________________________________________

O somatório dos ângulos coletados é igual à


∑ ∢𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜𝑠 = _______________________________________________________________________________________

Portanto o erro é
𝐸𝑟𝑟𝑜 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 = ∑ ∢𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑜𝑠 − 𝑆∢𝑒𝑥𝑡 = _________________________________________________________

Avaliação do Erro Angular


Se a precisão do equipamento utilizado para o levantamento for de 00°01′ 00′′, avalie o erro.

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Topografia I

Distribuição do Erro Angular

Est PV ∢ Distribuição ∢𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜


MP P3 00°00’00”
MP P1 316°01’12”
P1 MP 00°00’00”
P1 P2 255°10’12”
P2 P1 00°00’00”
P2 P3 294°18’36”
P3 P2 00°00’00”
P3 MP 214°34’48”

∑∢

86
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Cálculo de Azimutes

Figura 59 – Azimutes da poligonal do exemplo B

Est PV ∢𝐶𝑜𝑟𝑟𝑖𝑔𝑖𝑑𝑜 Azi


MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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Topografia I

Cálculo das Coordenadas Parciais

Figura 60 – Poligonal do exemplo B: distâncias

Est PV 𝑑𝑖𝑠𝑡 Azi ∆𝐸 ∆𝑁


MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Topografia I

Avaliação e Distribuição do Erro Linear


Calcule o erro leste, norte e o erro linear da poligonal. Avalie o erro dada a tolerância linear de
1: 10.000. Faça a distribuição.

Est PV 𝑑𝑖𝑠𝑡 ∆𝐸 𝐶𝐸𝑖 ∆𝑁 𝐶𝑁𝑖


MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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Topografia I

Cálculo das Coordenadas Finais (Coordenadas Totais)

Est PV ∆𝐸 𝐶𝐸𝑖 ∆𝑁 𝐶𝑁𝑖 E N


MP P3
MP P1
P1 MP
P1 P2
P2 P1
P2 P3
P3 P2
P3 MP

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Geomática I

Exercício
58) Calcule as Coordenadas Totais da poligonal abaixo. A Tolerância Angular é de 10” e a Tolerância Linear é de 1:10.000. O Azimute de partida foi coletado
de MP-1 e vale 167°55’14”.

Compensação
Est PV Distância ∡ ∡𝑪𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒐𝒔 Azimute ∆𝑬 𝑪𝑬𝒊 ∆𝑵 𝑪𝑵𝒊 𝑬 𝑵
Angul ar

MP 2 0°00’00”

MP 1 23,253 139°38'01"

MP d01 35,993 28°26’30”

MP d18 34,978 314°25’25”

1 MP 0°00’00”

1 2 71,995 28°15'03"

1 d21 35,081 320°25’25”

2 1 0°00’00”

2 MP 52,459 12°07'23"

2 d25 45,164 101°36’48”

2 d28 24,143 80°46’50”

SOMA

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Geomática I

9. Cálculo Planimétrico: Detalhes


No capítulo anterior calculamos as coordenadas dos pontos da poligonal. Dando
prosseguimento, neste capítulo trataremos dos detalhes.
9.1. Irradiação
Para a coleta de detalhes usamos o método de Irradiação que consiste em, a partir de uma linha
de referência conhecida, medir um ângulo e uma distância.
Conforme feito nas aulas práticas, o equipamento fica estacionado sobre um ponto da poligonal
e faz-se a coleta dos elementos de interesse próximos ao ponto ocupado, medindo ângulos e
distâncias para cada elemento a ser representado.

Figura 61 - Coleta de Detalhes

Durante o levantamento de detalhes é importante elaborar um croqui da área que está sendo
levantada, associando um nome ou número a cada ponto levantado. Obviamente, a mesma
indicação deve ser utilizada na caderneta de campo. Isto visa facilitar a elaboração do desenho
final.

Figura 62 - Croqui do levantamento realizado na Av. Cel. Teodolino Pereira de Araújo, Araguari - MG

92
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Geomática I

9.2. Cálculos
Os cálculos são realizados de forma similar aos pontos da poligonal, com a exceção de que os
detalhes não sofrem as correções angular e linear.

ATENÇÃO
A maneira de garantir a precisão dos detalhes é garantindo a precisão de sua poligonal. Por isso
os detalhes só são calculados APÓS os ajustes da poligonal.

Cálculo dos Azimutes


Os azimutes serão calculados a partir de um azimute de partida conhecido (seja ele coletado ou
fornecido).
Os demais são calculados pela seguinte equação:
𝐴𝑧𝑖𝑚𝑢𝑡𝑒 𝐸𝑠𝑡𝑎çã𝑜 → 𝐷𝑖 = 𝐴𝑧𝑖𝑚𝑢𝑡𝑒 𝑅é→𝐸𝑠𝑡𝑎çã𝑜 + ∢ 𝐸𝑠𝑡𝑎çã𝑜→𝐷𝑖 ± 180°

(a) (b)
Figura 63 – (a) Representação do azimute da Ré para a Estação e dos ângulos dos detalhes (b) Representação do azimute dos
detalhes.

Onde 𝐴𝑧𝑖𝑚𝑢𝑡𝑒𝑅é→𝐸𝑠𝑡𝑎çã𝑜 é conhecido (fornecido ou já calculado) e o ângulo ∢ 𝐸𝑠𝑡𝑎çã𝑜→𝐷𝑖


corresponde ao ângulo horizontal lido para o detalhe.

93
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Geomática I

Cálculo das Coordenadas Parciais


Da mesma forma que os pontos da poligonal, as coordenadas parciais, 𝐸 e 𝑁 são calculadas
como as variações da distância nas direções leste e norte, res pectivamente, ao mudarmos de um
ponto ao outro, como por exemplo, de P1 para D3.

Assim, as coordenadas parciais, 𝐸 e 𝑁 para cada ponto de detalhe será:

𝐸𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 →𝐷𝑖 = 𝑑𝑖𝑠𝑡 ∙ 𝑠𝑒𝑛 (𝐴𝑧𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜→𝑑𝑖 ) 𝑁𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 →𝐷𝑖 = 𝑑𝑖𝑠𝑡 ∙ 𝑐𝑜𝑠 (𝐴𝑧𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜→𝐷𝑖 )

Cálculo das Coordenadas Finais


Finalmente, conhecendo as coordenadas do ponto de estação de onde os detalhes foram
coletados e calculado as coordenadas parciais ( 𝐸 e 𝑁), podemos calcular as coordenadas finais
de cada ponto de detalhe.
Assim temos:
Ponto de detalhe Coordenada E Coordenada N

𝐷𝑖 (𝐸𝑑𝑖 , 𝑁𝑑𝑖 ) 𝐸𝑑𝑖 = 𝐸𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 + ∆𝐸𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 →𝐷𝑖 𝑁𝑑𝑖 = 𝑁𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜 + ∆𝑁𝑒𝑠𝑡𝑎çã𝑜→𝐷𝑖

94
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Geomática I

Exercícios
59) Calcule as Coordenadas Totais da poligonal abaixo. A Tolerância Angular é de 1’ e a Tolerância Linear é de 1:1.000. O Azimute de partida foi
coletado de MP-1 e vale 63°19’00”.
Compensação
Est PV Distância ∡ Angular ∡ 𝑪𝒐𝒓𝒓𝒊𝒈𝒊𝒅𝒐𝒔
Azimute ∆𝑬 𝑪𝑬𝒊 ∆𝑵 𝑪𝑵𝒊 𝑬 𝑵

MP 2 0°00’00”
MP 1 27,25 25°24'40"
MP d00 12,37 167°05’00” 94,77564 88,78738

MP d18 29,318 5°25’40” 120,11685 121,32738

1 MP 0°00’00”
1 2 27,344 129°21'40"
1 d30 24,008 122°10’20” 126,61675 136,11940

2 1 0°00’00”
2 MP 49,24 25°12'30"
2 d80 22,38 268°03’10” 152,28491 134,71333

2 d81 15,794 215°46’30” 142,11826 149,35658

SOMA

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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Geomática I

10. Referência Bibliográfica

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR-13.133: Execução de


Levantamento Topográfico. Rio de Janeiro: Abnt, 1994. 35 p.

__. NBR-14.166: Rede de Referência Cadastral Municipal - Procedimento. Rio de Janeiro:


Abnt, 1998. 23 p.

CORRÊA, Iran Carlos Stalliviere. Topografia aplicada à Engenharia Civil. 13. ed. Porto
Alegre: Ufrgs, 2012. 140 p.

LEICA GEOSYSTEMS (Suiça). Leica FlexLine TS02/TS06/TS09: User Manual. Heerbrugg:


Leica Geosystems Ag, 2008. 310 p.

VEIGA, Luis Augusto Koenig; ZANETTI, Maria Aparecida Z.; FAGGION, Pedro
Luis. FUNDAMENTOS DE TOPOGRAFIA. Curitiba: Ufpr, 2007. 205 p.

VEIGA, Luís Augusto Koenig. Topografia Cálculo de Volumes: Notas de Aula. Curitiba:
Ufpr, 2007. 53 p.

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