Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aula 08
CIDADANIA E DIREITOS
HUMANOS NO BRASIL
93
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
temporais e geográficos. De maneira que, esse processo leva e favorece uma mistura de iden-
tidades culturais, que ao mesmo tempo em que despertam processos de interação, cooperação
e solidariedade, também causam competição, dominação e, consequentemente, conflitos.
Assim, segundo as Nações Unidas, os direitos humanos são direitos inerentes a todos
os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião
ou qualquer outra condição. Logo, ao se compreender que não há raça, sexo, nacionalidade,
etnia, idioma, religião ou condição humana, entende-se a presença das chamadas Diferenças,
que diante da tendência de mundialização, imposta pela dinâmica da sociedade contempo-
rânea, se observa ainda, nos dias de hoje, a tentativa de predominância e ou imposição de
culturas sobre as outras.
Os argumentos que justificam a dominação de culturas são muitos, inclusive, aque-
les que se pautam nas teorias vistas pelas escolas antropológicas, quais sejam: evolucionis-
mo, estruturalismo, funcionalismo e estruturalismo marxista.
Ocorre que, ao se falar em diferença, é imperioso se remeter aos Princípios da Igual-
dade e Dignidade. Nesse sentido, é preciso entender o que são direitos humanos, suas carac-
terísticas, como surgiram e como se aplicam.
Penteado Filho (2006) afirma que “Direitos humanos como um conjunto de prerro-
gativas e garantias inerentes ao homem, cuja finalidade básica é o respeito à sua dignidade,
tutelando-o contra os excessos do Estado, estabelecendo um mínimo de condições de vida.
São direitos indissociáveis da condição humana”.
Charles Malik, reator da Comissão de Direitos Humanos da ONU, 1947, afirma que
“a expressão ‘Direitos Humanos’ refere-se obviamente ao homem, e com ‘direitos’ só se
pode designar aquilo que pertence à essência do homem, que não é puramente acidental, que
não surge e desaparece com a mudança dos tempos, da moda, do estilo ou sistema. Deve ser
algo que pertence ao homem como tal.”
verte o prof. Manoel Gonçalves Ferreira Filho, “pertencem a todos os homens, em conse-
qüência estendem-se por todo o campo aberto ao ser humano, potencialmente o universo.
Imprescritibilidade: tais direitos não se perdem com o passar do tempo, pois ineren-
tes à condição humana.
Inalienabilidade: não existe possibilidade de transferência a qualquer título desses
direitos.
Irrenunciabilidade: deles não poder haver renúncia, pois ninguém pode abrir mão
da própria natureza.
Inviolabilidade: não podem ser violados por leis infraconstitucionais, nem por ato
de agente do Poder Público, sob pena de responsabilidade civil, penal e administrativa.
Efetividade: a Administração Pública deve criar mecanismos coercitivos aptos à
efetivação dos direitos fundamentais.
Limitabilidade: os direitos não são absolutos, sofrendo restrições nos momentos
constitucionais de crise (liberdade ambulatória X estado de sítio).
Complementariedade: os direitos fundamentais devem ser observados não isola-
damente, mas de forma conjunta e interativa com as demais normas, princípios e objetivos
estatuídos pelo constituinte.
Concorrência: os direitos fundamentais podem ser exercidos de forma acumulada,
quando, v.g., um jornalista transmite uma notícia e expõe sua opinião (liberdade de informa-
ção, comunicação e opinião).
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi rescrita sob o impacto das atrocidades
cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, e cuja revelação só começou a ser feita e de
forma muito parcial, ou seja, com omissão de tudo o que se referia à União Soviética e de
vários abusos cometidos pelas potências ocidentais após o encerramento das hostilidades
(COMPARATO, 2010)
A Declaração, retomando os ideais da Revolução Francesa, representou a manifestação
histórica de que se formara, enfim, em âmbito universal, o reconhecimento dos valores su-
premos da igualdade, da liberdade e da fraternidade entre os homens, como ficou consig-
nado em seu artigo I.
Já se reconhece, aliás, de há muito, que a par dos tratados ou convenções, o direito interna-
cional é também constituído pelos costumes e os princípios gerais de direito, como declara o
Estatuto da Corte Internacional de Justiça (art. 38). Ora, os direitos definidos da Declaração
de 1948 correspondem, Integralmente, ao que costume e os princípios jurídicos internacio-
nais reconhecem, hoje, como normas imperativas de direito internacional geral (jus cogens).
Inegavelmente, a Declaração Universal de 1948 representa a culminância de um processo
ético que, iniciado com a Declaração de Independência dos estados Unidos e a Declaração
95
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
que criariam para a humanidade problemas de ordem, tal que o Direito, forçosamente, sob
pena de alteração e deterioração do genoma humano, se veria instado a apresentar soluções,
propondo limites e regulamentos às pesquisas e uso de dados com vistas à preservação do
patrimônio genético da espécie humana. Com isso, o Direito estaria protegendo não só o
homem enquanto indivíduo, mas também, e principalmente, como membro de uma espécie.
Um documento que traz a expressão desse direito é a Carta da Terra, ou Declaração
do Rio, de 1992. A bioética, a manipulação genética e a biotecnologia e bioengenharia tam-
bém estão compreendidos nos direitos humanos de quarta geração.
Portando, a consagração dos Direitos, ao longo da história, perfaz o ideal de Liber-
dade, Igualdade, Fraternidade e Democracia.
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político.
97
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representan-
tes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
O artigo 5º, por sua vez, complementa, estabelecendo os princípios fundamentais,
como direito à vida, à igualdade, à liberdade, trabalho, saúde, educação entre outros direitos
fundamentais de natureza individual, social, coletiva e difusos.
3. Relação entre Direitos Humanos e Cidadania
98
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
Deste modo, seja qual o for o significado dado a cidadania, está vinculada a ideia de
cidadão. E ser cidadão implica em direitos e obrigações.
Ser cidadão é ter direitos e deveres e é ser reconhecido como um membro pleno e
igual da sociedade. Já a cidadania é a conquista de tais direitos e o cumprimento dos deveres.
É através da cidadania que o indivíduo pode exercer seu papel fundamental no
desenvolvimento da sociedade, lutando por melhores garantias individuais e coletivas e por
direitos essenciais como: o direito à vida, à liberdade, à propriedade, e à igualdade.
A cidadania também não e dada, mas construída em um processo de organização,
participação e intervenção social de indivíduos ou grupos sociais1.
Além disso, a cidadania hoje é marcada pelo processo de democratização de di-
reito e eliminação de diferenças por meio de princípios juridicamente garantidos. Fonte:
< https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/sociologia/origem-evolucao-cidadania.htm >.
Acesso em: 14 de Jan. 2018.
1 http://evolucaodacidadaniaeseusdireitos.blogspot.com.br/2013/06/tipos-de-cidadania.html
99
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
Para você saber, destacam-se alguns Direitos Humanos Fundamentas vinculados aos
grupos minoritários da sociedade, vejamos a seguir:
100
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
101
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
Thais Colaço, nesse sentido, realiza uma interessante análise histórica acerca das
transformações dos direitos indígenas em nosso ordenamento jurídico. Inicialmente,
explica que desde o processo de colonização, na América, “não havia nenhuma preo-
cupação em garantir os direitos das populações autóctones, mas sim em normatizar
e regularizar as relações de exploração do colonizador em relação aos colonizados.”
Primeiramente, quanto à legislação, destaca-se o Alvará de 14 de abril de 1755, que
buscava igualar os direitos dos colonos e dos índios em relação ao trabalho, facilitava
o casamento inter-racial e tornava a língua portuguesa a língua oficial da colônia,
proibindo, assim, o uso das línguas nativas.
Posteriormente, cumpre observar que a Lei de 27 de outubro de 1831 atribuía a com-
petência aos Juízes de Paz no que concerne à liberdade dos índios e aos Juízes de
Órfãos quanto às questões trabalhistas.
Já em 1833, uni-se “as duas tutelas, a individual – ligadas às questões da liberdade e
do trabalho – e a coletiva – ligada às questões da terra indígena.”
Aliás, vale observar que “no decurso do século XIX os interesses se voltam para as
terras indígenas em vez da exploração de mão-de-obra.”
A legislação sobre o índio era escassa e geralmente preconceituosa, a Carta Régia de
1808 legitimava a violência e a escravidão indígena. Colaço destaca, ainda, que, “em
1845, a única norma indigenista geral do governo imperial era o Regulamento das
Missões”. Posteriormente, a Lei de Terras de 1850[ agravou esse situação expropri-
ando os índios de suas terras, já que não reconhecia a posse. O Código Civil de 1916,
os classificava entre os incapazes. Pode-se lembrar, ainda, a criação do Serviço de
Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores Nacionais (SPI-LTN), em 1910:
“Por meio do SPI conteve-se a repressão e o extermínio, alguns territórios foram
reservados e muitas populações foram contatadas. No entanto, com o tempo, a insti-
POVOS INDÍGENAS tuição foi-se burocratizando, a ponto de não sabermos mais o que fazer com os indí-
genas contatados e ainda havendo denúncias de seus funcionários estarem envolvidos
com a dilapidação do patrimônio e o extermínio indígena.”
Com isso, diante de tais constatações cria-se, em 1967, a Fundação Nacional do Índio
(FUNAI), substituindo o antigo SPI.
No que tange às questões constitucionais, Thais Colaço destaca que a Constituição de
1824 “sequer mencionava a existência de índios no Brasil.”
Somente com a Constituição de 1934 os índios alcançam reconhecimento no plano
constitucional, “sendo estabelecida a competência da União para legislar sobre a inte-
gração do índio à comunidade nacional. Também ficou garantida a posse da terra onde
os 'silvícolas' se achassem localizados e proibiu-se a sua alienação.”
Ainda, a Constituição de 1937 suprimiu o item relativo à integração indígena. A Con-
stituição de 1946, por sua vez, aborda a questão da posse da terra e atribui à União a
competência legislativa sobre a inserção dos índios na comunidade nacional.
A Carta Constitucional de 1967 passa a permitir “o direito ao usufruto dos recursos
naturais das terras indígenas e todas as suas utilidades.” E o Ato Institucional n. 1, traz
mudanças quanto a matéria em seus artigos: 4º., IV; 8º., XVIII, o; 198, §§ 1º. e 2º. A
autora destaca, ainda, o Estatuto do Índio (Lei n. 6.001/1973).[
Contudo, a grande mudança deu-se com a Constituição da República de 1988. “Pela
primeira vez uma constituição estabelece novos elementos jurídicos para fundamen-
tar as relações entre os índios e os não-índios e garantir a manutenção de seus direitos
diante da sociedade nacional.”
102
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
As pessoas com deficiência têm seus direitos garantidos pela Constituição federal, por
Decretos e Leis federais, e Convenções internacionais.
De acordo com a Constituição Federal de 1988 (art. 24), compete à União, aos Es-
tados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre a proteção e integração
social das pessoas portadoras de deficiência. É competência comum da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 23) cuidar da saúde e assistência
pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência. A Lei Fed-
eral 7.853, de 24 de outubro de 1989: Estabelece os direitos básicos das pessoas
portadoras de deficiência. O Decreto 3.956, de 08 de outubro de 2001, promulga a
Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Pessoas Portadoras de Deficiência. Essa Convenção reafirma que as pessoas
portadoras de deficiência têm os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais
que outras pessoas, e que constitui um direito do portador de deficiência, inclusive,
não ser alvo de discriminação, uma vez que dignidade e igualdade são inerentes a
todo ser humano.
Como qualquer cidadão, a pessoa com deficiência tem direito a educação pública e
gratuita assegurada por lei, preferencialmente, na rede regular de ensino e, se for o
caso, à educação adaptada às suas necessidades em escolas especiais, conforme esta-
belecido na Lei Federal 9.394/96 ( art. 4 incisos III E VII), no Decreto 3.298/99 (art.
24) e também na Lei nº 7.853/89 (art. 2º). O Decreto 5.296/04, art. 24 define que
os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, etapa ou modalidade, públicos ou
privados, proporcionarão condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes
ou compartimentos para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduz-
ida, inclusive salas de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações desportivas,
laboratórios, áreas de lazer e sanitários.
A Lei Federal 9.394/96 (art. 59, IV) e o Decreto nº 3.298/99 (art. 28) asseguram o
acesso do portador de deficiência à educação especial para o trabalho, tanto em in-
PESSOAS COM stituição pública quanto privada, que lhe proporcione efetiva integração na vida em
DEFICIÊNCIA sociedade. Nesse caso, as instituições são obrigadas a oferecer cursos de formação
profissional de nível básico, condicionando a matrícula do portador de deficiência à
sua capacidade de aproveitamento e não ao seu nível de escolaridade. As instituições
deverão, ainda, oferecer serviços de apoio especializado para atender às peculiari-
dades da pessoa portadora de deficiência, como adaptação de material pedagógico,
equipamento e currículo; capacitação de professores, instrutores e profissionais espe-
cializados; adequação dos recursos físicos, como eliminação de barreiras ambientais.
O Poder Público está obrigado a fornecer uma rede de serviços especializados em
habilitação e reabilitação, bem como garantir o acesso aos estabelecimentos de saúde
públicos e privados, conforme a Lei Federal 7.853/89 (art. 2º, parágrafo único, alíneas
“c” e “d”); o Decreto Federal 3.298/99 (art. 17, 18, 21 e 22) e Lei Federal 8.213/91
(art. 89) regulamentada pelos Decretos 3.048/99 e 3.668/00.
A Lei Federal 8.742/93 define, em seu Art. 1º, a assistência social como um direito
do cidadão e dever do Estado e possui como objetivo, dentre outros, a habilitação e
a reabilitação das pessoas portadoras de deficiência, e a promoção de sua integração
à vida comunitária. Por essa lei, fica garantido 01 (um) salário mínimo de benefí-
cio mensal à pessoa portadora de deficiência, que comprove não possuir meios de
prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (cuja renda mensal
per capta seja inferior a 1/4 do salário mínimo). Para ter acesso ao benefício deve-se
comprovar incapacidade para a vida independente e para o trabalho, através de laudo
expedido por serviço que conte com equipe multiprofissional do INSS. O benefício
não poderá ser acumulado com qualquer outro, no âmbito da seguridade social, salvo
o da assistência médica.
103
SOCIOLOGIA E CIDADANIA - Andrea bulgakov klock - UNIGRAN
BIBLIOGRAFIA
104