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Supremo Tribunal Federal

MEDIDA CAUTELAR NA ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO


FUNDAMENTAL 669 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


REQTE.(S) : REDE SUSTENTABILIDADE
ADV.(A/S) : BRUNO LUNARDI GONCALVES E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : ADVOGADO -GERAL DA UNIÃO

DECISÃO:

Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E


SANITÁRIO. ARGUIÇÕES DE DESCUMPRIMENTO
DE PRECEITO FUNDAMENTAL. SAÚDE PÚBLICA
E COVID-19. CAMPANHA PUBLICITÁRIA APTA
A GERAR GRAVE RISCO À VIDA E À SAÚDE DOS
CIDADÃOS. PRINCÍPIOS DA PRECAUÇÃO E DA
PREVENÇÃO. CAUTELAR DEFERIDA.
1. Arguições de descumprimento de
preceito fundamental contra a contratação e
veiculação de campanha publicitária, pela
União, afirmando que “O Brasil Não Pode
Parar”, conclamando a população a retomar
as suas atividades e, por conseguinte,
transmitindo-lhe a impressão de que a
pandemia mundial (COVID-19) não
representa grave ameaça à vida e à saúde de
todos os brasileiros.
2. As orientações da Organização Mundial
de Saúde, do Ministério da Saúde, do
Conselho Federal de Medicina, da
Sociedade Brasileira de Infectologia, entre
outros, assim como a experiência dos
demais países que estão enfrentando o
vírus, apontam para a imprescindibilidade
de medidas de distanciamento social

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voltadas a reduzir a velocidade de contágio


e a permitir que o sistema de saúde seja
capaz de progressivamente absorver o
quantitativo de pessoas infectadas.
3. Plausibilidade do direito alegado.
Proteção do direito à vida, à saúde e à
informação da população (art. 5º, caput, XIV
e XXXIII, art. 6º e art. 196, CF). Incidência
dos princípios da prevenção e da precaução
(art. 225, CF), que determinam, na forma da
jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal, que, na dúvida quanto à adoção de
uma medida sanitária, deve prevalecer a
escolha que ofereça proteção mais ampla à
saúde.
4. Perigo na demora reconhecido.
Disseminação da campanha “O Brasil Não
Pode Parar” que já se encontra em curso, ao
menos com base em vídeo preliminar.
Necessidade urgente de evitar a divulgação
de informações que possam comprometer o
engajamento da população nas medidas
necessárias a conter o contágio do COVID-
19, bem como importância de evitar
dispêndio indevido de recursos públicos
escassos em momento de emergência
sanitária.
5. Medida cautelar concedida para vedar a
produção e circulação, por qualquer meio,
de qualquer campanha que pregue que “O
Brasil Não Pode Parar” ou que sugira que a
população deve retornar às suas atividades
plenas, ou, ainda, que expresse que a

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pandemia constitui evento de diminuta


gravidade para a saúde e a vida da
população. Determino, ainda, a sustação da
contratação de qualquer campanha
publicitária destinada ao mesmo fim.

I. RELATÓRIO

1. Trata-se de duas arguições de descumprimento de


preceito fundamental, ADPFs 668 e 669, com pedido de cautelar,
propostas, respectivamente, pela Confederação Nacional dos
Trabalhadores Metalúrgicos e pela Rede Sustentabilidade, contra ato do
Governo Federal, de divulgação preliminar e de contratação de
campanha publicitária designada “O Brasil Não Pode Parar”. As
requerentes alegam violação a múltiplos dispositivos constitucionais,
entre os quais: o direito à vida, à saúde, à informação, à moralidade, à
probidade, à transparência e à eficiência (arts. 5º, XIV e XXXIII; 37, caput e
§1º; 196; 220, caput e §1º).
2. As requerentes esclarecem que vídeo preliminar,
denominado “#OBrasilNãoPodeParar”, já circula nas redes e foi
disponibilizado pelo Governo Federal no Instagram, bem como
disseminado por meio do aplicativo Whatsapp. Informam, ainda, que
extrato de dispensa de licitação, com o objeto de “prestação de serviços
de comunicação digital” e a justificativa de “disseminar informações de
interesse público à sociedade” foi publicado no Diário Oficial de
26.03.2020, prevendo a contratação de campanha publicitária no valor de
R$ 4.897.855,00. Afirmam que o vídeo preliminar, já disponibilizado em
rede, promove divulgação de ideias correspondentes a informação falsa,
consistentes na sugestão de que o COVID-19 não oferece risco real e
grave para a população, gerando desinformação e incitando os brasileiros
a um comportamento que poderá gerar grave contágio e
comprometimento da saúde pública e da vida. Ponderam que a
propaganda contratada tem/terá o mesmo viés que o vídeo disseminado

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nas redes e que, por conseguinte, coloca em risco os mesmos preceitos.


Argumentam, ademais, que a contratação se vale de recursos públicos,
que deveriam estar voltados para atos que protejam a saúde da
população, em lugar de agravar o risco a tal bem. Com base em tais
fundamentos, pedem a suspensão imediata da veiculação e/ou
contratação de qualquer propaganda que expresse que “O Brasil Não
Pode Parar” ou que seja sugestiva de que as pessoas devem romper com
o distanciamento social, cujo propósito é restringir o contágio.
3. Dada a gravidade dos efeitos da pandemia para a vida e
a saúde da população, os riscos gerados por eventual campanha de
desinformação e a importância de assegurar que recursos públicos
escassos não sejam desperdiçados em contexto em que são
imprescindíveis para a preservação da vida das pessoas,
excepcionalmente, optei por decidir de imediato a cautelar, sem prejuízo
da posterior oitiva das autoridades ou de sua submissão ao plenário, para
confirmação.
4. É o relatório. Passo à decisão.

II. PRELIMINARMENTE:
RECEBIMENTO DA AÇÃO DA REDE SUSTENTABILIDADE

5. Recebo a ação proposta pela Rede Sustentabilidade. Na


qualidade de partido político com representação no Congresso Nacional,
a agremiação é parte legítima universal para a propositura de ações
diretas. Não há dúvida de que a potencial violação à vida, à saúde, à
informação, à moralidade, à probidade, à transparência e à eficiência se
enquadra como descumprimento de preceito fundamental, para fins de
admissibilidade da ação. A jurisprudência deste Supremo Tribunal
Federal já assentou que todo e qualquer direito fundamental se subsume
no conceito. Está, ainda, indiscutivelmente presente o requisito da
subsidiariedade, quer porque inexiste outra ação direta que permita
veicular a discussão, quer diante da necessidade de que se profira decisão
com efeitos obrigatórios e gerais (erga omnes), apta a vincular todo o

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Judiciário, a Administração Pública (dos três Poderes) e os


jurisdicionados, com alcance nacional.
6. Postergo para momento posterior à oitiva das
autoridades, da Advocacia Geral da União e da Procuradoria Geral da
República a decisão sobre a admissibilidade da ação proposta pela
Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, dada a possível
discussão sobre o alcance de sua legitimidade ativa para o feito. De todo
modo, a ação da Rede Sustentabilidade já possibilita a apreciação da
cautelar, o que passo a fazer.

III. REQUISITOS PARA DEFERIMENTO DA CAUTELAR

7. Estão presentes os requisitos para deferimento da


cautelar. A plausibilidade do direito alegado decorre do reconhecimento
técnico-científico, por parte das principais autoridades mundiais e
nacionais, sobre a gravidade da pandemia e a imprescindibilidade de
medidas de redução da circulação social, sob pena de se colocar em risco
a saúde e a vida da população. O perigo na demora está igualmente
caracterizado, quer porque já há vídeo circulando da internet,
conclamando a população a não parar, quer porque a qualquer momento
pode ser lançada campanha mais ampla, no mesmo sentido, com o uso de
recursos públicos escassos. É o que se passa a demonstrar.

III.1. VEROSSIMILHANÇA DO DIREITO ALEGADO

8. A Constituição da República assegura a todos o direito à


vida, à saúde, à segurança e à informação (arts. 5º, caput, XIV e XXXIII;
arts. 6º e 196, CF). A tais direitos corresponde o dever do Poder Público de
prover os serviços necessários à sua garantia e, acima de tudo, a não
colocar tais bens em risco. No que respeita aos atos e campanhas
publicitárias dos órgãos públicos, a Constituição determina,
expressamente, que devem ter caráter “informativo, educativo ou de
orientação social” (art. 37, §1º, CF). Esses são, portanto, os referenciais

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normativos que permitem aferir se uma campanha veiculada pelo


Governo atende aos padrões de legalidade, moralidade, publicidade e
eficiência, que regem a Administração Pública (art. 37, caput, CF).
9. Pois bem. É fato público e notório que o mundo enfrenta
uma pandemia de proporções inéditas, que tem levado a milhares de
infectados e de mortos, ao fechamento de fronteiras, à decretação de
medidas de quarentena, de isolamento social, ao colapso dos mais
estruturados sistemas de saúde das nações mais desenvolvidas e
preparadas para enfrentar um quadro dessa ordem. A situação é
gravíssima e não há qualquer dúvida de que a infecção por COVID-19
representa uma ameaça à saúde e à vida da população. Nessa linha,
dados disponibilizados em 30.03.2020 registravam: 82447 casos de
contágio confirmados e 3.310 mortes na China; 97689 casos confirmados e
10781 mortes na Itália; 78.797 casos confirmados e 6.528 mortes na
Espanha; 122.653 casos confirmados e 2.112 mortes nos Estados Unidos
da América (EUA)[1][1]. No Brasil, onde o contágio foi posterior e acaba
de começar a evoluir, tais dados indicavam 3.904 infectados e 114 mortes.
Veja-se, a seguir, tais números em confronto com a população total de
cada país.

País Mortes[2] Contágio confirmado[3] População total[4]

China 3310 82447 1.439.323.776

Itália 10781 97689 60.461.826

Espanha 6528 78797 46.754.778

EUA 2112 122.653 331.002.651

Brasil 114 3904 212.559.417

10. A experiência dos demais países no combate ao COVID


tem demonstrado que boa parte da população terá contato com o vírus,
mas que é preciso tomar medidas sanitárias que reduzam a velocidade de

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contágio para que os sistemas de saúde possam fazer face ao número de


infectados e, assim, evitar mortes desnecessárias. Sem a adoção de tais
medidas, o contágio de grande parcela da população ocorre
simultaneamente, e o sistema de saúde não é capaz de socorrer um
quantitativo tão grande de pessoas. Entre as medidas de redução da
velocidade de contágio estão justamente aquelas que determinam o
fechamento de escolas, comércio, evitam aglomerações, reduzem a
movimentação de pessoas e prescrevem o distanciamento social[5][5]. A
necessidade de tais medidas constitui opinião unânime da comunidade
científica sobre o tema, conforme manifestações da Organização Mundial
de Saúde, do Ministério da Saúde, do Conselho Federal de Medicina e da
Sociedade Brasileira de Infectologia. Confira-se:

Declaração do Diretor Geral da Organização Mundial de


Saúde:

“Para reduzir a velocidade de contágio do COVID-19,


muitos países introduziram medidas sem precedentes, com
significativos custos sociais e econômicos – fechando escolas e
comércio, cancelando eventos esportivos, pedindo às pessoas
para ficarem em casa e seguras.
Nós compreendemos que esses países estejam agora
procurando identificar quando e como poderão relaxar tais
medidas.
A resposta depende do que tais países fazem enquanto
essas medidas estão sendo aplicadas.
Pedir às pessoas para ficar em casa e reduzir a
movimentação da população significa “comprar tempo” e
reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde.
.......................................................................................................
........................
A última coisa que qualquer país precisa é abrir escolas e
comércio apenas para serem forçados a fechá-los novamente em
razão da reincidência do vírus.
Medidas agressivas para localizar, isolar, testar e tratar

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são não apenas o melhor e mais rápido caminho para um país


superar restrições sociais e econômicas extremas – são
também a melhor maneira de evitá-las.”[6]

Ministério da Saúde:

“Com base na evolução dos casos no Brasil, até o


momento, estima-se que, sem a adoção das medidas propostas
pela pasta para prevenção, o número de casos da doença dobre
a cada três dias. [...]. O Ministério da Saúde recomenda a
redução do contato social o que, consequentemente, reduzirá
as chances de transmissão do vírus, que é alta se comparado a
outros coronavírus do passado.
.............................................................................

ÁREAS COM TRANSMISSÃO COMUNITÁRIA


Para áreas com transmissão comunitária/sustentada é
recomendada a redução de deslocamentos para o trabalho. O
Ministério da Saúde incentiva que reuniões sejam realizadas
virtualmente, que viagens não essenciais (avaliadas pela
empresa) sejam adiadas/canceladas e que, quando possível,
realizar o trabalho de casa (home office). Adotar horários
alternativos para evitar períodos de pico também é uma das
medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde aos estados.
Para as instituições de ensino, é recomendado o
planejamento de antecipação de férias, procurando reduzir
prejuízos no calendário escolar, inclusive com a possibilidade
de utilizar o ensino à distância. Poderá ser declarada
quarentena quando o país atingir 80% da ocupação dos leitos
de UTI, disponíveis para o atendimento à doença. A ocupação
é definida pelo gestor local. As medidas também se estendem às
pessoas para a diminuição da propagação do coronavírus. Cada
um é responsável por ações para se manter saudável e impedir
a transmissão da doença. [...].”[7]

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Conselho Federal de Medicina

Uma nova fase de enfrentamento da epidemia se


inaugura a partir de 13/3 com aconstatação de transmissão
comunitária, em São Paulo e no Rio de Janeiro, com casos
comprovados de pessoas que se infectaram sem ter viajado
ou ter tido contato com viajantes recém‐chegados de áreas
epidêmicas.
Assim, altera‐se o perfil de risco, que passa do viajante e
seu contato para qualquer pessoa que viva nessas cidades. As
medidas de distanciamento social passam a ser cruciais para a
redução da velocidade de progressão da epidemia nesses locais
e por consequência, no país.
...................................................................
A principal lição aprendida com a China é que a
epidemia pode ser desacelerada desde que se reconheça sua
gravidade como evento de máxima ameaça à saúde pública e
que não se postergue a aplicação de medidas drásticas,
inclusive, se a situação assim o exigir. [...].
..................................................................
O caso italiano foi fundamental para que outras nações
da Europa e também os EUA e o Brasil se apercebessem que a
crise na saúde pública de seus países era iminente e que a
entrada com medidas mais duras de contenção da epidemia,
logo quando ocorrem os primeiros casos de transmissão
local, é mandatória para proteger os Sistemas de Saúde e
mantê‐los viáveis durante a fase de explosão da epidemia.”[8]

Sociedade Brasileira de Infectologia:

“O Brasil está numa curva crescente de casos, com


transmissão comunitária do vírus e o número de infectados está
dobrando a cada três dias.
...................................................................................................

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Também concordamos que devemos ter enorme


preocupação com o impacto socioeconômico desta pandemia e
a preocupação com os empregos e sustento das famílias.
Entretanto, do ponto de vista científico-epidemiológico, o
distanciamento social é fundamental para conter a
disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase
de transmissão comunitária. Essa medida deve ser associada ao
isolamento respiratório dos pacientes que apresentam a doença,
ao uso de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos
profissionais de saúde e à higienização frequente das mãos por
toda a população. As medidas de maior ou menor restrição
social vão depender da evolução da epidemia no Brasil e, nas
próximas semanas, poderemos ter diferentes medidas para
regiões que apresentem fases distantes da sua disseminação.
Quando a COVID-19 chega à fase de franca disseminação
comunitária, a maior restrição social, com fechamento do
comércio e da indústria não essencial, além de não permitir
aglomerações humanas, se impõe. Por isso, ela está sendo
tomada em países europeus desenvolvidos e nos Estados
Unidos da América.
Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem,
fisioterapeutas e todos os demais profissionais de saúde estão
trabalhando arduamente nos hospitais e unidades de saúde em
todo o país. A epidemia é dinâmica, assim como devem ser as
medidas para minimizar sua disseminação. “Ficar em casa” é a
resposta mais adequada para a maioria das cidades brasileiras
neste momento, principalmente as mais populosas.”[9][9]
(Grifou-se)

11. As medidas de distanciamento social são, portanto, as


medidas recomendadas para ganhar tempo no combate à transmissão do
vírus e assegurar maior capacidade de resposta para o sistema. Os países
que as adotaram de forma mais rápida e rigorosa sofreram menos. Os que
tardaram em adotá-la – como é o caso da Itália – enfrentam uma situação
dramática. O Brasil tem, contudo, uma agravante. Diferentemente de
outras nações examinadas, trata-se de país em desenvolvimento: com

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grandes aglomerações urbanas, muitas comunidades pobres e enorme


quantitativo de pessoas vivendo em situação de precariedade sanitária.
Estudo do Imperial College COVID-19 Responce Team aponta justamente
que as estimativas de contágio e de colapso dos sistemas de saúde em
países em desenvolvimento e em cenários de baixa renda podem se
revelar ainda mais graves do que aquelas já expostas em cenários em que
esse componente não está presente. Veja-se:

Estudo do Imperial College COVID-19 Response Team:

“Nós estimamos que, na ausência de medidas


interventivas, o COVID-19 poderia resultar em 7 bilhões de
infectados e em 40 milhões de mortes neste ano. Estratégias
de mitigação focando e blindando idosos (60% de redução do
contato social) e reduzindo mas não interrompendo a
transmissão (40% de redução do contato social para a
população em geral) poderiam reduzir tal impacto pela
metade, salvando 20 milhões de vida. Entretanto, nós
antevemos que, mesmo nesse cenário os sistemas de saúde de
todos os países estarão rapidamente sobrecarregados. Esse
efeito pode ser ainda mais severo em regiões de baixa renda
(“lower income settings”), onde a capacidade [dos sistemas de
saúde] é menor: [...]. Como resultado, nós consideramos que o
impacto sobre contextos de baixa renda que busquem
estratégias de mitigação podem ser substancialmente maiores
do que aqueles constantes das nossas previsões.
Nossa análise sugere, portanto, que a demanda por
serviços de saúde só poderá ser mantida em níveis
administráveis por meio da rápida adoção de medidas de
saúde pública (incluindo teste, isolamento de casos e medidas
mais amplas de distanciamento social) com vistas a suprimir a
transmissão, medidas similares àquelas adotadas em diversos
países no momento. Se uma estratégia de supressão for
implementada cedo (no contexto de 0,2 mortes por 100.000
habitantes por semana), então 30,7 milhões de vidas poderiam
ser salvas. Atrasos na implementação de estratégias de

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supressão da transmissão levarão a resultados piores e a


menos vidas poupadas.”[10][10] (Grifou-se)

12. Portanto, nada recomenda que as medidas de contenção


da propagação do vírus sejam flexibilizadas em países em
desenvolvimento. Ao contrário, tais medidas, em cenários de baixa renda,
são urgentes e devem ser rigorosas, dado que as condições de vida em
tais cenários – grandes aglomerações e falta de condições sanitárias
adequadas – favorecem o contágio e a propagação do vírus. Do mesmo
modo, o sistema público de saúde de países em desenvolvimento, que já
se mostra deficiente em algumas circunstâncias, tende a apresentar menor
capacidade de resposta do que sistemas públicos de países desenvolvidos
que, a despeito disso, também experimentaram a exaustão de sua
capacidade.
13. Ainda que assim não fosse: que não houvesse uma quase
unanimidade técnico-científica acerca da importância das medidas de
distanciamento social e mesmo que não tivéssemos a agravante de
reunirmos grupos vulneráveis em situações de baixa renda, o Supremo
Tribunal Federal tem jurisprudência consolidada no sentido de que, em
matéria de tutela ao meio ambiente e à saúde pública, devem-se observar
os princípios da precaução e da prevenção. Portanto, havendo qualquer
dúvida científica acerca da adoção da medida sanitária de distanciamento
social – o que, vale reiterar, não parece estar presente – a questão deve ser
solucionada em favor do bem saúde da população. Confira-se a
jurisprudência da Corte:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. MEDIDAS DE
CONTENÇÃO DAS DOENÇAS CAUSADAS PELO AEDES
AEGYPTI. [...]. INAFASTABILIDADE DA APROVAÇÃO
PRÉVIA DA AUTORIDADE SANITÁRIA E DA
AUTORIDADE AMBIENTAL COMPETENTE.
ATENDIMENTO ÀS PREVISÕES CONSTITUCIONAIS DO
DIREITO À SAÚDE, AO MEIO AMBIENTE EQUILIBRADO

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E AOS PRINCÍPIOS DA PRECAUÇÃO E DA PREVENÇÃO.


PROCEDÊNCIA PARCIAL DA AÇÃO.
1. Apesar de submeter a incorporação do mecanismo de
dispersão de substâncias químicas por aeronaves para combate
ao mosquito transmissor do vírus da dengue, do vírus
chikungunya e do vírus da zika à autorização da autoridade
sanitária e à comprovação de eficácia da prática no combate ao
mosquito, o legislador assumiu a positivação do instrumento
sem a realização prévia de estudos em obediência ao
princípio da precaução, o que pode levar à violação à
sistemática de proteção ambiental contida no artigo 225 da
Constituição Federal.
2. A previsão legal de medida sem a demonstração prévia
de sua eficácia e segurança pode violar os princípios da
precaução e da prevenção, se se mostrar insuficiente o
instrumento para a integral proteção ao meio ambiente
equilibrado e ao direito de todos à proteção da saúde. 3. O
papel do Poder Judiciário em temas que envolvem a
necessidade de consenso mínimo da comunidade científica,
a revelar a necessidade de transferência do lócus da decisão
definitiva para o campo técnico, revela-se no reconhecimento
de que a lei, se ausentes os estudos prévios que atestariam a
segurança ambiental e sanitária, pode contrariar os
dispositivos constitucionais apontados pela Autora em sua
exordial, necessitando, assim, de uma hermenêutica
constitucionalmente adequada, a assegurar a proteção da
vida, da saúde e do meio ambiente.” (ADI 5592ADI 5592, Rel.
p/ Acórdão: Min. Edson Fachin, grifou-se)

“EMENTA AÇÃO DIRETA DE


INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º, CAPUT E
PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI Nº 9.055/1995. EXTRAÇÃO,
INDUSTRIALIZAÇÃO, UTILIZAÇÃO,
COMERCIALIZAÇÃO E TRANSPORTE DO
ASBESTO/AMIANTO E DOS PRODUTOS QUE O
CONTENHAM. AMIANTO CRISOTILA. LESIVIDADE À

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SAÚDE HUMANA. [...]. CONSENSO MÉDICO ATUAL NO


SENTIDO DE QUE A EXPOSIÇÃO AO AMIANTO TEM,
COMO EFEITO DIRETO, A CONTRAÇÃO DE DIVERSAS E
GRAVES MORBIDADES. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE.
RECONHECIMENTO OFICIAL. PORTARIA Nº 1.339/1999
DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. POSIÇÃO DA
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS. RISCO
CARCINOGÊNICO DO ASBESTO CRISOTILA. [...].
2. O consenso médico atual identifica, para além de
qualquer dúvida razoável, a contração de diversas doenças
graves como efeito direto da exposição ao amianto. A Portaria
nº 1.339/1999 do Ministério da Saúde imprime
reconhecimento oficial à relação de causalidade entre a
exposição ao asbesto ou amianto, inclusive da variedade
crisotila, e as seguintes doenças: neoplasia maligna do
estômago, neoplasia maligna da laringe, neoplasia maligna dos
brônquios e do pulmão, mesotelioma da pleura, mesotelioma
do peritônio, mesotelioma do pericárdio, placas epicárdicas ou
pericárdicas, asbestose, derrame pleural e placas pleurais.
3. Posição oficial da Organização Mundial da Saúde –
OMS no sentido de que: (a) todos os tipos de amianto causam
câncer no ser humano, não tendo sido identificado limite
algum para o risco carcinogênico do crisotila; [...].5. Limites da
cognição jurisdicional. Residem fora da alçada do Supremo
Tribunal Federal os juízos de natureza técnico-científica sobre
questões de fato, acessíveis pela investigação técnica e científica,
como a nocividade ou o nível de nocividade da exposição ao
amianto crisotila e a viabilidade da sua exploração econômica
segura. A tarefa da Corte – de caráter normativo – há de se
fazer inescapavelmente embasada nas conclusões da
comunidade científica – de natureza descritiva.” (ADI
4066ADI 4066; Rel. Min. Rosa Weber, grifou-se)

“Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida.


Direito Constitucional e Ambiental. Acórdão do tribunal de
origem que, além de impor normativa alienígena, desprezou

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norma técnica mundialmente aceita. Conteúdo jurídico do


princípio da precaução. [...].
2. O princípio da precaução é um critério de gestão de
risco a ser aplicado sempre que existirem incertezas
científicas sobre a possibilidade de um produto, evento ou
serviço desequilibrar o meio ambiente ou atingir a saúde dos
cidadãos, o que exige que o estado analise os riscos, avalie os
custos das medidas de prevenção e, ao final, execute as ações
necessárias, as quais serão decorrentes de decisões universais,
não discriminatórias, motivadas, coerentes e proporcionais. 3.
Não há vedação para o controle jurisdicional das políticas
públicas sobre a aplicação do princípio da precaução, desde
que a decisão judicial não se afaste da análise formal dos
limites desses parâmetros e que privilegie a opção
democrática das escolhas discricionárias feitas pelo legislador
e pela Administração Pública. [...].” (RE 627189(RE 627189; Rel.
Min. Dias Toffoli, grifou-se)

14. Nessa linha, uma campanha publicitária, promovida pelo


Governo, que afirma que “O Brasil não pode parar” constitui, em
primeiro lugar, uma campanha não voltada ao fim de “informar, educar
ou orientar socialmente” no interesse da população (art. 37, §1º, CF). Em
momento em que a Organização Mundial de Saúde, o Ministério da
Saúde, as mais diversas entidades medicas se manifestam pela
necessidade de distanciamento social, uma propaganda do Governo
incita a população ao inverso. Trata-se, ademais, de uma campanha
“desinformativa”: se o Poder Público chama os cidadãos da “Pátria
Amada” a voltar ao trabalho, a medida sinaliza que não há uma grave
ameaça para a saúde da população e leva cada cidadão a tomar decisões
firmadas em bases inverídicas acerca das suas reais condições de
segurança e de saúde. O uso de recursos públicos para tais fins,
claramente desassociados do interesse público consistente em salvar
vidas, proteger a saúde e preservar a ordem e o funcionamento do
sistema de saúde, traduz uma aplicação de recursos públicos que não
observa os princípios da legalidade, da moralidade e da eficiência, além

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de deixar de alocar valores escassos para a medida que é a mais


emergencial: salvar vidas (art. 37, caput e §1º, CF).
15. Vale assinalar, ainda, que não há efetivamente uma
dicotomia entre proteção à saúde da população e proteção à economia e
aos empregos da mesma população, tal como vendo sendo alegado. O
mundo inteiro está passando por medidas restritivas em matéria de
saúde e pelos impactos econômicos delas decorrentes. Caso o Brasil não
adote medidas de contenção da propagação do vírus, o próprio país
poderá ser compreendido como uma ameaça aos que o estão
combatendo, passando a correr o risco de isolamento econômico. Não
bastasse isso, a supressão das medidas de distanciamento social levará
inevitavelmente à propagação do vírus, conforme ampla experiência
internacional, e, em algum momento do futuro, a medida de restrição da
população será ainda mais grave. Portanto, a demora na tomada de
medidas de contenção da propagação do vírus tende a aumentar os riscos
também para a economia. Nota-se, portanto, que a economia precisa que
a saúde pública seja protegida para que volte a funcionar em situação de
normalidade.
16. É igualmente importante ter em conta que não se trata
aqui de uma decisão política do Presidente da República acerca de como
conduzir o país durante a pandemia. Haveria uma decisão política, no
caso em exame, se a autoridade eleita estivesse diante de duas ou mais
medidas aptas a produzir o mesmo resultado: o bem estar da população,
e optasse legitimamente por uma delas. Não é o caso. A supressão das
medidas de distanciamento social, como informa a ciência, não produzirá
resultado favorável à proteção da vida e da saúde da população. Não se
trata de questão ideológica. Trata-se de questão técnica. E o Supremo
Tribunal Federal tem o dever constitucional de tutelar os direitos
fundamentais à vida, à saúde e à informação de todos os brasileiros.
17. Por fim, vale observar que não há na presente decisão uma
limitação do direito à liberdade de expressão. Em primeiro lugar, seria
um pouco discutível falar no direito fundamental da União, ente público,
à liberdade de expressar sua “opinião”, em especial contra uma medida

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sanitária adotada pela própria União. Não custa lembrar que a campanha
publicitária aqui atacada conflita com orientações do Ministério da Saúde.
Nessas condições, me parece que o que está em debate aqui é, não um
direito, mas o dever da União de informar adequadamente o público
acerca das situações que colocam em risco a sua vida, saúde e
segurança.

III.2. PERIGO NA DEMORA

18. Não há dúvidas de que o caso em exame apresenta perigo


de dano irreparável ou de difícil reparação caso não seja deferida de
imediato uma cautelar. O vídeo “#OBrasilNãoPodeParar” está circulando
nas redes sociais e por meio de Whatsapp, disseminação que é de difícil
controle. Há, ainda, indícios de que campanha mais ampla, com o mesmo
viés, esteja sendo gestada. A atual situação sanitária e o convencimento de
que a população se mantenha em casa já demandava esforços
consideráveis. A disseminação da campanha em sentido contrário pode
comprometer a capacidade das instituições de explicar à população os
desafios enfrentados e de promover seu engajamento com relação às
duras medidas que precisam ser adotadas.

IV. CONCLUSÃO

19. Diante do exposto, recebo a ação da Rede


Sustentabilidade. Defiro a cautelar para vedar a produção e circulação,
por qualquer meio, de qualquer campanha que pregue que “O Brasil Não
Pode Parar” ou que sugira que a população deve retornar às suas
atividades plenas, ou, ainda, que expresse que a pandemia constitui
evento de diminuta gravidade para a saúde e a vida da população.
Determino, ainda, a sustação da contratação de qualquer campanha
publicitária destinada ao mesmo fim.
20. Providencie-se o apensamento da ADPF 668 por baixo da
ADPF 669. Intimem-se as autoridades para o imediato cumprimento

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desta decisão. Intimem-se as mesmas autoridades e, ainda, a Advocacia-


Geral da União e a Procuradoria Geral da República para manifestação,
no prazo comum de 5 dias, por analogia ao previsto no art. 5º, §1º, da Lei
9.882/1999. Na sequência, os autos devem voltar à conclusão, para que, na
qualidade de relator, possa levar a medida a referendo do Plenário.
21. Determino a intimação do Google, Instagram, Twitter,
Facebook, Telegram e Whatsapp acerca da presente decisão.

Brasília, 31 de março de 2020.

MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO


RELATOR

[1][1] ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Coronavirus


Disease (COVID-2019) Situation Reports, de 30.03.2020. Disponível em:
https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-
2019/situation-reportshttps://www.who.int/emergencies/diseases/novel-
coronavirus-2019/situation-reports. Acesso em: 30.03.2020.
[2][2] ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Coronavirus
Disease (COVID-2019) Situation Reports, de 30.03.2020. Idem ibidem.
[3][3] ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Coronavirus
Disease (COVID-2019) Situation Reports, de 30.03.2020. Idem ibidem.
[4][4] WORLDOMETER, 2020. Disponível em:
https://www.worldometers.info/world-population/population-by-
country/https://www.worldometers.info/world-population/population-
by-country/. Acesso em: 30.03.2020.
[5][5] A expressão “distanciamento social” é utilizada com o
significado de redução do contato social, por meio de medidas como
fechamento de comércio, escolas e utilização de sistemas de trabalho
virtual em substituição ao trabalho presencial, quando possível.
[6][6] O intervalo não transcrito dizia: “Mas essas medidas
isoladamente não extinguirão a epidemia. O propósito de tais atos é

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possibilitar medidas mais precisas e direcionadas, necessárias a parar a


transmissão e salvar vidas. Nós chamamos todos os países que
introduziram medidas de bloqueio (“lockdown”) a usar esse tempo para
atacar o vírus. Nós recomendamos seis ações chave. Em primeiro lugar,
expandam, treinem e implantem seu sistema de saúde e sua força de
trabalho. Em segundo lugar, implementem um sistema voltado a
identificar qualquer caso suspeito em nível comunitário. Em terceiro
lugar, aumentem a produção, capacidade e disponibilidade de testes da
enfermidade. Em quarto lugar, identifiquem, adaptem, equipem
instalações de que necessitarão para isolar e tratar pacientes. Em quinto
lugar, desenvolvam um plano claro e processos de quarentena. Em sexto
lugar, reorientem (‘refocus’) todo o governo para atuar na supressão e no
controle ao COVID-19. Essas medidas são a melhor forma de suprimir e
parar a transmissão, para que, quando as restrições forem levantadas, o
vírus não surja novamente”. OMC. Who Director-General’s opening
remarks at the media briefing on COVID-19 – 25 March 2020, livre
tradução. Disponível em: https://www.who.int/dg/speeches/detail/who-
director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---
25-march-2020https://www.who.int/dg/speeches/detail/who-director-
general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---25-
march-2020. Acesso em 31.03.2020, grifou-se.

[7][7] MINISTÉRIO DA SAÚDE. Saúde anuncia orientações para


evitar a disseminação do coronavírus, 13.03.2020. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46540-saude-anuncia-
orientacoes-para-evitar-a-disseminacao-do-
coronavirushttps://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46540-
saude-anuncia-orientacoes-para-evitar-a-disseminacao-do-coronavirus.
Acesso em: 30.03.2020, grifou-se. No mesmo sentido: MINISTÉRIO DA
SAÚDE. Boletim Epidemiológico 05. Centro de Operações de
Emergências em Saúde Pública – CPVID-19. 14.03.2020. Disponível em:
https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/24/03--ERRATA---
Boletim-Epidemiologico-

19

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05.pdfhttps://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/24/03--
ERRATA---Boletim-Epidemiologico-05.pdf. Acesso em: 31.03.2020.
[8][8] CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Posição do Conselho
Federal de Medicina sobre a pandemia COVID-19: contexto, análise de
medidas e recomendações, 17.03.2020. Disponível em:
https://sbpt.org.br/portal/cfm-covid19/https://sbpt.org.br/portal/cfm-
covid19/. Acesso em: 31.03.2020.
[9][9] SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. Nota de
Esclarecimento sobre o Pronunciamento Oficial do Presidente da
República Jair Bolsonaro, 24.03.2020. Disponível em:
https://www.infectologia.org.br/admin/zcloud/125/2020/03/b2c7d673aff41
2a0913cbf4be15fea258fd138f33c7c223c0a9330892eca4656.pdfhttps://www.i
nfectologia.org.br/admin/zcloud/125/2020/03/b2c7d673aff412a0913cbf4be
15fea258fd138f33c7c223c0a9330892eca4656.pdf. Acesso em 31;03.2020.
[10][10] Patrick GT Walker, Charles Whittaker, Oliver Watson et al.
The Global Impact of COVID-19 and Strategies for Mitigation and
Suppression. WHO Collaborating Centre for Infectious Disease
Modelling, MRC Centre for Global Infectious Disease Analysis, Abdul
Latif Jameel Institute for Disease and Emergency Analytics, Imperial
College London, 2020, livre tradução (grifou-se). Disponível em:
https://www.imperial.ac.uk/media/imperial-
college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-
Global-Impact-26-03-
2020.pdfhttps://www.imperial.ac.uk/media/imperial-
college/medicine/sph/ide/gida-fellowships/Imperial-College-COVID19-
Global-Impact-26-03-2020.pdf. Acesso em: 26.03.2020.

20

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