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Economia da Construção

ÍNDICE

1 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL.................................................. 4


1.1 Introdução........................................................................................ 4
1.1.1 Características gerais...................................................................... 4
1.1.2 Características específicas ............................................................... 5
1.2 Estrutura da Indústria da Construção ..................................................... 6
1.3 Importância Económica e Social da Indústria da ........................................ 7
Construção ................................................................................................. 7
2 EMPREENDIMENTOS CONSTRUTIVOS ............................................. 7
2.1 Conceitos basicos.............................................................................. 7
2.2 Fases de Realização de Empreendimentos ............................................... 8
2.2.1 Fase Preliminar ............................................................................... 8
2.2.2 Fase de Anteprojecto...................................................................... 8
2.2.3 Fase de Projecto............................................................................ 8
2.2.4 Fase de Execução ........................................................................... 8
2.2.5 Fase de Utilização e Manutenção ....................................................... 9
2.3 Métodos de Realização de Empreendimentos .......................................... 9
2.3.1 Serviços próprios ........................................................................... 9
2.3.2 Tradicional: Concepção-Concurso-Construção ...................................... 9
2.3.3 Concepção-Construção.................................................................. 10
2.3.4 Bridging...................................................................................... 11
2.3.5 Gestão Global .............................................................................. 11
2.3.6 Gestão da construção ................................................................... 12
2.3.7 Projecto-Gestão........................................................................... 13
2.3.8 Fast-Track ................................................................................... 13
2.3.9 “Concurrent Construction” ............................................................. 13
2.3.10 Partnering ................................................................................ 15
2.3.11 Build-Operate-Transfer (BOT).) ..................................................... 15
2.4 Tipos de Contratos .......................................................................... 16
2.4.1 Preço Global ou Preço Fixo (Lump Sum Contract)................................. 16
2.4.2 Série de Preços ........................................................................... 17
2.4.3 Por Percentagem .......................................................................... 18
2.4.4 Por Percentagem Com Preço Máximo ................................................ 19
2.4.5 À Percentagem............................................................................. 19
2.4.6 De Concessão ............................................................................. 19

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2.4.7 De Trabalho ................................................................................. 20
2.4.7.1 Por Tempo Indeterminado ........................................................ 20
2.4.7.2 A Prazo Certo ....................................................................... 20
2.4.7.3 A Prazo Incerto...................................................................... 20
3 GESTÃO DE OBRAS ............................................................. 20
3.1 Medições em Obras de Engenharia Civil ................................................ 20
3.1.1 Introdução .................................................................................. 20
3.1.2 Objectivos .................................................................................. 21
3.1.3 Princípios de base ........................................................................ 22
3.1.4 Autos de Medição ........................................................................ 24
3.1.5 Importância das Medições na Gestão de Obras .................................. 24
3.2 Orçamentação em obras de construção civil ......................................... 25
3.2.1 Introdução .................................................................................. 25
3.2.2 Orçamento de concurso ou previsional. ............................................. 26
3.2.3 Estrutura de custos na construção civil ............................................. 26
3.2.3.1 Custos directos..................................................................... 27
3.2.3.1.1 Custo de mão de obra ....................................................... 27
3.2.3.1.2 Custo dos materiais........................................................... 27
3.2.3.1.3 Custo dos equipamentos .................................................... 29
3.2.3.2 Custos Indirectos .................................................................. 32
3.2.3.2.1 Custos de estrutura da Empresa .......................................... 32
3.2.3.2.2 Custos industriais.............................................................. 33
3.2.3.2.3 Custos de estaleiro ........................................................... 33
3.2.3.3 Dimensionamento da margem de lucro e risco .............................. 34
3.2.3.4 Imposto sobre o valor acrescentado .......................................... 37
3.3 Preparação da obra .......................................................................... 37
3.3.1 Revisão do orçamento comercial...................................................... 37
3.3.2 Estudo dos métodos de trabalho ..................................................... 37
3.3.3 Preparação de trabalho .................................................................. 38
3.3.4 Organização do estaleiro................................................................ 38
3.3.5 Orçamento para a produção............................................................ 38
3.3.6 Mapa de produção........................................................................ 38
3.3.7 Previsão de custos ....................................................................... 38
3.3.8 Previsão de receitas...................................................................... 39
3.4 Controlo de custos .......................................................................... 39
3.4.1 Objectivo .................................................................................... 39
3.4.2 Princípios de controle de custos ..................................................... 40
3.4.3 Técnica de controlo de custos ........................................................ 40

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4 ENGENHARIA ECONÓMICA. VIABILIDADE DE EMPREENDIMENTOS ............ 43
4.1 Introdução............................................................................................................................. 43
4.2 Princípios básicos para um estudo económico ........................................................ 43
4.3 Critérios de aprovação de um projecto ....................................................................... 44
4.4 Conceitos Básicos de Matemática Financeira .......................................................... 44
4.4.1 Juros, capital, montante ................................................................................................. 44
4.4.2 Juros simples..................................................................................................................... 45
4.4.3 Juros compostos .............................................................................................................. 45
4.4.4 Comparação entre juros simples e juros compostos ........................................... 46
4.4.5 Fluxo de caixa e simbologia ......................................................................................... 46
4.4.6 Relações de equivalência.............................................................................................. 47
4.4.6.1 Série uniforme ......................................................................................................... 47
4.4.6.1.1 Relação entre valor actual e série uniforme ........................................... 47
4.4.6.1.2 Relação entre valor futuro e série uniforme ............................................ 48
4.4.6.1.3 Série gradiente uniforme ............................................................................... 48
4.4.6.1.4 Séries Perpétuas ............................................................................................. 49
4.4.7 Considerações sobre taxa de juros ............................................................................ 50
4.4.7.1 Taxa nominal e taxa efectiva .............................................................................. 50
4.4.7.2 Conversão de uma taxa para outra .................................................................. 51
4.4.7.3 Factores que determinam a existência dos juros ......................................... 51
4.4.7.3.1 Inflação (desgaste da moeda) ..................................................................... 51
4.4.7.3.2 Causas da inflação ......................................................................................... 52
4.4.7.3.3 Utilidade.............................................................................................................. 53
4.4.7.3.4 Risco.................................................................................................................... 53
4.4.7.3.5 Custo de Oportunidade ................................................................................. 53
4.4.8 Vida Útil ............................................................................................................................... 54
4.4.9 Valor residual ..................................................................................................................... 54
4.4.10 Depreciação ............................................................................................................... 54
4.5 Análise de alternativas de investimentos .......................................................................... 55
4.5.1 Generalidades ................................................................................................................... 55
4.5.2 Taxa Mínima de Atractividade...................................................................................... 55
4.5.3 Critérios Económicos de Decisão ............................................................................... 56
4.5.3.1 Método Life-Cycle-Cost (LCC) ............................................................................ 56
4.5.3.1.1 Valor Anual Equivalente (VAELCC) .......................................................... 57
4.5.3.1.2 Valor actual (valor presente): VALCC ....................................................... 63
4.5.3.1.2.1 Igual período de vida das alternativas .............................................. 63
4.5.3.1.2.2 Diferentes períodos de vida útil das alternativas .......................... 66
4.5.3.1.3 Método dos benefícios líquidos (Net Present Value)................................ 71
4.5.3.1.4 Método da taxa interna de retorno: TIR ........................................................ 73
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................... 81

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Economia da Construção

1 INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL


1.1 Introdução
1.1.1 Características gerais

A construção é um tipo de indústria muito complexo comparado com


as outras indústrias, pois enquanto nestas a fabrica trata-se de um
edifício fixo e o produto fabricado é que circula para a venda, na
construção é o contrário, pois a fabrica desloca-se para o local
indicado, fabrica o produto desejado, deixa-o, e desloca-se para o
outro sítio onde vai produzir no local, deixando fixo o produto
acabado passando para outras obras e por ai em diante.

Enquanto que a indústria de construção caracteriza-se por ausência


de repetição de obras, volumes de trabalhos em geral insuficientes
para justificar uma produção rítmica, verifica-se grandes quantidades
de tipo de obras e diferentes processos construtivos utilizados, nas
outras indústrias produzem-se milhares de produtos iguais o que lhes
permite, por exemplo, uma produção rítmica, processos de fabrico
não muito variáveis.

Na indústria de construção adjudica-se a previsão do produto por


executar e não o produto acabado como acontece nas outras
indústrias, sendo deste modo, quase nula a probabilidade do custo
real ou final da obra ser igual ao previsto, pois, os imprevistos, a
metodologia do trabalho, as condições do trabalho e atmosféricas, as
condições e qualidade do equipamento, disponibilidade do material,
qualidade da mão de obra, os quais interferem nos rendimentos de
trabalho, contribuem para que haja desvios nos custos previstos.

Deste modo para se avaliar a situação económica da obra, faz-se um


controlo rigoroso dos gastos e prazos estabelecidos relacionados com
a obra, para avaliar o grau da execução do orçamento previsto, o que
permite ao director da obra introduzir correcções que minimizem os
prejuízos, e de preferência que aumentem os lucros, para tal

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Economia da Construção
dever-se-á reduzir ao mínimo os custos de produção, o que constitui
obviamente um dos grandes objectivos da Gestão de Obras.

De salientar que em certas Empresas, a gestão prestava mais atenção


às posições de obra que apresentasse um orçamento elevado, mas nos
últimos anos esta metodologia foi se demonstrando ineficiente, pois
feita uma análise foi constatado que os desvios que as obras de
elevados orçamentos apresentavam não justificavam os prejuízos
financeiros que a Empresa enfrentava, gerando-se desta forma a
convicção de que sem um controlo rigoroso e sistemático em todo tipo
de obra independentemente do orçamento, resultados económicos
satisfatórios para a Empresa seriam difíceis de alcançar.

É hábito em várias Empresas facto que se revelou impróprio em


algumas Empresas avaliar-se os resultados em balanços anuais ou
no fim de cada obra, pois mesmo que os resultados sejam negativos,
já será tarde tomar acções correctivas. Além de que, em muitos
casos, não possibilitava a Empresa, saber com precisão em que
actividade ou actividades é que se ganhou ou perdeu-se
monetariamente, não sendo possível explorar as potencialidades de
uma gestão devidamente feita.

1.1.2 Características específicas

Os factores produtivos (equipamentos, mão de obra (qualificados),


materiais) são deslocados periodicamente para zona da
implementação da obra, que requer por sua vez a criação de
condições logísticas, o que acarreta custos adicionais em relação às
outras indústrias. A contratação de operários novos cuja experiência
e produtividade se desconhecem, revela-se inconveniência no
controle da produtividade.

Nesta indústria diferente das outras, trabalha-se geralmente ao ar


livre, estando deste modo a obra e os trabalhadores sujeitos as
condições atmosféricas, tais como variação da temperatura, radiação
solar, chuva, e o mais agravante são as tempestades (chuvas
torrenciais, ventos fortes e tempestades), com destaque para fora da
época que é imprevisível, provocando paralisações mais ou menos

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acentuadas e até estragos nos próprios trabalhos, que por obrigação
devem ser refeitos.

Estes aspectos supracitados e outros obrigam a uma vigilância


estreita e rigorosa das consequências económicas, que só é possível
caso se implemente um sistema de gestão de obras metódico e
eficiente o que representa uma base fundamental para o
melhoramento da produtividade.

1.2 Estrutura da Indústria da Construção


De acordo com o Banco Mundial (1984), a estrutura da Indústria da
Construção varia de país para país e depende directamente de três
factores como se segue:

1. O tipo de trabalho a ser realizado. Isto depende, por exemplo,


da dimensão do país, das suas características climáticas e
geográficas, da dispersão e densidade da sua população.

2. A escolha da tecnologia. Isto depende igualmente das suas


características climáticas e geográficas, o estado de
desenvolvimento do país, a disponibilidade de recursos,
trabalho, materiais e capital, políticas governamentais e o nível
de desenvolvimento geral da economia.

3. O ambiente económico e social. Isto é função das condições


históricas e culturais, da organização política e económica do
país e do estado da economia.

A organização e a estrutura das unidades da indústria da construção


dependerá destes três factores. É comum encontrar-se quatro tipos
de unidades de produção:

Sector informal de indivíduos;


Organizações “Self-Help” ou organizações comunais;
Empresas públicas; e
Empresas privadas.

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1.3 Importância Económica e Social da
Indústria da Construção
A importância do sector da construção assume três papeis
diferentes:

Animação e estímulo da actividade económica;


Planeamento e ordenamento do território e
Motor de criação do emprego.

2 EMPREENDIMENTOS CONSTRUTIVOS
2.1 Conceitos basicos
Empreendimento é um programa de investimento que tem por
objectivo a realização de uma ou mais obras de qualquer tipo,
abordando todos aspectos sociais, económicos, tecnológicos e
adimnistrativos nas diversas fases da sua vida.

Obra é todo o trabalho de construção, reconstrução, restauro,


reparação, conservação ou adaptação de bens imóveis.

Dono da obra pessoa individual ou colectiva, a que pertençam os


bens imóveis e que manda executar uma obra, directamente ou por
interposta.

Empreitada é uma forma de contrato na qual duas partes


comprometem-se uma em relação a outra para a execução de uma
obra com base num valor acordado.

Empreiteiro é a entidade responsável pela execução de uma obra


em regime de contrato de empreitada.

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2.2 Fases de Realização de Empreendimentos

2.2.1 Fase Preliminar

Promoção de estudo de viabilidade técnica, económica e


ambiental que permita orientar o desenvolvimento dos
actividades da fase seguinte do empreendimento.

2.2.2 Fase de Anteprojecto

Definir a alternativa mais vantajosa sob o ponto de


arquitectónico, estrutural, ambiental e económico;

Obter elementos técnicos, ambientais e económico que


possam orientar as actividades da fase seguinte;
Requerer o licenciamento prévio do empreendimento.

2.2.3 Fase de Projecto

Definir e elaborar e projecto final;

Analisar detalhadamente os impactos ambientais da


solução escolhida e as respectivas medidas para evitar,
mitigar e compensar os impactos, elaborando o EDA
(estudo detalhado do impacto ambiental);

Obter os elementos técnicos para a execução da obra;

Preparar os documentos necessárias para a licitação das


obras.

2.2.4 Fase de Execução

Execução das obras temporárias (P.e. Estaleiro da obra;


instalação de uma central de betão, Tc) e Obras
permanentes (P.e. desamamento e limpeza, implantação da
obra, superestrutura, etc);

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Execução dos projectos ambientais definidos na fase
anterior (execução de medidas mitigados e compensarias,
recuperação ambiental, etc);

Acompanhamento e orientação destas obras pela


fiscalização.

2.2.5 Fase de Utilização e Manutenção

Utilização do empreendimento pelo empreendedor;

Manutenção do empreendimento pelo empreendedor


através de vistorias de rotina.

2.3 Métodos de Realização de Empreendimentos

2.3.1 Serviços próprios

O DE centraliza em si todas as decisões e retém em si a


responsabilidade directa da realização de todas actividades de
gestão do processo do empreendimento.

Os estudos de viabilidade económica, o anteprojecto, o projecto e a


construção são da responsabilidade do DE. O DE poderá utilizar os
seus próprios recursos ou subempreitar empresas para executar
partes do projecto e da obra.

Embora permita ao DE maior controlo e celeridade da realização do


empreendimento, ocorre em muitos casos grandes dificuldades no
controlo de custos.

2.3.2 Tradicional: Concepção-Concurso-Construção

O DE contrata directamente os projectistas, os consultores, o


empreiteiro geral e o gestor do empreendimento.

O consultor assiste ao DE em assuntos relacionados com os custos,


na fase de estudo de viabilidade económica e ainda na definição da

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base de licitação e preparação dos documentos para o lançamento
do concurso.

O projectista responsável pela definição do projecto da obra podendo


ainda, se houver acordo com o DE desempenhar a actividade
referida para o consultor na fase do concurso.

O empreiteiro geral é responsável pela execução física da obra


assumindo o risco financeiro da construção.

A contratação dos subempreiteiros em caso de necessidade é


efectuada pelo empreiteiro, em alguns casos podem ser da
preferência do DE ficando o empreiteiro com a responsabilidade de
negociar um contrato com eles, dentro dos termos especificados pelo
DE ou seus consultores (gestores).

2.3.3 Concepção-Construção

Neste método o DE elabora um contrato com uma empresa


empreiteira de projecto e construção.

Surge a necessidade de o DE definir prévia e claramente o


programa, recorrendo a acessoria do consultor.

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Economia da Construção
Combina capacidades de engenharia, projecto e construção numa
única organização, permitindo desta forma uma boa interacção e
comunicação entre o projecto e a construção.

Têm merecido grande atenção quando a obra é de grandes


dimensões e o prazo é um dos grandes objectivos a atingir.

Neste método revela-se uma reduzida participação do DE na gestão


das várias fases do empreendimento, não tendo ainda a facilidade
para o controle dos custos inerentes a cada uma das fases.

2.3.4 Bridging

É uma variação do método anterior. Neste método surge uma nova


figura que é o gestor da construção que permite ao DE controlar
todas as fases do empreendimento sempre que necessitar, procura
manter os benefícios da concepção construção sem sacrificar a
participação do DE.

2.3.5 Gestão Global

O DE contrata uma equipa de gestores ou uma empresa de


arquitectura e engenharia que se responsabiliza pela gestão do
processo do empreendimento(estudos, planeamento, projecto,
procurement, contratação e supervisão) de uma forma integrada.

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Neste método o DE, projectista, empreiteiro, fiscalização são geridas
e integradas pelo gestor do empreendimento, sendo o
empreendimento gerido como um todo.

Permite ao DE um controlo efectivo de custos, uma possível


realização da obra em prazos apertados.

A grande dificuldade neste método é a selecção do gestor para gerir


o empreendimento como um todo e assegurar a integração de todas
as partes.

2.3.6 Gestão da construção

Diferente do método tradicional e do método concepção-concurso-


construção, neste método o DE não contrata o empreiteiro geral. O
DE selecciona através de uma organização de gestão da construção
uma série de subempreiteiros especializados.

A tarefa da organização de gestão da construção é confinada à


coordenação dos trabalhos e à gestão dos diferentes contratos, e à
gestão das interfaces criadas através da divisão do empreendimento.

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Economia da Construção

Permite ao DE actuar com maior celeridade na resolução dos


problemas do projecto e da construção, conseguindo-se desta forma
uma facilidade no controlo da qualidade, custos e do prazo da obra.

Do DE exige-se um maior esforço de gestão, havendo dificuldades


na contratação de uma organização de gestão que reuna
capacidades de engenharia e construção.

2.3.7 Projecto-Gestão

Extensão natural do método gestão da construção. Neste método, a


execução do projecto não é subempreitada, mas sim da
responsabilidade da organização de gestão da construção.

2.3.8 Fast-Track

É essencialmente a sobreposição do projecto e a execução física da


obra com vista ao ganho de tempo.

Infelizmente neste método, a execução física da obra inicia antes da


conclusão o que em alguns casos tem conduzido a um mau projecto
e sobrecustos.

2.3.9 “Concurrent Construction”

De um modo geral se pode constatar que na construção de edifícios


existe uma relação hierárquica entre a arquitectura e todo demais

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Economia da Construção
projectos que compõem o edifício. De acordo com o
MELHADO(1997), as demais normas técnicas em vigor, bem como
os textos institucionais que tratam do assunto, consideram o projecto
de arquitectura como o responsável pelas indicações a serem
seguidas pelos projectos de estruturas e instalações.

No processo de projecto convencionalmente utilizado na indústria da


construção é comum que uma etapa de projecto de determinada
especialidade dependa, para ser iniciada, do término de uma etapa de
diferente especialidade, cujo grau de aprofundamento e maturação das
decisões é equivalente ao da etapa (da outra especialidade) que se
inicia. Por exemplo, a etapa de anteprojecto de estruturas e fundações
tem como pré-requisito a etapa de arquitectura.

Percebe-se assim, que a fase de concepção do edifício ocorre de


forma separada do desenvolvimento do projecto, ou seja, “a
actuação do projectista de arquitectura ocorre previamente e sem a
interacção com os demais projectistas” (MACIEL, 1997)

O projecto de arquitectura é desenvolvido a partir da pesquisa do


mercado e aquisição do terreno e depois, é aprovado nos orgãos
competentes, para obtenção de recursos financeiros e lançamento
do empreendimento no mercado.

Somente após a conclusão do projecto de arquitectura, é feita a


contratação dos demais projectistas que irão participar no
desenvolvimento do projecto das outras especialidades. Desta forma,
a actuação dos diversos projectistas envolvidos no processo não
decorre de maneira conjunta e o projecto é elaborado sem a efectiva
contribuição de todos os participantes ao longo das diferentes fases
do processo de projecto.

Além disso, observa-se que, durante o desenvolvimento do projecto,


praticamente não existe a participação do empreiteiro e do usuário.
Para todos os problemas acima apresentados, o “concurrent
construction” ou engenharia simultânea aparece como uma
alternativa de solução.

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Economia da Construção
“Concurrent Construction” define-se como uma abordagem integrada
para planeamento e execução de todas actividades do
empreendimento. Todas actividades do empreendimento( projecto,
procurement, construção, operação) são integradas e
concomitantemente planeadas e executadas com o objectivo de
maximizar as funções objectivas do projecto (prazo, custo,
qualidade) enquanto se optimiza a “constructibility”, e segurança.

2.3.10 Partnering

“Partnering” procura interferir e alterar a natureza das relações,


muitas vezes adversárias que existem entre DE, empreiteiros,
projectistas, fornecedores e outras partes envolvidas no projecto.
Este método dá aos participantes do empreendimento autoridade
necessária para aceitar a responsabilidade para realizar o trabalho
da sua responsabilidade, comprometerem-se com objectivos
comuns, formalizar mecanismos de comunicação eficientes e
prevenir disputas e conflitos contratuais.

2.3.11 Build-Operate-Transfer (BOT).)

BOT é o novo método de desenvolvimento de infraestruturas com o


investimento directo do sector privado em projectos de larga escala
tais como estradas, pontes, hospitais.

Build: Um consórcio ou empresa privada entra em acordo com o


governo para investir num projecto de infraestrutura pública(estrada,
ponte, hospital, etc). Este consórcio ou empresa privada assegura o
financiamento do projecto.

Operate: A empresa opera, mantém e gere durante o período de


concessão acordado com o governo, por exemplo 15-30 anos.
Durante o período de concessão deverá recuperar o dinheiro
investido podendo ser através de cobrança de taxas ou outras
formas.

Transfer: Terminado o período de concepção, o concessionário


transfere a propriedade do empreendimento ao governo.

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Economia da Construção
Nos métodos correntes de realização de empreendimentos, poderá
ser permitida a partilha de risco entre o DE e o empreiteiro e este
poderá negociar com o DE as reclamações no que respeita aos
desvios nos custos. No método BOT, no qual o empreiteiro é o
concessionário isto não é mais possível.

Os governos em regra geral avessos ao risco e não desejam


fornecer qualquer garantia financeira. Ao mesmo tempo, os governos
esperam que os concessionários forneçam garantias contra riscos de
conclusão do projecto, derrapagens de custo, riscos de desempenho,
e riscos financeiros. È extremamente importante para os
concessionários, demonstrar aos governos que eles são capazes de
tomar os riscos que preocupam os governos. Os concessionários
devem ter como principal preocupação minimizar os elementos
imprevisíveis, identificar os riscos residuais, e fornecer as garantias
que os governos requerem.

Um exemplo em Moçambique da aplicação deste método é o da


construção da Estrada Nacional Maputo-Witbank.

2.4 Tipos de Contratos

Durante o processo do empreendimento construtivo serão


constituídos vários contratos para, entre outros, elaboração de
estudos de viabilidade, elaboração do projecto, fornecimento de
equipamentos e componentes, execução da construção e operação
do empreendimento. Os tipos de contractos usualmente usados são
de um dos seguintes tipos:

2.4.1 Preço Global ou Preço Fixo (Lump Sum Contract)

É previamente fixado o montante da remuneração


correspondente á realização de todos trabalhos necessários
para a execução da obra;
Pode ser usado nos métodos tradicional; Concepção
Construção e Gestão da Construção;
Neste tipo o cliente deve ter ideias exactas daquilo que deseja;

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Economia da Construção
A remuneração ao empreiteiro é normalmente feito Segundo as
várias fases do trabalho, sendo isto previsto no contracto;
O cálculo das propostas é directamente feito pelo empreiteiro
com base nos elementos escritos e desenhados do projecto,
no caderno de encargos e no mapa de medições de trabalhos.

Vantagens:

Uma vez acordado o preço total para os trabalhos o cliente,


não necessita de se envolver demasiadamente no processo de
execução da construção;
Muito do risco é da responsabilidade do empreiteiro.

Desvantagens:

O cliente precisa de ter um projecto de execução concluído


com definição de materiais e pormenorização;
Caso alterações sejam feitas no decurso da obra, por razões
imprevistas ou não, aparecem em regra dificuldades no
pagamento dos trabalhos extras.

2.4.2 Série de Preços

A remuneração ao empreiteiro é feita pela aplicação dos


preços unitários previstos no contrato para cada espécie de
trabalho a realizar às quantidades desses trabalhos realmente
executadas; O valor final da empreitada só é conhecido depois
dos trabalhos completos;
É usado quando não é possível determinar com exactidão as
quantidades de trabalho na ocasião da elaboração da
proposta; O contrato terá sempre por base a previsão das
espécies e das quantidades dos trabalhos (bill of quantities);
A lista de espécies de trabalhos deve ser feita sempre que
possível seguindo a descrição já normalizadas tais como as do
th
LNEC ou o Standard Method of Building Works, 7 edition
(SMM7) utilizado no Reino Unido.

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Economia da Construção
Vantagens:

Uma conclusão mais cedo da obra é possível, devido à eventual


sobreposição temporal da execução do projecto e da obra;
As alterações do projecto podem ser realizadas mais tarde que
em outros contratos.

2.4.3 Por Percentagem

Designa-se um Empreiteiro para a execução da obra, sendo o


pagamento realizado através da apresentação dos custos
ocorridos, de mão de obra, materiais e equipamentos, os quais
é aplicado um coeficiente negociado e devido aos encargos
gerais, administração e lucros do empreiteiro.
Usado nos trabalhos nos quais não é possível definir
previamente a sua extensão e o seu tipo antes de se terem
iniciado, não sendo possível com realismo preparar valores
unitários;

Vantagens:

É muito flexível, podendo-se alterar as quantidades de trabalho.

Desvantagens:

Torna-se por vezes difícil impor um limite nos gastos e isso


pode ser aproveitado por um empreiteiro menos escrupuloso a
menos que seja supervisionado de perto;
O empreiteiro não tem incentivos na obtenção de melhores
condições na aquisição de materiais ou subempreiteiros dada a
forma como é pago, assim é necessário o promotor propor
outro tipo de prémios complementares e que ao mesmo tempo
controlem o empreiteiro.

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Economia da Construção
2.4.4 Por Percentagem Com Preço Máximo

Variante do anterior e tem por base que o custo apurado e o


custo máximo estimado, é partilhado entre o promotor e o
empreiteiro, de uma forma pré-determinada.
Incentiva ao empreiteiro a operar de uma forma mais eficiente,
a fim de apurar no final da obra a maior diferença possível
entre os custos referidos, permitindo igualmente ao promotor
controlar o risco associado ao custo final da obra, partilhando-o
com o empreiteiro.

2.4.5 À Percentagem

A remuneração ao contratado corresponde a uma percentagem


do valor do empreendimento;
Aplicável a prestações de serviços: Projecto, Montagem,
Fiscalização;
No caso da construção, a utilização deste tipo de contrato
requer que o empreendimento a realizar esteja bem definido,
uma vez que a percentagem depende do valor daquele.
Correntemente, o contrato é assinado com base numa
estimativa orçamental, sendo depois os valores ajustados em
função do valor da adjudicação.

2.4.6 De Concessão

Alguém se encarrega de explorar o empreendimento cobrando


aos utilizadores as taxas que forem devidas, sendo estas as
suas contrapartidas.
Neste tipo, não se excluem casos em que o empreendedor
tenha de entregar ao concessionário um montante relativo à
execução do empreendimento, para além dos valores
resultantes da exploração, caso estes não satisfaçam ao
concessionário.
Tem sido usado em projectos rodoviários e ambientais
concessionados; em caso de estradas o concessionário é
compensado pela construção e exploração através de uma

Acossa - 19 -
Economia da Construção
portagem paga pelos utilizadores da Estrada (portagem real) ou
por uma portagem paga pelo empreendedor (portagem virtual).

2.4.7 De Trabalho

Aquele em que uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a


prestar a sua actividade intelectual ou manual a outra pessoa
sob autoridade e direcção desta. Podem assumir as seguintes
formas:

2.4.7.1 Por Tempo Indeterminado

Não tem duração previamente definida pelas partes, cessa


quando ocorre uma das hipóteses previstas por lei.

2.4.7.2 A Prazo Certo

A duração do contrato é perfeitamente preestabelecida pelas


partes. Tipicamente, pode ser um prazo inferior a seis meses
ou por um prazo igual ou superior a seis meses.

2.4.7.3 A Prazo Incerto

A data de início é definida e o contrato cessa quando terminar


o facto que originou a sua celebração.

3 GESTÃO DE OBRAS
3.1 Medições em Obras de Engenharia Civil
3.1.1 Introdução

As medições na construção e as regras a elas associadas


constituem o modo de definir e quantificar de uma forma objectiva os
trabalhos previstos no projecto ou executados em obras.

Acossa - 20 -
Economia da Construção
3.1.2 Objectivos

• Possibilitar, a todas empresas que apresentam propostas a


concurso, a determinação dos custos e a elaboração de
orçamentos, com base nas mesmas informações de
quantidades e condições específicas para os trabalhos
indicados no projecto;

• Elaborar listas de trabalho; que possibilitem análises


comparativas de custos e avaliações económicas de diferentes
soluções;

• Proporcionar as entidades adjudicantes a avaliação das


propostas; bem como permitir, de um modo facilitado a
quantificação das variações que se verificarem durante a
construção, devidas a trabalhos a mais e a menos ou a erros e
a omissões de projecto;

• Possibilitar às empresas um acesso simplificado da informação


eventualmente tipificada e informatizado relativo a trabalhos
tipo, permitindo assim a formulação de propostas para
concursos com bases determinísticas sólidas, nomeadamente
as relativas a custos de fabrico, directos, indirectos, de
estaleiro, de subempreitadas, etc;

• Proporcionar às empresas adjudicatárias uma sistematização


de procedimentos relacionada com o controlo dos diversos
trabalhos a executar, nomeadamente os devidos a rendimentos
de recursos que proporcionam o cálculo das quantidades de
materiais e a avaliação das quantidades de mão de obra, de
equipamentos ou de outros recursos a utilizar na execução dos
trabalhos;

• Facilitar o estabelecimento dos planos de inspecção e ensaios


aplicados ao controle de qualidade e da segurança na
execução dos trabalhos;

Acossa - 21 -
Economia da Construção
• Facilitar a elaboração dos autos de medição e o pagamento
das situações mensais, no prazo de execução da obra, e a
elaboração da conta da empreitada, quando da recepção
provisória da obra;
• Estabelecer as bases para que as empresas realizem a análise
e o controle de custos dos trabalhos.

3.1.3 Princípios de base

• Estudo da documentação do projecto, peças desenhadas,


caderno de encargos e cálculos, deve constituir a primeira
actividade do medidor;

• As medições devem satisfazer as peças desenhadas no


projecto e as condições técnicas gerais e especiais do caderno
de encargos, pois podem existir erros e omissões que o
medidor deve esclarecer com o autor do projecto;

• As medições devem ser de acordo com as regras de medição


adoptadas e na falta, o medidor deve adoptar critérios que
conduzam a quantidades correctas;

• Estes critérios devem ser descriminados de forma clara, nas


medições do projecto;

• As medições devem ter normas aplicáveis a construção,


nomeadamente aos materiais, produtos e técnicas de execução;

• Dentro dos limites razoáveis das tolerâncias admissíveis as


medições devem ser elaboradas de modo a que não seja
desprezado nenhum dos elementos constituinte das obras;

• Durante o cálculo das medições devem ser realizadas as


verificações das operações efectuadas e as confrontações
entre somas de quantidades parcelares com quantidades
globais. O grau de rigor a obter com estas verificações e

Acossa - 22 -
Economia da Construção
confrontações depende, como é evidente, do custo unitário de
cada trabalho;

. A lista de trabalhos deve ser individualizada e ordenada segundo os


critérios seguintes:

• Os trabalhos medidos devem corresponder às actividades que


são exercidas por cada categoria profissional de operário;

• As medições devem descriminar todos os trabalhos principais e


auxiliares, com uma definição clara de cada trabalho e indicarem
as características mais importantes necessárias à sua execução;

• As medições devem ser decompostas por partes da obra que


facilitem a determinação das quantidades de trabalho
realizadas durante a progressão da construção bem como a
comparação de custos em projectos similares.

As medições efectuadas deverão ser preenchidas numa folha,


organizadas da melhor forma possível, permitindo um cálculo das
quantidades parciais, e totais como abaixo mostra-se o exemplo de
uma folha de medição:

Obra:
Dono:
Ar t: Desig na ção Un. Par tes Com p. Lar g. Alt. Par ciais Tot al

i dos
iguais l ii l
trabalhos: i i
l

Tabela. 1. Exemplo de uma folha de medição

Acossa - 23 -
Economia da Construção
3.1.4 Autos de Medição

São as medições feitas directamente sobre a obra realizada para o


efeito da facturação ou acerto de contas.

Os autos de medição, para além dos trabalhos previstos(cuja


natureza e quantidades foram previstos com base do concurso), são
descriminados, quando existirem, podendo ter várias designações e
significados. Esta acção(designação e atribuição de significados)
visa a permitir o director da obra e o dono da obra( ou o seu
representante) um melhor acompanhamento da obra no concernente
as facturações, e outros controles inerentes a obra.

Distinguem-se as designações e significados seguintes:

. Trabalhos devidos a erros de projecto: São trabalhos da mesma


espécie dos previstos cujas quantidades a mais ou a menos resultam
de erros do projecto reclamados pela empresa dentro dos prazos
legais.
. Trabalhos devidos a omissões do projecto: São trabalhos de
espécie diferente dos previstos resultantes de omissões do projecto
reclamados pela empresa nos prazos legais.

. Trabalhos a mais ou a menos de mesma espécie dos previstos:


São trabalhos da mesma natureza dos previstos ou de omissões,
executados nas mesmas condições, e cujas quantidades diferiram
dos previstos.

. Trabalhos a mais ou a menos de espécie diferente dos


previstos: São trabalhos de natureza diferente dos previstos e das
omissões, ou executados em condições diferentes dos previstos.

3.1.5 Importância das Medições na Gestão de Obras

Após a adjudicação da obra (Empreitada por preço global) à uma


Empresa de construção civil, tem sido política de gestão destas
reorçamentá-las para a confrontação das quantidades previstas pelo
consultor com as que o Sector de medições destas quantificar. Com

Acossa - 24 -
Economia da Construção
esta acção a empresa terá a oportunidade de reclamar os erros e as
omissões cometidas pelo consultor ou representante do dono da
obra, o que lhes permitirá caso estes forem aceites pelo dono da
obra realizar trabalhos que serão posteriormente facturados.

Para a obra em que a empreitada é por serie de preços, é através


das medições em obra que se poderá elaborar a situação de
trabalhos o que permitirá a facturação dos trabalhos realizados.

Não só para efeitos de facturação as medições revelam a sua


importância, mas também para vários controles realizados ao nível
da empresa, é a partir destas que se pode fazer a actualização dos
rendimentos dos materiais, mão de obra, e equipamentos, deste
modo um sector de medições numa empresa de construção que se
queira tornar competitiva é indispensável.

Neste entendimento as medições constituem um módulo de gestão a


jusante da adjudicação das obras, pois só se pode fazer uma boa
gestão, sabendo-se as quantidades existentes e consequentemente
as despesas delas resultantes, caso contrário não se estaria perante
uma gestão propriamente dita.

3.2 Orçamentação em obras de construção civil


3.2.1 Introdução

A sobrevivência de uma Empresa depende frequentemente da sua


capacidade de estimar custos, facto que se tem demonstrado com
maior relevância em Empresas que pouco recorrem a subempreitadas.

Estas estimativas são frequentemente sob pressão de urgência e com


falta de elementos detalhados dependendo muito da experiência e do
grau de conhecimentos das pessoas envolvidas, e do seu espírito de
rigor. Não menos importantes que as causas supracitadas são os
conhecimentos sólidos da finalidade dos orçamentos que as pessoas
envolvidas tem demonstrado, e como é evidente qualquer gestor que
esteja afecto à uma obra, grandes dificuldades para o exercício da

Acossa - 25 -
Economia da Construção
sua profissão enfrentará se os custos estimados não reflectirem de
forma alguma a realidade da obra.

3.2.2 Orçamento de concurso ou previsional.

É o valor numérico de proposta que um empreiteiro fornece a um


dono da obra que lhe solicitou uma resposta quer através de um
convite formal (caso de obras particulares), quer através de um
concurso público.

Existe diferença entre orçamento e proposta termos que se podem


confundir; uma proposta para além do orçamento contem um conjunto
de elementos de carácter jurídico ou comercial que clarificam as
condições económicas e jurídicas de realização da obra.

Essas condições são geralmente:

. Condições de pagamento;
. Prazos;
. Condições de revisão de preços;
. Exclusões;
. Programa de trabalho global;
. Validade da proposta.

Para a execução deste orçamento convém antecipadamente


familiarizar-se com a estrutura de custos na construção civil.

3.2.3 Estrutura de custos na construção civil

A estrutura de custos na construção civil é a forma de organizar os


custos de uma Empresa de construção de forma que os orçamentos
possam reflectir os custos com maior rigor.

A estrutura habitual é a seguinte:

. Custos directos
. Cutos indirectos
. Custos de estaleiro

Acossa - 26 -
Economia da Construção
3.2.3.1 Custos directos

Custos directos todo o que é directamente imputável às obras, e em


particular as respectivas tarefas (Tinta, pintor, serralheiro,
equipamentos, etc).
Este custo pode ser estimado para uma determinada tarefa, com a
seguinte formula:

C =C +C +C
d MO MAT Eq

Onde;
C = C ×r
MO ∑ moii moi
i
C = C ×r
MAT ∑ mat k matk
k
C = C ×r
Eq ∑ Eq j Eq j
j

3.2.3.1.1 Custo de mão de obra

C Vmi ×12
moi = 52 × 40 × (1+ E)

Os encargos (E) incluem incidência percentual de Férias, Feriados,


previdência, fundo de desemprego, seguro, caixa nacional de
doenças profissionais, medicina no trabalho, faltas remuneradas,
indemnização por despedimento, inactividade devido ao mau tempo,
subsídio de férias, subsídio de natal, formação profissional, subsídio
de almoço.

3.2.3.1.2 Custo dos materiais

. Custo de cada unidade de compra de um material simples;


. Custo do transporte até ao estaleiro;
. Descontos;
. O transporte dos materiais dentro do estaleiro;
. Quebras.

Acossa - 27 -
Economia da Construção
Exemplo prático de cálculo do custo directo da Cofragem e
descofragem em sapatas isoladas.

Antes de cálculo do custo de uma dada operação de construção é


recomendável que se faça uma análise tecnológica dessa mesma
tarefa, pois desta forma o custo resultante poderá reflectir com maior
rigor o custo de todos trabalhos necessários para a execução da
mesma.

Sub-tarefas:

- Fabrico de painéis, aluguer ou a compra; para o presente caso,


considero o fabrico;
- Montagem de painéis;
- Desmontagem de painéis.

Custo de fabrico de painéis

Materiais :
- Solho de tosco de pinho com 2,5 cm de espessura
=1,125m²/m² × 0,025m × 30.000$/m³ = 844$/m²
- Ripa de telhado com 9,0 * 2,5cm = 2,007m × 0,00225m³/m² × 30.000$/m³ =135$/m²
- Barrote de pinho meia Quadra10 * 7cm = 0,011m³/m² × 30.000$/m³ = 330$/m²
- Pregos = 0,20kg/m² ×100$/kg = 20$/m²

Equipamento : - Serra eléctrica =135$/h × 0,15h/m² = 20$/m²

Mão de obra :
- Carpinteiro = 0,48h/m² ×1.200$/h = 576$/m²
- Servente = 0,32h/m² × 800$/h = 256$/m²

Materiais + equipamento + mão de obra =1.329 + 20 + 832 = 2.181$/m²

Note estes painéis serão utilizados mais de uma vez, normalmente


consideram-se 5 utilizações, dai:

Custo de fabrico = 2.181/5=436$/m²

Acossa - 28 -
Economia da Construção
Custo de montagem dos painéis

Materiais :
- Óleo de descofragem = 0,06l/m² × 300$/l =18$/
Mão de obra :
- Carpinteiro de toscos = 0,72h/m² ×1.200$/h = 864$/m²
- Servente = 0,48h/m² × 800$/h = 384$/m²
Custo de montagem =18 + 864 + 384 =1.266$/m²

Desmontagem e limpeza dos painéis para as próximas


utilizações incluindo arrumação.

Mão de obra :
Servente = 0,17h/m² × 800$/h =136$/m²
O custo total da cofragem e descofragem de sapatas =
439+1.266+136=1.841$/m²

3.2.3.1.3 Custo dos equipamentos

Existem duas formas de obter os custos de equipamento:

. Para uma dada obra;


. Para o conjunto de Empresa para um dado período.

Cálculo do custo horário do equipamento para uma dada obra

C T
Ceq = H

Custo total do equipamento

CT = CP × (1+ qeq )× T + Cm × t + Ccrc ×H + CTMD

CP = CP(AM; j; G; A; S)
CP = AM + S + J + G + A
AM = DT = VA - VR
N N

Acossa - 29 -
Economia da Construção

S = x%× VA
J = j%×IMA
G = g%×IMA
A = a'%×IMA
N+1 P
H=
IMA = 2N ×DT + VR ; rm

K Horas totais - horas de trabalho


eq = horas totais

.Se o manobrador do equipamento for especializado a parcela Cm*t na


equação do custo total do equipamento será substituída por:

C'P ×(1 + q') × T

O valor de q’ é normalmente igual a zero, onde trata-se de um


eventual parâmetro de imobilização do manobrador.
Exemplo prático de cálculo de custo dos equipamentos.

Dados:

- Caterpillar 416C (Retroexcavadora – Carregadora)


- VA = 12.500.000 contos
- VR = 20% VA
- Vida útil = 10.000 horas
- Estimativa de trabalho/ano = 2.500 horas
- Consumo = 8 l/h
- Reparações - gastos(5% VA) = 1000 horas
- Filtros, Óleos, ....= 250contos/1000horas
- Reparação semestral (Mão de obra) = 125 contos
- K= 10%
- s + g + a’ =3% IMA
- j = 6%
- Manobrador especializado com vencimento mensal de
115.000$/mês
- CTMD/ano = 175 contos

Acossa - 30 -
Economia da Construção
Resolução:

1) Cálculo dos custos unitários do equipamento.

Cp = AM + J + A + S
DT
Cp = N + j * IMA + (g + s + a' ) * IMA
DT =12.500.000$ − 0,20 *12.500.000$ =10.000.000$
= 10.000horas =
N 4anos
2500horas / ano

N +1 4 +1
IMA = VR + * DT = 0,20 *12.500.000$ + *10.000.000
2N 2 * 4 IMA = 8.750.000$

DT
Cp = N + ( j + g + s + a' ) × IMA
10.000.000$
Cp = + (0.06 + 0.03) × 8.750.000$
5
Cp = 2.786 contos / ano

Neste caso como trata-se de um condutor especializado, substituo


a parcela Cm*t por C’p*T*(1+q’).

Cp' (manobrador) = (1+ E) × nº meses × Vencimento mensal


Cp' (manobrador) = (1+1,3086) ×12 meses ×115.000$ / mês
Cp' = 3.186 contos / ano
Ccrc = Cc + Ccr
250.000$
Cc = 8l / h ×130$ / l + =1.290$ /
h 1000h
0,09 ×12.500.000$ 125.000$
Ccr = + = 750$ / h
1000h 1000h
Ccrc =1.290 + 750 = 2.040$ / h
CTMD =175 contos

Acossa - 31 -
Economia da Construção
2) Cálculo das equações do equipamento

CT (T , P) = a × T + b × P + c
a = (1 + q) × Cp + (1 + q') × Cp'
a = (1 + 0.1) × 2.786 + 2.040 × (1 + 0) = 5.104,6 contos /
ano b = Ccrc = 2.040$ / hora
rm rm
c = 175 contos / ano

O valor de rm depende do tipo de trabalho a executar, e neste


caso desconhecendo-se, considerar-se-á P = H*rm ,dai:

CT (T , P) = a × T + b × P + c
CT (T , H ) = a × T + b × H × rm + c
CT (T , H ) = 6.904,6 × T + 2,040 × H + 175 (contos)
C (T , H ) 6.904,6 × T + 175
Cm.u.t (T , P) = T = + 2,040 (custos / hora)
H H
Para período de permanência e de trabalho nas obras de 1 ano e de
2000 horas respectivamente, teremos:

CT (1,2500) = 6.904,6 ×1 + 2,040 × 2500 + 175


CT (1,2500) = 12.179,6 contos
= CT (1,2500) = 12.179,6 =
Cm.u.t 4,872 contos / hora
H 2.500
C.m.u.t = 4,872 contos / hora

3.2.3.2 Custos Indirectos

Custos indirectos custos associados a vida de uma Empresa e que


não são directamente imputáveis às obras, estes custos podem se
agrupar da seguinte forma:

3.2.3.2.1 Custos de estrutura da Empresa

. Vencimento do pessoal administrativo não técnico,


. Honorários de consultores especializados,
. Gasto de exploração e manutenção da sede social,
. Vencimentos de direcção da Empresa,

Acossa - 32 -
Economia da Construção
. Amortizações e conservação do mobiliário e equipamento
social, . Despesas do consumo corrente,
. Amortização e consumo de viaturas ao serviço de direcção geral e
pessoal não técnico,
. Seguros de pessoas e bens,
. Encargos financeiros,
. Despesas comerciais,
. Contribuições, impostos e taxas (normalmente não imputáveis as
obras).

3.2.3.2.2 Custos industriais

Custos de todas as secções não directamente produtivas que


asseguram a função técnica da Empresa, ou seja:

- Vencimento do pessoal técnico não directamente ligado às obras,


- Encargos de amortização e exploração de viaturas do pessoal
técnico,
- Despesas gerais do estaleiro central,
- Patentes e licenças,
- Despesas com o pessoal da Empresa encarregado do estudo e
apresentação das propostas,
- Gastos com a adjudicação, garantias bancarias, aquisição de
projectos,
- Encargos financeiros resultantes do contrato.

3.2.3.2.3 Custos de estaleiro

Custos de estaleiro custos imputáveis a uma dada obra, mas que


não podem ser imputadas às tarefas do orçamento.

Essas despesas incluem:

. Vencimento do pessoal dirigente, controlador e condutor de obras, .


Vencimento do pessoal dos serviços auxiliares afectos à obra,
. Equipamentos que realizam certas tarefas diferentes ao longo do
dia (Dumper, grua,...)
. Despesas ligadas à exploração do estaleiro:

Acossa - 33 -
Economia da Construção
. Aluguer de instalações fixas,
. Água, luz, telefone,
. Cavaletes ou equipamento similar,
. Construção de redes de abastecimento de água, luz, telefone,
esgotos,
. Construção e manutenção de vias de acesso e comunicação
interna, . Vedações.

É importante salientar que os custos com estruturas produtivas de


Empresa incluídos ou não no estaleiro, e que comportam dentro da
Empresa como autênticos subempreiteiros não são incluídos nos
custos de estaleiro mas sim nos custos directos.

Em qualquer dos casos essas estruturas funcionam como centros de


custos autónomos que em cada ano deverão ter resultados nulos e
debitam às obras os seus serviços sejam eles produtivos ou de apoio
(montagem ou manutenção).

3.2.3.3 Dimensionamento da margem de lucro e risco

O valor que afecta o montante global do orçamento de modo a incluir


o montante global e o risco decorrente do investimento a realizar ao
longo de execução da obra até que as receitas ultrapassem as
despesas.

O preço de venda de uma tarefa

PV = Cd + Ci + Ce + L

O cálculo do preço de venda será efectuado em função do custo


directo.
CE
Ce = α × Cd; α = CD

Ci = β ×(Ce + Cd)
Ci
ant.
β=
∑(CEant. + CDant.)

Acossa - 34 -
Economia da Construção
L = γ ×PV

Dai ;
PV = Cd + β ×(Ce + Cd) + α × Cd + γ ×PV

Finalmente ter-se-á:

PV =1+ α + β + α ×β ×Cd ; onde o coeficiente do custo directo


1 α
representa o valor de capa, vulgarmente conhecido em trabalhos de
orçamentação.

Assim sendo;

PV = K ×Cd

Cálculo do preço de venda de fornecimento e assentamento de


2
parede de tijolo de 7 em divisórias interiores(m ).

Dados:

Tijolo 30x20x7 =46,00$


Argamassa ao traço1:4=Cimento/areia(betoneira, servente)
3
Água=150,00$/m
3
Cimento=25,00$/m
3
Areia=3100,00$/m
3
Rendimento médio=1Hh/ m (1+1)
Alfa=beta
α=β=γ=10%
Resolução:

Passo1: Análise tecnológica

. Primeiras fiadas,
. Panos,
. Padieiras.

Acossa - 35 -
Economia da Construção

Passo2: Decomposição de recursos elementares

Materiais Mão de Obra

Tijolo 30x20x7 (un/ m2) Oficial (hof / m2)

Argamassa (m2/ m2) Servente(hs / m2)

Equipamento
Nota : ferramentas incluídas nos enc arg os

Passo 3: Cálculo de rendimentos e custos

Dai, ren dim ento da arg amassa será :


= 0,0022×18 = 0,022 m3 / m2
1
Re n dim ento do oficial = 2 ×1= 0,5 hof / m2

1
Re n dim ento do servente = 2 ×1= 0,5 hof / m2

Custo da arg amassa :


357 kg de cimento / m3 = 357×25,00 / kg = 8.925,00$ / m3
1,02 m3 de areia / m3 =1,02×3100,00$ / m3 = 3.162,00$ / m3
0,65 h / m3 de betoneira = 0,65×500,00$ / m3 = 325,00 / m3

Servente =1,30×800,00$ / m3 =1.040,00$ / m3


Condutor manobrador de maquinas = 0,65×1200,00$ / m3 = 780,00$ / m3
Total do custo da argamassa =14.232,00$ / m3

K =1+ α + β + α × β =1+ 0,10 + 0,10 + 0,01 =1,34


1 α 1 0,1

Acossa - 36 -
Economia da Construção
Passo 4: Preço de venda da tarefa

PV = K × cd =1,34×2.141,10
PV =19.070,88$

3.2.3.4 Imposto sobre o valor acrescentado

Todos os orçamentos deveram ser afectados de uma percentagem


relativa ao IVA valor que varia de pais para pais sendo o actualmente
usado em Moçambique de 17%. Para esse efeito e de modo a não
haver duplicação deverá ser deduzido ao valor de todas as facturas
de materiais e mão de obra o valor do IVA pago aos fornecedores.
Naturalmente que o orçamento deverá, no entanto prever sempre o
IVA separadamente e calculado no final da sua elaboração.

3.3 Preparação da obra


Durante o período compreendido entre a adjudicação e o arranque
de uma obra deve ser realizada uma série de funções de
preparação, de forma a que a realização da obra decorra da melhor
forma possível, alcançando os objectivos pretendidos.

3.3.1 Revisão do orçamento comercial

É uma operação que consiste na análise mais detalhada do


orçamento comercial ou de concurso apresentado ao cliente e que
esteve na base do contrato.

. Corrigem-se as medições (quando a empreitada é por preço


global) . Actualizam-se e corrigem-se os preços unitários das
tarefas, . Encontram-se as tarefas omissas.

3.3.2 Estudo dos métodos de trabalho

De forma a definir os métodos e processos a utilizar, através da


análise de alternativas.

Acossa - 37 -
Economia da Construção
3.3.3 Preparação de trabalho

Em que se incluem por, por exemplo, pormenorização de cofragens,


armaduras, cantarias, carpintarias, elementos pré-fabricados, etc.

3.3.4 Organização do estaleiro

Estudo dos equipamentos e instalações a implantar no estaleiro,


suas inter-relações, e dimensionamento de infra-estruturas de
estaleiro, tendo em conta os pressupostos do orçamento comercial
para evitar criar sobrecustos.

3.3.5 Orçamento para a produção

É o orçamento reincluíndo a avaliação o mais correcta possível das


tarefas, e respectivas quantidades e preços unitários
independentemente de haver ou não acordo do dono da obra para
os erros e omissões apresentados.

3.3.6 Mapa de produção

É um documento que resulta da decomposição das tarefas de


orçamento da produção em materiais, mão de obra, equipamentos,
subempreitadas eventualmente afectando cada recurso ao tempo.

. Listagem de recursos a utilizar na obra e respectivas quantidades a


partir de desagregação em recursos do orçamento de produção; .
Escolha e individualização das subempreitadas;

. Planeamento das tarefas o que implica a sua indexação percentual


ao calendário o que permite a realização de gráfico recurso-tempo.

3.3.7 Previsão de custos

A previsão de custos resulta do mapa de produção tendo em conta


os encargos financeiros a efectuar aos custos próprios ou de
pagamento de subempreitadas.

Acossa - 38 -
Economia da Construção
3.3.8 Previsão de receitas

O orçamento incluído na proposta deu origem a um cronograma


financeiro, é nesta fase que surge a necessidade de analisar a
exequibilidade do cronograma de modo a poder estimar as receitas
da empreitada de uma forma realista, dai se refaz um novo
cronograma financeiro.

3.4 Controlo de custos


3.4.1 Objectivo

A finalidade de controle de custos é manter a obra dentro dos


objectivos programados, durante o tempo da sua execução,
desencadeando acções de modo a que ela permaneça dentro dos
parâmetros estabelecidos e originando o processamento de
alterações quando necessário. Cumprindo assim:

- Estimular a pesquisa de soluções técnicas compatíveis com a


qualidade adequada, conseguindo-se desta forma dar ao cliente o
valor do dinheiro;

- Detectar e corrigir desvios entre a situação planeada e a real,


através de um processo cíclico, alcançando-se o balanço
pretendido de despesas entre as várias partes da obra;

- Dar conhecimento periódico do custo actual e do custo final


previsto do empreendimento durante todo o tempo da execução
do projecto, mantendo-se as despesas dentro da quantia
permitida pelo cliente.

As acções a serem tomadas durante a execução da obra tendo como


objectivo o controle de custos, são fundamentalmente as seguintes:

- Comparação dos preços do orçamento de produção com os


preços de custos reais dos equipamentos, materiais, mão de obra,
e subempreitadas;

Acossa - 39 -
Economia da Construção
- Comparação das listas dos materiais considerados no orçamento,
com as listas de materiais finais;

- Relatórios periódicos, normalmente mensais, que mostram a


situação económica da obra e ao mesmo tempo comparam o
valor do orçamento com o custo total previsto do projecto;

- Controle do progresso da obra, em relação a cada actividade e


por dia e semana de trabalho;

- Actualização do controlo de custos da obra com as alterações


aprovadas pelo cliente;

- Informar ao sector de gestão das obras em que actividades


específicas o valor do orçamento será ultrapassado e quantificar
esse valor;

- Definir e informar ao sector de gestão de obras, se as acções


correctivas efectuadas são eficientes.

3.4.2 Princípios de controle de custos

• Existência de uma estrutura de referência;

Estabelecimento de uma 1ª estimativa;


Planeamento da forma como esta estimativa será
gasta nos elementos constituintes da obra.

• Existência de um método de verificação;


• Existência de meios de acções correctivas.

3.4.3 Técnica de controlo de custos

O controle de custos não deve se restringir na comparação dos


custos do realizado com o previsto, devendo se dispor após a análise
detalhada dos custos de parâmetros que baseando-se nos quais
poderemos justificar qualquer decisão a tomar. Existem varias

Acossa - 40 -
Economia da Construção
técnicas para este efeito e que para a presente abordagem usarei a
técnica de indicadores de concretização percentual.

Os indicadores de concretização percentual são rácios que


permitem verificar se o avanço real em relação ao avanço
programado é positivo ou negativo.

Este avanço pode com esta técnica ser analisado quer ao nível de
prazo, ou custo; obtendo-se assim um indicador de avanço e um
indicador de custo, respectivamente.

É sempre conveniente em qualquer análise salvaguardar a


importância do binómio tempo-custo, dai uma decisão tomada a
partir duma conclusão baseada num indicador conjugado de tempo e
custo seria mais credível, surgindo desta forma o índice de situação.

O índice de situação é uma medida do progresso alcançado pelo


dinheiro despendido. Consequentemente este pode ser entendido
como uma razão entre a saída e a entrada.
Avanço Orçamento
Avanço programado × Dispêndios Re ais = Índice de situação

Í i i
Índice de situação
Observações
1,3 em diante Possibilidade de recursos
excessivos
1-1,2 Gama de variação normal
0,9 Pode requerer mais recursos
0,8 Pode requerer mais recursos
0,7 Pode requerer mais recursos
0,6 Requerida actuação imediata da
gestão

O índice de situação pode ser aplicado a qualquer nível de detalhe


no projecto quer para uma dada actividade quer para todo o projecto,
em que os valores das variáveis acima citadas podem ser
identificadas e substituídas na equação. Este índice permite ainda
prever o custo até à finalização do projecto.

Acossa - 41 -
Economia da Construção
A principal característica de um controlo de custos deve ser a
rapidez, pois , caso contrário, limitar-se-á a uma acção passiva,
determinando os desvios, mas não actuando a tempo de os corrigir.
Essa rapidez deve ser considerada como prioritária mesmo, como
consequência se obtenham resultados apenas aproximados.

Exemplo prático do uso da técnica de controlo de custos.

Dados:

Avanço programado=10 meses


Avanço=13 meses
Orçamento=4,028 mil contos
Dispêndios reais=6,613 mil contos

~ Avanço Orçamento
Índice de situaç a o = Avanço programado ×Dispêndios reais

~ 13× 4,028
Índice de situaç a o = 10 × 6,613 = 0,79 0,8

Índice de situação = 0,8

O valor obtido mostra a necessidade em obra de mais recursos,


donde podem admitir-se as seguintes causas:

Deficiências no aprovisionamento da obra;


Falta de motivação do Pessoal afecto a obra ou;
Elevado índice de perda dos recursos.

Desta forma, com base nestas conclusões tiradas a partir do índice


de situação, o sector de controlo de custos poderá informar ao
director da obra a situação económica a que esta se encontra,
podendo-se definir medidas correctivas.

Acossa - 42 -
Economia da Construção

4 ENGENHARIA ECONÓMICA. VIABILIDADE


DE EMPREENDIMENTOS
4.1 Introdução
A escassez de recursos frente às necessidades ilimitadas das
empresas faz com que cada vez mais se procure optimizar a
utilização de tais recursos.

Estudos sobre a Engenharia Económica iniciaram nos Estados


Unidos em 1887, quando Arthur Wellington publicou seu livro “The
Economic Theory of Railway Location”, um texto que sintetizava
análise de viabilidade económica para ferrovias.

Engenharia Económica é importante para todos que precisam de


decidir sobre propostas tecnicamente correctas, e seus fundamentos
podem ser utilizados tanto para empresas privadas como para
estatais.

Todo o fundamento de Engenharia Económica se baseia na matemática


financeira, que se preocupa com o valor de dinheiro no tempo.

Pode-se citar como exemplos de aplicação:

• Efectuar o transporte de materiais manualmente ou comprar


uma correia transportadora;
• Fazer uma rede de abastecimento de água com tubos grossos
ou finos;
• Substituição de equipamentos obsoletos;
• Comprar carro a prazo ou à vista.

4.2 Princípios básicos para um estudo económico


a) Devem haver alternativas de investimentos;
b) As alternativas devem ser expressas em dinheiro;
c) Só as diferenças entre alternativas são relevantes;

Acossa - 43 -
Economia da Construção
d) Sempre são considerados os juros sobre o empregado;
e) Nos estudos económicos o passado não é considerado;
interessa-nos o presente e o futuro.

4.3 Critérios de aprovação de um projecto

a) Critérios Financeiros: Disponibilidade de recursos;


b) Critérios económicos: Rentabilidade do investimentos;
c) Critérios imponderáveis: Factores não convertíveis em dinheiro.

Nesta disciplina a principal questão que será abordada é quanto a


rentabilidade de investimento.

4.4 Conceitos Básicos de Matemática Financeira


Matemática financeira é o ramo da matemática que tem como
objecto de estudo o valor do dinheiro ao longo do tempo.

4.4.1 Juros, capital, montante

Capital é o valor aplicado através de uma transação financeira. Nas


operações de crédito pode ser denominado como principal, podendo
ser ainda tratado por valor actual, valor presente ou valor aplicado. É
sobre este que incidem todos encargos financeiros, conhecidos por
juros.

Juros representam a remuneração do capital empregado, seja pelo


Banco seja pela Empresa. Quando você aplica um capital em algo, está
tomando uma decisão de adiar um consumo ; Assim você espera de
alguma forma receber um prémio por ter deixado de consumir e ter
poupado. Esse prémio é representado pelo juro que você recebe, caso
aplique num banco ou empreste o dinheiro a um amigo.

Montante é a soma do capital com os juros. Pode também ser


chamado de valor futuro(capital empregado mais à soma dos juros
no tempo correspondente).

Acossa - 44 -
Economia da Construção
4.4.2 Juros simples

São calculados apenas sobre o principal. O valor destes juros pode


ser calculado usando a seguinte fórmula:

j = P ×i×n
j..Juros
P...Pr incipal
i...taxa de juros
n..numero de periodos

O valor que se tem depois do período de capitalização, designado de


valor futuro, é calculado usando a seguinte fórmula:

F=P+j
F = P + P ×i×n
F = P ×(1+ i×n)

4.4.3 Juros compostos

Após cada período, o valor dos juros é incorporado ao principal,


passando a render juros no período seguinte. A fórmula é deduzida
abaixo:

Periodo1
F = P + P ×i = P ×(1+ i)
1
Periodo 2
2
F = F + F ×i = P ×(1+ i) 1 1 1
Periodo 3
3
F3 = F2 + F2 ×i = P ×(1+ i)
Periodo n
n
Fn = Fn 1+ Fn 1×i = P ×(1+ i)
Na fórmula acima pode se constatar que para o primeiro período o
juros simples é igual ao juros composto.

Acossa - 45 -
Economia da Construção
4.4.4 Comparação entre juros simples e juros compostos

Exemplo: Para um capital de 50.000,00 MZM aplicado a 15% a.a.


durante quatro anos, qual o valor futuro para os casos de
considerarmos juros simples e juros compostos?

Fim do ano Juros simples Juros compostos


0 50000 50000
1 57500 57500
2 65000 66125
3 72500 76043.75
4 80000 87450.31

Analisando a tabela pode se concluir que a aplicação de um capital a


juros compostos é mais rentável que uma aplicação a juros simples.

Observações:

I. O uso de juros simples não tem merecido grande atenção em


vários estudos económicos, pois as empresas, orgãos
governamentais e investidores particulares, costumam reinvestir
as quantias geradas pelos fluxos de fundos:

. Juros, no caso de empréstimos.


. Lucros e depreciações, nas demais situações.

Assim sendo, na prática empregam-se os juro composto.

II. A metodologia de análise de investimentos baseia-se em juros


compostos para estabelecer padrões de comparação; os casos em
que não há reinvestimento podem ser tratados como reinvestimento
à taxa nula e analisados pelos mesmos princípios.

4.4.5 Fluxo de caixa e simbologia

Acossa - 46 -
Economia da Construção
Fluxo de caixa é a apreciação das contribuições monetárias(entradas
e saídas de dinheiro) ao longo do tempo a uma caixa simbólica já
constituída. Pode ser representada de uma forma analítica ou gráfica.

Diagrama de fluxo de caixa é uma representação dos fluxos de


dinheiro ao longo do tempo. Graficamente, emprega-se uma linha
horizontal representando o tempo, com vectores identificando os
movimentos monetários, adoptando-se convenções cartesianas:
fluxos positivos para cima e negativos para baixo. São considerados
fluxos negativos as despesas em geral, a aplicação de dinheiro, o
custo de aplicações ou as parcelas que foram deixadas de receber.

Diagrama de fluxo de caixa

Entradas (Receitas)

Tempo
dias, meses, anos

Despesas operacionais, manutenção, etc

Os fluxos de caixa são construídos para dar apoio a decisões


empresariais, estudar aplicações de resíduos de caixa de
permanência temporária e servir de base para a obtenção dos
indicadores necessários para a análise financeira.

4.4.6 Relações de equivalência


4.4.6.1 Série uniforme
4.4.6.1.1 Relação entre valor actual e série uniforme

Achar o valor presente de uma série uniforme e vice-versa. Isto


permitirá resolver problemas de determinação de prestações
mensais.

Acossa - 47 -
Economia da Construção
A A A A
P = (1+ i) + A + + +....
( (1+ i)3 (1+ i)4 (1+ i)n
1
+
2 P = A ×(P / A;i;n)
i)
n
(1+ i) -1
P=A× ; A = P ×(A / P;i;n)
i×(1+ i)n
n
i×(1+ i)
A=P×
[(1+ i)n -1];
4.4.6.1.2 Relação entre valor futuro e série uniforme

Obtenção de um montante a partir de uma série uniforme de


pagamentos, e vice-versa. Um exemplo é o caso de depósitos
programados.
A A A A A
F= + + + +...+ +A
(1+ i)n 1 (1+ i)n 2 (1+ i)n 3 (1+ i)n 4 (1+ i)
F = A ×(1+ (1+ i) +...+ (1+ i)n 2 + (1+ i)n 1

n
F= A × (1+ i) -
F = A ×(F / A;i;n)
1; i
i
U=F× ; A = F ×(A / F;i;n)
(1+ i) -1 n

4.4.6.1.3 Série gradiente uniforme

Definida como sendo uma série de pagamentos (ou recebimentos)


G, 2G, .....(n-1)G, que se inicia no período n.

Facilita a comparação económica de alternativas em que é desejável


formular um método de obtenção de uma série uniforme equivalente
de um número de pagamentos que aumenta numa progressão
aritmética.

No caso de equipamentos mecânicos, por exemplo, a experiência


monstra que o custo de manutenção tem uma tendência de aumento
em cada ano que passa. Embora o aumento pode não ser constante

Acossa - 48 -
Economia da Construção
de ano em ano pode se assumir como sendo aproximado a um
gradiente uniforme equivalente, o que no entanto facilitará a
conversão numa série uniforme equivalente.

Relações de equivalência envolvendo séries gradiente uniforme

G nG
A= i i (A / F,i%,n) = G×(A / G,i%,n)
n
P = G× (1+ i) -1- n×i
2 n
i ×(1+ i)
n
F = G × (1+ i) -1- n×G
i i i

4.4.6.1.4 Séries Perpétuas

Estas séries também chamadas infinitas ou custo capitalizado, tem,


estes nomes por possuírem um grande número de períodos. Este é
um facto comum em aposentadorias, mensalidades, obras públicas,
etc.

O valor presente da série uniforme infinita, é:

(1+i)n 1
P=A
(1+i)n ×i
(1+i)n 1
P = lim A×
n→ ∞ (1+i)n ×i
1 1
P = A ×limn→ ∞ i (1+i)n ×i
1

P=A×i
Custo capitalizados = P+A/i

Acossa - 49 -
Economia da Construção
Exemplo:

Quanto deverei depositar em um fundo com a finalidade de receber


para sempre a importância anual de 12000$, considerando ser a taxa
de juros igual a 10%.

Resolução:

A=12000$
I=10%
P=?

1 1
P=A× i =12000 × 0,10 ;
P =120000$; Resposta : O depósito deverá ser de 120000$

4.4.7 Considerações sobre taxa de juros


4.4.7.1 Taxa nominal e taxa efectiva

Taxa nominal é aquela consignada nos contratos relativos a


operações financeiras. É também conhecida como taxa oferecida ou
taxa contratada.

Neste tipo de taxa emprega-se uma unidade de tempo que não


coincide com a unidade de tempo dos períodos de capitalização. A
taxa é quase sempre fornecida em termos anuais.

Exs: 5% ao ano capitalizáveis trimestralmente


Período da taxa: 1 ano
Período de capitalização: trimestral
Note: O período de capitalização é diferente do período da taxa.

Taxa efectiva é a taxa ajustada ao prazo correspondente.

Ex: 30% ao ano capitalizáveis anualmente


Note: Neste caso o período de capitalização é igual ao período da
taxa.

Acossa - 50 -
Economia da Construção
Quando trabalhamos com a taxa efectiva omitimos o seu período de
capitalização.

Ex. 10% ao ano. Neste caso considera-se que o período de


capitalização também é de um ano.

A distinção entre a taxa efectiva e a taxa nominal é de extrema


importância. Em situações envolvendo empréstimos ou financiamentos,
por exemplo, a taxa que figura nos contratos é geralmente a taxa
nominal, que não pode ser considerada nos critérios de decisão.

4.4.7.2 Conversão de uma taxa para outra

O esquema abaixo permite visualizar um modelo através do qual se


pode demonstrar a forma mais simples da transformação das taxas,
usando as fórmulas adequadas.

TEP = TN ; i .... período de capitalização


m
m
TEF = (1+ TEP) 1
1
TEP = (1+ TE)m 1

4.4.7.3 Factores que determinam a existência dos juros

4.4.7.3.1 Inflação (desgaste da moeda)

Diminuição do poder aquisitivo da moeda, exige que o investimento


produza retorno maior que o capital investido.

Acossa - 51 -
Economia da Construção
4.4.7.3.2 Causas da inflação

As causas podem ser diversas mas, de um modo geral, é possível


afirmar que aumento de meios de pagamento sem um
correspondente aumento de produção gera inflação.

Uma das causas é o déficit público, ou seja despesas geradas por


serviços ineficientes ou improdutivos, excesso de funcionários, a
maioria preguiçosos, corrupção, despesas com obras públicas sem
sentido.

As teorias sobre a inflação, além dessa explicação, são muitas e


mais complexas, porém, mais importante do que conhecer seu
mecanismo é saber conviver com ela, ou melhor sobreviver com ela.

É importante num período inflaccionário que uma empresa, ou


mesmo pessoa física, não sofra perdas de capital-descapitalização.

Em geral a inflação é medida por alguns índices obtidos a partir de


grupos de preços aos quais se aplicam coeficientes. Usa-se
usualmente a expressão cesta básica para designar esses
conjuntos de bens seleccionados para compor o índice.

Esses índices são fundamentais para o reajustamento dos preços,


isto é, a partir dos índices obtêm-se os preços depois de um período.

(1+ i´) = (1+ f)×(1+ i)

i...taxa de juro
f...taxa de inflação
i´...taxa de juro com a inflação embutida

Exemplo
I=15% ao mês
F=2% ao mês
I´=?

Acossa - 52 -
Economia da Construção
4.4.7.3.3 Utilidade

Investir significa deixar de consumir hoje para consumir amanhã, o


que só é atractivo quando o capital recebe remuneração adequada,
isto é, havendo preferência temporal para consumir, as pessoas
querem uma recompensa pela abstinência do consumo. O prémio
para que não haja consumo é o juro.

4.4.7.3.4 Risco

Existe sempre possibilidade do investimento não corresponder às


expectativas. Isso deve-se ao facto de o devedor não poder pagar o
débito, o tempo de empréstimo (as operações de curto prazo são
menos arriscadas) e o volume do capital emprestado. Pode-se
associar ao acréscimo na taxa de pelo maior risco, como sendo um
seguro que o ofertante de fundos cobra para assumi-los.

4.4.7.3.5 Custo de Oportunidade

A diferença de valores entre duas taxas de juros, provindas de


alternativas económicas diferentes de investimento, constitui, para a
alternativa aceite e de menor valor, uma taxa de juros chamada de
custo de oportunidade. Admitindo que os bancos pagam 20% ao
ano juros, manter uma quantia qualquer de dinheiro sem investi-lo
incorre-se num custo de oportunidade de 20% ao ano que este
dinheiro deixa de render.

Se existir uma outra oportunidade de investimento que renda 50% ao


ano, o custo de oportunidade de manter o dinheiro sem investi-lo
será de 50%, e de pôr o dinheiro no banco será de 30%.

O custo de oportunidade é um conceito relativo e depende das


possibilidades de investimento existentes. Constitui o que se “paga”
por não se preferir a oportunidade de maior rendimento.

Acossa - 53 -
Economia da Construção
4.4.8 Vida Útil

É um período de tempo durante o qual um bem(móvel ou imóvel)


pode ser empregado em produção de outros bens de serviços e após
o qual deve ser substituído.

Esta substituição deve ser feita por:


i) Obsolescência ou desactualização tecnológica, que pode
resultar em menor produtividade ou qualidade inadequada dos
produtos;
ii) Antieconomicidade devida a funcionamento precário e paradas
frequentes para manutenção e reparos.

Existem vários métodos para definir o fim da vida útil de um


equipamento, mas em geral se fixa esse período em função das
características gerais do equipamento e condições de serviço.

Exemplo:

- Equipamentos fixos, como centrais de betão, de asfalto, de


solos: Dez anos;
- Camiões basculantes, serviço pesado: dois anos;
- Camiões, serviço médio: Cinco anos;
- Equipamento de pequeno porte(vibradores): Um ano.

4.4.9 Valor residual

É o valor do bem no fim da vida útil. É o valor de venda como bem


usado ou sucata.

Geralmente o valor residual de equipamentos e imóveis é fixado


entre 10% e 20% do capital inicial equivalente ao custo de aquisição.

4.4.10 Depreciação

É a perda de valor de um bem ao longo da vida útil. Para que a


diferença entre o capital inicial e o seu valor residual não se perca,
os serviços prestados por um bem devem ser onerados com a

Acossa - 54 -
Economia da Construção
depreciação. Cobrando-se a depreciação do serviço executado,
forma-se um fundo que no final da vida útil deve ser igual à
depreciação. Este fundo adicionado ao valor residual, repõe o bem.

4.5 Análise de alternativas de investimentos

4.5.1 Generalidades

Após a classificação dos projectos tecnicamente correctos é


imprescindível que a escolha considere aspectos económicos. E é a
engenharia económica que fornece os critérios de decisão, para a
escolha entre as alternativas de investimento.

Infelizmente nem todos métodos utilizados são baseados em


conceitos correctos. Por esta razão é muito importante ter cuidado
com uso de alguns destes métodos, e principalmente, conhecer suas
limitações.
Neste curso será estudado três métodos de avaliação, a saber:

. Método Life-Cycle-Cost (LCC)


. Método dos Benefícios Líquidos (BL)
. Método da Taxa Interna de Rentabilidade (TIR)

4.5.2 Taxa Mínima de Atractividade

Os métodos de avaliação económica que serão apresentados, para


efeito de avaliar méritos de alternativas para investimento,
apresentam como principal característica o reconhecimento da
variação do valor do dinheiro no tempo. Este facto evidencia a
necessidade de se utilizar uma taxa de juros quando a análise for
efectuada através de um deles. A questão é definir qual será a taxa a
ser empregada.

A TMA é a taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo


ganhos financeiros. Existem grandes controvérsias quanto a como
calcular esta taxa. Alguns autores afirmam que a taxa de juros a ser
usada pela engenharia económica é a taxa de juros equivalente à maior
rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Uma

Acossa - 55 -
Economia da Construção
proposta de investimento, para ser atractiva, deve render, no mínimo,
esta taxa de juros.

Outro enfoque dado a TMA é a de que deve ser o custo de capital


investido na proposta em questão, ou ainda, o custo de capital da
empresa mais o risco envolvido em cada alternativa de investimento.
Naturalmente, haverá disposição de investir se a expectativa de
ganhos, já deduzido o valor do investimento, for superior ao custo de
capital. Por custo de capital, entende-se a média ponderada dos
custos das diversas fontes de recursos utilizadas no projecto em
questão.

4.5.3 Critérios Económicos de Decisão

4.5.3.1 Método Life-Cycle-Cost (LCC)

O método LCC é usado para realizar escolhas com base da eficácia do


custo. A ênfase é na eficácia do custo porque o Método LCC é usado
para analisar alternativas que competem primariamente na base dos
custos. Assim são definidos padrões de desempenho a satisfazer, e
somente são consideradas no estudo (LCC) as alternativas que
satisfazem esses padrões. Uma vez seleccionadas as alternativas (que
satisfazem os padrões estabelecidos) é calculado o LCC associado
com cada alternativa; a alternativa com LCC mais baixo será a solução
mais eficiente do ponto de vista de eficácia do custo.

Se as receitas e outros benefícios predominam sobre os custos,


então um dos outros métodos económicos será mais adequado do
que o LCC.
O LCC é dependente da TMA como se pode ver da sua fórmula.
Essa dependência pode ser expressa da seguinte forma:

∆LCC
< 0; quanto maior for a taxa mínima de atractividade menor será o
LCC ∆d

Desta forma no contexto da selecção de alternativas múltiplas com


cash-flows diferentes com base no critério método LCC é crucial a
escolha da taxa mínima de atractividade.

Acossa - 56 -
Economia da Construção
4.5.3.1.1 Valor Anual Equivalente (VAELCC)

Usado na maioria dos casos para comparar alternativas com


períodos de vida diferentes, caracteriza-se pela transformação de
todos os fluxos de caixa do projecto considerado, numa série
uniforme de pagamentos, indicando desta forma o valor do custo por
período (para o caso do LCC), oferecido pelo investimento. É
também chamado de valor anual uniforme.

Como geralmente, em estudos de engenharia económica a


dimensão do período considerado possui magnitude anual, foi
convencionada a adopção da terminologia valor anual.
Entre vários projectos só será atractivo aquele que apresentar o
menor VAELCC.

(**) Não se exclui a utilização em caso de alternativas com


mesmo período de vida útil.

Exemplo 1

A direcção de uma empresa de Manufacturação tem em estudo a


construção de um armazém. Sabe-se que as duas soluções técnicas
aceitáveis são de um edifício em betão armado com um custo inicial
de 2.000 contos ou de um edifício em estrutura Metálica com um
custo inicial de 1.350 contos. A vida útil do edifício em betão armado
é estimado em 60 anos e durante este período não se prevê
nenhuma manutenção nos primeiros 10 anos, sendo no período
subsequente necessária uma manutenção com um custo anual de 25
contos.

A vida útil doutra solução é estimada em 20 anos prevendo-se após


a conclusão do edifício uma manutenção com um custo anual de 30
contos. O valor residual do edifício em betão armado é estimado em
60 contos e para a estrutura metálica é de 20 contos. Uma taxa de
retorno aceitável é avaliada em 10% ao ano.

Recomende a melhor alternativa.

Acossa - 57 -
Economia da Construção
Resolução:

Alternativa A: Betão Armado


Diagrama de fluxo de caixa

Recuperação do capital:
=(P-VR)x(A/P,10%,60)+Vrxi
=(2.000.000,00-60.000,00)x0,1003+60.000,00x0,10
=200.582,00

Custo anual da manutenção:


=25.000,00x(P/A,10%,50)x(P/F,10%,10)x(A/P,10%,60)
=25.000,00x9,9148x0,3855x0,1003
=9.584,04

O custo anual de posse e manutenção será:


=200.582+9.584,04
=210.166,04

Alternativa B: Estrutura metálica

Diagrama de fluxo de caixa

Acossa - 58 -
Economia da Construção
Recuperação do capital:

=(P-VR)x(A/P,10%,20)+Vrxi
=(1.350.000,00-20.000,00)x0,1175+20.000,00x0,10
=158.275,00

Custo anual da manutenção:


=30.000,00

O custo anual de posse e manutenção será:


=158.275+30.000,00
=188.275,00

Resposta: Comparando o custo anual de posse e manutenção das


duas alternativas, conclui-se que a alternativa B é a mais viável
economicamente, sendo a que se deve recomendar.

Exemplo 2

Num estudo económico referente a construção de uma nova estrada,


a alternativa a ser estudada na base dos custos anuais equivalentes
consiste na execução de uma ponte com um custo de 1000 contos,
um aterro com um custo de 160 contos, e trabalhos de protecção de
taludes 28 contos.
A manutenção da protecção e dos aterros é estimado num custo
anual de 20 contos nos primeiros 4 anos de serviço, esperando-se
que baixe para 10 contos no período remanescente.

A manutenção da ponte espera-se que mantenha-se constante em


todo período da vida útil num custo anual de 50 contos.

Sabendo-se que a vida útil da ponte é estimada em 60 anos, a vida


útil da protecção e dos aterros é perpétua, e a taxa de retorno do
investimento é de 15% ao ano, qual é o custo anual uniforme
equivalente desta alternativa.

Resolução:

Acossa - 59 -
Economia da Construção
Diagrama de Fluxo de caixa

Valor anual equivalente do custo da construção da ponte:


=1.000.000,00x(A/P,15%,60)
=1.000.000,00x 0,15
=150.000,00

Valor anual equivalente do custo de execução dos aterros e das


obras de protecção:
=188.000,00x0,15 (série perpétua)
=28.200,00

Valor anual equivalente do custo de manutenção da ponte:


=50.000,00

Valor anual equivalente do custo de manutenção dos aterros e


das obras de protecção:
=10.000,00

Valor anual equivalente do excesso do custo de manutenção dos


aterros e das obras de protecção nos primeiros 4 anos de
serviço:

=10.000,00x(P/A,15%,4)x0,15

Acossa - 60 -
Economia da Construção
=10.000,00x2,8550x0,15
=4.283,00

Custo anual equivalente global da posse e manutenção da ponte


durante sua vida útil:

=150.000,00+28.200,00+50.000,00+10.000,00+4.283,00
=242.483,00

Exemplo 3

Um empreiteiro opera uma frota de camiões basculantes. Da


experiência do passado concluiu que um camião basculante tem
uma vida útil de 5 anos. Este equipamento tem um custo inicial de 10
contos e um valor residual de 800. O custo anual de manutenção de
cada camião equivale a 3 contos no primeiro ano, e aumenta em 500
em cada ano seguinte.

b) Se a taxa de juros é de 12% ao ano, qual é o custo anual


equivalente de posse e manutenção de cada camião
basculante?

Resolução:

Diagrama do fluxo de caixa

Custo anual equivalente para os 5 anos:


Recuperação do capital:
=(10.000-800)x(A/P,12%,5)+800xi
=9.200x0,2774+800x0,12
=2.648,08

Acossa - 61 -
Economia da Construção
Custo anual equivalente da
manutenção: =3.000+500x(A/G,12%,5)
=3.000+500x1,7746 =3.887,30

Total:
=2.648,08+3.887,30
=6.535,38

c) Aconselharia o empreiteiro a vender cada camião por 1,2


contos no final do quarto ano?

Para um melhor conselho, é necessário calcular o custo anual


equivalente para os quatro anos. Assim sendo, temos:

Custo anual equivalente para os 4 anos:

Recuperação do capital: =(10.000-


1200)x(A/P,12%,4)+1200xi
=8.800x0,3292+1200x0,12 =3.040,96

Custo anual equivalente da


manutenção: =3.000+500x(A/G,12%,4)
=3.000+500x1,3589 =3.679,45

Total:

=3.040,96+3.679,45
=6720,46

Acossa - 62 -
Economia da Construção
Resposta: Comparando o custo anual equivalente das duas
alternativas, conclui-se que será benéfico para o empreiteiro manter
o equipamento durante 5 anos.

4.5.3.1.2 Valor actual (valor presente): VALCC

Este método, também conhecido pela terminologia valor actual,


caracteriza-se, essencialmente, pela transferência para instante
presente de todas as variações de caixa esperadas, descontadas à
taxa mínima de atractividade. Em outras palavras, seria o transporte
para a data zero de um diagrama de fluxos de caixa, de todos os
recebimentos e desembolsos esperados (desembolsos para o caso
de LCC), descontados à taxa de juros considerada.

É usado com mais ênfase para comparação de projectos com igual


período de vida útil.

Dentre vários projectos no caso do método LCC, será atraente


aquele que tiver menor valor presente.

(**) Não se exclui a utilização em caso de alternativas com diferentes


períodos de vida útil, exigindo nesse caso um tratamento específico,
o que se verá em seguida.

4.5.3.1.2.1 Igual período de vida das alternativas

Exemplo1

Numa Mina de carvão propõe-se manter o método em uso para a


exploração deste recurso mineral, e que consiste no uso da mão de
obra intensiva. O custo anual em salários é de 78 contos, e com
outras despesas associadas a estes, o custo total da mão de obra
para o explorador ascende a 108 contos/ano. A extracção do carvão
projecta-se que dure 6 anos, e outros métodos alternativos de
exploração estão em estudo.

Acossa - 63 -
Economia da Construção
A primeira alternativa é comprar um equipamento A por 70 contos e,
como consequência, haverá uma redução do efectivo do pessoal. A
manutenção do equipamento estima-se numa média de 3 contos/ano
durante os 6 anos, no final destes terá um valor residual de 15
contos. O custo da mão de obra associada ao equipamento A
estima-se em 60 contos/ano.

A segunda alternativa é adquirir um equipamento B a um custo de


60 contos e que exigirá intervenções do agente nos finais dos anos 2
e 4 a custos de 30 e 28 contos respectivamente, e que os custos de
mão de obra associados a este são estimados em 48 contos/ano.

Se a taxa de juros de 10% ao ano é desejável no capital investido,


qual é o esquema mais económico recomendável.

Esquema 1

Valor presente do custo anual da mão de obra durante os seis


anos:
=10.000x(P/A,10%,6)
=108.000x4,3552
=470.362

Esquema 2

Custo de aquisição do equipamento A:


=70.000,00

Valor presente dos custos de manutenção e mão de obra:

Acossa - 64 -
Economia da Construção
=63.000x(P/A,10%,6)
=63.000x4,3552
=274.377,60

A subtrair: O valor presente do valor residual


= 15.000x(P/F,10%,6)
=15.000x0,56448
=8.467

Total=70.000+274.377,60-8.467
=335.910,60

Esquema 3

Custo de aquisição do equipamento


B =60.000,00

Valor presente da primeira intervenção do agente:


=30.000,00x(P/F,10%,2)
=30.000,00x0,82645
=24.794,00

Valor presente da segunda intervenção do agente:


=28.000,00x(P/F,10%,4)
=28.000,00x0,68302
=19.125,00

Valor presente dos custos anuais da mão de obra:


=48.000x(P/A,10%,6)
=48.000x4,3552
=209.050,00

Acossa - 65 -
Economia da Construção
Total=60.000,00+24.794,00+19.125,00+209.050,00
=321.969,00

Resposta: O esquema 3 ou seja a alternativa que visa a aquisição


do equipamento B, é a mais viável economicamente.

4.5.3.1.2.2 Diferentes períodos de vida útil das alternativas

No caso em que se torna necessário decidir propostas (alternativas)


de investimento cujos horizontes de planejamento são diferentes. Por
exemplo, consideremos a comparação entre duas propostas com
duração estimadas de 3 a 6 anos. Como será aplicado o capital
disponível depois do término do projecto mais curto, durante o
período compreendido entre os términos de ambos os projectos?

A solução válida para este problema requer que todas as


consequências das alternativas sejam levadas para um horizonte de
planejamento comum. Supõe-se, por exemplo, que se admita a
alternativa mais curta pode ser substituída ao fim de 3 anos por uma
outra idêntica.

O procedimento comumente adoptado para estes casos, é o


seguinte:

Calcula-se o menor múltiplo comum dos períodos de vida das


alternativas em estudo;
Repete-se os fluxos tantas vezes até atingir este tempo.

Desta maneira compara-se alternativas de diferentes durações numa


base temporal uniforme.

È importante ressalvar que o método anterior valor anual uniforme


(equivalente) já considera a repetição do investimento, tornando
desnecessária a utilização do procedimento mencionado.

Exemplo 1

Acossa - 66 -
Economia da Construção
A direcção de uma empresa de Manufacturação tem em estudo a
construção de um armazém. Sabe-se que as duas soluções técnicas
aceitáveis são de um edifício em betão armado com um custo inicial
de 2.000 contos ou de um edifício em estrutura Metálica com um
custo inicial de 1.350 contos. A vida útil do edifício em betão armado
é estimado em 60 anos e durante este período não se prevê
nenhuma manutenção nos primeiros 10 anos, sendo no período
subsequente necessária uma manutenção com um custo anual de 25
contos.

A vida útil doutra solução é estimada em 20 anos prevendo-se após


a conclusão do edifício uma manutenção com um custo anual de 30
contos. O valor residual do edifício em betão armado é estimado em
60 contos e para a estrutura metálica é de 20 contos. Uma taxa de
retorno aceitável é avaliada em 10% ao ano.

Recomende a melhor alternativa.

Resolução:

MMC(20,60)=60

Alternativa A: Betão Armado


Custo inicial da construção:
= 2.000.000,00

A subtrair: Valor presente do valor


residual =60.000,00x(P/F,10%,60)
=60.000,00x0,0033 =198,00

Capital equivalente no final do ano 10 da manutenção anual de


25.000,00 do ano 11 a ano 60
=25.000x(P/A,10%,50)
=25.000x(9.9148)
=247.870,00

Valor actual de 247.870,00 no final do ano 10:

Acossa - 67 -
Economia da Construção
=247.870,00x(P/F,10%,10)
=247.870x(0,3856)
=95.579,00

Valor presente dos pagamentos totais ao longo dos 60 anos:


=2.000.000,00-198,00+95.579,00
=2.095.381,00

Alternativa B: Estrutura Metálica

Custo inicial da construção:


= 1.350.000,00

Valor presente dos custos de


manutenção: =30.000,00x(P/A,10%,60)
=30.000,00x9,9671 =299.013,00

Valor presente dos custos de renovação no final do ano 20 e 40:


=1.350.000,00x [(P/F,10%,20)+(P/F,10%,40)]
=1.350.000x0,1707
=230.445,00
A subtrair: Valor presente do valor residual:
=20.000,00x[(P/F,10%,20)+(P/F,10,40)+(P/F,10%,60)]
=20.000,00x0,1740
=3.480,00

O valor presente dos pagamentos totais ao longo dos 60 anos:


= 1.350.000,00+=299.013,00+230.445,00-3.480,00
=1.875.978,00

Recomendação: A alternativa B é a mais viável economicamente.

Este resultado confirma a análise pelo valores anuais equivalentes


uniformes.

No exemplo acima, usando o valor actual onde os edifícios tem vidas


úteis diferentes, seria de notar que a comparação deve ser feita

Acossa - 68 -
Economia da Construção
sobre um período de tempo que é o menor múltiplo comum das vidas
úteis das alternativas em estudo.

É por isso necessário, no caso da estrutura metálica, considerar os


custos de reposição no final dos anos 20, 40 e 60 juntamente com os
valores residuais.

Exemplo 2

Uma Organização da construção pretende adquirir um Equipamento


para a utilização em suas obras. Para tal esta organização tem duas
potenciais alternativas:

A primeira designada por alternativa A, requer um investimento


inicial de 6.000 dólares. Trata-se de um equipamento que exige
uma rigorosa manutenção ao longo da sua vida útil com um custo
anual de 4000 dólares. O fornecedor garante que com uma boa
utilização e manutenção o equipamento terá uma vida útil de 12
anos e um valor residual nulo.

A segunda designada por alternativa B, requer um


investimento inicial de 14.000 dólares, exigindo ao longo da
sua vida útil uma manutenção com um custo anual de 2400
dólares. O fornecedor garante que com uma boa utilização e
manutenção, o equipamento terá uma vida útil de 18 anos e
um valor residual de 2800 dólares.

• Usando o Método LCC (valor presente) indique qual é a


melhor alternativa para a organização, sabendo que a taxa de
actualização praticada por esta organização é de 15%.

Resolução:

Para a sua resolução usando o valor presente, requer-se o cálculo


do menor múltiplo comum; assim sendo teremos:

Interpretação do problema: Traçado do diagrama do fluxo de caixa

Acossa - 69 -
Economia da Construção

MMC(12,18)=36

Equipamento A

Valor presente do custo de aquisição:


= 6.000,00

Valor presente do custo de reposição nos anos 12 e 24:


=6.000,00x[(P/F,15%,12)+(P/F,10%,24)]
=6.000,00x(0,1869+0,0349) =1.330,80

Valor presente dos custos de manutenção:


=4.000,00x(P/A,15%,36)
=4.000,00x6,6231
=26.492,40

Total=6.000,00+1.330,80+26.492,40

TOTAL=33.823,20

Equipamento B

Valor presente do custo de aquisição:


=14.000,00

Valor presente do custo de reposição no ano 18:


=14.000,00x(P/F,15%,18)

Acossa - 70 -
Economia da Construção
=14.000,00x0,0808
=1.131,27

Valor presente dos custos de manutenção:


=2.400,00x(P/A,15%,36)
=2.400,00x6,6231
=15.895,44

A subtrair: O Valor presente do valor residual no ano 18 e 36:


=2800,00x[(P/F,15%,18)+ (P/F,15%,36)]
=2800,00x(0,0808+0,0065)
=244,44

Total=14.000,00+1.131,27+15.895,44-244,44

TOTAL=30.782,27

Recomendação: A alternativa B é a mais viável economicamente.

4.5.3.1.3 Método dos benefícios líquidos (Net Present Value)

Exemplo 1

A Empresa Caminhos de Ferro de Moçambique(CFM) pretende


aumentar a capacidade anual de manuseamento do Porto de Nacala.
Para atingir esse objectivo há duas alternativas potenciais. A
primeira, designada por projecto A, consiste em ampliar o cais de
atracção. A segunda, designada por projecto B consiste em
modernizar e ampliar o equipamento de manuseamento de carga do
cais existente. Com base na tabela a seguir:

. Usando o método dos benefícios líquidos, indique qual é o melhor


projecto, sabendo que a taxa de actualização praticada por esta
empresa é de 10% ao ano;
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Proj. A
Custos 400 300 200 65 85 90 80 50 75 80 70
Benefícios 525 485 360 425 375 180 195 180

Acossa - 71 -
Economia da Construção
Proj. B
Custos 350 200 100 100 40 70 80 90 50
Benefícios 425 380 210 200 235 240 205

Resolução:

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Proj. A

Custos 400.000 300.000 200.000 65.000 85.000 90.000 80.000 50.000 75.000 80.000 70.000

Benefícios 525.000 485.000 360.000 425.000 375.000 180.000 195.000 180.000

Benefícios líquidos -400.000 -300.000 - 460.000 400.000 270.000 345.000 325.000 105.000 115.000 110.000
200.000

Valor actual dos -400.000 -272.727 - 345.605 273.205 167.649 194.744 166.776 48.983 48.771 42.410
benefícios líquidos 165.289

Somatório dos 450.127


valores actuais
dos benefícios
líquidos

Valor anual 73.256


equivalente do
somatório dos
valores actuais
dos benefícios
líquidos

Proj. B
Custos 350.000 200.000 100.000 100.000 40.000 70.000 80.000 90.000 50.000
Benefícios 425.000 380.000 210.000 200.000 235.000 240.000 205.000

Benefícios líquidos -350.000 -200.000 325.000 280.000 170.000 130.000 155.000 150.000 155.000

Valor actual dos -350.000 -181.818 268.595 210.368 116.112 80.720 87.493 76.974 72.309
benefícios líquidos

Somatório dos 380.753


valores actuais
dos benefícios
líquidos

Valor anual 71.370


equivalente do
somatório dos
valores actuais
dos benefícios
líquidos

Acossa - 72 -
Economia da Construção
Resposta: A alternativa A é a mais viável economicamente, facto
que se comprova pela comparação dos valores anuais equivalentes.

4.5.3.1.4 Método da taxa interna de retorno: TIR

A taxa interna de retorno de um projecto é a taxa de juros para a qual


o valor presente das receitas torna-se igual as despesas. Isto
significa dizer que a TIR é aquela que torna nulo o valor presente
líquido do projecto. Pode ainda ser entendida como a taxa de
remuneração do capital. A TIR deve ser comparada com a TMA para
a conclusão a respeito da aceitação ou rejeição do projecto.

Uma TIR maior que a TMA indica projecto atractivo. Se a TIR é


menor que a TMA, o projecto não é atractivo.

O cálculo da TIR é feito normalmente pelo processo de tentativa e


erro, este facto torna o cálculo manual mais trabalhoso dificuldade
que pode ser superada pelo uso de calculadoras financeiras ou
programas de computadores.

Outro problema que se verifica neste método é o surgimento de mais


de duas TIR’s, no caso de fluxos de caixa com mais de uma inversão
de sinal e ainda a impossibilidade de calcular a TIR em diagramas
formados apenas por fluxos de caixa negativos, o que impossibilita o
uso do método.

Exemplo 1-Cálculo da TIR

A Asna Construções e Engenharia adquiriu uma Betoneira a um


valor de 15 mil dólares americanos para o uso durante 5 anos. Esta
empresa pretende criar novas formas de negócio, sendo neste caso
o aluguer de equipamentos de construção.

Na tabela abaixo apresentam-se os valores das receitas brutas e das


despesas (reparos, seguros, manutenção) durante os anos da posse
do equipamento.

Acossa - 73 -
Economia da Construção
Sabe-se ainda que no início do 5º ano, este equipamento será
recondicionado a um custo de 500 dólares americanos e vendido a 2
mil dólares americanos.

Ano Receitas Despesas


0 - 15000
1 6000 2000
2 7500 3500
3 6500 2500
4 8000 3000
5 5000 2500
2000 500
Determine a taxa interna de retorno

Resolução:

Passo 1: Determinação dos benefícios líquidos, referentes a cada


período.
Passo 2: Determinação do valor presente de cada benefício líquido.
O valor presente dos benefícios líquidos deverá ser igual ao
investimento inicial e para tal pelo método iterativo procurar-se-á a
taxa que permite essa igualdade.
Para esta taxa a diferença entre o valor presente dos benefícios
líquidos e o investimento inicial é nula.

Ano Receitas Despesas Benefícios líquidos Valor presente Valor presente


dos benefícios dos benefícios
líquidos a taxa de líquidos a taxa
12,14% de 12,15%
0 - 15000 -15000 -15000.00 -15000.00
1 6000 2000 4000 3566.97 3566.65
2 7500 3500 4000 3180.82 3180.25
3 6500 2500 4000 2836.47 2835.71
4 8000 3000 5000 3161.75 3160.62
5 5000 2500 2500 1409.73 1409.11
2000 500 1500 845.84 845.46

Total 1.59 -2.19

Analisando os resultados da tabela, concluí-se que a uma taxa de


12,14% temos 1,59$, e para uma taxa de 12,15% temos –2,19$,
podendo-se notar que entre estas duas taxas existe uma em que
este somatório se anula, sendo está a solução do problema.

Interpolando temos:

Acossa - 74 -
Economia da Construção
12,14% → 1,59$
Y → 0,00$
12,15% → -2,19$

Y=12,1442063%

Solução: O valor da TIR é de 12,14 %.

Exemplo 2 - Comparações económicas

Considere dois projectos mutuamente exclusivos e admita que a


Empresa possua suficientes recursos para aplicar em qualquer dos
dois projectos:

Anos Projecto A Projecto B


0 -1000 -750
1 -700 -600
2 800 700
3 900 800
4 1200 900

Observe que o projecto A tem um investimento maior que, mas


também gera maiores retornos que o projecto B. Calculando a taxa
interna de retorno dos dois projectos, obtém-se:

Projecto A: TIRA=22,03% ao ano


Projecto B: TIRB=24,85% ao ano

Pode se concluir que o projecto B é mais rentável que o projecto A.


Mas isto não quer dizer que o projecto B é o melhor para a empresa.

Se a TMA da empresa for de 9% ao ano, o Valor actual dos


benefícios líquidos de cada um dos projectos é:

Projecto A: VABL=$576,22
Projecto A: VABL=$544,05

Nota se que, a taxa de 9% ao ano, o projecto A tem um VABL maior


que o do projecto B sendo, portanto, o escolhido. Pode-se então
questionar a equivalência dos critérios dada a diferença.

Acossa - 75 -
Economia da Construção

De facto a rentabilidade do projecto B é maior que a rentabilidade do


projecto A. Entretanto, o critério da TIR considera apenas o capital
investido no projecto que, no caso do projecto B é menor. Este
critério não considera o valor da diferença entre os gastos com
investimento do projecto A em relação ao B.

Se os dois projectos estão sendo analisados é porque existe


recursos, ou possibilidade de financia-los, podendo-se investir em
qualquer um dos projectos. Assim, a diferença entre os investimentos
deve também ser considerada. Se a TMA é de 8% ao ano esta
diferença poderia ser aplicada, ou deixada de ser financiada a esta
taxa, e isto não é considerado pelo método TIR. Mas o critério dos
BL faz esta consideração, pois qualquer valor aplicada à TMA gera
um VABL=0.

Neste exemplo, a TMA=8% e é menor que 12,3%, correspondente


ao ponto em que as curvas se cruzam, fazendo com que ocorra a
inversão de preferência pelos dois métodos. Se a TMA fosse maior,
por exemplo, superior à taxa de 12,3%, o projecto escolhido seria o
B, pois a diferença estaria sendo aplicada a taxas compensadoras. E
o critério do VABL mostraria claramente esta afirmativa.

Para análise correcta, deve-se analisar se vale a pena investir a


diferença dos valores na alternativa de maior investimento. Este
processo é chamado de análise incremental

Acossa - 76 -
Economia da Construção

A taxa que iguala o valor actual líquido do fluxo incremental a zero é


de 12,30%, ou seja, a taxa interna de retorno da diferença é de
12,3%. Assim, como esta TIR é maior que a TMA de 8%, pode-se
concluir que vale a pena investir na diferença, sendo escolhida a
alternativa A. Se a TIR incremental fosse menor que a TMA, seria
mais interessante investir na alternativa de menor investimento, que
no neste caso seria a B.

PROBLEMAS PROPOSTOS

1-Numa análise de oportunidades para a redução de custos


efectuada pelo departamento de transportes de uma usina
siderúrgica foi detectada a possibilidade de atingir-se tal objectivo,
substituindo-se o uso de Camiões alugados, para transporte de
produtos em processamento na área de laminação, por conjunto e
tractores carretas.

Se implementada a modificação, deverá haver uma redução anual de


despesas da ordem de 350 contos correspondente ao aluguer pago
pelo uso de camiões.
Um estudo de simulação realizado determinou a necessidade de
adquirir-se dois tractores e cinco carretas, totalizando um
investimento de 350 contos.

Os custos de mão de obra, combustível e manutenção foram


estimados em 200 contos no primeiro ano, aumentando anualmente
5 contos, devido a elevação do custo de manutenção, proporcionado
pelo desgaste dos veículos.
Considerando-se a TMA da empresa igual a 8% ao ano
capitalizáveis anualmente, verificar a viabilidade da preposição,
levando-se em conta que a vida económica estimada para os
equipamentos foi de cinco anos com valor residual nulo.

Acossa - 77 -
Economia da Construção

2-Determinada indústria pretende comprar uma máquina que custa


43,4 contos e estimou o seguinte fluxo de caixa:

Anos 0 1 2 3 .. 8 9 10
Valores -43.400 10.000 9.000 3.000 .. 3.000 2.000 11.000

Há uma previsão de aumento de lucro de 10 contos ao final do


primeiro ano, 9 contos no segundo e assim sucessivamente. Ao final
de 10 anos o equipamento poderá ser vendido por 10 contos.
Admitindo uma TMA de 6% ao ano capitalizados de seis em seis
meses, calcular o valor presente do fluxo de caixa.

3-Duas escavadoras estão sendo consideradas para a compra por


um empreiteiro nacional, a CATERPILAR e a MITSUBISHI, Ambas
tem capacidade requerida, mas a CATERPILAR é considerada mais
maciça que a MITSUBISHI e acredita-se que terá vida mais longa.
As estimativas dos aspectos que serão influenciados pela escolha
são as seguintes:

CATERPILAR MITSUBISHI
Custo de aquisição 40 contos 60 contos
Custo de manutenção no primeiro ano 8 contos 5 contos
Acréscimo anual no custo de 0,8 contos 0,4 contos
manutenção durante a vida da máquina
Vida económica 4 anos 6 anos
Valor residual 4 contos 6 contos

A máquina CATERPILAR requererá uma revisão custando 5 contos


ao final do segundo ano. A máquina MITSUBISHI requererá uma
revisão custando 4 contos no início do quarto ano. sabendo que a
TMA praticada por esta empresa é de 12,5% ao ano capitalizáveis
quadrimestralmente:

a) Compare os valores presentes,


b) Compare os valores anuais equivalentes.

4) Planeja-se construir um edifício de 3 andares. É esperado que


alguns anos mais tarde, mais três andares deverão ser construídos.
Dois projectos foram feitos:

Acossa - 78 -
Economia da Construção
Projecto A: É um projecto convencional para um edifício de três
andares. O custo é de 420 contos.

Projecto B: Projecto para seis andares, mas serão construídos


somente 3, por enquanto. O custo inicial deste projecto é de 490
contos.

Com o projecto A, serão gastos 500 contos para aumentar mais três
andares numa data futura.

Com o projecto B se gastará somente 400 contos pelo aumento de


mais três andares.

A vida útil dos edifícios é de 60 anos, com valor residual nulo.

Os custos de manutenção serão 1 conto por ano mais barato no


projecto B que no projecto A, durante 60 anos. Outras despesas
anuais, inclusive seguros, serão as mesmas para os dois projectos.
Com taxas de desconto de 3% ao ano, qual a data do aumento de
mais de 3 andares que justifica a escolha do projecto B.

5) Uma empresa está considerando dois planos alternativos para a


construção de um muro ao redor de sua nova fábrica. Uma cerca
como um “galinheiro” de aço galvanizado requer um custo inicial de
35 contos e custos anuais estimados de manutenção de 0,3 contos.
A vida esperada é de 25 anos.

Uma parede de betão armado requer um custo inicial de apenas 40


contos, mas necessitará reparos pequenos a cada 5 anos a um custo
de 1 conto e reparos maiores a cada 10 anos a um custo de 5
contos, sendo para este plano a vida esperada, perpétua.

Supondo uma taxa de juros de 2% ao trimestre, determinar:

a) O valor presente dos dois planos;


b) O custo anual equivalente para os dois planos.

Acossa - 79 -
Economia da Construção
6) Um fabricante de peças está analisando uma modificação em seu
processo de produção. Duas alternativas estão em consideração,
sendo que ambas exigem a realização de inversões, resultando em
contrapartida, numa redução dos actuais custos de produção. Cada
uma das alternativas apresenta as seguintes características:

Alternativa A Alternativa B
Custo inicial 10 contos 15 contos
Redução anual de custos 2,4 contos 2,7 contos
Valor residual Nulo Nulo
Vida económica 8 anos 8 anos

A alternativa A exigirá, contudo, após 5 anos de utilização, uma


inversão adicional de 5 contos destinada a promover uma
modificação no projecto original.
Sendo o custo do capital para a empresa igual a 7 % ao ano:

a) Verificar qual das alternativas é mais atractiva.


b) Utilizar o método da taxa interna de retorno e admitir que, para
fazer face ao desembolso no quinto ano de operação da
alternativa A, será constituído um fundo de reserva a partir da
capitalização de depósitos anuais iguais durante os cinco anos,
a uma taxa de juros de 10 % ao ano.

Acossa - 80 -
Economia da Construção

BIBLIOGRAFIA
Dias, L.M Alves; Organização e Gestão de Obras; Associação dos
estudantes do IST; Setembro 1996
Cossa, Arlindo; Tese de Licenciatura: Gestão de Obras; UEM; 2002
Pamplona, Edson de Oliveira e Montevichi, José Arnaldo Barra;
Engenharia Económica I; 2000
Pamplona, Edson de Oliveira e Montevichi, José Arnaldo Barra;
Engenharia Económica II; 2000

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