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Retorica - Barilli
Retorica - Barilli
Editorial Presença
O Discurso retórico deve perseguir simultaneamente e procurar fundir entre si, três ordens de
finalidades: o docere ou seja, a transmissão de noções intelectuais, o movere, isto é atingir os
sentimentos, o vivido emotivo; e finalmente ainda o delectare, ou seja, manter viva a atenção
do auditório, estimulá-lo a seguir o fio do reciocínio, sem se deixar perturbar pelo
aborrecimento, pela indiferença, pela distração. (pag . 9)
Surge assim a típica questão, a de saber se o orador o é por natureza ou por arte, isto é, se a
retórica se poderá ensinar, e até que ponto. Mesmo os defensores da tese técnica com efeito ,
estarão prontos a admitir que se trata de um tecnicismo fluido, aberto, não formalizável como
aquele que , pelo contrário, pode comportar o discurso analítico.
A retórica é técnica de pleno direito pois desenvolve uma operação não só cognoscitiva, mas
também transformativa, prática; não se limita a transmitir noções neutras e assépticas, mas
pretende também arrastar aqueles que as recebem, exercer uma ação sobre eles, plasmá-los
deixa-los diferentes, depois de terem sofrido a sua influência. ( pag. 11)
ORIGENS DA RETÓRICA
Nos princípios do século V antes de Cristo na Grécia. O primeiro grande episódio da História da
retórica pertence aos Sofistas.
Isócrates grande retórico ateniense é talvez o primeiro a esboçar uma reação contra os
sofistas, onde ataca o excesso de tecnicismo deles, de profissionalismo absoluto, a pretensão
de poder construir discursos intrinsecamente válidos, como se pudessem compor da mesma
mecânica e encadeada segundo a qual se ordenam em sucessão.
Além disso, ao lado das regras técnicas ou internas de construção do discurso, é preciso
recordar a necessidade de outros contributos externos de ordem moral. Entretanto, o bom
orador deverá cuidar da sua reputação, gozar de fama e de prestígio junto dos cidadão. Além
disso é oportuno ter uma abundante bagagem de noções, não só formalistas, literárias, mas
também relativas à cultura em geral, à filosofia. (pag. 16)
Aristóteles vem conciliar e organizar num quadro teórico bastante amplo e subdividido os
pares antítecos sobre os quais disputavam os sofistas e Platão. (pag. 21)
Nequícia – maldade, perversidade, ruindade