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CAPÍTULO 1 – UM ÍCONE BÍBLICO: JESUS E A SAMARITANA

O encontro de Jesus com a samaritana é modelo que o IVC escolheu


para evangelizar os irmãos e irmãs. Encontro que seja frutuoso e encha o
coração do amor de Deus. Se olharmos nas passagens bíblicas há vários
momentos de encontros com Jesus que despertaram a graça de viver melhor.
É dessa forma que este capítulo irá mostrar como o encontro com Jesus
transformam vidas. No primeiro passo há o encontro no poço em que Jesus
pede “Dá-me de beber”. Esse pedido de Jesus, quer uma resposta da mulher
samaritana e se questionar, visto que os samaritanos eram mal vistos pelos
judeus. Ele é o Messias que ensina o verdadeiro sentido da Palavra de Deus
sem distinguir pessoas, é aquele que veio resgatar toda a humanidade, por
isso “era preciso passar pela Samaria” (IVC, p.20).
Com o simples pedido de Jesus, começa um diálogo impressionante, e
todo sentido de água, de maridos e de culto verdadeiro parece ser
compreendido de uma outra forma, a profundidade de seu Ser que ali se fazia
presente. Na verdade, pedir água a alguém era símbolo de acolhimento. Jesus
parece querer se revelar àquela mulher quem era ele, mas para isso era
preciso que a samaritana confiasse nele. Daí há uma vontade da samaritana
de querer mudar de vida e a vontade de Jesus em saciar a sua sede.
No segundo passo se refere ao “diálogo” “se conhecesses o Dom de
Deus”. Esse sentido de conhecer não é apenas uma informação como a da
samaritana que sabe que virá o messias. O que o evangelista propõe é que
conhecer é “experienciar, é viver o encontro pessoal, é deixar-se marcar pela
pessoa encontrada” (IVC, p. 22). De início a samaritana não compreende o
sentido de água viva que Jesus fala, chegando a questionar “de onde pode vir
aquela água viva se ele não tem vasilha e o poço é profundo?” (IVC, p 22). O
sentido de água na Bíblia é fonte de alegria, pois restaura, purifica, produz
frutos, lembra o Espírito de Deus, etc., e Deus é apresentado como “fonte de
água vida” (IVC, p. 22 – Jr 2,13). Mesmo não entendendo as palavras de
Jesus, a Samaritana se mostra curiosa em saber “de onde” pode vir a água
viva. Esse “de onde” vai resultar na revelação de Jesus.
Entramos no terceiro passo que é “conhecer Jesus” – “Quem beber da
água que eu lhe darei, nunca mais terá sede”. Para a samaritana onde não há
água não há vida, por isso a vida é um dom. Mas ela não sabia da verdadeira
água. Aqui é preciso conhecer Jesus como a água viva, o novo caminho que
leva a Deus, que mata a sede espiritual. Quem bebe da verdadeira água
também se torna fonte de água, pois a vida vai além da física. Por isso a
samaritana pede de Jesus: “Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha
mais sede, nem tenha de vir aqui para tirá-la”. Esse encontro de Jesus está
indicando que o crer é essencial para conhecer a água viva e o verdadeiro
marido, ou seja, é ter consciência do caminho que fazia antes do encontro,
para o processo de purificação e a conversão.
No quarto passo temos a revelação de Jesus à samaritana – sou eu que
estou falando contigo. Nessa perspectiva a mulher reconhece em Jesus um
profeta que olha não o pecado, mas a vida. Tem-se agora um novo Deus
presente, cheio de misericórdia que ensina quem nem em Jerusalém, nem em
Samaria se resume Deus; que adorar Deus não depende de lugar nem de
formato de culto, todo devem adorar em Espírito e em verdade. Ao estar pronto
para se revelar, Jesus diz quem ele é: “sou eu que estou falando contigo”.
Nesse momento ela não fala mais do Messias e sim com Ele que se faz
presente. É o ápice do encontro. A samaritana compreende que a água vem de
Jesus, e não do poço como compreendia antes. Era uma forma de rever aquele
sentido usado no Antigo Testamento como expressão de Deus, “sou eu”.
Ao se referir ao quinto passo temos o anúncio – Vinde e ver (...) não
será ele o Cristo?” O anuncio dessa mulher ao povo de Samaria é uma
experiência viva e muito pessoal. Trata-se de uma verdade de fé que somete é
possível com a experiência amadurecida capaz de ver N’ele o tudo na vida,
aquele que disse tudo o que ela havia feito. Apesar de estar apenas no começo
do contato com Jesus, ela já sente a vontade de anunciar a outros a
experiência que está tendo, aponto de dizer: “não será ele o Cristo?” (IVC,
p.27). Através desse anuncio, também o povo de Samaria notou que ele
próprio estava precisando de Jesus para saciar sua sede, por isso saíram da
cidade ao encontro de Jesus.
O último passo que o IVC vem mostrar é o testemunho em que os
samaritanos dizem “Nós mesmos ouvimos e sabemos (...) é verdadeiramente o
Salvador do mundo” (Jo 4,42). É claro que a fé começa com um encontro, mas
para isso também é necessário o testemunho. Este faz irem ao encontro e
depois não querem que ele siga seu caminho pedindo para permanecer com
eles. Isso trata-se de uma resposta de fé. A permanência de Jesus não quer
dizer tempo, mas continuidade, isto é, Jesus sempre estará com os
samaritanos. Acreditar na mulher é sinal de valor ao testemunho e do anúncio
dela. Além disso, o texto ainda diz que muitos outros também creditaram na
palavra de Jesus, isso quer mostrar encontro pessoal. Resumindo, a
experiência pessoal gerou uma comunidade de fé pelo testemunho. A
comunidade a ajudou a reconhecer Jesus como o Salvador do mundo. Trata-se
de uma fé partilhada.
Nessa compreensão de encontro de Jesus com a Samaritana é caminho
traçado por todo àqueles também que o procuram. Tudo parece sem sentido
de início, depois se vai criando gosto e sentido na caminhada de fé, como
aconteceu coma mulher samaritana que de início reconhecia Jesus como
apenas um judeu, depois um profeta, depois o próprio Jesus se declara o
Messias e no final os samaritanos reconhecem que é o Salvador. É dessa
forma que a Igreja de Jesus quer caminhar evangelizando “a partir de Jesus
Cristo, na força do Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária, profética
e misericordiosa, alimentada pela palavra de Deus e pela Eucaristia, à luz da
evangélica opção preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo
ao Reino definitivo”.

Referência

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ: (Itinerário para Formar Discípulos Missionários)


Doc. 107 CNBB, 2017

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