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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINORTE

CURSO DE BACHARELADO EM FISIOTERAPIA

GRACILIANO CARVALHO DA SILVA


RONÁGILA LIMA DE SOUZA GOMES

TRATAMENTO CLÍNICO E FISIOTERAPÊUTICO NA FRATURA


TRIMALEOLAR: RELATO DE CASO

RIO BRANCO - AC
2019
GRACILIANO CARVALHO DA SILVA
RONÁGILA LIMA DE SOUZA GOMES

TRATAMENTO CLÍNICO E FISIOTERAPÊUTICO NA FRATURA


TRIMALEOLAR: RELATO DE CASO

Artigo Científico apresentado para a Banca de


Defesa da disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso III do curso de graduação
em Fisioterapia do Centro Universitário
Uninorte, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Fisioterapia.

Orientadora: Profa. Dra. Patrícia Merly


Martinelli.

RIO BRANCO - AC
2019
TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO

Nós, Graciliano Carvalho da Silva, Ronágila Lima de Souza Gomes e Patrícia


Merly Martinelli, enviamos e AUTORIZAMOS a publicação do Trabalho de Conclusão de
Curso intitulado “Tratamento clínico e fisioterapêutico na fratura trimaleolar: relato
de caso” no repositório institucional do grupo Uninorte.
Declaramos ser o trabalho de autoria própria, conforme apresentado oficialmente à
instituição onde concluímos o curso e defendemos o artigo, e assumimos publicamente a
responsabilidade pelo seu conteúdo.

Atenciosamente,

Rio Branco – AC, 19 de outubro de 2019.

Graciliano Carvalho da Silva Ronágila Lima de Souza Gomes

_____________________________________
Profa. Dra. Patricia Merly Martinelli
TRATAMENTO CLÍNICO E FISIOTERAPÊUTICO NA FRATURA
TRIMALEOLAR: RELATO DE CASO

Graciliano Carvalho da Silva1


Ronágila Lima de Souza Gomes1
Patrícia Merly Martinelli2
SILVA, G. C; GOMES, R. L. S.; MARTINELLI, P. M. Tratamento clínico e
fisioterapêutico na fratura trimaleolar: relato de caso. 15 p. Trabalho de Conclusão de
Curso (Graduação em Fisioterapia) – Centro Universitário Uninorte, Rio Branco, 2019.

RESUMO

Introdução: As fraturas e luxações do tornozelo estão como as lesões mais comuns do


sistema músculo esqueléticas, e dentre as articulações de carga, o tornozelo é a que esta mais
relacionada com incidência de fraturas. Objetivo: descrever um relato de caso da evolução do
tratamento fisioterapêutico de um paciente pós-operatório de fratura trimaleolar. Método:
Trata-se de um relato de caso clínico, com consentimento da paciente, com diagnóstico
clínico de Fratura Trimaleolar em tratamento fisioterapêutico na Clínica Escola de
Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte Resultados: Esse trabalho descreveu a
evolução clínica e fisioterápica de um paciente com diagnóstico de fratura trimaleolar na
Clínica de Ensino de Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte. Paciente do sexo
masculino, H.V.O. S, 41 anos, natural e procedente de Rio Branco, funcionário público
municipal. Em 15 de Agosto de 2017 deu entrada na Clínica de Ensino de Fisioterapia-
Centro Universitário Uninorte-Ac, com quadro clínico de fratura distal de tíbia e fratura
trimaleolar. Conclusão: As técnicas fisioterapêuticas se mostraram efetivas na reabilitação de
pós-operatório de fratura trimaleolar, com ganho de amplitude de movimento, força muscular
e funcionalidade ao paciente descrito.

Palavras-chave: Fraturas, tornozelo, pós-operatório, fratura trimaleolar.

ABSTRACT

Introduction: Ankle fractures and dislocations are the most common injuries of the skeletal
muscle system, and among the load joints, the ankle has the highest incidence of fractures.
Objective: To describe a case report of the evolution of physiotherapeutic treatment of a
postoperative patient with trimaleolar fracture. Method: This is a case report, with patient's
consent, with a clinical diagnosis of Trimaleolar Fracture in physiotherapeutic treatment at the
Clinical School of Physiotherapy of the Uninorte University Center. a patient with
Trimaleolar Fracture, with the types of methods and techniques performed for its
rehabilitation and the results achieved during treatment. Results: This study described the
clinical and physical therapy evolution of a patient diagnosed with trimaleolar fracture at the
Physiotherapy Teaching Clinic of Uninorte University Center. Male patient, H.V.O. S, 41
years old, born and coming

1
Acadêmico (a) do Curso de Graduação em Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte, Rio Branco – Acre.
2
Docente do Curso de Graduação em Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte, Rio Branco – Acre.
3

from Rio Branco, municipal civil servant. On August 15, 2017, she was admitted to the
Physiotherapy Teaching Clinic- Uninorte-Ac University Center, with a clinical picture of
distal tibial fracture and trimalellar fracture. Conclusion: The physiotherapeutic techniques
were effective in the postoperative rehabilitation of trimaleolar fracture, with gain of range of
motion, muscle strength and functionality to the patient described.

Keywords: Fractures, ankle, postoperative, trimaleolar fracture.

INTRODUÇÃO

A estrutura complexa que envolve o tornozelo estão direcionadas com a dinâmica de


movimentos em um só plano de flexão e extensão, com função complexa, e ligada aos
mobilidade das articulações subtalar e mediotársica. Por esse motivo, está sujeita a vários
traumatismos, sendo sua fratura a mais comum dentre os movimentos dinâmicos das
articulações de carga1. A fixidez do tornozelo está relacionada com quatro grupos de
estruturas ósseas e ligamentares². Existem as fraturas e luxações do tornozelo são a que estão
mais correlatadas com fraturas, com o controle e estabilização da perna sobre o pé planado3,4.
A denominação trimaleolar ocorre quando as fraturas envolvem os maléolos medial,
lateral e também o tubérculo posterior da tíbia distal, o terceiro maléolo. As fraturas
trimaleolares geralmente incluem uma fratura do maléolo lateral, uma fratura triangular do
canto póstero-lateral do tímpano e uma fratura horizontal ou oblíqua do maléolo medial5,6.
Os objetivos ortopédicos para a reconstrução cirúrgica compreendem o alinhamento
pela restauração do malhete do tornozelo, de fundamental importância para a sustentação do
peso indolor. Também é crucial a restauração da posição do talo. Ainda dentre os objetivos
ortopédicos está a estabilidade gerada pela reconstrução dos maléolos medial, lateral, e
posterior, crucial para a estabilidade estática e dinâmica do tornozelo. A reconstituição ou
cicatrização das estruturas ligamentares lesionadas com a fratura também é importante para a
estabilidade dinâmica7.
Na reabilitação de um paciente com fraturas, a fisioterapia dispõe de recursos que
possibilitam mobilidade, diminuição do quadro inflamatório, prevenção de fenômenos
tromboembólicos, analgesia e ganho de resistência e força muscular, bem como de controle
neuromotor, sendo fundamental a intervenção precoce para o alcance de bons resultados8.
Mediante o exposto, torna-se necessária a busca de evidência científica de estudos
qualificados que relatam e analisem dos termos relacionados às fraturas trimaleolar, além da
importância da atenção imediata da reabilitação, para que sejam restauradas das funções. Este
estudo se justifica para evidenciar as melhores estratégias no controle das fraturas. Com esse
4

estudo, esperamos contribuir para uma melhor visualização, bem como melhorar os níveis de
informações sobre o tema especifico e, assim, contribuir para o esclarecimento das dúvidas,
como mostrar aos profissionais da área da saúde a importância da fisioterapia no tratamento
da fratura trimaleolar.
O presente trabalho buscou descrever um relato de caso da evolução do tratamento
fisioterapêutico de um paciente pós-operatório de fratura trimaleolar da Clínica de Ensino de
Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte.

MATERIAIS E MÉTODO

O presente estudo trata-se de um relato de caso clínico de um paciente de 42 anos,


sexo masculino com diagnóstico de fratura trimaleolar, admitido na Clínica de Ensino de
Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte, Acre, Brasil em 2018. Foram avaliados exames
laboratoriais e de imagenologia e realizado avaliação cinética-funcional e tratamento
fisioterapêutico com fins analgésico, ganho de flexibilidade, força e reeducação postural,
segundo as diretrizes do CARE, case report guidelines9.

População de Estudo

Trata-se de um estudo transversal de uma amostra sobre um relato de caso clínico de


um paciente de 42 anos, sexo masculino com diagnóstico de fratura trimaleolar.

Local de Estudo

O estudo foi realizado no admitido na Clínica de Ensino de Fisioterapia do Centro


Universitário Uninorte, Acre.

Amostra

A amostra foi composta por um paciente admitido na Clínica de Ensino de


Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte e que aceitou participar da pesquisa, onde
seriam verificados aspectos clínicos, laboratoriais e físicos que pudessem interferir na saúde
do paciente, do prontuário do mesmo.
Critérios de Inclusão e Exclusão
5

Dentre os critérios de inclusão estão o paciente de 42 anos, sexo masculino. com


diagnóstico de fratura trimaleolar. O paciente não seria incluído no estudo caso não aceitasse
participar da pesquisa e se negasse em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE).

COLETA DE DADOS

O voluntário foi orientado a respeito de sua participação no estudo. Após


concordarem em participar da pesquisa, assinaram o TCLE. Após a concordância e
autorização Institucional os pesquisadores tiveram acesso ao prontuário do paciente, com
finalidade de descrever o caso do paciente. Na ficha de avaliação foram verificados os dados
pessoais, hábitos de vida, antecedentes familiares, história atual e pregressa de doenças. No
exame físico foi verificada a inspeção, palpação, grau de mobilidade, de força muscular,
reflexos, sensibilidade, marcha e relato de atividades de vida diária. Após foi analisada o
diagnóstico fisioterapêutico, objetivos e planos de tratamento, além da evolução do tratamento
fisioterapêutico empregado no caso.

RESULTADOS

Esse trabalho descreveu a evolução clínica e fisioterápica de um paciente com


diagnóstico de fratura trimaleolar na Clínica de Ensino de Fisioterapia do Centro
Universitário Uninorte.
Paciente do sexo masculino, H.V.O. S, 41 anos, natural e procedente de Rio Branco,
funcionário público municipal. Em 15 de agosto de 2017 deu entrada na Clínica de Ensino de
Fisioterapia, do Centro Universitário Uninorte, no município de Rio Branco, estado do Acre,
com diagnóstico clínico de fratura distal de tíbia e fratura trimaleolar. A queixa apresentada
era dor no movimento de plantiflexão e doxiflexão, diminuição da amplitude do movimento
(ADM) e força muscular (FM), dificuldade na marcha, com escala de escala visual analógica
(EVA) três (03) ao movimento e a na inspeção presença de cicatriz na perna e tornozelo e pé
direito.
Na história da moléstia pregressa o paciente relatou que sofreu um acidente de moto
(Figura 1a) e passou por procedimento cirúrgico com a utilização de osteossínteses (placa
rígida em fíbulas e 10 parafusos, 06 fixando a placa na fíbula, 01 fixando a fíbula na tíbia em
6

metáfise distal, 01 no maléolo posterior da tíbia e 02 no maléolo medial da tíbia) no dia 04 de


setembro de 2017 (Figura 1b e 1c).
Na inspeção o paciente deambulava com uso de muletas axilares sem o apoio do
membro lesionado. No exame físico, na mobilização passiva, o paciente apresentava tornozelo
com limitações em flexão plantar. Foi realizada goniometria na qual se identificou grau
negativo para dorso-flexão, ou seja, com grau de limitação no movimento do tornozelo até a
linha média (19º para flexão plantar, 10º para inversão e 10º para eversão em tornozelo
direito). Estava com movimento neste mesmo membro (FM 4). Presença de joelho valgo com
mobilidade limitada na marcha na plantiflexão e doxiflexão.
Na história médica, familiar e social o paciente declarou-se ex-fumante e a oito anos e
não ingere bebidas alcoólicas, e histórico familiar de hipertensão.
O diagnostico fisioterapêutico compreendeu: diminuição de ADM e força muscular,
edema, quadro álgico, alteração postural e do equilíbrio. Os objetivos do tratamento
fisioterápico foram traçados a partir das disfunções e incapacidades apresentadas pelo
paciente, sendo: eliminação da dor, redução/abolição do edema, liberação de aderências das
cicatrizes, ganho de ADM e flexibilidade da musculatura encurtada, fortalecimento dos
músculos de membro inferior direito (MID) e coluna lombar e, a médio e longo prazo, treino
de marcha, propriocepção, reeducação postural e prevenção de contraturas e deformidades em
MID; ganhar e manter FM global de membros inferiores (MMII) e membros superiores
(MMSS) além do tronco. A figura 1d, demonstra o primeiro dia de tratamento do paciente na
Fisioterapia.
O plano de tratamento foi planejado em etapas de curto, médio e longo prazo.
Inicialmente voltou-se para analgesia, com uso da Estimulação Elétrica Transcutânea do
Nervo (TENS - frequência de 40 Hz, duração do pulso de 140 μs, adequada ao nível sensório,
em um período de 30 minutos em cada sessão, com técnica coplanar, bipolar, não alcançando
os implantes metálicos), realizado 3 sessões semanais, totalizando 18 sessões, com duração de
60 minutos. Concomitantemente, foi utilizado o uso de crioterapia pré-cinesioterapia, durante
dez minutos; drenagem manual do edema no tornozelo; massagens e de fricção na cicatriz;
mobilização intra-articular de metatarsos; pompage subtalar e tíbio-társica; mobilização do
tornozelo e fortalecimento muscular através de contrações isométricas.
O paciente passou por nova intervenção cirúrgica após 4 semanas para retirada do
parafuso do maléolo medial, pois o mesmo estava impedindo o ganho de amplitude de
movimento, bloqueando a articulação. Reincidindo o quadro inflamatório agudo, acrescido,
portanto, o tratamento com uso de Laser de Alumínio Galio Indio e Fósforo, com a caneta de
7

670 nanômetro, modo pulsado, com uso de 5.000 Hz, para lesões com necrose, por 6
aplicações, e reestabelecidas condutas de curto prazo, com medidas analgésicas e
mobilizações intra-articulares (figura 1e).
Ao decorrer do tratamento, à médio prazo, implementou-se com osteocinemática,
como os próprios movimentos articulares, (flexão/extensão, adução/abdução e as rotações
para os movimentos funcionais do tornozelo); liberação de fáscia plantar; alongamento ativo
assistido de MMSS e MMII e tronco com bola suíça e flexão de pododáctilos com uso de
uma toalha; alongamento muscular ativo-assistido, (tríceps sural, ísquios tibiais, tensor da
fáscia lata, glúteo máximo, reto femoral, quadrado lombar e psoas), passando a ativo
conforme progressão e treino de marcha (Figura 1f).
Por fim, utilizou-se fortalecimento muscular de MMII com teraband e progredindo
para pesos (calculo da carga máxima) e facilitação neuromuscular proprioceptiva (dorso-
flexão, flexão plantar, inversão e eversão do tornozelo esquerdo); treino de equilíbrio e
propriocepção com uso de disco proprioceptivo e cama elástica e estepes.
Os resultados obtidos após o tratamento foram satisfatórios, conforme exposto na
tabela apresentando a evolução de grau de FM os grupos musculares de extensores, abdutores
e adutores de quadril, plantiflexores e flexores de joelho do MID.

Tabela 1 - Comparação de antes e depois do tratamento fisioterapêutico. Resultados


comparativos da Escala Manual de Força de Oxford9, ao início da intervenção fisioterapêutica
e após 18 sessões.
ESPECIFICAÇÕES- ANTES - MID DEPOIS - MID
Musculatura Avaliada
Flexores de quadril 3 5
Extensores de quadril 3 5
Abdutores de quadril 3 4
Adutores de quadril 4 5
Flexores de joelho 4 5
Extensores de joelho 3 4
Plantiflexão 3 4
Dorsiflexão 3 4
Legenda: MID - Membro inferior direito. Fonte: elaborado pelos autores, 2019.

Na tabela 2, apresentamos a evolução da Amplitude de movimento articular, avaliada


na plantiflexão e dorsiflexão do MID, através de goniometria, com resultados significativos
de aumento dos graus de movimento avaliados ao início do tratamento e após 18 sessões.
8

Tabela 2 - Comparação de antes e depois do tratamento fisioterapêutico. Resultados


comparativos do Teste de Goniometria, antes e depois da intervenção fisioterapêutica.
ESPECIFICAÇÕES- ANTES - MID DEPOIS - MID
ADM do tornozelo
Plantiflexão 19° 27°
Dorsiflexão 15° 18°
Inversão 10° 21°
Eversão 10° 15°
Legenda: MID - Membro inferior direito. Fonte: Elaborado pelos autores, 2019.
Abaixo, a figura 01 demonstra as fases das intervenções no tempo, conforme citadas
anteriormente nos resultados.

Figura 01 - apresentam-se imagens do paciente relatado no dia do acidente (a), pós-


operatório imediato (b), radiografia após o procedimento cirúrgico (c), no início do tratamento
fisioterapêutico (d) após a segunda intervenção cirúrgica (e) e durante o tratamento
fisioterapêutico na Clínica de Ensino de Fisioterapia do Centro Universitário Uninorte (f).

O paciente realizou um total de 18 sessões, sendo então abandonado o tratamento, por


questões pessoais de sobrecarga de estudo e trabalho concomitantes.

DISCUSSÃO
9

A necessidade de um protocolo fisioterapêutico no pós-operatório tem sido justificada


por estudos que apresentam resultados relevantes por uma grande melhora dos pacientes com
fratura trimaleolar, sendo o principal propósito a recuperação da funcionalidade para que o
paciente possa retornar às suas atividades de vida diária 10. Além disso, a aplicação de técnicas
da fisioterapia obteve bons resultados em relação ao restabelecimento da funcionalidade do
paciente relatado no presente estudo11.
A utilização para analgesia através do TENS, a investigação científica deste recurso
iniciou-se na década de 70, com o trabalho de Melzack e Wall 12, postulando após estudos a
Teoria das Comportas, onde a transmissão elétrica se utiliza das mielínicas, com maior
velocidade de condução, fibras Aα e Aβ, e o sinal da dor pelas fibras A Delta, de menor
velocidade de condução do potencial de ação ou pelas fibras do tipo C. Dessa forma, as fibras
do tipo Aβ e Aα, chegam primeiro ao corno posterior da medula, por sua maior velocidade e
fazem com que seja liberada ácido gama-aminobutirico (GABA), na substancia cinzenta, que
se conectam às sinapses que ascendem pelo trato espinotalamico lateral até ao tálamo,
impedindo, desta forma, a passagem do estímulo doloroso, fato conhecido como fechamento
das comportas da dor, sensivelmente eficaz para dores agudas13.
O mesmo autor13, ainda descreve outra teoria postulada, a de liberação de endorfinas
produzidas nas glândulas pituitárias, utilizando-se de uma via central e generalizada na
modulação da dor, principalmente no que se refere à dores crônicas.
O tratamento dessas condições comumente envolve a aplicação de técnicas voltadas
para alterar a rigidez, tais como mobilização articular, fortalecimento ou alongamento14.
Estudo realizado por Loram et al15, demonstrou que os componentes passivos da
articulação do tornozelo derivam de 70 a 100% da rigidez desta articulação, promovendo a
estabilidade na postura ortostática, principalmente no que se deve à rigidez da estrutura dos
tendões, que influenciam diretamente na transmissão da energia do musculo para o osso e
consequente desenvolvimento da velocidade de contração e de força muscular.
Loram; Maganaris e Lakie16, a rigidez passiva apresentada pelos tecidos biológicos
está relacionada à quantidade de energia que essas estruturas são capazes de absorver, à
estabilidade articular e à capacidade de transferência de energia entre os tecidos 17.
Com os atendimentos, teve melhora da dor, diminuição de edema, aumento da ADM e
principalmente aumento da qualidade da marcha18.
Como recurso fisioterapêutico empregado no tratamento do presente relato observou-
se o uso da cinesioterapia com técnicas de mobilizações e alongamentos passivos, uso de
10

cargas com teraband e pesos tem como objetivo a redução das complicações ocasionadas com
a imobilização, como degeneração de cartilagem, aderência, formação de contraturas e
estagnação da circulação. Estas técnicas aumentam a mobilidade dos tecidos moles, como o
uso de alongamento e, subsequentemente, melhora a amplitude de movimento 19.
Estudos revelam que os exercícios cinesioterapêuticos propiciam a diminuição do
quadro álgico, a fadiga e a tensão muscular 20. O alongamento tem por objetivo aumentar a
mobilidade dos tecidos moles promovendo o aumento do comprimento das estruturas que
desenvolveram um encurtamento adaptativo durante o processo de imobilização. Ou seja,
consiste em uma técnica que aumenta a extensibilidade musculotendínea e do tecido
conjuntivo periarticular, com consequente aumento de flexibilidade articular e ganho de
amplitude de movimento, além de realinhar a postura e instaurando a consciência corporal21.
Os exercícios de alongamento recuperam o comprimento muscular funcional,
aliviando as tensões exercidas no tecido musculoesquelético, realinham a postura e aumentam
a amplitude de movimento, com surgimento consequente de consciência corporal22.
As aplicações das técnicas fisioterapêuticas, com objetivo de ganho de força muscular
são descritas por Muniz et al.23, que verificaram uma alteração nos níveis de rigidez à
mudança na quantidade relativa de proteínas e colágeno e à reorganização das proteínas
existentes nas miofibrilas mediante ao exercício. Estas alterações poderiam ser explicadas
pelo aumento na área de secção transversa de músculos submetidos a programas de
treinamento resistido24.
A lesão no sistema musculoesquelético compromete a estabilização neuromuscular
reflexa normal, advinda pelos aferentes proprioceptores, sendo, portanto, comprometida, além
de predispor novas lesões25. Esta alteração no sistema proprioceptivo acarreta déficits na
estabilização articular neuromuscular, contribuindo com possíveis lesões de distensão
excessiva de capsulas e ligamentos articulares e consequente desestabilização postural26.
Nas etapas finais do tratamento fisioterapêutico objetiva-se a reeducação
proprioceptiva, a fim de desenvolver a proteção articular através do condicionamento e
treinamento de respostas aferentes e eferentes aos movimentos 27. Estudos evidenciam que a
instabilidade e o desequilíbrio se relacionam a este treinamento, sendo indispensável à
ativação dos proprioceptores para a reorganização e estabilização da postura28.
Os dados reforçam a importância da cinesioterapia para o tratamento de fraturas. A
cinesioterapia vem sendo estudada e destacada como tratamento no pós-operatório de fraturas.
Além de tudo, trata-se de um recurso fisioterapêutico de baixo custo e fácil aplicabilidade,
11

oferecendo para o fisioterapeuta e para os pacientes a possibilidade de tratamento por meio de


uma ferramenta segura, e disponível para o tratamento 29.
Nesse sentido, os autores corroboram ao afirmarem que a fisioterapia aplicada no pós-
operatório de fraturas surge como uma nova opção de tratamento que é capaz de minimizar as
limitações, o desconforto, bem como, a qualidade de vida dos pacientes.

CONCLUSÕES

Diante das citações que foram mencionadas, o trauma que abrange a estrutura do
tornozelo é mais recorrente, quando comparadas a outros tipos de fraturas. Diante do exposto
temos como exemplo os acidentes de trânsito, quedas de altura e lesões esportivas que são
algumas das causas desse tipo de fratura, sendo o mecanismo muito correspondente ao da
entorse, todavia, com maior impacto, força e velocidade. Dentre do campo de tratamento
conservador, a fisioterapia motora teve uma considerável importância na amplitude de
movimento e força muscular, sendo esta terapêutica potencialmente significativa no que diz
respeito na eliminação e/ ou melhora de tais disfunções tanto como no sentido estrutural e
como no mecânico.
Tivemos uma grande melhora do paciente, como foi mencionado, relacionada com a
técnica de mobilizações articulares, alongamentos e ganho de forca muscular, propriocepção e
equilíbrio, foram bem sucedidos, com isso foi possível o tratamento de reeducação muscular,
com resultados positivos quanto a melhora da força muscular, ao ganho de ADM e à melhora
do equilíbrio e da marcha.

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