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Jesus

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 Nota: Para outros significados, veja Jesus (desambiguação).

Jesus
‫ישוע‬, Yeshua

O mais antigo
painel iconográfico do Cristo Pantocrator.
século VI. Mosteiro de Santa Catarina, Egito

Nome completo Jesus de Nazaré

Nascimento 7-2 a.C[nota 1]
Judeia, Império Romano[5]

Morte 30-33 d.C[nota 2]
Jerusalém, Judeia, Império Romano

Progenitores Mãe: Maria
Pai: José[nota 3]
Ocupação Carpinteiro, profeta itinerante
e rabino

Causa da morte Crucificação[nota 4]

Jesus (em hebraico: ‫ י ֵׁשּו ַע‬/‫;ישוע‬ transl.: Yeshua;


em grego: Ἰησοῦς; transl.: Iesous), também chamado Jesus de Nazaré (n. 7–2
a.C.[nota 1] – m. 30–33 d.C.[nota 2]) é a figura central do cristianismo e aquele que os
ensinamentos de maior parte das denominações cristãs, além dos judeus
messiânicos, consideram ser o Filho de Deus. O cristianismo e o judaísmo
messiânico consideram Jesus como o Messias aguardado no Antigo
Testamento e referem-se a ele como Jesus Cristo, um nome também usado
fora do contexto cristão.
Praticamente todos os académicos contemporâneos concordam que Jesus
existiu realmente,[nota 5] embora não haja consenso sobre a confiabilidade
histórica dos evangelhos e de quão perto o Jesus bíblico está do Jesus
histórico.[17] A maior parte dos académicos concorda que Jesus foi um
pregador judeu da Galileia, foi batizado por João Batista e crucificado por
ordem do governador romano Pôncio Pilatos.[18] Os académicos construíram
vários perfis do Jesus histórico, que geralmente o retratam em um ou mais dos
seguintes papéis: o líder de um movimento apocalíptico, o Messias,
um curandeiro carismático, um sábio e filósofo, ou um reformista igualitário.[19] A
investigação tem vindo a comparar os testemunhos do Novo Testamento com
os registos históricos fora do contexto cristão de modo a determinar a
cronologia da vida de Jesus.
Quase todas as linhas cristãs acreditam que Jesus foi concebido pelo Espírito
Santo, nasceu de uma virgem, praticou milagres, fundou a Igreja, morreu
crucificado como forma de expiação, ressuscitou dos
mortos e ascendeu ao Céu, do qual regressará.[20] A grande maioria dos cristãos
venera Jesus como a encarnação de Deus, o Filho, a segunda das três
pessoas na Santíssima Trindade. Alguns grupos cristãos rejeitam a Trindade,
no todo ou em parte.
No contexto islâmico, Jesus (transliterado como Isa) é considerado um dos
mais importantes profetas de Deus e o Messias.[21] Para os muçulmanos, Jesus
foi aquele que trouxe as escrituras e é filho de uma virgem, mas não é divino,
nem foi vítima de crucificação. O judaísmo rejeita a crença de que Jesus seja o
Messias aguardado, argumentando que não corresponde às profecias
messiânicas do Tanakh.

Índice

 1Etimologia
 2Cronologia
 3Vida e ensinamentos no Novo Testamento
o 3.1Descrição nos evangelhos canónicos
o 3.2Genealogia e Natividade
o 3.3Infância
o 3.4Batismo e Tentação
o 3.5Ministério público
o 3.6Ensinamentos, sermões e milagres
o 3.7Proclamação de Cristo e Transfiguração
o 3.8Última semana: traição, prisão, julgamento e morte
 3.8.1Entrada final em Jerusalém
 3.8.2Última Ceia
 3.8.3Agonia no jardim, traição e prisão
 3.8.4Julgamentos pelo Sinédrio, Herodes e Pilatos
 3.8.5Crucificação e deposição
o 3.9Ressurreição e ascensão
 4Perspetiva histórica
o 4.1Existência
o 4.2Historicidade dos eventos
o 4.3Retratos de Jesus
o 4.4Língua, alfabetização, etnia e aparência
o 4.5Arqueologia
 5Perspetivas religiosas
o 5.1Perspetivas cristãs
o 5.2Perspetivas judaicas
o 5.3Perspetiva islâmica
o 5.4Outras perspetivas
 6Relíquias associadas a Jesus
 7Representação na arte
 8Ver também
 9Notas
 10Referências
 11Bibliografia

Etimologia
Ver também: Santo Nome de Jesus e Yeshua
Um judeu contemporâneo de Jesus possuía um único nome, por vezes
complementado com o nome do pai ou cidade de origem. [22] Ao longo do Novo
Testamento, Jesus é denominado "Jesus de Nazaré" (Mateus 26:71), "Filho de
José" (Lucas 4:22) ou "Jesus, filho de José de Nazaré" (João 1:45). No entanto,
em Marcos 6:3, em vez de ser chamado "filho de José", é referido como "o filho
de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão". O nome "Jesus",
comum em várias línguas modernas, deriva do latim "Iesus",
uma transliteração do grego Ἰησοῦς (Iesous).[23] A forma grega é uma tradução
do aramaico ‫( ישוע‬Yeshua), o qual deriva do hebraico ‫( יהושע‬Yehoshua).[24]
[25]
 Aparentemente, o nome Yeshua foi usado na Judeia na época do
nascimento de Jesus.[26] Os textos do historiador Flávio Josefo, escritos durante
o século I em grego helenístico, a mesma língua do Novo Testamento,
[27]
 referem pelo menos vinte pessoas diferentes com o nome Jesus
(i.e. Ἰησοῦς).[28] A etimologia do nome de Jesus no contexto do Novo
Testamento é geralmente indicada como "Javé é a salvação".[29]
Desde os primórdios do cristianismo os cristãos se referem a Jesus como
"Jesus Cristo".[30] A palavra Cristo tem origem no grego Χριστός (Christos),[23][31] o
qual é uma tradução do hebraico  ַ‫מָ שִׁ יח‬ (Masiah), e que significa "o ungido" e é
geralmente traduzido como Messias.[32][33] Jesus é denominado pelos cristãos de
“Cristo”, uma vez que acreditam que ele é o Messias esperado, profetizado
na Bíblia Hebraica. Embora originalmente se tratasse de um título, ao longo
dos séculos o termo “Cristo” foi sendo associado a um apelido – parte de
“Jesus Cristo”.[34][35] O termo “cristão”, que significa “aquele que professa a
religião de Cristo”, tem sido usado desde o século I.[36][37]

Cronologia

Judeia, Galileia e regiões próximas no tempo de Jesus

A maior parte dos académicos concorda que Jesus foi um judeu da Galileia,
nascido por volta do início do primeiro século, [nota 1] e que morreu entre os anos
30 e 36 d.C.[nota 2] na Judeia.[38][39] O consenso académico é que Jesus foi
contemporâneo de João Batista e foi crucificado por ordem do governador
romano Pôncio Pilatos, que governou entre 26 e 36 d.C.[18] Grande parte dos
académicos sustentam que Jesus viveu na Galileia e na Judeia e que não
pregou ou estudou em qualquer outro local. [40]
Os evangelhos oferecem diversas pistas no que diz respeito ao ano de
nascimento de Jesus. Mateus 2:1 associa o nascimento de Jesus ao reinado
de Herodes, o Grande, que morreu cerca de 4 a.C., enquanto que Lucas
1:5 menciona que Herodes reinava pouco antes do nascimento de Jesus, [41]
[42]
 embora este evangelho também associe o nascimento com o censo de
Quirino, que decorreu dez anos mais tarde.[43][44] Lucas 3:23 declara que Jesus
tinha cerca de trinta anos de idade no início do seu ministério; ministério esse
que, de acordo com Atos 10:37, foi precedido pelo ministério de João,
que Lucas 3:1 afirma ter começado no 15º ano do reinado de Tibério (28 ou 29
d.C.).[42][45] Ao comparar os relatos do evangelho com dados históricos e usando
vários outros métodos, a maior parte dos académicos determina a data de
nascimento de Jesus entre 6 e 4 a.C.[45] [46]
Os anos do ministério de Jesus foram estimados usando diversas abordagens
diferentes.[47][48] Uma delas aplica as referências em Lucas 3:1, Atos 10:37 e as
datas do reinado de Tibério, que são conhecidas com precisão, para
determinar a data de início em 28-29 d.C.[49] Outra abordagem usa a declaração
em João 2:13-20, que afirma que no início do ministério de Jesus o Templo de
Jerusalém se encontrava no seu 46º ano de construção; sabendo que a
reconstrução do templo foi iniciada por Herodes no 18º ano do seu reino,
estima-se que a data seja 27-29 d.C..[47][50] Outro método usa a data da morte de
João Batista e o casamento de Herodes Antipas com Herodíade, com base no
testemunho de Josefo, relacionando-os com Mateus 14:4 e Marcos 6:18.[51]
[52]
 Dado que a maior parte dos investigadores data o casamento em 28-35 d.C.,
isto determina a data do ministério entre 28 e 29 d.C.[48]
Têm sido usadas várias abordagens diferentes para estimar o ano
da crucificação de Jesus. A maior parte dos académicos concorda que ele
morreu entre os anos 30 e 33 d.C.[6] [53] Os evangelhos declaram que o evento
ocorreu durante o governo de Pilatos, que governou a Judeia entre 26 e 36
d.C.[54][55][56] A data para a conversão de Paulo (estimada entre 33 e 36 d.C.) é o
limite superior para a data de crucificação. As datas da conversão de Paulo e
do ministério podem ser determinadas através da análise das epístolas de
Paulo e do Livro dos Atos.[57][58] Desde Isaac Newton que os astrónomos tentam
estimar a data precisa da crucificação através da análise do movimento lunar e
do cálculo das datas históricas do Pessach, um festival com base no calendário
hebraico lunissolar. As datas mais aceites a partir deste método são 7 de abril
de 30 d.C. e 3 de abril de 33 d.C. (ambas julianas).[59]

Vida e ensinamentos no Novo Testamento


Os quatro evangelhos canónicos (Mateus, Marcos, Lucas e João) são as
principais fontes para a biografia de Jesus. No entanto, outras partes do Novo
Testamento, como as epístolas paulinas, escritas provavelmente décadas
antes dos evangelhos, incluem também referências a episódios chave da sua
vida, como a Última Ceia em Coríntios 11:23-26.[60][61] [62] Os Atos dos
Apóstolos (Atos 10:37-38 e Atos 19:4) referem-se ao início do ministério de
Jesus e ao do seu antecessor João Batista.[63][64] Os Atos 1:1-11 revelam mais
acerca da Ascensão de Jesus do que os evangelhos canónicos.[65] Alguns dos
primeiros grupos cristãos e gnósticos tinham descrições distintas da vida e
ensinamentos de Jesus que não estão incluídas no Novo Testamento. Entre
elas estão o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Pedro e o Apócrifo de Tiago,
entre várias outras narrativas apócrifas. A maior parte dos académicos
considera-as fontes muito posteriores e muito menos confiáveis do que os
evangelhos canónicos.[66][67]
Descrição nos evangelhos canónicos
Ver também: Harmonia evangélica e Confiabilidade histórica dos evangelhos

Manuscrito grego do Evangelho de Lucas, século III


Os evangelhos canónicos são constituídos por quatro narrativas, cada uma
escrita por um autor diferente. O primeiro a ser escrito foi o Evangelho segundo
Marcos (entre 60 e 75 d.C.), seguido pelo de Mateus (65-85 d.C.), o de Lucas
(65-95 d.C.) e o de João (75-100 d.C.). [68] Eles muitas vezes diferem em termos
de conteúdo e cronologia dos eventos. [69]
Três deles, Mateus, Marcos e Lucas, são conhecidos como evangelhos
sinópticos, a partir do grego σύν (syn "junto") e ὄψις (opsis "óptica").[70][71] [72] São
semelhantes em conteúdo, composição da narrativa, linguagem e estrutura dos
parágrafos.[70][71] Os académicos geralmente concordam que é impossível
encontrar qualquer relação direta entre os evangelhos sinópticos e o Evangelho
segundo João.[73] Enquanto que a sequência de alguns eventos da vida de
Jesus, como o batismo, transfiguração, crucificação e interação com os
apóstolos, são partilhados por todos os evangelhos sinópticos, alguns eventos,
como a transfiguração, não aparecem no Evangelho de João, que também
difere noutros temas, como a Limpeza do Templo.[74]
A maior parte dos académicos concorda que os autores de Mateus e
Lucas usaram Marcos como fonte ao escrever os seus evangelhos. Mateus e
Lucas partilham também outro conteúdo que não se encontra em Marcos. Para
explicar esta situação, muitos académicos acreditam que para além de Marcos,
os dois autores recorreram a outra fonte – denominada Fonte Q.[75]
De acordo com o ponto de vista da maioria, os evangelhos sinópticos são as
fontes primárias de informação histórica sobre Jesus.(Sanders 1993, p. 73) No
entanto, nem tudo o que está nos evangelhos é considerado verídico em
termos históricos. (Sanders 1993, p. 3) Entre os elementos cuja autenticidade
histórica é posta em causa estão a natividade, a ressurreição, a ascensão,
alguns dos milagres e o Julgamento no Sinédrio.[76][77][78] Os pontos de vista nos
evangelhos variam entre descrições inerrantes da vida de Jesus[79] a descrições
que não dão qualquer informação histórica da sua vida. [80]
No geral, os autores do Novo Testamento mostraram pouco interesse numa
cronologia absoluta da vida de Jesus ou em sincronizar os episódios da sua
vida com a história secular do seu tempo. [81] Tal como evidenciado em João
21:25, os evangelhos não pretendem fornecer uma lista exaustiva dos eventos
na vida de Jesus.[82] As narrativas foram escritas fundamentalmente como
documentos teológicos no contexto do cristianismo primitivo, sendo as
cronologias considerações secundárias.[83] Uma das principais manifestações de
que os evangelhos são documentos teológicos e não crónicas históricas é o
facto de dedicarem mais de um terço do texto a apenas sete dias,
nomeadamente à última semana de Jesus em Jerusalém, conhecida
como Paixão.[84] Embora os evangelhos não forneçam detalhes suficientes para
satisfazer a exigência de historiadores contemporâneos no que diz respeito a
datas precisas, é possível obter deles uma visão genérica da história de vida
de Jesus.[85][81][83]
Os evangelhos incluem diversos discursos de Jesus em ocasiões específicas,
como o Sermão da Montanha e o Discurso de adeus. Também incluem mais de
trinta parábolas ao longo da narrativa, muitas vezes sobre temas relacionados
com os sermões.[86] Os milagres realizados por Jesus ocupam grande parte dos
evangelhos. Em Marcos, 31% do texto é dedicado aos seus milagres. [87] As
descrições dos milagres são muitas vezes acompanhadas por registos dos
seus ensinamentos.[88][89]
Genealogia e Natividade
Ver artigos principais: Genealogia de Jesus e Nascimento de Jesus

Adoração dos Pastores por Gerard van Honthorst, 1622

As narrativas da genealogia e da natividade de Jesus no Novo Testamento só


aparecem nos evangelhos de Lucas e Mateus, sendo estas as principais fontes
de informação sobre o tema. Fora do Novo Testamento, existem documentos
mais ou menos contemporâneos de Jesus e dos evangelhos, mas poucos são
os que esclarecem detalhes biográficos da sua vida. [85] Mateus começa o seu
evangelho com a genealogia de Jesus (Mateus 1:1), antes de narrar o seu
nascimento. Identifica a ascendência de Jesus até Abraão através
de David. Lucas 3:22 discute a genealogia depois de descrever o batismo de
Jesus, no qual uma voz celestial se dirige a Jesus e o identifica como o Filho
de Deus. Mateus 3:23 determina a ascendência de Jesus desde "José, filho de
Eli", até "Adão, filho de Deus".[90]
A natividade é um elemento proeminente no Evangelho de Lucas,
correspondente a 10% do texto e três vezes mais longo do que o texto da
Natividade de Mateus.[91] A narração de Lucas dá ênfase a acontecimentos
anteriores ao nascimento de Jesus e foca-se em Maria, enquanto que Mateus
narra acontecimentos posteriores ao nascimento e se foca em José.[92][93]
[94]
 Ambos os textos afirmam que Jesus é filho de José e da sua noiva Maria e
que nasceu em Belém, e ambos apoiam a doutrina do nascimento virginal de
Jesus, segundo a qual Jesus foi concebido de forma milagrosa pelo Espírito
Santo no ventre de Maria enquanto ainda era virgem. [95][96][97]
Em Lucas 1:31, o arcanjo Gabriel diz a Maria que ela irá conceber e carregar
uma criança chamada Jesus por obra do Espírito Santo. [93][95] Estando noivo de
Maria, José fica preocupado com a sua gravidez (Mateus 1:19-20), mas no
primeiro dos seus três sonhos, um anjo assegura-lhe que não tenha medo de
casar com Maria, uma vez que a criança foi concebida pelo Espírito Santo.
[98]
 Quando se aproxima o momento do parto, Maria e José viajam
de Nazaré até à casa de José em Belém para se registarem no censo
ordenado pelo imperador romano. É aí que Maria dá à luz Jesus. Uma vez que
não encontraram vaga na estalagem, o recém-nascido é colocado numa
manjedoura (Lucas 2:1-7). Um anjo anuncia o nascimento a alguns pastores,
que se deslocam a Belém para ver Jesus e posteriormente divulgar a notícia
(Lucas 2:8-20). Depois de apresentarem Jesus no Templo, a família regressa a
Nazaré.[93][95] Em Mateus 1:1-12, três reis magos do Oriente levam ofertas ao
recém-nascido como o Rei dos Judeus. Herodes toma conhecimento do
nascimento de Jesus e, pretendendo vê-lo morto, ordena a execução de todas
as crianças do sexo masculino de Belém. No entanto, um anjo avisa José no
seu segundo sonho, o que leva a família a fugir para o Egito, de onde mais
tarde regressaria para se fixar em Nazaré. [98][99][100]
Infância
Jesus entre os doutores aos doze anos, por James Tissot, no Brooklyn Museum

Os evangelhos de Lucas e Mateus situam a casa de infância de Jesus na


cidade de Nazaré na Galileia. José, o marido de Maria, está presente na
descrição dos episódios da infância de Jesus, embora posteriormente não lhe
seja feita qualquer referência.[101] Os livros do Novo Testamento de Mateus e
Marcos e a epístola aos Gálatas mencionam os irmãos e irmãs de Jesus. No
entanto, a palavra grega "adelfos" nestes versos pode também ser traduzida
por "parente", em vez do mais comum "irmão". [102] A contradição manifesta entre
a existência de irmãos e a doutrina da virgindade perpétua de Maria levou a
que alguns dos primeiros teólogos tivessem argumentado que se tratavam de
filhos de José, fruto de um casamento anterior, ou que o texto se referia a
primos, e não a irmãos. Estas interpretações encontram-se hoje em dia
refutadas entre o meio académico contemporâneo. [103][104]
Originalmente escrito em grego helenístico, o Evangelho de Marcos refere
em Marcos 6:3 que Jesus era um τέκτων (tekton), enquanto que Mateus
13:55 refere que ele próprio era filho de um tekton.[105] Embora
tradicionalmente tekton seja traduzido por "carpinteiro", tekton é um termo
bastante genérico, da mesma raiz que está na origem de "técnico" e
"tecnologia", e que pode ser aplicado a construtores de objetos nos mais
diversos materiais e até mesmo a construtores.[106][107] Para além das narrações
do Novo Testamento, a associação de Jesus à carpintaria é constante em
tradições dos séculos I e II. Justino (m. c. 165 d.C.) escreveu que Jesus
fabricava arados e gadanhos.[108]
Batismo e Tentação
Ver artigos principais: Batismo de Jesus e Tentação de Cristo

Representação da cena batismal, na qual o céu se abre e o Espírito Santo desce na forma de uma
pomba. Francesco Trevisani, 1723[109]
Todas as narrativas do batismo de Jesus nos evangelhos são antecedidas por
informações sobre o ministério de João Batista.[110][111][112] Em todas, João é
retratado a pregar a penitência e arrependimento para remissão dos pecados e
a encorajar a oferta de esmolas aos pobres (Lucas 3:11) enquanto batiza os
crentes no rio Jordão, nas proximidades de Pereia, por volta da época em que
Jesus inicia o seu ministério. O Evangelho de João (João 1:28) refere
inicialmente "Betânia" e posteriormente (João 3:23) na margem oposta.[113][114]
Nos evangelhos, refere-se que João tinha vindo a anunciar (Lucas 3:16) a
chegada de alguém mais poderoso que ele,[115][116] o que também é referido
por Paulo de Tarso (Atos 19:4).[63] Em Mateus 3:14, durante o encontro com
Jesus, João afirma "Eu preciso de ser batizado por ti", embora seja persuadido
por Jesus a ser ele a batizá-lo.[117] Depois de o fazer e de Jesus emergir das
águas, o céu abre-se e ouve-se uma voz celestial: "Este é o meu Filho amado,
de quem me agrado" (Mateus 3:17). O Espírito Santo desce então até Jesus na
forma de uma pomba.[115][116] [117] Este é um de dois eventos descritos nos
evangelhos nos quais uma voz celestial chama a Jesus "Filho", sendo a outra a
Transfiguração.[118][119]
Após o batismo, os evangelhos sinópticos descrevem a Tentação de Cristo, na
qual Jesus resiste a tentações do Diabo enquanto jejua por quarenta dias e
noites no deserto da Judeia.[120][121] O batismo e tentação de Jesus servem de
preparação para o seu ministério público.[122] O Evangelho de João não
menciona nenhum dos eventos, embora inclua um testemunho de João no qual
ele vê o Espírito a descer sobre Jesus (João 1:32).[116] [123]
Ministério público

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