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Estudo-vida de Ezequiel.

Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM UM

INTRODUÇÃO

(1)

Leitura bíblica: Ez 1:1–3; Nm 4:2–3; 1Cr 23:3a; Lc 3:23a; Ez 40:17; 41:6a; 46:22; Nm
8:24; Gn 11:6, 31

Nosso plano nestas mensagens é entender as visões no Livro de Ezequiel. Nosso


alvo não é esquadrinhar esse livro ou expô-lo, mas entender as visões da vida gloriosa de
Deus contida nele. Portanto, em vez de considerar Ezequiel versículo por versículo ou até
mesmo capítulo por capítulo, nos empenharemos para liberar os pontos cruciais concer-
nentes à vida nesse livro.

O LIVRO DE EZEQUIEL É PARALELO


AO LIVRO DE APOCALIPSE

A Bíblia revela que uma história misteriosa é desvendada no universo: a história


envolvendo Deus e o homem. Nessa história, Deus entra no homem para ser a vida do ho-
mem, levando o homem a ter Sua natureza e Sua imagem gloriosa. Por fim, na natureza
divina, Deus e o homem serão edificados juntos para ser o lugar do descanso de Deus.
Como resultado dessa edificação, Deus e o homem terão uma união completa. Essa é a
história da vida misteriosa entre Deus e o homem.
Embora toda a Bíblia conte essa história misteriosa de Deus e do homem, dois
livros dizem respeito a essa história de uma maneira particular. Esses livros são Ezequiel e
Apocalipse. Ambos falam de Deus sendo vida para o homem, do Espírito da vida, do fluir
da água da vida, e do povo de Deus, que tem Sua semelhança gloriosa, tornando-se Sua
habitação. Ambos os livros terminam com uma visão de Jerusalém, e nos mostram que os
que compõem o povo de Deus são edificados juntos para se tornarem não somente a
habitação de Deus para Seu descanso, mas também Sua contraparte coletiva para Sua
satisfação.
Os livros de Ezequiel e de Apocalipse são paralelos. Se desejamos entender
Ezequiel, precisamos de Apocalipse, e se desejamos entender algo no Livro de Apoca-
lipse, precisamos entender as coisas relevadas em Ezequiel. Portanto, é de grande ajuda
tomar esses livros juntos. Se lermos Ezequiel e Apocalipse juntos, veremos que, em mui-
tos aspectos, eles são muito similares. Os pontos principais nesses dois livros são prati-
camente os mesmos.

As visões relacionadas à vida

A primeira similaridade é que os dois livros começam com visões. Tanto Ezequiel
quanto João tiveram visões, e as visões que eles tiveram estão relacionadas principal-
mente à vida. A Bíblia nos fala sobre vida. Nos livros de Ezequiel e Apocalipse, temos não
somente o termo vida, mas também visões retratando o que é a vida e como ela opera
dentro de nós e entre nós. Em ambos os livros, não temos apenas uma descrição de vida,
mas também visões nos mostrando o assunto de vida.

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O fluir da água viva

Em toda a Bíblia, os livros que falam mais claramente a respeito de Deus fluindo
como vida são Ezequiel e Apocalipse. Ezequiel e Apocalipse nos mostram o fluir da água
viva. Ezequiel 47:1 fala do rio que flui da habitação de Deus. O versículo 9 diz: “Tudo
viverá por onde quer que passe este rio”, e o versículo 12 diz: “Junto ao rio, às ribanceiras,
de um e de outro lado, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer; não
fenecerá a sua folha, nem faltará o seu fruto; nos seus meses, produzirá novos frutos,
porque as suas águas saem do santuário; o seu fruto servirá de alimento, e a sua folha, de
remédio”. Em Apocalipse 22:1 e 2, vemos o rio da água da vida que sai do trono de Deus e
do Cordeiro. “E mostrou-me o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono
de Deus e do Cordeiro no meio da rua. E deste e daquele lado do rio estava a árvore da
vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto a cada mês; e as folhas da árvore são para
a cura das nações”. Tanto em Ezequiel quanto em Apocalipse, portanto, temos um rio fluin-
do de Deus com suprimento de vida.

As visões de Jerusalém

A principal coisa que Ezequiel e Apocalipse têm em comum é que ambos os livros
nos dão uma visão de Jerusalém. Ezequiel termina com a visão de Jerusalém, e assim o
faz Apocalipse. Esses dois livros, que terminam com uma visão de Jerusalém, nos dizem
que o plano de Deus é vir para dentro de nós como vida para que tenhamos Sua natureza
e imagem de modo que, em Sua natureza com Sua imagem, nós que O temos como nossa
vida sejamos edificados como a cidade santa para sermos a habitação de Deus pela eter-
nidade. Esta é a mensagem central tanto de Ezequiel quanto de Apocalipse. Por conse-
guinte, a mensagem do Livro de Ezequiel é a mesma que a do Livro de Apocalipse.

Tanto Ezequiel quanto João


permanecem na posição de sacerdote

Os livros de Ezequiel e Apocalipse não são apenas similares em conteúdo, mas os


autores de ambos são similares em certos aspectos. A similaridade mais importante é que
o profeta Ezequiel e o apóstolo João eram sacerdotes diante de Deus. Embora Ezequiel
fosse um profeta, quando ele teve as visões registradas em seu livro, ele permaneceu na
posição de sacerdote, tendo o status de sacerdote (Ez 1:3), e também a vida de sacerdote.
Enquanto ele estava junto ao rio Quebar, ele, com certeza, estava levando a cabo seu
sacerdócio no espírito, servindo a Deus e tendo comunhão com Deus, de modo que os
céus foram abertos e ele teve a visão gloriosa de Deus sendo vida para o homem, de sorte
que Ele e o homem fossem edificados juntos. Em Apocalipse 5:10, o apóstolo João fala do
povo redimido de Deus sendo sacerdotes para Deus. Isso indica que o próprio João devia
estar servindo como sacerdote. Quando João escreveu o Livro de Apocalipse, seu cora-
ção, sua posição, sua condição e situação eram de um sacerdote.

UMA MINIATURA DE TODA A BÍBLIA

O Livro de Ezequiel ocupa uma posição muito importante entre os livros da Bíblia. Se
conhecemos o que a Bíblia revela, podemos ver que Ezequiel é uma miniatura de toda a
Bíblia. O que é revelado em Ezequiel é uma forma condensada de toda a revelação na Bí-
blia. Neste sentido, Ezequiel é uma miniatura das Escrituras como um todo.

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O propósito eterno de Deus

A Bíblia nos mostra claramente que o propósito eterno de Deus é dispensar a Si


mesmo para dentro de um grupo de seres humanos. Sua intenção é dispensar a Si mesmo
para dentro de nós para que O tenhamos como nossa vida, a fim de que tenhamos Sua
natureza, e portemos Sua gloriosa imagem. Isso significa que o propósito de Deus, Sua
intenção, é que nós e Ele tenhamos a mesma vida, natureza e imagem e que, por fim, nós
e Ele sejamos mesclados como uma entidade com duas naturezas, a divina e a humana, a
fim de sermos edificados juntos como a habitação de Deus. Esse é o propósito eterno de
Deus, que é revelado claramente nas Escrituras. O Livro de Ezequiel nos mostra o mesmo
quadro de uma maneira condensada, revelando que o plano de Deus é trabalhar a Si
mesmo para dentro de nós como nossa vida e mesclar-se conosco para que sejamos edi-
ficados Nele como vida a fim de sermos Sua habitação eterna. Isto é o que a Bíblia revela,
e isto é o que, em miniatura, Ezequiel também revela.

Vida, natureza, imagem e edifício

Nos três primeiros capítulos de Gênesis, vemos que Deus criou o homem e o pôs
diante da árvore da vida. A árvore da vida significa o próprio Deus como vida para nós na
forma de alimento. Por causa da queda do homem, a árvore da vida foi cercada e escondi-
da pelo querubim, e “o refulgir de uma espada que se revolvia” guardava “o caminho da
árvore da vida” (Gn 3:24). De Gênesis 3 em diante, vemos tanto o juízo de Deus quanto
Seu cuidado, misericórdia e salvação. Por um lado, o refulgir de uma espada executa Seu
juízo, queimando tudo que é contrário a Ele mesmo. Por outro, mediante Sua graça, Deus
redimiu um povo para Si mesmo. Mediante a redenção de Cristo, o caminho para a árvore
da vida foi aberto novamente para o homem. Agora, o homem, sob e mediante a redenção
de Cristo, tem livre acesso à árvore da vida e pode tomá-la como seu alimento. Essa é a
razão pela qual em João 6 o Senhor Jesus nos disse que Ele veio como o pão da vida e
que devemos tomá-Lo como alimento. Ele disse: “Quem de Mim se alimenta por Mim
viverá” (v. 57b). Se O tomarmos como nosso alimento, teremos Sua vida e natureza, e, por
fim, portaremos Sua imagem. Por termos Sua vida, natureza e imagem, seremos edifica-
dos juntos. Ele orou por essa edificação em João 17:21 quando disse: “A fim de que todos
sejam um; como Tu, Pai, estás em Mim, e Eu em Ti, que também estejam eles em Nós”.
Ser um dessa maneira significa que precisamos ser edificados juntos. Se prosseguirmos
do Evangelho de João para Apocalipse de João, podemos ver que, em Apocalipse 21 e 22,
todos os redimidos foram edificados juntos em uma cidade. Nessa cidade, somos todos
um, não apenas um em doutrina, nem mesmo apenas em uma visão, mas um em
edificação. Disso, vemos que precisamos ser edificados um com o outro em vida. Então,
Deus terá uma cidade, a Nova Jerusalém. Esse é um quadro retratado nas Escrituras.
Quando chegamos ao Livro de Ezequiel, vemos o mesmo quadro. No primeiro capí-
tulo, estão os querubins de fogo flamejante com Deus no meio deles. Outros capítulos nos
mostram como Deus vem para ser nossa vida (caps. 11, 33, 34, 36, 37, 47). Finalmente, o
capítulo quarenta e oito revela que nós que temos a vida de Deus seremos edificados jun-
tos na santa cidade, Jerusalém. Uma vez mais, vemos que o Livro de Ezequiel é uma mi-
niatura da Bíblia.
Precisamos ser profundamente impressionados com o fato que a Bíblia como um
todo e o Livro de Ezequiel como uma miniatura da Bíblia revelam que o plano de Deus é
dispensar a Si mesmo para dentro de nós como nossa vida, a fim de que tenhamos Sua
natureza divina e portemos Sua imagem gloriosa. Em seguida, pela natureza divina com a
imagem divina seremos edificados juntos como uma habitação eterna ___ a Nova
Jerusalém. Esse é o ponto central da revelação da Bíblia e também do Livro de Ezequiel.

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AS QUATRO SEÇÕES DE EZEQUIEL

Ezequiel é um livro de visões. A primeira seção desse livro (cap. 1) apresenta uma
visão da aparência da glória do Senhor, revelando como Deus é manifestado, como Ele se
move e como administra Seu governo mediante os quatro seres viventes. Por meio da
coordenação dos seres viventes, Deus pode se mover e administrar. Na segunda seção
(caps. 2___32), Deus vem como o fogo consumidor para julgar Seu povo e as nações gen-
tias. Depois do juízo, Deus vem para restaurar Seu povo pela vida. A terceira seção (caps.
33___39) é a seção da restauração. A quarta seção (caps. 40___48), que diz respeito ao
santo edifício de Deus, procede da restauração pela vida e consuma o livro. Portanto, Eze-
quiel começa com a aparência da glória do Senhor e termina com o edifício santo de Deus.
Isso indica que o alvo de Deus é o edifício.

UMA INTRODUÇÃO EXTRAORDINÁRIA

Cada livro da Bíblia começa de uma maneira singular. Por exemplo, Gênesis começa
dessa maneira: “No princípio, criou Deus os céus e a terra”. Mateus e João começam de
um modo muito diferente. Mateus 1:1 diz: “Livro da geração de Jesus cristo, filho de Davi,
filho de Abraão”. João 1:1 diz: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e
a Palavra era Deus”. O Livro de Ezequiel também começa de um modo muito peculiar. Os
três primeiros versículos de Ezequiel são uma introdução especial, específica, extraordiná-
ria ao livro.
Ezequiel 1:1–3 diz: “Aconteceu no trigésimo ano, no quinto dia do quarto mês, que,
estando eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive visões
de Deus. No quinto dia do referido mês, no quinto ano de cativeiro do rei Joaquim, veio
expressamente a palavra do SENHOR a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos
caldeus, junto ao rio Quebar, e ali esteve sobre ele a mão do SENHOR”. Nessa introdução,
quatro coisas principais são cobertas. Primeira, esse é um livro de visão, e esses versícu-
los introdutórios nos mostram o ano, o mês e o dia em que Ezequiel começou a ter as
visões. Segunda, esses versículos nos mostram o lugar onde ele teve as visões. Terceira,
temos aqui uma palavra a respeito do homem, da pessoa, que teve as visões. Quarta,
nessa introdução, vemos as condições para se ter as visões.

A DATA DAS VISÕES

A respeito da introdução a Ezequiel, a primeira coisa que precisamos considerar é a


data, com o ano, o mês e o dia.

O trigésimo ano

O ano foi o trigésimo ano. Isso se refere à idade de Ezequiel. Naquele tempo, Eze-
quiel tinha trinta anos de idade. Segundo Números 4:2–3 e 1Crônicas 23:3, um sacerdote,
um levita, começava a servir ao Senhor com a idade de trinta anos. O Senhor Jesus
também começou a servir a Deus em Seu ministério na idade divinamente legal de trinta
anos (Lc 3:23). Como um sacerdote que havia atingido a idade de trinta anos, Ezequiel es-
tava qualificado para iniciar seu ministério sacerdotal.
Aqui, temos o princípio que: para perceber as coisas espirituais e ter as visões celes-
tiais, precisamos de maturidade em vida. A idade de trinta anos significa maturidade. No

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tempo em que os sacerdotes atingiam a idade de trinta anos, eles eram considerados ma-
duros. Portanto, a frase no trigésimo ano indica que Ezequiel, tendo trinta anos de idade,
era maduro. Isso mostra que: se desejamos entender as visões no Livro de Ezequiel, deve-
mos ter maturidade em vida. Os cristãos hoje têm dificuldade em entender esse livro,
porquanto a maior parte deles carece de maturidade na vida divina. Falando espiritualmen-
te, não muitos cristãos têm atingido a idade de trinta anos, e, por conseguinte, é-lhes difícil
entender as visões nesse livro.
Em Ezequiel 40 a 48, a porção desse livro que é dedicada ao edifício de Deus, o nú-
mero trinta é usado para três tipos de coisas. O átrio exterior do templo de Deus em 46:22
tem quatro cantos, cada um dos quais tem uma largura de trinta côvados. Esses quatro
cantos são os lugares para os sacerdotes prepararem as ofertas para o povo comer e des-
frutar. Segundo 40:17, o átrio exterior do templo tem trinta câmaras. Quando o povo se
reúne para adorar a Deus, eles podem desfrutar as ricas ofertas nessas trinta câmaras.
Ezequiel 41:6 menciona outras trinta câmaras laterais. Essas câmaras estão ao redor do
templo nos três lados, em cada um dos três andares. Em cada andar há trinta câmaras la-
terais. Todas essas câmaras laterais indicam a plenitude do templo. Quando colocamos
esses versículos juntos, podemos ver que trinta é um número relacionado a preparar
Cristo, ministrar Cristo aos outros, desfrutar as riquezas de Cristo e expressar a plenitude
de Cristo. Por isso, na Bíblia, o número trinta significa maturidade em vida para preparar
Cristo para outros, desfrutarmos Cristo, e expressar Cristo em toda a Sua plenitude.
Quando Ezequiel teve as visões registradas nesse livro, ele tinha trinta anos de idade. Ele
era uma pessoa madura, capaz de preparar Cristo e ministrar Cristo para o desfrute de
outros e capaz também de desfrutar as riquezas de Cristo e expressar Cristo em toda a
Sua plenitude.
O número trinta não foi somente significante para Ezequiel, mas o é também para
nós como crentes em Cristo hoje. Da mesma forma que Ezequiel teve que estar maduro a
fim de servir como sacerdote, ter as visões, preparar Cristo como as ofertas para o desfru-
te de outros, para desfrutar as riquezas de Cristo e expressar a plenitude de Cristo, assim,
precisamos ser maduros em nossa vida espiritual, de sorte que tenhamos as visões
concernentes a Cristo e a Seu Corpo, para preparar Cristo para o desfrute de outros, e
desfrutar todas as riquezas de Cristo para nos tornarmos a plenitude de Cristo como Sua
expressão.
No Livro de Ezequiel, o número trinta é formado de duas maneiras: cinco multiplicado
por seis e três multiplicado por dez. Ele é constituído principalmente de três vezes dez. Na
Bíblia, o número dez, que é o número completo de um homem, é composto de dois cinco,
de cinco vezes dois. Considere, por exemplo, as dez virgens em Mateus 25. Cinco virgens
eram prudentes e cinco, insensatas. Aqui, vemos que as dez virgens eram divididas em
dois grupos de cinco. Com os Dez Mandamentos, havia cinco mandamentos em uma tá-
bua e cinco em uma segunda. Os Dez Mandamentos, portanto, também eram divididos em
dois grupos de cinco. O número cinco significa a responsabilidade que podemos carregar
por termos Deus acrescentado a nós. Quatro é o número da criatura, e um é o número do
Criador. Quando o Criador é acrescentado à criatura, esta é capaz de carregar respon-
sabilidade. O número dois é o número do testemunho, união e equilíbrio. Quando o Senhor
Jesus enviou os discípulos, Ele os enviou dois a dois. O número dez, composto de dois
cinco, significa que, como criaturas, temos Deus acrescentado a nós, de modo que po-
demos ser capazes de carregar responsabilidade. Isso indica que somos agraciados para
carregar responsabilidade diante de Deus no modo do testemunho, união e equilíbrio.
Conforme mostrado nos capítulos que se seguem, essa responsabilidade ocorre em
três níveis ou andares, significando as três pessoas da Deidade: o Pai, o Filho e o Espírito.
Três é o número do Deus Triúno, e trinta significa a natureza tripla de Deus estando no ho-
mem. Trinta é, portanto, um número importante, significando o homem com o Deus Triúno

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nele carregando responsabilidade de uma maneira completa. De tudo isso, podemos ver
que, em Ezequiel, o número trinta indica que as criaturas têm o Deus Triúno acrescentado
a elas, de modo que possam carregar a responsabilidade no Deus Triúno. Isto é matu-
ridade em vida, da qual precisamos para prepararmos Cristo para o desfrute de outros, a
fim de que nós mesmos desfrutemos Cristo de modo pleno, e O expressemos como Sua
plenitude. Somente por termos esse tipo de maturidade, seremos capazes de ter as visões
do Livro de Ezequiel.

O quinto ano

Ezequiel continua falando do quinto ano. Enquanto o trigésimo ano foi contado desde
o ano do seu nascimento, o quinto ano foi contado desde o ano do cativeiro. Por que as vi-
sões vieram no quinto ano do cativeiro e não antes? As visões não vieram antes, porque o
povo não estava preparado nem o próprio Ezequiel, estando com menos de trinta anos,
ainda não estava preparado. Isso indica que, para ter as visões registradas em Ezequiel,
exige-se que nós mesmos nos preparemos.
Uma vez que Ezequiel tinha trinta anos quando teve as visões, no ano do cativeiro
ele tinha apenas vinte e cinco anos. Números 4:2–3 nos diz que os sacerdotes começavam
seu ministério na idade de trinta anos, contudo Números 8:24 diz que os levitas começa-
vam a servir na idade de vinte e cinco anos. A razão para a diferença aqui é que os sacer-
dotes precisavam de cinco anos de aprendizado. Eles não podiam entrar no serviço sacer-
dotal imediatamente. Antes, eles precisavam ser treinados e disciplinados por cinco anos.
No início do cativeiro, Ezequiel era um aprendiz de sacerdote, um estudante. Ele ainda não
tinha a maturidade exigida para ter as visões. Isso mostra que, nas coisas espirituais, há a
necessidade de maturidade. Por causa da falta de maturidade, alguns entre nós não po-
dem ter as visões que o Senhor tenciona mostrar-nos a partir desse livro. Não podemos
ver alguns assuntos espirituais quando somos jovens. Portanto, precisamos olhar para o
Senhor para que Ele nos conceda maturidade em vida, a fim de que vejamos, aceitemos,
recebamos e peguemos todas as coisas espirituais.
O fato que as visões vieram no quinto ano indica que não somente Ezequiel, mas
também o povo tinha sido preparado. O número cinco significa que o homem é agraciado
por Deus para portar responsabilidade para com Deus. Embora o povo de Deus estivesse
no cativeiro, eles ainda tinham alguma graça de Deus; portanto, quando veio o tempo, eles
puderam carregar responsabilidade diante de Deus. O “quinto ano de cativeiro do rei
Joaquim” indica que o tempo havia chegado para o povo de Israel carregar a responsabi-
lidade para com Deus. Quando esse cativeiro começou, Ezequiel começou a aprender a
ser um sacerdote. Mesmo no cativeiro, Deus deu-lhe graça para que ele pudesse aprender
a ser um sacerdote. No tempo do quinto ano, tanto Ezequiel quanto o povo estavam pre-
parados. Por um lado, Ezequiel, havendo alcançado a idade de trinta anos, podia ministrar
oficialmente como sacerdote diante de Deus. Por outro, o povo agora podia carregar sua
responsabilidade, e Deus veio para falar-lhes a respeito disso.
Antes que os pais de uma criança possam falar-lhe acerca de uma responsabilidade
particular, a criança deve ter a idade adequada para receber tal falar. Uma criança deve
atingir certa idade antes que seus pais lhe peçam para carregar certa responsabilidade. A
situação é similar ao falar de Deus no Livro de Ezequiel. Deus não falou até o quinto ano
do cativeiro deles. Antes que Ezequiel alcançasse a idade de trinta anos, Deus não lhe deu
a responsabilidade de falar por Ele. Semelhantemente, antes do quinto ano do cativeiro, o
povo não havia recebido graça suficiente para carregar a responsabilidade da qual Deus
lhes falaria. Contudo, no tempo do quinto ano, o povo tinha graça suficiente, e Ezequiel
havia aprendido o suficiente e podia, agora, carregar a responsabilidade de falar por Deus.

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Assim, no quinto ano, Deus quis que Ezequiel portasse a responsabilidade de falar ao po-
vo de Israel e Ele quis que Israel carregasse a responsabilidade de ouvir Suas palavras.
Não podemos falar a respeito dessas coisas no Livro de Ezequiel àqueles que foram
salvos recentemente, pois eles não podem entendê-las. No entanto, quando alguém atinge
“o quinto ano” de sua salvação, Deus pode querer falar-lhe de um modo particular. Seme-
lhantemente, como aquele que fala por Deus, eu não posso falar dessas coisas até que
tenha alcançado “o trigésimo ano”. Agora que tenho chegado ao meu “trigésimo ano”, e
outros têm chegado a seu “quinto ano”, posso falar-lhes a respeito das visões em Ezequiel,
e eles podem receber esse falar. Tanto o que fala quanto aqueles que ouvem devem
carregar sua responsabilidade para com Deus.

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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM DOIS

INTRODUÇÃO

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Leitura bíblica: Ez 1:1–3; Nm 4:2–3; 1Cr 23:3a; Lc 3:23a; Ez 40:17; 41:6a; 46:22; Nm
8:24; Gn 11:6, 31

Nesta mensagem, continuaremos a considerar Ezequiel 1:1-3, três versículos que


são a introdução a esse livro. Vimos a data das visões, e, agora, continuaremos a ver o
lugar das visões, a pessoa que teve as visões, e as condições para ter as visões.

O LUGAR

O segundo ponto na introdução é o lugar onde Ezequiel teve as visões. O versículo 3


nos fala que as visões vieram a Ezequiel quando ele estava “na terra dos caldeus, junto ao
rio Quebar”.

Na Caldeia

O lugar ___ a terra dos caldeus ___ não era um bom lugar, pois a Caldeia era o lugar
onde Babel começou. O nome Babel em hebraico é equivalente a Babilônia no grego. Por-
tanto, podemos dizer que a Caldeia era, na realidade, Babilônia e que Babilônia era Babel,
o lugar onde Satanás reunira as pessoas caídas para se rebelar contra Deus. O próprio
lugar onde Ezequiel teve as visões era o lugar onde Satanás instigou a maior rebelião
contra Deus entre as pessoas caídas. Esse também era o lugar para fora do qual Deus
havia chamado Abraão para que Ele pudesse ter um povo escolhido (Gn 11:6, 31). Infe-
lizmente, no tempo de Ezequiel, a maior parte do povo de Deus havia sido levada de volta
para esse lugar. Seu cativeiro era sua queda. Eles tinham caído no próprio lugar para fora
do qual seu antepassado Abraão havia sido chamado por Deus.
Eu pediria para você considerar a situação dos cristãos hoje. A maior parte dos cris-
tãos está na terra de Canaã ou na terra dos caldeus? Seguramente, a maioria dos cristãos
não está na boa terra, mas no lugar de degradação. Por essa razão, o Livro de Ezequiel se
adapta exatamente à situação dos cristãos hoje.

Junto ao rio Quebar

Quando Ezequiel teve as visões, ele estava junto ao rio Quebar. Ele diz no versículo
1: “Estando eu no meio dos exilados, junto ao rio Quebar”. O rio Quebar significa o poder
do inimigo para arruinar o povo de Deus (cf. Is 8:7–8). Quebar significa “forte”, “muitos”,
“poderoso”. Esse rio, o rio da Babilônia, indica que a Babilônia era forte e poderosa, e, por
conseguinte, ele significa o poder da Babilônia em ser contra o povo de Deus. Hoje, o “rio
Quebar” é a maré satânica da era que arrasta o povo de Deus para a Babilônia.
Há dois rios no Livro de Ezequiel: o rio Quebar no capítulo 1 e o rio que flui do templo
no capítulo quarenta e sete. O rio Quebar afasta o povo de Deus de Deus, mas o rio que
flui do templo leva o povo de Deus para dentro da vida. Precisamos perceber que esses
dois rios ainda estão na terra hoje. Um rio é a corrente, o curso, a maré, deste mundo.

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Esse é o rio da Babilônia, o rio do mundo caído, que arrasta o povo de Deus. Louvamos o
Senhor, pois existe outro rio, e porque tudo vive por onde esse rio passa.
Dois rios estão fluindo hoje. Um rio é deste mundo; o outro é da terra santa. Um rio
arrasta o povo de Deus; o outro leva o povo de volta a Deus em vida. Um rio destrói o
edifício de Deus; o outro edifica a habitação de Deus.
Em que rio você está: no rio Quebar ou no rio que flui da habitação de Deus? Você
pode dizer que está junto ao rio da água viva que sai da habitação de Deus, todavia você
ainda pode ter algo desta era, da corrente do mundo hoje. Se você ainda está na corrente
do mundo hoje, você não está junto ao rio da água viva, mas junto ao rio Quebar, e ainda
não está na terra santa, mas na terra dos caldeus.
Quando os céus foram abertos para Ezequiel, ele estava junto ao rio Quebar,
contudo ele não estava nesse rio. Muitos do povo de Israel haviam sido mortos pelo exér-
cito babilônico; outros haviam morrido por causa da fome, doenças, e animais selvagens.
Não obstante, a situação não era totalmente desesperadora, pois Deus ainda deixou
alguma “terra seca” junto ao rio que havia levado Seu povo embora. Ao dar-lhes essa
“terra seca”, Deus os capacitou a permanecerem vivos e serem preservados. Isso mostra
que a graça de Deus permaneceu com Ezequiel, com o rei Joaquim e com muitos outros
que haviam sido levados para o cativeiro. Se eles não tivessem ficado junto às margens do
rio Quebar, mas, ao invés, no rio, todos teriam perecido. Por causa da graça de Deus, eles
ainda puderam viver junto ao rio na terra do cativeiro. Embora eles não pudessem viver em
Canaã, e, por conseguinte, não pudessem desfrutar a abundância da graça em Cristo,
ainda podiam desfrutar alguma misericórdia na terra do cativeiro.
As visões registradas no Livro de Ezequiel são urgentemente necessárias para os
cristãos, bem como para igreja, hoje. Quanto mais contato o Senhor e tenho comunhão
com Ele e mais observo a situação hoje, mais percebo que as visões de Ezequiel são
mensagens de Deus para a era presente. As visões que Deus deu a Ezequiel foram para
um povo que estava no cativeiro junto ao rio Quebar. Hoje, a maior parte dos filhos de
Deus também está na terra do cativeiro. Em vez de permanecer em Cristo como a boa
terra de Canaã, eles têm caído no cativeiro na Babilônia, onde não vivem em Cristo
adequada e continuamente, e onde não desfrutam as riquezas de Cristo. Essa é a
condição, em toda parte, dos cristãos hoje. Por essa razão, creio que as visões no Livro de
Ezequiel satisfazem a necessidade do povo de Deus hoje.

A PESSOA

O próximo ponto a considerar é a pessoa, Ezequiel, que teve as visões.

Entre os cativos

No versículo 1, Ezequiel nos diz que ele estava “no meio dos exilados, junto ao rio
Quebar”. Como um cativo na terra do cativeiro, Ezequiel foi testado e, seguramente, deve
ter se sentido perplexo, aflito e deprimido. Essa também pode ser nossa experiência hoje.
Algumas vezes, quando nos reunimos com os irmãos e irmãs, sentimos que estamos na
terra do cativeiro e nos sentimos aflitos e deprimidos.

Um sacerdote

O versículo 3 fala explicitamente de “Ezequiel, (...), o sacerdote”. Como um sacer-


dote, Ezequiel era alguém que vivia na presença de Deus, servindo a Deus e estando mes-
clado com Deus. Ezequiel era esse tipo de pessoa. Embora estivesse na terra do cativeiro,

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ele ainda vivia na presença de Deus e ministrava diante de Deus. Ele estava junto ao rio
Quebar, não no templo santo, contudo, como um sacerdote, ele olhava para Deus, orava a
Deus, contatava Deus, tinha comunhão com Deus e esperava por Deus. Visto que Eze-
quiel era essa pessoa e contatava Deus dessa maneira, os céus se lhe abriram, e ele teve
“visões de Deus” (v. 1).
Encorajamos todos os irmãos e irmãs no Senhor a servi-Lo como sacerdotes. Todos
nós precisamos aprender a orar a Deus, contatar Deus, ter comunhão com Deus e viver
diante de Deus. Se nos exercitarmos como sacerdotes dessa maneira, os céus ser-nos-ão
abertos e teremos visões de Deus.

Filho de Buzi, contudo fortalecido por Deus

Ezequiel era filho de Buzi. Buzi significa “desprezo” ou “desprezado”. Ezequiel era
um profeta que fora muito desprezado pelo povo e que fora tratado com desprezo. Em seu
ministério, ele não recebeu qualquer glória. Se você é um Ezequiel na restauração do
Senhor hoje, você deve esperar ser uma pessoa desprezada. Não pense que terá qualquer
glória. Outros o desprezarão e o tratarão com desprezo.
Ezequiel significa “Deus fortalecerá”. Também significa “o Todo-poderoso é sua for-
ça”. O nome Ezequiel termina com o sufixo el, que significa “o Poderoso”. Por um lado, ele
era filho de Buzi, desprezado por outros. Por outro, ele era Ezequiel, fortalecido por Deus,
o Poderoso. Em 38:8–9a, o Senhor disse a Ezequiel: “Eis que fiz duro o teu rosto contra o
rosto deles e dura a tua fronte, contra a sua fronte. Fiz a tua fronte como o diamante, mais
dura do que a pederneira”. Ele foi desprezado e tratado com desprezo, mas foi fortalecido
por Deus.
Para Ezequiel, ser o filho de Buzi significava que ele era um filho de vergonha, um fi-
lho de humilhação. Podemos pensar que, como um profeta, seu ministério profético teria
sido glorioso. No entanto, quando lemos o Livro de Ezequiel, vemos que, ao cumprir seu
ministério como profeta, ele foi constantemente desonrado e envergonhado. Deus ungiu
Ezequiel para ser um sinal para o povo de Israel, um sinal de eles serem envergonhados
(Ez 12:6, 11; 24:24, 27). Deus exigiu que ele realizasse certas demonstrações, e, nessas
demonstrações, ele se tornou um profeta desonrado. Por exemplo, Deus lhe disse para se
deitar sobre seu lado esquerdo por trezentos e noventa dias e sobre seu lado direito
quarenta dias (Ez 4:4–7) e comer pão preparado com esterco de vaca (Ez 4:9–15). Deus
também lhe disse para abrir um buraco na parede da cidade e carregar sua bagagem atra-
vés da parede, e Ezequiel fez como lhe fora ordenado (Ez 12:1–7). Além do mais, um dia,
sua esposa faleceu subitamente (Ez 24:16–18). Ezequiel, verdadeiramente, foi um filho
desonrado.
Aqueles que ministram a palavra do Senhor hoje também serão filhos desonrados.
Quando o povo de Deus está no cativeiro, aqueles que se levantam para ser os ministros
de Deus, servindo como Seus sacerdotes e tendo Suas visões, terão que carregar a ver-
gonha do povo de Deus. Uma vez que o povo cativo de Deus está envergonhado, os mi-
nistros de Deus também serão desonrados à medida que ministram as palavras de Deus.
Embora Ezequiel fosse um filho desonrado que sofreu vergonha e desonra, o Deus
todo-poderoso foi sua força. Visto que foi empoderado por Deus, Ezequiel pôde ser forte
no meio da desonra. Como um homem fortalecido e empoderado por Deus, ele pôde su-
portar toda a vergonha e desonra a fim de cumprir seu ministério como profeta de Deus,
oráculo de Deus.

AS CONDIÇÕES PARA TER AS VISÕES

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Finalmente, considerando a introdução em Ezequiel 1:1–3, precisamos considerar as


condições para ter as visões.

Os céus são abertos

“Abriram-[se] os céus, e tive visões de Deus” (Ez 1:1b). A abertura dos céus é a
visitação especial de Deus. Sempre que o povo na terra é um com Deus, os céus ser-lhes-
ão abertos. Na terra do cativeiro havia um homem, Ezequiel, que era maduro e que era um
com Deus, e os céus lhe foram abertos. Hoje, o princípio é o mesmo. Precisamos que os
céus se nos sejam abertos, contudo a fim de que os céus sejam abertos em nossa expe-
riência, precisamos ser Ezequiéis. Se formos Ezequiéis hoje, teremos um céu aberto.
A primeira vez que a Bíblia menciona os céus sendo abertos foi quando Jacó estava
jornadeando em sua tentativa de escapar de seu irmão Esaú. Ele teve um sonho, e, nesse
sonho, os céus foram abertos para ele (Gn 28:11–17). Isso significava que Deus tenciona-
va ganhar Jacó como Sua cabeça de ponte na terra, de sorte que os céus pudessem ser
abertos para a terra. Quando o Senhor Jesus foi batizado, os céus foram abertos para de-
clarar que havia um homem na terra que era um com Deus nos céus (Mt 3:16–17). Quando
Estêvão foi martirizado, os céus se lhes foram abertos (At 7:56). Quando o Senhor Jesus
voltar, os céus serão abertos outra vez. É uma grande bênção para os filhos de Deus ter
os céus abertos para eles.
Depois que a terra foi ocupada por Satanás e as pessoas na terra sofreram dano de
Satanás, Deus não pôde vir à terra, e os céus, onde Deus está, não pôde ser aberto para
as pessoas na terra. Esta era a situação no tempo de Ezequiel. O povo de Israel tinha sido
danificado por Satanás e levado para o cativeiro, e, como resultado, os céus não podiam
ser abertos para eles. No entanto, entre aqueles que estavam no cativeiro, havia um sacer-
dote que estava buscando a Deus e contatando-O, e que estava conectado aos céus. Os
céus puderam, por conseguinte, ser abertos para ele e até mesmo desceu à terra, capaci-
tando as coisas celestiais de Deus serem vistas pelo povo na terra e serem cumpridas
entre eles na terra. Isso foi, verdadeiramente, um grande assunto.
Deus continua precisando de pessoas que possam fazer com que Seus céus sejam
abertos. Hoje, a terra ainda está ocupada por Satanás; as pessoas na terra ainda estão
nas mãos de Satanás; e a maior parte do povo de Deus ainda está no cativeiro. Portanto,
há uma necessidade urgente de alguns, como Ezequiel, que buscarão a Deus, contatá-lo-
ão e serão sacerdotes de Deus ministrando diante Dele. Se Deus tiver esses Ezequiéis
hoje, os céus serão abertos, as pessoas na terra poderão ter as visões celestiais, e as coi-
sas celestiais serão realizadas na terra. Que, nesses dias, todos nós busquemos a Deus e
O contatemos e que os céus se nos sejam abertos!

A visão recebida

Não somente os céus foram abertos para Ezequiel, mas as visões vieram, e algo foi
revelado, desvelado, para ele. Deus disse a Ezequiel: “Vê com os próprios olhos, ouve
com os próprios ouvidos; e põe no coração tudo quanto eu te mostrar” (Ez 40:4). Os céus
foram abertos com o propósito de permitir Ezequiel ter as visões de Deus. As visões de
Deus são Suas revelações, que nos capacitam a ver as coisas divinas, espirituais e ce-
lestiais. Aqueles para os quais os céus não estão abertos não podem ver as coisas celes-
tiais de Deus.
No capítulo um, Deus abriu o véu no céu e deixou Ezequiel ver o que estava por
detrás do véu. Ezequiel viu quatro seres viventes e o trono glorioso de Deus. Por causa do
que viu, ele foi encarregado de transmitir essas visões a outros. O que ele falou não foi um
ensinamento ou algo imaginário, mas uma visão celestial que ele havia tido no espírito.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Todo ministro da palavra de Deus deve transmitir visões espirituais e celestiais a outros.
Nestas mensagens, não estou ministrando uma teoria, um conceito, uma doutrina, ou algo
da teologia sistematizada; estou ministrando uma visão dos céus abertos.
Todas as igrejas e todos os santos precisam ter visões celestiais. Portanto, o que
apresentamos aos filhos de Deus não deve ser mero ensinamento ou doutrina ou conhe-
cimento obtido a partir de leitura, mas uma visão que temos tido no espírito sob os céus
abertos mediante nosso contato com Deus. Isso levará o povo de Deus a ser restaurado
do seu cativeiro, e levará à edificação das igrejas de Deus. Espero que todas as mensa-
gens liberadas entre nós na restauração do Senhor sejam cheias das visões de Deus.

A palavra de Deus vem expressamente

Deus não somente deu Suas visões a Ezequiel; Ele também lhe deu Suas palavras.
Visões são revelações de Deus, que nos levam a ver algo. As palavras de Deus são Suas
explicações, que nos levam a ouvir algo. Visto que Deus queria que Ezequiel não somente
visse com seus olhos, mas também ouvisse com seus ouvidos (Ez 40:4), Ele lhe deu pala-
vras juntamente com Suas visões. Ele explicou Suas visões com Suas palavras.
As palavras que vieram a Ezequiel não foram comuns ou costumeiras; foram espe-
ciais. As palavras dadas a Ezequiel, sendo especiais, frescas e vívidas, são diferentes das
palavras dadas a Moisés, Isaías e Jeremias. De fato, elas são diferentes das palavras que
estão em qualquer outro livro da Bíblia. Quando lemos o Livro de Ezequiel, sentimos que
as palavras nesse livro são especiais. As palavras em Ezequiel são palavras especiais de
Deus, que vieram de modo especial a um homem que estava em íntimo contato com Deus.
Ezequiel 1:3a diz: “Veio expressamente a palavra do SENHOR a Ezequiel, (...), o
sacerdote”. Essa não foi uma palavra costumeira; foi uma palavra expressa. Porquanto tal
palavra expressa não vai para as exposições da Bíblia, e nem mesmo para os livros de
Watchman Nee e Witness Lee, você precisa ter uma palavra expressa do Senhor. Com
Ezequiel, os céus foram abertos, as visões vieram e a palavra veio expressamente.
Aqueles que são ministros das palavras de Deus precisam que Deus lhes dê não
somente visões, mas também palavras especiais, palavras frescas. Precisamos ter visões
celestiais de Deus, e ouvir palavras especiais de Deus. Precisamos das palavras que nos
capacitarão a entender as visões, e das palavras que nos capacitarão a proclamar e a
explicar o que temos visto. Que as palavras de Deus nos venham expressamente junta-
mente com as visões de Deus!

A mão de Deus esteve sobre ele

Ezequiel 1:3b continua dizendo: “Esteve sobre ele a mão do SENHOR”. Aqui, vemos
que a mão do Senhor segue a palavra do Senhor. A sequência é significante: os céus
abertos, as visões, a palavra de Deus e a mão de Deus. A mão de Deus sempre segue
Seu falar. O que quer que Ele diga, Ele faz. Se o que ministramos é verdadeiramente a
palavra de Deus, a mão de Deus seguirá. No entanto, se você ministra muitas coisas e
nada acontece, isso significa que você tem uma boca palradora, contudo a mão de Deus
não está operando. Você precisa que a mão do Deus todo-poderoso opere o que você está
falando.
Hoje, precisamos dos céus abertos; precisamos que a visão venha até nós; precisa-
mos que a palavra do Senhor nos venha expressamente; e precisamos que a mão do
Senhor esteja sobre nós. Se falamos e a mão divina não segue, então nosso falar é vã pal-
rice e os outros não prestam atenção a ele. No entanto, se o que ministramos é a palavra
expressa de Deus, os outros devem ser cuidadosos acerca de como lidam com essa pa-
lavra. Aquele que fala a palavra expressa de Deus pode ser uma pessoa insignificante,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

todavia a mão de Deus não é um assunto insignificante. Deus virá para fazer aquilo que
Ele diz e para operar segundo Seu falar.
A mão de Deus sobre um homem é também para guiar o homem e levá-lo a agir (cf.
1Rs 18:46). As visões são para ver; as palavras, para ouvir; e a mão é para ação. A mão
do Senhor sobre Ezequiel o susteve, guiou-o, ergueu-o e o carregou, de sorte que ele
pôde agir. Depois que a mão do Senhor esteve sobre Ezequiel, tudo que ele fez foi por
causa do guiar e do dirigir da mão do Senhor. A mão de Deus guiou e dirigiu Ezequiel
como uma pessoa que falava por Deus. Toda ação sua estava sob a mão de Deus. Onde
quer que ele fosse, o que quer que fizesse, e como agisse e se comportasse era por causa
da mão guiadora e diretora de Deus. Quer estivesse preso ou livre, quer lamentasse ou se
regozijasse, fosse ou viesse, tudo estava sob o guiar e dirigir da mão de Deus.
Aqui, vemos que um homem que fala por Deus não tem mais sua própria liberdade e
não pode mais fazer coisas segundo sua própria conveniência. Se a mão de Deus o leva a
ir a certo lugar, ele deve ir. Se a mão de Deus o dirige a fazer certa coisa, ele deve fazê-lo.
Suas ações são conforme o guiar da mão de Deus e estão sob o dirigir estrito da mão de
Deus. Onde ele vai e o que faz não são segundo sua escolha, mas estão sob e conforme a
mão guiadora e diretora de Deus. Isso exige que alguém que fala por Deus pague um pre-
ço considerável.
Todo ministro da palavra de Deus precisa cumprir as quatro condições para ter as
visões de Deus. Todo aquele que fala as palavras de Deus de um modo normal deve ser
alguém para quem os céus estão abertos, alguém que tem tido as visões de Deus, alguém
a quem as palavras de Deus têm vindo expressamente, e alguém que tem a mão de Deus
sobre si.
Que todos nós cheguemos ao “trigésimo ano”, e estejamos junto ao rio Quebar, não
na corrente da Babilônia. Que todos nós tenhamos um céu aberto, tenhamos a visões de
Deus, recebamos as palavras de Deus, tenhamos a mão guiadora e diretora de Deus so-
bre nós. Deus precisa dessas pessoas hoje, e a igreja também precisa delas. Que todos
nós nos tornemos essas pessoas para satisfazer a necessidade de Deus!

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM TRÊS

O VENTO, A NUVEM, O FOGO


E O METAL BRILHANTE (ELECTRO)

Leitura bíblica: Ez 1:4; Sl 75:6–7a; Ez 37:9; Jo 3:8; At 2:2, 4a; Êx 24:16a; 40:34; Dt
4:24; Hb 12:29; Ez 1:27a, 28; 8:2b, 4; Ap 4:3a; 22:1

Nesta mensagem, consideraremos Ezequiel 1:4. Esse versículo abrange quatro coi-
sas principais; o vento, a nuvem, o fogo e o metal brilhante (electro). Primeiramente, um
vento tempestuoso vinha do norte. Segundo, uma grande nuvem vinha juntamente com o
vento. Terceiro, havia um fogo a revolver-se. Quarto, do fogo saía um metal brilhante.

NOSSAS EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS


SÃO CONFORME NOSSO CONHECIMENTO DE DEUS

Gênesis 1 começa com uma palavra a respeito de Deus, e Ezequiel 1 abre com uma
visão gloriosa de Deus. Aqueles que conhecem Deus podem testificar que nossas expe-
riências espirituais são conforme nosso conhecimento de Deus. Semelhantemente, nosso
serviço e os negócios da igreja também dependem de nosso conhecimento de Deus. O
grau em que conhecemos Deus determinará tanto o grau da nossa experiência espiritual
quanto à situação da igreja. Espiritualmente falando, tudo que temos depende do ser, da
visão e da manifestação de Deus e de conhecermos Deus.
As visões no Livro de Ezequiel começam não com o homem, mas com Deus. As vi-
sões, que começam do norte, onde Deus está, mostram-nos Deus em Sua vontade, plano,
intenção, obra, ação e relacionamento com o homem. Essas visões revelam aquilo que
Deus espera que o homem seja em relação a Ele. Em acréscimo aos quatros itens mencio-
nados acima, as visões no capítulo um incluem os quatro seres viventes, as rodas com
cambotas altas e espantosas, o firmamento como cristal brilhante, o trono glorioso de Deus
e o homem sobre o trono. À medida que consideramos as visões gloriosas nesse capítulo,
precisamos prestar cuidadosa atenção a todos esses assuntos.

A BÍBLIA É UM LIVRO DE FIGURAS


QUE DESCREVEM COISAS ESPIRITUAIS

A Bíblia é um livro de figuras revelando-nos Deus e as coisas espirituais. Deus é Es-


pírito, e, como tal, Ele é abstrato, misterioso, invisível, intangível e insondável. Não so-
mente Deus é abstrato, mas todas as coisas espirituais também são abstratas. Sem as
figuras na Bíblia, ser-nos-ia muito difícil entender Deus e as coisas espirituais. Em Sua
sabedoria, Deus usa as coisas visíveis e materiais para descrever as coisas invisíveis e
espirituais. Ademais, Ele usa sinais e símbolos para expressar os assuntos abstratos e
misteriosos. Por essa razão, a Bíblia usa muitos tipos, figuras e quadros para descrever e
retratar coisas espirituais.
Muitos itens no universo são símbolos de coisas espirituais. Por exemplo, o sol sim-
boliza Cristo como nossa luz (Ml 4:2; Lc 1:78), e pão simboliza Cristo como nosso sustento
(Jo 6:35). Na realidade, todas as coisas positivas no universo podem ser usadas para re-
tratar o que Cristo é para nós. A intenção de Deus em Sua criação é usar as coisas da cri-
ação para ilustrar o que Cristo é. Isso significa que todo o universo veio à existência com o

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

propósito de descrever Cristo. Por exemplo, se a videira não fosse criada, o Senhor não
poderia ter usado uma videira para descrever a Si mesmo (Jo 15:1). Se não houvesse ra-
posas ou aves do céu, Cristo não poderia ter comparado Sua situação em Seu ministério
àquelas das raposas com seus covis e das aves do céu com seus ninhos (Mt 8:20).
Mesmo o pasto foi criado de modo que o Senhor Jesus pudesse usá-lo como ilustração de
Si mesmo (Jo 10:9). Visto que o universo com os bilhões de coisas e pessoas nele foi
criado com o propósito de descrever Cristo, Ele, ao revelar a Si mesmo, pode encontrar em
qualquer ambiente algo que serve como ilustração de Si mesmo. Todo o universo é uma
figura de Cristo. Se virmos isso, perceberemos quão rico, profundo, ilimitado e insondável
Cristo é.
Da mesma forma que a Bíblia como um todo é um livro de figura, assim, Ezequiel,
como uma miniatura da Bíblia, também é um livro de figura, um livro cheio de figuras.
Essas figuras são apresentadas na forma de visões. As visões que Ezequiel teve estavam
totalmente relacionadas com Deus e com as coisas espirituais e, portanto, não devem ser
entendidas de uma maneira literal e física. Se tentarmos interpretar as visões em Ezequiel
literalmente, não poderemos entendê-las.
Quando eu era jovem, não conseguia entender o Livro de Ezequiel. Quanto mais lia
esse livro, mas confuso eu me tornava. Em especial, eu não conseguia entender o assunto
dos quatro seres viventes. Cada um dos seres viventes tinha quatro rostos: na frente, o
rosto de um homem; à direita, o rosto de um leão; à esquerda, rosto de boi; e, por trás,
rosto de águia (Ez 1:5–6, 10). Ademais, “a planta de cujos pés era como a de um bezerro”
e “debaixo das asas tinham mãos de homem” (Ez 1:7a, 8a). Eu pensava que o quadro dos
seres viventes era muito estranho, e eu não conseguia entendê-lo de forma alguma.
Agradeço ao Senhor, porquanto, à medida que, gradualmente, avancei na minha expe-
riência espiritual, comecei a entender as visões em Ezequiel, comparando o registro em
Ezequiel com outras porções da Palavra. Por fim, como alguém que junta as peças de um
quebra-cabeça a fim de ter um quadro completo, eu juntei várias partes da Palavra e
comecei a ver as figuras dos assuntos espirituais retratados no Livro de Ezequiel, perce-
bendo que Ezequiel usa coisas visíveis e físicas para representar coisas espirituais. Agora,
em nosso estudo de Ezequiel, precisamos ver o significado espiritual intrínseco das figuras
nesse livro, considerando-as à luz de toda a Bíblia e comparando-as com nossa experi-
ência espiritual.
Comecemos, agora, a considerar os quatro assuntos em Ezequiel 1:4 ponto por pon-
to.

O VENTO TEMPESTUOSO

Do norte

A primeira parte de Ezequiel 1:4 diz: “Olhei, e eis que um vento tempestuoso vinha
do Norte”. A ARA (Almeida Revista e Atualizada) e a ARC (Almeida Revista e Corrigida),
bem como a TB (Tradução Brasileira) traduzem a palavra hebraica para redemoinho de
vento como “vento tempestuoso”, e eu sinto que essa tradução é preferível. Portanto, esse
versículo está dizendo que um vento tempestuoso veio do norte.
Por que o vento tempestuoso vem do norte e não do sul, do leste ou do oeste? A
resposta a essa pergunta é encontrada em Salmos 75:6–7a: “Porque não é do Oriente,
não é do Ocidente, nem do deserto que vem o auxílio. Deus é o juiz”. Aqui, norte é
substituído por Deus. Isso indica que Deus está no norte. Em termos geográficos, o norte é
comumente considerado como estando em cima, e, por conseguinte, ir para o norte é
subir. Deus, que está no norte, está sempre acima. Falando espiritualmente, isso significa
que, quando estamos indo para o norte, estamos indo para Deus. O fato que o vento tem-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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pestuoso veio do norte significa que ele veio de Deus. O lugar de habitação, a habitação,
de Deus é a fonte de todas as coisas espirituais. O vento tempestuoso veio do norte, da
habitação de Deus. Deus, portanto, era a fonte do vento tempestuoso.

Significa o Espírito de Deus

A palavra hebraica para vento é ruach. Ruach pode ser traduzido “vento” ou “sopro”
ou “espírito” ou “fôlego” ou “respiração”. Na Versão King James em português de Ezequiel
37, essa palavra hebraica é traduzida de todas as cinco maneiras: “vento” no versículo 9;
“fôlego” nos versículos 5, 8 e 10; “respiração” no versículo 6; “sopro” no versículo 9; e
“Espírito” nos versículos 1 e 14. É difícil para os tradutores decidir se em determinado
versículo ruach significa vento, sopro, respiração, fôlego ou espírito. A decisão deve ser
feita segundo o contexto.
Em 1:4, ruach denota um vento, um vento tempestuoso que significa nada menos
que o Espírito poderoso. No dia de Pentecostes, houve um vento impetuoso e violento que
encheu toda a casa onde os cento e vinte estavam assentados. Então, todos eles ficaram
cheios do Espírito Santo (At 2:2, 4a). Sem dúvida, esse vento impetuoso e violento era o
Espírito poderoso.
Em João 3:8, o Senhor Jesus disse: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas
não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”. Al-
gumas versões mostram em uma nota de rodapé que a palavra vento nesse versículo é
uma tradução da palavra grega para espírito, pneuma. A palavra hebraica ruach e a pala-
vra grega pneuma têm exatamente o mesmo significado. Como ruach, a palavra pneuma
pode ser traduzida “vento”, “sopro”, “fôlego”, “respiração” ou “espírito”. Assim, nesse versí-
culo, as palavras gregas traduzidas o vento sopra podem também ser traduzidas “o Espíri-
to sopra”. Em Ezequiel 1:4, o vento forte e tempestuoso é uma figura, um quadro, do Es-
pírito poderoso de Deus.
Na Bíblia, o vento tem significado tanto negativo quanto positivo. Em seu significado
negativo, o vento é um símbolo ou sinal, do juízo de Deus sobre o homem. Esse é o
significado do vento em Daniel 7:2 e em Apocalipse 7:1. Em seu significado positivo, o
vento é um símbolo ou sinal, do sopro ou a descida do Espírito Santo sobre o homem para
cuidar deste. Isto, obviamente, é o significado do vento impetuoso e violento em Atos 2. No
Livro de Ezequiel, o vento também tem esse duplo significado: o significado negativo ___ o
juízo de Deus ao levantar circunstâncias mediante as quais Ele julga aqueles que se
rebelam contra Ele; o significa positivo ___ na vinda do Espírito ao homem para fazer este
ter a vida de Deus. O vento tempestuoso em Ezequiel 1 tem seu significado positivo.

Nossas experiências espirituais


sempre começam com uma tempestade espiritual

Nossas experiências espirituais sempre começam com uma tempestade espiritual.


Segundo a história da igreja, em todas as gerações, o Espírito de Deus tem soprado como
um vento violento para mover as pessoas a se arrepender dos seus pecados, a crer no
Senhor Jesus para sua regeneração, a desistir do mundo a fim de seguir o Senhor, e a fi-
car desesperadas de coração e ardente no espírito para servir o Senhor. Você não teve
esse tipo de experiência? Você não sentiu o vento de Deus soprando sobre você? Você
não foi tocado pelo Espírito de Deus? Você não sentiu, pelo menos uma vez em sua vida,
que um determinado poder (o vento tempestuoso de Deus) estava movendo-se sobre vo-
cê, levando-o a odiar o pecado, a ter uma atitude diferente para com o mundo ou a mudar

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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sua visão concernente à sua vida? Se você jamais teve essas experiências, você precisa
olhar para o Senhor e orar para que Seu vento do norte sopre sobre você.
Um jovem promissor, que era um membro forte de um partido político, experimentou
esse vento do norte no momento de sua conversão. Um dia, ele entrou em um templo de
ídolos e viu a Bíblia sobre a mesa que era usada para a oferta. Ele se aproximou da Bíblia
e leu uns poucos versículos. Repentinamente, o Espírito Santo soprou sobre ele, e ele foi
convencido dos seus pecados. À medida que o vento do Espírito continuou soprando sobre
ele, ele começou a se arrepender dos seus pecados e a fazer uma confissão cabal,
clamando amargamente enquanto se prostrava e até mesmo rolava sobre o chão. Ele foi
salvo mediante o sopro de um vento violento do norte.
A visitação de Deus sempre começa com o sopro do vento de Deus sobre nosso ser.
Você não experimentou uma tempestade, o sopro do Espírito de Deus, quando foi salvo?
Talvez você fosse um jovem estudante não se preocupando com nada a não ser simples-
mente em ir para a escola, estudar e brincar. Então, um dia, uma tempestade veio até
você. Um vento impetuoso soprou sobre você e o pôs de cabeça para baixo. Isso o levou a
considerar o significado da vida humana, e você começou a se perguntar de onde você
veio e para onde estava indo. Esse foi o resultado do sopro de um vento impetuoso. Creio
que toda pessoa salva experienciou essa tempestade no momento da conversão.
Não posso esquecer a tormenta que experimentei no dia em que fui salvo. Como um
jovem, com a idade de vinte anos, eu era cheio de ambição e estava estudando dura-
mente, buscando o conhecimento do mundo a fim de ter um bom futuro. Contudo, um dia,
ouvi acerca de uma reunião evangelística, e decidi participar. Naquela reunião, enquanto
eu ouvia uma forte mensagem do evangelho, um vento impetuoso soprou sobre mim e me
pôs de cabeça para baixo.
Uma tempestade vem até nós da parte do Senhor não somente no momento de
nossa conversão, mas também depois de termos sido salvos. Quer sejamos jovens ou
velhos, todos nós experienciamos o vento impetuoso. Por exemplo, alguns entre nós na
vida da igreja eram, anteriormente, missionários ou obreiros cristãos. Um dia, uma tem-
pestade veio até eles do norte e colocou tudo de cabeça para baixo. Isso os fez buscar o
Senhor desesperadamente e, por fim, vir para a vida da igreja.
Na realidade, um vento impetuoso soprou sobre nós em cada reviravolta na nossa
vida espiritual. Esse vento impetuoso é o próprio Deus soprando sobre nós para trazer
uma tormenta à nossa vida, à nossa obra e à nossa igreja. É verdadeiramente uma graça
termos tempestades vindo até nós da parte de Deus. Quando estamos seguindo o Senhor,
experimentaremos tormenta após tormenta. Não posso dizer quantas tempestades têm me
vindo, mas posso testificar que todas elas são dignas de lembranças. Toda tempestade se
torna uma lembrança agradável. Creio que, quando estivermos na eternidade, lembrare-
mos das tormentas que experimentamos.
Sempre que Deus nos visita e nos reaviva, Seu Espírito sopra sobre nós como um
vento violento. Precisamos experimentar o Espírito dessa maneira: mais, melhor e mais
forte e melhor. Tenho o profundo anseio que, nesses dias, o Espírito de Deus sopre forte-
mente sobre nós como um vento violento.

A NUVEM

A nuvem sempre segue o vento tempestuoso. Se tivermos o vento, seguramente,


teremos a nuvem, pois a nuvem é o resultado do soprar do vento. Como um vento impe-
tuoso, a nuvem significa o Espírito Santo. Quando o Espírito Santo nos toca, Ele é como o
vento. Quando o Espírito Santo nos visita e nos tolda, Ele é como a nuvem. Primeiramente,
o Espírito Santo sopra sobre nós como o vento para nos mover, e, em seguida, Ele
permanece em nós como uma nuvem a nos cobrir.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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O Deus pairador
vem como o vento e permanece como a nuvem

A nuvem em Ezequiel 1:4 é uma figura de Deus cobrindo Seu povo. Podemos usar a
palavra pairador e dizer que a nuvem era Deus pairando sobre Seu povo. A nuvem, portan-
to, era nada menos que o Deus pairador. Deus vem como o vento, contudo Ele permanece
como a nuvem. Ao permanecer como a nuvem, Ele nos cobre, nos tolda e paira sobre nós
para nos dar o desfrute da Sua presença, pela qual produz algo de Si mesmo em nossa
vida diária. Que maravilha! Esse é o Deus cobertor tipificado pela nuvem cobertora.
Ao considerar a história do povo de Israel, podemos entender mais plenamente o
significado da nuvem. Várias vezes, Deus lhes apareceu e os visitou como uma grande
nuvem que os toldava. Por exemplo, depois que os israelitas saíram do Egito, eles
passaram pelo Mar Vermelho. A respeito disso, Paulo diz: "Nossos pais estiveram todos
sob a nuvem e todos passaram pelo mar, e todos foram batizados em Moisés, tanto na nu-
vem como no mar” (1Co 10:1–2 ). A nuvem que cobriu os filhos de Israel tipifica o Espírito
de Deus. Por fim, os filhos de Israel chegaram ao Monte Sinai e se acamparam ali. Em
Êxodo 19:9, o Senhor disse a Moisés: “Eis que eu virei a ti numa nuvem espessa” (ARC), e
“uma nuvem espessa cobriu o monte” (Êx 19:16). No capítulo vinte e quatro, é-nos dito que
“uma nuvem cobriu o monte”, que “do meio da nuvem chamou o SENHOR a Moisés” e que
“Moisés entrou no meio da nuvem” (ARC – Êx 19:15, 16, 18). Posteriormente, depois que a
tenda do encontro foi erguida por Deus, a glória de Deus encheu a tenda e a nuvem a
cobriu e permaneceu sobre ela (Êx 40:34–35). Todas as pessoas podiam ver que a nuvem
estava cobrindo a tenda do encontro. Essa nuvem significava a visitação de Deus e Sua
permanência com eles.
A nuvem também significa o cuidado de Deus com Seu povo e Seu favor para com
eles. Ele lhes aparecia como uma nuvem, cobrindo-os e toldando-os, a fim de cuidar deles.
Provérbios 16:15 diz que o favor do rei é como “a nuvem que traz chuva serôdia”. Em Sua
visitação graciosa, Deus nos vem como uma nuvem que cuida de nós e nos mostra favor.

Experimentar e desfrutar Deus


como a nuvem graciosa

Em Ezequiel 1:4, a nuvem é mencionada em relação ao vento. Juntos, o vento e a


nuvem são uma indicação que uma transação importante está prestes a acontecer entre
Deus e o homem. Pelo menos, de tempo em tempo, em nossa vida cristã, precisa haver
uma transação espiritual significante entre Deus e nós. Creio que todo aquele que genui-
namente foi salvo experimentou essa transação. Experimentamos também uma transação
espiritual durante tempos de reavivamento. Primeiramente, o Espírito Santo nos toca e nos
move, levando-nos a nos voltarmos ao Senhor, ver nossa corrupção e nos arrependermos
e confessarmos nossos pecados. Então, temos o sentimento que Deus é como uma nu-
vem nos visitando, toldando-nos e cobrindo-nos. Podemos sentir também que a graça de
Deus está sobre nós, cobrindo-nos como um dossel.
Deus é o vento soprador, e é também a nuvem cobertora e o toldo cobertor. Sempre
que experimentamos Deus como o vento soprador, nós também temos o sentimento que,
depois que Ele sopra sobre nós, Ele permanece conosco, toldando-nos e cobrindo-nos e
pairando sobre nós. Esse é Deus como a nuvem graciosa. O soprar do vento traz-nos a
presença de Deus na forma de uma nuvem celestial, pairadora e toldadora.
Quando fui salvo, experimentei não somente o soprar de um vento violento do norte
sobre todo o meu ser, mas também a presença do Senhor toldando-me como uma nuvem.
Sob esse toldo, comecei a me perguntar: “O que é vida afinal de contas? Devo continuar

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

no caminho em que estou?” Por causa do vento soprador e da nuvem toldadora, uma tran-
sação importante aconteceu entre mim e Deus. Uma experiência genuína e um verdadeiro
reavivamento envolvem tanto o vento espiritual quanto a nuvem espiritual.
Não posso esquecer a experiência particular que tive de Deus como uma nuvem
toldadora em 1935. Em um Dia do Senhor à tarde, eu estava ministrando acerca do Espíri-
to. Em determinado momento, tive o sentimento que uma nuvem havia descido e estava
me cobrindo. Embora eu não visse nada com meus olhos físicos, senti que algo estava me
toldando. Fui envolvido pela nuvem que me cobria, e tive um sentimento profundo da pre-
sença do Senhor de um modo muito definido e prático. Naquele momento, a presença do
Senhor era, verdadeiramente, como uma nuvem. Essa experiência foi uma questão não
somente de fé, mas também de algo que podia ser sentido. Eu senti que estava coberto e
toldado pela presença do Senhor. Foi poderoso, agradável, confortador, fortalecedor e
energizador. A congregação percebeu que algo havia acontecido e que a atmosfera havia
mudado, e, imediatamente, comecei a falar de uma forma poderosa.
Muitos de nós temos experimentado o Senhor como uma nuvem toldadora. Quando
você ora, arrependendo-se e confessando seus pecados, você pode sentir que está sob a
cobertura de um dossel ou de uma nuvem. Pode ter sido sua experiência que, durante seu
reavivamento matinal ou durante um tempo de ler e orar a Palavra, um vento impetuoso de
Deus veio e soprou sobre você. Em seguida, depois do soprar do vento, uma nuvem veio e
permaneceu com você, talvez por um dia inteiro. Durante todo o dia, você teve o senti-
mento que algo estava seguindo-o, toldando-o, cobrindo-o e pairando sobre você, e você
desfrutou a presença do Senhor o dia inteiro.
Posso testificar que tenho experimentado isso muitas vezes. À medida que estava
em contato com o Senhor de manhã cedo, o Espírito veio até mim como um vento forte do
norte, e, imediatamente, entrei na presença do Senhor, que era como uma nuvem me co-
brindo. Sua presença se tornou meu desfrute e, durante o dia, experimentei Sua cobertura
e desfrutei Sua presença.
Todos nós precisamos experimentar a presença do Senhor como uma nuvem pai-
radora e toldadora. Não devemos ficar contentes com meras doutrinas e ensinamentos.
Em vez de chegar à Bíblia buscando mais conhecimento, precisamos buscar o próprio
Senhor. Quando chegamos à Palavra, devemos orar: “Senhor, preciso do vento e da
nuvem. Senhor, sopra sobre mim como um vento impetuoso do norte e cobre-me com a
nuvem toldadora. Vem até mim como o vento e permanece comigo como a nuvem”.

O FOGO

Ezequiel viu que a nuvem que o toldava estava coberta com fogo faiscando revol-
vendo-se continuamente. Isto também é um assunto que corresponde à nossa experiência
espiritual. Quando o vento impetuoso vem do Senhor e a presença toldadora do Senhor
permanece, temos o sentimento que algo dentro de nós está brilhando, perscrutando e
queimando. Sob tal brilhar, iluminar, perscrutar e queimar, podemos perceber que estamos
errados em determinadas coisas. Por exemplo, podemos perceber que nossa atitude para
com um irmão em especial está errada. Sob o brilhar e o perscrutar da presença do
Senhor, somos expostos, e nos condenamos e confessamos nossas falhas. Então, o fogo
perscrutador destruirá as coisas negativas dentro de nós.
O fogo visto por Ezequiel significa o poder queimante e santificador de Deus. Tudo
que não é compatível com a natureza e disposição santas de Deus deve ser destruído.
Somente aquilo que é compatível com Sua santidade pode passar pelo Seu fogo santo.
Isso pode ser confirmado por nossa experiência espiritual. O Espírito Santo vem para con-
vencer as pessoas do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8). Sempre que o Espírito Santo
nos tocar e nos levar a confessar nossos pecados e orar, sentiremos a necessidade de

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

sermos santificados e de termos toda a corrupção purgada em nosso ser. Perceberemos


que tudo que não é compatível com a santidade de Deus deve ser destruído. Se alguém
reivindica ter sido visitado por Deus, mas não tem qualquer sentimento concernente a seus
pecados e impiedade, essa pessoa não tem sido verdadeiramente tocada pelo Espírito de
Deus. Quando Deus visita uma pessoa, Seu fogo santo virá para consumir as coisas nega-
tivas nela. Esse fogo queimante também nos leva a sermos iluminados. Quanto mais o
fogo do Espírito Santo queimar em nós, mais seremos purificados e iluminados.
Se experimentarmos o Senhor dessa maneira, não haverá necessidade de que
outros nos digam que estamos errados em determinados assuntos ou que nossa atitude
para com um irmão em particular está errada. Se alguém tenta nos corrigir, podemos ficar
ofendidos. Contudo, mesmo se recebermos uma palavra de correção e, em seguida,
tentarmos nos melhorar, isso não significa nada à medida que a vida interior está em
questão. Precisamos estar sob o iluminar e perscrutar da presença do Senhor. Quanto
mais estivermos sob esse iluminar, mais estaremos dispostos a dizer: “Senhor Jesus,
queima-me! Não sou bom para nada, exceto para ser queimado. Ó Senhor, destrói minha
disposição. Destrói minhas intenções, minha auto-realização, meus motivos e meus alvos”.
Essa é uma experiência genuína da vida interior, não um mero ensino.
Depois de ministrar a Palavra ao povo do Senhor por muitos anos, tenho aprendido
que mero ensino não realiza nada. Todos nós precisamos do soprar do vento, do toldar da
presença do Senhor, e do perscrutar e queimar desse fogo. Nosso Deus é fogo consumi-
dor (Dt 4:24; Hb 12:29). O vento, a nuvem e o fogo são todos o próprio Senhor. Quando
Ele vem, Ele vem como um vento impetuoso. Quando Ele permanece conosco, Ele perma-
nece como a nuvem. Quando Ele nos perscruta e nos queima, Ele perscruta e queima
como o fogo consumidor. Ninguém pode experienciar o Senhor como o vento soprador,
como a nuvem cobertora, e como o fogo queimante e consumidor sem passar por uma
mudança e transformação verdadeiras. Todos nós precisamos de transformação pelo fogo.
Todos nós precisamos ser transformados mediante sermos queimados.
Nosso Deus, o Senhor Jesus, não é somente a água viva, mas também o fogo con-
sumidor. Muitos cristãos apreciam Ezequiel 47, porquanto esse capítulo fala do rio que flui.
Precisamos perceber que o rio que flui não é a primeira coisa em Ezequiel. Antes, o rio
vem depois do fogo. O fogo está no capítulo um, e o rio está no capítulo 47. O fogo sempre
vem primeiro. A fonte do fogo é o vento soprador com a nuvem cobertora. Disso,
depreendemos que o fogo não nos vem diretamente. Deus vem até nós como o vento
soprador e permanece conosco como a nuvem cobertora. Sob Sua cobertura, somos
expostos pelo Seu brilhar. À medida que estamos sob Seu brilhar, devemos confessar
nossa necessidade do Seu queimar e, em seguida, devemos orar para que Ele destrua
nosso ego, nossa velha natureza, nossa disposição, nossa mundanalidade, e nossas
atitudes, objetivos, alvos, motivos e intenções. Todos nós precisamos ser queimados pelo
Senhor dessa maneira. Esse queimar é melhor que milhares de ensinamentos.

O METAL BRILHANTE (ELECTRO) INCANDESCENTE

A intenção de Deus não é simplesmente queimar-nos e nos tornar cinzas. Deus é um


Deus bom com um bom propósito. Qual é Seu propósito ao soprar sobre nós como o
vento, e cobrir-nos como a nuvem, e consumir-nos como o fogo? A resposta a essa per-
gunta é que, do fogo, aparece o electro incandescente. O queimar do fogo divino é para a
manifestação do electro.
A palavra hebraica para electro é muito difícil de traduzir. Em sua nota sobre Ezequi-
el 1:4, em sua New Translation (Nova Tradução), J. N. Darby diz que a palavra hebraica
denota “uma substância desconhecida; alguns pensam em uma mistura de ouro com
prata”. Na versão judaica, usa-se a palavra electro. Electro é uma liga de ouro e prata.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Ouro significa a natureza de Deus, e prata significa redenção. A King James Version traduz
a palavra hebraica como “âmbar” visto que a cor desse metal brilhante é a cor do âmbar,
que é, de alguma forma, semelhante à cor do ouro. Electro não é meramente ouro nem
meramente prata, mas ouro misturado com prata.
No Livro de Apocalipse, podemos ver o mesmo princípio. Apocalipse 22:1 fala do tro-
no de Deus e do Cordeiro. Aquele que está no trono não é apenas Deus nem apenas o
Cordeiro, mas o Deus-Cordeiro, o Deus redentor. Em Gênesis 1, Deus era exclusivamente
Deus, contudo, em Apocalipse 22, Ele é nosso Deus redentor, nosso Deus-Cordeiro.
Segundo Apocalipse 4:3, Aquele que estava sentado no trono “era semelhante, no aspec-
to, à pedra de jaspe e de sárdio”. Jaspe, que é verde-escura, significa Deus como o Deus
da glória em Sua vida rica, e sárdio, que é vermelha, significa Deus como o Deus da re-
denção. O fato que o aspecto de Deus no trono é semelhante à pedra de jaspe e de sárdio
indica que Deus não é mais apenas Deus, mas também nosso Redentor. Essas ilustrações
de Apocalipse 22 e 4 nos ajudam a entender o significado do electro em Ezequiel. Nosso
Deus não é meramente o Ser divino retratado pelo ouro; Ele é também o Deus redentor,
retratado pela prata. Ele não é mais apenas ouro ___ Ele é electro, ouro misturado com
prata.
Quando experienciamos o vento soprador, desfrutamos a nuvem cobertora e, em
seguida, passamos pelo fogo queimante e consumidor. O resultado é o electro incandes-
cente, algo brilhante, amável, precioso e agradável. Como o electro, o Senhor Jesus é
Aquele que nos redimiu e que é tudo para nós. Ele é nosso Deus, nosso Cordeiro, nosso
Redentor, nosso jaspe e nosso sárdio. Se considerarmos nossa experiência espiritual,
perceberemos que Aquele que habita dentro de nós hoje é o Deus-Cordeiro, Aquele que é
retratado pelo electro.
À vista de Deus, antes que fôssemos salvos, éramos vis e malignos, não possuindo
nada que fosse honroso ou glorioso. Louvado seja o Senhor, pois Ele nos salvou e nos
regenerou! Seu vento, Sua nuvem e Seu fogo queimante têm-nos tornado possível tê-Lo, o
Deus redentor, dentro de nós como o electro incandescente. Agora, temo-Lo como o te-
souro em vasos de barro (2Co 4:7), e temos, por meio disso, tornado-nos um povo de hon-
ra e glória. Precisamos considerar quão precioso e honroso é o Cristo que está dentro de
nós. Como o electro dentro de nós, Ele é o tesouro de valor incomparável. Esse tesouro é
o resultado do vento, da nuvem e do fogo. Quanto mais passamos pelo vento, pela nuvem
e pelo fogo, mais o electro é constituído em nosso ser, tornando-nos uma pessoa que está
cheia do Deus Triúno e que manifesta Sua glória.
Todos nós precisamos experimentar mais do vento espiritual, da nuvem toldadora,
do fogo queimante e do electro incandescente. Ao passarmos por esse tipo de experiência,
nós nos tornamos a visão da glória de Deus. Em nossa experiência, temos o vento, a nu-
vem, o fogo, e o electro. Então, sempre que nos reunimos, somos a visão da glória do
electro, tendo um tesouro precioso que está brilhando e incandescendo.

A EXPERIÊNCIA BÁSICA

O que estamos a considerar nesta mensagem é a primeira visão vista pelo profeta
Ezequiel. Essa visão retrata a experiência mais básica dentre todas as experiências espiri-
tuais da vida divina. Há várias categorias de experiência espiritual, contudo essa experiên-
cia é a categoria primeira e básica: a categoria do vento, da nuvem, do fogo e do electro.
Não experimentamos o vento, a nuvem, o fogo e o electro de uma vez por todas. Pe-
lo contrário, essa experiência é um ciclo que deve ser repetido muitas e muitas vezes. Ho-
je, podemos experienciar o vento, a nuvem, o fogo e o electro, e, então, depois de um pe-
ríodo de tempo, o vento vem novamente, seguido pela nuvem, pelo fogo e pelo electro.
Esse ciclo deve ser repetido muitas e muitas vezes em toda a nossa vida cristã. Disto,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

vemos que, em um sentido, nós cristãos não temos qualquer descanso em nossa experi-
ência espiritual. Tenho sido cristão por cerca de quarenta e cinco anos, e jamais tenho tido
qualquer descanso desse ciclo. Ao invés, tem havido uma experiência contínua do vento
soprador, da nuvem cobertora, do fogo queimante e do electro incandescente. Cada vez
que esse ciclo é repetido, mais do electro é produzido.
Seria terrível se esse ciclo parasse. Em nossa experiência, o ciclo do vento, da nu-
vem, do fogo e do electro jamais deve parar. Quanto mais experimentamos esse ciclo, me-
lhor. Seria maravilhoso se nós, diariamente, experimentássemos o vento, a nuvem, o fogo
e o electro. Essa é a verdadeira experiência da vida interior, e isso produzirá o crescimento
em vida.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM QUATRO

O VENTO, A NUVEM, O FOGO E O METAL BRILHANTE (ELECTRO)


SÃO UM RELATO DA VIDA ESPIRITUAL DO CRISTÃO

Leitura bíblica: Ez 1:4; Sl 75:6–7a; Ez 37:9; Jo 3:8; At 2:2, 4a; Êx 24:16a; 40:34; Dt
4:24; Hb 12:29; Ez 1:27a, 28; 8:2b, 4; Ap 4:3a; 22:1

Nesta mensagem, gostaria de acrescentar uma palavra a respeito da experiência do


vento, da nuvem, do fogo e do electro. Meu encargo é mostrar que o vento, a nuvem, o
fogo e o electro devem ser um relato da vida espiritual do cristão. Em toda a história da
nossa vida cristã, nossas experiências espirituais devem ser um ciclo contínuo envolvendo
esses quatro assuntos.

NÃO UMA TEORIA, MAS UMA EXPERIÊNCIA


DO VENTO SOPRADOR, DA NUVEM COBERTORA,
DO FOGO CONSUMIDOR E DO ELECTRO INCANDESCENTE

Aquilo que falamos na mensagem anterior a respeito do vento, da nuvem, do fogo e


do electro não é, de forma alguma, uma teoria, porém algo da experiência espiritual. Se
uma pessoa jamais experienciou o vento, a nuvem, o fogo e o electro, essa pessoa segu-
ramente não é um cristão normal. Essa pessoa pode ter um pouco de conhecimento dou-
trinário da verdade a respeito da salvação e, em seguida, ser batizada de maneira formal
sem ter qualquer experiência do vento, da nuvem, do fogo e do electro. Uma pessoa genui-
namente salva é alguém que tem tido transações espirituais com Deus, alguém que tem
experienciado o soprar do vento e o cobrir da nuvem.
Antes que fosse salvo, sua vida podia parecer pacífica e tranquila, contudo, um dia,
você ouviu o evangelho e experimentou o soprar de um vento poderoso. Como resultado,
você foi despertado e começou a inquirir acerca do significado da vida humana e, em par-
ticular, acerca da importância da sua vida. Você começou a questionar-se, dizendo: “De
onde eu vim, e para onde estou indo? Qual é o propósito da minha vida? Qual é seu signi-
ficado? Se eu continuar a viver da maneira que tenho vivido, onde terminarei?” O vento se
manteve soprando sobre você e dentro de você até que você creu para dentro do Senhor e
recebeu Sua salvação plena.
Um vento espiritual não somente soprou sobre nós quando fomos salvos, mas tam-
bém sopra toda vez que temos um reavivamento espiritual. Um determinado crente pode
ser muito descuidado a respeito da sua vida espiritual e ainda estar muito satisfeito com
sua condição espiritual. Se esse crente está de bom humor, ele pode ler a Bíblia e orar,
mas, se está de mau humor, ele pode negligenciar a oração e a leitura da Bíblia. A
situação é muito diferente com um crente que experiencia o soprar de um poderoso vento
espiritual. Quando o vento sopra sobre ele, ele não pode se sentir satisfeito com sua con-
dição espiritual. Ao contrário, ele se tornará impaciente e muito preocupado acerca de sua
situação e começará a fazer perguntas a respeito da condição de sua vida espiritual. O
princípio com a igreja coletivamente é a mesma que com um crente pessoalmente. O
soprar do vento sempre nos faz sentir impacientes e preocupados acerca da nossa
situação e condição. Anseio profundamente que um vento impetuoso e violento sopre
sobre todos os santos em todas as igrejas e os torne impaciente, e os leve a buscar o
Senhor acerca de sua condição espiritual.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

O vento soprador traz a nuvem cobertora. Temos aprendido a partir de nossa expe-
riência espiritual que, quando o Espírito Santo sopra sobre nós e nos toca, sentimos que
Deus está nos toldando e exercendo Seu cuidado por nós. Sua presença é como uma nu-
vem nos cobrindo e nos cercando, e podemos sentir tanto Sua presença quanto Seu cui-
dado. A seguir, experimentamos o queimar do fogo consumidor. Esse queimar nos faz
perceber que estamos errados em muitos pontos e com muitas pessoas. Esse queimar ex-
põe nossa condição e nos leva a confessar nossas transgressões e lidar conosco diante de
Deus. Quanto mais o fogo queima, mais confessamos e mais somos santificados e purifi-
cados.
Gostaria de pedir a você para considerar os assuntos do vento soprador, da nuvem
cobertora e do fogo queimante à luz de sua própria experiência espiritual. Você não experi-
enciou o vento soprando sobre você, a nuvem cobrindo-o e o fogo queimando-o e purifi-
cando-o? Antes que você experimentasse o soprar e o queimar do Espírito, você podia
sentir que outras pessoas estavam sempre erradas e que você estava sempre certo. Con-
tudo então, mediante o soprar do vento, sob a cobertura da nuvem, e pelo queimar do
fogo, você começou a entender quão pecaminoso e corrupto você era. O fogo queimou
sobre você a tal ponto que você percebeu que mesmo o seu amor era egoísta e carnal.
Esse fogo consome não somente nosso orgulho, mas também nossa humildade, não
somente nossa malignidade, mas também nossa bondade, não somente nosso ódio, mas
também nosso amor. Quando estamos sob o soprar do vento, a cobertura da nuvem e o
queimar do fogo, não sentiremos que estamos certos. Pelo contrário, nosso “eu” desmoro-
nará e será dissolvido. Por fim, esse fogo destruirá tudo que não seja Deus. Somente Deus
pode passar por esse queimar.

A EXPRESSÃO RADIANTE DO DEUS REDENTOR

Agradecemos ao Senhor, pois, no fogo, existe o electro incandescente. Gostaria de


lembrar-lhe que o electro, uma liga de ouro e prata, significa o Deus redentor. Depois que
somos queimados por Deus como o fogo consumidor, sentimos que estamos cheios da
natureza e da glória de Deus. Isto significa que, uma vez que temos experimentado o
vento, a nuvem e o fogo, a única coisa que permanece é o electro incandescente, o Deus
redentor. O vento e a nuvem produzem o fogo, e o fogo manifesta o electro brilhante. O
resultado das transações espirituais envolvendo o vento soprador, a nuvem cobertora e o
fogo purificador é sempre a expressão radiante do Deus redentor.
A essa altura, gostaria de dar um pequeno testemunho de minha experiência quando
tinha meus vinte anos. Tendo sido atraído pelo Senhor, quase toda manhã, eu ia para o
monte próximo à minha casa para orar. À medida que considero minha experiência à luz
de Ezequiel 1:4, posso testificar que eu, com certeza, experimentei o vento, a nuvem, o
fogo e o electro. Logo depois que eu chegava ao topo do monte, eu sentia o mover do
Espírito Santo, o sopro do vento. Muitas vezes, enquanto eu estava cantando, minhas lá-
grimas fluíam livremente. Naqueles momentos, eu sentia também que estava sob o toldar
da grande nuvem da presença do Senhor. Ao mesmo tempo, eu tinha uma forte percepção
que eu era pecaminoso e corrupto, e confessava meus pecados ao Senhor. Depois de orar
dessa maneira e ler a Bíblia, eu ficava cheio de algo doce e glorioso: o Deus redentor
como o electro incandescente. Essa experiência repetiu-se manhã após manhã por um
longo período de tempo.

A HISTÓRIA ESPIRITUAL DE TODO CRISTÃO

A história espiritual de todo cristão deve envolver o vento, a nuvem, o fogo e o elec-
tro. Quando fomos salvos, experienciamos o Senhor dessas quatro maneiras, e devemos

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

continuar a experienciá-Lo dessa maneira. De fato, em todo tempo, somos agraciados pelo
Senhor, temos transações espirituais com Ele envolvendo o vento, a nuvem, o fogo e o
electro. Quando desperta pela manhã, você pode sentir que o vento do Espírito está so-
prando sobre você e que uma nuvem o está toldando. Em seguida, enquanto você passa
algum tempo orando, pode sentir que um fogo está queimando dentro de você para
consumir sua corrupção, mundanalidade, e muitas outras coisas negativas. Por fim, você
pode sentir que, dentro de você, há algo brilhante, belo e digno ___ o electro incandescente.
Como resultado dessa experiência, você pode viver o dia inteiro no desfrute do electro in-
candescente. No entanto, à medida que você vive e anda neste mundo corrupto, você não
pode evitar ficar poluído e contaminado, por conseguinte, no fim do dia ou na manhã se-
guinte, você pode ter mais uma experiência do vento, da nuvem, do fogo e do electro. Uma
vez mais, o vento sopra, a nuvem paira e o fogo queima. Você confessa seus pecados e li-
da com sua impureza e, depois disso, você, mais uma vez, desfruta o brilhar do electro
dentro de você.
Esse tipo de experiência é inexaurível e infinda. Dia após dia, semana após semana,
mês após mês, e ano após ano, precisamos experienciar o vento, a nuvem, o fogo e o
electro. Toda vez que o vento soprar, a nuvem cobrir, e o fogo queimar, seremos ilumina-
dos para ver que precisamos lidar com questões acerca das quais não tínhamos cons-
ciência anteriormente. À medida que essas coisas negativas são destruídas, experimen-
tamos uma purificação adicional e temos um desfrute mais profundo do electro incandes-
cente.
SENDO AGRACIADOS PELO SENHOR

Alguns crentes foram salvos há muito tempo, contudo sua condição espiritual
permanece a mesma. Em sua vida cristã, não há quase nenhuma experiência do vento, da
nuvem, do fogo e do electro. O vento não sopra. A nuvem não cobre, o fogo não queima e,
portanto, não há manifestação do electro. Tal situação é totalmente anormal. Se um crente
quer ser agraciado pelo Senhor, ele deve experienciar o vento e a nuvem espirituais ___
quanto mais, melhor. Algumas vezes, precisamos experienciar o soprar de um vento
poderoso, um vento que nos leva a ter uma grande mudança de direção. Sempre que
fazemos essa mudança de direção, recebemos muita graça do Senhor.
Desejo enfatizar o fato que ser agraciado pelo Senhor é uma questão do vento, da
nuvem, do fogo e do electro. O Espírito Santo sopra sobre nós como um vento vindo de
Deus. Esse é o início de sermos agraciados. Em seguida, enquanto estamos sob o pairar,
a nuvem cobertora da presença do Senhor, percebemos espontaneamente quão pecami-
nosos e impuros somos. Podemos ter uma experiência que, em princípio, é como a do pro-
feta Isaías. Quando ele teve a visão do Senhor em Sua glória, ele clamou e disse: “Então,
disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio
de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!” (Is
6:5). Depois que confessou sua pecaminosidade, ele foi purificado. Concernente a isso,
Isaías disse: “Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva,
que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela
tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado” (Is 6:6–7). Sem-
pre que o vento soprar, a nuvem cobrir e o fogo queimar, sentiremos nossa pecaminosi-
dade e perceberemos que precisamos que todas as coisas negativas dentro de nós sejam
destruídas. Tudo que não é compatível com a natureza santa e gloriosa de Deus será
consumido. Tudo que não é de Deus ___ tudo relacionado ao pecado, ao mundo, à carne e
a Satanás ___ deve ser destruído. A única coisa que pode passar pelo fogo consumidor é o
Deus redentor como o electro incandescente.
Quanto mais você buscar o Senhor, mais perceberá que o fogo santo queima não
somente seus pontos fracos, mas também seus pontos fortes, incluindo sua bondade na-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

tural, suas virtudes naturais e tudo em você que tanto você quanto os outros admiram,
apreciam e têm em alta consideração. Semelhante a Agostinho, você pode, por fim, sentir
que até mesmo sua confissão e lágrimas de arrependimento precisam da purificação do
Senhor.

A MANIFESTAÇÃO DO ELECTRO

O resultado do soprar do vento, da cobertura da nuvem e do queimar do fogo é a


manifestação radiante do electro. À proporção que experimentamos o queimar do fogo
consumidor, o próprio Deus é manifestado em nós. Quanto mais passamos pelo vento,
pela nuvem e pelo fogo de Deus, mais o Senhor é manifestado em nós de uma maneira
digna e gloriosa. Quando Ele é manifestado dessa maneira, sentimos que somente Ele é
precioso, amável, brilhante, majestoso e glorioso. Semelhante aos discípulos no Monte da
Transfiguração, não vemos “ninguém (...), senão só a Jesus” (Mt 17:8). O único que deve
ser visto, o único na cena, é o amável, precioso e glorioso Senhor Jesus. Por isso, não
podemos fazer nada a não ser nos prostrarmos diante Dele, adorá-Lo, exaltá-Lo, coroá-Lo
e derramar tudo para Ele. Dessa maneira, ganhamos o Senhor, e Ele nos ganha.
Que todos nós sejamos profundamente impressionados com o quadro em Ezequiel
1:4, e que nossa vida cristã seja uma experiência contínua e inexaurível do vento, da nu-
vem, do fogo e do electro.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM CINCO

OS QUATRO SERES VIVENTES

Leitura bíblica: Ez 1:5–6, 10, 26; Ap 5:9b; Jo 5:25; Cl 2:12–13; Fp 2:7–8; Mc 10:45;
Ap 5:5; Êx 19:4; Is 40:31; Fp 1:21

Ezequiel é um livro de figuras ou quadros retratando coisas espirituais. Temos


considerado quatro dessas figuras: o vento, a nuvem, o fogo e o electro, que descrevem o
que Deus é para nós. Em nossa experiência Dele, Deus é como um vento soprador, como
uma nuvem chocadora, pairadora e toldadora, como um fogo ardente, iluminador, investi-
gador e consumidor (Hb 12:29), que nos santifica ao queimar-nos, e como o electro incan-
descente e brilhante. O electro, composto dos elementos do ouro e da prata, significa o
Deus composto, o Deus-Cordeiro (Ap 22:1). O Deus que vive dentro de nós hoje é o Deus-
Cordeiro; Ele é o próprio Deus (ouro) e é também o Redentor (prata). Por isso, como o
Deus composto, Ele é retratado pelo electro. Para os judeus, Deus é tipificado meramente
pelo ouro, mas para nós cristãos, nosso Deus, o Deus composto, é retratado pelo electro
com seus dois elementos do ouro e da prata.

NÃO MORTOS, MAS VIVOS

Ezequiel 1:5a diz: “Do meio dessa nuvem também saía a semelhança de quatro
criaturas viventes” (TB). Precisamos prestar atenção à palavra também no versículo acima.
Do fogo não procede somente o electro; algo mais também procede. O vento introduz a
nuvem; a nuvem envolve o fogo; e o fogo produz o electro mais algo: os quatro seres vi-
ventes. Quando experienciamos Deus como o fogo soprador, a nuvem toldadora, o fogo
ardente, e o electro, nós nos tornamos os quatro seres viventes. Estávamos mortos,
contudo ao experienciarmos Deus dessa maneira, tornamo-nos algo vivo. O Senhor Jesus
disse que “os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus” e que “os que a ouvirem viverão” (Jo
5:25). Paulo disse que estávamos mortos, mas Deus nos deu vida (Ef 2:5). Quanto mais
temos o ciclo do vento, da nuvem, do fogo e do electro, mais vivos nos tornamos. Toda vez
que somos soprados por Deus e toldados e consumidos e queimados por Ele, somos vivi-
ficados. Como resultado, tornamo-nos vigorosos e vibrantes. Se não estamos vivendo nas
reuniões, isso prova que estamos carentes da experiência do ciclo que consiste do vento,
da nuvem, do fogo e do electro. Quanto mais experienciarmos esse ciclo, mais vivos sere-
mos. Embora muitos dos cristãos hoje prefiram participar de um culto calmo, devemos ser
muito vivos nas reuniões e, algumas vezes, devemos até mesmo fazer um ruído alegre
para o Senhor (Sl 95:1–2). Somente os vivos podem fazer tal ruído. Se experienciarmos
Deus como o vento, a nuvem, o fogo e o electro, não ficaremos quietos, mas seremos
vivos e até mesmo ruidosos nas reuniões da igreja.
A palavra vivo em hebraico tem a mesma raiz que a palavra para vida em Gênesis
2:9, que fala da árvore da vida. Como nós, que somos criaturas, podemos nos tornar os
seres viventes? Nós nos tornamos seres viventes ao experienciarmos Deus como a árvore
da vida. Essa vida, a vida divina, eterna e incriada de Deus, é a vida verdadeira. Somente
por termos essa vida verdadeira podemos nos tornar um ser vivente. Sempre que experi-
enciamos Deus como a árvore da vida, sentimos que temos algo vivo dentro de nós.
Temos um elemento vivo, um fator vivo, dentro de nós. Esse elemento ou fator vivo
sempre nos tornará vivos.

29
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Antes que fôssemos salvos, estávamos mortos em nossas ofensas e pecados (Ef
2:1, 5; Cl 2:13). Em João 5:25, o Senhor Jesus falou diretamente acerca daqueles que es-
tavam mortos espiritualmente: “Em verdade, em verdade vos digo: Vem a hora, e agora é,
em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão”. Nesse ver-
sículo, viver significa estar vivo em espírito. Quando fomos salvos e regenerados, experi-
enciamos o vento, a nuvem, o fogo e o electro. O vento do Espírito Santo soprou sobre
nós, a nuvem do Espírito Santo toldou-nos e o fogo do Espírito Santo iluminou-nos e nos
queimou. Como resultado, confessamos nossos pecados, e o electro foi produzido dentro
de nós. Dessa maneira, nós ouvimos a voz do Filho de Deus e fomos vivificados. Encon-
tramos a glória de Deus e fomos salvos e regenerados em Sua manifestação gloriosa. Me-
diante a experiência do vento, da nuvem, do fogo e do electro, nós, que estávamos mortos,
fomos vivificados para nos tornarmos seres viventes. Agora, devemos experienciar dia-
riamente o vento, a nuvem, o fogo e o electro, de sorte que nos tornemos vivos e vibrantes
em nosso ser interior.
Como podemos provar que não mais estamos mortos, mas temos nos tornado seres
viventes? Existe uma dupla prova, isto é, uma prova interior e uma exterior. A prova interior
que somos seres viventes é que, agora, temos um sentimento ou sentido de vida. Pessoas
vivas têm sentimentos. Por exemplo, quando estamos sentados em uma sala, temos um
sentimento a respeito da temperatura. Podemos sentir que está quente ou que está frio.
Uma pessoa morta, pelo contrário, não tem qualquer sentimento. Semelhantemente, se
estamos vivos diante de Deus, teremos um sentido interior e espiritual a respeito da nossa
situação. Se ofendermos a Deus ou se fizermos algo que não Lhe é agradável, teremos
um sentimento a esse respeito. Uma pessoa que está viva espiritualmente terá um
sentimento profundo sempre que viva de uma maneira que não glorifique a Deus ou que
não Lhe seja agradável. Se nosso sentimento interior, o sentido interior de vida, é sensiti-
vo, profundo e fresco, isso é uma prova que, interiormente, estamos vivos e que somos,
por conseguinte, um ser vivente. No entanto, alguns filhos de Deus podem se comportar de
maneira má, levando o nome do Senhor à vergonha, contudo não têm sentimento acerca
do que estão fazendo. Eles estão longe de Deus e precisam se arrepender, todavia eles
não têm qualquer sentimento interior. Isso é uma prova que, interiormente, estão mortos.
Um crente que é verdadeiramente um ser vivente tem muito sentimento interior acerca de
sua situação.
Embora a primeira prova que somos seres viventes seja interior e esteja relacionada
a nosso sentimento, a segunda prova é exterior e está relacionada a nossas atividades.
Uma pessoa morta é inativa, porém uma pessoa viva é muito ativa. Por exemplo, crianças
são muito ativas, porquanto estão cheias de vida. O princípio é o mesmo na vida cristã. Um
cristão que está vivo, isto é, que é um ser vivente, envolver-se-á em muitas atividades. A
primeira dessas atividades é a oração. Da mesma forma que não podemos viver fisicamen-
te sem respirar, assim, não podemos viver espiritualmente sem orar. Oração é o respirar
espiritual do cristão e é, frequentemente, espontânea. Por exemplo, assim que nos levan-
tamos pela manhã, podemos, espontaneamente, agradecer ao Senhor por um novo dia.
Orar dessa maneira é respirar, e é um sinal que estamos vivos. Entrementes, alguns cren-
tes podem ficar um longo tempo, até meses, sem orar. Sua falta de atividade de oração é
um prova que não estão vivos. Outras atividades que provam que somos seres viventes
incluem ler a Bíblia, funcionar nas reuniões, servir a Deus e pregar o evangelho. Não ler a
Bíblia, não participar das reuniões e não funcionar nas reuniões, não servir a Deus, não
testificar pelo Senhor, e não pregar o evangelho: todas essas deficiências indicam que
uma pessoa não é um ser vivente. A maneira de provar que você é um cristão vivente é
considerar todos esses pontos. Você ora? Você lê a Bíblia? Você exercita seu espírito para
funcionar nas reuniões? Você serve ao Senhor? Você testifica pelo Senhor e prega o
evangelho? Se você está carente nesses assuntos, você não é um crente vivente.

30
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Jamais devemos pensar que um cristão maduro não precisa se envolver em todas
essas atividades. Quanto mais velhos e mais maduros somos no Senhor, mais atividades
espirituais devemos ter. Creio que, se o apóstolo Paulo estivesse em nosso meio, ele seria
muito ativo em orar, em ler a Bíblia, em funcionar nas reuniões, em servir ao Senhor e em
pregar o evangelho. Na vida cristã, jamais podemos “graduar-nos” em ser vivos. Graduar-
se em ser vivo é morrer. Toda pessoa viva deve estar vivendo continuamente. Diariamen-
te, precisamos experienciar o vento, a nuvem, o fogo e o electro. Toda vez que encontrar-
mos o Senhor como o vento, a nuvem, o fogo e o electro, nosso ser interior se tornará vivo.

QUATRO EM NÚMERO

É significativo que o versículo 5 fale de quatro seres viventes. Muitos versículos na


Bíblia indicam que o número quatro está relacionado à criação de Deus e significa o ho-
mem como criatura de Deus (Is 11:12; Jr 49:36; Ap 7:1). Apocalipse 5:9 diz que o Senhor
nos comprou (redimiu) de quatro fontes: de toda tribo, língua, povo e nação. Ademais,
Apocalipse 21 nos diz que a Nova Jerusalém tem quatro lados: leste, norte, sul e oeste, e
que cada um dos quatro lados tem três portas. Isso significa que, de toda direção da terra,
podemos entrar na cidade. Portanto, o número quatro simboliza que somos o povo redimi-
do de muitas tribos, línguas, povos e nações. Aos olhos de Deus, somos os quatro seres
viventes.

UMA EXPRESSÃO COLETIVA

Os quatro seres viventes não são considerados como indivíduos, mas como um
grupo. Todos eles são contados como uma entidade. Posteriormente, veremos que esses
seres viventes são a expressão coletiva do homem no trono. Como tal expressão, eles
expressam esse homem não somente em uma direção, mas em quatro direções: do leste,
do norte, do sul e do oeste. Isso mostra que, como os quatro seres viventes, não somos
apenas a única expressão de Cristo, mas também que somos a expressão completa de
Cristo. Expressamos Cristo em toda direção, para todo lado. Somos os quatro seres viven-
tes expressando Cristo de uma maneira adequada e completa.

TÊM A APARÊNCIA DE UM HOMEM

O pronto principal de Ezequiel 1:5 é que os quatro seres viventes têm a aparência de
um homem. O versículo 26 diz que “(...) sobre esta espécie de trono, estava sentada uma
figura semelhante a um homem”. Homem é uma grande palavra na Bíblia. O plano de
Deus é com o homem, o pensamento de Deus está centralizado no homem, e o coração
de Deus está posto no homem. O desejo de Deus é ganhar o homem. O fato que os quatro
seres viventes têm a aparência de um homem e que Deus no trono tem a aparência de um
homem indica que o pensamento central de Deus e Seu arranjo são relacionados ao
homem.
Em nossa leitura dos quatro evangelhos, podemos estar sob a influência de um
conceito religioso que dá ênfase excessiva à divindade de Cristo. Como resultado, não
podemos ter a apreciação adequada da humanidade do Senhor. Quando lemos nos quatro
evangelhos como o Senhor manifestou Sua divindade ao realizar milagres, podemos lou-
var o Senhor pelo poder de Sua divindade. No entanto, quando lemos em João 13 acerca
de como o Senhor lavou os pés dos Seus discípulos, não podemos oferecer qualquer lou-
vor. Semelhantemente, quando lemos acerca do milagre do Senhor alimentando mais de
cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes, podemos sentir que isso foi algo grande,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

contudo podemos não ter qualquer apreciação por Ele ordenar às pessoas que se sentas-
sem em grupos ou por Ele direcionar os discípulos a recolher os pedaços de pão que so-
braram de maneira que nada se perdesse. Essas coisas podem não nos causar impres-
são. Se sabemos como ler os evangelhos de maneira adequada, perceberemos que a be-
leza gloriosa do Senhor Jesus é manifestada em Sua humanidade. Ele manifestou Sua
beleza gloriosa não através de Sua dignidade divina, mas através de Sua humanidade com
sua humildade e ternura. Na reunião da mesa do Senhor, precisamos louvar o Senhor por
Sua humanidade.
Muitos cristãos têm sido influenciados pelo conceito que é melhor ser um anjo que
ser um homem. Se você tivesse que escolher, o que preferiria ser: um anjo ou um homem?
Talvez, muitos de nós preferiríamos ser um anjo. No entanto, Deus tem anjos o bastante,
todavia Ele está carente de homens. Deus não aprecia muitos os anjos. Eles são Seus ser-
vos. Deus lhes diz para ir e eles vão; Ele lhes diz para vir e eles vêm. Os anjos também
são nossos servos (Hb 1:13–14). Como crentes, todos nós temos nosso próprio anjo (At
12:12–15). Precisamos abandonar o conceito que é melhor ser um anjo que um homem.
Precisamos ver quão glorioso e quão maravilhoso é que somos homens.
Se não desejamos ser como anjos, no mínimo, podemos desejar ser como Deus.
Muitos cristãos estão se esforçando continuamente para ser como Deus. Entrementes,
Deus quer ser como nós. Ele até mesmo se tornou um homem a fim de dar a conhecer a
Deus (Jo 1:18), e hoje, nos céus, o Senhor Jesus, que é Deus, ainda é um homem. Há um
homem no trono (At 7:56).
A Bíblia revela claramente que o homem é o meio para Deus manifestar a Si mesmo.
Deus não pode ser manifestado sem o homem. O homem foi criado à imagem de Deus a
fim de ser a expressão de Deus. Deus é o centro do universo, mas Ele precisa de uma
expressão, e essa expressão ocorre por meio do homem. Sem o homem, Deus não tem
expressão. Os milhões de anjos não podem ser a expressão de Deus. Deus precisa de um
homem coletivo para expressá-Lo. Você jamais deve desprezar o fato que você é um ho-
mem.
Na Bíblia, na verdade, existem somente quatro homens: o primeiro homem, o
segundo homem, o novo homem e o filho varão. Nós somos o primeiro homem; Cristo é
chamado o segundo homem (1Co 15:47); nós nos tornamos o novo homem pela
regeneração; e, agora, existe a perspectiva de que nos tornemos o filho varão. Esse
ministério não é apenas para o novo homem, mas também para o filho varão.
Podemos falar a respeito da igreja como a expressão de Cristo, contudo podemos
não perceber o que é a expressão de Cristo. O Cristo que a igreja deve expressar é o
homem sobre o trono. Se desejamos expressar Cristo, precisamos perceber que Cristo,
hoje, ainda é um homem. Não expressamos meramente Deus; expressamos Deus em um
homem. A igreja é a expressão de Cristo. Isto significa que a igreja é a expressão não me-
ramente de Deus, mas também de um homem.
Ezequiel 1:26 nos mostra que o Senhor hoje é um homem no trono. Deus precisa de
um homem, e, por fim, Ele se tornou um homem. Nós, como os seres viventes, O ex-
pressamos como um homem. Ele é o homem no trono, e nós também temos a aparência
de um homem. É o homem que cumpre o plano de Deus, é o homem que expressa Deus,
é o homem que derrota o inimigo e é o homem que traz o reino de Deus para dentro da
raça humana. Deus precisa de um homem.
Os ensinos religiosos no cristianismo nos encorajam ou a ser como um anjo ou a ser
como Deus. No entanto, a revelação divina revela que o desejo de Deus é ter um homem.
Precisamos nos lembrar de que o sutil tentou o primeiro homem dizendo-lhe que, se ele
comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele seria como Deus (Gn
3:5). A partir daquele dia, o conceito de ser como Deus tem estado em nosso sangue. To-
do ser humano caído tem o conceito de querer ser como Deus. Alguns ensinos demonía-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

cos encorajam as pessoas a ser algo diferente do homem. Todavia, em Sua redenção e
salvação, Deus não tem a intenção de fazer algo diferente do homem. A redenção e a
salvação de Deus são para nos trazer de volta ao início e restaurar-nos para sermos um
homem adequado. Somos os seres viventes e temos a vida de Deus dentro de nós, contu-
do temos a aparência de um homem. Não devemos tentar ser como um anjo. Ao invés,
naquilo que fazemos, naquilo que dizemos, e naquilo que expressamos, devemos ser um
homem. Isso é aquilo de que Deus precisa hoje.
A visão em Ezequiel 1 revela três assuntos cruciais a respeito dos quatro seres vi-
ventes terem a aparência de um homem. Primeiro, a glória de Deus é manifestada neles. A
manifestação da glória de Deus depende de eles terem a aparência de um homem. Onde
eles estão, ali está a glória de Deus. A glória de Deus não está separada deles, e, à parte
deles, a glória de Deus não pode ser manifestada. Segundo, esses seres viventes são o
meio do mover de Deus. O mover de Deus depende deles. Quando eles se movem, Deus
se move, pois Seu mover está com eles. Terceiro, os quatro seres viventes, que têm a
aparência de um homem, são o meio da administração de Deus. Ezequiel 1 revela que
Deus está sentado no trono. O trono de Deus domina tudo na terra e tudo registrado nesse
livro. Esse trono, portanto, é o centro da administração de Deus. No entanto, o centro da
administração de Deus depende dos quatro seres viventes terem a aparência de um ho-
mem. Por causa disso, existe a administração do trono de Deus. Se pusermos essas três
coisas juntas, veremos que o homem é o meio da manifestação de Deus, é o meio do mo-
ver de Deus e é o meio da administração de Deus. Aos olhos de Deus e em Suas mãos, o
homem tem essa posição importante.
Todos nós precisamos perceber que o desejo de Deus é ganhar o homem. Deus usa
o vento, a nuvem, o fogo e o electro para vivificar-nos a fim de ganhar o homem como o
meio de Sua manifestação, mover e administração. Visto que o homem é tão importante
para Deus, é crucial que sejamos um homem e tenhamos a aparência de um homem.
Precisamos ser um homem para a manifestação, o mover e a administração de Deus. Para
isso, precisamos ser seres viventes vivificados por experimentarmos o vento, a nuvem, o
fogo e o electro.

OS SERES VIVENTES TÊM QUATRO ROSTOS

Cada um dos quatro seres viventes tem quatro rostos. Se víssemos alguém com
quatro rostos, ficaríamos amedrontados, contudo isso é exatamente o que devemos ser.
Todos nós precisamos ter quatro rostos.

O rosto de homem

O primeiro rosto é o rosto de homem. Somos homens, e uma vez que somos
homens, devemos parecer homens. Fomos criados como homem, contudo fomos
corrompidos, envenenados e danificados pela queda. Portanto, precisamos da redenção
do Senhor. Mediante a redenção do Senhor, somos trazidos de volta à humanidade
adequada. Na realidade, a humanidade que temos agora não é nossa, mas Sua, pois te-
mos a humanidade de Jesus.
Alguns dizem que é difícil ser um homem e reclamam que estão desgostosos com
ser um homem. Aqueles que têm essa atitude para com sua humanidade precisam ver que
seu conceito é absolutamente diferente do conceito do Senhor em Sua salvação. A salva-
ção do Senhor é nos fazer homens adequados. Se você é um marido, a salvação do
Senhor é torná-lo um marido adequado. Se você é uma esposa, a salvação do Senhor é
torná-la uma esposa adequada. Se você é um pai ou uma mãe, a salvação do Senhor é
torná-lo um pai adequado ou uma mãe adequada. Se você é um filho, a salvação do

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Senhor é torná-lo um filho adequado. A salvação do Senhor é tornar-nos seres humanos


adequados. Portanto, todos nós devemos ter o rosto de homem. No entanto, alguns
cristãos, especialmente algumas irmãs, não parecem ser seres humanos. Antes, são tão
“espirituais” que parece que elas se tornaram criaturas estranhas: metade humana, metade
anjo. Precisamos do rosto de homem. Não devemos preferir ser algo diferente, e não
devemos fingir ser algo diferente. Devemos ser simplesmente o que somos: um homem.
Em vez de tentar ser algo diferente de um ser humano, devemos simplesmente ser
humanos. Entrementes, devemos ser humanos não por nossa humanidade natural, mas
pela humanidade do Senhor Jesus.
Se lermos os quatro evangelhos novamente, veremos que Jesus era uma pessoa
com uma humanidade adequada. Muitos que leem os evangelhos prestam atenção somen-
te aos milagres operados pelo Senhor em Sua divindade; eles não prestam a atenção ade-
quada às coisas operadas pela humanidade do Senhor. Por exemplo, João 4 revela como
o Senhor Jesus estava viajando com Seus discípulos para uma cidade em Samaria. Ele
estava cansado e sedento e pediu a Seus discípulos para ir à cidade a fim de comprar algo
para comer. Depois que eles partiram para comprar alimento, uma mulher samaritana veio
para tirar água do poço perto do lugar onde Jesus estava sentado. Embora Ele fosse o
Deus Todo-poderoso, nessa situação, Ele se conduziu da mesma forma que um homem
comum, sem qualquer indicação ou sinal que Ele era Deus. Quando ele pediu água à mu-
lher, Ele não deu qualquer indicação que Ele era algo mais que um homem. A mulher
questionou-O, dizendo: “Como, sendo Tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher
samaritana?” (v. 9). Ele respondeu à sua indagação de um modo muito humano. Os quatro
evangelhos registram relatos muito similares que nos mostram como o Senhor Jesus se
comportava como um homem normal, tendo o rosto de um homem. Diferentemente de
algumas pessoas religiosas hoje que se vestem de maneira muito estranha, o Senhor
Jesus não se vestia de modo peculiar. Ele não era estranho em seu vestir nem diferente
dos outros. Ao contrário, Seu viver era o viver de um ser humano comum. Seu viver era
comum a tal ponto que alguns disseram: “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13:55).
Aos olhos das pessoas, o Senhor Jesus era o filho de um carpinteiro comum. Longe de ser
estranho, Ele era um homem comum e tinha o rosto de um homem. Hoje, nós também
precisamos ter o rosto de um homem.
Alguns crentes pensam que, uma vez que começaram a buscar o Senhor, eles de-
vem ser especiais ou diferentes dos outros. Precisamos perceber, portanto, que devemos
ser comuns, isto é, devemos ser como seres humanos comuns e simples. Embora oremos,
leiamos a Bíblia, participemos das reuniões e sirvamos a Deus, nossa aparência ainda é a
aparência de um homem, e nosso rosto é o rosto de um homem. Em nosso vestir, somos
adequados, todavia somos comuns, não peculiares ou excêntricos. Sim, experienciamos o
Senhor como o vento, a nuvem, o fogo e o electro, mas o resultado dessa experiência é
que temos o rosto de um homem. Como seres viventes, não somos anjos, mas muito hu-
manos. De fato, quanto mais espirituais nos tornarmos, mas normais e humanos seremos.
Quanto mais temos de Cristo como nossa vida (Cl 3:4), mais teremos o rosto de homem.
Nas epístolas, somos ensinados pelos apóstolos a sermos seres humanos adequados, em
particular, somos ensinados a como ser maridos, esposas e pais adequados (Ef 5:22–6:9;
Cl 3:18–4:1). A salvação de Deus nos leva a sermos homens adequados para Sua
manifestação, mover e administração.

O rosto de leão

Precisamos também ter o rosto de leão. Na Bíblia, um leão significa intrepidez, vigor,
força e vitória. Em nossa vida cristã, precisamos primeiramente ser um homem. Onde quer
que estejamos (na escola, em nosso escritório ou entre nossos vizinhos), devemos ser um

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

homem. Contudo, devemos também ser um leão. Se, no escritório, você é um homem
adequado, outras pessoas serão atraídas para você. No entanto, aqueles que são atraídos
até você podem ser “germes” que podem corrompê-lo. Visto que eles gostam de você, eles
podem convidá-lo para participar com eles de certos tipos de divertimentos mundanos.
Nessa hora, você deve se comportar não como um homem, mas como um leão. Isto
significa que, no que diz respeito a qualquer coisa pecaminosa ou mundana, devemos ser
tão intrépidos quanto um leão. Todos aqueles que trabalham em seu escritório devem
saber que, se eles lhe falam acerca de coisas mundanas, você se comportará como um
leão.
As pessoas frequentemente consideram que o Senhor Jesus era gentil e manso. No
entanto, pelo menos em certas ocasiões, Ele não foi gentil de forma alguma. Por exemplo,
quando Ele entrou no templo e encontrou “os que vendiam bois, ovelhas e pombas e os
cambistas assentados”, Ele ficou irado e fez um chicote de cordas e “expulsou todos do
templo, bem como as ovelhas e os bois, derramou o dinheiro dos cambistas e virou as
mesas” (Jo 2:14–15). Ademais, em Mateus 23, Ele repreendeu severamente os religiosos,
dizendo-lhes: “Serpentes, raça de víboras!” (v. 33). Nessas situações, Ele, seguramente,
foi tão intrépido quanto um leão. Em Apocalipse 5:5, ele é chamado “o Leão da tribo de
Judá”. Há momentos quando nós também precisamos ter o rosto de leão.
Na Bíblia, um leão significa não somente intrepidez, vigor, força e vitória, mas
também reinar. O leão é o rei dos animais. Nós, que temos nos tornado seres viventes
mediante a regeneração, não devemos somente ser homens para manifestar Deus, mas
também leões para reinar por Deus. Se, no que diz respeito ao pecado, ao mundo e a
Satanás, somos fortes e intrépidos como leões, Deus poderá estabelecer Seu reino por
nosso intermédio.

O rosto de boi

Precisamos não somente do rosto de homem e de leão, mas também do rosto de


boi. O rosto de leão é equilibrado pelo rosto de boi. Se, em seu escritório, você tem o rosto
de leão, isso por si só não convencerá as outras pessoas. Você precisa ser equilibrado por
ter o rosto de boi. Um boi é aquele que está disposto a carregar o fardo, a fazer a obra e
até mesmo a se sacrificar. Todos nós precisamos ter essa aparência e expressar essa
realidade de servir os outros, carregando o fardo, cuidando da responsabilidade, e até
mesmo sacrificando nossa vida. Se, quando você está trabalhando em um escritório, é um
homem adequado, você é tão intrépido quanto um leão, e também é fiel em carregar a
responsabilidade, você causará uma boa impressão nos outros. A fim de causar essa
impressão, você precisa se comportar não somente como um homem e como um leão,
mas também como um boi que serve e que sofre. Quando o escritório necessita ser limpo,
você deve tomar a liderança de limpar, fazendo mais que os outros funcionários. Dessa
maneira, você mostrará a seus colegas que está disposto a se sacrificar, a ajudar os outros
e a servi-los. Então, você terá a realidade do rosto de boi. Quando as outras pessoas o
virem com o rosto de homem, de leão e de boi, elas dirão: “Esse é um verdadeiro cristão”.

O rosto de águia

Além do mais, precisamos também, por detrás, de um rosto escondido: o rosto de


águia. Depois que Deus tirou o povo de Israel do Egito e os levou para o deserto, Ele lhes
disse: “[Eu] vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim” (Êx 19:4). Isso indica que,
na Bíblia, uma águia significa o Deus poderoso e transcendente. Deus é transcendente,
flutuante e poderoso. Nada pode suprimi-Lo, oprimi-Lo ou deprimi-Lo. Quanto mais você
tenta suprimi-Lo, mais flutuante e transcendente Ele se torna. Um cristão tem a vida de

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Deus dentro dele, e essa vida é transcendente, levando-nos a ter uma expressão da
flutuabilidade e transcendência. Esse é o significado do rosto de águia.
Precisamos ser como uma águia, não permitindo que nada nos retenha, nos suprima
ou nos deprima. Isso significa que devemos ser capazes de vencer tanto a perseguição
quanto o louvor. Algumas vezes, é mais difícil vencer o louvor que a perseguição. Alguns
podem vencer a perseguição, mas são incapazes de vencer o louvor das pessoas. Esse
não deve ser o caso conosco. Se somos perseguidos ou louvados, precisamos ser
capazes de voar sobre asas de águias. Devemos ser flutuantes e transcendentes. Isso é
exatamente como o Senhor Jesus foi em João quando as pessoas tentaram fazê-lo rei
depois que Ele alimentou cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes. A respeito
disso, João 6:15 diz: “Sabendo, pois, Jesus que estavam para vir e arrebatá-Lo para O
fazerem Rei, retirou-se novamente, Ele sozinho, para o monte”. Ele não pôde ser retido,
pois tinha o poder de uma águia e era, por conseguinte, transcendente.
Um cristão não deve ser retido por nada. Entretanto, nos é possível ser retidos por
muitas coisas diferentes. Um crente pode ser retido pela pobreza, outro pelas riquezas. Se
desejamos ser um cristão adequado, não devemos ser retidos nem pela pobreza nem
pelas riquezas. Como Paulo, devemos poder dizer: “Sei estar humilhado e sei ter em abun-
dância; em tudo e em todas as coisas aprendi o segredo, tanto de estar saciado como de
passar fome, tanto de ter em abundância como de passar necessidade. Tudo posso
Naquele que me fortalece” (Fp 4:12–13). A palavra de Paulo revela que ele tinha as asas
de uma águia. Ele tinha o rosto de homem, de leão, de boi e também de águia.

OS QUATRO SERES VIVENTES


SÃO UMA EXPRESSÃO QUÁDRUPLA DE CRISTO

Esses quatro rostos: o rosto de homem, de leão, de boi e de águia retratam a vida de
Cristo. Esses quatro rostos correspondem aos quatro evangelhos, que podem ser consi-
derados como quatro biografias do Senhor Jesus, com cada um apresentando determina-
do aspecto de Cristo. Lucas O mostra como um homem, Mateus como um leão, Marcos
como um boi e João como uma águia. Essa vida quádrupla é a vida de Cristo.
Os quatro seres viventes são uma expressão coletiva de Cristo. Eles expressam
Cristo em quatro aspectos: como um homem, como um leão, como um boi e como uma
águia. Essa é a expressão da vida de Cristo de uma maneira coletiva. Como cristãos,
devemos ser os seres viventes, aqueles que são uma entidade coletiva para expressar
Cristo exatamente como Ele foi na terra. Quando Ele estava na terra, Ele viveu nos quatro
aspectos: de um homem, de um leão, de um boi e de uma águia. Hoje, devemos ser a ex-
pressão coletiva desse Cristo.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM SEIS

ASAS DE ÁGUIAS, AS MÃOS DE HOMEM E OS CASCOS DE BEZERROS

Leitura bíblica: Ez 1:6b–9a, 11b; Is 40:31; 2Co 4:7; 1:12; 12:9; 1Co 15:10; Fp 4:13; Sl
178b; 57:1b; At 20:34; Cl 3:9; Sl 29:6a; Ap 1:15

O primeiro capítulo de Ezequiel contém muitas figuras que compõem um quadro. A


menos que essas figuras sejam aplicadas de uma maneira espiritual, elas parecem sem
significado. Considerem, por exemplo, os quatro rostos dos seres viventes: o rosto de ho-
mem, o rosto de leão, o rosto de boi e o rosto de águia. Se aplicamos essas coisas espiri-
tualmente, elas são muito significativas.
Nesta mensagem, consideraremos as asas de águias, as mãos humanas e os
cascos de bezerro. Os quatro rostos são a expressão dos seres viventes, e as asas, as
mãos e os cascos estão relacionados às ações e ao mover dos seres viventes.
Falando dos seres viventes, Ezequiel 1:6 diz: “Cada um tinha quatro rostos, como
também quatro asas”. Certamente, as asas são as asas de uma águia, pois entre os seres
representados pelos quatro rostos, somente a águia tem asas.
O versículo 8 diz: “Debaixo das asas tinham mãos de homem, aos quatro lados”. De
cada lado havia a asa de uma águia, e debaixo da asa havia a mão de um homem.
O versículo 7 fala dos cascos de um bezerro: “As suas pernas eram direitas, a planta
(cascos) de cujos pés era como a de um bezerro”. Dos seres retratados pelos quatro ros-
tos, somente um, o boi, tem pernas direitas. Os pés de um homem não são direitos, mas
têm a forma de um L. Um leão não tem pés, mas, em seu lugar, tem patas com garras.
Uma águia também tem garras. Estritamente falando, o versículo 7 fala não dos pés de um
boi, mas dos pés de um bezerro, ou cascos (plantas dos pés), que são direitos.
Se desejamos entender o significado espiritual das asas de águia, das mãos de
homem e dos cascos de um bezerro, precisamos lembrar o significado do sopro do vento,
do pairar e chocar da nuvem, e o consumir, investigar, iluminar e queimar do fogo, a partir
do qual vem o electro incandescente. Conforme temos mostrado, a experiência de todas
essas coisas nos leva a tornar-nos os seres viventes, expressando Cristo e vivendo Sua
vida de uma maneira coletiva.

AS ASAS DE ÁGUIA

Comecemos, agora, a considerar as asas de águia.

Significa a força de Deus aplicada a nós

Segundo a Palavra pura, é fácil ver o significado espiritual das asas de águia, da
mão de homem e do pé do bezerro. Na Bíblia, as asas de uma águia significam a força de
Deus aplicada a nós. Em Êxodo 19:4. Deus disse a Seu povo: “Tendes visto o que fiz aos
egípcios, como vos levei sobre asas de águia e vos cheguei a mim”. Este versículo fala da
força de Deus aplicada a Seu povo. Isaías 40:31 diz: “mas os que esperam no SENHOR
renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam,
caminham e não se fatigam”. Isto também nos mostra que a força de Deus aplicada a nós
é como as asas de uma águia.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

No Novo Testamento, as asas de águia são a graça, o poder e a força de Deus em


Cristo aplicada a nós. Segunda aos Coríntios 4:7 diz: “Temos, porém, este tesouro em
vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós”. Isto são as
asas de águia. Em 1:12, Paulo diz: “Pois o motivo de nos gloriarmos é este: o testemunho
da nossa consciência, de que, em simplicidade e sinceridade de Deus, não em sabedoria
carnal, mas na graça de Deus, temos procedido no mundo, e mais ainda para convosco”.
Novamente, isto são as asas de águia. Além do mais, em 12:9a, o Senhor Jesus disse a
Paulo: “A Minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Por causa
disso, em 12:9b, Paulo pôde dizer: “Com prazer, portanto, mais me gloriarei nas minhas
fraquezas, para que o poder de Cristo repouse sobre mim”. Em nossa experiência do
Senhor, o poder de Cristo pode toldar-nos, da mesma forma que as asas de águia toldam
aqueles que estão sob sua cobertura. Desses versículos, podemos ver que as asas de
águia significam a força e a graça do Senhor Jesus aplicadas a nós.
Em 1Coríntios 15:10, Paulo diz: “Mas pela graça de Deus, sou o que sou; e a Sua
graça para comigo não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles, todavia
não eu, mas a graça de Deus que está comigo”. Isso são as asas de águia. Tudo que faze-
mos e tudo que somos não são conforme nossa própria sabedoria, força e capacidade,
mas pela graça, poder e força do Senhor. Portanto, como Paulo diz: se nos gloriamos,
devemos nos gloriar no Senhor (1Co 1:31). Não temos que nos gloriar em nós mesmos ou
em qualquer outra coisa, mas somente no Senhor. Seu poder, força e graça são as asas
de águia para nós hoje.
Em nossa vida cristã, todos nós devemos portar quatro asas dos quatro lados,
mostrando aos outros que tudo que somos e que fazemos não é por nós mesmos nem é
de nós mesmos, mas de Deus, de modo que a excelência do poder seja de Deus e não de
nós.

Para cobrir e mover

Cada um dos quatro seres viventes tem quatro asas, duas para se cobrir e duas para
se mover. “Uniam-se as suas asas uma à outra” (Ez 1:9a [ARC]). Esse unir é para mover-
se. Veremos posteriormente que esse mover é totalmente um assunto coletivo.
A Bíblia revela que as asas de uma águia não são somente para poder, mas também
para proteção. Em Salmos 17:8, Davi pediu a Deus para escondê-lo à sombra de Suas
asas. Salmos 57:1 fala de fazer nosso abrigo à sombra das asas de Deus, e Salmos 63:7
fala de se regozijar à sombra de Suas asas. Salmos 91:4 diz: “Cobrir-te-á com as suas
penas, e, sob suas asas, estarás seguro”.
A graça, poder e força do Senhor são tanto para nos movermos quanto para nos
cobrir. Por um lado, a graça do Senhor é o poder para nos movermos; por outro, o poder
do Senhor é para nossa proteção, nosso refúgio. Estamos sob o toldar da graça e do poder
de Cristo, e estamos sob a cobertura do Seu poder. Tudo que fazemos e somos deve ser
pela graça e poder do Senhor. Ao mesmo tempo, estamos sob o toldar, a cobertura, da
graça e do poder do Senhor.
Isso indica que, como cristãos, filhos de Deus, devemos ter um elemento que leva os
outros a admirar-se conosco. Eles devem sentir que algo está nos cobrindo e nos toldando.
Eles devem perceber que somos normais, contudo existe algo empoderando-nos, fortale-
cendo-nos, toldando-nos e cobrindo-nos.
O rosto frontal dos quatro seres viventes é o rosto de homem, contudo o corpo é de
águia. Duas de suas asas são estendidas para se unir aos outros seres viventes, e as ou-
tras duas cobrem seu corpo. Portanto, se olhamos para seu rosto, ele parece um homem,
mas se olhamos para seu corpo ele parece uma águia. Ele parece um homem, mas se
move como uma águia. Isso indica que devemos sempre expressar-nos como um homem

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

normal, por exemplo, como um marido, esposa, pai ou filho normal e adequado. Contudo,
quando os outros nos olham e nos consideram, eles devem perceber que há algo nos co-
brindo, empoderando-nos, fortalecendo-nos, protegendo-nos e toldando-nos. Como resul-
tado, deve ser difícil para eles nos descreverem. Aqueles que trabalham com tal pessoa
pode dizer: “Ele pode sofrer as coisas que não podemos sofrer, e suportar uma
responsabilidade que não podemos. Ele entende as coisas mais profundamente do que
nós. Que tipo de pessoa ele é? Como ele pode viver dessa maneira?”
O importante aqui é que, conosco como filhos de Deus, deve sempre haver algo
misterioso. Embora soframos, estamos felizes e nos regozijamos no Senhor, pois algo está
nos cobrindo. Temos duas asas para nos mover e outras duas para nos cobrir e nos toldar.
Essas asas movedoras e toldadoras podem dar aos outros a impressão do Ser Divino.
Temos as quatro asas de uma águia, dando aos outros a impressão que temos Deus co-
nosco como nosso poder e proteção. Isso é a águia.

AS MÃOS DE HOMEM

Ezequiel 1:8a diz: “Debaixo das asas tinham mãos de homem, aos quatro lados”.
Isso indica que um cristão adequado e normal deve sempre fazer as coisas exatamente
como um homem. Isso é usar as mãos de homem. Esse foi o testemunho de Paulo em
Atos 20:34: “Vós mesmos sabeis que estas mãos supriram as minhas necessidades e as
dos que estavam comigo”.
A respeito da fé em Deus, precisamos ser equilibrados. Alguns podem alegar que,
uma vez que eles têm fé no Deus todo-poderoso para suprir todas as suas necessidades,
não há necessidade de eles usarem suas mãos para fazer nada. Em particular, eles po-
dem supor que não há necessidade de eles trabalharem de uma maneira humana. Contu-
do, considere o apóstolo Paulo. Paulo era equilibrado; com ele, sempre havia dois lados.
Seus escritos indicam que ele não tinha somente as asas de águia, mas também as mãos
de homem. Ele podia dizer que se conduziu não em sabedoria carnal, mas na graça de
Deus e que a graça de Deus para com ele não fora em vão. Esse é o lado das asas de
águia. No entanto, ele também disse que laborou mais que todos os outros apóstolos.
Podemos pensar que não havia necessidade de Paulo trabalhar com suas próprias mãos.
Todavia, Paulo tomou o caminho de trabalhar com suas próprias mãos. Isso indica que,
mesmo que experimentasse as asas de águia, ele ainda era muito humano em seu viver,
tomando a maneira humana e fazendo as coisas de um modo humano.
Algumas vezes, os jovens podem imaginar que, uma vez que estão buscando o
Senhor, não existe necessidade de eles estudarem duramente. Eles podem esperar que,
mesmo sem estudar, possam passar nas provas com notas altas. Essa atitude é en-
ganosa. Jovens, não importa quanto busquem o Senhor, amem o Senhor e se preocupem
com o Senhor, vocês ainda precisam ser diligentes em seus estudos. Isto significa que não
importa quanto da graça de Deus está conosco e quanto o Senhor está nos empoderando,
não obstante, devemos cumprir nossa obrigação humana em nosso viver diário. Por
exemplo, devemos comer alimentos saudáveis de uma maneira humana e segundo
princípios humanos. Se não comermos de uma maneira humana adequada, mas, ao
contrário, tentarmos nos comportar como um anjo, ficaremos doentes. Temos que fazer as
coisas de uma maneira humana. Sob as asas de águia, deve haver mãos humanas, e
essas mãos devem sempre estar trabalhando. Isso é ser equilibrado.
As pessoas mundanas, pelo contrário, têm apenas as mãos de um homem; elas não
têm as asas de uma águia. Porém, muitos assim chamados religiosos parecem ter
somente as asas de águia; eles não têm as mãos de homem. Precisamos ter tanto as asas
da graça do Senhor que empodera quanto as mãos de um homem, cooperando com Deus
de uma maneira humana.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

É muito significativo que as mãos humanas dos quatro seres viventes estejam sob as
asas de águia. Isto indica que, ao fazer tudo, devemos estar sob a graça de Deus e sob
Sua cobertura. Em tudo que fizermos, devemos depender do Senhor e expressá-Lo. Nesse
assunto, somos inteiramente diferentes das pessoas mundanas, que nem confiam em
Deus nem O expressam. Todas as suas ações não expressam Deus, mas expressam a si
mesmos. Em contraste, em tudo que fazemos, devemos estar sob a graça e o poder do
Senhor, dependendo Dele e expressando-O.

TER OS CASCOS DE UM BEZERRO

Continuemos agora considerando os cascos de bezerro, um assunto de particular


importância na visão registrada em Ezequiel 1.

Ser direito

Todos nós devemos andar como um bezerro, tendo as pernas (cascos) direitas.
Nenhum cristão deve andar sobre as patas de um leão. Embora possamos aplicar a intre-
pidez de um leão a nosso caráter cristão, não devemos aplicar as patas de um leão ao an-
dar cristão. Sequer devemos andar com as garras de uma águia. Aqueles que andam com
as garras de uma águia, por fim, ferirão outras pessoas.
Não devemos, também, andar com os pés de um homem. Os pés de um homem são
bons, mas são, de alguma forma, tortos. A esperteza humana é algo torto. Essa é a razão
pela qual Paulo disse que ele não procedia no mundo em sabedoria carnal, isto é, não em
esperteza humana. Em vez de ser torto ou esperto, nosso andar cristão deve ser direito e
franco. Por isso, Paulo nos diz para não mentirmos uns aos outros (Cl 3:9). Não devemos
mentir a um irmão. Mentir é ser torto. Se você é capaz de falar algo, fale-o honestamente.
Se você não é capaz de falar honestamente, simplesmente não fale.
Durante os últimos dias antes que o Senhor Jesus fosse crucificado, Ele foi a Jerusa-
lém e foi cercado pelos líderes da religião e políticos. Em uma ocasião, “os principais
sacerdotes e os anciãos do povo acercaram-se Dele enquanto ensinava, e perguntaram:
Com que autoridade fazes essas coisas?” (Mt 21:23). Em Sua resposta, o Senhor Jesus
lhes disse: “Eu também vos farei uma pergunta; se Me responderdes, também Eu vos direi
com que autoridade faço essas coisas. O batismo de João, donde era? Do céu ou dos
homens?” (vv. 24–25a). Então, eles arrazoaram entre si, dizendo: “Se dissermos: Do céu,
Ele nos dirá: Então, por que não crestes nele? Mas se dissermos: Dos homens, tememos o
povo, pois todos consideram João como profeta” (vv. 25b–26). Nesse tipo de dilema, eles
consideraram que a melhor resposta era uma resposta torta. Portanto, eles se voltaram
para o Senhor Jesus e disseram: “Não sabemos” (v. 27a). Na realidade, eles sabiam,
todavia não quiseram dizer. Isso indica que eles eram tortos. Em seguida, o Senhor Jesus,
conhecendo sua desonestidade, disse-lhes: “Nem Eu vos digo com que autoridade faço
essas coisas” (v. 27b). Aqui, vemos que, enquanto os principais sacerdotes e os anciãos
eram tortos, o Senhor Jesus era direito. Os pés do Senhor Jesus eram os cascos de be-
zerro; com Ele, não havia tortuosidade.
Se lermos os quatro evangelhos, veremos que, enquanto o Senhor Jesus estava na
terra, Ele andava de uma maneira muito direita. Passo a passo, Seu andar era direito. Ele
andava na terra com os cascos de um bezerro.
Nós também devemos andar dessa maneira hoje. Se andamos de uma maneira tor-
ta, não devemos esperar que a igreja seja edificada. Na vida da igreja, todos nós precisa-
mos aprender a ser francos, honestos, fieis e sinceros. Devemos ser simples e singelos.
Se queremos dizer sim, devemos dizer sim; se queremos dizer não, devemos dizer não.
Algo mais que isso é do diabo (Mt 5:37), o pai de todas as mentiras (Jo 8:44). Alguém pode

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

mentir com uma boa intenção, porém essa mentira ainda é do diabo. Não devemos andar
segundo nossos pés tortos do homem, mas devemos andar com os pés de bezerro. Os
pés do homem são tortos, todavia os pés de bezerro são direitos.
Não somente o Senhor Jesus foi direito em Seu andar, mas também o apóstolo
Paulo foi muito direito, franco, fiel e honesto em seu andar. Ao ler as Epístolas de Paulo
aos Coríntios, podemos perceber que ele era uma pessoa direita e franca. Em 1Coríntios
4:21, ele perguntou: “Que preferis? Devo ir a vós com vara, ou em amor e espírito de man-
sidão?” O que ocorreria se um dos servos do Senhor escrevesse uma carta fazendo tal
pergunta a uma igreja hoje? Toda a congregação ficaria escandalizada. Se desejamos ser
um servo fiel do Senhor, devemos ser direitos dessa maneira.

Ser fendidos

Em acréscimo a ser direitos, os cascos de bezerro são também fendidos ou dividi-


dos. Segundo Levítico 11:4–6, qualquer animal que não tem os cascos fendidos não é
puro. Todos os animais puros têm seus cascos fendidos, divididos. Animais puros como a
vaca e a ovelha têm duas características: ruminar e ter o casco fendido.
O casco fendido significa que, em nosso andar com o Senhor, precisamos do discer-
nimento adequado para dividir as coisas certas das erradas e as puras das impuras. Ter
um casco que não é fendido, como o do camelo, é ter um andar sem discernimento. Como
crentes em Cristo, precisamos ter esse andar que pode discernir o que é certo do que é
errado aos olhos de Deus. Precisamos desse tipo de discernimento em nossa andar cris-
tão diário.
Precisamos desse discernimento também a respeito da prática da vida da igreja.
Neste país (EUA) o termo igreja local tem se tornado, de alguma forma, popular. Muitos
grupos tomam esse termo e de uma maneira frouxa se chamam igreja local. Portanto, pre-
cisamos ser capazes de discernir se um grupo particular de crentes é, de fato, uma igreja
local normal, adequada e genuína. Precisamos dos cascos fendidos. Não devemos ser
descuidados, pensando que, simplesmente, porque um grupo diz que eles são uma igreja
local, deve, com certeza, ser uma igreja local. Alguns grupos são genuínos e outros não
são. Alguns estão certos e alguns estão errados. Alguns são verdadeiros e outros não são.
Precisamos de discernimento. Tanto em nosso andar cristão diário quanto na vida da igre-
ja, precisamos dos cascos fendidos do bezerro.

Brilhar como o bronze polido

Ezequiel 1:7 nos diz que os cascos do bezerro “luziam como o brilho de bronze poli-
do”. O brilho do bronze vem do aquecimento da fornalha. Quanto mais o bronze é queima-
do e testado, mais brilhante ele se torna. Isto indica que precisamos de um andar que
tenha sido testado e queimado pelo Senhor. Se nosso andar é testado dessa maneira, ele
será como o bronze polido, iluminando outros e se tornando uma espécie de brilho para
eles. Se temos sido testados e examinados pelo Senhor, nosso andar brilhará como
bronze queimado, fornecendo luz aos outros, testando-os e levando-os a perceber se seu
andar está certo ou errado.
Semelhantemente, se temos o discernimento adequado a respeito do que é a vida
genuína da igreja e se temos sido testados e examinados pelo Senhor na vida da igreja,
então, nosso andar na vida da igreja será como bronze luzente, iluminando outros e testan-
do-os. Contudo, se somos descuidados e negligentes, carecendo de discernimento a res-
peito da vida da igreja, para nós, tudo será o mesmo. Preto, branco e cinza parecerão ser
a mesma coisa. Isto significa que somos incapazes de exercer qualquer discernimento. Se
esse é o caso, então, nosso andar será como uma pedra escurecida, sem qualquer luz.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Se nosso andar é um andar de discernimento, discerniremos todas as coisas em


nosso andar cristão e, por fim, nossos cascos serão como bronze luzente. Onde quer que
vamos e qualquer que seja o caminho que tomamos, nosso andar brilhará sobre outros,
dando-lhes luz e testando-os.

Frescor e vitalidade

Na Bíblia, um bezerro significa frescor e vitalidade. Um crente em Cristo que desfruta


graça e vive na presença de Deus é sempre novo e fresco, e não há velhice com ele. Al-
gumas vezes, você pode encontrar um irmão que é muito jovem humanamente, contudo,
espiritualmente, é idoso, carecendo de frescor e inovação. Outras vezes, você pode ter
comunhão com um irmão mais velho que é muito experimentado no Senhor. Sempre que
ele ora, você sente algo novo e fresco. Em todas as nossas atividades como crentes,
devemos ser novos e frescos. Se nos tornamos velhos, não somos mais seres viventes.
A Bíblia diz que um bezerro salta e pula (Sl 29:6; Ml 4:2). Isto significa que um bezer-
ro está vivo. Nosso andar cristão não deve ser um andar morto, mas um “andar saltante”,
um andar que é cheio de vida. Um bezerro é jovem e vigoroso, cheio de energia. Todos
nós devemos ser cheios de vida, como um bezerrinho, indo às reuniões como bezerros
saltantes. Que o Senhor faça de todos nós bezerros saltantes!
Todos esses pontos sobre os cascos de bezerro estão relacionados a nosso andar
cristão. O andar cristão é direito e franco. É também um andar com discernimento, um
andar que brilha e concede luz a outros e os testa, e um andar que é vigoroso, cheio de vi-
da, energia, frescor e inovação.
Quando falamos dos pés como bronze polido, devemos nos lembrar de Apocalipse
1:15, onde nos é dito que os pés do Senhor Jesus são “semelhantes ao bronze reluzente,
como se tivesse sido refinado em uma fornalha”. Todos nós devemos ter um andar como o
andar do Senhor.
Em uma mensagem posterior, veremos que os quatro seres viventes são coorde-
nados. Eles podem ser coordenados somente por esse tipo de vida e andar. Essa vida é
uma vida com asas de águia e mãos humanas, e esse andar é um andar de cascos de be-
zerro.
A vida cristã deve ser esse tipo de vida, e o andar cristão deve ser esse tipo de an-
dar. É por ter esse tipo de vida e de andar que nós, os seres viventes, podemos ser coor-
denados e nos tornarmos uma entidade. Coordenação é o ponto central no primeiro capí-
tulo de Ezequiel. Essa coordenação, no entanto, depende de todos os itens anteriores: o
vento, a nuvem, o fogo, o electro e os quatro seres viventes com os quatro rostos e tendo
as asas de águia, as mãos humanas e um andar com os cascos de bezerro. Se desejamos
ter uma coordenação adequada, precisamos dessa vida e andar cristãos. Precisamos de
uma vida que tenha as asas de uma águia e as mãos de um homem, e precisamos de um
andar que tenha as pernas (cascos) direitas de um bezerro. Que o Senhor nos impressione
com todos esses assuntos, de sorte que tenhamos a coordenação adequada na vida da
igreja.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM SETE

A COORDENAÇÃO
DOS QUATRO SERES VIVENTES

(1)

Leitura bíblica: Ez 1:11b-14; Rm 12:4-5

Ezequiel 1:11b-14 revela um quadro muito claro da coordenação. Na Bíblia, não


existem outros versículos que apresentem o assunto da coordenação de maneira tão defi-
nida e prática. Nesta mensagem, começaremos a considerar a coordenação dos quatro
seres viventes descrita nessa porção de Ezequiel 1.

COORDENAÇÃO NO PODER, FORÇA


E SUPRIMENTO DIVINOS

Ezequiel 1:11b diz: “Cada ser tinha duas asas, unidas cada uma à do outro; outras
duas cobriam o corpo deles”. Aqui, vemos que duas de suas asas eram para movimentar-
se, e esse mover está em coordenação. Por duas de suas asas, eles estavam unidos ao
outro, e, dessa maneira, estavam coordenados. Conforme temos visto, os seres viventes
usam as outras duas asas para se cobrir.
Temos visto também que, no Antigo Testamento, as asas de águia significam o
poder, a força e o suprimento divinos. Isto indica que a coordenação dos seres viventes
não está neles mesmos. Em si mesmos, eles não têm habilidade para estar coordenados.
Sua coordenação está no poder, na força e no suprimento divinos, porquanto as asas de
águia são o meio para eles estarem coordenados um com o outro. Portanto, sua coorde-
nação não depende deles mesmos; ela não depende do que eles são ou do que podem
fazer. Sua coordenação depende das asas de águia. As asas de águia são o meio pelo
qual eles são coordenados e se movem como um só. O próprio Deus é o poder e a força, e
é por meio desse poder e força divinos que eles são coordenados.
O mesmo princípio pode ser visto no tabernáculo. O tabernáculo foi edificado por
quarenta e oito tábuas coordenadas em uma entidade. Essas tábuas estavam coor-
denadas em um só edifício, não por si mesmas, mas pelo ouro que as recobria (Êx 26:29-
30). Todas as tábuas eram cobertas com ouro. Sobre o ouro que as cobria estavam os
elos de ouro, e através dos elos de ouro passavam travessas de ouro. O ouro, por
conseguinte, coordenava todas as quarenta e oito tábuas em uma entidade. O ouro que as
cobria significa a natureza divina, e indica que o próprio Deus é o fator coordenador que
capacita todas as partes do edifício divino a ser um.
Em si mesmos, os seres viventes são separados e individuais, porém, com as asas
de águia, eles são coordenados como um corpo. Isso indica que a coordenação entre nós
cristãos não é algo de nós mesmos. O que temos em nós mesmos não coordena ___ divide.
Tudo que somos em nós mesmos, tudo que temos em nós mesmos, e tudo que fazemos
em nós mesmos resultam não em coordenação, mas em divisão e separação. No entanto,
temos as asas de águia, e com as asas de águia, podemos ser um e podemos ser coor-
denados.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

PARA A EXPRESSÃO, O MOVER E A


ADMINISTRAÇÃO DO SENHOR

É-nos importante perceber por que precisamos ser coordenados. Devemos ser
coordenados como os seres viventes a fim de que Cristo seja expresso e manifestado.
Também, a coordenação dos seres viventes é para o mover do Senhor. O Senhor se move
no centro da coordenação dos seres viventes. Ademais, coordenação é a administração
divina e o governo divino. O trono sobre o qual o Senhor está, o trono que é para a admi-
nistração de Deus, está no centro dessa coordenação. Portanto, a coordenação dos seres
viventes é para a expressão e manifestação do Senhor, para o mover do Senhor e para o
governo divino.

A MANEIRA DA COORDENAÇÃO

Agora, precisamos ver como os quatro seres viventes são coordenados. Cada um
dos seres viventes volta-se para uma direção, olhando respectivamente para o norte, o sul,
o leste e o oeste. À medida que eles se voltam para essas quatro direções, duas de suas
asas se estendem e tocam as asas dos seres adjacentes, formando um quadrado. Cada
um dos quatro seres viventes usa duas de suas asas para se unir aos outros seres
viventes.
Ezequiel 1:12 diz: “Cada qual andava para a sua frente; para onde o espírito havia de
ir, iam; não se viravam quando iam”. Aqui, vemos que cada um dos seres viventes anda
para a sua frente. Eles não se voltam, mas alguns retornam, isto é, se movem para trás.
Por exemplo, enquanto um dos seres viventes está se movendo para o norte, o ser vivente
que se volta para o sul deve retornar, movendo-se para trás. Portanto, um anda para a
frente enquanto o ser oposto se move para trás. Ao mesmo tempo, os outros dois seres
viventes devem se mover lateralmente. Um se move lateralmente para a esquerda, e o
outro se move lateralmente para a direita. Não importa em que direção os seres viventes
estão se movendo, não há necessidade de quaisquer deles fazer meia-volta. Um
simplesmente vai para a frente; um retorna, movendo-se para trás; e os outros se movem
lateralmente. Este é um belo quadro da coordenação de que necessitamos na vida da
igreja.
Alguns irmãos e irmãs não podem tolerar ser coordenados com outros. Em vez
disso, eles preferem ficar separados e fazer as coisas sozinhos. Visto que eles estão
separados, não há sofrimento. Uma vez que são coordenados, há um tipo de sofrimento,
pois, na coordenação, não existe liberdade ou conveniência.
A coordenação nos guarda de fazermos voltas. Se alguém está se movendo sozinho,
ele pode, primeiramente, ir para o norte e, em seguida, voltar-se e se mover para o leste.
Posteriormente, ele pode se voltar novamente para se mover para o sul e, por fim, voltar
uma vez mais e se mover para o oeste. Ele se move em muitas direções fazendo muitas
voltas. No ministério do Senhor, pelo contrário, não existe tal volta. Em vez disso, alguém
se move para a frente, e aqueles que se coordenam com ele se movem ou para trás ou
lateralmente.
Se alguém age sem coordenação no serviço da igreja, fazendo coisas sozinho, ele
dará muitas voltas. Se ele funciona na maneira de fazer muitas coisas diferentes sozinho,
ser-lhe-á necessário dar muitas voltas. No serviço da igreja, entrementes, não existe
necessidade de voltas. Todos têm sua função e posição. Cada um pode simplesmente ir
para a frente em sua função e posição. Se existe a necessidade de se mover em outra di-
reção, outros podem cuidar disso. Não há necessidade de alguém dar meia-volta.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Na vida da igreja, todos nós precisamos aprender não somente como andar para a
frente, mas também como andar para trás (isto é, retornar) e andar lateralmente. Embora
isso possa parecer muito ineficaz, todos nós precisamos aprender essa lição. Caso contrá-
rio, não podemos ser coordenados.
O problema é que alguns irmãos e irmãs ou querem fazer tudo ou não querem fazer
nada. Aqueles que querem fazer tudo querem ser capazes de se mover em toda direção.
Se lhes é pedido para se mover em determinada direção, eles também querem se mover
em outras direções. Isto significa que eles querem dar muitas voltas. Não importa que dire-
ção seja necessária no serviço da igreja, eles querem ser capazes de andar naquela
direção.
Na coordenação adequada, não há voltas. Ou você anda para a frente ou você
retorna andando para trás ou lateralmente. É particularmente difícil andar lateralmente, e
muitos irmãos e irmãs são incapazes de fazê-lo.
Precisamos da coordenação adequada nas igrejas locais. Em algumas igrejas,
alguns irmãos e irmãs são muito capazes e dão muitas voltas. Outros não são muito capa-
zes, portanto eles não fazem nada. Como resultado, não existe coordenação. Se deseja-
mos ter coordenação na vida da igreja, todos nós precisamos aprender a andar para a
frente, para trás e lateralmente.

COORDENAÇÃO NO MINISTÉRIO

Se, em uma igreja local, um irmão tem um ministério de pregar o evangelho e outro o
de edificar os santos, eles devem se coordenar. Caso contrário, eles podem causar um
problema. Se houvesse apenas um ministério ___ o ministério de pregar o evangelho de
edificação dos santos ___ haveria pouco ou nenhum problema. No entanto, se os irmãos
com ministérios diferentes não sabem como se coordenar, eles competirão e podem até
mesmo lutar um contra o outro. O irmão que tem o encargo do evangelho pode contender
pela expansão e aumento, e pode tentar convencer os outros a se unir a ele. O irmão que
tem o encargo pela edificação dos santos pode criticar o que tem o encargo pelo evan-
gelho, reivindicando que ele introduz novos crentes, mas não cuida deles. Então, ele pode
encorajar os outros a ajudá-lo a cuidar dos novos crentes. O resultado dessa falta de coor-
denação entre esses dois irmãos pode ser divisão, com alguns interessados apenas no
evangelho e outros somente no pastorear.
Visto que os irmãos têm ministérios diferentes, o que devem fazer? Devem aprender
a se coordenar. Isto significa que, quando o irmão que tem o encargo do evangelho está
funcionando, movendo-se para a frente, o irmão que tem o encargo do pastorear deve
aprender a andar para trás. Semelhantemente, quando o irmão que tem o encargo de
pastorear está funcionando e movendo-se para a frente, o irmão que tem o encargo de
pregar o evangelho deve andar para trás. Os outros santos devem seguir os dois, andando
lateralmente, algumas vezes na direção do ministério da pregação do evangelho e, outras
vezes, na direção do ministério de pastorear.

ANDAR PARA TRÁS E LATERALMENTE

Na vida da igreja, precisamos ser capazes de andar para a frente, para trás e lateral-
mente. Isso nos fará ser verdadeiramente coordenados.
Andar para trás é dizer: “Amém” para o ministério, função e encargo do outro. En-
quanto um irmão está andando para a frente segundo seu encargo, você deve dizer:
“Amém” e andar para trás em coordenação com ele. Andar lateralmente também é dizer:
“Amém” para a função do outro. O problema hoje é que, nas igrejas, há muitas voltas e

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

pouco andar para trás e lateralmente. É muito difícil ajudar os irmãos e irmãs a andar late-
ralmente. Poucos estão dispostos a andar dessa maneira.
Em uma igreja local, determinado irmão pode ser muito ativo em cuidar de um
serviço particular. Ele faz um bom trabalho nesse assunto, mas está constantemente
buscando irmãos capazes para se unir a ele nesse serviço. Ele se preocupa somente por
esse serviço e nem se preocupa pela pregação do evangelho ou pela edificação dos
santos. Visto que ele se preocupa somente por seu serviço particular, por fim, ele causará
um problema naquela igreja. Disso, podemos ver que nos é fácil causar divisão, mas nos é
difícil ter uma coordenação adequada e real.
Todos nós precisamos manter nossa posição e ir para a frente. Também precisamos
aprender a andar para trás e lateralmente, dizendo “Amém” à posição, função e ministério
do outro. Isto significa que, na vida da igreja, todos nós precisamos aprender a ter quatro
tipos de andar: o andar para a frente, o andar para trás, o andar lateral para o lado direito e
o andar lateral para o lado esquerdo. Se não aprendermos a ter esses quatro tipos de
andar, tornar-nos-emos um problema para nossa igreja local. Quanto mais crescemos,
aprendemos, funcionamos e ministramos, mais problemas causaremos, pois sabemos
somente como andar para a frente e como fazer voltas.
Precisamos perceber que não existem voltas na coordenação adequada. Não há
volta para a direita ou para a esquerda. Em vez disso, temos quatro tipos de andar: andar
para a frente, para trás, lateralmente para a direita e lateralmente para a esquerda.

SEGUIR O ESPÍRITO

Se você é alguém que está andando para a frente, você deve ser muito cuidadoso
para andar segundo a liderança do Espírito. Ezequiel 1:12 diz: “Para onde o espírito havia
de ir, iam”. Seguir o Espírito é a responsabilidade de alguém que anda para a frente; não é
a responsabilidade daqueles que andam para trás ou lateralmente. Se aquele que está
andando para a frente não for cuidadoso em seguir a liderança do Espírito, a coordenação
será danificada.
Por exemplo, é correto que um irmão tenha o ministério de pregar o evangelho e que
outro irmão tenha o ministério de pastorear. Contudo, deve haver a liderança do Espírito a
respeito do tempo para pregar o evangelho e do tempo para pastorear. Quando é tempo
para a igreja realizar o ministério de pregar o evangelho, o irmão com esse ministério deve
tomar a liderança sob a direção do Espírito, e toda a igreja deve seguir e ser uma com
esse irmão. Aqueles que têm um ministério ou função diferente devem se coordenar
andando para trás ou lateralmente.
Algumas vezes, determinado irmão deve tomar a liderança para se mover em certa
direção. No entanto, visto que ele é naturalmente humilde, ele hesita e não toma a lide-
rança de uma maneira intrépida. Isso faz a igreja ficar atrasada e não ter qualquer direção
para seu avanço. Outras vezes, aquele que não deve ser o líder toma a liderança. Isso
danifica a vida da igreja. Quando é tempo de você tomar a liderança, faça-o com intrepi-
dez. Quando é tempo para outros tomarem a liderança, aprenda a andar para trás ou late-
ralmente. Isso capacitará a igreja a avançar de uma boa maneira.

O RESULTADO DA COORDENAÇÃO

Nesse ponto, precisamos considerar o resultado, o efeito, da coordenação dos


quatro seres viventes: o carvão em brasa à semelhança de tochas. Todos nós precisamos
carregar a semelhança dos seres viventes, a semelhança de um homem, e a semelhança
de carvão em brasa à semelhança de tochas.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Tornar-se carvão em brasa

Ezequiel 1:13 diz: “O aspecto dos seres viventes era como carvão em brasa, à
semelhança de tochas; o fogo corria resplendente por entre os seres, e dele saíam
relâmpagos”. Aqui, vemos que o resultado da coordenação dos seres viventes é que eles
se tornam carvão em brasa. Existe um fogo entre eles e dentro deles. Visto que eles são
os coordenados, Deus vem como fogo, e cada um deles se torna um carvão em brasa.
Como podemos saber se existe ou não a coordenação adequada em uma igreja local
particular? Sabemos disso pela presença do carvão em brasa. Se não existe carvão em
brasa em uma determinada igreja, não existe coordenação ali. Onde existe coordenação,
haverá certamente carvão em brasa.
Na coordenação, queimamos uns aos outros. Você me queima e eu o queimo. En-
trementes, se estamos isolados dos santos e não participamos das reuniões, não seremos
carvão em brasa. Em vez disso, seremos carvões frios e escuros. O princípio espiritual é
que queimamos uns aos outros. Por experiência, podemos testificar que, quanto mais nos
coordenamos, mais queimamos uns aos outros. O resultado, o efeito, da coordenação é
que todos nós nos tornamos carvões em brasa.

Queimar as coisas negativas

A queima dos carvões faz pelo menos três coisas. Primeiro, queima tudo que é nega-
tivo. Se algo é posto sobre um amontoado de carvão em brasa, essa coisa será queimada.
Se existe uma coordenação adequada na igreja, haverá um queimar para tirar tais coisas
como: mundanismo, a carne, alvos individuais, objetivos individuais, orgulho, opiniões e
arrogância. Todos os tipos de coisas negativas serão queimadas pela coordenação. Tudo
que não corresponde a Deus e à natureza de Deus será queimado pelo fogo santificador e
purificador do carvão em brasa, e somente o que é de Deus permanecerá. Essa é a condi-
ção adequada da vida da igreja.

Fazer-nos ardentes

Segundo, o queimar da coordenação nos fará ardentes, intensamente quentes. Em


vez da frieza e mornidão, cada um será queimado e ficará queimando. Quando outras
pessoas vêm para a igreja, elas perceberão que não podem ficar a menos que estejam
dispostas a ser queimadas. A coordenação produz um queimar verdadeiro, um fervor
genuíno. Esse queimar não permitirá que você seja como a igreja de Laodiceia, que era
morna, não tendo fervor nem ardor.

Produzir poder

Terceiro, o queimar na coordenação produz o poder e o impacto da igreja. O impacto


numa igreja local resulta do queimar. Esse poder é interno e misterioso, porquanto ele vem
do queimar. Se você quer ter impacto, deve ser coordenado, e, nessa coordenação, você
se tornará ardente. Então, desse queimar, resultarão o impacto e o poder. As coisas
negativas serão consumidas, você será incendiado e terá poder e impacto.

Tornar-se à semelhança de tochas

Os quatro seres viventes parecem não somente carvão em brasa, mas também
tochas. Enquanto os carvões são para queimar, as tochas são para iluminar. Da coorde-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

nação adequada em uma igreja local, não haverá somente o queimar, mas também o ilu-
minar e o resplandecer. Se uma igreja é normal em sua condição, ela será cheia de carvão
em brasa e tochas iluminantes.

O fogo santificador
torna-se a luz santificadora

Sempre que os carvões estiverem queimando, as tochas estarão brilhando. Isto


significa que o fogo santificador torna-se a luz santificadora. Quanto mais o fogo queima,
mais a luz ilumina. Se o fogo nos queimar inteiramente, seremos inteiramente iluminados.
Entretanto, se não permitirmos que o fogo santificador nos queime em determinado assun-
to, não seremos iluminados a respeito desse assunto. As áreas nas quais temos sido quei-
mados pelo fogo santificador tornam-se espontaneamente as áreas nas quais somos ilu-
minados e a respeito das quais podemos iluminar outros. Se um aspecto particular do seu
caráter foi queimado pelo fogo santificador, nesse assunto, você será iluminado e, por
conseguinte, será capaz de iluminar outros nesse assunto.
Quanto mais intensamente o fogo queimar na igreja, mais brilhante será o resplande-
cer naquela igreja. Toda coisa negativa será exposta e queimada. Na vida adequada da
igreja não deve haver nada de treva entre os irmãos e irmãs. Todo canto deve ser intei-
ramente iluminado.
No entanto, pode ser que, quando você visite uma igreja local, você tenha o
sentimento que aquela igreja está em trevas. Nada é claro, e nada está na luz; antes, tudo
é escuro, e toda parte está sob trevas. Existem trevas porque a igreja está dividida e não
tem a coordenação adequada. Se a igreja tiver a coordenação adequada, tudo estará sob
a luz.

Ter um fogo subindo e descendo

Entre os seres vivente coordenados, que são carvões queimantes e tochas quei-
mantes, existe o fogo subindo e descendo. Isso indica que o fogo não é estático, mas está
sempre se movendo, pois o fogo é o próprio Deus. Sempre que a igreja está coordenada
adequadamente, queimando como carvões e iluminando como tochas, haverá o fogo divi-
no subindo e descendo.
O fogo entre os seres viventes tem sua fonte no fogo queimante de Deus. O fogo de
Deus não está próximo aos seres viventes; está acima deles. Há um fogo com os seres vi-
ventes, porquanto, em seu relacionamento, eles permitem que Deus se mova livremente
entre eles. Portanto, o fogo em sua comunhão é a semelhança do fogo de Deus.
Por um lado, Ezequiel 1 mostra-nos que Deus é um fogo queimante. Por outro, esse
capítulo nos mostra que existe um fogo queimante entre os quatro seres viventes. A seme-
lhança de Deus é um fogo queimante, e a semelhança dos quatro seres viventes também
é um fogo queimante. Isso indica que os seres viventes têm a semelhança da santificação
de Deus. Eles são como Deus em santificação. Disso, vemos que, quanto mais somos
queimados e iluminados, mais temos a semelhança de Deus e O expressamos. Se somos
ardentes e brilhantes, seremos cheios de Deus e O expressaremos.

O brilho do fogo
e o iluminar no fogo

Ezequiel 1:13b diz: “O fogo corria resplendente por entre os seres, e dele saíam
relâmpagos”. O fato que o fogo era brilhante indica que os seres viventes manifestavam

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

uma condição gloriosa e majestosa. Essa deve ser a condição na vida da igreja hoje. Se
essa é a situação na igreja, não haverá discórdia. Pelo contrário, os mais jovens obede-
cerão aos mais velhos, e os mais velhos servirão os mais jovens. Essa situação é bela e
radiante.
Se queremos que essa seja a condição da igreja, devemos ser inteiramente queima-
dos e iluminados. Quanto mais somos queimados e iluminados, mais as outras pessoas
verão o brilho da glória, beleza e majestade de Deus.
No fogo, não existe somente brilho, mas também relâmpagos. Enquanto o brilho é
comum, o relâmpago é especial, visto que ele está frequentemente relacionado a tempes-
tades e trevas. Geralmente, a igreja deve ser cheia do iluminar de Deus com seu brilho. No
entanto, em épocas especiais (em uma emergência ou em uma crise), pode haver o re-
lâmpago. Isso significa que, em épocas especiais, pode haver uma luz especial que brilha
subitamente e leva os outros a ficarem maravilhados.

Não andar, mas correr

O versículo 14 diz: “Os seres viventes ziguezagueavam à semelhança de relâmpa-


gos”. Isso mostra que os seres viventes, tendo essa coordenação, sendo os carvões quei-
mantes e as tochas queimantes, e tendo o fogo subindo e descendo, não andarão, porém
correrão. Eles correm, pois têm o poder e o impacto.
Em algumas igrejas, no entanto, não existe o correr. Em vez disso, existe o brigar.
Em outras igrejas, os santos ou estão sentados ou agachados. Em outras igrejas ainda,
eles podem estar rastejando. Uma igreja adequada é uma igreja que corre.
A igreja corre porque, naquela igreja, há a coordenação adequada. A igreja corre
como o iluminar, e, quando a igreja corre, ele dá luz aos outros. Isso é a coordenação, e
esse é o mover adequado de uma igreja local. Toda igreja local deve ser assim. Visto que
a coordenação é para o mover, e o mover está na coordenação, com essa coordenação,
existe o mover de uma igreja local.
Esses versículos em Ezequiel 1 nos mostram como ter a coordenação adequada.
Vimos que, se desejamos ter esse tipo de coordenação, precisamos ter quatro tipos de
andar: o andar para a frente, o andar para trás e o andar lateral para a direita e para a es-
querda. Isso nos dará uma boa coordenação. Como resultado dessa coordenação, tornar-
nos-emos carvões queimantes e tochas resplandecentes e iluminantes, e teremos Deus
como o fogo divino entre nós subindo e descendo. Isso se tornará nosso poder e nosso
impacto. Outros verão a luz em nosso correr. Sempre que formos e tudo que fizermos,
manifestaremos o iluminar. Conosco, haverá o relâmpago, levando os outros a serem ilu-
minados. Esse mover é a vida adequada da igreja. Essa coordenação produzirá a presen-
ça e a bênção do Senhor, e manteremos a igreja no equilíbrio adequado, impedindo que
ela vá a extremos.
Devemos aplicar esse assunto da coordenação não somente a uma igreja local par-
ticular, mas também entre as igrejas. Isto significa que devemos ser imitadores das igrejas
(1Ts 2:14). Somos um Corpo no único mover do Senhor. Quando uma igreja toma a lide-
rança em uma direção definida, sob a liderança do Espírito Santo, todos nós devemos
andar para trás e lateralmente para seguirmos.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM OITO

A COORDENAÇÃO
DOS QUATRO SERES VIVENTES

(2)

Leitura bíblica: Ez 1:11–14; Rm 12:4-5

A respeito da visão no capítulo um de Ezequiel, prestamos uma atenção detalhada


ao vento, à nuvem, ao fogo e ao electro, aos quatro rostos dos seres viventes: os rostos de
homem, de leão, de boi e de águia, e às asas de águia, às mãos de homem e aos cascos
do bezerro. Na mensagem anterior, começamos a considerar a coordenação dos quatro
seres viventes, e, nesta mensagem, consideraremos mais desse assunto.

A EXPRESSÃO, O MOVER E A ADMINISTRAÇÃO DE DEUS


PARA O CUMPRIMENTO DO SEU PROPÓSITO

É crucial que entendamos que Ezequiel 1 nos mostra o desejo do coração de Deus e
desvela-nos o propósito que Ele deseja cumprir. À medida que lemos esse capítulo, po-
demos pensar que ele fala meramente acerca dos quatro seres viventes. No entanto, se o
lermos cuidadosamente, veremos que ele fala do desejo de Deus de ser expressado em
Seu Filho. Os quatro rostos dos seres viventes significam a expressão completa e
adequada de Cristo. Ademais, os quatro seres viventes com seus quatro rostos significam
uma entidade coordenada e coletiva, o Cristo coletivo (1Co 12:12). Esse Cristo coletivo é a
expressão coletiva de Deus entre os seres humanos.
Os quatro seres viventes existem por pelo menos três razões. Primeiramente, esses
seres viventes são para a expressão de Deus. Deus no Filho quer expressar a Si mesmo
entre os homens. Segundo, os seres viventes são para o mover de Deus. Enquanto eles
se coordenam, eles estão cheios do queimar, do brilhar e do iluminar, e a grande e elevada
roda, que é para o mover de Deus, os segue. Essa entidade única composta dos quatro
seres viventes é tanto para a expressão quanto para o mover de Deus. Sua expressão de
Deus é para o mover de Deus. Terceiro, os seres viventes são para a administração de
Deus. Sobre suas cabeças havia a semelhança da expansão ou firmamento (Ez 1:22), e
“por cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça, havia algo semelhante a um
trono” (Ez 1:26). O trono é para o governo de Deus, Sua administração. Quando Deus tem
Sua expressão, mover e administração, Ele pode manifestar a Si mesmo em Sua glória e
completar Seu propósito e plano eternos.
Hoje, muitos cristãos pensam que a razão para crer no Senhor Jesus é para que eles
tenham paz e bem-estar no presente e que, no futuro, possam ir para o céu a fim de des-
frutar a felicidade eterna. Esse pensamento fica muito longe da revelação divina. Em
Ezequiel 1, Deus revela que Ele precisa de um grupo de seres viventes que possam se
coordenar como uma entidade para Sua expressão, mover e administração. Quando Deus
ganhar essa expressão coletiva, Seu propósito será cumprido.
Na vida da igreja, o plano de Deus é realizado em uma pequena escala. Nós que
recebemos graça e experimentamos o vento, a nuvem, o fogo e o electro somos um grupo
de seres viventes com quatro rostos para expressar Cristo. Temos a graça de Deus e o
poder como as asas tanto para mover quanto para cobrir. Também temos os cascos de

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

bezerro e, por meio deles, temos um andar que é cheio de discernimento, iluminação e
frescor. Agora, podemos ser coordenados para a expressão, o mover e a administração de
Deus. Se essa é nossa situação na vida da igreja, então, quando os outros nos contata-
rem, dirão: “Deus está entre vocês”. Precisa haver tal expressão de Cristo na vida da igreja
hoje.
Considerando a coordenação dos seres viventes, há cinco pontos que precisamos
considerar: a base da coordenação, a necessidade da coordenação, os pré-requisitos da
coordenação, a condição prática da coordenação e o resultado da coordenação.

A BASE DA COORDENAÇÃO

A base da coordenação dos seres viventes tem vários aspectos.

Tudo é de Cristo

A base de nossa coordenação como seres viventes é, primeiramente, que todos nós
somos de Cristo. Você é de Cristo e eu sou de Cristo; portanto, podemos nos coordenar.
Por Seu sangue, o Senhor nos comprou para Deus “de toda tribo, língua, povo e na-
ção” (Ap 5:9). Não importa de que raça ou nação possamos ser, todos nós somos de Cris-
to e podemos nos coordenar como uma entidade em Cristo. Se não fôssemos de Cristo e
se não estivéssemos em Cristo, não poderíamos nos coordenar. Contudo, embora em
Adão tenhamos muitas diferenças, em Cristo, podemos ser mesclados e podemos nos
coordenar.

Ter a mesma vida

Não somos apenas de Cristo ___ temos também a mesma vida, a vida de Cristo.
Exteriormente, somos muito diferentes, mas, interiormente, todos nós temos Cristo como
nossa vida (Cl 3:4). Portanto, temos a mesma vida.
Em 1933, visitei alguns irmãos e irmãs japoneses no Senhor. Eu não conseguia
entender japonês e eles não conseguiam entender chinês. Não obstante, quando nos
ajoelhamos para orar juntos, tivemos o sentimento de frescor e doçura em nossos espíri-
tos. Isso indica que nós, os seres viventes, somos todos de Cristo e que todos temos a
mesma vida, a vida de Cristo. Se rejeitarmos tudo que não é Cristo, seremos uma entidade
em Cristo e poderemos nos coordenar.

Ter o mesmo coração para expressar Cristo

Outro aspecto da base da coordenação é ter o mesmo desejo de coração de ex-


pressar Cristo. No interior de muitos crentes, incluindo aqueles que se afastaram Dele,
está o desejo de expressar Cristo e glorificá-Lo. Glorificar o Senhor, expressá-Lo, é vivê-
Lo. Como um genuíno ser vivente, todo cristão que tem experienciado o vento, a nuvem, o
fogo e o electro tem esse desejo de expressar Cristo.
A base de nossa coordenação é que somos de Cristo, temos a vida de Cristo e
desejamos glorificar e expressar Cristo. Ora, por causa disso, podemos nos coordenar.
Um provérbio diz: “Cada qual com seu igual”. Visto que somos todos de Cristo e
temos a mesma vida e o mesmo desejo de expressar Cristo, somos “iguais” e “nos
arrebanhamos” para nos tornarmos uma entidade em Cristo. Essa é a base de nossa
coordenação.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

A NECESSIDADE DE COORDENAÇÃO

Espero que todo crente entenda que não podemos ser cristãos em isolamento. Basi-
camente, como crentes em Cristo, somos uma entidade coletiva, e não podemos fazer na-
da sozinhos. A visão em Ezequiel 1 nos mostra que precisamos ser coletivos e estar em
coordenação.

Necessária para a Expressão de Deus

A coordenação é necessária para a expressão de Deus. Temos mostrado que os


quatro seres viventes são para a expressão de Deus em Cristo. A fim de que Deus tenha
uma expressão coletiva de Si mesmo em Cristo, precisamos estar juntos e entrelaçados
com todos os santos e, por meio disso, nos tornarmos uma entidade. Se ficamos isolados,
não podemos expressar Cristo adequadamente.
Cada um dos seres viventes tem quatro rostos. No entanto, se fôssemos olhar os
seres viventes um por um, não poderíamos ver todos os quatro rostos ao mesmo tempo.
Somente quando os seres viventes estão coordenados, podemos ver todos os quatros
rostos simultaneamente. Isso indica que, como crentes individuais, não podemos ex-
pressar Cristo completa e adequadamente. Para a expressão coletiva de Cristo, precisa-
mos estar unidos, entrelaçados e coordenados.

Necessária para o mover de Deus

A coordenação também é necessária para o mover de Deus. A difusão do evangelho


de Deus, o avanço do mover de Deus na terra, a execução da vontade de Deus, o progres-
so da igreja de Deus ___ tudo isso exige coordenação. É-nos impossível realizar essas coi-
sas como cristãos individuais. Mediante nossa experiência de servir o Senhor, temos
aprendido que a coordenação é necessária para todo aspecto do mover de Deus. A grande
roda de Deus se move segundo a coordenação dos seres viventes.

Necessária para a administração de Deus

Ademais, a coordenação é necessária para a administração de Deus. Em Ezequiel 1,


o trono da administração de Deus é sustentado não por qualquer ser vivente individual-
mente, mas pela coordenação dos quatro seres viventes. Portanto, a coordenação é ne-
cessária para a expressão de Deus, o mover de Deus, e a administração de Deus.

OS PRÉ-REQUISISTOS DA COORDENAÇÃO

Agora, precisamos ver os pré-requisitos da coordenação.

Experienciar o vento, a nuvem,


o fogo e o electro

Os pré-requisitos da coordenação incluem os assuntos do vento, da nuvem, do fogo


e do electro. A fim de nos coordenarmos com outros cristãos, precisamos passar pela ex-
periência do vento, da nuvem, do fogo e do electro para nos tornarmos seres viventes
portando a imagem humana e, na graça do Senhor, manifestando Cristo nos quatros as-
pectos de homem, leão, boi e águia. Tendo as asas de águia, devemos negar o ego e

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

confiar na graça e poder de Deus. Precisamos também das mãos de homem e dos cascos
de bezerro. Esses são os pré-requisitos da coordenação.
Suponha que determinada pessoa não tenha passado pela experiência do vento, da
nuvem, do fogo e do electro, contudo seja um cristão nominal. Essa pessoa não pode par-
ticipar da coordenação dos quatro seres viventes.

Permitir que Senhor continue Sua obra em nós


e experienciar o lidar da cruz

Suponha outra pessoa, um crente genuíno em Cristo, que tem experienciado o ven-
to, a nuvem, o fogo e o electro e, portanto, tem se tornado um ser vivente. No entanto, ele
não está disposto a permitir que o Senhor continue Sua obra nele. Como resultado, ele não
manifesta a expressão de homem, de leão, de boi e de águia, e, por conseguinte, não po-
de coordenar-se com os outros para a expressão, o mover e a administração de Deus.
Visto que ele permanece em si mesmo e expressa a si mesmo em cada palavra e ação, é
impossível para ele coordenar-se com os outros.
Não devemos pensar que nos é fácil expressar, viver, os rostos de homem, de leão,
de boi e de águia. Isso exige muita experiência do lidar da cruz. Hoje, embora muitos ir-
mãos e irmãs tenham passado pela experiência do vento, da nuvem, do fogo e do electro,
eles não estão dispostos a permitir que a cruz opere neles. Portanto, não têm a expressão
dos quatro seres viventes.
Em vez de ter a expressão de águia em seu viver diário, alguns crentes podem ter a
expressão de algo que rasteja. Efésios 4:26 diz: “Irai-vos, mas não pequeis; não se ponha
o sol sobre a vossa ira”. Ficar irado não é pecado, contudo, com ela, existe a possibilidade
de cometer pecado. Não devemos continuar irados, mas devemos abandoná-la antes que
o sol se ponha. No entanto, quando alguns irmãos e irmãs ficam irados, eles não a
abandonam. Visto que eles não vencem sua ira e não a abandonam, têm a expressão de
algo que rasteja, não de águia.
A situação é a mesma com crentes que estão indispostos a perdoar aqueles que os
têm ofendido. Uma vez que alguns irmãos e irmãs são ofendidos por aquilo que lhes é
falado ou que é falado a seu respeito, eles se recusarão a perdoar essa ofensa. Eles
podem passar toda a sua vida sem perdoar aqueles que os ofenderam. Crentes que care-
cem da disposição de perdoar ofensas não têm, com certeza, as asas de águia, e certa-
mente não podem se coordenar com outros santos. Aqueles que não aceitam o tratamento
da cruz e não desfrutam a graça não podem compartilhar da coordenação dos quatro se-
res viventes.
Há alguns irmãos e irmãs que são relutantes em separar e esquecer coisas como
sua educação, dinheiro e carreira. Portanto, eles têm a expressão não de águia, mas de
algo que rasteja. Entretanto, aquele que desfruta a graça considerará sua carreira ou edu-
cação como perda (Fp 3:7). Mesmo se ele tem um título de doutor, ele o contará como re-
fugo (Fp 3:8). Visto que ele está disposto a receber o tratamento da cruz e, uma vez que
desfruta a graça, ele tem as asas de águia e pode se coordenar com outros.
Os irmãos e irmãs que não entendem a graça e o poder de Deus, contudo fazem
tudo em si mesmos e com sua esperteza e capacidade naturais não podem se coordenar
com outros. Aqueles que podem se coordenar são os que negam a si mesmos, rejeitam a
si mesmos, consideram a si mesmos como nada, e confiam na graça, poder e obra de
Deus em tudo e para tudo. Esses podem facilmente se coordenar com outros. Na
realidade, não existe necessidade de se esforçarem para se coordenar; eles se coordenam
espontaneamente e sem esforço, visto que estão em Deus, não em si mesmos. Aqueles
que estão em si mesmos não podem se coordenar, mas aqueles que estão em Deus
podem se coordenar com facilidade.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Ser um homem adequado

A fim de participar da coordenação dos seres viventes, devemos ter as mãos de


homem. Isto significa que precisamos ser um homem adequado. Se carecemos da huma-
nidade adequada, haverá problemas em nossa coordenação.
Esta foi a situação com determinado irmão que insistia em visitar uma família parti-
cular em um tempo que era inconveniente para eles. O irmão estava determinado a visitar
essa família à hora da refeição, ainda que os santos naquela família sentiam que a hora da
refeição não era um tempo adequado para ele visitá-los. Esse irmão podia ter as asas de
águia, contudo não tinha as mãos de homem. Poucos dias depois de sua visita, recebemos
um relato de um membro da família acerca do que aconteceu. O irmão visitou a família na
hora do almoço, esperando que eles lhe servissem uma refeição. No entanto, a esposa es-
tava enferma e não pôde preparar nada para ele comer. Não obstante, o irmão se sentou
dentro da casa, esperando que o almoço fosse servido, ainda que o marido estava ocupa-
do cuidando de sua esposa e não podia providenciar coisa alguma para o visitante comer.
Esse irmão não tinha as mãos de homem; ele não tinha a humanidade adequada. Esse
tipo de pessoa não pode se coordenar com outros santos.
Na visão de Ezequiel 1, vemos não somente as asas de águia, mas também as
mãos de homem. A revelação divina nos mostra que precisamos ser equilibrados. Não im-
porta quão espirituais sejamos, ainda precisamos ser um humano adequado. Por exemplo,
um irmão jovem pode ser muito espiritual, mas quando está com uma pessoa mais velha,
ele deve ter o respeito humano adequado. Se não temos as mãos de homem e um
equilíbrio de espiritualidade e humanidade adequadas, não podemos nos coordenar com
outros.

Ter os cascos de novilho

Outro pré-requisito da coordenação é ter os cascos de novilho. Se um irmão não tem


os cascos de novilho, seu andar será torto, e isto lhe tornará impossível coordenar-se com
outros.
Precisamos ter clareza a respeito dos pré-requisitos da coordenação. O vento, a
nuvem, o fogo e o electro, os rostos de homem, de leão, de boi e de águia, as asas de
águia e as mãos de homem ___ todos esses são pré-requisitos para entrar na coordenação
dos quatro seres viventes.

A CONDIÇÃO PRÁTICA DA COORDENAÇÃO

Continuemos agora a considerar a condição prática da coordenação.

Viver e agir pela graça de Deus


e pelo poder de Deus

Ezequiel 1:11b diz: “Suas asas se abriam em cima; cada ser tinha duas asas, unidas
cada uma à do outro; outras duas cobriam o corpo deles”. Isso indica que os quatro seres
viventes estavam arranjados não em linha, mas formando um quadrado. Temos mostrado
que, na Bíblia, as asas de águia significam a graça e o poder de Deus. Se os quatro seres
viventes não fossem unidos pelas asas para formar um quadrado, eles não poderiam ser
coordenados. Isso indica que a coordenação dos seres viventes é no Senhor e pela graça
de Deus.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Se, como crentes em Cristo, não estamos no Senhor e na graça de Deus, não pode-
mos ser unidos a outros. Contudo, se permanecemos em Deus, confiamos em Deus e O
expressamos, podemos nos coordenar em Deus. Nossa coordenação, por conseguinte,
não é baseada em nossa capacidade e talento, mas em nós habitarmos em Deus e depen-
dermos Dele. Se todos nós permanecermos em Deus, confiarmos em Deus e O expres-
sarmos, Ele se tornará o poder e o meio de nossa coordenação. Então, nós nos
coordenaremos e nos moveremos na unidade, porquanto estamos em Deus.
Da mesma forma que as tábuas do tabernáculo no Antigo Testamento eram unidas
pelo ouro para serem uma entidade, assim, os seres viventes estão unidos pelas asas para
serem uma unidade. Se o ouro que cobria fosse removido das tábuas do tabernáculo, este
entraria em colapso. Se os seres viventes não tivessem asas, não poderiam ser unidos. O
significado em ambos os casos é o mesmo: Somos unidos, porquanto estamos em Deus.
O ponto crucial aqui é que a unidade e coordenação dos quatros seres viventes dependem
das asas de águia, isto é, da graça e do poder de Deus. A graça e o poder de Deus tornam
os seres viventes uma entidade e são o meio pelo qual eles se coordenam.
Esse quadro de coordenação corresponde ao ensino do Novo Testamento. Romanos
12:5 diz: “Assim nós, que somos muitos, somos um só Corpo em Cristo, e individualmente
membros uns dos outros”. Primeira aos Coríntios 12:13 diz: “Pois também em um só Espí-
rito todos nós fomos batizados em um só Corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos,
quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito”. Esses versículos revelam que
somos unidos e coordenados como um só Corpo por causa de Cristo e do Espírito. Se
Cristo e o Espírito fossem tirados de nós, não poderíamos ser um, e a coordenação seria
impossível. A coordenação na igreja exige que todos nós neguemos o ego e vivamos no
Senhor. Sem as asas de águia estamos separados, mas com elas somos coordenados.

Andar segundo o Espírito

O segundo aspecto da condição prática da coordenação é andar segundo o Espírito


(Ez 1:20). Os seres viventes seguem o Espírito. Aonde quer que o Espírito vá, os seres
viventes vão também. Isso indica que se nós, como seres viventes em Cristo, desejamos
ser coordenados, devemos andar pelo Espírito (Gl 5:16, 25). Não devemos seguir a nós
mesmos. Se negarmos a nós mesmos e andarmos segundo o espírito (Rm 8:4), teremos
genuína coordenação. No entanto, se andamos de uma maneira arbitrária segundo a
vontade do ego e se vivemos na carne, não podemos nos coordenar.

Mover-se retamente
e suprir outros

Outro aspecto da condição prática da coordenação é mover-se retamente e suprir


outros. Quando os seres viventes se movem, eles andam retamente; não dão voltas. Se
um ser vivente toma a dianteira para se mover retamente para o leste, os outros seres
viventes também se movem nessa direção. Isso indica que todos funcionam adequada-
mente em coordenação. Na vida da igreja hoje, cada membro tem sua própria função (1Co
12:14–30) e se move retamente para cumprir sua função, sem se voltar para fazer algo
mais.
Quando um dos quatro seres viventes avança em determinada direção, os outros o
suprem ao mover-se na mesma direção, andando para trás, lateralmente para a direita ou
lateralmente para a esquerda. Somente um ser vivente de cada vez pode avançar. Entre-
mentes, ao se mover com ele, os outros não se voltam; antes, andam de costas ou para os
lados. Independentemente da direção na qual os seres viventes se movem, um avança,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

um anda para trás, e os outros se movem lateralmente. Portanto, aqueles que andam para
trás e lateralmente suprem aquele que avança.
Essa deve ser a situação na vida da igreja hoje. Muitas vezes, precisamos andar
para trás ou lateralmente a fim de suprir aquele que está avançando. Nas reuniões ou no
serviço prático, enquanto alguém está exercendo sua função, avançando, precisamos su-
pri-lo ao andar seja para trás seja lateralmente. Isso é coordenação.
No entanto, se cada um segue seu próprio caminho e não supre outros, não
podemos ser uma entidade coletiva e não podemos nos coordenar. O mover dos seres
viventes não é individual, é coletivo. Os seres viventes se movem ao se coordenarem. Se
desejamos participar dessa coordenação, precisamos negar a nós mesmos, experienciar a
graça de Deus e seguir o Espírito de uma maneira coletiva.
Creio que, na Bíblia, o quadro mais claro da coordenação é encontrado no capítulo
um de Ezequiel. O aspecto central da visão dos quatro seres viventes é sua coordenação.
Aqui, não vemos o mover de um ser vivente individualmente, mas o mover coletivo dos
quatro seres viventes. Isso retrata o mover não dos crentes de uma maneira individual,
mas da igreja de uma maneira coletiva. Nós, os viventes que estão na graça e no poder de
Deus, tornamo-nos uma entidade. Cada um tem seu ministério e realiza sua própria fun-
ção. Isto significa que cada um avança em sua própria direção sem fazer voltas. Embora
as direções possam diferir, o mover é o mesmo. Quando alguém avança para o norte,
todos os outros o seguem para se mover nessa direção. Se alguém diferente se move para
o sul, todos os outros se movem com ele para o sul. Sempre que alguém está avançando,
todos os outros o suprem ao se mover seja para trás seja lateralmente. Se estudarmos o
quadro claro da coordenação dos seres viventes em Ezequiel 1, entenderemos o que é
coordenação.

O RESULTADO DA COORDENAÇÃO

Finalmente, precisamos ver os vários aspectos do resultado da coordenação.

A expressão coletiva de Cristo

Primeiramente, a coordenação resulta na expressão coletiva de Cristo.

Tornar-se ardentes e cheios de luz

Segundo, a coordenação resulta naqueles que se coordenam tornando-se ardentes e


cheios de luz. Visto que eles são ardentes e radiantes, podem iluminar outros.

O mover da grande roda

Outro resultado da coordenação é o mover de Deus, prefigurado pela grande roda


(Ez 1:16–19). Quando os seres viventes se coordenam, a grande roda aparece. Isso indica
que o mover de Deus segue a coordenação dos quatro seres viventes. Se não existe coor-
denação, não pode haver o mover da grande roda.

A administração de Deus

A coordenação dos quatro seres viventes também resulta na administração de Deus.


O trono da administração divina repousa sobre a coordenação dos seres viventes. Sem tal

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

coordenação, Deus não tem um meio de governar e não tem o meio para expressar Sua
autoridade e Sua glória.

A realização da vontade de Deus

Um resultado adicional da coordenação é a realização da vontade de Deus e Seu


plano. Por causa da coordenação dos quatro seres viventes, existe um caminho para a
vontade de Deus e Seu plano serem realizados.
Precisamos ser impressionados com a importância crucial da coordenação. Antes de
podermos ser coordenados, precisamos experienciar o vento, a nuvem, o fogo e o electro,
e, por meio disso, tornarmo-nos os seres viventes. Em seguida, precisamos ter a imagem
de homem e os rostos de homem, de leão, de boi e de águia. Ademais, precisamos ter as
asas de águia, as mãos de homem e os cascos de bezerro. Se tivermos todas essas
coisas, então, poderemos nos coordenar. Essa coordenação resultará na expressão
coletiva de Cristo, em nos tornarmos ardentes, radiantes e cheios de luz, no mover de
Deus, no governar de Deus e na realização do plano eterno de Deus.
Precisamos ver que a coordenação é a chave para se entender a visão de Ezequiel
1. Por um lado, muitas coisas são para a coordenação; por outro, muitas coisas são ba-
seadas na coordenação. Coordenação é a chave. Que todos nós vejamos isto e que o
Senhor nos leve para dentro da coordenação com muitos outros seres viventes por causa
da expressão coletiva de Cristo, do mover de Deus e da administração de Deus.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM NOVE

AS RODAS ALTAS E TEMEROSAS

Leitura bíblica: Ez 1:15–21

Os itens em Ezequiel 1 são apresentados num boa sequência. Primeiramente, temos


o vento e este é seguido pela nuvem, pelo fogo e pelo electro. Em seguida, os seres viven-
tes aparecem com quatro rostos para expressar Cristo de uma maneira coletiva. Depois,
temos as asas de águia, as mãos de homem e os cascos de novilho. Tudo isso é para a
coordenação. Os seres viventes se movem de uma maneira coordenada. Esse capítulo
continua falando do fogo subindo e descendo e dos carvões em brasa, à semelhança de
tochas. Depois de tudo isso, os versículos 15 a 21 descrevem as rodas altas e temerosas.
Ao lado de cada ser vivente, existe uma roda. Essa roda é tão alta que mete medo; é uma
roda temerosa. Nesta mensagem, consideraremos o significado das rodas altas e temero-
sas.
Uma roda é para movimento, não de uma maneira comum, mas de uma maneira
especial. Em casa, quando andamos da cozinha para nosso quarto ou para a sala de
estar, não precisamos de uma roda. Porém, quando viajamos para determinada distância,
precisamos de uma roda. Quando fazemos algo para cumprir um propósito, podemos
também necessitar de uma roda. Portanto, o mover por meio de uma roda não é um mover
comum, mas um mover especial com um propósito. A roda em Ezequiel 1 implica um
mover com um propósito. Além do mais, a roda implica que esse mover não é por nossa
própria força.

PARA A EXPRESSÃO COLETIVA DO SENHOR

Os quatro seres viventes são para a manifestação, a expressão, do Senhor. Eles são
para a expressão coletiva de Cristo e, portanto, eles expressam Cristo de uma maneira co-
letiva. O Senhor no trono parece um homem, e os quatro seres viventes expressando o
Senhor também parecem um homem. O Senhor no trono parece um fogo ardente, e os
quatro seres viventes também parecem um fogo ardente. Disso, vemos que os seres
viventes são a expressão do Senhor. Tudo que o Senhor é, eles expressam. O Senhor é
vivo, e eles também são vivos. O Senhor é o Deus vivente, e eles são os seres viventes.
Tudo que o Senhor é, eles são. Tudo que o Senhor expressa, eles também expressam.
Portanto, os quatro seres viventes são a expressão do Senhor.

PARA O MOVER DO SENHOR

Nos versículos 15 a 21, os quatro seres viventes não são apenas para a expressão
do Senhor, mas também para o mover do Senhor. O Senhor se move sobre a terra por
meio deles.
Sempre que a igreja é adequada, expressa o Senhor e tem a coordenação adequada
com o fogo subindo e descendo, o mover do Senhor estará com essa igreja. No entanto,
se uma igreja reivindica ser adequada e, contudo, não tem o mover do Senhor, algo está
errado. Se não há crescimento em número ano após ano, nem crescimento em vida entre
os membros, não existe mover com essa igreja. Não existe crescimento nem propagação

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

com aqueles que estão nessa igreja. Isso indica que existe algo errado com ela. Se uma
igreja é adequada, ela terá uma grande roda ao seu lado.

Manifesto a todos

Se uma igreja local tem tal roda a seu lado, não haverá necessidade de ela reivin-
dicar que tem uma roda. Todos verão o mover dessa roda. Se uma igreja reivindica ter o
mover do Senhor, isso pode indicar que ela, na realidade, não tem o mover do Senhor.
Quando uma igreja tem o mover do Senhor, ninguém precisa declarar: “Olhe o mover do
Senhor entre nós”. Se existe um mover, ele será manifesto a todos. Todos podem ver a
grande roda, alta e temerosa, pois está ao lado dos seres viventes para que todos vejam.
A roda simplesmente está ali.
Toda igreja local precisa ter essa roda alta e temerosa a seu lado. Além do mais,
cada crente individualmente, se ele é adequado e normal, também deve ter uma roda.
Era essa a situação em Atos 13. “Ora, havia em Antioquia, na igreja local, profetas e
mestres (...) E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me
agora Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (vv. 1-2). Esses profetas e
mestres eram seres viventes coordenando-se e tendo carvões em brasa, à semelhança de
tochas. Eles cumpriam todas as exigências em Ezequiel 1 relacionadas a estar no mover
do Senhor. Portanto, o mover da grande roda estava com eles.

Um mover extraordinário

Os seres viventes têm mais que uma maneira de se mover. Primeiro, eles podem se
mover voando, porquanto têm asas de águia. Eles também podem se mover andando so-
bre os cascos de bezerro. Essas duas maneiras de se mover são um mover comum. Toda-
via, quando eles precisam se mover de uma maneira especial, eles se movem por meio de
uma roda.
Em seu trabalho, você precisa se mover diariamente por meio de asas de águia e
dos cascos de bezerro. Se você se move dessa maneira, seus colegas de trabalho verão
que existe algo poderoso com você. Você pode sofrer coisas que outros não podem sofrer
e suportar coisas que outros não podem suportar, pois você tem asas de águia. Eles
podem perceber também que, em seu caráter e comportamento, você é honesto, reto,
franco e sincero, não tendo tortuosidade. Eles verão as asas de águia e os cascos de
bezerro em você, e, portanto, serão convencidos por você em suas consciências.
Em acréscimo a esse tipo de mover com você em seu trabalho, deve haver também
outra espécie de mover: um mover extraordinário, o mover de uma roda. Por fim, visto que
o mover da roda está com você, alguns de seus colegas de trabalho podem ser ganhos
pelo Senhor.
Se você deve trabalhar em um local por vários anos e nada acontece pelos
interesses do Senhor, isso indica que não existe qualquer mover do Senhor com você.
Você pode considerar-se espiritual e celestial, mas está carente da roda. Se não existe
qualquer mover do Senhor com você, é questionável se você tem as asas de águia, as
mãos de homem e os cascos de bezerro. Isso pode indicar que, enquanto você está no
trabalho, você é, de alguma forma, mundano e não é um ser humano adequado; portanto,
o mover do Senhor não está com você. Porém, se você tem as asas de águia, as mãos de
homem, e os cascos de bezerro, haverá seguramente uma roda ao seu lado. O mover do
Senhor estará com você.
Aonde quer que vamos, deve haver uma roda alta e temerosa por nosso intermédio.
Se nos movemos para determinada cidade, deve haver uma roda naquela cidade. Se nos
movemos para determinado país, deve haver uma roda naquele país. A presença da roda

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

provará que somos adequados, isto é, que temos as asas de águia, as mãos de homem, e
os cascos de bezerro. Conforme temos mostrado, se não temos as asas de águia, as
mãos de homem e os cascos de bezerro, não estamos qualificados para ter uma roda
permanecendo do nosso lado.
Se desejamos ter uma roda, precisamos ser os seres vivente adequados. Isto
significa que precisamos experienciar o soprar do vento, o toldar do Espírito e o queimar
do Espírito a fim de ganharmos muito electro. Também precisamos ter os quatro rostos
expressando Cristo de uma maneira adequada e as asas de águia pela qual podemos nos
mover e nos portarmos de uma maneira divina. Além do mais, precisamos dos cascos de
bezerro a fim de andarmos de uma maneira reta e sincera, uma maneira que convence os
outros e nos recomenda às suas consciências. Se essa é nossa situação, então, certa-
mente, haverá uma roda alta e temerosa ao nosso lado. Essa roda é o mover do Senhor.
Considere o apóstolo Paulo. Ao ler suas epístolas e o Livro de Atos, podemos perce-
ber que Paulo se considerava menos que o menor de todos os santos (Ef 3:8). Até mesmo
seu nome, Paulo, significa “pequeno”. Paulo era um homem pequeno, contudo havia com
ele as asas de águia, as mãos de homem e os cascos de bezerro. Portanto, aonde quer
que ele fosse, havia uma roda grande, alta e temerosa. A situação deve ser a mesma
conosco hoje. Devemos ter as asas de águia, as mãos de homem e os cascos de bezerro,
e, por meio disso, ter uma grande roda para o mover do Senhor.

DETALHES CONCERNENTES
ÀS RODAS ALTAS E TEMEROSAS

Agora, vamos seguir considerando vários detalhes concernentes às rodas altas e


temerosas.

As rodas estão ao lado


dos rostos dos seres viventes

As rodas estavam ao lado dos rostos dos seres viventes (Ez 1:15). Isso indica que,
se desejamos ter o mover do Senhor, devemos primeiramente viver o Senhor, expres-
sando-O. Se vivermos a expressão de Cristo, teremos a roda do mover do Senhor.

As rodas estão na terra

No versículo 15, é-nos dito que as rodas estão na terra. Não espere que o mover do
Senhor será nos céus. Deus tem anjos para levar a cabo seu mover nos céus. Aquilo que
Ele precisa é de um mover na terra. Deus precisa de um mover nos Estados Unidos e em
muitos outros países.

As rodas têm a aparência de berilo

O versículo 16 diz: “O aspecto das rodas e a sua estrutura eram brilhantes como o
berilo”. Segundo Daniel 10:6, berilo era a aparência do Senhor quando Ele estava se mo-
vendo. Isso indica que, dentro do mover das rodas, está a aparência do Senhor. Aonde
quer que vá, ela leva a aparência do Senhor. Se a roda se move para determinado lugar,
ela levará a aparência do Senhor àquele lugar. Se uma roda está com você na escola ou
no trabalho, ela levará a aparência do Senhor para lá. Outros poderão ver o berilo, a
aparência do Senhor.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

As rodas têm a mesma aparência

O versículo 16b diz: “Tinham as quatro a mesma aparência”. Aqui, é-nos dito que
todas as quatro rodas têm a mesma aparência, a mesma semelhança. Isso indica que o
mover do Senhor tem a mesma semelhança e aparência em cada igreja. Cada mover tem
a mesma aparência do Senhor. Portanto, a semelhança de todas as rodas é a mesma.
Se a igreja em uma localidade tem a semelhança, a aparência, que é diferente da
semelhança da igreja em outra localidade, algo está errado. Os santos em determinada
igreja podem pensar que eles precisam construir sua própria distinção local, que eles pre-
cisam edificar algo típica e unicamente local. Isso é contrário a Ezequiel 1, onde nos é dito
que todas as quatro rodas têm a mesma semelhança.
Não devemos pensar que a roda que se move nos Estados Unidos deve ter uma
aparência e que a roda que se move em outros países deve ter uma aparência diferente.
Em todo lugar e em todo país, a roda deve ter a mesma aparência. Isto não significa que
todas as igrejas devem seguir uma igreja particular. Antes, todas as igrejas locais devem
ser seguidoras mútuas umas das outras (1Ts 2:14).

As rodas vão em quatro direções

“Andando elas, podiam ir em quatro direções; e não se viravam quando iam” (Ez
1:17). As rodas iam em quatro direções ___ pelos quatro lados ___ não se viravam quando
iam. Isto indica um mover em coordenação, sem qualquer volta.

As todas são temerosamente altas

Ezequiel 1:18a diz: “Essas rodas eram tão altas, que metiam medo” (ARC). Aqui,
gostaria de mostrar que jamais devemos tentar nos fazer grandes; em vez disso, devemos
ser pequenos. No entanto, a roda ao nosso lado deve ser tão alta que é temerosa. Em
nossa localidade, não devemos ter uma roda pequena com apenas poucas polegadas de
diâmetro. Pelo contrário, em nossa cidade, deve haver uma roda alta, uma roda que é
temerosamente alta e que surpreenderá outros. A roda em cada igreja deve ser tão alta
que é temerosa.

As rodas são cheias de olhos

O versículo 18b continua dizendo: “E as quatro tinham as suas cambas cheias de


olhos ao redor” (ARC). Aqui, vemos que as rodas altas e temerosas estão cheias de olhos.
Se aplicarmos isso à nossa experiência espiritual, perceberemos que é totalmente correto
dizer que as rodas são cheias de olhos. Se uma igreja não tem mover e nenhuma roda ao
seu lado, ela está cega. Se você não tem qualquer mover, contudo reivindica que tem al-
gum mover, você está seguramente cego. Você não tem olhos. Se sua igreja tem uma ro-
da alta e temerosa, um mover alto e temeroso, dentro desse mover haverá muitos olhos.
Como resultado, você terá discernimento, presciência e outros tipos de visão.
Se você é um cristão que não tem roda e que conhece apenas como se comportar
adequadamente, você está cego. Se você é sério com o Senhor pelo Seu mover na terra
hoje, será cheio de olhos e, por conseguinte, terá discernimento e previsão. Visto que
Paulo era uma pessoa cheia de olhos, ele tinha muita clareza. Ele tinha clareza acerca do
presente, do futuro, da situação do mundo, da Palavra, da igreja, das coisas físicas e
espirituais. Como uma pessoa cheia de olhos, ele tinha clareza acerca de tudo.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Alguns cristãos, pelo contrário, não tem olho algum. Semelhantemente, algumas
igrejas locais não têm olhos. A razão pela qual esses cristãos e essas igrejas estão cegos
é que, com eles, não existe roda, não existe o mover do Senhor. Contudo, quanto mais
temos o mover do Senhor, mais somos iluminados. Quanto mais nos movermos, mais
poderemos ver.
Não seja como um sapo em um poço ___ limitado por seu ambiente e que só pode ver
o que está diretamente acima de você de uma maneira muito estreita. Você precisa pular
para fora do seu “poço” e participar do mover do Senhor. Quanto mais você está no mover
do Senhor, mais olhos você terá e mais claramente verá. Quanto mais mover você tem,
mais pode ver.
Posso testificar isso de minha própria experiência no mover do Senhor. Durante os
últimos anos, tenho viajado muito. Tenho viajado por toda a China, América e Europa.
Quanto mais viajo, mais olhos eu recebo. Em 1958, viajei por trinta países diferentes. Por
essas viagens recebi muitos olhos, e vi muitas coisas.
Precisamos ser impressionados com o fato que as rodas são cheias de olhos. À
medida que a roda se move, ela vê. Quanto mais ela corre, mais ela vê. Se a roda tivesse
que parar de se mover, ela pararia vendo. Este é o modo como a igreja deve ser hoje.
Vemos, quando avançamos. Quanto mais avançamos, mais vemos. Pode ser que hoje
possamos ver somente até certo ponto, contudo amanhã continuaremos a ver mais. Se
pararmos de nos mover, pararemos de ver. Nós cristãos devemos ser um povo que se
move. A igreja deve mover-se a fim de ver.

Uma roda dentro de uma roda

O versículo 16c diz: “Tinham as quatro [rodas] a mesma aparência, cujo aspecto e
estrutura eram como se estivera uma roda dentro da outra”. É muito significativo que as
rodas pareciam uma roda dentro de uma roda. Quando falamos de uma roda, dizemos que
a circunferência é o aro, que o centro é o cubo e que no meio estão os raios. Portanto,
temos as três partes principais de uma roda: o aro, o cubo e os raios. Todavia, em Ezequi-
el 1, não existe cubo nem raios. Em vez disso, existe uma roda dentro de uma roda.
Tiago 5:17 pode nos ajudar a entender isso. Esse versículo nos diz que Elias orou
fervorosamente. Literalmente, as palavras gregas traduzidas “orou fervorosamente” signifi-
cam “orou em uma oração”. Isso indica que uma oração do Senhor foi dada a Elias, na
qual ele orou. Ele não orou em seu sentimento, pensamento, intenção ou ânimo, ou em
qualquer tipo de motivação, levantada das circunstâncias ou situações, para cumprir seu
próprio propósito. Antes, ele orou na oração dada pelo Senhor para a realização de Sua
vontade. O fato de Elias orar em uma oração significa que havia uma oração dentro de sua
oração. Isso é a roda dentro de uma roda.
Podemos aplicar esse assunto de uma roda dentro de uma roda à vida da igreja. Se
a igreja é adequada e está se movendo, então, dentro do mover da igreja, haverá o mover
do Senhor. Isto significa que, em nosso mover, existe o mover do Senhor. Enquanto esta-
mos nos movendo, o Senhor está se movendo em nosso mover.
A roda interior é a fonte de poder para o mover. Isto significa que a roda interior é o
“motor” que faz a roda se mover. Se nosso mover é genuíno, deve acontecer o fato que,
dentro do nosso mover, está o mover do Senhor.
Cada roda tem um cubo que gira a roda. Se o cubo para, a roda para. Podemos dizer
que o cubo é a pequena roda dentro do aro da grande roda. A grande roda gira porque a
pequena roda está sendo girada. Na vida da igreja, o Senhor Jesus é o cubo (a roda den-
tro da roda) e nós somos o aro. Se as igrejas não se movem com o Senhor, elas não têm
um modo para avançar, pois não há roda dentro da roda. Mas quando as igrejas se movem
com o Senhor Jesus, Ele se torna a roda dentro da roda.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Nada pode frustrar ou parar esse tipo de mover. Recentemente, muitos santos nas
igrejas migraram para outras cidades para a expansão da vida da igreja. Quando alguns
ouviram acerca dessa migração, eles a desprezaram e perguntaram se isso realizaria algo.
Posso testificar que essa migração é o mover do Senhor, o mover da roda, e que, dentro
dessa roda, há outra roda. Nessa migração, há uma roda dentro da roda.

A roda segue os seres viventes

Ezequiel 1:19 diz: “Andando os seres viventes, andavam as rodas ao lado deles;
elevando-se eles, também elas se elevavam”. Este versículo não nos diz que os seres vi-
ventes seguem as rodas, mas que as rodas seguem os seres viventes. Quando os seres
viventes se movem, as rodas se movem. Quando os seres viventes param, as rodas pa-
ram. Quando os seres viventes se elevavam, as rodas se elevavam.
Isto é contrário ao conceito, mantido por muitos crentes, que precisamos esperar até
que o Senhor se mova antes de podermos nos mover. Tenho recebido o encargo do
Senhor de dizer a Seus filhos que não existe a necessidade de eles esperarem que o
Senhor se mova. O Senhor tem esperado por aproximadamente dois mil anos. Se
avançarmos, o Senhor nos seguirá. Se não exercitarmos nos mover, não haverá roda, mas
se nos movermos, as rodas nos seguirão. O mover da obra do Senhor, o mover do evan-
gelho, e o mover da igreja dependem do nosso mover. Precisamos ter a confiança, a se-
gurança, e a fé para avançar intrepidamente. Se avançarmos intrepidamente, as rodas nos
seguirão. Ajamos intrepidamente e nos movamos para tomar este país e a terra.

O Espírito está dentro das rodas

O versículo 20 continua: “Para onde o espírito queria ir, iam, pois o espírito os
impelia; e as rodas se elevavam juntamente com eles, porque nelas havia o espírito dos
seres viventes”. As rodas seguem os seres, e os seres seguem o Espírito, contudo o Espí-
rito está nas rodas. É difícil dizer quem segue quem. Somos um com Ele. Um dia, quando
encontrarmos o Senhor poderemos dizer: “Senhor, nós Te seguimos”, mas o Senhor pode
dizer: “Não, Eu segui você”.
Se temos a roda com a coordenação, é difícil determinar quem segue quem. Somos
um com Senhor e o Senhor é um conosco. O Senhor nos segue, nós seguimos o Espírito e
o Espírito está nas rodas. Este é o mover do Senhor na terra hoje, e esta é a restauração
do Senhor.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM DEZ

UM FIRMAMENTO TÃO BRILHANTE QUANTO O CRISTAL TERRÍVEL

Leitura bíblica: Ez 1:22–25

Ezequiel 1:22–25 é muito penetrante e profundo. Esses versículos nos dizem que
sobre as cabeças dos quatro seres viventes está o firmamento, ou a expansão, que
chamamos céu. A aparência do firmamento é como um cristal terrível. É tão claro que ele
parece terrível. Esse firmamento se estende sobre as cabeças de todos os seres viventes.
Debaixo desse firmamento, os seres viventes estendem suas duas asas. Em uma men-
sagem anterior, vimos que duas das asas de cada um dos seres viventes estão estendidas
e unidas às asas dos outros. Os seres viventes usam suas duas outras asas para cobrir
seu corpo. Sempre que eles se movem e agem, uma voz ou um som vem de suas asas.
Essa voz é como o rugido de muitas águas e também como “a voz do Onipotente” (v. 24),
isto é, o Deus Onipotente. É também como a voz de um estrondo tumultuoso, como o
tropel de um exército. Além do mais, quando os seres viventes param e permanecem
parados, eles abaixam suas asas (v. 25). Precisamos considerar o significado e a aplica-
ção espirituais de todos esses assuntos. Se não entendemos esses significado e aplicação
espirituais, então, para nós, esses pontos podem parecer ilógicos e insignificantes.

BASEADOS EM TODAS AS EXPERIÊNCIAS ANTERIORES

Esses versículos são baseados nos versículos precedentes. Isto significa que preci-
samos primeiramente experienciar o vento tempestuoso, que introduz a nuvem da presen-
ça do Senhor para nos toldar. À medida que desfrutamos a presença do Senhor, a nuvem
introduz o fogo queimante e experienciamos o queimar. A partir do fogo queimante,
ganhamos o electro, e, em seguida, tornamo-nos os seres viventes. Como seres viventes,
nós nos movemos em coordenação com outros para expressar Cristo. Temos quatro ros-
tos para expressar o Cristo todo-inclusivo de uma maneira coletiva. A fim de ter esses
quatro rostos, precisamos ser tratados pela cruz. A seguir, precisamos experienciar e des-
frutar as asas de águia; isto é, nós nos movemos pelo poder e força divinos e pela graça
de Cristo. Também nos cobrimos a nós mesmos, escondendo-nos sob Suas asas
toldadoras, escondendo-nos sob a graça e o poder de Cristo. Ademais, precisamos apren-
der a trabalhar como um homem usando as mãos de homem e também precisamos apren-
der a andar sobre os cascos de um bezerro, tendo um andar que é reto, franco, honesto,
sincero e fiel. Isso nos qualificará para estarmos em coordenação. Dentro da coordenação,
teremos o fogo para cima e para baixo, os carvões em brasa e as tochas iluminantes.
Quando chegamos a esse ponto, o Deu santo como um fogo consumidor estará entre nós
de uma maneira coletiva. Então, haverá uma roda alta e temerosa ao nosso lado, indican-
do que temos o mover de Deus na terra por meio de nós e conosco. Dentro dessa roda
está uma roda, que significa que, dentro do nosso mover, está o mover do Senhor. Ele
está se movendo dentro de nós. Pelo fato de termos essa roda, esse mover, estaremos
cheios de olhos e teremos discernimento e presciência. Agora, precisamos ver que,
quando tivermos todos esses assuntos em nossa experiência, teremos um firmamento
brilhante e um som muito particular – o rugido de muitas águas, um som que é a voz do
Onipotente.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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UM FIRMAMENTO BRILHANTE, QUE SE ESPANDE E É ESTÁVEL

Ezequiel 1:22 diz: “Sobre a cabeça dos seres viventes havia algo semelhante ao
firmamento, como cristal brilhante que metia medo, estendido por sobre a sua cabeça”.
Isso revela que, depois que experienciamos todas as coisas nos primeiros vinte e um
versículos, o firmamento sobre nossas cabeças serão cristais brilhantes. Será como uma
grande expansão de cristal. Teremos uma expansão vasta e brilhante sobre nós. Isso sig-
nifica que, acima de nós, está um céu aberto e claro.
O firmamento não é somente brilhante; ele também está se expandindo. Não é ape-
nas uma questão de ter um firmamento brilhante verticalmente, do céu para a terra, mas
também uma questão de ter um firmamento brilhante horizontalmente. Isso significa que o
firmamento brilhante está se expandindo. Nosso firmamento, por conseguinte, deve ser bri-
lhante e se expandir.
Antes que fôssemos salvos, nosso firmamento era escuro e nublado, até mesmo
nevoento. Ele também era estreito, sem se expandir. Conosco, dificilmente havia um céu,
dificilmente havia um firmamento. Contudo, um dia, nós nos arrependemos, confessamos
nossos pecados e recebemos o Senhor Jesus como nosso Salvador. Quanto mais confes-
samos nossos pecados, mais brilhante nosso firmamento se tornou. Depois que fizemos
uma confissão cabal, tivemos o sentimento, pela primeira vez, que o firmamento sobre nós
estava brilhante. Sentimos que o dia estava raiando, que as nuvens estavam indo embora,
e que o nevoeiro estava se dissipando. Quando fomos salvos, recebemos não somente um
firmamento brilhante, mas também um firmamento expandido. Tivemos a sensação de que
nosso firmamento estava se expandindo.
Depois, no entanto, alguns problemas podem ter se levantado conosco pessoal-
mente, com nossos parentes, com a igreja ou com algum dos irmãos e irmãs. Imediata-
mente, nosso firmamento se tornou de alguma forma nebuloso outra vez. Ele não ficou tão
nebuloso e escuro como antes de sermos salvos, contudo ele já não era brilhante. As nu-
vens e o nevoeiro reapareceram. Todos nós temos tido esse tipo de experiência. Por fim,
confessamos nossas falhas, condenamos tais coisas como nossas atitudes, motivos,
intenções e alvos e recebemos o perdão de Deus e a purificação do sangue de Jesus (1 Jo
1:9, 7). O firmamento sobre nós tornou-se brilhante outra vez, e uma vez mais ficamos sob
um firmamento brilhante. Em seguida, ele começou a se abrir e se expandir sobre nós. Em
nossa experiência, devemos sempre ter um céu claro, aberto e expandido.
O tipo de firmamento que um cristão tem depende de sua consciência. Sua consciên-
cia está conectada a seu firmamento. Se não existir mácula em sua consciência, seu fir-
mamento será brilhante. Se seu firmamento não é brilhante, isto significa que existe al-
guma ofensa em sua consciência. A fim de ter um firmamento brilhante, precisamos lidar
com qualquer ofensa e condenação em nossa consciência. A história do nosso firmamento
é a história da nossa consciência.
Quando nós como seres viventes chegarmos ao ponto de ter um céu claro, aberto e
expandido, não haverá nada entre nós e Deus e nada entre nós e as outras pessoas. Não
haverá nada nebuloso nem nevoento cobrindo-nos ou separando-nos uns dos outros.
Todas as nuvens, coberturas, separações e nevoeiro serão tirados e teremos um firma-
mento que é totalmente brilhante e que está continuamente se expandindo. Nossa ex-
pansão será tão brilhante quanto o cristal. Quando outras pessoas olharem nosso
firmamento brilhante, elas ficarão maravilhadas. Nosso firmamento é terrível, porquanto ele
é um cristal brilhante e que se expande.
Esse firmamento claro e em expansão também é estável. Via de regra, o firmamento
acima da terra comumente tem algum tipo de movimento. Seja as nuvens se movendo,
seja o vento soprando. Todavia, o firmamento acima dos seres viventes não está se
movendo; antes, ele é tão estável quanto o cristal. Não existe mudança.

66
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Precisamos considerar isso à luz de nossa experiência. Quando fomos salvos,


tivemos um firmamento brilhante. Entretanto, desfrutamos esse firmamento por um curto
período. Como o tempo em certos lugares, nosso firmamento flutuava muito. Algumas ve-
zes, nosso firmamento se tornou nebuloso, mas depois que confessamos nossos pecados,
ele se tornou brilhante outra vez. Posteriormente, tivemos outra falha, como perder a paci-
ência, e nosso firmamento se tornou nebuloso uma vez mais. Houve muitas flutuações no
firmamento acima da nossa cabeça.
Com os seres viventes, no entanto, a situação é inteiramente diferente. O firmamento
acima das suas cabeças é perfeitamente estável, como cristal. Não há flutuação. O céu
acima deles é claro, expandindo-se e estável. Eles têm uma comunhão plena com o
Senhor verticalmente e também uma comunhão transparente entre si horizontalmente.
Eles têm uma extensão de comunhão ampla e estável.
Uma igreja local adequada deve ser dessa maneira. Infelizmente, entretanto, o fir-
mamento em algumas igrejas locais parece ser nebuloso e estreito. O firmamento sobre
essa igreja é muito pequeno e estreito. Não existe expansão, e a situação é escura e
melindrosa, tornando difícil para qualquer pessoa dizer algo. Se você disser algo nessa
situação melindrosa, alguns dos santos ficarão ofendidos. Não importa o que você diga,
alguns ficarão infelizes com você. Entrementes, se uma igreja local é adequada, o firma-
mento sobre ela será brilhante e amplo. Não importa o que você diga, ninguém ficará
ofendido.
Isso não significa que devemos tentar em nós mesmos ser de mente aberta. Se
somos como um sapo no poço, importa pouco se somos de mente aberta ou estreita.
Precisamos pular para fora do poço e ficar debaixo de um firmamento brilhante onde o
horizonte é amplo. Uma vez que estejamos sob esse firmamento, mesmo se somos de
mente estreita, espontaneamente nos tornaremos amplos. É impossível para os seres
viventes serem de mente estreita, porquanto existe uma ampla expansão sobre suas
cabeças. O firmamento sobre eles é brilhante, expandindo-se e terrível de se contemplar.
Sob esse firmamento, temos a comunhão adequada com o Senhor e uns com os outros.

SER RETOS EM NOSSA COORDENAÇÃO

Se estamos sob um firmamento brilhante e expandido, podemos ter a coordenação


adequada e apropriada, uma coordenação que é totalmente reta. No primeiro capítulo de
Ezequiel, a palavra reta (direita) é usada poucas vezes. No versículo 7, ela é usada para
os cascos do bezerro. No versículo 23 (ARC), ela é usada para as asas da águia: “E,
debaixo do firmamento, estavam as suas asas direitas, uma em direção à outra”. Isso indi-
ca que, em nossa coordenação, devemos ser retos (direitos).
Algumas vezes, a coordenação nas igrejas locais não é reta, mas é, de alguma for-
ma, torta. Por exemplo, o irmão A pode ter comunhão sobre um assunto com o irmão B e,
em seguida, pedir-lhe para não falar como o irmão C sobre esse assunto. Contudo, o irmão
B vai até o irmão C e passa a informação para ele e, em seguida, pede-lhe para não dizer
nada disso ao irmão D. Esse tipo de coordenação é política. Jamais devemos agir politica-
mente na vida da igreja. Se dizemos algo a um irmão, devemos ser capazes de dizê-lo aos
outros também. Isto significa que nossas asas devem ser retas. Nossa coordenação deve
ser franca, sincera, zelosa e reta.

UMA VOZ VEM DAS ASAS


DOS SERES VIVENTES

67
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

O versículo 24a diz: “Andando eles, ouvi o tatalar das suas asas, como o rugido de
muitas águas, como a voz do Onipotente; ouvi o estrondo tumultuoso, como o tropel de um
exército”. Aqui, é-nos dito que, enquanto os seres viventes andavam, Ezequiel ouviu a voz
de suas asas. Isto significa que, enquanto eles andavam em uma coordenação reta, uma
voz emergiu. Essa voz era seu testemunho. Disso, vemos que a voz do testemunho de
uma igreja local deve emergir da coordenação adequada. Não deve ser a voz de um crente
individual; deve ser a voz da coordenação. A voz emerge das asas que se uniram umas às
outras.
Considere a situação de Pedro no Novo Testamento. Antes do dia de Pentecostes,
Pedro exprimiu muitas vezes algo por si mesmo, e o que ele falava era comumente
rejeitado pelo Senhor Jesus. Era assim porque ele o fazia por si mesmo (Mt 16:22-23;
17:4-5, 24-27). Todavia, depois da ascensão do Senhor, no dia de Pentecostes, Pedro se
pôs em pé com os onze (At 2:14). Creio que, quando os doze se puseram em pé, eles
eram como os quatro seres viventes em Ezequiel 1. A voz que se levantou no dia de
Pentecostes não foi a voz de um Pedro individual, mas a voz de um corpo.

OS SERES VIVENTES
USAM DUAS ASAS PARA SE COBRIR

Por um lado, os quatro seres viventes estendiam duas de suas asas para coor-
denação, para se mover e para emitir sua voz. Por outro, eles usavam outras duas de suas
asas para se cobrir. Isso indica que, na vida da igreja, na coordenação, todos nós
precisamos aprender a nos ocultarmos sob a graça do Senhor. Não se mostre, mas, em
vez disso, oculte-se. Oculte-se sob as asas da águia. Não deve haver manifestação do ego
ou de qualquer indivíduo. Não importa quão grande possa ser nossa porção, precisamos
nos ocultar sob a graça do Senhor. Jamais devemos nos jactar em nós mesmos, mas
sempre devemos nos jactar Nele.
Se nosso firmamento é brilhante, se temos uma coordenação reta, e se nos ocul-
tarmos no Senhor e sob Sua graça, haverá uma bela situação entre nós na vida da igreja.

COMO O RUGIDO DE MUITAS ÁGUAS

Se a situação de uma igreja local é semelhante à dos quatro seres viventes descrita
acima, essa igreja estará qualificada e adequada para soar a voz e fornecer um forte tes-
temunho. A voz não será a voz de uma pessoa, mas será como o rugido de muitas águas.
Um crente particular pode ser espiritual e amar muito o Senhor, porém se ele não é coor-
denado com os outros, a voz de seu testemunho será fraca; não será como a voz de mui-
tas águas. Precisamos olhar para o Senhor para que todos os testemunhos de todas as
igrejas locais sejam como as muitas águas. Um único irmão não deve falar sempre algo
para a igreja local, mas o corpo coordenado deve soar a voz e dar o testemunho. Os
outros ficarão maravilhados com esse tipo de voz, e eles dirão que a voz dessa igreja local
é como o rugido de muitas águas.

A VOZ DO ONIPOTENTE

O versículo 24 diz também que essa voz é a voz do Onipotente. Ela se torna a voz
do próprio Deus. É a voz de um corpo, mas, por fim, essa voz se torna a voz de Deus. Que
maravilha!
O testemunho de uma igreja local deve ser assim. A voz em sua igreja local deve ser
a voz não de um indivíduo, mas a voz do Onipotente.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

COMO A VOZ DE UM EXÉRCITO

Por fim, conforme o versículo 24 diz, a voz é a voz de um exército lutador.


Muitas vezes, a situação nas igrejas locais não é como essa, pois a igreja não tem
um céu claro, expandido e estável. Se os irmãos e irmãs não têm a comunhão e coor-
denação adequadas, eles podem tentar se justificar e alegar ter algo. Contudo, se eles têm
algo verdadeiro, não precisam reivindicar qualquer coisa. Se eles alegam ser ricos, isso
indica que, na realidade, são pobres. Um milionário não precisa afirmar que é rico. Se
nossa igreja é como os quatro seres viventes, não existe necessidade de reivindicarmos
qualquer coisa para ela.
Considere novamente a situação maravilhosa em Ezequiel 1. Olhe a expansão, o
mover, a coordenação e a comunhão. Aqui está a voz de muitas águas, a voz do Onipo-
tente e a voz de um exército.
Isso não pode ser realizado em nós da noite para o dia. Devemos começar com o
vento tempestuoso do norte e, em seguida, passar por todas as experiências subsequen-
tes a fim de termos um firmamento que é brilhante como cristal.
Todas as igrejas locais precisam chegar a esse ponto, seguindo umas às outras até
que estejamos lá. Na Nova Jerusalém, existe apenas uma rua (Ap 21:21b; 22:1), que indi-
ca que deve haver somente uma rua na vida da igreja hoje e que todos nós precisamos
andar nela. Precisamos seguir uns aos outros nessa única rua até que cheguemos ao pon-
to descrito em Ezequiel 1:22-25. Isso significa que precisamos ter um firmamento brilhante
com uma grande expansão que é aterradora e terrível aos olhos dos outros. Quando al-
cançarmos esse estágio, teremos um testemunho adequado. Teremos uma voz como o
rugido de muitas águas e como a voz do Deus Onipotente e de um exército que batalha
pela economia de Deus.

ABAIXAM SUAS ASAS


PARA OUVIR A VOZ DE DEUS

Há um outro assunto que precisamos considerar, e isso é mencionado no versículo


24b: “Parando eles, abaixavam as asas”. Aqui, vemos que os seres viventes não se mo-
vimentam todo o tempo. Algumas vezes, eles param e permanecem parados. Quando
ficam parados, eles abaixam suas asas. Quando ouvem a voz não de suas asas, mas do
firmamento brilhante sobre suas cabeças, eles param e abaixam suas asas. Isso indica
que eles sabem como ouvir a voz de Deus. Eles sabem não somente como falar e soar
sua voz, mas também como ouvir a voz de Deus. Sempre que eles ouvem a voz de Deus,
eles param de se mover, permanecem parados e abaixam suas asas.
Se tivermos um firmamento brilhante que é um cristal claro, expandido e estável,
haverá um resultado duplo. Por um lado, ter um firmamento brilhante nos capacita a falar;
por outro, nos capacita a ouvir. Falamos aos outros, e ouvimos a Deus. Isso significa que
devemos ser um cristão que tanto fala por Deus quanto ouve o falar de Deus. Se nossa
condição é semelhante a dos seres viventes em Ezequiel 1, nosso firmamento será
brilhante e, então, poderemos falar por Deus e também ouvir o falar de Deus. A capaci-
dade de falar e de ouvir depende de ter um firmamento brilhante.
Um firmamento brilhante, falar pelo Senhor, e ouvir o Senhor são todos questões de
comunhão. A genuína comunhão está relacionada à genuína coordenação. Quando temos
comunhão com Deus e uns com os outros, há uma coordenação genuína entre nós. Então,
à medida que nos movemos, podemos falar por Deus, e quando Deus vem para nos falar,
podemos ouvir silenciosamente Seu falar.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Essa deve ser a situação em todas as igrejas locais. Uma igreja local adequada sabe
como se mover e sabe como parar, como emitir sua voz e como ouvir a voz de Deus. Sua
igreja local é dessa maneira? Estou preocupado com o fato que sua igreja pode não saber
como parar, abaixar suas asas e ouvir a voz do firmamento. Estou preocupado com o fato
que, em sua igreja local, pode não haver a coordenação adequada. Em vez disso, pode
haver o show de um único homem, com uma pessoa fazendo tudo e insistindo que tudo e
todos estejam sob seu controle. Qualquer igreja local que seja assim será pobre e fraca.
Não importa o que essa igreja possa reivindicar ter, não existe a voz vindo das asas. A
coordenação dos quatro seres viventes, pelo contrário, não é o show de um único homem.
Uma pessoa não decide tudo. Sua coordenação é uma coordenação de todos os seres
viventes.
Ezequiel 1 apresenta o quadro mais claro na Bíblia a respeito da vida da igreja
adequada, e todos nós precisamos ver a vida da igreja como ela é retratada nesse capítu-
lo. A coordenação mostrada aqui é maravilhosa. Todas as experiências numa maravilhosa
sequência levam os seres viventes a um ponto onde eles estão sob um céu de cristal bri-
lhante, expandido e estável. Por conseguinte, os seres viventes têm o mover adequado na
terra e fornecem uma voz e testemunho adequados a todo o universo. Aqui, eles apren-
dem a como parar e ouvir a voz de Deus. Eles sabem como emitir a voz pelo mover e sa-
bem como ouvir a voz de Deus ao parar.
Todos nós, especialmente os líderes nas igrejas locais, precisamos ver esse quadro
e experienciar o que é desvelado nele. Que o Senhor seja misericordioso conosco e leve
todas as igrejas locais a entrarem nessas experiências descritas nesse capítulo.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM ONZE

O TRONO SOBRE O FIRMAMENTO BRILHANTE

Leitura bíblica: Ez 1:26–28; Mt 26:64a; At 2:36; Ap 3:21

Na visão no capítulo um, as coisas no âmbito natural são usadas para descrever as
coisas no âmbito espiritual. Essas coisas espirituais são profundas, mas podemos enten-
dê-las mediante as coisas naturais e físicas que são usadas para descrevê-las. Segundo o
plano de Deus, as coisas espirituais reveladas aqui começam com o vento (v. 4) e termi-
nam com o arco-íris (v. 28). Conforme veremos na próxima mensagem, existe um arco-íris
que manifesta o esplendor de Deus. Em nossa experiência, o trono (v. 26) e o arco-íris
dependem ambos de termos um firmamento que é puro cristal.
Na última mensagem, vimos que, acima das cabeças dos seres viventes, há um
firmamento brilhante, um céu claro, que está se expandindo e, contudo, é estável. Agora,
nesta mensagem, precisamos ver que acima desse firmamento brilhante há um trono. Eze-
quiel 1:26 diz: “Por cima do firmamento que estava sobre a sua cabeça, havia algo
semelhante a um trono, como uma safira; sobre esta espécie de trono, estava sentada
uma figura semelhante a um homem”. Precisamos considerar o significado do trono e
aplicá-lo à nossa experiência.

UM FIRMAMENTO BRILHANTE E UMA CONSCIÊNCIA CLARA

Nós, cristãos, precisamos manter um firmamento brilhante com o Senhor. Isto signi-
fica que precisamos sempre ter uma clara comunhão com Ele. Não devemos ter nada
entre nós e o Senhor. Quando não existe nada entre nós e o Senhor, nosso firmamento
será um cristal brilhante e nossa consciência será pura, destituída de qualquer ofensa (At
24:16).
Precisamos ser profundamente impressionados com o fato que se, como cristãos,
desejamos ter um firmamento brilhante, um céu de cristal, diante do Senhor, precisamos
ter uma consciência que é sem ofensa. Sempre que existe condenação ou ofensa em
nossa consciência, nosso firmamento, imediatamente, se torna nebuloso, escurecido e
nevoento. Nesses momentos, devemos confessar nossa falha e nosso pecado ao Senhor
e receber Seu perdão e a purificação do Seu precioso sangue (1 Jo 1:9, 7). Isso purificará
nossa consciência de modo que ela fique destituída de ofensa. Teremos novamente um
firmamento brilhante e uma comunhão clara com o Senhor, sem nada entre nós e Ele.
Algumas vezes, um pequeno assunto, tal como uma atitude pobre para com nosso
cônjuge, pode nos levar a ter nuvens em nosso firmamento. Talvez, a outra parte esteja
errada, mas nossa atitude também está errada, e perdemos nosso gozo e paz. Podemos
não ter também unção para orar por um período de tempo. Nossa consciência começa a
nos condenar e a incomodar-nos. Essa é a perda de um firmamento cristão brilhante, a
perda de um céu claro. Não temos mais um céu claro sobre nós, pois algo está errado
entre nós e o Senhor. Essa situação permanecerá até que vamos ao Senhor e pedimos
Seu perdão para nossa atitude má. Então, a unção do Senhor dentro de nós pode nos
levar a sentir que precisamos confessar e pedir perdão a nosso cônjuge. Embora
hesitemos, pois perdemos a presença do Senhor, no final, confessamos, nos desculpamos
e pedimos perdão. Tão logo fazemos isso, o “tempo” muda; as nuvens desaparecem, e o
firmamento brilhante retorna. Algo dentro de nós está vivo novamente, e podemos louvar o

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Senhor. Uma vez mais, temos um firmamento brilhante, um céu como o firmamento de
cristal terrível sobre as cabeças dos seres viventes. Devemos ter esse tipo de experiência
não somente em nossa vida diária, mas também na vida da igreja.

UM FIRMAMENTO BRILHANTE E O TRONO

Sempre que tivermos esse firmamento brilhante em nossa vida cristã e em nossa
vida da igreja, teremos também o trono, que está cima do firmamento brilhante (Ez 1:26).
O trono é o centro do universo, e ele está onde o Senhor está. Muitas vezes, falamos acer-
ca da presença do Senhor, mas precisamos perceber que a presença do Senhor está
sempre com o trono. Onde o Senhor está, ali está Seu trono. Sua presença jamais pode
ser separada do Seu trono. O trono do Senhor está no terceiro céu, contudo ele está tam-
bém em nosso espírito. Por isso, o trono do Senhor está conosco em todo tempo.
Como cristãos e como igrejas locais, todos nós devemos ser um cristal brilhante e
um céu que se expande. Acima desse firmamento brilhante e expandido está o trono do
Senhor. Por termos esse firmamento brilhante, estamos espontaneamente sob o governo
do trono do Senhor. Agora, estamos sob o governar e o reinar do trono.
Devemos estar sempre sob o governar do trono do Senhor. Visto que estamos sob o
trono, não precisamos de policiais e de tribunais para governar sobre nós. Se precisamos
ser governados pela polícia e pelos tribunais, isto significa que não estamos sob o trono.
Devemos estar sob o trono do Senhor em todo tempo. Talvez, queiramos dizer algo,
mas o governar do trono não nos permite falar uma palavra. À medida que começamos a
falar, o trono exercita seu governo, e somos forçados a engolir nossas palavras. Outras
vezes, podemos ficar irados e prestes a perder a calma, mas percebemos que estamos
sob o governar do trono, e somos subjugados. Quem está governando sobre nós? Somos
governados não meramente pelos ensinamentos da Bíblia, mas pelo trono.
Em nossa vida cristã e em nossa vida da igreja, se o firmamento for brilhante, o trono
estará ali. Porém, se nosso firmamento for nebuloso e escurecido, não veremos o trono.
Quando não vemos o trono, podemos ser soltos e fazer muitas coisas segundo nosso
gosto e conveniência. Hoje, muitos crentes são descuidados em sua vida cristã diária, pois
eles não têm um firmamento brilhante com o trono sobre ele. Sempre que os crentes estão
em trevas e, por conseguinte, não estão sob o trono, podem ser muito soltos, falando o
que querem falar, expressando aquilo que querem expressar e indo aonde querem ir.
Contudo, uma pessoa que está sob o trono não tem liberdade de proceder dessa maneira.
Em um sentido, porque fomos salvos, somos liberados, mas, em outro, estamos sob
o trono e não temos liberdade alguma. Posso testificar que, algumas vezes, quis ir a de-
terminado lugar, todavia, por causa do trono, não tive a liberdade de ir. Louvado seja o
Senhor pelo firmamento brilhante e pelo trono! Acima de nossas cabeças está o
firmamento, e sobre o firmamento está o trono.

A EXPERIÊNCIA ESPIRITUAL MAIS ELEVADA:


TER O TRONO EM NOSSO FIRMAMENTO

O passo mais elevado na experiência espiritual de um cristão é ter o trono em nosso


firmamento, em nosso céu claro. Ter o trono, ou chegar ao trono, é permitir que Deus
tenha a posição mais elevada e mais proeminente em nossa vida cristã. Para Deus, ter o
trono em nós significa que Ele tem a posição para reinar em nós. Portanto, alcançar o
trono em nossa experiência espiritual significa que, em tudo, somos completamente sub-
missos à autoridade e administração de Deus. Então, não somos mais uma pessoa sem o
trono, sem autoridade, sem governo.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Um crente que não tem um firmamento brilhante com um trono sobre esse
firmamento pode facilmente ser liberado e descuidado em seu viver diário. Ao contrário,
um crente que tem um céu que é um cristal brilhante tem o senso de estar sob o governo
divino e a restrição divina; portanto, ele não pode ser liberado ou descuidado em nada que
diz ou faz. Um crente que tem um firmamento brilhante acima de si está sob uma
autoridade que o restringe nas coisas como: falar ou mostrar ira. Essa autoridade é uma
questão do trono.
Quanto mais brilhante é nosso firmamento, mais estamos sob o trono. Quanto mais
temos uma comunhão clara com o Senhor, mais estaremos sob Sua autoridade. Precisa-
mos perguntar-nos se existe um trono em nossa vida cristã. Se temos o trono sobre o fir-
mamento brilhante, somos grandemente abençoados, e devemos adorar a Deus por essa
bênção.
Uma irmã jovem veio de uma família abastada. Depois que foi salva, ela recebeu a
bênção de aprender a viver sob o trono e aceitar as restrições desse em tudo. As coisas
que os outros podiam fazer ela não podia, e coisas que os outros podiam usar ela não
podia. Embora seus pais a amassem muito, eles não conseguiam entender sua maneira de
viver. Um dia, ela lhes testificou, dizendo: “Eu não faço determinadas coisas porque os
outros me dizem para não fazê-las. Existe Alguém em mim que está reinando e me
restringindo de fazer essas coisas”. Depois daquela conversão, seu pai, uma pessoa
perceptiva, percebeu que ela era uma cristã genuína. Ele tinha grande apreço por ela e lhe
dava liberdade absoluta.
Quero enfatizar o fato que o ponto mais elevado em nossa experiência espiritual é ter
um firmamento brilhante com um trono acima dele. Você alcançou esse estágio? Você
chegou ao ponto onde sente que existe uma autoridade que o restringe? Você chegou a
esse estado em sua vida espiritual onde você é regulado em todas as coisas pelo trono?
Eu o estimularia a considerar esse assunto diante do Senhor em sua comunhão com Ele.

O TRONO E O PROPÓSITO DE DEUS

O trono não é somente para Deus reinar sobre nós, mas também para Deus realizar
Seu propósito eterno. Se temos um trono em nossa vida espiritual, Deus não governará
somente sobre nós, mas também cumprirá Seu propósito em nós, conosco e por meio de
nós. Aqueles que não têm o trono em sua vida cristã não permitirão que Deus obtenha Seu
propósito com eles. Espero que o Espírito Santo impressione você profundamente com
esse assunto. Se deseja que o propósito e o plano de Deus sejam realizados em você e
com você, você deve ser uma pessoa que se submete ao trono. Deve ser uma pessoa sob
o reinado de Deus. Somente nesse caso, Deus pode levar a cabo Seu propósito em rela-
ção a você.

O TRONO É TRANSMITIDO À TERRA


MEDIANTE OS SERES VIVENTES

Os seres viventes ainda estão na terra, movendo-se ou estando parados, contudo,


acima de suas cabeças há um céu claro com o trono. A partir do que é retratado aqui,
podemos ver que o trono nos céus é transmitido à terra mediante e com os seres viventes.
Com eles e por meio deles, os céus com o trono são abertos para a terra. Dessa maneira,
o trono nos céus se torna um com a terra, pois o trono é transmitido à terra.
Essa transmissão pode ser comparada à transmissão da eletricidade. A eletricidade
está no gerador, na usina bem longe de nossas casas, contudo a eletricidade é transmitida
até nós mediante as linhas de transmissão. Por meio dessa transmissão, a eletricidade que

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

está no gerador também está conosco em nossos lares. Podemos dizer que os seres
viventes em Ezequiel 1 são as linhas celestiais de transmissão. É por meio deles, por eles
e com eles que o trono celestial é transmitido à terra. Onde eles estão, está o trono. Aonde
eles vão, o trono os segue.
Algumas vezes, podemos contatar um querido irmão que é gentil, manso e meigo,
contudo, em sua presença, temos o sentimento que algo forte e poderoso está presente
governando sobre a situação. Podemos ser uma pessoa solta e descuidada, mas quando
chegamos à presença desse irmão, percebemos que algo está reinando sobre nós. Isso é
o trono, ou podemos dizer que isso é a presença do Senhor. Se invocamos o trono ou a
presença do Senhor, é a transmissão do trono celestial à terra mediante esse querido
irmão.
Podemos ter o mesmo tipo de experiência ao visitar as igrejas. Podemos visitar uma
igreja local particular onde os santos são gentis, amáveis e felizes, contudo sentimos que
existe algo forte e poderoso, algo de autoridade, algo que está governando sobre tudo e
todos naquela igreja. Isso é o trono.

A AUTORIDADE NA IGREJA
NÃO É HUMANA NEM NATURAL
MAS É O TRONO ACIMA DO FIRMAMENTO BRILHANTE

Não devemos falar acerca de autoridade de maneira humana e natural. Na igreja,


não existe autoridade humana. A autoridade na igreja é o trono acima do firmamento bri-
lhante.
Suponha que os irmãos da liderança ou os presbíteros em uma igreja local não estão
sob um firmamento brilhante, contudo exercem autoridade baseados na sua posição. Esse
tipo de exercício de autoridade não opera, porquanto não tem peso e não governa; não há
nenhum trono em um firmamento brilhante. No entanto, suponha que os líderes e os
presbíteros estão continuamente sob um firmamento brilhante, tendo uma consciência que
é pura e sem ofensa. Se essa é a sua situação, eles estarão sob o trono celestial, e com
eles haverá algo forte e de autoridade. Portanto, não haverá necessidade de eles
reivindicarem autoridade sobre os santos.
Reivindicar autoridade sobre os santos indica que essa pessoa não tem qualquer
autoridade. Uma vez que estejamos sob um firmamento brilhante com um trono sobre ele,
não existe qualquer necessidade de reivindicarmos ter autoridade – a autoridade está
simplesmente ali. Jamais devemos tentar trazer os outros sobre nossa autoridade. Tal
coisa é hierarquia; é algo da organização. Não devemos tentar governar sobre os santos.
Em vez disso, devemos nos humilhar e permanecer sob o trono no firmamento brilhante.
É vergonhoso para alguém reivindicar ser a autoridade em uma igreja local. Não
existe tal coisa! Na igreja, não existe qualquer autoridade humana. O Senhor Jesus disse:
“Sabeis que os governantes dos gentios dominam, e sobre eles os grandes exercem au-
toridade. Não será assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós,
será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso escravo” (Mt
20:25-27). Em Mateus 23:11, Ele disse: “Mas o maior dentre vós será vosso servo”. Essa é
a maneira de ter autoridade. A autoridade não é minha nem sua nem dos outros. A única
autoridade é o trono acima do firmamento brilhante.
Posso assegurá-lo que, se estamos sob um firmamento brilhante com o trono acima
dele, a autoridade genuína estará conosco. Nenhuma oposição ou perseguição será capaz
de derrotar-nos ou abalar-nos, porquanto o céu e o trono estão conosco. Se o firmamento
acima de nós é brilhante e o trono está conosco, teremos a autoridade e o peso.
O peso de uma pessoa diante de Deus é igual ao grau de sujeição dessa pessoa à
Sua autoridade. Um irmão em especial pode ser muito adequado em seu falar e

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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comportamento, mas ele é leve como uma pluma, inteiramente carente de peso espiritual.
Isso indica que ele não está sujeito ao trono. No entanto, a situação com outro irmão pode
ser muito diferente. Quando você o contata, sente que ele é forte (pesado) e o respeita.
Esse irmão é pesado porque aprendeu a se sujeitar à autoridade de Deus. Quanto mais
nos submetermos ao trono, mais pesados seremos.
Deixe-me contar-lhe acerca da experiência de uma missionária na China. Como
alguém que pregava fortemente a respeito da regeneração, ele estava sob a autoridade de
Deus e, por isso, era uma pessoa com autoridade e peso no Senhor. Um dia, um navio no
qual ela estava viajando foi seqüestrado por piratas, que mantiveram o controle da embar-
cação por vários dias. Enquanto eles vasculhavam dinheiro e joias em seu aposento, ela
se sentou ali calmamente, sem qualquer temor. Ela disse ao líder dos piratas que estava
muito quente para confinar os passageiros em seus aposentos. Ela também lhe disse que
ele devia ser responsável pela limpeza do navio. O líder dos piratas obedeceu-lhe e disse
a seus homens que limpassem o navio. Um líder pirata feroz ficou sob a autoridade dessa
missionária, pois ela estava sob o trono. Ela se sujeitava à autoridade de Deus; por con-
seguinte, a autoridade de Deus estava com ela.
Precisamos perceber que o peso que temos depende de nossa sujeição ao trono.
As palavras procedentes da boca de um irmão podem ter peso e poder, mas as mesmas
palavras procedentes da boca de outro irmão pode não ter nada. A razão é que um irmão
está sob o firmamento brilhante com o trono, mas o outro está sob um céu escuro e
nebuloso sem o trono. É fácil aprender a repetir ou citar as palavras dos outros. Contudo,
se as palavras que procedem da nossa boca têm peso ou não depende de se estamos ou
não sob um firmamento brilhante com o trono. A vida cristã adequada e a vida adequada
da igreja é uma vida sob o trono que está acima de um firmamento brilhante.
Gostaria de lembrar a todos os queridos que têm a responsabilidade nas igrejas
locais a jamais exercer sua autoridade. Precisamos perceber que nenhum de nós tem
qualquer autoridade. A autoridade é o trono. Considere a situação com Moisés no livro de
Números. Quando o povo de Israel se rebelou contra ele, ele não exerceu sua autoridade.
Em vez disso, ele e Arão se prostraram e invocaram a autoridade mais elevada. Então, o
Senhor chegou para vindicar (Nm 14:5; 16:1-4, 22; 20:2-6). É um sério engano exercer
autoridade sobre os outros na igreja. Nada é mais vergonhoso que isso. Exercer autorida-
de sobre os santos não é glorioso – é vergonhoso. Nenhum de nós é a autoridade. A auto-
ridade é o homem no trono. Devemos ter o homem no trono em nosso firmamento bri-
lhante. Na vida da igreja, precisamos de um firmamento brilhante com um trono celestial.
O Senhor necessita dessa igreja hoje. Ele necessita de um grupo de seres viventes
coordenados. Enquanto eles estão parados ou andando na terra, os céus estão abertos à
terra. Por meio deles, o trono celestial é transmitido à terra. Essa é a vida da igreja.
Não tome a maneira natural e humana para exercer qualquer tipo de autoridade.
Mesmo se os outros vêm até você tentando reconhecê-lo como uma autoridade, você deve
recusá-lo. Você precisa dizer-lhes que você não é a autoridade. Isso não é o que a autori-
dade é. A autoridade adequada é uma questão de um trono acima do firmamento brilhante.
Não é absolutamente uma questão de organização e hierarquia humanas. Precisamos ter
um firmamento brilhante com um trono.
É vergonhoso ter poder entre os santos, ser a autoridade entre os santos ou
pretender que os santos devam nos ouvir. Nós sempre consideramos Paulo um grande
apóstolo. Contudo, seu nome significa “pequeno”, e ele se considerava como menos que o
menor de todos os santos (Ef 3:8). Paulo podia dizer: “Vocês me dão um título muito
grande. Eu não sou digno disso”.

O FIRMAMENTO BRILHANTE E O TRONO VINDICAM

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Se os irmãos e as irmãs ouvem ou não a você, depende de onde você está e do que
você é. Você está sob um firmamento brilhante? Se está sob um firmamento brilhante, não
há necessidade de você discutir, nem de reivindicar nada ou até mesmo dizer nada. O
firmamento brilhante e o trono acima do firmamento vindicarão.
Todas as igrejas locais precisam dessa revelação do trono acima do firmamento
brilhante. Na vida da igreja, não temos qualquer organização ou qualquer tipo de hierar-
quia. Não temos um conselho de missão ou qualquer outro conselho; não temos quartéis-
generais nem organização de qualquer tipo. Temos somente um firmamento brilhante com
um trono sobre o firmamento.
Posso testificar que temo somente uma coisa: que eu perca a presença do meu
Senhor. Muitas vezes, quando fico sozinho em meu quarto, tenho declarado a todo o uni-
verso e a mim mesmo que a única coisa que temo é perder a presença do Senhor. Uma
vez que eu tenha essa presença, não temo nada. Eu me preocupo tão somente com Sua
presença, não com algo mais. Em outras palavras, eu me preocupo somente com um
firmamento brilhante com o trono sobre ele. Tenho a plena certeza que enquanto estou
falando estas palavras, o trono está comigo. Louvado seja o Senhor, pois isto é suficiente!
Todos nós precisamos aprender isto.
Somos muito pequenos e indignos, contudo o Senhor tem-nos visitado. Devo confes-
sar que, no passado, algumas vezes eu disse ao Senhor que eu não gostava de fazer esse
trabalho, e perguntei-Lhe por que Ele se apossou de mim. Nesses momentos, o Senhor
me fez sérias advertências acerca de falar dessa maneira. Então, eu disse: “Senhor,
perdoa-me. Faze o que queres. Estou disposto a perder tudo, mas não quero perder o
firmamento brilhante e o trono”. Sob a cobertura do Senhor, testifico que, realmente, isso é
o que quero dizer.
Em sua igreja local, você não deve se preocupar com nada, exceto com um firma-
mento brilhante com o trono acima dele. Uma vez que tenhamos o firmamento brilhante e o
trono, a oposição e a crítica não significam nada. A única coisa com que precisamos nos
preocupar é com o firmamento brilhante com o trono acima dele.

O TRONO TEM
A APARÊNCIA DE PEDRA DE SAFIRA

Ezequiel 1:26 fala da “semelhança de trono, como a aparência de pedra de safira”.


Aqui, vemos que o trono tem a aparência de uma pedra de safira. Êxodo 24:10 é de
grande ajuda no entendimento do significado da pedra de safira em Ezequiel 1. Esse versí-
culo diz: “E viram o Deus de Israel, sob cujos pés havia uma como pavimentação de pedra
de safira, que se parecia com o céu na sua claridade”. Uma pedra de safira significa um
tipo da condição celestial que existe quando Deus está presente em uma situação parti-
cular. Segundo Êxodo 24:10, quando Moisés, Arão e os anciãos de Israel viram Deus, eles
viram sob Seus pés a aparência de uma pedra de safira. Isso deu ao povo a compreensão
clara da aparência da presença do Senhor. Uma pedra de safira é de cor azul, e azul é
uma cor celestial, que indica a situação e condição da presença de Deus. Esse versículo
diz também que, naquele momento, os céus estavam exacerbadamente claros. Deus
estava presente naquele tipo de situação e atmosfera. Portanto, a pedra de safira significa
a situação ou a condição dos céus com a presença de Deus neles. O fato de o trono ser à
semelhança de uma pedra de safira mostra a presença de Deus em uma situação celestial.
Sempre que temos o trono de Deus em um céu claro, a situação será celestial. Não
haverá qualquer coisa terrena ou nada escuro ou impuro. Antes, tudo será celestial, claro,
limpo e absolutamente transparente. Isso retrata o tipo de situação que devemos ter na
presença de Deus. Sempre que temos um firmamento brilhante com o trono de Deus nele,
estamos em uma situação celestial tendo a aparência de uma pedra de safira.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Gostaria de pedir a você para olhar uma vez mais o quadro em Ezequiel 1. O Senhor
está sobre o trono acima do firmamento nos céus, e os seres viventes estão andando ou
parados na terra. Por meio deles, o Senhor nos céus se torna um com a terra e, dessa
maneira, os céus são conectados à terra. Isto significa que os céus foram trazidos até à
terra e que os céus estão agora se movendo na terra, mediante, por e com os seres
viventes. Essa precisa ser a situação entre as igrejas locais hoje, a situação entre os ven-
cedores e a situação e condição da nossa vida cristã diária.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM DOZE

O HOMEM NO TRONO

Leitura bíblica: Ez 1:26–28; Êx 24:10; Gn 9:12-15; Ap 4:2-3; 21:19a; 22:1

Na mensagem anterior, mostramos que, na vida cristã e na vida da igreja, precisa-


mos de um firmamento brilhante com um trono nele. Ter um firmamento brilhante significa
que não temos nuvens ou escuridão entre nós e o Senhor; e ter o trono significa que
estamos sob o governar dos céus. Todos nós precisamos ter uma vida com um firmamento
brilhante e o trono acima dele. Nesta mensagem, continuaremos a considerar Aquele que
está sentado no trono (Ez 1:26-27).

AQUELE QUE ESTÁ NO TRONO


TEM A APARÊNCIA DE UM HOMEM

O versículo 26b diz: “Sobre esta espécie de trono, estava sentada uma figura
semelhante a um homem”. Aqui, é-nos dito que Aquele que está no trono parece um ho-
mem. Isso é absolutamente diferente do conceito humano e também do conceito religioso,
incluindo o conceito amplamente sustentado no cristianismo hoje. Principalmente, nosso
conceito é que Aquele que está no trono é o Deus onipotente. Você já pensou que o
Senhor no trono não é somente o Deus onipotente, mas também um homem? Oh, Aquele
que se senta no trono é um homem! Entretanto, o versículo 28 fala da “aparência da glória
do SENHOR”. Aquele que está no trono parece um homem, contudo, com Ele, existe a
aparência da glória do Senhor.
Os cristãos percebem, obviamente, que o Senhor Jesus era um homem quando
estava nesta terra. Eles reconhecem o fato que, desde a manjedoura em Belém até o
momento em que Ele estava na cruz no Gólgota, Ele era um homem. Todos nós temos
esse conceito. No entanto, muitos crentes em Cristo não têm considerado que o Senhor
que está no trono hoje ainda é um homem. Ele é um homem ali. Como Aquele que está no
trono, o Senhor ainda é um homem. Embora Ele seja o Deus onipotente, no trono Ele
parece um homem. Portanto, Mateus 19:28 nos diz que, “na restauração”, isto é, na era do
reino vindouro, o Filho do Homem estará sentado no trono da Sua glória.
Quão precioso é que Aquele que está sentado no trono em Ezequiel 1:26 tem a apa-
rência de homem! Esse versículo fala não do Deus onipotente, mas Daquele que tem “a
aparência de homem”. Existe pelo menos um significado duplo no fato que Aquele que
está sentado no trono aqui tem a aparência de homem. Primeiramente, existe, segu-
ramente, uma conexão entre Ezequiel 1:26 e Gênesis 1:26, que diz que Deus criou o
homem à Sua imagem, conforme a Sua semelhança. Segundo, na encarnação, o próprio
Deus se tornou um homem. Tendo a natureza humana, Ele viveu, morreu, ressuscitou e
ascendeu como homem e, agora, no céu, Ele ainda é o Filho do Homem (Jo 6:62; At 7:56).
Na Bíblia, há um pensamento misterioso a respeito do relacionamento entre Deus e
o homem. O desejo de Deus é tornar-Se o mesmo que o homem é a fim de tornar o
homem o mesmo que Ele é. Isto significa que o plano de Deus é mesclar-Se com o homem
e, por meio disso, tornar-Se como o homem e tornar o homem como Ele. O Senhor Jesus
é o homem-Deus; Ele é o Deus completo e o homem perfeito. Podemos também dizer que
Ele é o Deus-Homem. Aquele que nós adoramos hoje é o Deus-Homem. Além do mais,
ser um homem de Deus, como o foi Moisés (Dt 33:1; Js 14:6; Sl 90 [título]), é ser um

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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homem-Deus, um homem que está mesclado com Deus. É um deleite para Deus que todo
o Seu povo escolhido e redimido seja homens-Deus.

O PLANO DE DEUS DE TER UM HOMEM

O plano de Deus na terra é ter um homem. Este é Seu desejo. Por fim, Ele mesmo
se tornou um homem e, hoje, no trono, Ele ainda é um homem. As pessoas podem querer
ser como Deus, mas Deus quer ser um homem. O plano de Deus é trabalhar a Si mesmo
dentro de nós, tornando-nos o mesmo que Ele é e, ainda mais, tornar-Se o mesmo que
somos. Portanto, o plano de Deus é ter um homem e trabalhar-Se dentro desse. Pre-
cisamos ser profundamente impressionados com o fato que o Senhor ainda está no trono
como um homem. No livro de Ezequiel, o termo o filho do homem é usado mais que
noventa vezes. Isso indica o quanto Deus deseja ter um homem.
Se desejamos viver Deus e expressá-Lo, precisamos ser um homem e ter a aparên-
cia de um homem. Ezequiel 1:5 diz que os quatro seres viventes têm a aparência de um
homem, e o versículo 26 diz que Aquele que está no trono tem a aparência de um homem.
O ponto crucial aqui é que, porque o homem foi criado à imagem de Deus a fim de
expressá-Lo, somente o homem é como Deus. Uma pessoa deve ter a aparência de um
homem a fim de viver à imagem de Deus e, portanto, expressá-Lo. Se queremos viver
Deus e expressá-Lo, devemos ser um homem e ter a aparência de um homem. Todo
aquele que não tem a aparência de um homem não pode expressar Deus. Aquele que está
no trono e os quatro seres viventes têm ambos a aparência de um homem, indicando que
os quatro seres viventes na terra são a expressão Daquele que está no trono.
O capítulo um de Ezequiel é o capítulo mais profundo da Bíblia. O pensamento
nesse capítulo é profundo. Temos visto que o trono está acima de um céu claro, acima de
uma expansão espiritual e celestial ou firmamento. A graça de Deus opera num grupo de
pessoas numa extensão tal que sua condição agora é a própria condição do céu. Nessa
condição, indicada por um céu que é puro cristal, o trono de Deus está presente. O lugar
do trono é o lugar onde o céu e a terra estão conectados. Visto que com os seres viventes
na terra existe um trono acima do firmamento brilhante, Deus não é somente o Deus do
céu, mas também o Deus da terra. Mediante esses seres viventes, que têm o trono sobre
suas cabeças, o céu e a terra estão unidos.
Em Ezequiel 1, Aquele que está no trono é a união de Deus com o homem. Portanto,
o lugar onde o trono está, é o lugar onde o céu e a terra estão ligados. Aquele que está no
trono é Deus, contudo Ele manifesta a aparência de um homem. Quando o Senhor Jesus
estava na terra, Ele era Deus manifestado na carne, pois Ele era o homem-Deus e tinha a
aparência de um homem. Interiormente, Ele era Deus, todavia Sua aparência na terra era
a aparência de um homem. Agora, como Aquele que está no trono depois de Sua ascen-
são, Ele ainda é o homem-Deus; Ele é Deus, contudo com a aparência de um homem.
Na vida da igreja hoje, deve haver uma condição onde Deus é manifestado no
homem. Isto significa que, na igreja, devemos ter não somente um firmamento brilhante
com um trono e o Senhor no trono, mas também a expressão, no homem, Daquele que
está no trono. Quando essa é a condição da igreja, haverá nela o grande mistério da
piedade – Deus manifestado na carne (1Tm 3:15-16). Por um lado, existem um firmamento
brilhante, um trono e o Senhor no trono; por outro, a manifestação do Senhor na igreja está
na aparência de um homem. Na vida da igreja, deve haver a manifestação de Deus na
carne. Para que essa seja a situação, deve haver, na igreja, a união gloriosa de Deus com
o homem. Interiormente, devemos ter Deus, mas Deus é manifestado na carne, mani-
festado em e mediante a humanidade normal e adequada. Todos aqueles que estão na
vida da igreja (os irmãos e as irmãs, os anciãos e os jovens) devem se comportar de uma
maneira que é normal e adequada às suas respectivas idades. Em lugar de pretensão,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

deve haver uma genuinidade que é tanto humana quanto divina. Essa é a condição de
Deus sendo manifestado na humanidade.
O plano eterno de Deus é conectar céu e terra e unir Deus e o homem. Deus no céu
quer ganhar o homem na terra para Sua expressão por Se trabalhar dentro do homem. O
desejo do coração de Deus é alcançar o alvo único de conectar céu e terra e unir Deus e o
homem. Onde há essa condição, há o trono. Aquele que está sentado no trono é Deus,
contudo Sua manifestação tem a aparência de um homem. O plano eterno de Deus é ter
essa manifestação. Na igreja hoje, precisamos estar em uma condição onde Deus é
manifestado na aparência de um homem.

LEVAR O HOMEM AO TRONO

A intenção de Deus é trabalhar no homem a fim de que este possa estar no trono.
Você já percebeu que essa é Sua intenção? Podemos ficar satisfeitos em ir para o céu.
Isso pode satisfazer-nos, mas jamais satisfaria a Deus. Deus não ficará satisfeito até que
estejamos no trono.
Em Apocalipse 3:21, o Senhor Jesus diz: “Ao vencedor, Eu lhe darei sentar-se
Comigo no Meu trono, assim como também Eu venci e me sentei com Meu Pai no Seu
trono”. O Senhor Jesus parecia estar dizendo que Ele se tornou um homem, e, como
homem, Ele foi para o trono. A intenção de Deus é levar-nos para o trono. Seu desejo é
fazer-nos pessoas do trono. O reino de Deus não pode vir em plenitude até que estejamos
no trono. Além do mais, o inimigo de Deus não será subjugado até que estejamos no trono.
O alvo de Deus, portanto, não é meramente libertar-nos do inferno, mas levar-nos para o
trono.
Precisamos considerar nossa condição presente à luz da intenção de Deus. Em
muitas coisas, somos descuidados e soltos. O Senhor nos levará para o trono, porém se
somos descuidados e soltos, não estamos preparados para estar no trono. Ninguém pode
sentar no trono de uma maneira que seja indigna ou inadequada. Não concordo com as
formas no cristianismo formal, mas também não concordo com a frouxidão que é larga-
mente difundida hoje. Se você é sério com o Senhor como um cristão e como um discípulo
do Senhor Jesus, você não pode ser solto, descuidado e indisciplinado. Quando o Senhor
Jesus estava na terra, Ele não era descuidado em nada. Muitos crentes hoje, pelo contra-
rio, não parecem ter o conceito e sentimento adequados sobre como ser um ser humano
adequado. Essa pessoa não pode estar no trono.
Deus nos escolheu. Ele nos chamou para o trono. Uma prova forte de que Deus nos
escolheu é que invocamos o nome do Senhor. O chamamento de Deus é para levar-nos
para o trono.

A REBELIÃO DE SANTANÁS CONTRA O TRONO

Por que Deus quer nos levar para o trono? Deus deseja nos levar para o trono por
causa da rebelião de Satanás contra o trono de Deus (Is 14). Se lermos a Bíblia cuidado-
samente, veremos que a maior dificuldade que Deus enfrenta no universo é que Seu trono
tem sofrido oposição e tem sido atacado por forças rebeldes. O trono de Deus é absoluto,
mas uma de Suas criaturas se rebelou e busca exaltar seu trono para ser igual ao de
Deus. Em sua rebelião contra o trono de Deus, Satanás tencionava exaltar seu trono até
os céus e, por meio disso, intrometer-se na autoridade de Deus. Isaías 14:12-14 diz:
“Como caíste do céu, ó estrela da manhã (Lúcifer), filho da alva! (...) Tu dizias no teu
coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono (...) Subirei
acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo”. Desde o tempo da rebelião
de Satanás até agora, tem havido uma disputa no universo a respeito de autoridade. Muito

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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do que está acontecendo na terra é uma expressão da resistência de Satanás ao trono de


Deus. A pergunta crucial é esta: Quem, na realidade, está reinando na terra: Deus ou
Satanás?
Quando o Senhor Jesus estava na terra, Ele era inteiramente submisso à autoridade
de Deus. Obedecer ao Senhor é ser uma pessoa sob o trono. Visto que o Senhor Jesus
obedeceu a Deus Pai e se submeteu à Sua autoridade de modo absoluto, depois que Ele
foi ressuscitado dentre os mortos, Deus Lhe deu toda a autoridade no céu e na terra (Mt
28:18) e O exaltou pondo-O no trono. Agora, Aquele que está sentado no trono não é so-
mente Deus, mas também homem, pois Ele é o mesclar de Deus com o homem. Portanto,
depois da ascensão do Senhor Jesus, há um homem no trono.
O pensamento de Deus está no homem (Hb 2:6), e Ele quer que este O expresse e
exerça Sua autoridade. O homem tem a imagem e o domínio de Deus com Sua autorida-
de. Deus deseja manifestar a Si mesmo mediante o homem, e deseja reinar e administrar
por meio do homem.
A intenção de Deus é subjugar Satanás e redimir muitos daqueles levados cativos
por ele e conduzi-los a Seu trono. Deus não pode receber a plena glória até que sejamos
conduzidos ao trono. Um dia, seremos levados ao trono e, então, Deus poderá se van-
gloriar diante de Satanás. Ele declarará triunfantemente que Seus escolhidos, que foram
levados cativos por Satanás, são levados ao trono.
Entrementes, precisamos perceber que, em nossa condição atual, não estamos
qualificados para estar no trono. Você parece um rei? Se você fosse pesado nas escalas
celestiais para determinar seu peso espiritual, quanto pesaria? Estou preocupado com o
fato que muitos de nós dificilmente pesaríamos alguma coisa. Esse é um assunto muito
sério. Fomos chamados para ser filhos de Deus, e estamos destinados a ser reis, contudo
precisamos que Deus opere em nós e sobre nós para nos qualificar para a realeza.

O SENHOR JESUS É UM HOMEM NO TRONO

Mediante Sua crucificação, ressurreição e ascensão, o Senhor Jesus foi conduzido


ao trono. Um homem verdadeiro cujo nome é Jesus está no trono. Essa é a razão pela
qual declaramos: “Jesus é o Senhor”, e pela qual invocamos: “Ó Senhor Jesus”. Deus
sempre foi o Senhor, mas, agora, um homem está no trono como o Senhor. Mediante Sua
ressurreição e em Sua ascensão, “Deus O fez Senhor e Cristo” (At 2:36). Deus fez Jesus,
um nazareno, o Senhor e, agora, hoje, o Senhor do céu e da terra é um homem.
Você percebe verdadeiramente que o Senhor do universo hoje é um homem? Ale-
luia por esse homem! Não nos parece estranho dizer que Jeová Elohim é o Senhor do
universo. Porém, não nos é fácil perceber que um homem que pôde ser crucificado e
sepultado pode ser o Senhor do universo. Quando Judas e a multidão vieram para prendê-
Lo, Ele não fugiu. Ele, voluntariamente, fez-Se fraco e permitiu-Se ser preso e crucificado.
Nas palavras de 2 Coríntios 13:4, “Ele foi crucificado em fraqueza”. Todavia, depois que foi
crucificado e sepultado, Deus O ressuscitou e O pôs à Sua direita, fazendo-O o Senhor de
todo o universo. Hoje, o Senhor do universo é um homem.

O SENHOR JESUS É
O PIONEIRO PARA O TRONO

Também precisamos ver que o Senhor Jesus liderou o caminho para o trono. Ele foi
o Pioneiro, o Precursor (Hb 6:20), abrindo a vereda para o trono (2:10). Isto indica que Ele
não é o único homem destinado ao trono. Ele abriu a vereda e tomou a liderança de modo
que possamos seguir. Ele foi o primeiro a ir para o trono, e chegaremos depois Dele. Ago-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ra, estamos marchando para o trono, pois Deus planeja nos levar para a glória e nos colo-
car no trono.

A APARÊNCIA DO HOMEM NO TRONO

Ezequiel 1:27 diz: “Vi-a como metal brilhante, como fogo ao redor dela, desde os
seus lombos e daí para cima; e desde os seus lombos e daí para baixo, vi-a como fogo e
um resplendor ao redor dela”. Aqui, vemos que a aparência do homem no trono tem dois
aspectos: Desde os Seus lombos e daí para cima, Ele parece o electro, e desde os Seus
lombos e daí para baixo, Ele parece o fogo. Por que Sua parte superior parece o electro, e
Sua parte inferior parece o fogo? A parte superior de um homem, dos seus lombos até a
sua cabeça, é a parte do sentimento, da sensação. Essa parte significa sua natureza e dis-
posição. Segundo Sua natureza e disposição, o Senhor Jesus no trono parece o electro. A
parte inferior do corpo de um homem é para movimento. A aparência do fogo dos lombos
para baixo significa a aparência do Senhor em Seu mover.
Quando o Senhor Jesus vem até nós, Ele vem primeiramente como o fogo. Quando
Ele permanece conosco, Ele se torna o electro. Além do mais, sempre que o Senhor se
move por meio de nós, Ele se move como o fogo para queimar, iluminar e sondar. Depois
desse queimar, algo permanecerá e isso será o electro – uma mistura de ouro e prata que
significa o Deus-Cordeiro, o Deus redentor.
Deus quer que nós O ganhemos como o electro. A fim de que essa seja nossa expe-
riência, Ele deve primeiramente vir até nós como o fogo para iluminar, sondar e queimar.
Então, mediante o fogo, Ele se torna o electro para nós. Portanto, se desejamos ganhá-Lo
como o electro, precisamos experienciá-Lo como o fogo.
Por fim, precisamos perceber que nada bom habita em nós. Semelhante a Paulo, de-
vemos poder dizer: “Eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum”
(Rm 7:18a). O que vem a seguir é uma lista parcial das coisas negativas que temos dentro
de nós: divisão, disputa, ódio, inveja, temperamento, amor-próprio, alvos-próprios, ambi-
ção, egoísmo, ego e muitas outras coisas horrendas e malignas. Todos nós somos cheios
dessas coisas, mas podemos ter muito pouco do Senhor. Portanto, precisamos que o
Senhor venta até nós e queime todas essas coisas negativas. Depois que essas coisas
forem queimadas, o electro, o Deus redentor, permanecerá em nós.
Não importa quão brilhante nosso firmamento está e quanto podemos ter o trono em
nosso firmamento, ainda precisamos da presença do Senhor como o fogo que ilumina,
sonda e queima, de modo que possamos tê-Lo permanecendo em nós como o electro.
Essa é a visitação do Senhor conosco, e esse é o mover do Senhor conosco e sobre nós.
É uma grande bênção estar sob a visitação do Senhor. O Senhor vem até nós como um
fogo consumidor e nós O ganhamos como o electro. Muitas vezes, não há necessidade de
declararmos que temos esse Deus. Quando outras pessoas estão conosco, elas podem
sentir que temos o electro, o Deus redentor, permanecendo conosco. Elas podem ter tam-
bém a impressão que não somos leves, mas somos pessoas de peso. Somos pesados
com electro, pesados com o Deus-Cordeiro.

TEM UM ARCO-ÍRIS

A essa altura, os quatro seres viventes não são apenas para a manifestação do
Senhor nem somente para o Seu mover, mas também para a administração, o governo, do
Senhor. O Senhor está entre eles e acima deles para Sua manifestação, mover e governo.
Isso é verdadeiramente maravilhoso.
Como resultado de termos um firmamento brilhante com o trono, e de experienciar
um homem que tem a aparência do electro e de um fogo consumidor, teremos a aparência

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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de um arco-íris. Ezequiel 1:28 diz: “Como o aspecto do arco que aparece na nuvem em dia
de chuva, assim era o resplendor em redor. Esta era a aparência da glória do SENHOR”.
Um arco-íris é o resplendor ao redor do homem que está no trono. Esse resplendor
significa o esplendor e glória ao redor do Senhor no trono.
A fim de entender o significado do arco-íris, precisamos nos lembrar do arco-íris no
tempo de Noé. Um dilúvio havia destruído toda a terra, e somente oito pessoas foram
poupadas daquele juízo. Depois disso, quando as pessoas viam nuvens tempestuosas no
céu poderiam ficar temerosas de ser destruídas. Portanto, Deus fez uma aliança na qual
Ele prometeu nunca mais destruir todos os seres vivos pelo dilúvio, e colocou o arco-íris na
nuvem como um sinal dessa aliança. “Porei nas nuvens o meu arco; será por sinal da
aliança entre mim e a terra. Sucederá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e nelas
aparecer o arco, então, me lembrarei da minha aliança, firmada entre mim e vós e todos os
seres viventes de toda carne; e as águas não mais se tornarão em dilúvio para destruir
toda carne. O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei da aliança eterna entre
Deus e todos os seres viventes de toda carne que há sobre a terra” (Gn 9:13-16). O arco-
íris, por conseguinte, era um sinal da fidelidade e promessa de Deus de não destruir a raça
humana caída com um dilúvio.
Em Seu juízo e destruição da raça humana caída no tempo de Noé, Deus poupou
alguns por Sua fidelidade. Essa também é nossa situação como crentes em Cristo. Preci-
samos perceber que temos sido poupados por Deus. Todos nós somos caídos e mere-
cemos ser destruídos, mas Deus tem nos poupado. Louvado seja o Senhor, pois temos
sido poupados por Sua fidelidade! Agora, temos um arco-íris como um sinal da fidelidade
de Deus. Embora Deus seja um Deus santo e um fogo consumidor e ninguém possa existir
em Sua presença, por Sua fidelidade, temos sido poupados.
No arco-íris, há várias cores diferentes, contudo as cores básicas são apenas três:
vermelho, amarelo e azul. Quando essas cores estão brilhando e se mesclam, elas produ-
zem outras cores, como laranja, verde e violeta. É muito significativo que as três cores
primárias do arco-íris sejam vermelho, amarelo e azul, pois elas correspondem àquilo que
já vimos em Ezequiel. O trono parece uma pedra de safira azul, o electro é amarelo e o
fogo é vermelho. Pelo seu brilhar e refratar, essas três cores se combinam para fazer o
arco-íris.
Agora, precisamos ver o significado espiritual dessas três cores. Azul significa o
trono. Segundo Salmos 89:14, o fundamento do trono de Deus é a justiça. Isso indica que
o trono azul significa a justiça de Deus. O fogo significa o fogo santificador, separador e
consumidor. Isso significa que o vermelho aqui se refere à santidade de Deus. Amarelo
significa a glória de Deus no electro incandescente. Portanto, temos aqui a justiça, a
santidade e a glória de Deus retratadas pelas cores azul, vermelho e amarelo.
A justiça, a santidade e a glória de Deus são três atributos divinos que mantêm os
pecadores longe de Deus. Antes que fôssemos salvos, éramos mantidos longe de Deus
por Sua justiça, santidade e glória. Contudo, o Senhor Jesus veio, morreu na cruz e satis-
fez as exigências da justiça, santidade e glória de Deus, e foi ressuscitado, e é agora
nossa justiça, santificação e redenção (1 Co 1:30). Ele é também, agora, nossa glória. Em
nós mesmos carecemos da glória de Deus (Rm 3:23), estamos sob o justo juízo de Deus e
somos mantidos longe da santidade de Deus. Mas agora, como crentes, estamos em
Cristo, e Ele se tornou nossa justiça, santidade e glória. Além do mais, visto que estamos
em Cristo, ainda portamos Cristo como justiça, santidade e glória. Uma vez que estamos
em Cristo, à vista de Deus, parecemos justiça, santidade e glória.
Isto não deve ser simplesmente uma doutrina ou um ensinamento para nós. Preci-
samos experienciar Cristo de tal maneira que, quando os outros nos contatarem, possam
sentir a justiça, a santidade e a glória. Isto significa que eles devem poder sentir que temos
um firmamento brilhante, um trono, e que somos justos e adequados, não descuidados ou

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soltos em hipótese alguma. Devemos também ter o electro, o incandescer, o brilhar e o


peso. Então, teremos a aparência de um arco-íris, e os anjos, os demônios e Satanás
poderão vê-los. Esse arco-íris é o sinal da fidelidade de Deus ao poupar a nós, os caídos.
Como aqueles que eram caídos, mas que agora foram salvos, tornamo-nos um testemu-
nho da fidelidade de Deus ao salvar-nos. Toda igreja local deve dar testemunho desse
arco-íris.
Até mesmo a Nova Jerusalém tem a aparência de um arco-íris. As pedras de funda-
mento da Nova Jerusalém são em doze camadas, com cada camada sendo de uma cor
diferente (Ap 21:19-20). Há algum tempo, eu li um artigo que afirmava que as doze cama-
das das pedras de fundamento têm a aparência de um arco-íris na cor. A partir disso,
vemos que a cidade santa, a Nova Jerusalém, parece um arco-íris. Esse arco-íris significa
que a cidade é edificada sobre e guardada pela fidelidade de Deus ao manter Sua aliança.
Esse arco-íris declarará pela eternidade que, quando Deus julgou os pecadores segundo
Sua justiça, Ele não destruiu a todos, mas salvou muitos da destruição como testemunho
de Sua fidelidade. Na eternidade, nós, o agregado dos salvos, seremos um arco-íris tes-
tificando para sempre que nosso Deus é justo e fiel.
Nós, os poupados por Deus, seremos essa cidade santa. Por Sua justiça, santidade
e glória, teremos a aparência de um arco-íris, declarando a todo o universo a fidelidade
salvadora de Deus. No final da Bíblia, existe uma cidade cujo fundamento tem a aparência
de um arco-íris ao redor do Deus eterno como Seu forte testemunho. A experiência da vida
cristã e da vida da igreja consumar-se-á nesse arco-íris.
Quando esse arco-íris aparecer, Deus terá o cumprimento do desejo do Seu cora-
ção. Por todas as eras, Deus tem julgado o homem caído segundo Seu trono justo, Seu
fogo santo e Sua natureza gloriosa. Não obstante, Deus salvou alguns a tal ponto que eles
se tornaram um arco-íris brilhante refletindo Sua glória e dando testemunho Dele e de Sua
fidelidade para sempre. O aparecimento desse arco-íris indica que o céu e a terra foram
conectados, e que Deus e o homem foram unidos. Ao redor do trono na Nova Jerusalém,
haverá um grupo de pessoas que receberam salvação por causa da fidelidade de Deus, e,
pela eternidade, eles serão um arco-íris refletindo o esplendor da justiça, santidade e glória
de Deus. Nesse ponto, o plano do Deus eterno será realizado.
Embora esse arco-íris seja manifestado na eternidade, a realidade espiritual desse
arco-íris brilhante deve ser manifesta na igreja hoje. Na vida da igreja, precisamos permitir
que Deus trabalhe em nós e precisamos receber graça até o ponto que tudo se torne puro,
justo e santo. Isso significa que o fogo santo de Deus deve queimar tudo que não é compa-
tível com Ele, de modo que Sua natureza seja manifestada como ouro brilhante em e me-
diante a humanidade dos irmãos e irmãs. Então, a igreja será cheia da justiça, santidade e
glória de Deus. Essas três características se combinarão e refletirão umas às outras para
formar um arco-íris brilhante expressando Deus e testificando Dele.
Uma vez mais, digo que isso não deve ser meramente um ensinamento para nós.
Antes, a realidade desse arco-íris deve ser trabalhada em nós, de modo que os poupados
por Deus, tenham a aparência de um arco-íris, dando testemunho Dele e declarando Sua
fidelidade a todo o universo. Isto significa que portaremos a justiça, santidade e glória de
Deus.
Ezequiel disse que o que ele viu era a aparência da glória do Senhor. “Vendo isto,
caí com o rosto em terra e ouvi a voz de quem falava” (Ez 1:28b). Se desejamos ouvir a
palavra do Senhor nos capítulos a seguir de Ezequiel, todos nós precisamos chegar ao
mesmo ponto: sob um firmamento brilhante, em frente ao trono com um homem sentado
nele e tendo o arco-íris brilhante e refletor. Esse é o lugar onde podemos ouvir a voz de
cima. Estar aqui nos posiciona para ouvir a voz falando dos céus. Espero que cada um de
nós chegue a esse ponto, e também espero que todas as igrejas locais também estejam
aqui. Então, o Senhor terá um caminho para nos falar.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM TREZE

A DEGRADAÇÃO DO POVO DE DEUS

Leitura bíblica: Ez 20:6; 6:9; 11:12b; 13:4-5, 17-18; 14:3, 5; 22:25-30; 3:7; 2:3-4, 6;
22:13-19

Conforme mostramos na primeira mensagem, o livro de Ezequiel tem quatro seções.


A primeira seção, que consiste do capítulo um, apresenta uma visão da aparência da glória
do Senhor. Esse capítulo revela como Deus é manifestado, como Ele se move e como
administra Seu governo mediante a coordenação dos quatro seres viventes. A segunda se-
ção inclui os próximos trinta e um capítulos e cobre o juízo de Deus por fogo. Nessa seção,
vemos que Deus julga Seu povo e as nações gentias por Si mesmo como um fogo con-
sumidor. A terceira seção (caps. 33 – 39) diz respeito à restauração de Deus do Seu povo
pela vida. Depois de realizar Seu juízo, Deus vem para restaurar. Enquanto o juízo de
Deus é por fogo, Sua restauração é pela vida. A última seção (caps. 40 – 48) cobre o edi-
fício santo de Deus. O resultado, a conseqüência, da restauração de Deus pela vida é um
edifício santo, que é a consumação de todo o livro de Ezequiel. Portanto, as quatro seções
de Ezequiel cobrem quatro coisas principais: a visão da aparência da glória do Senhor, o
juízo pelo fogo, a restauração pela vida e o edifício santo de Deus. Esse é um esboço do
livro de Ezequiel, um livro que começa com uma visão gloriosa e termina com um edifício
santo. Isso indica que o alvo de Deus é o edifício.
Vimos também que o livro de Ezequiel e o livro de Apocalipse são similares. Como
Ezequiel, Apocalipse cobre os quatro assuntos: visão, juízo, restauração e edifício, e os
cobre na mesma sequência que encontramos em Ezequiel. A visão do Senhor em Apoca-
lipse 1 é seguida pelo juízo, restauração e edifício de Deus. Por fim, o livro de Apocalipse,
da mesma forma que o livro de Ezequiel, termina com o edifício de Deus com suas doze
portas. Disso, vemos que os livros de Ezequiel e Apocalipse não são apenas similares,
mas são também paralelos um ao outro. O primeiro é sobre a história do povo de Deus no
Antigo Testamento; o último é uma revelação da igreja no Novo Testamento. O povo de
Deus do Antigo Testamento era uma sombra, uma prefiguração, um tipo da igreja no Novo
Testamento.
Se lermos Ezequiel cuidadosamente, perceberemos que ele retrata um quadro da
igreja. Num sentido, o quadro no Antigo Testamento é mais claro e completo que a revela-
ção no Novo Testamento. Portanto, ao ler Ezequiel, não devemos meramente estar preo-
cupados com a história de Israel ou com profecias a seu respeito, mas devemos considerar
o quadro claro da igreja, em particular, o quadro revelado aqui da situação degradada da
igreja. Visto que a degradação de Israel é uma figura da degradação do cristianismo, o que
vemos nesse quadro é aplicável à situação atual.
Nesta mensagem, começaremos a considerar a segunda seção de Ezequiel: o juízo
de Deus por fogo. Nos capítulos dois a vinte e quatro, vemos o juízo de Deus sobre Israel,
Seu povo escolhido, e nos capítulos vinte e cinco a trinta e dois, Seu juízo sobre os
gentios, as nações. O juízo de Deus vem primeiramente sobre Seu povo, os filhos de Israel
e, em seguida, sobre os gentios. Isso é compatível com o principio no Novo Testamento,
visto tanto no livro de Apocalipse quanto em 1 Pedro, que Deus julga primeiramente Sua
casa (1 Pe 4:17) e, depois, os incrédulos.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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TRÊS ESTÁGIOS DO DESFRUTE DE CRISTO

No Antigo Testamento, Israel era o povo escolhido e eleito de Deus. Deus o havia
libertado do Egito e introduzido na boa terra. O fato de Deus colocar o povo de Israel na
boa terra tipifica Deus nos colocando em Cristo, que é nossa boa terra hoje. Ezequiel 20:6
diz que a boa terra é a glória de todas as terras. Cristo é a glória na terra, e Deus nos
colocou no Cristo glorioso, que, em Suas insondáveis riquezas, é uma terra que mana leite
e mel.
O povo de Israel experimentou três estágios do desfrute de Cristo. No primeiro
estágio, eles desfrutaram Cristo no Egito como a Páscoa com o pão asmo e as ervas
amargas. No segundo estágio, eles desfrutaram Cristo enquanto estavam perambulando
no deserto como o maná celestial e a água viva. No terceiro estágio, desfrutaram Cristo
como a terra, cheia do rico produto.
Esses três estágios são compatíveis com nossa experiência hoje como crentes em
Cristo. Quando fomos salvos, desfrutamos Cristo como nossa Páscoa. Depois começamos
a desfrutar Cristo como nossa porção diária, nosso maná diário. Entretanto, esse não é o
desfrute final e máximo de Cristo. O desfrute final e máximo de Cristo é desfrutá-Lo na
igreja como a boa terra com todas as Suas riquezas insondáveis.
No que diz respeito a Cristo como a boa terra, Ezequiel 20:6 diz: “Naquele dia
levantei a minha mão para eles, jurando que eu os tiraria da terra do Egito para uma terra
que lhes tinha espiado, que mana leite e mel, a qual é a glória de todas as terras” (TB).
Leite e mel, os quais são o resultado do mesclar da vida vegetal com a vida animal, repre-
sentam as riquezas da boa terra de Canaã. Em Cristo, existem tanto o alimento espiritual
(mel) quanto a bebida espiritual (leite). Tanto o leite quanto o mel são o resultado de Cristo
ser os dois tipos de vida: a vida redentora, tipificada pela vida animal, que tem sangue, e a
vida geradora ou multiplicadora, a vida tipificada pela vida da planta ou vegetal. Por um
lado, a vida do Senhor Jesus é uma vida redentora – uma vida que tem o sangue que foi
derramado para nossa redenção. Por outro lado, a vida do Senhor Jesus é uma vida pro-
dutora e geradora – uma vida que foi liberada mediante Sua morte na cruz para Sua mul-
tiplicação e aumento. Esses dois aspectos de Sua vida foram mesclados para produzir leite
como nossa bebida espiritual e mel como nosso alimento espiritual. Cristo é agora nosso
leite e mel, e, como tal, Ele é nosso suprimento e desfrute. Se permanecermos Nele como
nossa boa terra, desfrutaremos as riquezas de Seu suprimento.
Finalmente, Israel, o povo escolhido de Deus, estava vivendo na boa terra com um
templo e uma cidade. O templo significa a casa de Deus, e a cidade significa o Seu reino.
A presença de Deus está em Sua casa e a autoridade de Deus está em Seu reino. Na vida
da igreja hoje, desfrutamos Cristo como nossa boa terra e, portanto, temos a presença e a
autoridade de Deus. Visto que somos os eleitos de Deus vivendo em Cristo e desfrutando
tudo que Ele é, na vida da igreja adequada e normal, temos o templo de Deus com Sua
presença e o reino de Deus com Sua autoridade.

OS DIREITOS, PRIVILÉGIOS
E A POSIÇÃO DO POVO DE ISRAEL

A essa altura, precisamos considerar os direitos, privilégios e posição do povo de Is-


rael.

O eleito de Deus

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Israel era o eleito de Deus, Seu povo escolhido. Como Seu eleito, eles deviam ser
separados das nações e deviam ser diferentes deles. O princípio é o mesmo com Israel no
Antigo Testamento e com a igreja no Novo Testamento.

A videira de Deus

Israel não era somente o eleito de Deus, mas também a videira de Deus. A videira de
Deus é para o cumprimento de Sua economia. João 15 revela que Cristo é a videira
verdadeira e que somos os ramos. Como um todo, Cristo e nós somos uma videira para a
economia de Deus. À videira, Deus concede Sua rica visitação com o suprimento da luz do
sol, ar, chuva, solo e muitas outras coisas que são necessárias para que a videira cresça e
produza algo.
Essa videira consiste não somente de seres humanos, mas de seres humanos
unidos à pessoa divina. Isso significa que a videira é uma combinação do Ser Divino com
muitos seres humanos. Essa videira é para a economia de Deus, e ela deve produzir algo
que pode tornar Deus feliz e levar as pessoas a se regozijar. Como o povo escolhido e
eleito de Deus, Israel era a videira de Deus para Sua economia. Cristo com a igreja é a
videira de Deus hoje.
Na Bíblia, a videira significa o povo de Deus visto que eles estão sob Seu cuidado e
em união com Ele. A videira em João 15 é formada pela união do Cristo glorioso, o Filho
de Deus, e todos aqueles que creem para dentro Dele e Lhe pertencem. Essa união
resulta no fluir da vida divina, e essa vida se torna a videira que traz alegria tanto para
Deus quanto para o homem. Portanto, com a videira, temos quatro pontos cruciais: o
cuidado de Deus em Sua graça, a união de Deus com o homem, o fluir da vida divina e o
produto da videira para alegria de Deus e do homem.
Em Sua graça e em Seu cuidado por nós, os crentes, Deus nos colocou em Cristo
(1Co 1:30) e, agora, Ele está nos cultivando para que vivamos em união com Cristo. Ele é
a videira, e nós somos os ramos (Jo 15:5a). Estamos Nele e Ele está em nós. À medida
que permanecemos Nele, a vida divina flui produzindo fruto, e uvas são produzidas. Por
fim, essas uvas se tornam o vinho para agradar a Deus e aos homens (Jz 9:13).

A noiva de Deus

Israel também era a noiva de Deus, Seu complemento, para Sua satisfação. Enquan-
to a videira é uma questão do fluxo de vida e da manifestação da graça, a esposa é uma
questão de amor e de satisfação. Deus não quer ficar sozinho, antes quer ter uma noiva.
Gênesis 2:18 diz que não é bom que o homem esteja só. Em tipologia, isto significa que
não é bom para Cristo, para Deus, ficar sozinho. Cristo deseja ter uma noiva. Segundo
Ezequiel 16 e 23, Israel era a noiva de Deus na época do Antigo Testamento. Hoje, a igreja
é a noiva de Cristo para Sua satisfação (Jo 3:29; Ap 19:7). O que mais satisfará a Deus e
levá-Lo-á ao maior prazer será a igreja como Sua noiva, Seu complemento.

O rebanho de Deus

A casa de Israel também era o rebanho de Deus. No Antigo Testamento, Deus tinha
um rebanho na terra que estava sob Seu cuidado e esse rebanho era Israel. Hoje, a igreja
é o rebanho de Deus, sob Seu cuidado (1 Pe 5:2).

Um tesouro precioso

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Em acréscimo, o povo de Israel fora escolhido por Ele para ser um tesouro precioso
e peculiar (Êx 19:5). Quão maravilhosa era a posição de Israel diante de Deus! Eles eram
Seus eleitos, Sua vinha, Seu rebanho, e Seu tesouro. Esses eram os direitos, privilégios e
posição do povo de Israel.

A CONDIÇÃO DO POVO DE ISRAEL

Infelizmente, a verdadeira condição de Israel era muito pobre. Se lermos o longo


registro em Ezequiel do capítulo dois ao vinte e quatro, podemos nos sentir como que
chorando sobre a condição lamentável de Israel.

Uma casa rebelde

O povo de Israel era o eleito de Deus, contudo eles se tornaram rebeldes contra
Deus. Muitas vezes, nesses vinte e três capítulos, Deus disse que Israel era uma nação
rebelde, uma casa rebelde. Em 2:3, o Senhor disse a Ezequiel: “Filho do homem, eu te
envio aos filhos de Israel, às nações rebeldes que se insurgiram contra mim; eles e seus
pais prevaricaram contra mim”. Nos versículos 5 e 6, Deus se referiu a eles como “uma
casa rebelde”, e, no versículo 7, Ele disse que eles “são [muito] rebeldes”. Eles eram os
eleitos de Deus, mas eles haviam se tornado rebeldes contra Deus.

Abrolhos e espinhos

O povo de Israel era a videira de Deus, mas eles se tornaram sarças e espinhos
(2:6). Uma videira deve produzir uvas como frutas para comer e para fabricar vinho. No
lugar de produzir uvas, Israel se tornou sarças e espinhos. Eles se tornaram uma planta
que aferroa, fere e danifica, que não produz fruto nem vinho. O eleito de Deus se torna
rebeldes, e a videira de Deus e torna sarças e espinhos.

Uma prostituta

Além do mais, embora o povo de Israel fosse a noiva de Deus, eles se tornaram uma
prostituta. Eles tinham um “coração dissoluto” e “se prostituíram após os seus ídolos” (6:9).
Que situação miserável! Nos capítulos dezesseis e vinte e três, Deus disse que Seu
coração estava quebrantado por causa do coração dissoluto deles. Como um Marido
querido, Deus estava ferido, pois Seu povo havia se tornado uma esposa dissoluta.

Escorpiões

Segundo o registro em Ezequiel, o que se tornou Israel como o rebanho de Deus?


Em 2:6, vemos que o rebanho de Deus se tornou escorpiões. Como rebanho de Deus, eles
deveriam ter sido ovelhas que produzissem carne para nutrir as pessoas e lã para aquecê-
las. Contudo, eles se tornaram escorpiões, e com escorpiões não há produção, mas
somente ferroada.

Escória

Ezequiel 22:18 diz: “Filho do homem, a casa de Israel se tornou para mim em
escória; todos eles são cobre, estanho, ferro e chumbo no meio do forno; em escória de
prata se tornaram”. Isto revela que Israel, o tesouro precioso de Deus, havia se tornado es-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

cória, material inútil que permanece depois que o ouro e a prata são refinados. Como elei-
tos de Deus, eles se tornaram rebeldes; como videira de Deus, eles se tornaram abrolhos
e espinhos; como a noiva de Deus, eles se tornaram uma prostituta; como rebanho de
Deus, eles se tornaram escorpiões; e como tesouro de ouro e de prata de Deus, eles se
tornaram escória.
Esse quadro de Israel pode ser aplicado à situação do cristianismo hoje. Em sua
posição, os cristãos são os eleitos de Deus, contudo muitos se têm tornado rebeldes
contra Deus. No lugar de ser uma videira, eles se tornaram abrolhos e espinhos. Em vez
de ser uma esposa, eles se tornaram uma prostituta. Segundo Apocalipse 17 e 18, o cristi-
anismo hoje não é uma noiva, mas uma grande prostituta com muitas filhas prostitutas.
Assim, o cristianismo hoje é inteiramente uma prostituição. Além do mais, entre os cristãos,
o que vemos hoje não é um rebanho produzindo carne e lã para os outros, mas escorpiões
que aferroam. Finalmente, embora alguns cristãos hoje possam ser um tesouro para Deus,
a maior parte se tornou escória.

AS RAZÕES PARA A DEGRADAÇÃO DE ISRAEL

Como esse povo maravilhoso que era os eleitos de Deus, a videira de Deus, a noiva
de Deus, o rebanho de Deus e o tesouro de Deus pôde se tornar rebelde, abrolhos e es-
pinhos, uma prostituta, escorpiões e escória? A fim de responder essa pergunta, precisa-
mos considerar as razões para a degradação de Israel.

Idolatria

A primeira razão para sua degradação foi sua idolatria. Ezequiel fala muitas e muitas
vezes sobre os ídolos entre o povo de Israel. Não devemos considerar que um ídolo seja
sempre uma imagem exterior. Ídolos são substitutos para Deus. Ezequiel 14:3 diz: “Filho
do homem, estes homens levantaram os seus ídolos dentro do seu coração”. Aqueles que
levantam ídolos em seu coração estão apartados do Senhor mediante seus ídolos (v. 5). O
versículo 4 diz: “Portanto, fala com eles e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Qualquer
homem da casa de Israel que levantar os seus ídolos dentro do seu coração, e tem tal
tropeço para a sua iniqüidade, e vier ao profeta, eu, o SENHOR, vindo ele, lhe responderei
segundo a multidão dos seus ídolos”. Nesses versículos, vemos um princípio: Todos aque-
les que têm ídolos dentro de si e, todavia, buscam a Deus de uma maneira exterior não
podem encontrá-Lo. Deus não será encontrado por aqueles que levantam seus ídolos em
seus corações. Aqueles que buscam o Senhor de todo o seu coração encontrá-Lo-ão (Jr
29:13). No entanto, Deus não será encontrado por aqueles que O buscam exteriormente,
contudo têm ídolos interiormente. Se existir ídolo em nosso coração, algo nele que nos
ocupa no lugar de Deus, ser-nos-á inútil buscar a Deus, pois, nessa situação, Deus não
tem uma maneira de ser encontrado por nós.
Qualquer coisa dentro de nós que seja um substituto para Deus é um ídolo. Tudo
que amamos mais que o Senhor é um ídolo. Conhecimento, educação, dinheiro, vestes,
esposa, marido, filhos – tudo isso pode ser ídolos, algo ou alguém que amamos mais que
Deus e que O substitui em nossa vida. Tudo que é mais importante para nós que o Senhor
é um ídolo. A primeira razão para a queda e degradação de Israel foi a idolatria.
O princípio é o mesmo com a degradação da igreja. Em Apocalipse 2, vemos que a
degradação das igrejas começou com o abandono do primeiro amor (v. 4). O Senhor Jesus
disse que a igreja em Éfeso tinha muitas obras boas, contudo Ele tinha algo contra eles,
pois tinham deixado seu primeiro amor por Ele. Isso indica que tinham alguns ídolos. Se
não amamos o Senhor com o primeiro amor, isto é um sinal que temos algum tipo de ídolo.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Tudo que amamos mais que o Senhor, é nosso ídolo. Se percebermos isso, veremos que
a causa da degradação de Israel e da igreja é exatamente a mesma.
O povo de Israel adorava ídolos como substitutos para Deus. A situação é a mesma
com muitos cristãos hoje. A maior parte dos cristãos perdeu seu primeiro amor. Alguns
amam sua obra missionária muito mais do que amam o próprio Senhor. Outros amam seu
estudo da Bíblia ou sua expansão evangelística muito mais que o Senhor. Muitos se inte-
ressam por Sua obra, mas não se interessam pelo Senhor. O Dr. A. W. Tozer da Aliança
Cristã e Missionária disse uma vez que, se o Senhor Jesus entrasse numa conferência de
líderes cristãos, eles não O reconheceriam. Embora possam estar discutindo sua obra pelo
Senhor, se Ele chegasse à sua reunião, eles não O conheceriam. A observação de Tozer
indica que é comum para os cristãos amarem muitas coisas que não o próprio Senhor.

Associação com o mundo

Os ídolos levam as pessoas a uma associação com o mundo. O povo de Israel tinha
ídolos, e, por meio deles, eles foram levados a entrar em contato e associar-se com o
mundo, isto é, com as nações pagãs. Isto indica que, tão logo tenhamos algo dentro de
nós que é um substituto para o Senhor, ficaremos associados com o mundo. Podemos
amar várias coisas em lugar do Senhor: dinheiro, posição, um bom trabalho, um
automóvel, uma casa, um bom viver, e até mesmo nosso marido, nossa esposa ou filhos.
Tudo que amamos mais que o Senhor nos levará a nos associarmos com o mundo e nos
guiará ao mundanismo.

Andar segundo a maneira das nações

Depois que o povo de Israel se tornou associado com as nações, eles começaram a
andar segundo os modos e costumes delas. Isto significa que eles seguiram as nações.
Precisamos perceber que as três causas da queda e degradação de Israel são tam-
bém as causas principais da queda e degradação do cristianismo hoje. Essas causas são:
amar algo mais que o Senhor ou em lugar do Senhor, associação com o mundo e andar
segundo a maneira dos pagãos.
Embora estejamos na restauração do Senhor, estou preocupado com o fato que al-
guns ainda possam ter um ídolo dentro deles, ainda possam estar associados com o
mundo, e, em seu viver diário, ainda possam andar segundo a maneira dos pagãos. Não
devemos moldar nossa vida segundo os incrédulos de maneira alguma. Por exemplo, não
devemos seguir os incrédulos na questão do estilo da vestimenta. Não devemos nos
interessar por qualquer estilo particular, mas devemos nos interessar em ter uma aparên-
cia exterior adequada. A maneira como vivemos, a maneira como gastamos nosso dinhei-
ro, e a maneira como nos vestimos não devem ser segundo a maneira das nações. Somos
um povo santo, e, por essa razão, devemos ser diferentes das pessoas mundanas.

OS TIPOS DE PESSOAS
ENTRE OS FILHOS DE ISRAEL

Agora, continuemos a considerar os vários tipos de pessoas entre os filhos de Israel


descritos nesses capítulos de Ezequiel.

Os sacerdotes

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Ezequiel 22:26 diz: “Os seus sacerdotes transgridem a minha lei e profanam as
minhas coisas santas; entre o santo e o profano, não fazem diferença, nem discernem o
imundo do limpo e dos meus sábados escondem os olhos; e, assim, sou profanado no
meio deles”. Aqui, vemos que os sacerdotes transgrediam a palavra de Deus, profanavam
as coisas santas, e até mesmo profanavam o próprio Senhor. Eles não faziam distinção
entre o santo e o profano, entre o imundo e o limpo. Visto que eles não ministravam a pala-
vra de Deus, mas, em vez disso, violavam-na, trapaceavam e roubavam o povo. Eles
faziam violência à palavra do Senhor e profanavam o nome de Deus. Essa também é a
situação com determinados mestres no cristianismo hoje. Eles ministram a palavra de
Deus de uma maneira violenta, trapaceando e desencaminhando outros pelo uso errado
da Palavra e profanando o nome de Deus.

Os reis

Ezequiel 22:27 continua a dizer que os príncipes, os reis, estavam no meio da terra
como lobos que arrebatavam a presa, derramando sangue e destruindo almas por lucros
desonestos. Semelhantes a muitos no cristianismo hoje, eles estavam ansiosos para se
apossar de algo para seu próprio ganho.

Os profetas

Ezequiel 22:25 nos diz que os profetas eram como um leão que ruge devorando
almas. Eles tomavam o tesouro e as coisas preciosas, multiplicando suas viúvas.
Ezequiel 13:4-5 diz: “Os teus profetas, ó Israel, são como raposas entre as ruínas.
Não subistes às brechas, nem fizestes muros para a casa de Israel, para que ela perma-
neça firme na peleja no Dia do SENHOR”. Como raposas entre as ruínas, os profetas
amavam se esconder e viver em lugares desolados. É difícil para uma raposa viver em
uma casa adequada, porém quando uma casa está desolada, elas podem entrar. Além do
mais, os profetas não preencheriam as brechas nem fariam muros durante o tempo da
peleja. A situação hoje é similar, pois muitos poucos cristãos estão dispostos a permanecer
nas brechas pela restauração do Senhor e pelos interesses do Senhor.
No tempo de Ezequiel, havia muitos falsos profetas que profetizavam segundo seu
próprio coração. Em 22:28, Ezequiel usou uma parábola para descrever o modo deles de
profetizar: “Os seus profetas lhes encobrem isto com cal por visões falsas, predizendo
mentiras e dizendo: Assim diz o SENHOR Deus, sem que o SENHOR tenha falado”. Aqui,
Ezequiel disse que a maneira deles de profetizar era como pintar as paredes grosseira-
mente com argamassa não temperada. A argamassa é feita de cal e deve ser inteiramente
saturada com água antes de ser aplicada a uma parece. Isso geraria uma argamassa
temperada adequadamente. Se a argamassa não está inteiramente saturada com água
antes de ser aplicada à parede, a chuva a tirará, e a parede se desintegrará. O significado
dessa parábola é que muitos profetas ministravam a palavra de Deus de uma maneira que
não era temperada adequadamente. Ministrar a palavra de Deus dessa maneira
destemperada é não ser saturado com o Espírito Santo e não estar encharcado com a
experiência de vida. Hoje, muitos pregadores e mestres estão pintando grosseiramente
com a argamassa destemperada. Eles podem ministrar um bom sermão, todavia, quando
vem uma tempestade, isso é retirado como uma argamassa destemperada.
Uma palavra que está plenamente saturada com o Espírito e com a experiência da
vida divina é totalmente diferente. Quando esse tipo de palavra é ministrada, ela fortalece o
povo de Deus para resistir a todo tipo de tempestade que possa vir. Disso, vemos que
precisamos do ensino que é saturado com o Espírito e encharcado com a experiência ade-
quada da vida divina. Isso não é uma questão de eloqüência ou de falar palavras que são

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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agradáveis ao ouvido. Antes, é ministrar a palavra de Deus de uma maneira que é verda-
deira, sólida e inteiramente saturada com o Espírito Santo. Essa palavra nos protegerá,
fortalecerá, edificará juntos, e nos capacitará a resistir a todo tipo de tempestade.
Uma situação ainda pior que a dos falsos profetas existia entre as filhas do povo, que
profetizavam do seu próprio coração (13:17). Elas não somente profetizavam falsamente;
elas também profetizavam quando o Senhor não havia falado. Esse tipo de profetizar
ocorre frequentemente hoje. Muitos dizem: “Assim diz o Senhor”, mas o Senhor não falou.
Por exemplo, nos últimos anos, várias pessoas profetizaram que a cidade de Los Angeles
cairia no oceano, e alguns até mesmo predisseram a data exata. Todavia, Los Angeles
ainda está aqui. Elas disseram: “Assim diz o Senhor”, mas o Senhor jamais disse isso.
Quando essas profecias não se cumpriram, elas provaram que eram falsas.
Em acréscimo ao profetizar falsamente, essas mulheres em Ezequiel também prati-
cavam superstição e feitiçaria. Por exemplo, elas cosiam ataduras mágicas, amuletos,
como uma proteção supersticiosa dos demônios. Elas também cosiam véus para caçar as
pessoas (13:18-21). Semelhantemente, hoje, alguns pastores, pregadores e ministros
falam de uma maneira supersticiosa, confortando os outros de um modo falso e que não é
segundo a verdade.

Os anciãos (presbíteros)

O Senhor disse a Ezequiel que os anciãos (presbíteros) que vinham até ele para
interrogar o Senhor tinham levantado ídolos em seus corações (Ez 14:1-3). Por causa dos
ídolos em seus corações, o Senhor não seria interrogado por eles. Eles não eram honestos
com o Senhor. Eles também estavam extorquindo e roubando, tomando os tesouros dos
outros em suas próprias mãos. Em muitos aspectos, a situação hoje é similar.

O povo

A partir de Ezequiel 22:29, vemos que o povo usava a opressão e exercia o roubo.
Faziam violência ao pobre e necessitado, e oprimiam o estrangeiro sem razão. O Senhor
não pôde encontrar alguém entre eles que tapasse o muro e se colocasse na brecha. A
respeito disso, o versículo 30 diz: “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se
colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a
ninguém achei”. Infelizmente, no cristianismo de hoje, a situação é quase exatamente a
mesma.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM QUATORZE

O JUÍZO DE DEUS SOBRE SEU POVO

Leitura bíblica: Ez 8:2-4; 9:3a; 11:22-24; 10:2; 22:20-22; 14:21; 12:15; 7:21; 33:21;
3:17; 9:4; 6:8; 11:16-17; 20:40; 17:22-23; 21:10, 27; 29:21

Nesta mensagem, consideraremos o juízo do povo de Deus.

A BASE DO JUÍZO DE DEUS

Primeiramente, precisamos ver a base do juízo de Deus sobre Seu povo. O juízo de
Deus sobre Seu povo estava baseado em três coisas: a justiça de Deus, a santidade de
Deus e a glória de Deus. Na primeira seção de Ezequiel (cap. 1), na visão da aparência da
glória do Senhor, vimos três coisas principais: o trono, que parecia uma safira, que significa
a justiça de Deus; o fogo que significa a santidade de Deus e o electro incandescente que
significa a glória de Deus. Conforme temos mostrado, essas três coisas fornecem-nos três
cores básicas. O trono com a aparência de safira era azul; o fogo era vermelho e o electro
incandescente era amarelo. Quando essas três cores básicas brilham, refletem e refratem
juntas, elas dão a aparência do arco-íris. O assunto crucial aqui é que a justiça, santidade
e glória de Deus são a base sobre a qual Deus exerce Seu juízo sobre Seu povo.

A glória de Deus contrapõe-se aos ídolos

Nos capítulos dois a vinte e quatro, existem algumas coisas negativas que se opõem
à justiça, santidade e glória de Deus. A glória de Deus se contrapõe aos ídolos, e em 8:2-4,
10 e em 9:3, a glória de Deus é contrastada com os ídolos. Na visão, Ezequiel foi levado a
Jerusalém e entrou no templo. Diante dele, a glória de Deus e os ídolos foram contrasta-
dos. Nas paredes estavam as imagens dos ídolos, e sobre o templo estava a glória do
Senhor. A glória do Senhor não podia tolerar as imagens dos ídolos. Aquelas imagens
foram chamadas imagens provocadoras porquanto elas provocavam o ciúme de Deus
(8:3). Nosso Deus é um Deus zeloso (ciumento); Ele não tolerará ídolos. Por causa dos
ídolos no templo, a glória de Deus se retirou passo a passo, deixando o templo, a cidade, e
o povo. No último passo, a glória do Senhor deixou o templo e a cidade, parando no Monte
das Oliveiras no lado oriental da cidade (11:23), o mesmo lugar onde o Senhor Jesus
ascendeu aos céus. A glória do Senhor parou ali e esperou um tempo, mas, por fim, ela
deixou esse monte e voltou para os céus. Essa foi a partida da glória do Senhor.
O juízo de Deus sobre Seu povo está baseado sobre Sua glória. Tudo que se contra-
põe à glória de Deus provocará seguramente Seu juízo. O cristianismo hoje está sob o
juízo de Deus. A situação do cristianismo hoje está provocando o ciúme de Deus por causa
dos muitos ídolos. A Igreja Católica Romana tem todos os tipos de ídolos, e as outras
assim chamadas igrejas também têm ídolos. Em alguns desses lugares, pode não haver
ídolos físicos, mas há outros tipos de ídolos. Com alguns, sua obra para Deus é um ídolo.
Com outros, o ensino bíblico ou o evangelismo se torna um ídolo. Se amamos nossa obra,
atividade ou prática mais que o Senhor, até mesmo essas coisas, que são para o Senhor,
podem ser ídolos. Baseado nesse princípio, podemos perceber que a situação do cristia-
nismo está cheia de ídolos. Essa é a razão pela qual eu digo que a situação do
cristianismo hoje está provocando Deus e está sob Seu juízo.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

A santidade de Deus contrapõe-se à escória

A santidade de Deus é a separação e a santificação de Deus, e essa se contrapõe à


escória. Como eleitos de Deus, o povo escolhido de Deus, a igreja deve ser ouro puro,
prata pura e um tesouro puro. No entanto, como o povo de Israel no tempo de Ezequiel, a
igreja se tornou escória. Portanto, como Israel, a igreja precisa ser queimada pelo fogo. O
Senhor disse que colocaria a cidade de Jerusalém e o povo de Israel em um forno para
queimá-los (22:17-22). Isso indica que a santidade de Deus se contrapõe à escória. A san-
tidade de Deus não pode tolerar qualquer tipo de escória.
Considere a situação do cristianismo de hoje. Onde você pode encontrar um tesouro
puro para Deus? Em quase todo lugar para o qual você olha existe somente escória.
Verdadeiramente, existe a necessidade do fogo ardente de Deus tirar a escória.
O amor expresso por muitos cristãos hoje não é puro, antes é escória, porquanto ele
é segundo a carne. Essas pessoas podem amar as outras, mas seu amor é segundo a
emoção humana natural e contém uma grande mistura ou impureza. Esse tipo de amor é
um amor que não passou pela cruz. O mesmo é verdade da bondade e humildade
expressas por muitos cristãos. Nesse tipo de amor, bondade e humildade, não existe ouro
puro. Em vez de algo puro e santo, existe mistura, escória. Aqueles que expressam esse
amor, bondade e humildade estão na carne, fazendo coisas boas ou expressando algo de
uma boa maneira. Embora a expressão possa ser boa, ela ainda é carne. Não existe
qualquer tratamento da cruz nem qualquer tratamento da santidade de Deus. Portanto,
esse tipo de amor, bondade e humildade precisa ser queimado e julgado; ele precisa estar
sob o juízo de Deus por fogo. Disso, vemos que não somente nosso ódio precisa ser quei-
mado, mas até mesmo nosso amor precisa ser queimado. Semelhantemente, tanto nosso
orgulho quanto nossa humildade precisam ser queimados por Deus.

A justiça de Deus
Contra a injustiça e a opressão

A justiça de Deus era contra a injustiça e a opressão de Israel. Durante o tempo de


Ezequiel, o povo usava a opressão e exercia o roubo (22:29). Baseado no Seu trono de
justiça, Deus teve que exercer Seu juízo sobre todas as injustiças e coisas injustas.
Agora, podemos ver que o juízo de Deus sobre Seu povo era baseado em Sua gló-
ria, santidade e retidão. Tudo que não fosse compatível com Sua glória, santidade e justiça
tinha que ser julgado.

OS MEIOS DO JUÍZO DE DEUS SOBRE SEU POVO

Deus julgou Seu povo por meio de quatro coisas terríveis: a espada, a fome, a peste
ou doença, e as bestas-feras (14:21). Ezequiel diz claramente que alguns foram mortos
pela espada. Os que escaparam morreram por falta de alimento; outros foram mortos pela
peste; e os restantes foram devorados pelas bestas-feras. A guerra causa fome. A falta de
alimento introduz peste ou doença. Esses são os meios que Deus usou para exercer Seu
juízo sobre Seu povo (7:15-17).
Esses quatro meios do juízo de Deus podem ser aplicados à situação do cristianismo
de hoje. Entre os cristãos, existem muita luta e muito pouca paz. Se em uma determinada
igreja existe guerra, isso indica que o juízo de Deus chegou. Indica que algo idólatra,
impuro ou injusto trouxe o juízo de Deus, que é primeiramente pela espada, isto é, pela
luta. Todos nós precisamos ser cuidadosos. Se existe luta ou desentendimento entre nós,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

isto é um sinal do juízo de Deus. Quanto mais lutarmos uns com os outros, mais
sofreremos o juízo de Deus.
Por causa da luta entre os cristãos, existe carência de alimento. Quando a igreja está
cheia de luta, não haverá nessa igreja um rico suprimento do alimento espiritual. Em vez
de alimento espiritual, haverá lodo, fome. Não haverá suprimento, riquezas de Cristo, pala-
vra viva nem palavra saudável. Se desejamos ter a palavra saudável, o suprimento de
Cristo, e o alimento espiritual rico e especial, precisamos de unicidade, paz e harmonia.
Existe a necessidade de todos estarem no Espírito e serem um. Essa igreja estará sempre
cheia do suprimento de alimento. Depois de cada reunião, há uma abundância de “sobras”.
Isso é uma forte prova de que aqueles que estão nessa igreja não estão sob o juízo de
Deus.
Por causa da carência de alimento espiritual, existe peste entre os cristãos hoje. Isto
significa que há todos os tipos de doença espiritual, enfermidade e fraqueza. No entanto,
quando a vida da igreja é adequada, não haverá peste, nem doença. Antes, haverá cura,
fortalecimento e edificação.
Além do mais, entre os cristãos hoje há bestas-feras rugidoras, devoradoras e con-
sumidoras. Em Atos 20:29, Paulo advertiu os presbíteros de Éfeso que uma dia lobos
ferozes entrariam na igreja os quais não poupariam o rebanho. Preocupando-se somente
consigo, eles devorariam a igreja. Pode ser que haja pequenos lobos em algumas das
igrejas locais.
O cristianismo de hoje é caracterizado pela luta, pela falta de alimento, pelas doen-
ças espirituais e pelas bestas-feras rugidoras e devoradoras. Como resultado, quase todos
os cristãos estão mortos espiritualmente. Não permanecem muitos que estejam vivos.

OS RESULTADOS DO JUÍZO DE DEUS

Agora, precisamos continuar a ver os resultados do juízo de Deus sobre o Seu povo.

Perder a boa terra

O primeiro resultado do juízo de Deus foi que o povo de Israel perdeu a boa terra.
Eles foram espalhados, dispersos e levados para o cativeiro (Ez 12:15; 7:21). Na
experiência espiritual, perder a boa terra significa perder o desfrute de Cristo. Hoje, a
maioria dos cristãos estão mortos, espalhados e não têm o desfrute de Cristo.

A glória do Senhor partiu

O segundo resultado do juízo de Deus foi que a glória do Senhor partiu (9:3; 11:22-
23). Na história do povo de Israel, a glória do Senhor veio até eles duas vezes e os en-
cheu. A primeira vez foi no Monte Sinai, quando o tabernáculo foi erigido (Êx 40:34). A gló-
ria do Senhor encheu o tabernáculo desde aquele tempo até o tempo de Eli. Durante o
tempo de Eli, o povo de Israel lutou contra os filisteus com a arca de uma maneira
supersticiosa e foram derrotados (1 Sm 4:3-10). A arca foi capturada, e a glória do Senhor
deixou o tabernáculo. Isto significa que o Senhor desistiu do tabernáculo. Quando o templo
foi edificado no tempo de Salomão, a glória do Senhor retornou para encher o templo (2 Rs
8:10-11). A glória do Senhor permaneceu ali até o tempo quando Ezequiel a viu partindo,
deixando o templo e a cidade, repousando no Monte das Oliveiras, e, finalmente, retornan-
do para os céus.
Com o cristianismo de hoje não existe qualquer glória do Senhor. Pelo contrário,
existe dispersão, espalhamento, cativeiro, e a perda do desfrute de Cristo. A respeito

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

desse assunto, não existe necessidade de discutir no modo do certo e do errado. Em vez
disso, devemos simplesmente verificar se a glória do Senhor está presente. Se você tem a
glória do Senhor, você está certo. Se você não a tem, você está errado. Se a glória de
Deus não está na igreja, não poderemos sentir o sabor e a manifestação de Deus.

O templo é destruído
e a cidade é queimada

O terceiro resultado do juízo de Deus foi que o templo foi destruído e a cidade foi
queimada. Cerca de 606 a.C., Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio até Jerusalém e cap-
turou o rei Joaquim, levando-o para Babilônia (2 Cr 36:9-10). Ezequiel também foi captura-
do naquele tempo. Cinco anos depois, ele começou a ter as visões no capítulo um de
Ezequiel. Nos anos seguintes, ele continuou a ter visões concernentes à captura posterior
de Jerusalém. Enquanto estava no cativeiro, ele foi levado de volta no Espírito a Jerusalém
para ver os eventos vindouros. Depois que Nabucodonosor capturou Joaquim, ele esta-
beleceu o irmão de Joaquim, Zedequias, como rei sobre Israel (v. 10). No entanto, Zede-
quias, rebelando-se contra Nabucodonosor, se voltou para o Egito buscando ajuda. Então,
Nabucodonosor voltou para Jerusalém, queimou a cidade, destruiu o templo e capturou
Zedequias (v. 19; Jr 52:11; Ez 33:21). Antes que esses eventos realmente acontecessem,
Ezequiel os viu em suas visões.
Houve um intervalo de onze anos entre essas duas capturas. A cidade e o templo
foram destruídos não na captura de Joaquim, mas na captura de Zedequias. No tempo da
captura de Zedequias, a glória do Senhor deixou a cidade santa e o templo santo. Em se-
guida, tanto o templo quanto a cidade foram destruídos. Aparentemente, esse foi o fim da
história de Israel.

A MISERICÓRDIA DE DEUS

Embora tudo parecesse ser perda por causa do juízo de Deus, Deus anunciou Sua
misericórdia. Louvamos o Senhor, pois, em Seu juízo, também há Sua misericórdia e a
visitação de Sua misericórdia. Que maravilha! Isso também se aplica ao cristianismo de
hoje. Embora a situação seja lastimável e aparentemente desesperadora, a misericórdia de
Deus ainda está presente. Não importa quanto o cristianismo esteja sob o juízo de Deus, a
Sua misericórdia ainda permanece ali.
No meio do Seu juízo sobre Israel, Deus foi misericordioso com Seu povo e provi-
denciou muitas coisas para eles.

Estabelece atalaias

Primeiramente, em Sua misericórdia, Deus estabeleceu atalaias como Ezequiel para


advertir o povo (3:17). À medida que lemos o livro de Ezequiel, podemos ver que o povo de
Israel não estava feliz com ele, pois Ezequiel não lhes falava palavras agradáveis. Deus
disse a Ezequiel que Ele o estava enviando a uma casa rebelde, àqueles de fronte obsti-
nada e duros de coração. Entretanto, Ele disse que faria a fronte de Ezequiel mais dura
que a deles e seu coração mais duro que o deles, como um diamante é mais duro que uma
pederneira (vv. 8-9). Em Sua misericórdia, Deus estabeleceu esse atalaia para advertir
Seu povo. O princípio é o mesmo hoje.

Marca Seus buscadores

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Antes que Deus enviasse fogo para exercer Seu juízo, Ele enviou Seu anjo para
marcar Seus buscadores (9:4). Ele marcou aqueles que suspiravam e gemiam por causa
de toda pecaminosidade e males na cidade de Jerusalém. Deus disse a Seu anjo para
marcá-los de maneira que eles não fossem mortos pela espada, nem pela peste, nem
devorados pelas bestas-feras e não sofressem fome. Somente os marcados perma-
neceriam vivos. A situação é a mesma hoje. Alguns queridos buscadores têm, verda-
deiramente, sido marcados por Deus. Não importa quanto os outros cristãos lutem, eles
não têm nada a ver com isso. Esses que são marcados não são danificados pela luta entre
os cristãos. Não sofrem carência de alimento espiritual, nem têm qualquer tipo de enfer-
midade espiritual. Louvado seja o Senhor, pois que Ele tem alguns marcados. No início da
restauração do Senhor nesse país, em 1962, alguns irmãos e eu oramos dia após dia
pelos buscadores, orando para que o Senhor os trouxesse para Sua restauração. Hoje, o
Senhor ainda tem Seus buscadores, aqueles que foram marcados por Ele.

Preservando um remanescente

Ezequiel 6:8-9 diz: “Mas deixarei um resto, porquanto alguns de vós escapareis da
espada entre as nações, quando fordes espalhados pelas terras. Então, se lembrarão de
mim os que dentre vós escaparem entre as nações para onde foram levados em cativeiro;
pois me quebrantei por causa do seu coração dissoluto, que se desviou de mim, e por
causa dos seus olhos, que se prostituíram após os seus ídolos. Eles terão nojo de si
mesmos, por causa dos males que fizeram em todas as suas abominações”. Aqui, vemos
que, no meio do Seu juízo, Deus, segundo Sua grande misericórdia, preservou um rema-
nescente. Muitos foram mortos pela espada, outros morreram de fome ou peste, ou foram
devorados pelas bestas-feras. O resto foi espalhado no cativeiro, onde Deus os manteve
como um remanescente. O princípio é o mesmo hoje. Deus não tem somente marcado os
buscadores, mas também tem preservado e guardado um remanescente. Creio que aque-
les que entram na vida da igreja nesse país serão o remanescente, os buscadores marca-
dos por Deus. O remanescente – os buscadores marcados por Deus – serão levados pelo
Senhor para Sua restauração.

É um santuário por um pouco de tempo


para aqueles que estão no cativeiro

Deus disse que, mesmo no cativeiro, Ele seria um santuário para Seu povo por um
pouco de tempo (11:16). Ele se tornou não um santuário permanente como o que estava
em Jerusalém, mas um santuário temporário para Seu povo capturado e espalhado.
Se você diz às pessoas que o cristianismo se tornou degradado, elas podem discutir
com você dizendo que têm a presença do Senhor em suas reuniões. Devemos admitir
esse fato. É verdade que o Senhor é um santuário por um pouco de tempo para aqueles
que estavam no cativeiro. Não devemos dizer que eles não têm a presença verdadeira do
Senhor de forma alguma; antes, devemos mostrar que isso é somente um santuário tem-
porário. Aqui e ali, em alguns lares e grupos, eles têm a presença do Senhor de uma ma-
neira temporária como um santuário temporário. No entanto, ninguém deve ficar satisfeito
com um santuário temporário. O santuário temporário deve ser um chamado para voltar
para Jerusalém, voltar para o santuário permanente.

Leva-os de volta para a terra

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Louvamos o Senhor, pois que, em Sua misericórdia, Ele prometeu àqueles que
estavam no cativeiro que, um dia, Ele os levaria de volta à terra (11:17). A terra à qual Ele
os levaria estaria nos montes mais altos de Israel (20:40). Os montes mais altos tipificam o
Cristo ressurreto e ascendido. O Cristo que experienciamos e desfrutamos hoje nas igrejas
locais é muito elevado, pois Ele é o Cristo ressurreto e ascendido.

A predição de Cristo

Nesta seção sobre o juízo de Deus, Deus, em Sua misericórdia, predisse algo a res-
peito de Cristo.

Um renovo se torna um cedro

Em 17:22-23, a casa de Davi, a casa real, é assemelhada a um cedro. Primeira-


mente, um ramo da árvore, Joaquim, foi cortado. Posteriormente, outro ramo, Zedequias
foi estabelecido e foi cortado. Por fim, esse capítulo nos diz que no topo desse cedro havia
um renovo tenro, ou um ramo tenro, que foi cortado e plantado no topo do monte, tornan-
do-se um alto cedro. Se lermos cuidadosamente, perceberemos que esse renovo tenro é
Cristo. Cristo, que pertence à casa de Davi e que nasceu como um descendente da casa
de Davi, é um ramo tenro do cedro de Davi. Como tal ramo tenro, Ele foi cortado ao ser
crucificado. Quando foi pregado à cruz, Ele, o Tenro, foi “cortado”. Todavia, por Sua res-
surreição, Ele foi plantado no topo do monte e, finalmente, tornou-se um grande cedro. O
homem “cortou” esse Tenro, contudo Deus fez com que Ele ressuscitasse e ascendesse.
Dessa maneira, Deus plantou Cristo em um lugar alto, e Cristo se tornou um cedro majes-
toso sob o qual muitas pessoas habitarão.
Isso não foi somente uma profecia, mas também uma promessa dada por Deus para
as pessoas desanimadas. Naquele tempo, a casa de Davi estava inteiramente desanimada
e desapontada, mas Ezequiel predisse que, da casa de Davi, haveria um renovo tenro
estabelecido no topo do monte e esse renovo se tornaria um grande cedro. Isto foi um
encorajamento e uma promessa para a casa de Davi a respeito de Cristo.
Embora a casa de Davi fosse “cortada” por causa de sua corrupção e assim se
tornasse desolada e humilhada, um dia, ela seria reavivada em Cristo. Porque eles seriam
unidos a Cristo, tornar-se-iam majestosos uma vez mais. O princípio é o mesmo conosco
em nossa experiência espiritual. Por causa de certos atos errados, podemos ser “cortados”
e, por meio disso, tornamo-nos humilhados. Porém, visto que Deus nos levou a ser unidos
a Cristo e ser um com Ele, nós nos tornaremos majestosos Nele.

O cetro de Judá

Ezequiel 21:10 é outro versículo que muitos estudantes da Palavra creem que se
refere a Cristo. Esse versículo é difícil de traduzir, contudo a melhor tradução é: “O cetro
do meu filho despreza todas as árvores”. Essa palavra está, seguramente, baseada em
Gênesis 49:10, que fala a respeito do cetro de Judá. O cetro de Judá é Cristo. No tempo
de Ezequiel, o cedro, a casa de Davi, foi cortado e queimado. Alguns, entretanto, ainda se
tornaram alegres e felizes, dizendo: “O cetro do meu filho despreza todas as árvores”. Isto
significa que, enquanto Ezequiel estava profetizando, dizendo ao povo que Deus estava
prestes a queimar o povo de Israel, incluindo a casa de Davi, que pertencia à tribo de Judá,
alguns deles se tornaram alegres dizendo: “Nós temos Cristo. Temos o cetro do Filho de
Deus, que despreza e sobrepuja todas as árvores”. A resposta de Deus foi fazer uma per-
gunta: Visto que Ele estava indo queimar tudo, eles deviam se tornar alegres dizendo isso?

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Portanto, esse versículo se refere a Cristo, o cetro de Judá; isto é, ele se refere ao poder e
autoridade do Filho de Deus.

Aquele que tem o direito


de herdar o reino de Israel

Ezequiel 21:27 indica que Cristo é Aquele que tem o direito de herdar o reino de
Israel. Naquele tempo, Deus estava derrubando o reino e a nação de Israel, mas, por fim,
Aquele que tem o direito de herdar o reino de Israel virá. Este é Cristo.

O poder da casa de Israel

Ezequiel 29:21 diz: “Naquele dia, farei brotar o poder na casa de Israel e te darei que
fales livremente no meio deles; e saberão que eu sou o SENHOR”. Cristo é o poder da
casa de Israel que brotará. Deus produzirá esse poder da casa de Israel. No tempo de
Ezequiel, outras nações haviam conquistado e oprimido o povo de Israel, e eles não
tinham como avançar. Todavia, Deus prometeu que, um dia, um poder emergirá da casa
de Israel para ser contra todas as nações e vencer as autoridades na terra, de modo que a
nação de Israel possa ser salva. Cristo se tornará o poder para libertá-los de toda opressão
e escravidão.
Agora, podemos ver que, enquanto o juízo de Deus estava sobre Seu povo e
enquanto eles experimentavam muito desapontamento, Deus profetizava que Cristo era
sua esperança e encorajamento. Embora eles estivessem sob o juízo de Deus, não havia
necessidade de ficarem desapontados, pois puderam ser encorajados por Cristo e com
Cristo.
Essa deve ser também nossa experiência hoje. Se, enquanto estamos sob o juízo de
Deus, somos-Lhe fieis, podemos ser encorajados com Cristo. Temos a misericórdia de
Deus e o Cristo de Deus. Sim, podemos estar sob o juízo de Deus. No entanto, mesmo
sob o Seu juízo, ainda há a Sua misericórdia e o encorajamento de Cristo. Aleluia pela
misericórdia de Deus e pelo Cristo de Deus!
O resultado final do juízo de Deus sobre os israelitas foi levá-los a se voltar para
Cristo e ganhar Cristo, de maneira que Ele pudesse ser tudo para eles. Visto que eles
serão unidos a Cristo, ascenderão de sua posição de humilhação para a posição mais alta,
tendo Cristo como a autoridade para sobrepujar todas as nações e autoridades na terra.
Por causa de Cristo, a nação de Israel será restaurada e Cristo será o Rei. Naquele dia,
Cristo se tornará o poder para libertá-los da opressão e escravidão. Portanto, tudo está
baseado em Cristo e é recebido em Cristo.
O princípio é o mesmo com a igreja hoje. O resultado do juízo de Deus sobre a igreja
é ganhar um grupo de pessoas que retornem para Cristo e ganhem Cristo. Cristo se torna
seu cedro para ser sua autoridade, e se torna seu poder de salvação.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM QUINZE

O JUÍZO DE DEUS SOBRE AS NAÇÕES

Leitura bíblica: Ez 25:2-3, 7-8, 12-16; 26:2, 4; 28:21-22, 24, 26; 29:3, 6-7, 16; 30:6,
10; 31:16, 18

Nesta mensagem, chegamos ao assunto do juízo de Deus sobre as nações. Isso é


coberto nos capítulos vinte e cinco a trinta e dois.

ISRAEL É O CENTRO DA ECONOMIA DE DEUS


ENTRE A RAÇA HUMANA NA TERRA

Segundo Gênesis 11, a humanidade rebelde buscou fazer algo para edificar a torre e
a cidade de Babel a fim de se reunir e fazer um nome para si. No entanto, o Senhor
desceu para exercer Seu juízo sobre essas pessoas rebeldes. Sob o juízo do Senhor, Ba-
bel se tornou um centro não de ajuntamento, mas de dispersão, e a raça humana foi espa-
lhada a partir de Babel como o centro.
Deuteronômio 32:8 diz: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, /
quando separava os filhos dos homens uns dos outros, / fixou os limites dos povos, /
segundo o número dos filhos de Israel”. Aqui, vemos que Deus fixou os limites de todas as
nações segundo o número do povo de Israel. Isso indica que, em Sua economia na terra
entre a raça humana, Deus tornou Israel o centro. Israel é o centro da população da terra.
Com certeza, Deus fez isso com um propósito.
Se olharmos um mapa, veremos que a Palestina, a boa terra onde Deus pôs Israel, é
o centro verdadeiro da terra habitada. A Palestina está situada no centro dos três conti-
nentes (Europa, Ásia e África), os continentes onde a raça humana começou. Posteri-
ormente, a população humana se espalhou para a América e também para a Austrália. A
localização central da terra de Israel forneceu uma boa oportunidade para a difusão do
evangelho. Sabemos a partir da história que a pregação do evangelho começou em
Jerusalém e, em seguida, se propagou para a Europa, Egito e Ásia. Por fim, a pregação do
evangelho se propagou para a América e a Austrália. Esse foi o propósito de Deus ao co-
locar Seu povo como o centro da população humana. Além do mais, segundo a profecia
concernente à era vindoura, o milênio, o povo de Israel será os sacerdotes nesta terra
ensinando todas as nações a adorar a Deus (Is 61:6; 2:3). Essas profecias também nos
mostram que a Palestina é o centro da terra.
Entretanto, no tempo de Ezequiel, o povo de Israel se tornou degradado e inadequa-
do para o propósito de Deus. Sua situação degradada forçou Deus a exercer Seu juízo
sobre eles e desistir temporariamente da Palestina como Seu centro. Deus se voltou para
Babel novamente e levantou o rei Nabucodonosor, que edificou o grande império da Babi-
lônia. O império babilônico se tornou então o centro de Deus para Ele executar Seu juízo.
Mediante o império babilônico sob o rei Nabucodonosor, Deus executou Seu juízo não
somente sobre Seu povo Israel, mas também sobre as nações.

SETE NAÇÕES REPRESENTANTES

Os capítulos vinte e cinco a trinta e dois de Ezequiel falam de sete nações que esta-
vam ao redor da nação de Israel. Na realidade, havia mais nações ao redor de Israel,

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contudo o registro menciona somente sete. Isso é similar à menção das sete igrejas na
Ásia em Apocalipse 1–3. Quando o Senhor falou das igrejas na Ásia, ele selecionou sete
(1:11). Isso não significa que houvesse somente sete igrejas na Ásia, mas que o Senhor
escolheu sete igrejas representantes. O princípio é o mesmo no livro de Ezequiel. Havia
mais que sete nações ao redor de Israel, todavia o Senhor selecionou sete nações como
representantes de todas as nações. Essas sete nações eram: Amom, Moabe, Edom,
Filístia, Tiro, Sidom e Egito.

Divididas em três grupos

Essas sete nações são divididas em três grupos. As primeiras quatro nações (Amom,
Moabe, Edom e Filístia) formam o primeiro grupo; Tiro e Sidom fazem o segundo grupo; e
o Egito fica sozinho. Sabemos que essas nações são divididas nesses três grupos porque
Ezequiel teve três visões separadas em três tempos diferentes a respeito desses grupos.
Sua primeira visão abarca as quatro primeiras nações; sua segunda visão abarca Tiro e
Sidom; e sua terceira visão abarca o Egito. Além do mais, as duas primeiras, Amom e
Moabe, formam um par; a terceira e a quarta, Edom e Filístia, formam outro par; a quinta e
a sexta, Tiro e Sidom, são um par. Somente o Egito está sozinho.

Aplicável à situação de hoje

O Antigo Testamento não é somente um registro da história, mas um registro que


pode ser aplicado à igreja hoje. Precisamos ter isso em mente à medida que lemos o livro
de Ezequiel e ficar impressionados com o fato que Ezequiel não foi escrito meramente por
causa da história. Antes, o registro nesse livro é aplicável à situação de hoje. Portanto,
precisamos conhecer a aplicação espiritual de todas essas sete nações representantes.
Mostramos anteriormente que a aplicação espiritual das bestas-feras nocivas é que al-
gumas pessoas malignas poderiam estar na igreja como lobos (Ez 14:21; At 20:29). Aqui,
temos a aplicação espiritual da palavra de Ezequiel a respeito das bestas-feras. Agora,
precisamos ver a aplicação espiritual das sete nações. Caso contrário, podemos ler esses
capítulos meramente como profecias que têm sido cumpridas na história.

AMOM E MOABE

Amom e Moabe foram irmãos que nasceram de Ló mediante suas filhas. Sua origem
foi algo horrendo e maligno. Contudo, Ló era parente de Abraão, o primeiro antepassado
do povo de Israel. Por isso, por sangue, Amom e Moabe estavam, de alguma forma,
próximos de Israel.
Segundo o registro em Ezequiel, Amom ofendeu a Deus. Primeiramente, quando o
santuário de Deus foi profanado, eles ficaram felizes e disseram: “Bem feito!” (25:2-3).
Segundo, quando a terra santa de Deus se tornou desolada, os amonitas também ficaram
felizes. Além do mais, quando a casa de Judá foi levada para o cativeiro, os amonitas
ficaram felizes novamente. Eles ficaram felizes por três coisas: o santuário sendo profana-
do, a boa terra se tornando desolada e a casa de Judá sendo levada. Isso mostra que eles
odiavam o santuário, a terra santa e a casa de Judá.
O santuário era um tipo do Cristo encarnado tabernaculando na terra como a habita-
ção de Deus, o santuário de Deus (Jo 1:14). A boa terra significa também Cristo com todas
as Suas riquezas e graça que Deus nos tem dado. Segundo a tipologia, a casa de Judá
significa a igreja. Portanto, o santuário significa Cristo, a boa terra significa toda a riqueza e

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

graça de Deus em Cristo, e a casa de Judá significa a igreja. Os amonitas de hoje odeiam
essas três coisas. Eles odeiam Cristo, a graça de Deus em Cristo e a igreja.
Durante os primeiros séculos depois de Cristo, o Império Romano foi um tipo de
amonita. Ele odiava o Cristo encarnado, o tabernáculo como santuário de Deus na terra, e
a rica graça dada por Deus a Seu povo. O Império Romano também odiava a igreja. Ainda
há “amonitas” na terra hoje, pessoas que odeiam Cristo, a graça de Deus e a igreja. Neste
país (EUA) e até mesmo nos países vizinhos, há alguns “amonitas”.
Os moabitas diziam: “Eis que a casa de Judá é como todas as nações” (Ez 25:8). Os
moabitas ficaram felizes ao ver que Jerusalém não mais estava separada das nações. Isso
significa o tipo de pessoa que gosta de levar a igreja a uma associação com o mundo e
que gosta de tornar a igreja o mesmo que as nações. Durante os dois primeiros séculos da
igreja, o Império Romano foi um “amonita”, odiando Cristo, a graça de Deus e a igreja.
Então, o imperador romano Constantino surgiu não como um “amonita”, mas como um
“moabita”. Ele levou a igreja para dentro do mundo, tornando a igreja quase o mesmo que
as nações.
Hoje, a situação ainda é a mesma. Alguns “amonitas” odeiam a igreja, contudo,
alguns “moabitas” têm entrado na igreja e têm tentado levá-la a ficar associada com o
mundo e torná-la o mesmo que o mundo.
Embora Amom e Moabe fossem irmãos, o que fizeram para o povo de Israel foi di-
ferente. Hoje, ainda temos esses dois tipos de pessoas. Estou preocupado com o fato que,
em algumas igrejas locais, alguns podem ser usados por Satanás para ser “moabitas” a fim
de levar a igreja de volta ao mundo e torná-la associada com o mundo. Eles querem que a
igreja seja o mesmo que o mundo, o mesmo que as nações.

EDOM E FILÍSTIA

Semelhante a Amom e Moabe, Edom também estava intimamente relacionado com


Israel. Edom era filho de Esaú, o irmão de Jacó. Portanto, segundo o sangue, Edom e os
filhos de Israel eram primos. Edom significa o velho homem; ele nos prefigura como o
velho homem. Nosso velho homem não regenerado é Edom, e nosso novo homem regene-
rado é Israel. Podemos dizer que, em um sentido, nosso velho homem e nosso novo
homem são “primos”, pois eles estão muito próximos um do outro.
Segundo o registro de Ezequiel, Edom estava cheio de ódio por Israel, buscando
continuamente desforra e vingança. Essa é a maneira como estamos em nosso velho ho-
mem. Nosso velho homem odeia a igreja. Você pode dizer: “Eu amo a igreja”, e creio que
você a ama. No entanto, algumas vezes, você também odeia a igreja. Você não descobriu
que é dois homens? Por um lado, você é um israelita verdadeiro amando a igreja; por
outro, você também é um verdadeiro edomita odiando a igreja. Algumas vezes, você ama
a igreja e todos os líderes, mas, outras vezes, você odeia a igreja e todos os presbíteros.
Junto com Edom no segundo par está a Filístia. A fim de conhecer os filisteus, pre-
cisamos estudar Juízes e 1 Samuel. Os filisteus eram mais próximos de Israel do que os
edomitas. Os filisteus estavam vivendo muito próximos da boa terra e até mesmo estavam
misturados com os israelitas. Muitas vezes, os filisteus iam até o povo de Israel e
interferiam em sua adoração a Deus. Uma vez, a arca foi capturada pelos filisteus e ficou
em seu poder por um período de tempo.
Os filisteus tipificam você e eu, não como o velho homem, mas como o homem
natural. Temos o velho homem, e temos também o homem natural. O homem natural é
mais difícil de se reconhecer que o velho homem. Uma ilustração pode nos ajudar a enten-
der a diferença. Suponha que existam três presbíteros em uma igreja local. Todos eles
amam o Senhor. Quando um deles começa a tomar a liderança entre eles, os outros rea-
gem. Sua reação é uma expressão do velho homem. Em seguida, o irmão que está

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

tomando a liderança pode se esforçar para fazer muitas coisas pela igreja, exercendo sua
sabedoria, poder e capacidades. Ele pode até mesmo se conduzir de uma maneira política,
manobrando várias situações e exercendo controle para realizar as coisas. Esse é o
homem natural. Como resultado, as reuniões dos presbíteros se tornam reuniões do velho
homem com o homem natural. Isso danifica a vida da igreja. Algumas igrejas dificilmente
podem avançar porque são frustradas pelo velho homem e pelo homem natural dos irmãos
líderes.
A igreja é a nova criação de Deus em Cristo. Portanto, na igreja, não há lugar para
coisas do velho homem, coisas como ciúme, orgulho, competição e discórdia. Essas
coisas são todas da velha criação. Na igreja, também não há lugar para sabedoria, talento,
e politicagem humanos. As coisas, tanto do velho homem, da velha criação, quanto do
homem natural estão danificando a vida da igreja. Por um lado, a história nos mostra que a
igreja tem sido danificada pelas pessoas mundanas fora da igreja em associação com o
mundo. Por outro, a história nos ensina que a igreja tem sido danificada pelas pessoas
salvas dentro da igreja que continuam a viver no velho homem e segundo o homem
natural.
Na vida da igreja na restauração do Senhor, não tememos os “amonitas”, e tememos
somente um pouco os “moabitas”. Nossa verdadeira preocupação é com os “edomitas”, o
velho homem, e com os “filisteus”, o homem natural. Os “edomitas” e os “filisteus” causam
o maior dano à vida da igreja.

Tiro e Sidom

Tiro tipifica aqueles que estão buscando prosperidade mundana, aqueles que dese-
jam ganhar muito dinheiro e ficar ricos. Eles sacrificarão tudo relacionado ao Senhor por
causa de seu negócio. Eles não se preocupam com o interesse do Senhor, mas somente
com sua prosperidade, riquezas e negócio.
As pessoas de Tiro podem ser encontradas entre os incrédulos e também entre os
crentes. Alguns dos seus parentes incrédulos, colegas de sala e amigos podem ser “tírios”.
Se você lhes fala a respeito de Cristo, da igreja ou do testemunho do Senhor, eles não
entendem o que você está falando. Eles estão interessados somente naquilo que os
ajudará a ter um viver melhor, a ganhar mais dinheiro, ou obter uma posição mais elevada.
Alguns cristãos genuínos também são “tírios”. Se você lhes fala acerca da restauração do
Senhor, eles podem pensar que você é tolo e dizer que você gasta muito tempo partici-
pando das reuniões, tendo comunhão e lendo a Bíblia. Podem pensar que você não se
preocupa o suficiente com ganhar dinheiro. Portanto, tanto os crentes quanto os incrédulos
podem ser os “tírios” de hoje.
Conforme registrado no livro de Ezequiel, as pessoas de Tiro declaravam que
Jerusalém cairia, e ficavam felizes com isso. A situação é a mesma hoje. Aquelas pessoas
que estão buscando prosperidade mundana ficariam felizes de ver a igreja terminada e
ficariam alegres se as portas do local de reunião fossem fechadas permanentemente, pois
pensam que participar das reuniões da igreja é uma perda de tempo. Talvez, até mesmo
alguns dentre nós na vida da igreja possam manter tal atitude. Desejando ganhar mais
dinheiro e assegurar um melhor viver para si, eles não se preocupam com a igreja ou com
o interesse do Senhor. Eles se preocupam somente com seu negócio, bem-estar e posição
no mundo. Quando ouvem a respeito de alguns que apostataram, ficam felizes.
Juntamente com Tiro está Sidom. Ezequiel diz que Sidom era um espinho que picava
e um abrolho que causava dor para a casa de Israel (28:24). O Senhor Jesus disse que o
engano das riquezas e as ansiedades da era são como espinhos que sufocam o cresci-
mento da vida (Mt 13:22).

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Se Tiro está presente, Sidom está próximo dele. Se existem “tírios” entre os santos,
também haverá “sidônios”. Isto significa que, se os santos amam o mundo e se preocupam
com as riquezas mundanas, eles se tornarão espinhos e abrolhos. Muitos cristãos têm se
tornado espinhos que picam e abrolhos que causam dor os quais danificam a vida da igre-
ja.

EGITO

Segundo a Bíblia, o Egito é uma nação que não depende de Deus, mas de seus
próprios recursos. O Egito tinha o Rio Nilo como o recurso de suas riquezas. Por conse-
guinte, os egípcios não dependiam das chuvas do céu, porém da água do seu Nilo. Em
acréscimo, eles exerciam sua sabedoria para desenvolver seus recursos naturais a fim de
se tornar ricos e ter o suprimento suficiente. Sempre que o povo de Israel tinha escassez
de alimento, eles desciam para o Egito em busca de suprimento. Disso, vemos que o Egito
representa as pessoas que exercem sua sabedoria natural para desenvolver seus recursos
naturais a fim de ficar ricos e ter suprimento. No tempo de Ezequiel, Israel se voltou para o
Egito e se apoiou no Egito, confiando no Egito como um bordão. Contudo, o Senhor disse
que o Egito era um bordão de cana, fácil de quebrar (Ez 29:2-9).
Quando Ezequiel falou acerca de Tiro e Egito, ele os comparou ao jardim do Éden
(28:13; 31:9, 16). Com suas riquezas e recursos, Tiro e Egito tornaram seu mundo
contemporâneo “um jardim do Éden”. Esse não era um jardim do Éden preparado por
Deus, mas “um jardim do Éden” feito por aqueles que não se preocupavam com Deus, mas
somente com seu rico desfrute na terra. No entanto, Deus disse que Ele enviaria o Egito
com seu “jardim do Éden” para o Hades, para o abismo, para as profundezas da terra. Isso
revela que Deus julgará aquelas pessoas que se preocupam somente com a felicidade e o
desfrute terrenos, mas que não precisam de Deus.
Nesta mensagem, temos considerado sete tipos de pessoas que podem danificar a
vida da igreja. Alguns são contra a igreja, odiando Cristo, a salvação de Deus e a graça de
Deus. Esses são os “amonitas”. Outros rastejam dentro da igreja e tentam levá-la a uma
associação com o mundo e torná-la o mesmo que o mundo. Esses são os “moabitas”.
Depois, há os “edomitas”, o velho homem, e os “filisteus”, o homem natural. Os “tírios”
buscam as riquezas do mundo, e os “sidônios” se tornam espinhos e abrolhos para a igreja
por causa de sua busca pelas riquezas. Por fim, há os “egípcios”, aqueles que, indepen-
dentes de Deus, buscam riquezas mundanas desenvolvendo seus próprios recursos para
ficar ricos em suprimento e ser uma fonte de suprimento para os outros. Esses são os
vários tipos de pessoas que podem ser um dano para a vida da igreja. Todos nós precisa-
mos estar em alerta para que nenhum de nós se torne esses tipos de pessoas.

O JUÍZO DE DEUS

Agora, precisamos continuar a ver como Deus exerceu Seu juízo sobre essas sete
nações. Deus executou juízo de quatro maneiras: destruindo essas nações, tornando-as
desoladas, humilhando-as, e entregando-as às partes inferiores da terra, isto é, às partes
mais baixas da terra (31:14). Onde estão aqueles que eram do Império Romano que odia-
vam a igreja? Eles estão nas partes inferiores da terra, o lugar para onde todo perseguidor
da igreja, por fim, irá.
É crucial que lidemos com nosso velho homem. Se não julgarmos nosso velho ho-
mem, Deus exercerá Seu juízo sobre nós, tornando-nos vis e “baixos” no espírito. Se jul-
garmos nosso velho homem, não nos preocupando em ser o primeiro ou ter qualquer posi-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ção na igreja, seremos felizes na vida da igreja, seremos “altos” e nosso espírito será
“elevado”. Ser “baixo” significa que estamos sob o juízo de Deus.
Visto que ficamos do lado do nosso homem natural, Deus, em Seu juízo, algumas
vezes, até mesmo nos destruirá e nos fará desolados. Quando estamos desolados, não
temos nada fresco, novo, vivo e crescente. Em vez disso, somos semelhantes a um deser-
to. Desolação é o resultado de estarmos do lado do nosso homem natural. Quanto mais
exercermos nossa sabedoria natural, mais desolados ficaremos. Contudo, se julgarmos
nosso homem natural, nosso espírito se erguerá e será fresco, vivo e florescente.
Nosso velho homem e nosso homem natural seguramente precisam ser tratados por
Deus. Não podemos ser responsáveis pelos “amonitas”, pelos “moabitas”, pelos “tírios”
pelos “sidônios” e pelos “egípcios”, mas podemos, e devemos, ser responsáveis pelos
“edomitas” e pelos “filisteus”, que significam nosso velho homem e nosso homem natural.
Pela graça de Deus, precisamos lidar inteiramente com o velho homem e com o homem
natural, não lhes permitindo realizar uma obra de destruição na igreja. Primeira aos Co-
ríntios 3:17a diz: “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá”. Se nosso
velho homem e nosso homem natural destroem a igreja de Deus, Deus nos destruirá com
nosso velho homem e nosso homem natural. A respeito disso, precisamos aprender a
temer a Deus.

O RESULTADO DO JUÍZO DE DEUS SOBRE AS NAÇÕES

O primeiro resultado do juízo de Deus sobre as nações foi que todas as nações (e
também Israel) souberam que Ele era o Senhor. “E saberão que Eu sou o Senhor”: essa
expressão é usada muitas vezes no livro de Ezequiel. Muitas e muitas vezes, o Senhor
parecia estar dizendo: “Eu os destruirei e saberão que Eu sou o Senhor. Eu os tornarei
desolados e saberão que Eu sou o Senhor. Eu os humilharei e saberão que Eu sou o
Senhor. Eu os porei nas partes inferiores da terra e saberão que Eu sou o Senhor” (25:7,
11, 17; 26:6; 29:6). Todos aqueles que se opuseram ao Senhor e que estão agora nas
partes inferiores da terra, tais como o Imperador Nero, Hitler e Mussolini, sabem agora que
Jesus é o Senhor. Por fim, todos aqueles que ainda estão se opondo a Deus e perse-
guindo a igreja serão postos nas partes inferiores da terra, onde saberão que Jesus é o
Senhor.
O segundo resultado, ou conseqüência, do juízo de Deus sobre as nações foi que o
propósito de Deus foi levado a cabo e cumprido.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM DEZESSEIS

A RESTAURAÇÃO DE DEUS PELA VIDA

Leitura bíblica: Ez 33:7, 11; 34:11-16, 23-31

Na última mensagem, consideramos o juízo de Deus sobre sete nações repre-


sentantes ao redor da nação de Israel: Amom, Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito.
As datas das visões de Ezequiel são significativas. Por exemplo, a visão no capítulo
vinte e seis a respeito de Tiro foi no décimo primeiro ano, e a visão no capítulo vinte e nove
a respeito do Egito foi no décimo ano. Isso indica que o registro de Ezequiel não é segundo
a cronologia, mas segundo o significado. Ele escreveu não segundo a sequência histórica,
mas segundo a sequência do significado. Segundo o significado espiritual, Tiro vem antes
do Egito, embora, de fato, Ezequiel tivesse a visão a respeito do Egito antes da visão con-
cernente a Tiro. O registro a respeito dessas sete nações está arranjado não segundo os
eventos históricos, mas segundo o significado. Isso é uma prova muito forte que essas
sete nações têm um significado espiritual.
As últimas três nações (Tiro, Sidom e Egito) estão relacionadas principalmente ao
bem-estar mundano e aos recursos naturais. Tiro representa as riquezas e o bem-estar
mundanos, que danificam a vida da igreja. Podemos dizer que amamos a igreja, contudo
se buscarmos bem-estar e riquezas do mundo, nós nos tornaremos um dano para a vida
da igreja. Precisamos olhar para o Senhor para que, em Sua misericórdia, nenhum de nós
nas igrejas locais na restauração do Senhor se preocupe com as riquezas mundanas. Em
vez de nos preocuparmos com as riquezas do mundo, devemos preferir ser pobres.
Da preocupação com as riquezas mundanas procede Sidom como espinhos que
picam e abrolhos que causam dor, conforme mostrado pela parábola do Senhor em
Mateus 13:3-23. A igreja é como uma lavoura para produzir algo (1 Co 3:9). Espinhos e
abrolhos frustram o crescimento adequado das plantas na lavoura. Na vida da igreja,
nenhum de nós deve se preocupar com o bem-estar e as riquezas do mundo. Se nos
preocuparmos com as riquezas, podemos impedir não somente nosso próprio crescimento,
mas também o crescimento dos outros.
A última nação, Egito, está intimamente relacionada a Tiro e Sidom e representa o
desenvolvimento dos recursos naturais para que os outros confiem nele. Quando o povo
de Deus se torna pobre e carente de alimento, eles põem sua confiança no Egito. Contudo,
Deus disse que o Egito era um bordão de cana e não era forte o suficiente para se confiar
nele (Ez 29:6-7). Se você confiar no Egito, você se ferirá. Isso mostra que os recursos
naturais não são confiáveis. Até mesmo muitas pessoas mundanas percebem isso. Se
você puser sua confiança nos recursos naturais ou nas riquezas que vêm do desenvol-
vimento dos recursos naturais, você será um dano para a vida da igreja.
Não devemos considerar esse entendimento do significado espiritual das sete
nações como mero conhecimento. Antes, precisamos aplicar esse entendimento a nós
mesmos na vida da igreja.

O JUÍZO DE DEUS E A RESTAURAÇÃO DE DEUS

Nesta mensagem, chegamos à terceira seção do livro de Ezequiel – a seção da res-


tauração (caps. 33–39). O juízo de Deu é sempre com um propósito, e Deus jamais

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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executa Seu juízo sem um propósito. O propósito do juízo de Deus é introduzir a restaura-
ção. Ele não exerce juízo à parte do Seu propósito de restaurar algo.
Precisamos lembrar que o juízo de Deus é baseado em Sua justiça, Sua santidade
e Sua glória. Onde quer que a condição entre Seu povo ou no mundo não seja compatível
com Sua justiça, santidade e glória, Deus exercerá Seu juízo com o propósito de restaurar.
Deus quer restaurar Seu povo segundo Sua justiça, santidade e glória. Conforme veremos,
enquanto o juízo de Deus é pelo fogo, Sua restauração é pela vida.

ESTABELECE O ATALAIA

Em Sua restauração pela vida, a primeira coisa que o Senhor faz é estabelecer o
atalaia. Ezequiel 33:7 diz: “A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa
de Israel; tu, pois, ouvirás a palavra da minha boca e lhe darás aviso da minha parte”. Um
atalaia é alguém que foi comissionado por Deus para dar a Seu povo um aviso, para soar a
trombeta a fim de levar o povo de Deus a se voltar para Ele e se arrepender. O princípio é
o mesmo no Novo Testamento, onde Deus enviou João Batista como um grande atalaia.
Quando João Batista veio, ele soou a trombeta do arrependimento, clamando: “Arrependei-
vos!” (Mt 3:1-2). Em princípio, Ezequiel proclamou a mesma coisa quando ele instou o
povo a se voltar dos seus maus caminhos. Deus não queria que eles morressem; Seu
desejo era que eles se voltassem e vivessem. A respeito disso, Ezequiel 33:11 diz: “Dize-
lhes: Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, não tenho prazer na morte do
perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e viva. Convertei-vos,
convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois por que haveis de morrer, ó casa de
Israel?”.

VEM PARA SER O PASTOR

Depois de estabelecer o atalaia, o próprio Deus veio para ser o Pastor (34:11-31).
Depois da advertência do atalaia, Deus não enviou um anjo ou outra pessoa; Ele mesmo
veio como o Pastor. Que maravilha! Vemos isso não somente em Ezequiel, mas também
no Novo Testamento. Depois que João Batista soou a trombeta do arrependimento, o
Senhor Jesus veio como o Pastor (Mt 9:36; Lc 15:1-7; Jo 10:11).
Na restauração de Deus pela vida, Ele primeiramente envia o atalaia para Seu povo
se arrepender, se voltar e viver e, em seguida, Ele mesmo aparece como o Pastor. Em
nossas experiências pessoais é exatamente o mesmo. Primeiramente, podemos ouvir uma
advertência do Senhor levando-nos a nos arrependermos. Em seguida, percebemos que o
Senhor Jesus não é somente nosso salvador, mas também nosso Pastor, procurando-nos
e buscando-nos.

Procura Suas ovelhas e as busca

Ezequiel 34:11 diz: “Porque assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu mesmo
procurarei as minhas ovelhas e as buscarei”. Como o Pastor, o Senhor não somente
procura, mas também busca. Por causa de nossa condição caída, todos nós estávamos
sepultados sob muitas coisas malignas, portanto precisávamos que Deus nos procurasse.
Em Lucas 15, temos tanto o pastor (prefigurando Cristo como o Pastor) procurando a
ovelha perdida quanto a mulher (prefigurando o Espírito) acendendo a lâmpada e
buscando dentro da casa a moeda perdida. O filho pródigo então foi atraído de volta ao lar
pela busca do Espírito.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

O Senhor fez o mesmo conosco. Ele nos buscou a fim de nos salvar e nos restaurar.
Antes que fôssemos salvos, estávamos sepultados sob muitos pecados, contudo o Senhor
Jesus nos buscou. Em seguida, depois que fomos salvos, nós apostatamos para o
cristianismo degradado, e fomos sepultados sob muitas coisas, tais como doutrinas,
formas e dons. No entanto, uma vez mais, o Senhor Jesus nos buscou; Ele nos buscou e
nos trouxe. Agora, somos aqueles que foram procurados pelo Senhor Jesus como o Pas-
tor. Como nos é possível estar aqui na vida da igreja? Isso não vem de nós, mas inteira-
mente Dele. Estamos aqui porque, como o Pastor, Ele nos buscou e nos procurou.

Traze-os das nações

Ezequiel 34:12-13a diz: “Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que
encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; livrá-las-ei de todos os
lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e de escuridão. Tirá-las-ei dos
povos, e as congregarei dos diversos países”. Aqui, vemos que Ezequiel profetizou que,
como o Pastor, o Senhor tiraria Seu povo, Suas ovelhas, das nações.
Essa também foi nossa experiência. Quando estávamos caídos como pecadores ou
quando nos tornamos apóstatas, estávamos entre as nações vivendo como gentios. Embo-
ra estivéssemos vivendo como incrédulos entre bilhões de pessoas na terra, o Senhor
Jesus nos procurou e nos tirou das nações, dos incrédulos. Você pode ter sido um
professor entre muitos outros, mas só você foi buscado e trazido de volta pelo Senhor
Jesus, que então o levou a ser diferente dos gentios. Anteriormente, você era o mesmo
que os incrédulos, porém um dia o Senhor Jesus como o Pastor buscou-o e o tirou de
entre os incrédulos e o levou para Si.

Leva-os de volta à sua própria terra

No versículo 13b, o Senhor continuou a dizer que Ele levaria Seu povo de volta à sua
própria terra. Eles estavam no cativeiro em nações pagãs, mas o Senhor prometeu levá-los
de volta a seu próprio país, para a boa terra de Canaã. Nossa boa terra é Cristo. Antes que
fôssemos salvos ou depois que apostatamos, estávamos separados de Cristo. Contudo, o
Senhor nos buscou e nos levou de volta para Si e até mesmo para dentro de Si como
nossa boa terra. Hoje, estamos em Cristo como a boa terra. A boa terra hoje é também a
vida da igreja. Portanto, quando fomos levados de volta a Cristo, fomos levados de volta
também para a vida da igreja, onde temos as riquezas e o desfrute da boa terra.

Leva-os de volta aos altos montes

O Senhor prometeu levar Seu povo de volta não somente à sua própria terra, mas
também aos altos montes (vv. 13-14). Visto que os altos montes significam o Cristo ressus-
citado e ascendido, isso indica que o Senhor Jesus nos leva de volta à experiência do
Cristo ressuscitado e ascendido. Portanto, na restauração do Senhor hoje, não desfruta-
mos Cristo meramente no nível plano, mas nos altos montes como o Cristo ressuscitado e
ascendido.

Leva-os de volta aos rios (correntes)

O Senhor também disse que Ele levaria Seu povo de volta aos rios (correntes [v.
13]). Esses rios significam o Espírito que dá vida, a água viva do Espírito. A partir dos
montes, o Cristo ressurreto e ascendido, a água viva do Espírito, flui. O Espírito da vida flui

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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de Cristo em Sua ressurreição e ascensão. Depois que o Senhor nos buscou e nos levou
de volta para Si, nós não somente retornamos para Cristo na posição transcendente de
Sua ascensão, mas também começamos a beber do Espírito como a água viva.

Alimenta Seu rebanho junto aos rios (correntes)

Ademais, o versículo 13 diz que o Senhor alimentaria Seu rebanho junto aos rios
(correntes). Podemos testificar que, nas igrejas locais, temos o sentimento que o Senhor
Jesus está nos alimentando dia após dia juntos aos rios de água viva. Enquanto estáva-
mos nas denominações, tínhamos o sentimento de sequidão e aridez, todavia uma vez que
chegamos às reuniões da igreja, começamos a ter o sentimento que havíamos sido
levados de volta ao rio e que, junto a esse rio, estávamos sendo alimentados pelo Senhor
Jesus. Algo estava fluindo ali como um rio, e estávamos ao lado do rio desfrutando as
riquezas de Cristo. Isso não é algo do homem; é algo do nosso Pastor, que está nos
alimentando junto aos rios. Nas reuniões das igrejas locais, temos o rio, o fluir e o regar.

Leva-os de volta ao pasto bom e gordo

O versículo 14 segue dizendo: “De bom pasto as apascentarei, e sobre os montes da


altura de Israel será o seu curral; ali se deitarão num bom curral, e em pastos gordos
pastarão sobre os montes de Israel” (TB). Aqui, vemos que o Senhor levaria Seu povo de
volta não somente para os rios, mas também para o pasto bom e gordo. Enquanto os rios
significam o Espírito que dá vida, o pasto significa Cristo. Junto aos rios temos o Cristo rico
como nosso pasto. Os rios são para bebermos, e o pasto é para comermos. Nas reuniões
das igrejas locais, temos o sentimento que estamos junto aos rios e no pasto, que estamos
bebendo e comendo. Louvado seja o Senhor, pois estamos sob o cuidado do nosso
Pastor, bebendo junto aos rios e comendo do pasto!
Se visitantes chegam à igreja local e não têm o sentimento de que estão sob o regar
e o alimentar de um rio que flui e de um pasto, bom, gordo e verde, isso indica que a vida
da igreja está errada. Se a vida da igreja estiver correta, então quando as pessoas chega-
rem às reuniões, sentirão que estão junto a um rio que flui e em um pasto bom.

Leva-os a deitar (TB)

No versículo 15, o Senhor, o Pastor, diz: “Eu mesmo apascentarei as minhas


ovelhas, e eu as farei deitar-se”. Deitar-se significa não trabalhar, não laborar e não se
esforçar. Na Bíblia, deitar-se é descansar. Em Cântico dos Cânticos 1:7, a buscadora
perguntou ao Senhor onde Ele apascentava Suas ovelhas, onde fazia Seu rebanho des-
cansar ao meio-dia. Sempre que o Senhor nos alimenta, nos pastoreia, e nos dá algo para
beber, Ele também nos dá descanso. Nas reuniões da igreja, frequentemente temos o
sentimento que estamos deitados para descansar. Exteriormente, estamos sentados, con-
tudo interiormente estamos deitados para descansar.

Liga a ovelha que está quebrada

Ezequiel 34:16a continua: “A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a


quebrada ligarei e a enferma fortalecerei”. Aqui, fortalecer significa curar. Como o Pastor, o
Senhor ligará aquela que estava quebrada e curará aquela que estava enferma. Como
precisamos do ligar e do curar do Senhor! Frequentemente, nas reuniões da igreja, temos
o sentimento que estamos sob o ligar terno do Senhor e que as feridas e os lugares que-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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brados estão sendo ligados por Ele. Outras vezes, podemos sentir que estamos experi-
mentando Seu fortalecimento, Sua cura. Louvado seja o Senhor, pois enquanto estamos
comendo, bebendo e descansando, estamos sob Seu ligar, fortalecer e curar.

Julga entre carneiros e bodes

O versículo 17 diz: “Quanto a vós outras, ó ovelhas minhas, assim diz o SENHOR
Deus: Eis que julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes”. Os versículos 18
a 21 continuam a palavra do Senhor concernente a Seu julgar, e, em seguida, o versículo
22 conclui: “Portanto salvarei o meu rebanho, e ele não servirá mais de presa; e julgarei
entre ovelhas e ovelhas”. Isso indica que, quando temos experimentado a restauração do
Senhor pela vida, isto é, quando somos levados de volta aos montes, aos rios e ao pasto e
temos experimentado descanso e cura, pode haver julgamentos justos entre nós. Quando
estávamos caídos ou em apostasia, discutíamos com os outros e os acusávamos por
nossa situação. Contudo, depois que fomos reavivados, restaurados pela vida, come-
çamos a perceber que nós mesmos estávamos errados. Somente então, julgamentos
justos serão feitos entre nós. Na realidade, somente o Senhor que nos pastoreia, nos
supre e nos cura pode fazer esses julgamentos. Somente depois que Ele nos dá supri-
mento de vida, liga nossas feridas e nos cura, todas as coisas injustas entre nós podem
ser retiradas.
Entretanto, se carecemos do suprimento, do ligar e do curar do Senhor, condena-
remos, acusaremos e reclamaremos dos outros. Se condenamos e acusamos uns aos
outros, não podemos estar em harmonia uns com os outros. Porém, à medida que o
Senhor nos restaura pela vida, temos reavivamento genuíno, temos o desfrute de Cristo,
que nos leva a ficar satisfeitos, descansados e em paz, e experimentamos o ligar e o curar
do Senhor. Aquele que nos nutre e nos supre nos leva a ter um sentimento acurado a
respeito dos nossos relacionamentos com os irmãos e irmãs. Quando temos esse senti-
mento, julgamos a nós mesmos, e, como resultado, temos uma unidade genuína com os
santos como um rebanho.

Suscita Davi como um pastor sobre elas

O versículo 23 continua: “Suscitarei sobre elas um só pastor, que as apascentará,


meu servo Davi. Ele as apascentará, e lhes servirá de pastor”. Davi tipifica Cristo. Cristo é
o verdadeiro Davi, o verdadeiro Pastor, alimentando-nos e nos levando a ficar cheios e
satisfeitos.

Cuida de nós

Como nosso Pastor, Cristo cuida de nós, incluindo todos os nossos problemas e
responsabilidades. Ele cuida de nós não somente nas coisas espirituais, mas em todas as
coisas relacionadas às nossas necessidades humanas. Isto significa que, segundo o Sal-
mo 23, Ele cuida de nós em todos os aspectos do nosso viver.
Visto que o Senhor Jesus é nosso Pastor que cuida de nós, não devemos nos preo-
cupar acerca dos nossos problemas ou do nosso viver. Em vez disso, precisamos apren-
der a colocar nossa confiança Nele. No fim do dia, é muito bom orar ao Senhor como
nosso Pastor. Não existe necessidade de orar detalhadamente de modo formal e religioso.
Diga simplesmente: “Senhor Jesus, eu Te agradeço, porquanto estou sob Teu cuidado.
Agora, vou dormir, e Te peço e que venhas e cuides de mim”. Essa oração simples é boa o
suficiente. Quando você se levanta pela manhã, você diz: “Senhor, eu Te agradeço, pois

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ainda estou sob Teu cuidado”. Não há necessidade de ser religioso, de pedir ao Senhor
para protegê-lo e de fazer muitas outras coisas por você. Se você ora de uma maneira reli-
giosa, o Senhor pode dizer: “Filho, Eu sei do que você necessita. Não desperdice seu tem-
po e não Me sobrecarregue com esse tipo de oração. Simplesmente Me desfrute”.
O Senhor Jesus verdadeiramente é nosso Pastor. Eu poderia dar muitos teste-
munhos de como tenho desfrutado Seu cuidado em todos os anos. Em todo lugar para
onde tenho ido e trabalhado, tenho estado sob Seu cuidado pastoreador. Eu me regozijo,
visto que estamos sob o cuidado do nosso Pastor. Não somos um rebanho sem um Pastor.
Em Sua restauração, nós, como Seu rebanho, estamos sob Seu constante pastorear. À
medida que Ele cuida de nós, Ele nos alimenta e temos a verdadeira experiência do Salmo
23: O Senhor é nosso Pastor, e não queremos nada. Que todos nós aprendamos a expe-
rimentar Cristo como nosso Pastor.

Vem para ser o Rei

Quando o Senhor Jesus vem como o Pastor, Ele vem também como o Rei. O resul-
tado do cuidado do Senhor por nós como nosso Pastor é que nós O obedecemos como
nosso Rei e ficamos sob Seu reinado. O Senhor é nosso Pastor para ser nosso Rei, e Ele
é nosso Rei para ser nosso Pastor. Por um lado, Ele nos pastoreia; por outro, Ele nos go-
verna. Quando recebemos o pastorear do Senhor, entendemos o trono, o reino e a autori-
dade do Senhor. Ele está nos pastoreando com Seu cuidado e suprimento, de modo que
estejamos sujeitos a Seu reinado e para que Ele estabeleça Seu trono e Seu reino dentro
de nós.

Faz uma aliança de paz com eles

Algumas porções de Ezequiel falam da aliança de Deus com Israel. Ezequiel 16:60 e
62 dizem: “Mas eu me lembrarei da aliança que fiz contigo nos dias da tua mocidade e
estabelecerei contigo uma aliança eterna. (...) Estabelecerei a minha aliança contigo, e
saberás que eu sou o SENHOR”. Em 37:26a, o Senhor promete: “Farei com eles aliança
de paz; será aliança perpétua”. Uma vez que um assunto foi aliançado, ele é estabelecido
e assegurado e não pode ser mudado. Portanto, essa aliança de paz está estabelecida,
assegurada e é imutável. À medida que experimentamos o pastorear do Senhor e perma-
necemos sob Seu reinado, desfrutamos Sua paz e não estamos mais sujeitos às perturba-
ções e aos distúrbios espirituais. A respeito dessa aliança, existem vários pontos que
merecem nossa atenção.

Acaba com as bestas feras da terra

Ezequiel 34:25a diz: “Farei com elas aliança de paz e acabarei com as bestas-feras
da terra”. Aqui, é-nos dito que, sob o pastorear do Senhor, todas as bestas-feras serão
mantidas afastadas do povo da restauração do Senhor. Segundo a palavra de Paulo em
Atos 20:29, o nome bestas-feras (“lobos ferozes”) refere-se a pessoas malignas que pertur-
barão o povo de Deus. Na vida da igreja adequada, não há lobos, somente cordeiros. Em
Sua restauração, o Senhor acaba com as bestas-feras.

Quebra todas as varas dos seus jugos

Em Ezequiel 34:27, o Senhor prometeu quebrar todas as varas dos seus jugos,
incluindo os jugos do pecado e do mundo. Com Ele como nosso Pastor, não temos jugos

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

nem amarras. Jesus quebra todo grilhão! Nas igrejas locais, não temos jugos. Em vez
disso, temos total liberdade e plena libertação.

Liberta-os da escravidão

O versículo 27 também indica que o Senhor nos liberta de todos os tipos de escravi-
dão. Na igreja, não temos o sentimento de que estamos sob escravidão. Antes, temos o
sentimento de liberdade. Quanto mais desfrutamos o pastorear do Senhor, mais estamos
libertados de todo tipo de escravidão.

Nunca são presa para o inimigo

O versículo 28a diz: “Já não servirão de rapina aos gentios”. Aqui, o Senhor prome-
teu que aqueles que estão em Sua restauração jamais serão presa para o inimigo. Isto
significa que eles jamais serão derrotados ou capturados pelo inimigo. Na vida da igreja,
compartilhamos os despojos da restauração do Senhor, da vitória do Senhor. Em vez de
nos esforçarmos para obter a vitória, estamos simplesmente desfrutando a vitória do
Senhor.

Habitam em paz e segurança

Por fim, o Senhor prometeu que todos aqueles que estão em Sua restauração habi-
tariam em paz e segurança. O versículo 25b diz: “Seguras habitarão no deserto e dormirão
nos bosques”; o versículo 27b diz: “E estarão seguras na sua terra”; e o versículo 28b diz:
“E habitarão seguramente, e ninguém haverá que as espante”. Isto indica que habitarão
seguramente e desfrutarão descanso em Cristo, sem qualquer temor. Em Cristo, temos
paz.
No versículo 15, temos a palavra deitar-se (TB), e no versículo 25, a palavra
dormirão. Sob o pastorear do Senhor, é seguro dormir até mesmo nos bosques. Na restau-
ração do Senhor, não há necessidade de temermos nada. Se você vai até uma igreja local
onde tem que ser cuidadoso porque a situação é melindrosa e você está temeroso, essa
não deve ser uma igreja local adequada na restauração do Senhor. Na vida da igreja ade-
quada na restauração do Senhor, não existe nada para você temer. Nessa igreja, temos o
sentimento de segurança. Em todos os aspectos da vida da igreja, devemos nos sentir
seguros. Jamais deve haver uma situação na vida da igreja que leve você a ficar temeroso.
Por exemplo, você jamais deve temer falar a um presbítero ou a uma irmã mais idosa.
Alguns têm me perguntado por que posso ser tão franco ao falar pelo Senhor. Posso
ser franco porque na restauração do Senhor temos paz e segurança; portanto, não temo
nada.

Torna-os uma bênção

Ezequiel 34:26 diz: “Delas e dos lugares ao redor do meu outeiro, eu farei bênção;
farei descer a chuva a seu tempo, serão chuvas de bênçãos”. Aqui, o Senhor prometeu
não somente que Seu povo receberia Sua bênção, mas também que Ele os faria uma
bênção. Se existe a paz que é a paz da aliança, a bênção do Senhor seguirá. Primeira-
mente, nós mesmos desfrutaremos a bênção do Senhor e, em seguida, Ele nos levará a
nos tornarmos uma fonte de bênção para os outros, de modo que eles sejam supridos.
Precisamos comentar brevemente os cinco aspectos dessa bênção.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

A chuva vem a seu tempo

Deus fará com que a chuva de bênção desça em seu tempo próprio. Isto significa
que sua vinda será no tempo adequado. Haverá chuva no tempo adequado. À medida que
permanecemos em Cristo, a chuva, o Espírito Santo, muitas vezes descerá sobre nós.

Chuvas de bênçãos

O Senhor promete que haverá “chuvas de bênçãos”. Não existirá falta de água, pois
não haverá somente rios, mas também chuvas. Muitas vezes, nas reuniões das igrejas
locais, sentimos que algo não está somente fluindo, mas também descendo como uma
chuva. Algumas vezes, mesmo no lar depois da reunião, temos o sentimento que as chu-
vas de bênçãos ainda estão descendo sobre nós. Esse é o sinal mais forte que a bênção
do Senhor está sobre a igreja local. Ele nos envia chuvas de bênçãos no devido tempo, no
tempo adequado.

As árvores do campo darão seu fruto


E a terra dará a sua novidade

O versículo 27 nos diz que as árvores do campo darão o seu fruto e que a terra dará
a sua novidade. As chuvas levarão as árvores a dar seu fruto e a terra a dar a sua novida-
de. Isto indica que haverá uma abundância de alimento espiritual não somente para nós
mesmos desfrutarmos, mas também para suprirmos outros. Visto que as igrejas locais são
ricas de alimento espiritual, na restauração do Senhor não existe mais fome, nem falta de
alimento. No começo de uma reunião, podemos parecer ter somente cinco pães pequenos,
mas depois da reunião, temos doze cestas cheias que sobraram. Essa é a verdadeira
bênção.
Até aqui, temos visto que há três sinais que mostram que as igrejas locais estão sob
a bênção do Senhor: as chuvas no tempo adequado, as árvores dando fruto, e a
abundância do produto da boa terra. Jamais devemos ter o sentimento que as reuniões
das igrejas locais carecem de alimento. Se carecemos de alimento, estamos errados. Se
na restauração do Senhor estivermos sob Sua bênção, seremos ricos de alimento.

O Senhor é uma planta de renome

Ezequiel 34:29a diz: “E lhes levantarei uma plantação de renome” (ARC). Aqui, o
Senhor prometeu levantar uma planta de renome, cujo fruto seria para o desfrute de Seu
povo restaurado. Uma vez mais, essa planta é Cristo como o rico suprimento de alimento.
Em todas as necessidades que possamos ter e em todas as dificuldades que possamos
enfrentar, Ele nos dará o rico suprimento.

Nunca mais serão consumidos


pela fome na terra

Finalmente, o versículo 29b diz: “E nunca serão consumidos pela fome na terra”. No
lugar da fome espiritual, haverá um rico suprimento de alimento.

Deus é seu Deus, e eles são Seu povo

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Os versículos 30 e 31 concluem: “Saberão, porém, que eu, o SENHOR, seu Deus,


estou com elas e que elas são o meu povo, a casa de Israel, diz o SENHOR Deus. Vós,
pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois, mas eu sou o vosso Deus, diz
o SENHOR Deus”. Aqui, o Senhor prometeu que estaria com eles, que eles seriam Seu
povo, e que Ele seria seu Deus. Eles têm a presença de Deus, Deus está entre eles, e eles
estão diante de Deus. Essa é a comunhão perfeita com Deus, a comunhão na unicidade –
a restauração genuína.
Na restauração do Senhor, temos a presença de Deus. Deus está conosco. Somos
Seu povo, e Ele é nosso Deus. Somos Seu e Ele é nosso. Temos essa comunhão, essa
unicidade, pois somos um com Deus e Deus é um conosco. Essa é restauração da vida da
igreja: o verdadeiro mesclar de Deus com o homem. Disso, vemos que a restauração da
vida da igreja não é uma questão de ensinos ou dons, mas da presença do Senhor. Esta-
mos aqui na terra desfrutando essa unicidade e mesclar com o Senhor. Essa é a restaura-
ção do Senhor pela vida.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM DEZESETE

A RESTAURAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR PELA VIDA

Leitura bíblica: Ez 34:5, 14, 10, 15; 36:8-12, 15, 22-30, 33-38

Nesta mensagem, consideraremos o assunto da restauração exterior e interior pela


vida.

JULGA O VELHO HOMEM OUTRA VEZ

A restauração pela vida começa no capítulo trinta e três, onde Deus estabelece um
atalaia. Essa restauração continua no capítulo trinta e quatro, onde o próprio Deus vem
para ser o Pastor a fim de procurar Seu povo, encontrá-los, para levá-los de volta, e fazê-
los desfrutar as riquezas de Cristo prefigurada pelas riquezas da boa terra. Depois disso,
no capítulo trinta e cinco, o Senhor nos faz lembrar da necessidade de condenar nosso
velho homem, que é prefigurado por Edom. Essa é a razão pela qual depois do capítulo
trinta existe outra palavra a respeito do juízo sobre Edom. Para a maioria, Deus espera até
que o juízo seja executado antes que Ele inicie Sua obra de restauração. No entanto, no
processo de restauração, ainda existe a necessidade do juízo de Deus. Isso é verdade, em
particular, a respeito de Edom. Edom foi julgado na seção anterior, contudo, por que é
muito difícil lidar com o velho homem, o juízo sobre ele deve ser repetido. Ontem, você
pode ter condenado seu velho homem e experimentou juízo sobre ele. Mas hoje, seu velho
homem pode retornar para visitá-lo, talvez de uma maneira bela ou de uma maneira sutil.
Você foi restaurado e levado de volta a Cristo como a boa terra e entrou no rico desfrute de
Cristo. Você pôde ter pensado que seu velho homem foi plenamente condenado e julgado,
porém não percebeu que ele voltou sem dar qualquer notícia e sem pedir permissão para
visitá-lo. Agora, enquanto você está desfrutando Cristo, ele está com você, odiando seu
desfrute de Cristo e seu desfrute da vida da igreja.
Ezequiel 35 diz que Edom e seus companheiros ficaram felizes ao ver que Israel
estava desolado (vv. 12, 15). Edom também estava esperando possuir as duas nações
(Israel e Judá), reivindicando-as como sua posse. Para o Senhor, Edom estava falando
tolices, pois Ele planejava exercer Seu juízo sobre Edom uma vez mais.
Precisamos aprender a lição de julgar Edom. Enquanto estamos sendo restaurados,
temos que julgar nosso velho homem muitas e muitas vezes. O juízo sobre Amom, Moabe,
Tiro, Sidom e Egito pode ser de uma vez por todas, mas o juízo sobre Edom não o pode.
Pelo contrário, Edom, nosso velho homem, deve ser julgado repetidamente até o dia da
redenção do nosso corpo. Essa é a razão pela qual entre Ezequiel 34 e 36, que são dois
capítulos maravilhosos, existe um capítulo muito negativo a respeito do juízo sobre Edom.
Visto que Edom retorna, o juízo sobre ele deve ser repetido. Embora o tenhamos conde-
nado, julgado e afugentado, ele volta. Por conseguinte, precisamos cooperar com o Senhor
para exercer uma vez mais Seu juízo sobre o velho homem.
A genuína restauração do Senhor não é simplesmente uma questão de se arrepen-
der, voltar-se para o Senhor e desfrutar a bênção do Senhor. É necessário haver também
uma mudança em nossa vida e natureza. Em Sua restauração, Deus precisa tocar nosso
coração e nosso espírito e, por meio disso, tocar nossa vida diretamente e mudar-nos em
vida e natureza. Portanto, precisamos tanto da restauração exterior descrita em Ezequiel
34, quanto da restauração interior descrita em Ezequiel 36. Visto que a restauração em

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Ezequiel 36 é concernente à nossa vida e natureza e envolve nosso coração e espírito, o


capítulo trinta e cinco é inserido para mostrar a importância de julgar nosso velho homem.
A fim de restaurar-nos e nos tornar um novo homem, Deus deve julgar nosso velho
homem, nossa velha criação.

A RESTAURAÇÃO DA BOA TERRA

O ponto principal em Ezequiel 36 é a restauração da boa terra, isto é, a restauração


do desfrute pleno das riquezas de Cristo (vv. 8-15, 33-36). Sempre que apostatamos e nos
tornamos caídos, perdemos o rico desfrute de Cristo. Cristo em Si mesmo é rico, contudo
podemos perder o desfrute de Suas riquezas. Louvamos o Senhor, pois que em Sua res-
tauração existe a restauração do desfrute das riquezas de Cristo.

A RESTAURAÇÃO EXTERIOR E INTERIOR

Na restauração do Senhor, há dois aspectos: o exterior e o interior, a restauração


exterior e a interior. Suponha que você se afastou de Cristo, da vida da igreja, e da comu-
nhão com os santos e se envolveu com coisas pecaminosas e mundanas. Contudo, um
dia, o Senhor o busca e o leva de volta para Si mesmo, para a vida da igreja e para a
comunhão com os santos. Isso é uma restauração, porém é apenas uma restauração
exterior, o aspecto exterior da restauração do Senhor. No entanto, ao mesmo tempo, o
Senhor faz uma obra interior. Ele não somente o leva de volta para a boa terra, mas
também o restaura interiormente. Ser restaurado de volta à vida da igreja e à comunhão
com Cristo é somente o aspecto exterior. Você ainda precisa do aspecto interior da
restauração do Senhor, que é visto em 36:22-30.

CUIDA DO SEU SANTO NOME

Ezequiel 36:21-23 diz: “Mas tive compaixão do meu santo nome, que a casa de
Israel profanou entre as nações para onde foi. Dize, portanto, à casa de Israel: Assim diz o
SENHOR Deus: Não é por amor de vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu
santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes. Vindicarei a santidade do
meu grande nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas;
as nações saberão que eu sou o SENHOR, diz o SENHOR Deus, quando eu vindicar a
minha santidade perante elas”. Aqui, vemos que, ao restaurar Seu povo, Deus age em
favor do Seu santo nome. A restauração interior de vida é levada a cabo por Deus por
causa do Seu nome. Muitos de nós podem testificar que fomos restaurados e reavivados
não por causa de qualquer mérito em nós mesmos, mas porque Deus fez algo em nós pelo
Seu próprio nome.

LEVA-OS AO LUGAR DELES

“Tomar-vos-ei de entre as nações, e vos congregarei de todos os países, e vos trarei


para a vossa terra” (v. 24). Em Sua restauração, Deus nos tira do mundo e nos leva de
volta para nosso próprio lugar. Ele nos faz retornar para Cristo como nossa terra.

O SENHOR NOS LAVA COM ÁGUA PURA

O Senhor não somente nos leva de volta para o desfrute de Cristo; Ele também nos
lava com água pura. Zacarias 13:1 diz que o sangue do Senhor é uma fonte que lava.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Semelhantemente, a água pura em Ezequiel 36:25 se refere ao sangue redentor e purifi-


cador do Senhor. O Senhor Jesus nos lava com Seu sangue purificador não somente
quando somos salvos, mas também toda vez que somos reavivados e levados de volta
para Ele.

Purifica da impureza

O Senhor nos lava de duas categorias de coisas sujas: da impureza e dos ídolos.
Impureza inclui todos os tipos de coisas pecaminosas, injustas, iníquas e tenebrosas. Isso
também inclui coisas odiosas, fazer coisas erradas para outras pessoas e condescender
com distrações mundanas. Quando fomos salvos, sentimo-nos envergonhados dessas
coisas imundas. Quando somos reavivados, também temos esse sentimento de vergonha,
não desejando lembrar as coisas pecaminosas e mundanas com as quais estivemos uma
vez envolvidos. O sangue do Senhor como a água pura nos lava de toda nossa imundícia.
Talvez, hoje, precisemos ser lavados da fofoca, boatos, ciúme, crítica e crueldade. Lou-
vamos o Senhor, pois não importa quão imundos éramos, o sangue do Senhor é a água
pura que nos lava e nos purifica.

Purifica dos ídolos

Antes de sermos salvos, tínhamos não somente muita imundície, mas também mui-
tos ídolos. Essa também pode ter sido nossa situação depois que nos tornamos apóstatas
e antes de sermos reavivados. Considere quantos ídolos você teve antes que fosse salvo
ou reavivado. Para alguns, um artigo de roupa é um ídolo. Eles amam esse item de roupa
mais do que o Senhor Jesus. Uma vez, enquanto o irmão Watchman Nee estava minis-
trando em Xangai, ele, de súbito, apontou para uma irmã e perguntou: “Quantos capítulos
há em Mateus?”. Ela respondeu: “Vinte e seis”. Então, o irmão Nee perguntou-lhe quantos
botões havia em seu vestido, e, sem hesitação, ela lhe disse o número correto. O irmão
Nee continuou a dizer: “Você conhece seu vestido muito bem. Você se lembra até mesmo
de quantos botões ele tem. Contudo, não se lembra de quantos capítulos há em Mateus”.
Essa simples ilustração nos mostra que podemos amar um artigo de roupa mais do que o
Senhor Jesus. Tudo que amamos mais que o Senhor é um ídolo.
Alguns cristãos jamais derramaram uma simples lágrima pelo Senhor Jesus, todavia
eles têm derramado muitas lágrimas por sua roupa. Isso prova que eles amam a roupa
mais que o Senhor Jesus. Outros podem se preocupar com coisas tais como um grau de
doutorado ou uma posição elevada. Outros ainda podem desejar fama ou querer fazer um
nome para si. Todas essas coisas são ídolos. Precisamos do sangue remidor do Senhor a
fim de nos purificar não somente de toda a nossa sujeira, mas também de todos os nossos
ídolos.

UM NOVO CORAÇÃO E UM NOVO ESPÍRITO

A purificação mencionada acima é algo do lado negativo. Do lado positivo, depois da


purificação, o Senhor nos dá um novo coração e um novo espírito. Muitos de vocês são
cristãos há anos, porém jamais ouviram uma mensagem dizendo-lhes que têm um novo
espírito. Ninguém lhes disse que no momento da sua conversão, o Senhor deu-lhes não
somente um novo coração, mas também um novo espírito.

Amar o Senhor com nosso coração

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Precisamos perceber que existe uma diferença entre o coração e o espírito. Nosso
coração é um órgão de amor. Uma vez, eu entreguei uma mensagem na qual mostrei que
não é suficiente apenas ter um coração amoroso para com o Senhor. Uma irmã, em
particular, ficou perturbada com isso e quis saber o que significava dizer que precisamos
de algo mais que um coração amoroso. Para ilustrar, eu lhe perguntei se ela amava uma
determinada Bíblia que pertencia a seu marido e se ela desejaria tê-la. Então, eu disse: “A
Bíblia é sua; por favor, tome-a”. Quando ela estendeu sua mão para pegar a Bíblia, eu
disse: “Não use sua mão. Apenas use seu coração amoroso. Pegue a Bíblia com seu cora-
ção”. Mediante essa ilustração, ela entendeu que ter um coração amoroso não é suficiente.
Ela também precisava estender sua mão para pegar a Bíblia. De maneira semelhante,
precisamos tanto de um coração para amar o Senhor quanto de um espírito para recebê-
lo.

Receber o Senhor com nosso espírito

Amamos o Senhor com nosso coração. O coração é o órgão do amor, mas ele não é
o órgão receptor. A fim de tomar ou receber algo, precisamos usar o órgão adequado. Se
desejamos contatar o Senhor, recebê-Lo, desfrutá-Lo, comê-Lo e bebê-Lo, precisamos de
um espírito. Enquanto amamos o Senhor com nosso coração, contatamo-Lo e O rece-
bemos com nosso espírito.
Primeiramente, precisamos amar o Senhor. Isso significa que temos apetite pelo
Senhor. Se não temos amor pelo Senhor nem apetite por Ele, não iremos até Ele nem O
receberemos. Antes que fôssemos salvos, não amávamos o Senhor não tínhamos apetite
por Ele. Em vez disso, nosso gosto era pelo mundo e pelas coisas do mundo, especial-
mente pelos divertimentos mundanos. Quando outras pessoas nos falavam sobre o Senhor
Jesus, não nos preocupávamos em ouvir. Não tínhamos qualquer interesse, porquanto não
tínhamos apetite. Amávamos outras coisas, e nosso coração estava posto naquelas coi-
sas. No entanto, um dia, o Senhor nos concedeu Sua visitação graciosa, e, imediatamente,
nosso apetite foi mudado. Começamos a amar o Senhor e a Bíblia, e perdemos nosso
apetite pelas coisas mundanas. Isso foi a obra graciosa do Senhor, e fez com que nosso
coração se voltasse do mundo para o Senhor.
Precisamos amar o Senhor Jesus e ter apetite por Ele, o que nos fará voltar do
apetite por outras coisas. Devemos ser capazes de dizer ao Senhor Jesus que O amamos
e que estamos famintos e sedentos por Ele. Uma vez que temos adquirido esse apetite
amoroso pelo Senhor, precisamos usar nosso espírito como o órgão para contatá-Lo,
recebê-Lo, comê-Lo, bebê-Lo e inspirá-Lo. Agora, podemos ver que precisamos de dois
órgãos: um coração amoroso e um espírito receptor.
O espírito receptor tem sido grandemente negligenciado por muitos cristãos. Em
alguns lugares, as mensagens estimulam o coração amoroso das pessoas, mas não lhes
dão ajuda para exercitar seu espírito. Agradecemos ao Senhor, pelo fato que Ele nos tem
dado não somente um novo coração para amá-Lo, mas também um novo espírito para
contatá-Lo, recebê-Lo e contê-Lo.

Um coração tenro

O novo coração que o Senhor nos tem dado é muito tenro. Em vez de um coração
inflexível, duro e de pedra, temos agora um coração de carne, um coração que é tenro
para com o Senhor. Antes de sermos salvos, podíamos fazer muitas coisas pecaminosas
sem qualquer sentimento de tristeza. Visto que nosso coração era duro e inflexível, não
tínhamos sentimento interior para com o pecado. Porém, quando fomos salvos, nosso co-
ração foi mudado pelo Senhor. Agora, temos um coração amolecido. Por exemplo, po-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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demos falar somente parte de uma sentença e sentimos que estamos errados e que não
devíamos ter dito nada. Imediatamente, paramos de falar e talvez até nos desculpemos
pelo que falamos. Outras vezes, porque nosso coração é tenro, podemos ficar perturbados
até mesmo por um pequeno equívoco ou por uma leve impureza em nosso motivo. Isso
prova que fomos convertidos e reavivados, que temos nos voltado para o Senhor e que
nosso coração se tornou tenro e sensível.

Exercitar nosso espírito

Precisamos também exercitar nosso espírito. Um coração amoroso não é suficiente.


Em acréscimo a um coração amoroso, precisamos de um espírito renovado e receptor.
Tínhamos um espírito humano antes que fôssemos salvos, mas ele estava amorte-
cido. Em Efésios 2:1, Paulo diz que estávamos mortos em ofensas e pecados. Isso signi-
fica seguramente que não estávamos mortos em nosso corpo ou em nossa alma, mas em
nosso espírito. Enquanto estávamos vivendo em nosso corpo, estávamos mortos em
nosso espírito. Quando fomos salvos, o Senhor Jesus vivificou nosso espírito. Portanto,
agora, temos um espírito vivificado e renovado.
Você pode sentir que é difícil discernir a diferença entre seu espírito e seu coração.
Em vez de tentar analisar a diferença, podemos reconhecer a diferença segundo nossa
experiência. Quando consideramos quão doce e precioso o Senhor Jesus é e quanto Ele
tem feito por nós, podemos nos tornar estimulados em nossa emoção e dizer: “Senhor
Jesus, eu Te amo!”. Isso é uma expressão do nosso coração amoroso. Porém, quando
invocamos o nome do Senhor Jesus, podemos sentir que, no recôndito do nosso ser, algo
diferente do nosso coração foi exercitado. Esse é nosso espírito. Da mesma forma que
sabemos que temos dois pés ao usá-los para andar, sabemos que temos um espírito ao
exercitá-lo para contatar o Senhor. Uma das melhores maneiras de usar nosso espírito
para contatar o Senhor é invocar: “Ó Senhor Jesus!”. Quando exercitamos nosso espírito
dessa maneira, temos o sentimento de algo se movendo no profundo do nosso ser. Esse é
nosso espírito.
Em sua sutileza, Satanás tem ocultado esse assunto do espírito humano da maior
parte dos cristãos. Quando muitos crentes leem a Bíblia, eles não exercitam seu espírito,
antes exercitam somente sua mente. Quando lemos a Bíblia, precisamos exercitar nosso
espírito bem como nossa mente. Jamais devemos negligenciar nosso espírito. Se não
exercitamos nosso espírito, não podemos ser cristãos adequados. É trágico que os
cristãos são ensinados a cuidar da mente, mas não do espírito. Muitos se preocupam com
ensinamentos fundamentais ou com dons pentecostais, contudo, segundo a história, ensi-
namentos e dons não têm sido eficazes na edificação da igreja. Obviamente, ensinamen-
tos e dons têm muito valor, todavia a coisa principal de que precisamos hoje é o exercício
do espírito. Isso é o mais crucial, vital e prevalecente.
Primeira aos Coríntios fala não somente dos dons, mas também de muitas outras
coisas. Por exemplo, no capítulo três, Paulo fala acerca de comida e crescimento. O versí-
culo 2 diz: “Dei-vos leite para beber, não alimento sólido, pois ainda não éreis capazes de
recebê-lo. Mas nem ainda agora sois capazes”. No versículo 6, ele segue dizendo: “Eu
plantei, Apolo regou; mas Deus faz crescer”. Isso não é uma palavra a respeito dos dons.
Em 12:13, Paulo diz: “Pois também em um só Espírito todos nós fomos batizados em um
só Corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado
beber de um só Espírito”. Nesse versículo, Paulo diz que fomos posicionados para beber
de um só Espírito, mas ele não diz nada sobre dons. Outro versículo crucial em 1 Coríntios
é 15:45b: “O último Adão tornou-se o Espírito que dá vida”. Muitos leitores de 1 Coríntios
apreciam a palavra nos capítulos doze e quatorze acerca de falar em línguas e profecia,
contudo negligenciam 15:45b. O que você prefere: falar em línguas ou Cristo como o

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Espírito que dá vida? Se comparamos o Espírito que dá vida com o falar em línguas,
podemos dizer que o Espírito que dá vida é como ouro e que falar em línguas é como
bronze. Em 13:1, Paulo diz: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não
tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine”. Isso indica um
som sem vida. Se falamos as línguas dos homens e dos anjos e, todavia, não temos vida
em nosso espírito, esse falar é como o som do bronze. A palavra de Paulo aqui indica que
falar em línguas não é uma questão de vida. Falar em línguas não é uma expressão de
vida.
A essa altura, precisamos considerar o modo de Paulo falar em 1 Coríntios 7. Em
contraste com muitos no pentecostalismo hoje, Paulo não disse: “Assim diz o Senhor”.
Antes, no versículo 25, ele disse: “Não tenho mandamento do Senhor; porém dou minha
opinião, como alguém que recebeu do Senhor a misericórdia de ser fiel”. A expressão
Assim diz o Senhor é tirada do Antigo Testamento, contudo não é usada pelos escritores
do Novo Testamento. Pedro, Paulo e João não usaram essa expressão. Em vez de seguir
o pentecostalismo para adotar expressões do Antigo Testamento, devemos aprender a
exercitar nosso espírito a ser um espírito com o Senhor (1 Co 6:17). Isso significa que
precisamos perceber que, em Sua restauração interior pela vida, Ele nos deu um novo
espírito.

Pôr Seu Espírito no espírito deles

Ezequiel 36:27 diz: “Porei dentro de vós o meu Espírito”. Aqui, vemos que o Senhor
disse não somente que Ele nos daria um novo coração e um novo espírito, mas que Ele
poria Seu Espírito em nós, pondo Seu Espírito dentro do nosso espírito. Não devemos
negligenciar nosso espírito, porquanto nosso espírito é um vaso que contém o Espírito di-
vino. Quando os crentes ouvem a palavra espírito, eles normalmente pensam no Espírito
Santo. Eles raramente consideram que têm um espírito humano. Sim, precisamos do Es-
pírito Santo, mas precisamos perceber que o Espírito Santo está em nosso espírito
humano regenerado. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de
Deus” (Rm 8:16). Louvado seja o Senhor, pois temos um novo coração e um novo espírito
e temos o Espírito Santo dentro do nosso espírito nos fortalecendo o tempo inteiro.
Isso nos capacita a guardar os mandamentos de Deus. Esses mandamentos são
conforme Sua natureza e temos a natureza de Deus dentro de nós, pois temos Seu Espí-
rito dentro de nós. Agora, existe algo dentro de nós que corresponde à lei de Deus. O Espí-
rito de Deus dentro de nós contém a natureza de Deus, e a natureza de Deus corresponde
à lei de Deus. Visto que temos a natureza de Deus dentro de nós, é-nos fácil guardar Sua
lei. Anteriormente, era-nos difícil amar as outras pessoas, mas agora é fácil amá-las e difí-
cil odiá-las, porquanto temos uma nova natureza, a natureza de Deus, dentro de nós.

A TERRA SE TORNA COMO O JARDIM DO ÉDEN

Em 36:34-36, o Senhor prometeu que os lugares desolados e ermos se tornariam


como o jardim do Éden. Ali, a plantação memorável (34:29), Cristo como a árvore da vida,
seria o rico suprimento deles. As igrejas locais precisam alcançar essa condição elevada
para que sejam como o jardim do Éden. Mesmo hoje, muitas vezes nas reuniões da igreja,
temos o sentimento que estamos no jardim do Éden.

MULTIPLICA-OS COM HOMENS COMO UM REBANHO

124
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Ezequiel 36:37-38 diz: “Assim diz o SENHOR Deus: Ainda nisto permitirei que seja
eu solicitado pela casa de Israel: que lhe multiplique eu os homens como um rebanho.
Como um rebanho de santos, o rebanho de Jerusalém nas suas festas fixas, assim as
cidades desertas se encherão de rebanhos de homens; e saberão que eu sou o
SENHOR”. Aqui, o Senhor prometeu que Ele geraria rebanhos de pessoas. Embora Ele
tenha prometido fazer isso, ainda precisamos demandar Dele. Isso significa que precisa-
mos orar pela multiplicação, dizendo: “Ó Senhor, arrebanha pessoas. Tu nos prometeste
isso”.
No passado, sempre que oramos por um aumento de número, o Senhor respondeu.
Sinto que precisamos orar mais. O Senhor prometeu, contudo Ele precisa da nossa de-
manda. Ele prometeu que Ele aumentaria nosso número com homens como um rebanho,
todavia precisamos orar por isso e pedir-Lhe para fazê-lo. Espero que os santos em todas
as igrejas locais orem definitiva e especificamente pelo aumento do número de pessoas.
Jamais devemos ficar contentes com nosso número atual. Antes, todos nós devemos aspi-
rar a ter o dobro de pessoas dentro de determinado período. Assim, precisamos orar:
“Senhor, arrebanha pessoas”.
Em 1963 em Los Angeles, tínhamos somente vinte ou trinta pessoas, mas depois
que oramos por seis meses, o número foi grandemente aumentado. Em Eden Hall, nós
também oramos para que o Senhor arrebanhasse pessoas. Oramos: “Senhor, traz
rebanhos de homens para nós”, e o Senhor ouviu essa oração. Sinto que hoje precisamos
orar ainda mais, baseando-nos sobre e reivindicando Ezequiel 36:37-38 a respeito do
aumento do número de pessoas.
Não devemos dizer que número não significa nada e que nós não nos preocupamos
com número. Não devemos consolar-nos com qualquer deficiência na questão de aumen-
to. Seguramente, precisamos do aumento em número. Precisamos orar pelo aumento,
reivindicando a promessa do Senhor em Ezequiel 36. Quando alguns ouvem isso, eles
podem dizer que não se preocupam com quantidade, mas com qualidade. No entanto,
qualidade vem da quantidade. Portanto, precisamos orar para que o Senhor nos dê o
aumento e que Ele introduza rebanhos de homens.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM DEZOITO

OS OSSOS SECOS, OS DOIS PEDAÇOS DE MADEIRA E O EXÉRCITO

Leitura bíblica: Ez 37:1, 5-17, 21-28

O livro de Ezequiel tem quatro seções principais, cada uma contendo um ponto
crucial. A primeira seção, que consiste do capítulo um, fala da visão gloriosa de Deus e
revela o Deus santo em Sua glória. A segunda seção, composta dos capítulos dois a trinta
e dois, fala do juízo de Deus para lidar com todas as coisas e assuntos que não são
compatíveis com Sua justiça, santidade e glória. Deus julga tudo entre Israel e entre os
gentios que é incompatível com Sua natureza. A terceira seção, que inclui os capítulos
trinta e três a trinta e nove, diz respeito à restauração de Deus de um remanescente do
Seu povo. Quando Deus vem para julgar, Ele se lembra de Sua aliança de graça, e, assim,
Ele preserva um grupo dos Seus eleitos e os leva de volta à terra deles. Isso indica que a
ideia principal na terceira seção de Ezequiel é a restauração do Senhor. A quarta seção,
consistindo dos capítulos quarenta a quarenta e oito, fala de Deus vindo para edificar Seu
amado povo restaurado para dentro da Sua habitação. Isso significa que a última seção é
devotada ao assunto do edifício de Deus.
No livro de Ezequiel, há três capítulos que podem ser considerados grandes capítu-
los na Bíblia: o capítulo um, o capítulo trinta e sete e o capítulo quarenta e sete. Esses
capítulos ocupam uma posição especial não somente em Ezequiel, mas na Bíblia como um
todo. Cada um desses capítulos pode ser representado por uma simples palavra: capítulo
um: fogo; capítulo trinta e sete: sopro; e capítulo quarenta e sete: água. Nenhum capítulo
fala de Deus como fogo da maneira que Ezequiel 1 o faz. João 4 e 7 e Apocalipse 22 falam
sobre água, mas não da maneira que Ezequiel o faz. Semelhantemente, Ezequiel 37 é
único na maneira que ele fala do sopro de Deus. Esse capítulo revela como o Espírito de
Deus entra em nós a fim de nos vivificar para que nos tornemos um corpo, tornado um
exército, e também edificado como a habitação de Deus. Somente nesse capítulo vemos
verdadeiramente o resultado de sermos vivificados pelo sopro de vida. Disso, vemos que
Ezequiel 37 ocupa uma posição particular na Bíblia.
Os capítulos trinta e três a trinta e sete de Ezequiel descrevem a restauração de
Deus do Seu povo a partir de diferentes aspectos. O capítulo trinta e quatro enfatiza a
vinda do Senhor como o Pastor para buscar Suas ovelhas perdidas e levá-las de volta a
sua terra. No capítulo trinta e seis, vemos que o Senhor restaura Seu povo pela vida não
somente exteriormente, mas também interiormente, ao dar-lhes um novo coração e um
novo espírito e ao colocar Seu espírito dentro deles. O capítulo trinta e sete revela que o
Senhor vem para reavivar Seu povo morto e disperso e para torná-los um. Disso, vemos
que o povo capturado por Deus precisa ser restaurado em diferentes aspectos. Visto que
eles haviam sido expulsos e dispersos como ovelhas, eles precisavam que o Senhor os
buscasse como seu Pastor. Visto que sua condição interior estava impura e velha, eles
precisavam de um novo coração e de um novo espírito. Uma vez que eles haviam se
tornado mortos, ossos secos, eles precisavam ser vivificados e unidos.

A PLANTA MEMORÁVEL E O JARDIM DO ÉDEN

Antes de começar a considerar o capítulo trinta e sete, gostaria de dizer uma palavra
acerca de dois assuntos: planta memorável (34:29) e o jardim do Éden (36:35). A planta

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

memorável, uma planta famosa, é Cristo. Cristo não é somente a boa terra, contendo mui-
tas árvores cujos frutos são bons para alimento; Ele é também uma planta memorável. A
respeito da expressão como o jardim do Éden, precisamos ver que, por fim, a restauração
do Senhor deve atingir o ponto onde ela é como o jardim do Éden. Então, onde quer que
estejamos na restauração do Senhor, seremos o jardim do Éden. Frequentemente, nas
reuniões das igrejas locais, temos o sentimento que estamos no jardim do Éden. No jardim
do Éden, temos Cristo como uma planta famosa, a planta memorável. Isso significa que,
na vida da igreja, desfrutamos as riquezas de Cristo de uma maneira especial dia após dia.

UM CAPÍTULO QUE MOSTRA COMO DEUS NOS RENOVA


E NOS REGENERA

Ezequiel 34 abarca principalmente os aspectos exteriores da restauração do Senhor.


Nesse capítulo, Deus vem como o Pastor para buscar e procurar Seu povo e levá-los de
volta à Sua boa terra. Ezequiel 36 abarca o aspecto interior da restauração do Senhor. Em
Sua restauração, o Senhor não somente nos leva de volta exteriormente, mas também nos
dá interiormente um novo coração e um novo espírito e põe Seu Espírito dentro do nosso
espírito. Se virmos isso, entenderemos que a restauração do Senhor não é meramente um
assunto de posição e circunstâncias exteriores, mas também um assunto de natureza e
disposição interiores. Na restauração do Senhor, que é algo tanto exterior quanto interior,
não somente nossa posição, as circunstâncias e ambientes são mudados, mas também
temos o renovar interior do nosso coração e do nosso espírito, e recebemos o Espírito de
Deus. Exteriormente, existe uma mudança, e interiormente existe uma conversão.
Ezequiel 36, entretanto, não nos diz clara e plenamente como podemos ter uma
conversão, como podemos ter um novo coração e um novo espírito, e como podemos
obter o Espírito de Deus. Simplesmente nos é dito de uma maneira geral que o Senhor nos
dará um novo coração e um novo espírito e porá Seu próprio Espírito dentro de nós.
Assim, precisamos de Ezequiel 37 para mostrar-nos como Deus nos renova e nos regene-
ra.

ESTÁVAMOS MORTOS E ÉRAMOS OSSOS SECOS

Antes que Deus viesse para nos renovar e nos regenerar, éramos como mortos e
como ossos secos. Se tivéssemos tão somente Ezequiel 36, entenderíamos que éramos
pecaminosos e imundos, mas não pensaríamos que estávamos mortos. Ezequiel 37 revela
que não estávamos apenas mortos, mas que éramos também ossos secos. Isso indica que
a salvação de Deus não é somente para aqueles que são pecaminosos, mas também para
aqueles que estão mortos.
À vista de Deus, quando éramos caídos, seja como um pecador ou como um crente
desviado, estávamos mortos e sepultados. Estávamos na “sepultura” de várias coisas
pecaminosas e entretenimentos mundanos. Antes que fôssemos salvos ou antes que
fôssemos reavivados, estávamos todos sepultados em algum tipo de sepultura. Éramos
pecaminosos, estávamos mortos, sepultados e éramos secos. Não tínhamos sangue, nem
carne, nem tendões, nem pele – somente ossos secos. Isso é um quadro que mostra o que
éramos e onde estávamos.

ESTÁVAMOS DISPERSOS

Visto que estávamos mortos e secos, também estávamos dispersos. Segundo Eze-
quiel 37, nenhum pedaço de osso estava ligado a outro pedaço. Todos os ossos estavam

128
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

desarticulados e dispersos, não tendo qualquer unidade. Se éramos um pecador perdido


ou um crente desviado, essa era nossa situação.
Hoje, muitos cristãos estão sepultados nas sepulturas das denominações, divisões,
grupos independentes e diferentes movimentos. Todas as denominações, seitas, grupos e
movimentos são sepulturas. Muitos de nós podemos testificar que, anteriormente, estáva-
mos nessas sepulturas, mortos, secos, dispersos, desarticulados e não conectados a nin-
guém.

O POVO DE DEUS SOBE DE SUAS SEPULTURAS

Ezequiel 37:11-13 diz: “Então, me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a
casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa
esperança; estamos de todo exterminados. Portanto, profetiza e dize-lhes: Assim diz o
SENHOR Deus: Eis que abrirei a vossa sepultura, e vos farei sair dela, ó povo meu, e vos
trarei à terra de Israel. Sabereis que eu sou o SENHOR, quando eu abrir a vossa sepultura
e vos fizer sair dela, ó povo meu”. Não somente pecadores incrédulos precisam ser libertos
de suas sepulturas, mas até mesmo muitos irmãos e irmãs precisam ser reavivados e liber-
tados da morte e de suas sepulturas. Alguns santos têm se tornado caídos e desolados e
agora estão presos em suas sepulturas. Não sei pelo que você foi morto ou em que tipo de
sepultura você está sendo mantido. Contudo, espero que o vento de Deus sopre sobre
você, que a luz de Deus resplandeça dentro de você e que a vida de Deus opere dentro de
você para abrir sua sepultura e levá-lo a subir dela e ser reavivado.
A Bíblia revela que o Senhor é o Salvador dos mortos. Em João 5:25, o Senhor
Jesus diz: “Em verdade, em verdade vos digo: Vem a hora, e agora é, em que os mortos
ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão”. Em Ezequiel 37, Deus está
falando não aos doentes, mas aos mortos. É uma bênção perceber que estamos mortos e
que precisamos que o Senhor nos avive. A palavra de Deus nesse capítulo não é para
tornar uma pessoa doente sã, nem tornar uma pessoa má uma pessoa boa; a palavra de
Deus aqui é levar uma pessoa morta a se tornar uma pessoa viva. Espero que muitos se
humilhem diante do Senhor e orem: “Senhor, confesso que não sou somente doente e
pecaminoso – admito que estou morto. Meu coração e meu espírito estão mortos. Senhor,
estou completamente morto e seco. Sou como uma pilha de mortos, como ossos secos. Ó
Senhor, preciso que Tua vida venha para dentro de mim. Preciso que Tu sopres o sopro de
vida dentro de mim, de modo que eu possa viver”.

RESTAURA POR MEIO DO PROFETIZAR

Louvado seja o Senhor, pois Ele não nos deixou em nossa situação, antes veio para
nos resgatar! No entanto, o Senhor não veio diretamente para ser nosso Pastor, mas, no
que concerne a Ezequiel 37, Ele veio mediante o profetizar de Sua palavra.
Muitos cristãos têm um entendimento equivocado do profetizar, pensando que profe-
tizar é somente predizer. Todavia, não existe qualquer predição em Ezequiel 37. Em vez
disso, o profetizar aqui é uma questão de declarar algo ou proclamar algo. Isso indica que
profetizar nesse capítulo não significa principalmente predizer, mas proclamar, fazer algum
tipo de declaração. Quando o Senhor disse a Ezequiel para profetizar, Ele tencionava que
Ezequiel proclamasse. O Senhor disse a Ezequiel que quando ele profetizasse, Ele
enviaria o sopro e o vento. Quando Ezequiel proclamou, Deus deu ao povo o Espírito.
Disso, podemos ver claramente que o significado principal de profetizar não é predizer,
mas declarar algo pelo Senhor.
Outros cristãos pensam que profetizar é ensinar. Contudo, não importa quanto
alguém possa ensinar ossos secos, eles permanecerão ossos secos. Alguém pode ensinar

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

os ossos secos sobre a necessidade do vento, do sopro e do Espírito, mas nada acontece
a esses ossos. Nesse capítulo, Ezequiel nem predisse algo aos ossos secos nem os ensi-
nou. Pelo contrário, quando Ezequiel profetizou, ele falou algo por Deus, e Deus o seguiu.
Enquanto Ezequiel estava profetizando, Deus estava soprando sobre os ossos secos,
enviando o vento, o sopro e o Espírito.

O VENTO, O SOPRO E O ESPÍRITO

Em Ezequiel 37, três coisas estão relacionadas ao profetizar: o vento, o sopro e o


Espírito. Em português essas são três palavras diferentes, contudo em hebraico elas são
apenas uma palavra: ruach. O versículo 9 usa a palavra vento e a palavra sopro, porém no
texto hebraico ambas são a mesma palavra: ruach. No versículo 14, existe o Espírito, mas
isso também é uma tradução de ruach. É difícil para os tradutores decidir como traduzir
ruach nesses versículos. A tradução é baseada tanto no contexto quanto no entendimento
do tradutor.
Se aplicamos esse assunto à nossa experiência espiritual, podemos dizer que,
quando Deus sopra sobre nós, isto é o vento; quando respiramos o vento, é sopro (respi-
ração); e quando o sopro vem para dentro de nós, é o Espírito. Primeiramente, vem o
vento e, em seguida, o sopro e depois o Espírito. Quando Ezequiel profetizou, Deus soprou
o vento, o povo recebeu o sopro e o sopro se tornou o Espírito, o Espírito que dá vida (1Co
15:45b).

UM ESTRONDO E UM TERREMOTO (TB)

Nesse capítulo, Ezequiel profetizou duas vezes, no versículo 7 e novamente no


versículo 10. O versículo 7 diz: “Assim profetizei, como fui ordenado. Enquanto eu
profetizava, houve um estrondo, e eis que se fez um terremoto, e os ossos se achegaram
osso ao seu osso”. Aqui, vemos que, quando Ezequiel profetizou, houve um estrondo e um
terremoto.
Algumas vezes, algumas pessoas reclamam que nossas reuniões são muito baru-
lhentas. Minha resposta é que, se fôssemos ossos secos, tudo ficaria em silêncio. Não
haveria estrondo nem voz, somente quietude. Todos os ossos no vale em Ezequiel 37
estavam em silêncio e sem movimento. Todavia, quando Ezequiel chegou e profetizou,
houve um estrondo e um terremoto, e todos os ossos se achegaram. Não posso explicar
por que isso ocorreu. Sabemos verdadeiramente, entretanto, que, quando nos reunimos
nas reuniões da igreja e fazemos um estrondo alegre (Sl 95:1), somos verdadeiramente
um.
Suponha que todos nós chegamos à reunião e sentamos silenciosamente por trinta
minutos. Logo nos tornaríamos críticos uns dos outros, e, por fim, perderíamos nossa uni-
dade. Mas quando gritamos alegremente ao Senhor Jesus, louvando-O e invocando Seu
nome, somos um. Isso pode não soar belo para você, contudo, quanto mais fazemos baru-
lho dessa maneira, mais somos um. Se sairmos de nós mesmos invocando o Senhor e
louvando-O, seremos um.

A VINDA DO FÔLEGO (TB)

Ezequiel 37:8 diz: “Olhei, e eis que estavam nervos sobre eles, e cresceram as
carnes, e a pele os cobriu por cima; porém não havia neles fôlego” (TB). Depois do
estrondo, do terremoto, e do ajuntamento dos ossos, algo muito particular ocorreu.
Tendões, carnes e pele cresceram sobre os ossos, cobrindo-os e fazendo sua aparência

130
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ficar bem melhor. Anteriormente, eles eram ossos secos; agora, eram um corpo sem vida
com suas partes unidas, ligadas e conectadas. O corpo estava sem vida, pois não tinha
fôlego.
A descrição no versículo 8 é aplicável à nossa experiência. Os ossos secos devem
primeiramente ser unidos, e, em seguida, o fôlego entrará neles. Se não nos unirmos, não
teremos o fôlego de Deus. Não devemos esperar até que tenhamos o fôlego de Deus e,
então, nos unirmos. Antes, devemos primeiramente nos unirmos, com “um estrondo” e um
“terremoto”, e depois o fôlego de Deus será soprado sobre nós.
Os versículos 9 e 10 continuam: “Então ele disse-me: Profetiza ao vento, profetiza,
filho do homem, e dize ao vento: Assim diz o Senhor Jeová: Vem, ó fôlego, dos quatro
ventos, e assopra sobre estes mortos, para que vivam. Assim profetizei, como ele me
ordenou, o fôlego entrou neles, e viveram, e se levantaram sobre os seus pés, um exército
grande em extremo” (TB). Quando Ezequiel profetizou novamente, Deus enviou o fôlego a
fim de entrar nos corpos mortos, e, em seguida, eles se levantaram sobre os seus pés e se
tornaram um “exército grande em extremo” para batalhar por Deus.

DOIS PEDAÇOS SECOS DE MADEIRA SÃO UNIDOS

Nos versículos 16 e 17, o Senhor disse a Ezequiel: “Tu, pois, ó filho do homem, toma
um pedaço de madeira e escreve nele: Para Judá e para os filhos de Israel, seus
companheiros; depois, toma outro pedaço de madeira e escreve nele: Para José, pedaço
de madeira de Efraim, e para toda a casa de Israel, seus companheiros. Ajunta-os um ao
outro, faze deles um só pedaço, para que se tornem apenas um na tua mão”. Primeira-
mente, Ezequiel lidou com os ossos secos, e, em seguida, com os pedaços secos de
madeira. Um pedaço de madeira é algo grotesco, mas é sem vida e seco. Esses dois pe-
daços mortos de madeira simbolizam os dois reinos de Israel, o reino do sul (Judá) e o
reino do norte (Israel, ou Efraim). Esses dois reinos jamais puderam ser um, e, aos olhos
do Senhor, eles estavam totalmente mortos e secos.
O Senhor tem uma maneira de fazer esses pedaços de madeira mortos um só, e Sua
maneira é a maneira de vida. Sua maneira é tornar os pedaços de madeira vivos e, em
seguida, uni-los de modo que eles cresçam juntos. Isso é muito similar ao enxerto, no qual
dois ramos são unidos e, por fim, crescem juntos. Isso realmente é o que é mencionado
aqui. Os dois pedaços de madeira são como dois ramos. Anteriormente, eles não tinham
vida, mas, depois, foram vivificados. Ao serem vivificados, eles podem, agora, crescer
juntos e se tornam um só.
Enquanto os ossos são para formar o exército, os pedaços de madeira são para a
edificação da casa de Deus. Os pedaços de madeira foram divididos, mas, agora, eles são
um e são a habitação de Deus. Portanto, aqui, temos tanto o exército batalhando por Deus
quanto a casa de Deus como Sua habitação.

A MANEIRA DE VIDA

Os cristãos hoje falam muito sobre o Corpo, a igreja, e a casa de Deus, contudo
grande parte não vê a maneira prática de ter o Corpo, a igreja, e a casa de Deus. Ezequiel
37 revela claramente que a única maneira, a maneira singular, é a maneira de vida. Dois
pedaços secos de madeira podem crescer juntos, não por meio dos dons ou ensina-
mentos, mas pela vida.
O Senhor não disse a Ezequiel para exercitar certos dons ou ensinar. O Senhor or-
denou a Ezequiel que profetizasse, proclamasse ou expressasse, algumas palavras para
Deus. À medida que Ezequiel declarou algo aos mortos para Deus, Ele soprou sobre eles

131
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

e eles receberam fôlego. Quando o fôlego entrou neles, este se tornou vida para eles. Em
seguida, pela maneira de vida, os dois pedaços secos de madeira puderam crescer juntos.
Podemos nos tornar um não por dons ou ensino, mas pela vida. Ó, todos nós
precisamos do sopro do vento! Então, precisamos receber o fôlego, e o fôlego se tornará
em nós o Espírito que dá vida. Em seguida, poderemos crescer em vida.
A vida é maravilhosa. Ela resolve muitos problemas. Nosso corpo físico pode vencer
muitos problemas simplesmente porque está vivo. Isso é uma ilustração do fato que aquilo
de que precisamos na vida da igreja é vida, não dons ou ensinamentos. Pela vida, os
ramos mortos podem ser vivificados e crescer um dentro do outro. Então, esses ramos
terão a unicidade que resulta do crescimento em vida. Se prestarmos atenção aos dons ou
aos ensinamentos, seremos divididos. Todos nós precisamos de algo melhor, algo mais
elevado, e esse algo melhor e mais elevado é a vida.
Primeiramente, vem o soprar do vento, que é seguido pelo fôlego e pelo Espírito que
dá vida. Isso faz com que os ossos secos se tornem vivos e sejam um. Finalmente, os
ossos se tornam um exército batalhando pelo Senhor. Semelhantemente, os pedaços
secos de madeira se tornam vivos e crescem juntos. Pelo crescimento em vida, eles são
um e não têm mais divisões. Por todos esses anos, aqui na vida da igreja em Los Angeles,
temos prestado atenção não aos dons ou aos ensinos, mas à vida. Se tivéssemos
prestado atenção aos dons e aos ensinamentos, teríamos sido divididos muitas vezes.
Contudo, porque nos preocupamos com a maneira de vida do Senhor, somos um.

UNICIDADE PELA VIDA

Louvamos o Senhor pela unicidade em Sua restauração. Embora venhamos de


muitas experiências diferentes, somos um. Somos um não pelos dons ou ensinamentos,
mas pela vida. Entre nós, temos muitos que já foram ministros, pastores, missionários e
mestres da Bíblia, porém todos esses são, agora, um em vida. Visto que temos vida e
estamos na vida, somos um. Agora, somos um exército batalhando e somos uma habi-
tação para o Senhor.
Quando os santos migram para a expansão da vida da igreja, eles são um exército
que batalha. Não podemos ter migrações adequadas se não temos unicidade. É muito bom
que, nas migrações, os santos venham de diferentes partes do país para serem um numa
cidade particular. Eles se reúnem para serem um não nos ensinamentos ou dons, mas em
vida. Porque somos um em vida, somos tanto o exército quanto a habitação do Senhor. O
exército é formado com ossos secos que foram tornados vivos, e a habitação foi formada
com pedaços secos de madeira que foram vivificados e unidos. Agora, ninguém está seco.
Toda parte do exército e da habitação está cheia de vida e está vivendo em unicidade. Isso
é a restauração do Senhor.

OUTRO JUÍZO

Depois do capítulo trinta e sete, há dois capítulos que falam de outro juízo. Esses
capítulos indicam que, se continuarmos com o Senhor em unicidade como um exército e
como uma habitação para o Senhor na terra, Ele cuidará de todos os nossos inimigos.
Não devemos pensar que, uma vez que somos um exército, não teremos inimigos.
Nem devemos pensar que, uma vez que somos um como a habitação do Senhor, não
teremos batalhas. Ainda existe um inimigo, mas o Senhor lidará com ele. No capítulo trinta
e cinco, existe Edom, o inimigo interior, e nos capítulos trinta e oito e trinta e nove, existe o
inimigo exterior. Temos que julgar Edom, o velho homem, o inimigo dentro de nós, contudo
o Senhor cuidará dos inimigos que estão do lado de fora. Temos a certeza que, uma vez
que somos um, o Senhor lutará por nós. Ele lidará com nosso inimigo, que é também Seu

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

inimigo. Louvado seja o Senhor, pois podemos estar na vida da igreja em paz e em
segurança. À medida que lidarmos com o inimigo interior, o Senhor lidará com o inimigo
externo, e uma vida da igreja forte será edificada para ser “um exército grande em
extremo” e o santuário do Senhor na terra. Somente quando Deus julga todos os inimigos,
Seu povo pode habitar pacificamente sem temor. Quando Seu povo estiver nessa condição
pacífica, a edificação da habitação do Senhor será completada, e o Senhor terá um lugar
de descanso entre Seu povo.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM DEZENOVE

A VISÃO DO EDIFÍCIO SANTO DE DEUS

Leitura bíblica: Ez 40:1-27

Nas mensagens anteriores, vimos a aparência da glória do Senhor, o juízo de Deus


pelo fogo e a restauração do Senhor pela vida. Agora, chegamos à última seção de Eze-
quiel (caps. 40–48), que diz respeito ao edifício santo de Deus. As três seções anteriores
são para a última seção; isto é, a glória do Senhor, o juízo de Deus e a restauração do
Senhor são todos para o edifício santo de Deus. Podemos até mesmo dizer que o resulta-
do da glória do Senhor, o juízo de Deus e a restauração do Senhor é o edifício de Deus. O
propósito eterno de Deus é ter um edifício. Tudo que Deus faz no meio do Seu povo na
terra é para Seu edifício.

A DATA DA VISÃO

No começo dessa seção (40:1), é-nos dita a data da visão – o ano, o mês e o dia. Se
compararmos o ano mencionado aqui com aquele que é mencionado no início do primeiro
capítulo, veremos que existe uma diferença de vinte anos. A visão da aparência da glória
do Senhor que Ezequiel viu no capítulo um foi vista no quinto ano do cativeiro. A visão da
edificação da casa de Deus que ele viu no capítulo quarenta foi no vigésimo quinto ano do
cativeiro. Existe uma diferença de vinte anos, o que não é pouco tempo. Precisamos
lembrar que, quando Ezequiel teve a primeira visão, ele tinha trinta anos de idade, a idade
na qual um sacerdote começava a ministrar. Quando ele teve a última visão, ele tinha
cinquenta anos de idade, a idade da aposentadoria para um sacerdote. Isso é muito
significativo, pois indica que, para ver o edifício de Deus, Ezequiel precisava de mais
maturidade em vida. Quando ele teve a primeira visão, ele ainda era muito jovem, tinha
apenas trinta anos de idade. Porém, quando teve a visão do edifício de Deus, ele estava
na idade de se aposentar, mostrando que ele atingira mais maturidade em vida e podia ver
o edifício do Senhor. Para se ter a visão do edifício de Deus, exige-se maturidade em vida.
Por causa da sua maturidade na vida divina, muito poucos cristãos hoje têm visto algo em
relação ao edifício de Deus. Espiritualmente falando, muitos estão bem abaixo da idade de
trinta anos e, por conseguinte, ainda não estão qualificados para ser um aprendiz. Portan-
to, não lhes é possível ter a visão do edifício de Deus.
É significativo que os anos são contados em incrementos de cinco. A primeira visão
foi vista no quinto ano, e a última, no vigésimo quinto ano.
Vinte e cinco é cinco vezes cinco. Na Bíblia, o número cinco significa o homem mais
Deus. Quatro é o número da criatura, o homem, e um é o número do Criador, Deus. Cinco
significa ter a responsabilidade. Portanto, cinco, que é composto de quatro mais um, sig-
nifica que o homem como uma criatura mais Deus como o Criador têm juntos a responsa-
bilidade. O número vinte e cinco significa não somente maturidade, mas também a quali-
ficação plena para se ter responsabilidade.
Esse ano também é chamado o décimo quarto ano. O vigésimo quinto ano foi conta-
do desde o tempo do cativeiro, ao passo que o décimo quarto ano foi contado desde o
tempo da destruição de Jerusalém. Ezequiel 40:1 diz: “Após ter caído a cidade”.

135
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Na Bíblia, o número quatorze é composto principalmente de sete vezes dois. Sete é


o número de completação, e dois é o número de testemunho. Por conseguinte, sete vezes
dois denota um testemunho de completação. Isso indica que, por quatorze anos, a destrui-
ção da cidade de Jerusalém havia sido um forte testemunho às pessoas. Originalmente, as
pessoas não criam que a cidade seria destruída. Não obstante, Ezequiel profetizou a
respeito da destruição da cidade de Jerusalém, e sua profecia foi cumprida. Quatorze anos
depois da destruição de Jerusalém, Ezequiel teve mais visões. Isso significa que o
testemunho da destruição da cidade fora suficiente. Ela permaneceu por quatorze anos e
depois desse tempo as pessoas no cativeiro perceberam que isso fora um forte testemu-
nho.
Ademais, é-nos dito que Ezequiel teve as visões no início do ano, no primeiro mês. O
primeiro mês indica um novo começo. Isso indica que, conosco em nossa experiência, o
edifício de Deus deve ter um novo começo. Quando vemos algo a respeito da edificação
da igreja, esse é um novo começo em nossa vida.
O registro fala também do décimo dia. Segundo Êxodo 12:3, o décimo dia do primei-
ro mês era o dia no qual o povo de Israel preparava o cordeiro para a Páscoa. Isso segu-
ramente aponta para Cristo, nossa Páscoa, para nossa redenção. Disso, vemos que,
sempre que temos um novo começo em nossa vida cristã, ele deve ser baseado em Cristo
e Sua redenção. Em nós mesmos, pelo que somos e podemos fazer, jamais podemos ter
um novo começo. Não estamos qualificados para ter um novo começo, e não temos qual-
quer mérito para ter um novo começo. Qualquer novo começo que possamos ter em nossa
vida espiritual é sempre baseado em Cristo, o Cordeiro pascoal, e Sua redenção. Somente
por Cristo e Sua redenção podemos ter um novo começo em nossa vida cristã.

O LUGAR DE TER A VISÃO

Agora, precisamos considerar o lugar para ter a visão. Ezequiel não teve a visão a
respeito do edifício de Deus na terra do cativeiro. Antes, ele foi levado de volta para a terra
santa, a terra de Israel (Ez 40:2). Visto que essa terra significa Cristo, ser levado de volta à
terra de Israel é ser levado de volta a Cristo. Em acréscimo a sermos levados de volta à
terra de Israel, Ezequiel foi levado a uma alta montanha, que significa um lugar de ressur-
reição e ascensão. Quando voltamos para Cristo, podemos sentir em nosso espírito que
estamos em um lugar elevado, isto é, no Cristo ressurreto e ascendido. Ademais, Ezequiel
foi levado de volta a Jerusalém. Muitos de nós podem testificar que, enquanto estávamos
no cativeiro nas denominações, não podíamos ter a visão da edificação da igreja. Porém,
quando voltamos para a terra santa, a vida da igreja, pudemos ter a visão de tal edificação.
A fim de ver algo adequadamente, precisamos da posição correta, da base correta, e
do ângulo correto. Se estivermos errados, seja na posição, seja na base, não poderemos
ver. Por exemplo, se desejamos ver Los Angeles, devemos estar na posição correta e ter a
base correta. Se desejamos ver o edifício de Deus, precisamos estar no monte em Jeru-
salém.
Ezequiel não foi a única pessoa que teve a visão do edifício de Deus. No livro de
Apocalipse, o apóstolo João disse-nos que ele foi levado em espírito a uma grande e alta
montanha para ver a cidade santa, a Nova Jerusalém (2:10). A razão pela qual precisamos
estar sobre uma montanha (que significa ressurreição e ascensão) é que o edifício de
Deus é algo na ressurreição e ascensão de Cristo, e precisamos estar em uma posição
elevada a fim de termos a visão do edifício de Deus.
Alguns ficam ofendidos porque ministro sobre o edifício de Deus. A razão pela qual
ficam ofendidos é que, com relação aos assuntos espirituais, eles são como criancinhas
brincando com seus brinquedos. Se você tocar nos seus “brinquedos”, eles ficarão ofen-
didos. Se você lhes diz que eles precisam crescer na vida espiritual e desistir de seus brin-

136
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

quedos, eles podem ficar muito aborrecidos. Que o Senhor seja misericordioso conosco
para que cresçamos e também subamos. Não precisamos somente crescer, precisamos
também subir a uma posição elevada com a base mais elevada e o melhor ângulo para
vermos o edifício de Deus.
Se Ezequiel tivesse permanecido no cativeiro na Babilônia, ele não poderia ter visto
o edifício. Semelhantemente, se ele tivesse ficado na planície e não no topo da montanha,
não poderia ter tido a visão do edifício de Deus. Portanto, se desejamos ter essa visão,
precisamos crescer e subir. Isto significa que precisamos de maturidade em vida e estar
no alto da montanha. Então, poderemos ver o edifício de Deus.

A VISÃO DE UM HOMEM

Antes que Ezequiel tivesse a visão do edifício, ele teve a visão de um homem. Dife-
rentemente do homem no capítulo um, esse homem não era como o electro, em vez disso,
tinha a aparência do bronze (Ez 40:3). No capítulo um, na visão da glória do Senhor, o
Senhor Jesus no trono como homem era como o electro. Contudo, no capítulo quarenta,
Ele não está no trono; Ele está à porta do edifício, medindo. Na Bíblia, medir significa julgar
e tomar posse. Quando uma irmã compra um vestido, primeiramente ela o mede.
Enquanto ela está medindo o vestido, ela está julgando sua qualidade. Quando ela mede,
ela julga. Semelhantemente, medir, no capítulo quarenta, está relacionado com o julgar.
Aqui, o Senhor Jesus não está no trono, mas está à porta com a aparência do bronze para
medir e tomar posse.
Quando o Senhor vem para medir algo, primeiramente Ele julga essa coisa. Em tipo-
logia, bronze ou cobre significa julgamento. Quando o Senhor Jesus estava na cruz, Ele foi
assemelhado a uma serpente de bronze (Nm 4:9; Jo 3:14). No Antigo Testamento, o altar
do holocausto estava coberto com bronze. Ambos os exemplos indicam que o bronze
(cobre) significa julgamento.
Uma vez que algo tenha sido julgado, ele pode permanecer. Depois que determinada
coisa foi julgada, ela pode suportar qualquer tipo de teste ou exame. Ela também pode
resistir a mais julgamentos. O Senhor Jesus é essa pessoa. Ele passou pelo julgamento de
Deus, e agora se tornou um teste para os outros. Visto que Ele pôde suportar todos os
tipos de testes, provas e juízos, Ele está plenamente qualificado para medir tudo, incluindo
o edifício de Deus. Pelo Seu julgamento, Ele mede aquilo que pertence ao edifício de
Deus.

EZEQUIEL É ORDENADO A VER, OUVIR


E PÔR NO CORAÇÃO O QUE LHE É MOSTRADO

Ezequiel 40:4 diz: “Disse-me o homem: Filho do homem, vê com os próprios olhos,
ouve com os próprios ouvidos; e põe no coração tudo quanto eu te mostrar, porque para
isso foste trazido para aqui; anuncia, pois, à casa de Israel tudo quanto estás vendo”.
Enquanto Deus estava dando a visão do Seu edifício a Ezequiel, o profeta precisava ter
uma visão perspicaz e ouvir com muita atenção. Também, a fim de absorver as coisas que
lhe seriam mostradas, ele tinha que pôr seu coração nelas. Em seguida, ele poderia de-
clarar ao povo de Deus tudo que tinha visto e ouvido.

O EDIFÍCIO SANTO DE DEUS

O templo santo é o lugar onde Deus está, a habitação de Deus. Se desejamos ver
Deus, contatá-Lo, ter comunhão com Ele e servi-Lo, precisamos entender que Deus tem

137
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Sua habitação. Por um lado, Deus é onipresente; por outro, Ele tem Seu lugar particular.
Se queremos encontrar com Ele, precisamos saber Sua exata localização, Sua habitação
definida. Portanto, precisamos considerar a visão do edifício de Deus em Ezequiel, pois
essa visão descreve o lugar onde Deus habita – Seu santo templo.
Consideremos primeiramente um esboço geral, ou uma planta, do edifício de Deus.
Consulte, por gentileza, a figura 11, que é a planta mostrando o templo e seus átrios
interior e exterior.
O edifício é quadrado com cada um dos quatro lados tendo quinhentos côvados de
medida. Três dos quatro lados têm uma entrada. Existem portas nos lados leste, sul e
norte, todas essas levando ao átrio exterior ao redor dos muros. No átrio exterior, há seis
pavimentos feitos de pedra. Cada um dos pavimentos têm cinco câmeras edificadas como
lugares para as pessoas comerem e desfrutarem os sacrifícios e as ofertas. Isto significa
que as trinta câmeras são lugares para desfrutarmos Cristo.
Dentro do átrio exterior existe um átrio interior, que também tem portas dos três
lados: nos lados leste, sul e norte. Isso compõe um total de seis portas (três para o átrio
exterior e três para o átrio interior). Ao considerar isto, precisamos perceber que o edifício
que Ezequiel viu tem dois muros, o muro do lado de fora do átrio exterior e o muro do lado
de fora do átrio interior. Em cada muro há três portas. A medida e o modelo dos muros e
das portas são exatamente os mesmos.
Dentro do átrio interior está o altar. Esse altar é o centro de todo o complexo do edi-
fício de Deus. O altar é um tipo da cruz. Portanto, o altar no centro do complexo indica que
a cruz de Cristo está exatamente no centro da economia de Deus e dos interesses de
Deus.
Em Ezequiel 40–48, uma seção sobre o edifício de Deus, são detalhadas três coisas
principais: o templo santo, a cidade santa e a terra santa. O templo, a cidade e a terra são
todos santos. É significativo que Ezequiel comece não do exterior, mas do interior. Essa é
a maneira da economia de Deus. Em Sua economia, Deus sempre começa do interior, não
do exterior. Podemos ver uma indicação disso em 1 Tessalonicenses 5:23, que fala do
nosso “espírito, da nossa alma e do nosso corpo”, não do corpo, da alma e do espírito. Isto
revela que Deus começa de dentro, do nosso espírito, não de fora. A economia de Deus
sempre começa de dentro, ao passo que os movimentos humanos começam sempre do
lado externo. À luz disso, precisamos aprender, na vida da igreja, a não ter nada que
comece de uma maneira externa, mas devemos sempre ter algo que comece do interior.
Isso é aplicar o que é revelado aqui a respeito do edifício de Deus: primeiro o templo, em
seguida a cidade e depois a terra.

O MURO

O primeiro item que precisamos ver a respeito do templo é o muro. O templo tem um
muro em todos os quatro lados. O muro é para separação, separando o que pertence a
Deus daquilo que não Lhe pertence. Ele separa o que deve pertencer a Deus do que
jamais Lhe deve pertencer. O muro é, por conseguinte, uma linha de separação.
A medida do muro indica que ele significa o próprio Cristo como uma linha de sepa-
ração. Tudo que está dentro de Cristo pertence aos interesses de Deus e ao Seu edifício.
Em uma cidade de milhões de pessoas, podemos saber quem é de Deus e quem não é
por meio de Cristo como a linha de separação. Todo aquele que está em Cristo pertence a
Deus e todo aquele que está fora de Cristo está separado de Deus. Em outras palavras,
todo aquele que pertence a Cristo está dentro do muro, e todo aquele que está fora de
Cristo está fora do muro.

1
Infelizmente, essa figura não aparece no texto que temos acesso – N. T.

138
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

A medida do muro é muito extraordinária. Eu não penso que, por todos os séculos da
história humana, já tenha havido esse muro. Esse muro é de seis côvados de altura e de
seis côvados de espessura. Se pudéssemos olhar para a seção cruzada do muro, estaría-
mos olhando para um quadrado de seis côvados por seis côvados. O número seis se refe-
re ao homem, que foi criado no sexto dia. Visto que o muro é de seis côvados de altura e
seis de espessura, e uma vez que seis é o número do homem, podemos dizer que o muro
significa o Senhor Jesus como um quadrado reto e perfeito e um homem completo. Como
um quadrado reto, perfeito e completo e até mesmo como um homem ressurreto, Cristo é
a linha de separação. Visto que Ele é quadrado e reto, Ele está plenamente qualificado.
Nele, não existe imperfeição; com Ele, não existe nada faltando e nada torto. Antes, com
Ele, tudo está plano, reto, perfeito e completo. Novamente, digo: esse homem é a linha de
separação.
Se somente o Senhor Jesus fosse esse homem, seríamos excluídos. Não somos
quadrados, planos e retos. Seguramente, não somos perfeitos ou completos. Embora
sejamos tão inadequados, não devemos tentar imitar Cristo. É impossível para qualquer
ser humano caído imitar Cristo, Aquele que é quadrado, reto, perfeito e completo.
Quando chegamos diante do Senhor Jesus e nos comparamos com Ele, somos ex-
postos e condenados. Por exemplo, em Lucas 2, vemos que, quando o Senhor Jesus era
um garoto de doze anos, não importa quanto Ele era por Seu Pai, Ele ainda obedecia seus
pais. Jovens, vocês não são obedientes a seus pais enquanto estão buscando os inte-
resses de Seu Pai, mas o Senhor Jesus era obediente. Desse único exemplo, podemos
perceber que a história de vida do Senhor Jesus é-nos um fator de condenação.

A PORTA

Louvado seja o Senhor, pois Ele não é somente o muro, mas também a porta. Como
o muro, Ele nos exclui e nos condena, mas, como a porta, Ele nos leva para dentro do edi-
fício de Deus. Se estamos na esfera do edifício de Deus hoje, é porque Cristo como a
porta tem-nos feito entrar.
Cristo é nossa porta. Em João 14:6, o Senhor Jesus nos diz que Ele é o caminho
para o Pai. À parte Dele, ninguém pode vir até o Pai. Cristo é a passagem para entrarmos
em Deus e nos interesses de Deus, no edifício de Deus e no reino de Deus.
Podemos entender que Cristo é a porta, contudo podemos não conhecer Cristo como
a porta de um modo detalhado. Ezequiel, entretanto, viu os detalhes a respeito de Cristo
como a porta.

As medidas

A profundidade da porta, desde sua frente até à sua parte traseira, é de cinquenta
côvados. A largura da porta, de lado a lado, é de vinte e cinco côvados. Esses números
são ambos múltiplos de cinco, o número da responsabilidade.

Uma escada de sete degraus

Em frente à porta, há uma escada de sete degraus. Os degraus da subida são muito
altos, mostrando que, a fim de entrar no edifício, precisamos subir. Sempre que uma
pessoa crê no Senhor Jesus, ela tem o sentimento que está subindo. Porém, quando par-
ticipamos de certas diversões mundanas, temos o sentimento que estamos descendo.
Sempre que chegamos ao Senhor Jesus, sentimos que estamos em uma escada que
sobe.

139
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

É composta de quatro seções

A porta é composta de quatro seções: o átrio exterior, a passagem, o átrio interior e o


vestíbulo. Há três átrios, que são: o átrio exterior, o átrio interior e a passagem entre esses
dois que pode ser considerada um corredor. A parte do meio, a passagem, também é
chamada de átrio, mas como ajuda para nosso entendimento, podemos usar a palavra
passagem. Portanto, temos aqui o átrio exterior, a passagem, o átrio interior e o vestíbulo.
O vestíbulo é, de alguma forma, semelhante a um antecâmara para o templo. Ao passar
pelo átrio exterior, a passagem, pelo átrio interior, e pelo vestíbulo, uma pessoa pode
entrar no templo. Em seguida, uma pessoa deve tomar a subida pelas escadas. Esse
tempo de subida é ainda maior, contendo oito degraus em vez de sete.

A entrada da porta

Ao nos referirmos à figura 22, que é o desenho do detalhe da porta, podemos ver que
dentro da porta está a entrada desta, que é de exatamente dez côvados de largura. É sig-
nificante que a abertura da entrada seja de dez côvados de largura. Na Bíblia, o número
dez refere-se primeiramente aos Dez Mandamentos. Tudo que os Dez Mandamentos
exigem, a entrada da porta cumpre. A largura da entrada é exatamente o comprimento dos
Dez Mandamentos. Isto indica que o Senhor Jesus cumpriu todas as exigências dos Dez
Mandamentos. Quando estamos face a face com os Dez Mandamentos, somos excluídos
por eles. Entretanto, o Senhor Jesus foi capaz de cumprir cada mandamento, e Ele se
tornou a porta para entrarmos no edifício de Deus.
Enquanto a entrada, ou abertura, da porta é de dez côvados de largura, a porta em si
mesma é de treze côvados de largura. De ambos os lados da porta, a parede mede um
côvado e meio. Ao somarmos as duas, temos três côvados. Três é o número do Deus
Triúno e também o número de ressurreição. Aqui, três está dividido, com um côvado e
meio de cada lado. Eu pediria a você que se lembrasse de que, no tabernáculo, as tábuas
verticais tinham cada uma a largura de um côvado e meio e que duas tábuas formavam
uma unidade de três côvados. Todos esses números são significantes. Eles indicam que o
Senhor Jesus, que cumpre todas as exigências dos Dez Mandamentos, é o Deus Triúno
que se tornou um homem, foi morto e ressuscitado. Em Sua morte, Cristo foi “partido” em
duas partes, e, em seguida, foi ressuscitado.

O átrio

Depois da porta, vem o átrio que mede seis côvados por dez côvados. Ao colo-
carmos todos esses números juntos, podemos perceber que Cristo era o Deus Triúno (o
número três) que se tornou um homem tendo o número seis. Ele foi “partido” em Sua morte
e foi ressuscitado, cumprindo todas as exigências dos Dez Mandamentos. Dessa maneira,
Ele abriu a porta.

A passagem

Do átrio, vamos para a passagem, que tem muitos detalhes.

Os quartos da guarda

2
Esta não consta nesta tradução (N. T.)

140
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Ezequiel 40:10 diz que, nessa passagem, há seis câmeras pequenas. Algumas das
melhores traduções usam a palavra quartos da guarda. Estes são salas onde os guardas
permanecem para proteger o templo. Cada um desses quartos é de seis côvados
quadrados e é, portanto, o mesmo em tamanho que uma seção cruzada da parede. Isso
indica que o Senhor Jesus, em Sua pessoa e obra, é o verdadeiro guarda da glória e
santidade de Deus.
Se não houvesse parede, as pessoas pecaminosas poderiam entrar no templo, e
isso seria um insulto à glória e à santidade de Deus. Enquanto a parede separa os peca-
dores de Deus, a porta introduz as pessoas em Deus e no Seu edifício. A fim de ser a
porta, o Senhor Jesus teve que cumprir todas as exigências dos Dez Mandamentos. Ele
era um homem reto e adequado, capaz de cumprir os Dez Mandamentos e, agora, Ele
mesmo é os quartos da guarda da glória e santidade de Deus. Somente aqueles que estão
qualificados e que são compatíveis com a glória e santidade de Deus podem entrar no
templo. Se desejamos ser qualificados dessa maneira, precisamos passar pela porta. Ao
passarmos por Cristo como a porta, somos qualificados para entrar no edifício de Deus,
que está cheio da glória e da santidade de Deus.
Os seis quartos da guarda são divididos em dois grupos de três. Novamente, temos
o número três que significa o Deus Triúno, que se tornou um homem e foi “partido” em
dois. Isso indica que os quartos da guarda são uma pessoa, o próprio Cristo.

As fronteiras

Entre os três quartos da guarda existem dois espaços de cinco côvados cada.
Novamente, temos dez côvados compostos de dois grupos de cinco côvados. Isso nos
mostra uma vez mais que Cristo tem a responsabilidade de cumprir todos os requisitos dos
Dez Mandamentos. Além do mais, uma vez mais temos o número dois, que significa tes-
temunho. Em um lado, há dois espaços de cinco côvados cada um, e do outro lado há
também dois espaços de cinco côvados. Isso indica que Cristo tem a plena responsabi-
lidade dos Dez Mandamentos e que isso se torna um testemunho. O Senhor Jesus como o
Deus Triúno se tornou um homem e morreu na cruz para cumprir todas as responsabilida-
des dos Dez Mandamentos.
Dos quartos da guarda vamos para as fronteiras. Em vez de fronteiras a Versão
Almeida Revista e Atualizada usa a palavra espaço; outras versões usam a palavra
plataforma. Do lado de fora dos quartos da guarda existe uma fronteira, um espaço, que
tem um côvado de largura. Esses estão em dois grupos de três, que significam o Deus
Triúno em ressurreição.
Precisamos nos lembrar de que a passagem tem dois côvados de largura. Entretan-
to, existe um sentido no qual podemos ver que a passagem é de oito côvados de largura.
Se subtrairmos um côvado para a fronteira ao redor do quarto da guarda de cada lado, isso
deixa a passagem com oito côvados de largura. Oito é o número de ressurreição. O pri-
meiro dia da semana, o dia no qual o Senhor Jesus foi ressuscitado, é também o oitavo
dia. Por isso, o oitavo dia é o dia de ressurreição e significa um novo começo. Quando
passamos por Cristo, passamos pela ressurreição e temos um novo começo.

Os pilares

Em seguida, precisamos considerar os pilares, os quais são difíceis de localizar.


Ezequiel 40:14 diz que a distância até os pilares é de sessenta côvados e que cada pilar
(coluna) tem dois lados. Cada pilar, cada coluna, tem dois lados e cada lado tem dois cô-
vados. Nos lados da passagem há quinze lados de dois côvados cada um. Portanto,
existem trinta côvados de ambos os lados da passagem, totalizando sessenta côvados.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Quinze é composto de três vezes cinco, que significa o Deus Triúno em ressurreição tendo
toda a responsabilidade. O número dois, indicando testemunho, também está presente. O
número trinta corresponde às câmaras de todos os pavimentos para o desfrute de Cristo.
As colunas, que sustentam o telhado da estrutura, indicam que precisamos ser sus-
tentados pela fora sustentadora de Cristo a fim de entrarmos no desfrute de Cristo. A força
sustentadora é representada pelo número trinta, e o desfrute de Cristo também. Isso indica
que somente podemos desfrutar tanto quanto Cristo pode suportar. Conforme veremos na
mensagem posterior, a expressão de Cristo, como vista nas câmaras laterais do templo,
também é representada pelo número trinta. Por conseguinte, a expressão de Cristo, o
desfrute de Cristo e o suporte por Cristo são todos retratados pelo número trinta. Só
podemos expressar aquilo que desfrutamos, e só podemos desfrutar aquilo que Cristo
pode suster.

As palmeiras

Nos dois lados de cada coluna havia uma palmeira (v. 16). Na Bíblia, palmeiras sig-
nificam vitória, até mesmo a vitória que é eterna. Cristo, o guarda da santidade e glória de
Deus, é o Eterno, o Vitorioso, que sustenta, carrega, sustém e prevalece.

O vestíbulo

Dos pilares vamos para o vestíbulo, onde o número oito é usado. Na porção anterior,
são usados principalmente os números cinco, seis e dez, contudo, com o vestíbulo, o nú-
mero oito é usado. Isso indica que estamos agora em ressurreição, em um novo início.

AS JANELAS

As janelas são para deixar a luz e o ar entrarem. Essas não são janelas estreitas,
mas janelas com fasquias fixas, tendo tiras de material sobre elas para proteger o edifício
de coisas negativas. Contudo, as janelas são mantidas abertas para o ar e a luz.
Essas janelas com fasquias fixas significam o Espírito que dá vida. Existem, no total,
trinta janelas, quinze de um lado e quinze do outro. A porta está cheia de janelas. Isso
indica que Cristo está cheio do Espírito que dá vida. O Espírito que dá vida introduz o ar e
a luz e mantém afastadas todas as coisas negativas.
A palavra hebraica para fasquias fixas (treliças) implica o pensamento de ser
chanfrado (cortado em ângulo, inclinado). Isto significa que o lado exterior da janela é
estreito, mas o lado interior é largo (40:16). O Espírito que dá vida atua sempre no interior.
Exteriormente, Ele não é largo, porém, interiormente, Ele é muito largo.

EXPANDE-SE DE MANEIRA AMPLA

Embora Ezequiel mencione a altura do muro, ele não fornece a altura da porta. A
omissão dessa dimensão é muito significante. Todo o complexo do templo não dá a im-
pressão de altura, mas de expansão. Mesmo a altura do muro é de apenas seis côvados.
Segundo o projeto, o complexo do templo é de quinhentos côvados quadrados. Portanto, a
altura não é grande, todavia a expansão é muito grande.
O conceito humano é que uma pessoa deve subir mais e mais até que atinja os céus.
Esse foi o conceito na edificação da torre de Babel. No entanto, o plano de Deus é estar
com o homem na terra. O desejo de Deus é vir para a terra e expandir Seu testemunho

142
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

nela. Assim, Deus veio até à terra como um homem para expandir Seu testemunho sobre
toda a terra.
Nesta mensagem, vimos que as portas significam Cristo como o Deus Triúno. Cristo
se tornou um homem que era quadrado, reto, perfeito e completo. Cristo carregou a
responsabilidade e cumpriu todas as exigências dos Dez Mandamentos a fim de abrir o
caminho para entrarmos em Deus e nos interesses de Deus. Além do mais, Cristo é o
testemunho de Deus e, como o Ressurreto, o Espírito que dá vida vivificador, Ele é uma
testemunha viva da vitória para sempre.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE

OS ÁTRIOS EXTERIOR E INTERIOR

Leitura bíblica: Ez 40:17-47; 46:21-22

Na mensagem anterior, cobrimos muitos dos detalhes relacionados às portas. Elas


estão divididas em quatro seções: o átrio exterior, a passagem, o átrio interior e o vestí-
bulo. Cada porta tem seis côvados de altura e dez de largura. Seis é o número da huma-
nidade do Senhor, pela qual Ele cumpriu todos os requisitos dos Dez Mandamentos. Isso
indica que o número seis cumpre o número dez; isto é, o homem Jesus cumpre os Dez
Mandamentos. Conforme temos mostrado, as dimensões dos quartos da guarda são com-
patíveis com as dimensões da seção cruzada do muro – seis côvados por seis côvados.
Isso indica que, para nós, os quartos da guarda são o próprio Cristo como Deus mesclado
com o homem. A passagem, que tem o número oito, indica um novo começo em ressurrei-
ção. O vestíbulo, a seção final da porta, tem o número dois, seis e oito que indica que o
Senhor como um homem está plenamente em ressurreição.
Todos os números usados em Ezequiel com respeito ao edifício de Deus são muito
significativos. Os números três, cinco e múltiplos de cinco são usados frequentemente. Por
exemplo, é feito muito uso do número trinta, que significa o Deus Triúno em ressurreição
portando a responsabilidade plena. Quando Ezequiel teve as visões no capítulo um, ele
tinha trinta anos de idade. Existem trinta pilares, trinta câmaras no átrio exterior e trinta
câmaras laterais cercando o templo. Em Ezequiel, o número trinta indica tanto maturidade
que pode suportar algo como também o desfrute e expressão de Cristo.
As palmeiras nos pilares significam vitória e poder sempiterno. Visto que as colunas
podem suportar o peso do telhado e todo o edifício, elas precisam estar na vitória e ser
eternas. Cristo é a coluna que sustenta e carrega o edifício de Deus com uma vida
vitoriosa e sempiterna.
Vimos também que a porta tem trinta janelas para deixar entrar luz e ar. Essas
janelas são cobertas com fasquias fixas ou telas, para manter as coisas negativas do lado
de fora. Tudo isso é precisamente a obra do Espírito que dá vida: Ele introduz a luz e o ar,
contudo, continuamente, deixa fora as coisas negativas.
Nesta mensagem, continuaremos a ver que, com o templo em Ezequiel, há dois
átrios: o átrio exterior e o átrio interior. Consideremos primeiramente o que está no átrio
exterior e, em seguida, o que está no átrio interior.

O ÁTRIO EXTERIOR

Se desejamos entrar no templo que Ezequiel viu em sua visão, devemos primeira-
mente subir os sete degraus e, em seguida, passar pela porta espaçosa. Isso nos levaria
para dentro do átrio exterior do templo.

O pavimento

Existem seis seções ou áreas diferentes do pavimento e, em cada seção, há cinco


câmaras. Isso significa que existem trinta câmaras. Aqui, o número trinta é composto de
cinco vezes seis.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Em acréscimo às trinta câmaras no pavimento, há quatro átrios pequenos, um em


cada canto do átrio exterior. Esses quatro átrios nos quatro cantos são lugares para cozer
os sacrifícios. Em termos modernos, eles são cozinhas, lugares para preparar alimento.
Esses lugares para cozinhar são usados não pelos sacerdotes, mas pelo povo. Enquanto
os sacerdotes comem no átrio interior, o povo come no átrio exterior.
Fora das cozinhas, esses lugares para preparar alimentos, estão algumas câmaras.
Essas câmaras são para se comer, da mesma forma que, em nossas casas, o ambiente
conectado à cozinha é a sala de jantar, um lugar para se comer o alimento preparado na
cozinha. Em Ezequiel, as câmaras conectadas às cozinhas são salas de jantar para o povo
desfrutar os sacrifícios. Isso indica que essas câmaras são lugares para desfrutar Cristo.
Disso, podemos ver que a coisa principal no átrio exterior é o desfrute de Cristo como as
ofertas e sacrifícios. Depois que passamos pela porta, chegamos ao átrio exterior e entra-
mos nas câmaras para comer, desfrutar, Cristo, que é a realidade de todas as ofertas.
Ezequiel nos diz que essas câmaras para se comer são edificadas no pavimento
(40:17). Nos tempos antigos, o pavimento de um átrio era feito com pedras. Isso indica
que, sempre que vamos desfrutar Cristo, precisamos estar no pavimento feito de pedras. O
pavimento de pedras nos separa da imundície da terra. Caso contrário, nossos pés fica-
riam na sujeira. Como crentes em Cristo, temos o pavimento de pedras para nos separar
da sujeira. Embora ainda estejamos na terra e no mundo, somos separados de todo tipo de
imundície.
Originalmente, como a velha criação, éramos barro, sendo o mesmo em natureza
que a terra. Saímos da terra e éramos um com a terra. Todavia, quando fomos salvos,
convertidos e regenerados, tornamo-nos pedras, que são para o pavimento. Agora, se
planejamos desfrutar Cristo, precisamos permanecer nas pedras da nossa regeneração.
No entanto, em sua situação diária, muitos cristãos genuínos não permanecem
nessas pedras. Depois do trabalho, eles podem se envolver em certas atividades e entre-
tenimentos mundanos. Eles são cristãos genuínos, porém estão na imundície; eles não
têm um pavimento de pedras sob seus pés.
Como aqueles que estão na vida da igreja na restauração do Senhor, nossa situação
deve ser muito diferente. Quando chegamos em casa depois de um dia de trabalho ou na
escola, podemos descansar ou jantar. Em seguida, exercitamos nosso espírito ao invocar
o Senhor e reunimo-nos para desfrutar o Senhor. Isso indica que estamos no pavimento de
pedras. Ademais, em nossa experiência, o pavimento no qual permanecemos torna-se um
lugar, uma “câmara”, para desfrutarmos Cristo. Muitos de nós podem testificar que, dia
após dia, estamos nas câmaras desfrutando Cristo. Isso é verdade especialmente do dia
do Senhor. Por contatarmos o Senhor cedo de manhã, colocamos nossos pés nas pedras
e nos preparamos para entrar nas câmaras. Em seguida, nas reuniões da igreja,
desfrutamos Cristo ao comê-Lo.

O número trinta

O número trinta, usado em relação às câmaras, é composto ou de cinco vezes seis


ou de três vezes dez. Se trinta é composto de cinco vezes seis, temos então o homem
(seis) multiplicado pela responsabilidade (cinco). Se trinta é composto de três vezes dez,
temos então o Deus Triúno em ressurreição (três) cumprindo todos os requisitos (dez). O
Cristo que desfrutamos é o número trinta. Ele não é meramente cinco ou seis ou três.
Como o número trinta, Ele inclui seis, cinco, três e dez. Nele, temos o homem, o Deus
Triúno, ressurreição, responsabilidade e o cumprimento de todos os requisitos. O número
dez também significa completação e perfeição. Isso indica que, em Cristo, temos completu-
de e perfeição. Louvado seja o Senhor, pois temos esse Cristo rico para nosso desfrute!

146
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

O número trinta aqui corresponde aos trinta lados dos pilares. Isso indica que nosso
desfrute de Cristo depende de Ele ser os pilares de sustentação ou colunas. A medida que
Ele carrega, sustenta e sustém é a medida que podemos desfrutá-Lo. As trinta câmaras
também correspondem às trinta janelas. Se o Espírito todo-inclusivo não fosse do número
trinta, não poderíamos ter o rico desfrute de Cristo como o número trinta.

A largura do pavimento

Se consultarmos a planta3, veremos que a largura do pavimento equivale à extensão


da porta. Isso significa que o Cristo que desfrutamos é o Cristo que experienciamos.
Quanto podemos desfrutar Cristo depende do quanto experimentamos Cristo. Se nossa
experiência de Cristo medir cinquenta côvados, então nosso desfrute de Cristo também
medirá cinquenta côvados. Quanto podemos desfrutar Cristo? Isso depende de quanto
experimentamos Cristo. Quanto mais passamos por Cristo, mais experimentamos Cristo e
quanto mais experimentamos Cristo, mais desfrutamos Cristo. Não podemos desfrutar
Cristo se temos Cristo somente como doutrina. Isso significa que não podemos desfrutar
um Cristo que não temos experimentado. Só podemos desfrutar o Cristo que temos expe-
rimentado. A largura do nosso desfrute de Cristo sempre equivale à extensão da nossa
experiência de Cristo.

Conectados à porta

O pavimento está conectado à porta, pois ele está dos dois lados da porta. Isso
indica que o desfrute de Cristo está conectado à experiência de Cristo. Se não temos a
experiência de Cristo, não podemos ter o desfrute de Cristo. Vemos novamente que o
desfrute de Cristo depende da experiência de Cristo.

Os lugares para se cozinhar

No átrio exterior, nos quatro cantos, estão os lugares para cozinhar. Isso indica que,
pela graça de Deus, a preparação de Cristo para o desfrute de outras pessoas está se
difundindo para todos os cantos, tornando-se disponível em todo lugar. Em cada “canto”,
existe uma “cozinha” onde Cristo está sendo “cozinhado” para nosso desfrute. Em
qualquer lugar em que estamos, existe uma cozinha para nós. Agradecemos ao Senhor,
pois as igrejas locais estão se espalhando para todo canto deste país (Estados Unidos da
América). Todo canto do país precisa de uma “cozinha” para preparar Cristo para o des-
frute das pessoas.
A medida das câmeras dos cantos é trinta por quarenta. Até aqui, temos visto quatro
trinta: trinta lados dos pilares, trinta janelas, trinta câmaras e trinta côvados. Todos esses
trinta estão relacionados e correspondem à nossa experiência. Precisamos passar por
Cristo e, em seguida, temos que desfrutar um Cristo que foi “cozido”.
Aqui, temos um novo número: quarenta. Quarenta é o número de teste e provas. O
povo de Israel esteve no deserto quarenta anos, e o Senhor Jesus esteve no deserto qua-
renta dias a fim de ser testado e provado. Isso indica que, sem sofrimento, teste e
provação, Cristo não poderia ter sido “cozido”, preparado, para ser nosso desfrute. Para
nosso desfrute, Cristo foi “cozido”. Seu sofrimento sob o processo de “cozinhar” foi para
nós desfrutarmos Dele ao comê-Lo.

3
Essa planta não está nesta tradução (N. T.)

147
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

À parte do sofrimento e provações do Senhor, Ele não poderia ter sido preparado
para nós desfrutarmos. Em um sentido, quando as irmãs preparam alimento na cozinha, o
alimento “sofre”. Enquanto o Senhor Jesus estava na terra e especialmente enquanto Ele
estava morrendo na cruz, Ele estava sob sofrimento, “cozinhar”, por causa do nosso
desfrute Dele ao comê-Lo.

O ÁTRIO INTERIOR

Do átrio exterior, precisamos passar para o átrio interior.

Outro conjunto de escadas

À medida que entramos no átrio interior, também ascendemos. À entrada do átrio


interior, existe outro conjunto de escadas, que consiste não de sete degraus, mas de oito.
Na parte externa, na rua, existem sete degraus que fazem subir para a porta do átrio
externo, e, agora, vemos que existem oito degraus levando-nos para a porta interior do
átrio interior. Disso, vemos que entrar no átrio interior significa que, quanto mais nos
movemos interiormente, mais elevados nos tornamos. À medida que entramos, também
subimos. Quando passamos pela porta para o átrio interior, estamos quinze degraus mais
alto que as pessoas que estão fora do muro.
O número sete significa completação e o número oito, ressurreição. Isso indica que,
se desejamos entrar no átrio interior, precisamos estar em ressurreição. Toda vida natural
e o homem natural precisam ser repudiados e apagados. Conforme indicado pelos oito
degraus, precisamos estar totalmente em ressurreição.
No átrio interior, repetimos nossa experiência de Cristo. Experienciamos Cristo nova-
mente passando por outra porta. Experienciamos o mesmo Cristo, contudo experienciamos
mais Dele. Isso nos introduz no átrio interior.

Um lugar para lavar os holocaustos

No átrio exterior, existe algum desfrute mediante o cozimento e o comer, contudo


não há serviço, nenhum ministério para o Senhor. Porém, quando passamos pela porta
para o átrio interior, o ministrar começa imediatamente.
Existe uma câmara, provavelmente dentro da porta norte do átrio interior, para os
sacerdotes lavarem os holocaustos (v. 38). Ao preparar o holocausto para ser oferecido,
tinha que se dar muitos passos. Primeiramente, o animal era morto, e, então, ele era esfo-
lado, ou tirada sua pele e cortado em pedaços. Depois disso, a oferta era lavada. Depois
de ser lavada, a oferta era preparada para ser queimada. Lavar, por conseguinte, era o
último passo na preparação do holocausto. A câmara aqui não é para matar o holocausto;
nem é para esfolar a oferta ou para cortá-la em pedaços. Antes, a câmara é somente para
lavar o holocausto. Isso indica que, a essa altura em nossa experiência, estamos prontos
para sermos um holocausto para Deus. Somente quando estamos em ressurreição e num
nível mais elevado, estamos prontos para sermos absolutos para Deus.
Aqui, no átrio interior, começa a vida que é para Deus. Não vemos isso no átrio
externo. No átrio externo, temos o desfrute de Cristo. Mas, no átrio interior, temos melhoria
e progresso, pois aqui estamos em algo que é mais interior e também mais elevado. Aqui,
os sacerdotes estão prontos para oferecer o holocausto, o que significa que eles estão
preparados para serem absolutos para o Senhor.

148
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

As mesas

Dentro da porta norte há oito mesas. Quatro estão de um lado e quatro do outro,
perfazendo o total de oito. Essas mesas são para degolar as ofertas (vv. 39-41). Esse é o
verdadeiro serviço, o verdadeiro ministério. Os únicos que participam desse serviço são os
sacerdotes. Hoje, na era do Novo Testamento, todos nós somos sacerdotes. No entanto,
segundo nossa verdadeira experiência, se permanecemos no átrio externo, ainda somos
somente o povo; não somos ainda sacerdotes. Em nossa experiência, não podemos ser
sacerdotes até que estejamos em uma situação que é tanto mais elevada quanto mais
interior. Somente depois que ficarmos mais elevados e mais interiores, teremos a matu-
ridade em vida. Então, estamos prontos para sermos um holocausto. Nesse momento,
podemos verdadeiramente servir o Senhor e ministrar para Ele. Agora, não somos mais
simplesmente o povo; somos sacerdotes prontos para servir o Senhor com um ministério
particular.
Com as mesas, mais uma vez temos o número oito, que significa ressurreição. As
oito mesas são divididas em dois grupos de quatro e também em quatro grupos de dois.
Esses números mostram que a criatura está em ressurreição como um testemunho.
Podemos dizer que oito é composto de dois vezes quatro, com quatro sendo o número da
criatura. Podemos também dizer que oito é composto de quatro vezes dois. Quatro signifi-
ca a criatura, oito significa ressurreição e dois significa testemunho. Portanto, aqui, temos a
criatura em ressurreição como um testemunho.
As mesas são de um côvado e meio de comprimento por um côvado e meio de
largura e um côvado de altura. O número um significa o Deus único. Ao somar-mos um
côvado e meio de comprimento a um côvado e meio de largura, temos três côvados. Uma
vez mais, o número três significa o Deus Triúno em ressurreição. O Deus Triúno foi
“partido”, conforme indicado pelos dois lados da porta, cada um medindo um côvado e
meio. Na questão das oito tábuas, vemos que o Deus Triúno, o Deus único que se tornou
uma criatura, foi “partido” na cruz, contudo foi ressuscitado. Agora, em ressurreição, Ele é
um testemunho. Hoje, nosso serviço, nosso ministério, deve ser no Deus Triúno, o Deus
único, que foi “partido” como uma criatura e está agora em ressurreição como um
testemunho vivo.
A essa altura, gostaria de resumir o que cobrimos até aqui a respeito do holocausto e
das mesas. As câmaras são para lavar o holocausto, que é algo absoluto para o Senhor.
Estar pronto para oferecer o holocausto significa que estamos prontos para sermos abso-
lutos para o Senhor. As oito tábuas, que estão em quatro grupos de duas, são para degolar
as ofertas. Oito significa ressurreição, quatro significa a criatura, e dois significa um teste-
munho. Em seguida, a medida das mesas é de um côvado de altura. Um significa o único
Deus. O número três (três côvados formados pela soma de um côvado e meio de
comprimento com um côvado e meio de largura) significa o Deus Triúno em ressurreição.
O fato que esse três é dividido em duas partes indica que o Deus Triúno, que se tornou
uma criatura, foi “partido” mediante a morte e, agora, Ele está em ressurreição. Nosso
serviço hoje está no Deus Triúno, o único Deus, que foi “partido” e que está, agora, em
ressurreição para ser um testemunho.

Mais duas câmaras

Da porta avançamos para o átrio, onde há mais duas câmaras, uma no lado norte e
outra no lado sul. Essas duas câmaras são para dois grupos de sacerdotes: aqueles que
guardam o templo e os que guardam do altar. A câmara no lado sul é para os sacerdotes
que guardam o templo (v. 45), e a câmara no lado norte é para os sacerdotes que guardam
o altar (v. 46). Essas câmaras indicam que, a essa altura, seu serviço, seu ministério, é

149
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

estabelecido, fixo, estável e firme. Eles estão plenamente qualificados e fixados em seu
ministério.
Originalmente, estávamos perambulando fora do muro. Louvado seja o Senhor, pois
entramos em Cristo e passamos, mediante Cristo, para o átrio exterior. Por fim, pela
misericórdia do Senhor, nós entramos nas câmaras e, ali, começamos a experimentar
Cristo e desfrutá-Lo. Uma vez que O experimentamos, não queremos deixar essas
câmaras. No entanto, depois que temos considerável desfrute do Senhor, percebemos que
precisamos subir outra vez e experimentar o significado do número oito para estarmos
totalmente em ressurreição. Para isso, precisamos passar por Cristo novamente e entrar
no átrio interior. Uma vez que estamos no átrio interior, precisamos estar preparados para
sermos absolutos para o Senhor. Aqui, começamos o ministério, o serviço, com o Deus
Triúno, que se tornou uma criatura, que foi “partido” e que está, agora, em ressurreição
como um testemunho. Agora, nós nos tornamos sacerdotes plenamente qualificados
firmemente estabelecidos nas câmaras e guardando o templo e o altar.

150
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE E UM

O ALTAR

Leitura bíblica: Ez 40:47; 43:13-17

Nesta mensagem, continuaremos a partir da porta interior e, até mesmo, do átrio


interior para considerar o assunto central – o altar. Antes de fazermos isto, gostaríamos de
rever dois outros assuntos de modo que fiquemos impressionados com eles.
Primeiramente, vimos que, de modo geral, existem seis portas em três grupos de
dois, no leste, no sul e no norte. Precisamos lembrar que seis é o número do homem, que
foi criado no sexto dia, e que o número três significa o Deus Triúno em ressurreição. As
seis portas significam que o Deus Triúno está mesclado com o homem. Três está mes-
clado com seis. O fato que as portas são divididas em três grupos de dois indica que o
Deus Triúno se tornou um homem, o homem-Deus, e foi “fendido” ou “cortado”, em Sua
crucificação e está agora em ressurreição. Ele é agora a porta através da qual entramos
em Deus e em todas as coisas de Deus.
Segundo, precisamos notar que, a partir da porta mais externa para a porta mais
interna, há uma distância de exatamente cem côvados (Ez 40:47). O número cem é com-
posto de dez vezes dez ou de vinte vezes cinco. Dez vezes dez significa plenitude em ple-
nitude ou completação em completação. Vinte vezes cinco significa responsabilidade plena
e completa como um testemunho. Ademais, como o mapa na página 215 (mapa na edição
impressa em inglês) indica, há três seções de cem côvados cada uma, perfazendo um total
de trezentos côvados. Uma vez mais, o número três significa o Deus Triúno, que se tornou
um homem, o homem-Deus. Quão admirável e maravilhoso é que estejamos nesse
homem-Deus! Ele foi crucificado, mas agora está em ressurreição, e estamos Nele.

O ALTAR É O CENTRO DO COMPLEXO

Se consultarmos o diagrama da página 215 (mapa na edição impressa em inglês)


que mostra a planta do templo, veremos que não importa por que porta entremos no
complexo, por fim, chegaremos ao altar. Não há exceção; o altar é inevitável. Todos en-
tramos nele por meio do maravilhoso homem-Deus, que foi crucificado e que está agora
em ressurreição. Se desejamos encontrar Deus, devemos ir até o altar.
O altar está no centro do complexo. Ele é o centro não somente do átrio interior, mas
também de todos os espaços do templo.
Esse altar, que significa a cruz, é, na realidade, o centro do universo. No que diz
respeito ao relacionamento entre o homem e Deus, a terra é o centro. O centro da terra
habitada é a boa terra de Canaã, a Palestina, pois ela é o centro conectivo que liga os
continentes da Europa, Ásia e África. A cidade de Jerusalém é o centro da boa terra; o
complexo do templo é o centro de Jerusalém; e o altar é o centro do complexo do templo.
Portanto, por fim, o altar é o centro do universo. Visto que o altar significa a cruz, isso
significa que a cruz é o centro do universo.
É crucial para nós sabermos o significado pleno da cruz. Segundo os ensinamentos
cristãos superficiais, a cruz é o lugar onde o Senhor Jesus morreu por nós. Isso segura-
mente é verdade, contudo a cruz significa muito mais que isso. Como o cento do universo,
ela significa a morte todo-inclusiva de Deus, do homem, e de todas as criaturas. A morte

151
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

do Senhor Jesus na cruz não foi meramente a morte de uma simples pessoa; foi a morte
todo-inclusiva envolvendo Deus, o homem e todas as criaturas.

O LUGAR DE REUNIÃO DE DEUS E DO HOMEM

Conforme temos mostrado, ao olharmos a planta do complexo do templo, podemos


ver que não importa por que porta entremos, chegaremos ao altar. Quando Deus sai do
templo para encontrar o homem, Ele semelhantemente chega ao altar. Portanto, o altar
não é somente o centro do universo, mas também o lugar de reunião de Deus com o
homem e do homem com Deus. Se uma pessoa entrar pela porta norte e outra entrar pela
porta sul, ambas, por fim, encontrarão Deus e uma a outra no altar. Deus saiu da Sua ha-
bitação e foi até à cruz e morreu ali. Primeiramente, Ele deixou Sua habitação e nasceu em
Belém. Depois de viver na terra por trinta e três anos e meio, Ele foi até ao altar, até à cruz.
À medida que Ele estava morrendo ali, Ele não estava sozinho. Por isso, enquanto Ele
estava morrendo na cruz, o homem também estava morrendo ali. Isso indica que Deus e o
homem se encontraram juntos na cruz no caminho da morte.

A morte é a liberação de Deus

Deus, no entanto, não pode ser afetado pela morte. Não importa por quanta morte
Ele passe, Ele permanece o mesmo. A morte, na realidade, O ajuda a ser liberado. Deus
saiu da Sua habitação e foi até à cruz e morreu ali a fim de liberar o que estava Nele.
Podemos usar um grão de trigo como ilustração. Quando um grão de trigo é semeado na
terra, ele morre. Essa morte é terrível ou é maravilhosa? Devemos dizer que a morte de
um grão de trigo é maravilhosa, porquanto sem essa morte todas as coisas ricas e belas
no grão não podem ser liberadas. Por essa razão, a morte de um grão de trigo não é terrí-
vel, mas maravilhosa. No mesmo princípio, a morte é maravilhosa para Deus. O Senhor
Jesus disse: “Se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, fica ele só; mas se morrer,
produz muito fruto” (Jo 12:24). Ele estava falando de Si mesmo como o único grão de trigo
que cairia na terra e morreria a fim de ser multiplicado em muitos grãos. Por Sua morte, as
riquezas da vida divina dentro Dele foram liberadas. Visto que Deus é vida, até mesmo a
ressurreição, Ele não pode ser terminado pela morte. Tudo que é do homem pode ser
terminado, porém tudo que é de Deus é liberado por meio da morte. Agora, podemos ver
que, quando Deus foi até o altar, a cruz, e morreu ali, Sua vida foi liberada.

A morte é a terminação para o homem

Conforme temos mostrado, o homem também estava na cruz. Quando o Senhor


Jesus morreu, o homem também morreu, e essa morte significou a terminação do homem.
Todas as coisas negativas relacionadas ao homem foram terminadas na cruz. Louvado
seja o Senhor, pois todos nós fomos terminados na cruz! Por meio da morte todo-inclusiva
do Senhor Jesus na cruz, todas as riquezas de Deus foram liberadas. A morte de Cristo na
cruz foi uma liberação maravilhosa para Deus e uma terminação maravilhosa para nós.
Todos nós precisamos dessa visão do altar. Precisamos ver que, não importa qual seja
nossa idade, todos fomos terminados na cruz ao mesmo tempo. As riquezas de Deus
foram liberadas ali, e todas as coisas negativas foram terminadas ali. Portanto, a morte
todo-inclusiva de Cristo na cruz foi nossa terminação e a liberação de Deus.
O mesclar de Deus com o homem começou quando o Senhor Jesus nasceu em
Belém. Por Sua encarnação, Deus entrou no homem. Contudo, o mesclar do homem com
Deus começou na cruz e foi plenamente concluído na ressurreição. Mediante a morte e

152
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ressurreição do Senhor, fomos colocados dentro de Deus e fomos mesclados com Deus.
Portanto, por meio da encarnação, Deus entrou no homem, e, por meio da morte e
ressurreição, o homem foi colocado dentro de Deus.
Tudo que somos e temos foi terminado na cruz, no altar. Mediante a cruz, a vida
divina foi liberada e, em seguida, essa vida foi-nos comunicada mediante a ressurreição de
Cristo. Se sepultarmos um grão de trigo e uma pequena pedra, algo vivo crescerá do grão
de trigo, todavia a pedra permanecerá sepultada. Mediante Sua morte na cruz, o Senhor
Jesus como um grão de trigo foi liberado, mas nós, a “pedra” morta, fomos terminados.
Embora tenhamos sido terminados dessa maneira, a vida divina foi comunicada para
dentro de nós para nos tornar pessoas maravilhosas.
Originalmente, não éramos maravilhosos. Antes de sermos salvos, estávamos fora
do muro do complexo do templo e amávamos muito a nós mesmos. Depois que fomos
salvos e passamos pela porta para entrarmos no átrio exterior, não mais amávamos muito
a nós mesmos, porém ainda tínhamos certa quantia de auto-piedade. No entanto, depois
que entramos no átrio exterior, não mais amamos a nós mesmos ou temos piedade de nós
mesmos; antes, odiamos o ego. À medida que avançamos e chegamos ao altar, vemos
que o ego feio, que amávamos quando estávamos fora do muro e se compadecia no átrio
exterior e odiava entrar no átrio interior, já havia sido terminado. Visto que o ego foi
terminado, não há mais necessidade de nós o amarmos ou ter piedade dele ou até mesmo
odiá-lo. Em lugar disso, devemos simplesmente esquecê-lo e deixá-lo no altar.
Temos mostrado que, visto que a cruz, o altar, ocupa o lugar central em nosso
relacionamento com Deus, não podemos evitá-la. Na realidade, logo que entramos pela
porta, começamos a perceber algo concernente à cruz. A cruz está implícita na porta que
significa o Senhor Jesus que cumpriu todas as exigências dos Dez Mandamentos e que,
em seguida, morreu na cruz para cumprir as justas exigências da lei de Deus. A cruz
também está implícita no comer os sacrifícios, que passaram pela morte. Esse comer
ocorre no pavimento. Além do mais, os lugares de cozinhar e as mesas sobre as quais os
sacrifícios são mortos implicam a cruz. Isso indica que, em todo o edifício santo de Deus,
podemos ver a cruz – na porta principal, no pavimento, nos lugares de cozinhar nos
cantos, e nas mesas no átrio interior. A cruz, portanto, não é somente o centro, mas tam-
bém a circunferência. A cruz se difunde em toda direção e para todos os cantos. Depois
que fomos salvos, encontramos a cruz em todo lugar. À parte da cruz, é impossível conta-
tar Cristo ou ter experiências espirituais cristãs.
Embora encontremos a cruz em todo lugar em nossa vida cristã, experimentamos a
cruz de uma maneira particular quando chegamos ao altar no centro do edifício de Deus.
Chegar até o altar no centro é perceber que tudo que somos e tudo que temos foram ter-
minados na cruz. Aqui, temos uma experiência definida da cruz e não meramente um en-
tendimento superficial a seu respeito. Em nossa comunhão com o Senhor, somos levados
ao ponto onde tocamos a cruz de uma maneira definida e sentimos que Deus não mais
nos permitirá viver em nosso homem natural. Isso nos leva a ter um avanço maior e uma
submissão absoluta à cruz. Como resultado, saberemos o que é a vida natural e o que
significa para a velha criação ser despida. Essa é a experiência da cruz no centro.
Sofro, pois embora muitos de nós tenham ouvido mensagens acerca da cruz,
somente alguns entre nós vivem verdadeiramente uma vida crucificada. Por exemplo,
podemos não viver uma vida crucificada em nossa vida matrimonial. Se um irmão casado e
sua esposa discutem um com o outro, isso indica que eles não estão vivendo uma vida
crucificada. Se estivessem vivendo uma vida crucificada, eles não se acusariam e se justi-
ficariam. Aqueles que vivem uma vida crucificada não se justificam quando são atacados
ou criticados. Eles experimentam a terminação de sua vida adâmica e da velha criação
mediante a morte da cruz e desfrutam as riquezas de Deus e Seu elemento divino, que
foram liberados por meio da cruz.

153
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Quando alguns, especialmente os jovens, ouvem essa palavra acerca do altar, eles
podem ficar amedrontados e pensar que é melhor não amar o Senhor e buscá-Lo. Podem
pensar que é adequado simplesmente entrar pela porta no átrio exterior e desfrutar Cristo
no pavimento. Podem pensar que não há necessidade para eles de avançar pela porta
interior, que leva ao átrio interior na direção do altar. Podem temer, pois seria perigoso
alcançar o altar e se tornar um holocausto.
Precisamos entender, no entanto, que, uma vez que o Senhor tem tido misericórdia
de nós, não podemos escapar Dele. Não fomos salvos por nossa própria vontade. Pelo
contrário, enquanto estávamos perambulando no mundo, não tendo qualquer intenção de
entrarmos pela porta, o Senhor nos conduziu através dela. À parte de nossa própria
escolha, cremos em Cristo. Isso é inteiramente um assunto da eleição de Deus, de Sua
misericórdia, e de Ele nos alcançar com Seu cuidado. O princípio é o mesmo no fato de
amarmos o Senhor e buscá-Lo. Se não crêssemos no Senhor, não O amássemos, e não O
buscássemos, sentir-nos-íamos desconfortáveis e insatisfeitos. Contudo, quanto mais
amamos o Senhor, mais ficamos satisfeitos. Isso também é um assunto da misericórdia do
Senhor. Por causa de Sua misericórdia conosco e de Sua operação dentro de nós, não
temos escolha, exceto avançar. Não podemos voltar atrás. Se não prosseguirmos até o
altar, mas, antes, tentarmos voltar para o átrio exterior, sentir-nos-emos desconfortáveis.
Portanto, precisamos continuar avançando até que cheguemos ao altar.
Por fim, todos aqueles que são espirituais e que buscam o Senhor chegarão ao altar
onde são terminados, até mesmo destruídos, pelo Senhor. Aparentemente sem razão, o
Senhor os despedaça e os despoja de tudo. Deus leva à morte tudo que somos e tudo que
temos. Madame Guyon experimentou isso e pôde dizer que Deus deu-lhe a cruz. Visto que
amamos o Senhor e O buscamos, mais cedo ou mais tarde encontraremos a cruz, que nos
despedaçará e levará tudo à morte. Seremos forçados a passar pela morte, ainda que não
estejamos dispostos a fazê-lo.
Não experimentamos a cruz de uma vez por todas – experimentamos a cruz muitas e
muitas vezes. Aqueles que buscam o Senhor encontrarão a cruz em cada ocasião. Num
dado momento, eles encontrarão a cruz por meio dos seus filhos. Numa outra ocasião,
encontrarão a cruz mediante seu cônjuge ou enfermidade. Outras vezes, podem
experienciá-la por meio da igreja ou dos cooperadores. A razão pela qual a cruz está em
todo lugar é que devemos passar por ela a fim de contatarmos Deus. Graças ao Senhor
que Deus nos dá a cruz. Aqueles que amam muito a Deus e O experienciam ao máximo
são os que têm passado pela cruz.

O DESENHO E MEDIDAS DO ALTAR

Como podemos provar, a partir do registro no Livro de Ezequiel, que Deus, o homem
e todas as criaturas morreram no altar, sobre a cruz? Como podemos provar que a morte
de Cristo foi uma morte todo-inclusiva? Como podemos provar que a cruz nos dá Deus?
Tudo isso é provado pelo desenho e pelas medidas do altar.
Os detalhes do altar são uma característica especial da visão de Ezequiel. Os livros
anteriores da Bíblia não falam especificamente acerca das medidas do altar dessa maneira
particular; contudo Ezequiel nos dá detalhes a respeito do altar. Se considerarmos a figura
34 (detalhe do altar), veremos que, segundo a visão de Ezequiel, o altar tem quatro seções:
a base, borda menor, borda maior sobre a borda menor e o altar superior sobre a borda
maior. O altar superior é chamado o coração de Deus, o lugar onde algo queima para Deus
e por Deus.

4
Essa figura não consta nesta tradução (N.T.)

154
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Consideremos agora brevemente as medidas. A base do altar é de um côvado. O


número um significa o Deus único. Portanto, a base do altar sendo de um côvado de altura
indica que Deus é a base do altar. Isso significa que a cruz foi iniciada por Deus. A borda
menor, que está sobre a base do altar, é de dois côvados de altura. Aqui, o número dois
significa não somente um testemunho, mas também a segunda pessoa do Deus Triúno.
Cristo é a segunda pessoa do Deus Triúno como uma testemunha. A terceira seção, a
borda maior, é de quatro côvados de altura, que significa as criaturas. O altar superior no
topo da base maior é também de quatro côvados de altura.
O topo do altar é um quadrado, doze côvados por doze côvados. O número doze é
composto ou de seis vezes dois ou de três vezes quatro. Nesse caso, todos esses núme-
ros estão envolvidos. O número quatro significando a criatura, o número seis significando o
homem e o número três significando o Deus Triúno estão todos aqui. De tudo isso, pode-
mos ver que Deus está aqui, que Cristo está aqui e que todas as criaturas, incluindo o
homem, estão aqui.
Deus como a base inclui Cristo. Quando Cristo morreu sobre a cruz, Deus, o homem,
e todas as criaturas morreram ali com Ele. Portanto, esse altar significa a morte todo-
inclusiva de Cristo.
Visto que a morte de Cristo é misteriosa, há muitas opiniões diferentes a seu res-
peito. Um judeu incrédulo poderia dizer simplesmente que um homem chamado Jesus, o
nazareno, morreu ali. Muitos crentes hoje diriam que Aquele que morreu na cruz foi seu
Redentor. Outros cristãos, que são mais avançados em seu entendimento espiritual,
poderiam dizer que Cristo seu redentor e eles mesmos morreram na cruz. No entanto, eu
declararia que não somente Cristo, meu Redentor, e eu morremos ali, mas também que
todas as criaturas e o próprio Deus morreram ali. Todo o universo com o Criador passaram
pela morte. Visto que todas as coisas passaram pela morte, tudo pôde ser testado. Tudo
que pôde ser terminado pela morte foi terminado. Na realidade, somente Deus foi capaz de
passar pelo teste da morte. Nós e toda a criação fomos terminados, mas Deus foi capaz de
passar pelo teste da morte.
A morte todo-inclusiva de Cristo realizou um mesclar que introduziu o homem em
Deus. Nessa morte, Deus morreu no homem a fim de ser liberado, e o homem morreu em
Deus para ser terminado. Louvado seja o Senhor pelo fato que, na morte todo-inclusiva de
Cristo, Deus morreu no homem e o homem morreu em Deus! Aleluia pelo liberar de Cristo
e a morte terminadora! Em Sua morte, fomos terminados e Deus foi liberado.

A LAREIRA

O topo do altar, a lareira de Deus, é de doze côvados quadrados. Esse é o fogão de


Deus, o lugar de Deus para queimar coisas por Deus, para Deus e por meio de Deus. É
significativo que a lareira meça doze côvados por doze côvados. Essa é a primeira vez que
o número doze é usado nas medidas do templo. O número doze é o número da Nova
Jerusalém e é composto de três vezes quatro. O número três é o número do Deus Triúno,
e o número quatro é o número do homem como uma criatura. O número doze, portanto,
significa o Deus Triúno mesclado com o homem. A Nova Jerusalém será o mesclar
consumado do Deus Triúno com o homem. A vida da igreja hoje também é o mesclar do
Deus Triúno com o homem.

A BORDA MAIOR

A borda maior, a seção que está diretamente debaixo do altar superior, tem uma
borda em cada lado que mede um côvado. Essa é a razão pela qual a borda maior tem
quatorze côvados de largura. O número quatorze é composto de duas maneiras: sete

155
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

vezes dois e dez mais quatro. Sete é o número de completação, dois é o número de
testemunho, dez é o número de plenitude em perfeição e quatro, obviamente, é o número
da criatura. Ao colocarmos todos esses números juntos, podemos perceber que isso
significa que a criatura em plenitude dá um testemunho completo.

A BORDA MENOR

Debaixo da borda maior está a borda menor. Essa borda também tem duas bordas
de um côvado cada uma, perfazendo um total de dezesseis côvados. O número dezesseis
é composto de oito vezes dois, que significa uma testemunha (dois) em ressurreição (oito).
Cristo é uma testemunha viva em ressurreição.

A BASE

A base tem também duas bordas de um côvado cada uma, perfazendo um total de
dezoito côvados de largura. O número dezoito é composto de seis vezes três ou três vezes
seis, que significa o homem, o Deus Triúno, em ressurreição.
Por causa de seu desenho único, o altar é muito sólido e estável. É mais largo na
base que no topo. A base é de dezoito côvados quadrados, a borda menor é de dezesseis
côvados quadrados, a borda maior é de quatorze côvados quadrados, e o altar é de doze
côvados quadrados. Esse tipo de construção torna o altar muito estável. Se o topo fosse
mais largo que o fundo, o altar não seria estável. Contudo, visto que o fundo é mais largo
que o topo, o altar pode permanecer estável. Nada pode abalá-lo.
Em cada pavimento, em cada seção, há bordas, que se estendem como dois braços
para sustentar algo. Os limites das bordas também se levantam para sustentar algo. Essa
figura clara nos mostra que o altar não é somente sólido e estável, mas é também capaz
de sustentar as coisas. Isso indica que a morte de Cristo na cruz não é somente estável e
sólida, mas também é capaz de sustentar as coisas. Sua morte maravilhosa, admirável e
todo-inclusiva é capaz de sustentar todos nós.

OS CHIFRES

Em cada um dos quatro cantos da lareira de Deus, um chifre aponta para cima. Na
Bíblia, chifres significam força e poder. Os chifres no altar, que se dirigem aos quatro can-
tos da terra e que também apontam para cima, significam o poder da cruz de Cristo. O
poder da igreja e dos santos depende da cruz. Quanto mais experienciarmos a cruz, mais
poder espiritual teremos.

OS DEGRAUS

Os degraus para o altar são voltados para o oriente. O oriente indica a glória do
Senhor. É a direção do nascimento do sol, que significa a glória do Senhor (Nm 2:3; Ez
43:2). Isso indica que a cruz sempre aponta para a glória de Deus e sempre leva à glória
de Deus.

A MEDIDA DO CÔVADO

O côvado usado por Ezequiel não é o côvado humano comum; antes, é um côvado e
quatro dedos (43:13). Isso é chamado um côvado grande e não é uma medida humana,

156
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

porém uma medida divina. Portanto, o altar não é medido pelo côvado humano, mas pelo
côvado divino. Jamais devemos medir a nós mesmos pela nossa medida humana. Nossa
medida pode ser de valor para nós, contudo não tem qualquer valor para Deus. Podemos
sentir que, segundo nossa medida e padrões humanos, estamos qualificados, porém,
segundo a medida divina, estamos aquém.

O ALTAR E O TEMPLO

O último ponto concernente ao altar é o relacionamento do altar com o templo.


Somente depois de passar pelo altar, podemos chegar ao templo. Isso significa que, sem a
percepção e experiência adequadas da cruz de Cristo, não podemos ter a realidade da
vida da igreja. O templo significa Cristo e também a igreja. Podemos ter a genuína vida da
igreja somente depois que temos tido a experiência do altar. Se desejamos ter a vida ade-
quada da igreja, precisamos de uma percepção e experiência adequadas do altar, da cruz
de Cristo. É somente depois que percebemos que fomos inteiramente terminados na cruz
que podemos ter a verdadeira vida da igreja.
Estar no átrio exterior tendo o desfrute de Cristo é maravilhoso, contudo está longe
da experiência do templo. Estar no átrio interior onde o ministério começa também é mara-
vilhoso, todavia mesmo isso está longe da experiência do templo. Estar no templo é estar
em algo que é inteiramente em ressurreição. Portanto, precisamos avançar até que
passemos pelo altar, pela cruz de Cristo, e cheguemos ao templo. Ali, teremos a realidade
da vida da igreja.
Precisamos ser impressionados com o fato que, somente quando passamos pelo
altar, chegamos ao templo. Enquanto o altar significa a cruz, o templo significa tanto Cristo
quanto a igreja, o Corpo de Cristo. A cruz, Cristo, e a igreja são o assunto central não
somente do Novo Testamento, mas também de toda a Bíblia. Primeiramente, chegamos ao
altar, a cruz, e, em seguida, chegamos ao templo. Isso indica que não podemos ter a igreja
separadamente da cruz. Mediante a experiência da cruz, somos introduzidos na realidade
da igreja. Somente quando passamos pela cruz temos realmente a verdadeira vida da
igreja. Por um lado, como salvos, nos reunimos para praticar a vida da igreja; por outro,
podemos ter a realidade da igreja somente depois que passamos pela cruz.
Todos nós precisamos ser levados ao ponto onde conhecemos e aceitamos a cruz.
Então, quando passamos pela cruz, nossa carne, nossa velha criação, nosso ego, e nosso
homem natural com a vida natural serão todos tratados. Tudo que tem sua fonte em nossa
humanidade será terminado na cruz. Em seguida, teremos a realidade da igreja. Depois,
seremos um no Senhor, teremos genuína coordenação e harmonia, descanso e a presen-
ça de Cristo. Isso é o templo, o lugar onde Deus habita. Essa é a expressão de Cristo, a
realidade da igreja.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE E DOIS

O TEMPLO E AS CÂMARAS LATERAIS

Leitura bíblica: Ez 40:48-49; 41:25b-26a

Nesta mensagem, consideraremos o templo e as câmaras laterais. O templo é


composto de três seções: o vestíbulo, o Lugar Santo (templo externo), e o Santíssimo
(templo interior).

O TEMPLO

Depois que passamos pelo altar, chegamos ao templo. Este é composto de três
seções principais: o vestíbulo, o templo externo, que é chamado de Lugar Santo, e o
templo interior, que é chamado de Santíssimo ou Santo dos Santos. Em acréscimo, existe
um anexo que Ezequiel chama de câmaras laterais. As câmaras laterais circundam todo o
edifício do templo. Portanto, o templo é composto de três seções com um anexo.

O VESTÍBULO

Comecemos com a parte principal do templo, o vestíbulo.

Os degraus

Dez degraus levam até o vestíbulo (40:49). Agora, podemos ver que o complexo do
templo tem três níveis: o primeiro nível no átrio exterior, o segundo no átrio interior e o
terceiro no templo. O andar térreo do templo está no terceiro nível. Precisamos lembrar
que a rua externa da parede está num nível mais baixo que o do átrio exterior. Se contar-
mos a partir da rua externa da parede do complexo do templo, existem quatro níveis, com
a rua como o primeiro nível, o átrio exterior como o segundo, o átrio interior como o terceiro
e o andar térreo como o quarto. Isso nos dá uma ideia da elevação do templo.
Isso também indica que, à medida que entramos no templo, mais subimos. Quando
estamos do lado de fora da parede, estamos no nível mais baixo. Porém, quando entramos
e avançamos, subimos mais e mais. Quando vamos da rua para o átrio exterior, preci-
samos subir sete degraus. Quando vamos do átrio exterior para o átrio interior, devemos
subir mais oito degraus. Quando vamos do átrio interior para dentro do templo, precisamos
subir mais dez degraus. Disso, podemos ver que o templo tem um total de vinte e cinco
degraus acima do nível da rua.
Embora devamos subir vinte e cinco degraus para irmos do nível da rua para o nível
do templo, na realidade, subimos somente quinze côvados. Podemos calcular isso, porque
os dez degraus para o templo são iguais à altura da plataforma do templo. Em 41:8, Eze-
quiel diz que ele viu um pavimento elevado ao redor do templo que era de seis côvados de
altura. Isso equivale à altura de dez degraus. A plataforma, que é de seis côvados de
altura, é a base de todo o edifício do templo e das câmaras laterais. A altura dos dez
degraus equivale a seis côvados. Portanto, os vinte e cinco degraus do nível da rua até o
nível do templo devem ser de quinze côvados.
Uma vez mais, os números são significantes. Vinte e cinco é cinco vezes cinco, que
indica responsabilidade dentro da responsabilidade. Quinze é cinco vezes três, indicando a

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

responsabilidade portada pelo Deus Triúno em ressurreição. Ao juntarmos todas essas


coisas, podemos ver que a maneira de subir mais e mais alto no templo é pela respon-
sabilidade dentro da responsabilidade carregada pelo Deus Triúno em ressurreição. Não
temos nenhuma maneira de subir à parte do Deus Triúno portando a responsabilidade em
ressurreição.

As duas colunas

Dos degraus, avançamos para as duas colunas. Precisamos diferenciar as colunas


das ombreiras do templo (41:21). As ombreiras são quadradas, ao passo que as colunas
são redondas. Embora as medidas das ombreiras sejam fornecidas, elas não são forneci-
das no que diz respeito às colunas. O fato que Ezequiel não nos dá as medidas das colu-
nas indica que elas devem ser ilimitadas. Portanto, essas colunas significam Cristo como a
testemunha de Deus carregando a casa de Deus com uma força que é ilimitada e
imensurável.
Agora chegamos ao vestíbulo. Ezequiel 40:48 diz: “Então, me levou ao vestíbulo do
templo e mediu cada pilar do vestíbulo, cinco côvados de um lado e cinco do outro; e a
largura da porta, três côvados de um lado e três do outro”. Aqui, temos dois pilares que
medem cinco côvados cada um. Visto que o número cinco indica responsabilidade e o
número dois indica testemunho, o significado desses dois pilares é responsabilidade em
testemunho. Novamente, o número três significa o Deus Triúno em ressurreição.
A altura do vestíbulo é vinte côvados, e sua entrada é de quatorze côvados. Con-
forme temos visto, o número quatorze é composto de sete vezes dois ou de dez mais
quatro. Sete significa completação, dois significa testemunho, dez significa plenitude e
quatro significa as criaturas. Portanto, o vestíbulo também significa que as criaturas car-
regam um testemunho completo em plenitude.
Um detalhe adicional a respeito do vestíbulo é que ele é usado como uma sala de
espera. Isso torna a aproximação do templo fácil. Na vida da igreja, nós também devemos
ter uma sala de espera, tornando fácil sua entrada para outras pessoas. Isso significa que
precisamos ter uma atmosfera que é alcançável e que é fácil para as outras pessoas nos
contatar e nos tocar. Essa sala de espera torna a igreja acessível e disponível para acolher
outras pessoas e recebê-las. Em acréscimo ao fato de tornar o templo de fácil apro-
ximação, o vestíbulo ou sala de espera, é um lugar para onde podemos descer vagaro-
samente, aproximar-nos e nos prepararmos para entrar no templo.

O templo exterior

Depois que passamos pelo vestíbulo, chegamos ao templo exterior. A entrada para
esse templo mede dez côvados (41:2). A primeira entrada, que é do vestíbulo, mede qua-
torze côvados, mas a segunda para o átrio exterior mede dez côvados. Isso indica que, à
medida que prosseguimos, mais estreito se torna o caminho. Como veremos, a entrada
para o templo interior é até mesmo mais estreita, medindo seis côvados. Segundo 41:12,
há cinco côvados nos lados das portas. Há dois pilares medindo cinco côvados, indicando
responsabilidade em testemunho.
O comprimento do templo exterior é quarenta côvados, e a largura é vinte côvados,
perfazendo um total de oitocentos côvados quadrados. O número oitocentos indica cem
vezes ressurreição. Os números quarenta e vinte são múltiplos que podem ser divididos
(decomposto em fatores) por cinco. Vinte é quatro vezes cinco, e quarenta é oito vezes
cinco. Cinco é composto de quatro (a criatura) mais um (o Deus único) e significa o homem
recebendo a graça de Deus para portar responsabilidade. O número oito significa ressur-
reição. Portanto, o número quarenta, que é composto de oito vezes cinco, significa a soma

160
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

do homem como criatura de Deus e Deus em ressurreição para produzir algo que tem uma
forma perfeita e completa.

As entradas

A entrada para o templo interior é de sete côvados de largura (41:3). Conforme


temos visto, isso nos mostra que, quanto mais avançamos, mais estreita se torna a
entrada. Se estamos fora do vestíbulo, não temos restrição. Quando estamos dentro dele,
temos alguma restrição. Essa restrição não é muito grande, pois ela ainda é de quatorze
côvados de largura. Entretanto, quando passamos do vestíbulo para o templo exterior, a
entrada se estreita para dez côvados. Finalmente, quando avançamos e alcançamos o
templo interior, a entrada é estreitada para seis côvados. A partir de nossa experiência
espiritual, sabemos que, quanto mais nos aproximamos do Senhor, mais somos res-
tringidos por Ele. Se somos frouxos e descuidados, isso é um sinal que estamos longe da
presença do Senhor. Quanto mais próximos formos do Senhor, mais seremos restringidos.

O templo interior

Do templo exterior, avançamos para o templo interior. Ezequiel 41:3 diz: “Penetrou e
mediu o pilar da entrada: dois côvados, a altura da entrada: seis côvados, e a largura da
entrada: sete côvados”. Uma vez mais, dois côvados, a medida do pilar da entrada, indica
testemunho.
O versículo 4 nos diz que o templo interior é de vinte côvados quadrados. O Santo
dos Santos no tabernáculo era um quadrado (Êx 26), e o Santo dos Santos no templo que
foi edificado na boa terra também era um quadrado (2 Cr 3:8). A parede da casa (Ez 41:5)
mede seis côvados, que significa a humanidade do Senhor Jesus. Essa humanidade é a
força de sustentação da habitação de Deus. No tabernáculo, as tábuas de acácia colo-
cadas verticalmente significavam a humanidade do Senhor Jesus (Êx 26:15). Agora, preci-
samos ver que a parede do templo em Ezequiel também significa a humanidade de Jesus.
Como um ser humano adequado, o Senhor Jesus é a parede de base e sustentação.
Vinte é composto de quatro vezes cinco. Vinte côvados quadrados, a área do templo
interior, equivale a quatrocentos côvados, isto é, cem vezes quatro. Cinco vezes quatro
(vinte côvados), que se torna cem vezes quatro, significa Deus na criatura, com a criatura
como habitação de Deus. Quando nós, as criaturas que recebemos a graça de Deus,
somos mesclados como um e formos perfeitamente quadrados, tornando-nos a unidade de
cem vezes quatro, Deus terá Sua habitação entre nós.

AS CÂMARAS LATERAIS

Nos lados sul, oeste e norte do templo estão as câmaras laterais. Essas câmaras
laterais são de três andares, cada um tendo trinta câmaras laterais, perfazendo um total de
noventa. Se consultarmos o diagrama na página 242 (do estudo-vida original, neste não
há), veremos que a parede do templo está em três seções. O primeiro pavimento da
parede é de seis côvados de largura, o segundo de cinco e o terceiro de quatro. Visto que
esses estão colocados um sobre o outro, uma borda de um côvado é criada, e a viga das
câmaras laterais é colocada sobre essa borda. A viga do primeiro andar das câmaras
laterais é colocada sobre a primeira borda, e a viga do segundo andar das câmaras laterais
é colocada sobre a segunda borda.
Do mesmo modo que as câmaras laterais que circundam a casa aumentam em
altura, elas também aumentam em largura. O andar mais baixo das câmaras laterais tem

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

quatro côvados de largura, o segundo andar das câmaras laterais tem cinco côvados de
largura e o terceiro tem seis côvados de largura. No entanto, a largura do templo continua
na vertical sem mudança. Visto que as câmaras laterais sobem mais e mais, elas também
se tornam mais amplas. Isso indica que, à medida que subimos com o Senhor, também
nos tornamos mais amplos e mais ricos em nossa experiência. À medida que avançamos,
ascendemos mais e à medida que subimos mais, tornamo-nos mais amplos. Visto que as
câmaras laterais no primeiro nível são de quatro côvados de largo, elas nos retratam como
as criaturas de uma maneira geral. Contudo, à proporção que nos tornamos mais altos e
mais amplos, nós, que somos o número quatro, tornamo-nos o número cinco portando
alguma responsabilidade. Então, à medida que subimos e nos tornamos mais amplos,
tornamo-nos o número seis, o homem adequado e criado por Deus no sexto dia. Isso
indica que seremos o mesmo, em medida, que o Senhor Jesus, que é a parede. Isso
revela que, meramente, ser uma criatura e, meramente, portar alguma responsabilidade
não são suficientes; precisamos nos tornar um homem adequado portando o número seis.
Segundo Ezequiel 41:8, ao redor da casa existe uma elevação que é uma plata-
forma, ou base, sobre a qual o templo e todas as câmaras laterais são edificados. Essa
elevação tem seis côvados de altura, representando uma vez mais a humanidade do
Senhor Jesus. Portanto, a humanidade do Senhor Jesus é o fundamento, a base e a
parede.

São a plenitude do templo

A beleza desse templo está com as câmaras laterais. Se as câmaras laterais fossem
removidas, o templo seria muito simples e não teria beleza.
Falando rigorosamente, o templo significa Cristo. Embora Cristo e a igreja sejam o
mesmo em natureza, o templo refere-se ao próprio Cristo, e as câmaras laterais, como a
plenitude do templo, significam a igreja como a plenitude de Cristo. Em Efésios 1:23,
vemos que a igreja, o Corpo de Cristo, é Sua plenitude. Se não houvesse as câmaras late-
rais para o templo, não haveria a plenitude para o templo. As noventa câmaras laterais nos
três andares expressam a plenitude do templo. Remover essas câmaras seria despir o
templo de sua plenitude. Da mesma forma que as câmaras laterais são a beleza do
templo, assim a beleza de Cristo é a igreja, o Corpo, como Sua plenitude.
No registro de Ezequiel do edifício santo de Deus, ele faz uso frequente do número
trinta. Há trinta câmeras no pavimento, trinta janelas nas portas e trinta lados dos pilares
nas portas. Todas essas figuras indicam que só podemos desfrutar de Cristo aquilo que
temos experienciado; e só podemos expressar de Cristo o que temos desfrutado Dele.
As câmaras laterais tipificam a igreja como a plenitude de Cristo, Sua expressão. As
trintas câmaras laterais para expressão estão fundamentadas nas trintas câmeras para
desfrute. Não podemos expressar Cristo mais do que temos desfrutado Dele. Podemos
expressar somente a medida que temos desfrutado Dele. Nosso desfrute de Cristo se
torna, por fim, a plenitude, a expressão de Cristo.

Significam o Deus Triúno em ressurreição

As câmeras laterais estando em três andares significam o Deus Triúno em ressur-


reição. Expressamos Cristo no Deus Triúno em ressurreição. Quando estamos no Deus
Triúno – no Pai, no Filho e no Espírito – e quando estamos em ressurreição, expressamos
Cristo com nosso desfrute Dele. Quando passamos pela cruz e entramos na ressurreição,
estamos no Deus Triúno, desfrutando o amor do Pai, a graça de Cristo e a comunhão do
Espírito Santo (2 Co 13:14).

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Doze das trinta câmaras laterais estão no lado norte, doze no lado sul e seis no lado
oeste. As trinta câmaras laterais também podem ser divididas em seis grupos de cinco. O
número seis significa o homem criado no sexto dia, e o número cinco significa o homem
como criatura tendo responsabilidade mediante o recebimento da graça de Deus. Não
temos responsabilidade em nossa própria força, mas mediante a graça de Deus. Isso
indica que as câmaras laterais são o resultado de termos Deus acrescentado a nós para
termos responsabilidade. As câmaras laterais têm três níveis, com trinta cômodos em cada
nível, dividido em seis grupos de cinco. Isso indica que estamos em ressurreição e no
Deus Triúno; que somos dependentes da graça de Deus para termos responsabilidade
diante de Deus, e que, como resultado, somos a plenitude, a expressão, de Cristo o qual
desfrutamos.

A parede externa

A parede externa das câmaras laterais tem cinco côvados de espessura (Ez 41:9). O
número cinco aqui indica aqueles dentre nós que receberam a graça de Deus e que têm
responsabilidade diante de Dele. Por um lado, a igreja é a combinação de Deus com o
homem. Por outro, a igreja é também a responsabilidade do homem diante de Deus. Se os
presbíteros, cooperadores e todos os santos não têm qualquer responsabilidade diante de
Deus, não haverá câmaras laterais, isto é, a igreja como a plenitude de Cristo. Contudo, se
tivermos responsabilidade em conjunto, então haverá a plenitude, a expressão, de Cristo.
Quando nós, homens criados por Deus que receberam a graça de Deus, carregarmos
nossa responsabilidade e cumprirmos nossa função, então teremos a igreja como a
plenitude de Cristo.

AS JANELAS DE FASQUIAS FIXAS (TRELIÇAS) SUPERPOSTAS E AS


PALMEIRAS

Agora, chegamos novamente às janelas de fasquias fixas superpostas e às palmei-


ras. Temos mostrado que as janelas de treliças são para deixar o ar e a luz entrarem e
bloquear as coisas negativas (41:16). Essas janelas significam Cristo como o Espírito que
dá vida. Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade (2 Co 3:17b). O Espírito que dá
vida é muito livre e liberado, contudo há as treliças. Por um lado, há liberdade; por outro,
existe a tela. Tudo que é celestial, de vida, de luz, e do ar puro e límpido pode entrar.
Contudo, tudo que é impuro, maligno e negativo será bloqueado pela treliça, pela tela. É
assim que Cristo como o Espírito que dá vida opera dentro de nós.
As palmeiras foram entalhadas nas paredes próximas às janelas (Ez 41:18-19). As
palmeiras crescem no deserto e estão sempre verdes, no verão e no inverno. Isso indica
que, nas provações e nas tentações, Cristo é sempre vitorioso, tendo poder e força eter-
nos. A vitória e o poder eterno e a força sempre andam juntos com o ar e a luz. Isso signi-
fica que nossa vitória e poder estão relacionados ao Espírito que dá vida. Se desfrutarmos
o Espírito que dá vida, também desfrutaremos a vitória, o poder e a força de Cristo.

A ÁREA ABERTA

Ezequiel 41:9 diz que, fora das câmaras laterais, existe uma área aberta ou lugar
aberto. Isso significa o superávit (excesso) das riquezas de Cristo. Não importa quanto
precisemos de Cristo e quanto Ele preencha nossas necessidades, algo sobejará (haverá
superávit). Doze cestos sobejarão, como quando o Senhor Jesus satisfez os famintos (Jo
6). Podemos dizer que o lugar aberto nos três lados das câmaras são os doze cestos. O

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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Senhor jamais é escasso. Ele é sempre rico com algo sobejando. Cristo é sempre abun-
dante e a graça de Cristo é também abundante. Cristo e Sua graça são inexauríveis. Não
importa quanto O desfrutemos, existe sempre um superávit.
As áreas fora das câmaras laterais que são deixadas livres têm cinco côvados de
largura (Ez 41:11), a mesma medida que a espessura da parede externa. Uma vez mais, o
número cinco indica o recebimento da graça do Senhor resultando em termos responsa-
bilidade. Aqui, devemos ver que, não importa quanto tenhamos responsabilidade pela
graça de Deus, existe sempre um superávit de graça. Quando tivermos cinco côvados de
responsabilidade, Deus nos dará cinco côvados de graça de superávit. Quando tivermos
nossa responsabilidade, Deus sempre nos dará abundância de graça. Esse é o princípio
de Deus.

ESPAÇO ABERTO

Entre o espaço aberto das câmaras laterais e as câmaras santas (células), há


espaços abertos de vinte côvados de largura (v. 10). Esses vinte côvados de espaço
aberto indicam que a graça de Cristo não é somente suficiente, mas também rica. O
número vinte é composto de dez vezes dois e de cinco vezes quatro. Isso indica um
testemunho (dois) perfeito (dez) obtido pela criatura recebendo graça para portar a res-
ponsabilidade completa diante de Deus. Disso, vemos que o Cristo que experienciamos e
a graça que desfrutamos são espaçosos, amplos, ricos, plenos e com muito superávit.
Se virmos isso, perceberemos que, depois que tivermos os doze cestos que sobe-
jaram e alimentarmos novamente outras pessoas, teremos muito mais cestos sobejando. É
assim, pois Cristo é sempre mais e mais rico; Ele é inexaurível. Quando O desfrutamos
uma vez, temos cinco côvados sobejando. Quando O desfrutamos outra vez, vinte côvados
sobejam. Cristo jamais diminuirá; antes, Ele sempre aumentará mais e mais. Visto que
Cristo é tão rico, o ministério continua a se tornar mais rico à medida que os anos avan-
çam.

AS PORTAS

Embora houvesse noventa câmeras, havia somente duas portas. Isso indica que,
uma vez que não existem muitas saídas, é fácil entrar, mas não é fácil sair. Não existe
porta dos fundos ou saída lateral. Há muitas janelas, contudo somente duas portas. Além
do mais, as portas estão na direção dos espaços abertos. Se não houvesse espaço aberto,
não haveria modo de abrir a porta.
Precisamos prestar atenção ao fato que as portas são abertas para os espaços que
são deixados livres. Se não houvesse espaços livres (abertos), não haveria portas e,
portanto, não haveria entrada. Isso indica que, pode haver entrada somente quando existe
um superávit de graça. Se estamos exauridos em nosso serviço e raramente somos ven-
cedores, então, conosco, não existe superávit de graça. Como resultado, não há porta, não
há entrada. A entrada está baseada no superávit de graça. Se vivemos no Senhor, nosso
reunir e servir deve ser com espaço sobrando, isto é, com um superávit de graça. Então,
uma porta será aberta para nós a qual ninguém pode fechar (Ap 3:8).

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE E TRÊS

O EDIFÍCIO ATRÁS DO TEMPLO, AS PAREDES, O ALTAR DO INCENSO,


AS CÂMARAS SANTAS E OS LUGARES DE COZIMENTO

Leitura bíblica: Ez 41:12-20, 22-25; 42:1-20; 46:19-20

Nesta mensagem, consideraremos o edifício que está atrás do templo, o altar do


incenso dentro do templo, as câmaras santas que estão nos lados do templo, os dois
lugares de cozimento onde os sacerdotes preparavam as ofertas, e as paredes.

O EDIFÍCIO ATRÁS DO TEMPLO

No passado, gastei muitas horas considerando o edifício que está atrás do templo
(41:12-14) e buscando o Senhor para descobrir o significado e propósito desse edifício.
Algumas vezes, o que a Bíblia não diz é mais significativo do que o que ela diz. Podemos
conhecer o significado e propósito da maior parte dos edifícios em Ezequiel, contudo não
podemos achar uma alusão a respeito do uso do edifício na área separada atrás do
templo. Esse edifício é maior que o templo. O templo mede cem côvados por sessenta
côvados, porém o edifício que fica está atrás dele mede cem côvados por oitenta côvados.
Embora esse edifício seja maior que o templo, o registro não nos fala do propósito desse
edifício.
À medida que eu estava estudando esse edifício, o Senhor me mostrou que ele
significa as riquezas de Cristo. As câmaras laterais significam a plenitude de Cristo, mas o
edifício que fica atrás do templo significa as riquezas de Cristo. Precisamos distinguir entre
as riquezas de Cristo e a plenitude de Cristo. As riquezas de Cristo são aquilo que Cristo é.
Por exemplo, Cristo é vida, luz, realidade e o caminho. A plenitude de Cristo é a igreja
como a expressão de Cristo (Ef 1:22-23). A plenitude de Cristo está baseada nas riquezas
de Cristo. Quando experienciamos e desfrutamos as riquezas de Cristo, nós nos tornamos
a igreja como a plenitude de Cristo, Sua expressão. Enquanto as câmaras laterais indicam
a plenitude de Cristo, o edifício atrás do templo indica as riquezas de Cristo.
Deixe-me dar-lhe uma ilustração simples de como o edifício atrás do templo significa
as riquezas de Cristo. Suponha que você é um hóspede na casa de um irmão, contudo em
vez de lhe dar um quarto para se hospedar, o irmão lhe pede para dormir no sofá na sala
de estar. Isso indicaria que o irmão não é rico, mas sim, pobre. No entanto, se o irmão lhe
fornecesse um quarto vago e espaçoso preparado especialmente para você, isso indicaria
que ele é rico. O detalhe aqui é que nosso Cristo é muito rico. Cristo é tão rico que pode
cumprir todas as exigências e satisfazer todas as necessidades tanto de Deus quanto do
homem e ainda ter um grande “edifício” de sobejo. Esse edifício indica que Cristo é rico,
com um abundante superávit.
Não devemos pensar que, como o edifício de Deus, Cristo é tão somente a quantia
que precisamos. Em princípio, Cristo como o edifício sempre tem algo sobejando, e o que
sobeja excede o que é usado. Precisamos lembrar que os cinco pães de cevada alimen-
taram cinco mil pessoas com doze cestos sobejando (Jo 6:12-13). A quantidade que sobe-
jou era maior que a quantidade que havia no início. Isso indica que Cristo é ilimitado. Por
trás da porção de Cristo que necessitamos está uma porção ainda maior que está “vaga”.
Diferentemente de um edifício de apartamento com uma placa dizendo: “Não há vaga”,

165
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

com Cristo a “placa” sempre diz: “Vago”. Visto que Cristo é insondavelmente rico, Ele é um
“edifício” que está sempre “vago”.
O tamanho desse edifício – cem côvados por oitenta côvados – é significativo.
Oitenta é dez vezes oito. O número oito significa ressurreição, e o número dez significa
plenitude. O número oitenta, portanto, indica ressurreição em plenitude. Ademais, a área
desse edifício é oito mil côvados quadrados, isto é, cem vezes oitenta. Em outras palavras,
é mil vezes a ressurreição.
As dimensões do edifício atrás do templo incluem a parede, que tem cinco côvados
de espessura nos quatro lados. A capacidade real do edifício é setenta côvados por
noventa côvados (Ez 41:12). Esses números também são significativos. Setenta é dez
vezes sete, noventa é dez vezes nove, e nove é três vezes três. Esses números indicam
completação (sete), plenitude (dez), ressurreição (oito) e o Deus Triúno (três). Tudo isso
nos mostra quão rico Cristo é.

O TAMANHO DO TEMPLO E A ÁREA SEPARADA NA FRENTE E ATRÁS


DELE

Ezequiel 41:13-15 nos dá o tamanho do templo e da área separada na frente e atrás


dele: “E mediu o templo, do comprimento de cem côvados, como também o lugar
separado, e o edifício, e as suas paredes: cem côvados de comprimento. E a largura da
dianteira do templo e do lugar separado para o oriente, de uma e de outra parte: cem
côvados. Também mediu o comprimento do edifício, diante do lugar separado, que estava
por detrás, e as suas galerias de uma e de outra parte: cem côvados, com o templo de
dentro e os vestíbulos do átrio” (ARC). O templo tem cem côvados de comprimento e a
largura da frente (dianteira) do templo e da área (lugar) separada para o oriente totalizam
cem côvados. A largura da nave é de vinte côvados (vv. 2, 4). A espessura dos dois lados
da parede é de doze côvados no total, com cada lado tendo seis côvados (v. 5). A largura
das câmaras laterais é de quatro côvados em cada lado, num total de oito côvados (v. 5). A
espessura da parede externa das câmaras laterais é de cinco côvados de cada lado, num
total de dez côvados (v. 9). A largura do espaço aberto ao lado das câmaras laterais é de
cinco côvados de ambos os lados, num total de dez côvados (v. 9). Quando somamos tudo
isso, temos sessenta côvados. A área separada entre as câmaras laterais que pertencem
ao templo e as câmaras externas é de vinte côvados na largura de ambos os lados do
templo. Se fizermos a soma de tudo, temos cem côvados. Isso faz um quadrado com cem
côvados de cada lado, significando que Cristo é totalmente perfeito, vertical, completo e
abundante como a habitação de Deus.
A largura do átrio interior, a frente do templo e a área junto ao lado oriental, é de cem
côvados e seu comprimento também é de cem côvados. Portanto, essa área, que tem o
altar como seu centro, é também um quadrado com cem côvados de cada lado. Isso é
mais uma indicação de que Cristo é perfeito, vertical e completo e está plenamente quali-
ficado para ser usado por Deus para realizar Sua obra de redenção.
A área separada com o edifício por detrás e sua parede é de cem côvados de com-
primento (v. 13). A largura do edifício junto à frente da área separada por detrás dele, com
uma galeria de cada lado, é também de cem côvados (v. 15). Aqui, na parte de trás do
templo, temos outro quadrado com cem côvados de cada lado. Isso é mais uma indicação
que Cristo é perfeito, vertical e completo. Ele é mais que suficiente para satisfazer todas as
necessidades tanto de Deus quanto do homem com um superávit abundante. O superávit
de Cristo é seguramente copioso.
Esse arranjo maravilhoso revela a sabedoria do nosso Deus. No todo, temos três
pedaços de terra, os quais somam cem côvados quadrados. Isso indica que, no Deus
Triúno, existe cem vezes de quadrados completos e cem vezes de abundante superávit.

166
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Gostaria de pedir a você para usar a planta na página 215 (neste documento não
existe essa planta) a fim de considerar a área total do templo e dos átrios interior e exterior.
Somados, o comprimento da porta oriental que leva ao átrio exterior (40:6-16) e o
comprimento da porta oriental que leva ao átrio interior (vv. 32-34) equivalem a cem
côvados. O átrio exterior também é de cem côvados de comprimento da porta externa à
porta interna. O átrio interior é de cem côvados de comprimento; o próprio templo é de cem
côvados de comprimento; e o comprimento da área separada e do edifício por detrás é
também de cem côvados. Somando-se essas cinco partes, temos um total de quinhentos
côvados. Isso se refere à situação de Cristo diante de Deus. Como a porta, Ele é cem por
cento perfeito; como o átrio exterior, Ele é cem por cento perfeito; como o átrio interior, Ele
é cem por cento perfeito; como o próprio templo, Ele é cem por cento perfeito; e, como o
superávit abundante, Ele também é cem por cento perfeito. Cristo, que é inteiramente
perfeito de toda maneira, é cem vezes cinco. Precisamos lembrar que cinco é o número de
responsabilidade. Portanto, para nós, Cristo carrega completa responsabilidade diante de
Deus, uma centena. Isso é um quadro da completude, verticalidade e superávit de Cristo.
Sua completude, verticalidade e superávit são perfeitos, sendo derivados de Deus e
estando em ressurreição. Ao portar responsabilidade para nós diante de Deus, Cristo é um
testemunho total, perfeito e sem mancha para Deus.

AS PAREDES DO TEMPLO

Segundo o registro em Ezequiel, todas as partes do edifício relacionado ao templo,


incluindo o próprio templo, o vestíbulo, as câmaras laterais, o edifício por detrás do templo,
e todas as paredes, são cobertas, revestidas, com madeira (41:16). Por conseguinte,
quando entramos no templo, não vemos nada a não ser madeira. Isso é inteiramente
diferente do tabernáculo levantado por Moisés, no qual se podia ver ouro em todo lugar.
Cada parte estava coberta com ouro (Êx 26:29). Aqui em Ezequiel, pelo contrário, cada
parte é coberta com madeira. Enquanto o ouro significa divindade, madeira significa
humanidade, especialmente a humanidade adequada do Senhor Jesus.
Ezequiel é um livro cheio de humanidade. No capítulo 1, Cristo no trono é um
homem. Sobre o trono está um homem. Mesmo em Sua glória, Cristo é revelado como um
homem. No capítulo quarenta e três, quando a glória volta para o templo, o homem está ali
(vv. 2, 6). Esse homem é o próprio Senhor Jesus. No edifício de Deus, o principal material
é humanidade. Isso indica que precisamos ser humanos, mas não de uma maneira natural;
antes, precisamos ser “Jesusmente humanos”. A humanidade adequada não é nossa
humanidade natural; a humanidade adequada é a humanidade crucificada, ressurreta e
ascendida de Jesus.
No registro a respeito do templo, o número seis é usado muitas vezes. Quase toda
entrada, porta e limiar tem o número seis. As câmaras de guarda são de seis por seis, e as
trinta câmaras no pavimento são de cinco por seis. Uma vez mais, desejo mostrar que o
número seis aqui significa a humanidade do homem Jesus. A madeira que cobria o interior
do templo significa a humanidade do Senhor Jesus.
O registro não nos diz que tipo de madeira foi usada para a cobertura. Semelhan-
temente, é difícil descrever que tipo de humanidade o Senhor Jesus tem. A humanidade de
Jesus é maravilhosa. Não podemos descrevê-la, contudo podemos vê-la e possuí-la.
Em todo o revestimento da madeira, querubins e palmeiras foram entalhados (41:18-
20). Os querubins são os quatro seres viventes descritos no capítulo um. Eles significam a
glória do Senhor manifestada sobre as criaturas. Entre os querubins, estão as palmeiras,
significando a vitória de Cristo e o Seu poder eterno e sempre-existente. No capítulo um, o
querubim tinha quatro rostos, mas nos entalhos nas paredes, eles tinham dois rostos –

167
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

rosto de homem e rosto de leão. O rosto de homem significa e expressa humanidade, e o


rosto de leão significa a vitória na humanidade.
Ezequiel 41:17b-19 diz: “(...) Havia obras de escultura, querubins e palmeiras, de
sorte que cada palmeira estava entre querubim e querubim, e cada querubim tinha dois
rostos, a saber, um rosto de homem olhava para a palmeira de um lado, e um rosto de
leãozinho, para a palmeira do outro lado; assim se fez pela casa toda ao redor”. Aqui,
é-nos dito que, entre dois querubins, havia uma palmeira. Isso significa que manifestamos
a vitória de Cristo na manifestação da Sua imagem gloriosa. Cada palmeira tem a face de
um homem de um lado e a face de um leãozinho do outro. Isso significa que a glória e a
vitória de Cristo são manifestadas no homem vitorioso. Isso significa que, se tivermos
comunhão com Cristo e O desfrutarmos, então outros verão em nós a face tanto de um
homem quanto de um leão. Sobre nós, haverá a imagem, a glória e a vitória de Cristo.
Precisamos prestar atenção ao fato que o querubim e as palmeiras não são pintados
na madeira, mas entalhados. Isso revela que, como revestimento, precisamos ser “enta-
lhados” pelo Senhor. Ser entalhado significa sofrer algo. Quando encontramos deter-
minados irmãos e irmãs, temos a impressão que sobre eles há algo entalhado do Senhor.
A vitória de Cristo e a glória do Senhor foram entalhadas neles. O poder eterno, o frescor,
e a vida sempre fresca foram entalhados em seu ser. Por causa do entalhar do Senhor,
eles portam esse tipo de imagem e impressão onde quer que vão.

O ALTAR DE INCENSO DE MADEIRA

O altar de incenso é feito inteiramente de madeira. Cada parte, incluindo os chifres, é


feita de madeira (v. 22). Isso é inteiramente diferente do altar de incenso no tabernáculo
erigido por Moisés. O altar de incenso no tabernáculo era feito de madeira coberta com
ouro, significando a humanidade revestida com a divindade (Êx 37:25-26). O altar de
incenso que estava no templo é feito somente de madeira, significando somente a huma-
nidade de Jesus.
No tabernáculo e no templo, havia o altar, o candelabro e a mesa dos pães da
presença. Contudo, aqui em Ezequiel, o altar também é a mesa (41:22). Como um altar,
ele é bom para oferecermos algo a Deus, e como mesa ele é bom para Deus nos ministrar
algo. O altar é para oferecermos algo a Deus para Sua satisfação, e a mesa é boa para
Deus nos preparar algo para nossa satisfação. Por isso, o único altar serve para dois
propósitos: para nós com relação a Deus é o altar; para Deus com relação a nós é a mesa.
Oferecemos algo de Cristo a Deus sobre esse altar, e Deus nos prepara algo de Cristo
sobre essa mesa. Ambos são estabelecidos sobre a humanidade de Cristo.
Tudo que está sobre essa mesa-altar deve ser Cristo. Cristo sobre o altar é incenso
para Deus, e Cristo sobre a mesa é alimento para nós. Quando oferecemos Cristo a Deus
sobre ele, é o altar para a satisfação de Deus. Quando Deus prepara algo de Cristo para
nós sobre ele, é a mesa para nossa satisfação. Em outras palavras, Cristo sobre o altar é
incenso, e Cristo sobre a mesa é alimento.
O ponto principal aqui é que as paredes estavam cobertas com madeira e o altar do
incenso era feito de madeira, significando a humanidade do Senhor Jesus. O altar do
incenso feito de madeira tinha três côvados de altura e dois côvados de comprimento. Isso
significa o Deus Triúno em ressurreição como testemunho.
O altar, que era feito de madeira, foi colocado em um lugar revestido de madeira
entalhada com querubim e palmeiras. Isso indica que, se somos aqueles que manifestam a
glória e vitória de Cristo, teremos a mesa-altar para Deus e para nós a fim de termos
comunhão juntos em Cristo. Aqui, Deus desfruta o incenso que oferecemos em Cristo e
desfrutamos o alimento suprido por Deus em Cristo. Dessa maneira, tanto nós quanto
Deus desfrutamos Cristo. Deus fica satisfeito por causa da fragrância em Cristo, e nós

168
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ficamos satisfeitos pelo suprimento de alimento em Cristo. Agora, precisamos ver que esse
desfrute mútuo só pode ocorrer na atmosfera e situação onde existe a manifestação da
glória e vitória de Cristo. Se vencemos mediante Cristo e manifestamos a imagem e glória
de Cristo, então, teremos uma mesa-altar para termos comunhão com Deus e
desfrutarmos Cristo. Essa comunhão e esse desfrute resultam de nossa vitória em e por
meio de Cristo.

NÃO HÁ CANDELABRO

Nesse templo, não existe candelabro para fornecer luz. No tabernáculo, não existia
janela ou abertura no Santo Lugar, portanto ele necessitava do candelabro. Todavia, no
templo descrito no livro de Ezequiel, há muitas janelas permitindo a entrada da luz e do ar.
Assim, não há necessidade de candelabro.

AS PORTAS

Tanto o templo exterior quanto o templo interior (santíssimo) tinham portas na en-
trada (v. 23). Em ambas as passagens, havia duas portas, cada uma de duas seções
duplas. As passagens eram simplesmente aberturas, contudo dentro delas estavam as
portas que podiam ser abertas e fechadas. Quando aplicamos isso à nossa situação hoje,
podemos dizer que, quando pessoas positivas, como os apóstolos, chegam, devemos,
verdadeiramente, abrir a porta. Entretanto, quando pessoas negativas, como os lobos (Mt
7:15), chegam, devemos fechá-la.
A igreja local em sua cidade tem portas? Estou preocupado pelo fato que a igreja em
sua localidade pode ter apenas caminhos de entrada, mas pode não ter passagens com
portas. Na vida da igreja precisamos ter passagens com portas. Por um lado, devemos ser
abertos às pessoas e às coisas positivas; por outro, devemos estar fechados às pessoas e
às coisas negativas. Devemos fechar a porta e recusar deixá-las entrar. A função das
portas é similar à das telas nas janelas: Elas são abertas para deixar entrar as coisas
positivas, contudo são fechadas para manter fora as coisas negativas.
Cada passagem tem duas portas que são feitas de duas peças. Isso perfaz um total
de quatro peças em cada passagem (Ez 41:24). O fato que cada porta é feita de duas
peças duplas nos mostra que as portas são flexíveis, girando e se dobrando. Algumas
vezes, na vida da igreja, os líderes não são flexíveis. Eles não sabem como se dobrar e
girar. A igreja precisa de portas giratórias, dobráveis, e flexíveis que são fáceis de abrir e
fechar.

AS CÂMARAS SANTAS

As câmaras santas são edifícios conectores que conectam o átrio interior com o átrio
exterior. Essas câmaras estão localizadas tanto no lado norte quanto no lado sul (42:13).
As câmaras santas têm cinquenta côvados de largura e cem côvados de comprimento,
com um passeio de dez côvados de largura entre elas. Cada um desses edifícios consiste
de duas fileiras com as faces voltadas um para o outro com um passeio entre eles. Por-
tanto, as muitas portas no edifício sul estão abertas para o norte, e as muitas portas no
edifício norte estão abertas para o sul. Isso o torna um edifício conector.
O fator preponderante aqui é que as câmaras santas são para os sacerdotes
comerem as ofertas. Vimos que as câmaras no pavimento no átrio exterior são para as
pessoas comerem as ofertas. Agora, vemos que as câmaras santas são para os sacerdo-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

tes comerem as ofertas e também para porem e armazenarem essas ofertas. É aqui que
os sacerdotes deixam suas vestes sacerdotais (v. 14).
Nas câmaras nos pavimentos, as pessoas podem desfrutar Cristo, mas não podem
expressá-Lo, pois não têm as vestes sacerdotais. As vestes sacerdotais significam Cristo
expressado e vivido. Enquanto as ofertas significam Cristo como nosso desfrute, as vestes
significam Cristo como nossa expressão. Aqueles que estão no átrio exterior só podem
desfrutar Cristo, contudo não podem vivê-Lo e expressá-Lo. A situação com os sacerdotes
é muito melhor. Os sacerdotes não desfrutam somente Cristo, mas também O expressam.
Eles não somente comem Cristo, mas também O vivem. Em acréscimo, eles têm o arma-
zenamento de Cristo. Em todas essas coisas, podemos ver o aumento na experiência de
Cristo.
É aqui nas câmaras santas que uma pessoa alcança o pico mais elevado da experi-
ência espiritual. Viver nas câmaras santas é viver Cristo. Comer as ofertas nas câmaras
santas é comer Cristo. Usar as vestes sacerdotais é usar Cristo. Disso, vemos que, nas
câmaras santas, vivemos Cristo, desfrutamos Cristo e expressamos Cristo.
As câmaras santas localizadas no norte e no sul estão em frente umas das outras.
Isso significa comunhão, testemunho e confirmação. O estoque, suprimento e desfrute de
Cristo são uma questão de comunhão, testemunho e confirmação.
As câmaras santas têm cem côvados de comprimento e cinquenta de largura. O
número cem significa completação perfeita em plenitude, e o número cinquenta significa o
homem portando responsabilidade plena e completa depois de receber a graça de Deus.
Se unirmos também as câmaras santas no norte com as do sul, temos outro quadrado com
cem côvados de cada lado, significando o estoque, suprimento e desfrute perfeitos. Além
do mais, essas câmaras santas testificam umas às outras, e quando elas são unidas,
existe completação absoluta e perfeita. Isso indica que, quando os testemunhos mútuos
são somados, existem o desfrute e o estoque de Cristo. Não podemos ter isso individual-
mente, mas sim com todos os santos (Ef 3:18).
As câmaras santas, tais quais as câmaras laterais, têm três andares (Ez 42:5-6).
Elas são iguais em altura às câmaras laterais, indicando que correspondem à plenitude de
Cristo. Os sacerdotes desfrutam Cristo, vestem Cristo, armazenam Cristo, e possuem
Cristo a tal ponto que a altura de suas câmaras equivale à altura das câmaras laterais, que
significam a plenitude de Cristo.
O versículo 6 diz: “Porque elas eram de três andares e não tinham colunas como as
colunas dos átrios; por isso, as superiores eram mais estreitas do que as de baixo e as do
meio”. Embora as câmaras santas fossem de três andares, elas não tinham colunas. No
que diz respeito à experiência espiritual, isso indica que aqueles que desfrutam Cristo
nesse grau elevado não são como aqueles que estão, comparativamente, em um nível
mais baixo. Os que estão nas câmaras santas não expressam o poder de Cristo, que é
retratado pelas colunas. No lugar disso, existe uma ênfase na excelência e superioridade
de Cristo. As câmaras no pavimento e nos quatro cantos enfatizam a humildade e aplicabi-
lidade de Cristo; o vestíbulo indica a disponibilidade de Cristo; os edifícios ligados ao
templo e o espaço livre próximo às câmaras laterais apontam para a plenitude e superávit
de Cristo; e a área separada ao redor do templo e o edifício vago proclamam as riquezas e
abundância de Cristo. Agora, precisamos perceber que as câmaras santas enfatizam a
excelência e superioridade de Cristo. Por essa razão, as câmaras santas estão em três
andares, contudo não têm colunas como as colunas dos átrios.
As galerias no terceiro andar, o nível mais elevado, estavam uma em frente da outra.
Isso indica que, quanto mais desfrutarmos Cristo, mais confirmação teremos. Quanto mais
ascendermos no desfrute de Cristo, mais comunhão e confirmação mútua teremos.
Quando temos o desfrute de Cristo prefigurado pelo terceiro nível, apreciamos a
comunhão, a confirmação e o sermos abertos para os outros. Não queremos estar

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

sozinhos ou fechados. No entanto, aqueles que são jovens no Senhor e que não têm muito
crescimento espiritual não sentem a mesma necessidade de comunhão e confirmação, e
podem preferir estar sozinhos. Aqueles que desfrutam Cristo, armazenam Cristo, vestem
Cristo, vivem por Cristo e servem a Deus por causa de Cristo amadurecerão e alcançarão
um nível de experiência espiritual na qual vivem uma vida cheia de comunhão e de tes-
temunho, confirmação e abertura mútuos.
Por causa do espaço ocupado pelas galerias, as câmaras no terceiro andar são
menores que as que estão no primeiro e segundo andares. Isso indica que, quando nossa
experiência e desfrute de Cristo alcançam o terceiro nível, seremos mais abertos para os
outros na comunhão e confirmação e teremos menos o que esconder dos outros do que
tínhamos quando estávamos nos andares mais baixos.

DOIS LUGARES DE COZIMENTO

Na parte de trás, nos fundos, havia os lugares de cozimento, dois lugares para os
sacerdotes cozerem suas ofertas e assarem suas ofertas de manjares (46:19-20). Essas
são as “cozinhas” sacerdotais. As cozinhas para as pessoas estão nos quatro cantos do
átrio exterior, mas as cozinhas para os sacerdotes são esses dois lugares dentro do lugar
santo.

A ÁREA QUE CIRCUNDA O TEMPLO

Depois que a medida do templo foi realizada, Ezequiel foi levado para o lado de fora
do complexo do templo, onde o homem mediu a área que estava fora do muro (42:15-20).
Em cada direção, a medida da área não era quinhentos côvados, mas quinhentas canas
(vv. 16-19). Uma cana equivale a seis côvados. Por isso, a área externa à parede é de três
mil côvados quadrados, perfazendo um total de nove milhões de côvados quadrados.
Entretanto, somente uma área no centro de quinhentos côvados quadrados foi utilizada,
deixando uma área ampla e espaçosa ao redor do complexo do templo.

Uma forte impressão de separação

O desenho do templo dá uma forte impressão de separação. A parede ao redor do


pedaço espaçoso de terra separava o que era santo do que era comum.
Ao todo, havia pelo menos quatro paredes: a parede ao redor de todo o terreno, a
parede ao redor do átrio exterior, a parede ao redor do átrio interior e a parede ao redor do
templo. Essas paredes circundavam o templo, separando o santo do comum. Isso revela
que, quando uma pessoa entra no templo, ela passou por uma separação quádrupla. Que
grande margem de separação existe! Em cada lado do complexo do templo, existe um
“subúrbio” espaçoso de mil duzentos e cinquenta côvados que chega até à parede. Isso
indica a amplidão da separação em Cristo.

Uma impressão de progressão

O desenho do templo também dá a impressão de progressão. Quanto mais avan-


çamos interiormente, mais elevados nos tornamos. Quando estamos no templo, estamos
quinze côvados mais alto que o nível do solo. Também, quanto mais altos nos tornamos,
mais amplos e mais largos nos tornamos. Interior, mais altos, mais amplos, mais largos –
isso é progressão. Essa experiência do edifício santo de Deus é progressiva.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Uma impressão de equilíbrio

Além do mais, na aparência do templo existe uma impressão clara de equilíbrio, de


simetria. Nesse desenho, nada é desequilibrado ou torto. Tudo está plenamente equili-
brado, quadrado e reto. Nada é torto.

Um quadro da vida da igreja

Isso é um quadro da vida da igreja. A vida da igreja é uma vida de separação abso-
luta, uma vida de progressão e de equilíbrio. A vida da igreja é vertical, quadrada e reta.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE E QUATRO

O RETORNO DA GLÓRIA DE DEUS À CASA

Leitura bíblica: Ez 43:1-5; 44:4; 43:6-12; 44:5; 43:18-27

Depois da conclusão do edifício da casa, a glória do Senhor retornou. No início do


seu ministério, Ezequiel viu a glória do Senhor partir em várias etapas. Primeiro, a glória do
Senhor deixou o templo e hesitou sobre a entrada da casa (Ez 9:3; 10:4). Da entrada da
casa, ela saiu para a cidade. Da cidade, a glória do Senhor foi para o Monte das Oliveiras
que está ao oriente da cidade (11:23), e dali, ascendeu aos céus.
Quando o Senhor, ao partir, parou (hesitou) sobre a entrada da casa, isso mostrou
que Ele não estava feliz em partir. Ele não queria partir, contudo foi forçado a fazê-lo.
Indicando Sua indisposição de partir, Ele hesitou e demorou-se na entrada da casa. Por
fim, Ele foi forçado a partir por causa da abominação, idolatria e degradação do povo.
Porém, agora, a glória do Senhor está retornando pelo mesmo caminho que Ele saiu. Ele
partiu do lado oriental e, agora, está retornando do oriente (43:1-3).

A GLÓRIA RETORNOU
POIS O EDIFÍCIO DO TEMPLO
ESTAVA TERMINADO

É importante entendermos por que a glória do Senhor voltou. A glória do Senhor


retornou porque o edifício do templo estava terminado. Esse é o ponto crucial. Como o
Senhor deseja voltar para a terra! Contudo, para voltar, Ele necessita de um lugar para a
as solas dos seus pés descansarem, um lugar sobre o qual Ele possa pôr Seus pés. Sua
habitação, Sua casa, é o lugar na terra onde Ele pode pôr Seus pés.
Em todos os séculos, o inimigo em sua sutileza tem impedido que os cristãos conhe-
çam algo sobre o edifício. Os mestres cristãos enfatizam grandemente o assunto da salva-
ção e até determinado ponto o assunto da espiritualidade, todavia raramente enfatizam o
assunto do edifício. A preocupação de Deus não é meramente com salvação ou com espi-
ritualidade, mas com o edifício. Por anos, o Senhor tem-nos dado o encargo de uma única
coisa: o edifício. O edifício não é nada mais que a igreja.
O irmão Watchman Nee foi plenamente comissionado pelo Senhor com o encargo
para a igreja. Eu o conhecia muito bem, e sabia que ele tinha o encargo pela igreja e pela
edificação da igreja. Ele percebeu que, para a edificação da igreja, havia a necessidade da
vida interior, e o Senhor lhe deu muitas mensagens sobre a vida interior. No entanto, essas
mensagens não foram liberadas de maneira que as pessoas pudessem ser espirituais de
uma maneira individual, mas de modo que a igreja pudesse ser edificada. Todas as suas
mensagens sobre a vida interior foram para a edificação da igreja. Todavia, o inimigo sutil,
Satanás, tem utilizado algumas pessoas assim chamadas espirituais para publicar muitas
de suas mensagens sobre a vida interior para serem usadas para espiritualidade individual.
Aqueles que publicam os livros de vida interior pelo irmão Nee não têm interesse por seus
livros sobre a vida da igreja. Muitas livrarias cristãs vendem: a Vida Cristã Normal; Sentai,
Andai e Estai Firmes; O Que Esse Homem Fará?; O Cântico dos Cânticos; e muitos outros
– todos são livros sobre a vida espiritual individual – porém, muito poucas vendem os livros
do irmão Nee sobre a igreja. Elas raramente vendem A Vida Normal da Igreja Cristã, A

173
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Igreja Gloriosa, Palestras Adicionais Sobre a Vida da Igreja, ou outros livros do irmão Nee
que contenham a palavra igreja no título. Aqui, podemos ver a sutileza do inimigo.
Você crê que o Senhor se preocupa somente com espiritualidade? Deixe-me asse-
gurá-lo que o Senhor não se preocupa meramente com espiritualidade. Ele se preocupa
pela edificação da igreja. A respeito disso, precisamos expor a sutileza do inimigo. Alguns
têm dito que Witness Lee é diferente de Watchman Nee – que Watchman Nee é pela vida
espiritual, mas Witness Lee é muito pela igreja. Que Watchman Nee não era somente pela
vida espiritual, mas também era muito pela igreja é mostrado por seus livros como:
Palestras Adicionais Sobre a Vida da Igreja, A Ortodoxia da Igreja, e A Igreja Gloriosa.
Hoje, o Senhor não está interessado meramente pela espiritualidade individual.
Mesmo se muitas pessoas espirituais como Daniel tivessem sido levantadas na Babilônia,
a glória do Senhor não teria partido dali para enchê-las. A glória do Senhor não retornou
para Daniel; antes, retornou para o templo depois que este foi reconstruído.
Depois da medição de todo o edifício, o Espírito levou Ezequiel para a porta oriental
onde ele viu a aparência da glória do Senhor retornando. “O aspecto da visão que tive era
como o da visão que eu tivera, quando vim destruir a cidade; e eram as visões como a que
tive junto ao rio Quebar” (Ez 43:3). Quando eu li esse versículo pela primeira vez, eu
pensei que a palavra eu deveria ser Ele. Na minha imaginação, o versículo devia ser lido:
“Quando Ele veio destruir a cidade”. Não obstante, a tradução adequada é: “Quando eu
vim destruir a cidade”. Parece estranho que Ezequiel dissesse que ele veio destruir a
cidade. Isso significa que, quando o profeta foi a Jerusalém, o Senhor também foi a
Jerusalém. O Senhor foi ali na ida de Ezequiel. No início do seu ministério, Ezequiel viu a
glória do Senhor deixar o templo e a cidade, contudo, posteriormente, ele viu a glória voltar
à casa do Senhor.
Precisamos ser profundamente impressionados com o fato que a glória de Deus
retornou somente depois que o edifício do templo foi terminado. Se desejamos habitar na
igreja e manifestar Sua glória nela, a igreja precisa estar completa. Se a igreja hoje
corresponde a todos os detalhes do edifício santo de Deus vistos nesses capítulos de
Ezequiel, e, por conseguinte, é edificada em cada aspecto, Deus habitará nela gloriosa-
mente. Portanto, a fim de que o Deus glorioso habite na igreja, esta deve ser edificada
para se tornar Sua habitação.
Deus quer ter a igreja edificada sobre a terra, pois Ele deseja ter uma habitação na
terra. Ele, o Deus dos céus, quer viver na terra. O lugar onde Ele vive, Sua habitação, é a
igreja. Visto que Deus habita na igreja, aqueles que querem buscá-Lo e contatá-Lo devem
ir à igreja. Nosso encargo principal nesse estudo de Ezequiel é ver a habitação que Deus
deseja ter na terra. Se tivermos a graça de ser edificados na igreja, o Deus da glória viverá
entre nós.

A GLÓRIA VEM DO ORIENTE

O versículo 2a diz: “E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Isra-
el”. A glória veio do oriente, isto é, da direção do nascimento do sol. A direção do nasci-
mento do sol significa glória (Nm 2:3). O Senhor voltou da glória. Ele partiu para o oriente e
voltou do oriente.
Ezequiel 43:2 também diz: “A sua voz era como o ruído de muitas águas”. O Senhor
retornou não somente com a glória, mas também com um grande ruído, pois Sua voz era
como o ruído de muitas águas. Isso indica que, sempre que a glória do Senhor voltar para
a igreja, haverá um grande ruído. Quando a glória do Senhor parte, devemos ficar em
silêncio. Silêncio indica que a glória se foi, mas o ruído é um sinal que a glória retornou.
Em Atos 2, no dia de Pentecostes, não houve silêncio. “De repente veio do céu um ruído,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

como de um vento impetuoso e violento, e encheu toda a casa onde estavam assentados”
(v. 2). Sempre que a igreja for reavivada, haverá um som alto e um grande ruído.
Segundo Ezequiel 43:2, “a terra resplandeceu por causa da sua glória”. A terra
estava sob a luz, o resplandecer da glória do Senhor. Não havia trevas. No dia de Pente-
costes, a cidade de Jerusalém estava sob o resplandecer dessa luz. Sempre que a igreja
tem um reavivamento, a glória do Senhor é expressa, a voz de Deus é ouvida, e Sua glória
resplandece. No entanto, sem a manifestação de Deus e sem Sua voz, há trevas.

SUA APARÊNCIA É A MESMA

Ezequiel 43:3 diz que a aparência do Senhor quando Ele retornou era a mesma de
quando Ele foi com o profeta destruir a cidade. Essa palavra consoladora revela quão
misericordioso o Senhor é. Mesmo enquanto Ezequiel estava no cativeiro, a visão do
Senhor estava ali. A visão do Senhor foi não somente à terra santa, mas também ao lugar
do cativeiro.
Em Zacarias 1:8, o Senhor estava montado num cavalo vermelho entre as murteiras
que havia num vale profundo. Naquele tempo, o povo do Senhor estava em um lugar
baixo, no vale, todavia o Senhor estava cavalgando entre eles para tirá-los. Isso indica que
Ele estava com eles no cativeiro. O Senhor ainda estava com Seu povo, contudo não de
uma maneira normal.

A PORTA ORIENTAL É ABERTA


PARA A GLÓRIA DO SENHOR

Ezequiel 43:4 diz: “A glória do SENHOR entrou no templo pela porta que olha para o
oriente”. O Senhor voltou pela porta oriental.
O templo tem três portas: uma voltada para o oriente, uma voltada para o sul e outra
voltada para o norte. As portas no sul e no norte são para a comodidade das pessoas,
contudo a porta voltada para o oriente não é somente para a comodidade das pessoas,
mas também para a glória do Senhor. Na vida da igreja, necessitamos de várias portas,
porém a porta mais importante é a porta oriental – a porta que está aberta para a glória do
Senhor. Isso significa que, na vida da igreja, precisamos de uma porta que esteja aberta
para a glória do Senhor. Não devemos nos preocupar somente com a comodidade;
devemos nos preocupar especialmente com a glória do Senhor. Na vida da igreja, a
primeira consideração que devemos ter é a glória do Senhor. As decisões na vida da igreja
devem ser feitas principalmente segundo a glória do Senhor. Mesmo ao tomarmos
decisões a respeito do dia e da duração das reuniões, devemos nos preocupar com a
glória do Senhor e não simplesmente com a comodidade das pessoas. A igreja deve estar
aberta para a glória do Senhor de modo que Sua glória entre na igreja.

O FORTE DESEJO DO SENHOR PELA SUA CASA

A glória do Senhor entrou na casa, e “eis que a glória do SENHOR enchia o templo
(casa)” (v. 5). Por fim, a casa e o templo interior foram enchidos com a glória do Senhor.
Aqui, vemos que o Senhor retornou para a terra. Visto que Ele havia perdido Sua
posição na terra, Ele voltou para os céus. A posição do Senhor na terra é a edificação de
Sua casa. A fim de que o Senhor volte para a terra, Ele precisa de uma igreja edificada
como Sua posição na terra. O Senhor não voltará simplesmente à terra; Ele voltará para a
igreja.

175
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Na época em que Ezequiel viu a glória do Senhor, ele também viu um homem em pé
ao seu lado. Ele viu tanto a glória do Senhor quanto o Senhor como um homem. O homem
que estava em pé ao seu lado disse: “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o
lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei para sempre no meio dos filhos de Israel”
(v. 7a). As palavras o lugar do meu trono provam que o homem que estava em pé ao lado
de Ezequiel era o próprio Senhor. Segundo a construção gramatical, “o lugar do meu trono,
e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei” não parece ser a melhor composição.
Pode ser que, uma vez que Seu desejo e alegria estavam em Sua casa, o Senhor
negligenciou a regra gramatical. Ele estava inteiramente ocupado com Sua casa.
O Senhor estava tão feliz com Sua casa que, aparentemente, Ele não se preocupou
com a gramática. Em Seu retorno para o templo, o Senhor ficou muito feliz. A casa foi
restaurada, e uma vez mais Ele tinha um lugar para as plantas dos Seus pés. Portanto, Ele
disse: “Filho do homem, este é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés”.
Aqui, vemos o desejo do Senhor por Sua casa, pela igreja. O Senhor se preocupa
com a restauração da vida da igreja. Ele tem desejado e esperado voltar para a igreja.
Essa é a razão pela qual temos muita alegria nas reuniões. Estamos alegres e felizes,
porquanto o Senhor dentro de nós está feliz. Ele está feliz, pois, na igreja, Ele tem um lugar
– um lugar para o Seu trono, um lugar para as plantas dos Seus pés. Por séculos, o
Senhor não teve na terra um lugar para as plantas dos Seus pés. Quão feliz Ele está pelo
fato que, tendo estado afastado da terra por tanto tempo, Ele agora tem as igrejas locais
como o lugar do Seu trono e das plantas dos Seus pés! É maravilhoso que o Senhor, o
Deus todo-poderoso, pôde proclamar a palavra registrada no versículo 7: “O lugar do meu
trono, e o lugar das plantas dos meus pés”.
Se eu fosse Ezequiel, eu poderia ter perguntado: “Uma vez que Tu és o Deus todo-
poderoso, por que Te interessas por um lugar tão pequeno? Por que esse lugar Te faz tão
feliz?”. Se Ezequiel tivesse feito essa pergunta, o Senhor poderia ter respondido: “Eu amo
esse lugar particular na terra, pois é o lugar do Meu trono e o lugar das plantas dos Meus
pés”.
O lugar das plantas dos pés do Senhor é o lugar do Seu trono. O trono é para o
governo, administração e reino de Deus; é o lugar a partir do qual Ele pode administrar. As
plantas dos pés do Senhor são para o Seu mover na terra. À parte do templo como o lugar
do Seu trono e das plantas dos Seus pés, o Senhor não tem base para Sua administração
e mover na terra. Além do mais, a igreja é o lugar onde o Senhor pode habitar para Seu
descanso e satisfação.

AS PROSTITUIÇÕES E CADÁVERES DO POVO

No versículo 7b, o Senhor disse a Ezequiel que o povo O havia ofendido por suas
prostituições e cadáveres. Aqui, o Senhor não repreendeu a casa de Israel por seu
comportamento e conduta, mas por suas prostituições e cadáveres. Prostituição é
fornicação. Não importa quão amável e quão bonita uma esposa seja e não importa
quantas coisas boas ela faça; se ela ama um homem que não é seu marido, isso é
prostituição. Em princípio, essa era a situação da igreja em Éfeso em Apocalipse 2. O
Senhor disse que eles haviam feito muitas obras boas, contudo haviam perdido o primeiro
amor (v. 4). Ele estava dizendo que, além Dele, eles amavam outras coisas. Não importa
quão bom, puro ou santo algo possa ser, se amamos essa coisa mais do que amamos o
próprio Senhor, isso é prostituição. Não muitos cristãos hoje se preocupam simplesmente
com o próprio Senhor. No lugar disso, muitos se preocupam com outras coisas, incluindo
coisas que são boas, fundamentais, espirituais e santas. Isso é prostituição.
Cadáveres são coisas mortas. Ezequiel 43:7b fala dos “cadáveres dos seus reis, nos
seus altos” (TB). Ao interpretarmos essa parte do versículo, depois de altos podemos

176
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

inserir de Sião para indicar que esses altos aqui podiam se referir aos altos no Monte Sião.
Segundo o costume, os corpos (cadáveres) dos reis eram sepultados ao lado do templo.
Essa é a razão pela qual o Senhor diz que o limiar dos cadáveres estava próximo do Seu
limiar e que a sua sepultura estava próximo à Sua ombreira (coluna) (v. 8). De um lado
estava o santuário do Senhor; do outro, estava a sepultura dos corpos dos reis. Portanto,
esses não eram os cadáveres do povo da classe mais baixa, mas dos reis, pessoas de alta
estirpe.

O SENHOR INSTRUI EZEQUIEL A MOSTRAR A CASA


DE DEUS AO POVO

Depois de mostrar essas abominações, o Senhor disse a Ezequiel como instruir o


povo: “Tu, pois, ó filho do homem, mostra à casa de Israel este templo (esta casa), para
que ela se envergonhe das suas iniquidades” (v. 10a). O Senhor não encarregou Ezequiel
a ensinar a lei ao povo de Deus e os Dez Mandamentos conforme Ele havia ordenado a
Moisés. Antes, Ele disse a Ezequiel para mostrar a casa de Deus (o templo) ao povo. Aqui,
o Senhor parecia estar dizendo: “De agora em diante, é um assunto não da dispensação
da lei, mas da dispensação da Minha casa. Simplesmente guardar a lei não é bastante.
Você tem que guardar a forma, o modelo, as ordenanças, o status, as leis, as entradas e
as saídas relacionadas à casa. Você não deve meramente agir segundo os Dez Manda-
mentos, mas também conforme a Minha casa”.
Segundo o versículo 10, Deus queria que Ezequiel mostrasse o templo à casa de
Israel de modo que o povo ficasse envergonhado de suas iniquidades. O templo de Deus é
um modelo, e se as pessoas se examinassem à luz desse modelo, elas conheceriam suas
deficiências. Era o plano de Deus verificar o viver e a conduta do povo de Israel pela Sua
casa, Sua habitação, como uma regra e modelo. O viver do povo de Deus deve estar à
altura do templo de Deus. Mostrar o templo ao povo de Deus expõe seus pecados e defici-
ências e os leva a ficar envergonhados de suas iniquidades.
A maior parte dos crentes hoje sente que regulamentos morais e princípios espi-
rituais são suficientes como regras de comportamento e conduta. Poucos percebem que
nosso comportamento e conduta devem ser examinados não somente de acordo com
regulamentos morais e princípios espirituais, mas também de acordo com a igreja, a casa
de Deus.
Os ensinamentos comuns ou mais simples no cristianismo de hoje dizem aos crentes
como se comportar, isto é, o que fazer e o que não fazer. Os crentes recebem muitas
regras de condutas. Existem ensinamentos mais elevados que encorajam os crentes a
serem espirituais. Esses ensinamentos são um nível superior aos ensinamentos a respeito
de comportamento. O Senhor não disse a Ezequiel para mostrar a lei ou princípios espi-
rituais à casa de Israel. Antes, Ele o encarregou a mostrar Sua casa à casa de Israel. Visto
que a casa devia ser seu regulamento, o Senhor encarregou Ezequiel a mostrar-lhes “a
planta desta casa e o seu arranjo, as suas saídas, as suas entradas e todas as suas for-
mas; todos os seus estatutos, todos os seus dispositivos e todas as suas leis“ (v. 11).
Nosso principal interesse hoje não deve ser com nos comportamos ou até mesmo
com nos tornamos espirituais. Nosso interesse deve ser com adequar-nos à casa de Deus,
isto é, com de que maneira nos conduzimos na casa de Deus. O Senhor não ordenou a
Ezequiel mostrar a lei, os Dez Mandamentos, à casa de Israel; nem lhe ordenou a mostrar
os princípios espirituais à casa de Israel. Pelo contrário, o Senhor o encarregou a mostrar
Sua casa à casa de Israel.
Suponha que um jovem seja salvo. Antes que fosse salvo, ele tratava seus pais e
sua irmã de modo inadequado. Agora que foi salvo, ele aprende a como tratá-los com
respeito e a se comportar correta e adequadamente em relação a seu pai, sua mãe e sua

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

irmã. Posteriormente, ele aprende a ser espiritual e a fazer coisas como considerar-se
morto. Ele se conduz bem e em certos assuntos é até espiritual. No entanto, é totalmente
independente. É tão independente que não está disposto a orar com os outros. Essa
pessoa, que é extremamente independente, não sabe nada acerca da casa de Deus. Ele
não se preocupa de forma alguma com a igreja. Tudo que ele faz é somente para si; nada
é para a igreja, o Corpo, a expressão coletiva de Cristo.
Se esse tipo de pessoa for medida pela casa, perceberá que está carente em muitos
aspectos. Por exemplo, perceberá que ela não tem as janelas, isto é, o Espírito que dá
vida. Ela precisa ter as janelas invocando o nome do Senhor Jesus. Quanto mais ela invo-
ca o nome do Senhor, mais janelas terá. Esse irmão precisa ser medido e comparado com
as portas da casa. Isso pode levá-lo a perceber que ele tem muitas portas pelas quais ele
pode sair da vida da igreja. A respeito da vida da igreja, ele pode vir e ir como lhe agrada,
entrando num dia e saindo no próximo. Embora ele tenha muitas portas, o templo não tem
muitas portas. Esse irmão não tem janelas, mas tem muitas portas, muitas maneiras de
deixar a vida da igreja.
Todos nós precisamos ser medidos pelo edifício, a casa, em nossas vindas e idas.
Se desejamos entrar na vida da igreja, devemos entrar por meio de uma porta. Então,
precisamos progredir interiormente e verticalmente, ascendendo mais e mais. Uma vez
que alcançamos a parte detrás do terceiro andar, percebemos que não podemos escapar,
pois não há portas através das quais possamos sair.
No livro de Ezequiel, Deus mede Seu povo pelo templo. Por exemplo, no templo, o
número seis é usado muitas vezes. Conforme mostramos, o número seis aqui, que é
usado com a parede, a entrada e outras partes do templo, significa a humanidade do
Senhor Jesus. Isso indica que precisamos medir nossa humanidade pelo edifício e tomar a
humanidade do Senhor Jesus como nossa humanidade.
Outro exemplo está relacionado à madeira usada no templo. A madeira que foi usada
com determinado propósito tinha que ser de uma medida adequada. Isso significa que a
madeira tinha que manter sua posição e função adequadamente. Se um pedaço de madei-
ra fosse maior ou menor que a medida prescrita, ele não se adequaria ao edifício. Ao
aplicarmos isso à nossa experiência na vida da igreja hoje, precisamos considerar se, em
nossa situação, adequamo-nos às medidas do templo de Deus. Suponha que Deus quer
que você meça seis côvados. Você tem essa medida? Ou é mais ou menos que três
côvados? Uma irmã deve permanecer na posição de uma irmã. Se ela se atreve a perma-
necer na posição de um irmão, ela não está dentro de sua medida, e isso não se adequará
ao edifício.
Ainda outro exemplo de ser medido pelo edifício envolve o querubim e as palmeiras.
Se formos medidos pelo querubim e pelas palmeiras entalhadas nas paredes, considera-
remos os assuntos da expressão da imagem gloriosa de Cristo e a expressão da vitória de
Cristo. Como alguém que está na vida da igreja, você tem a imagem de Cristo? Você
expressa a glória de Cristo e a vitória de Cristo? Você tem experienciado o “entalhar” de
Deus? Você tem chagas ou cicatrizes que testificam que Deus está entalhando você? Se
somos medidos pelo templo dessa maneira, percebemos que ainda somos “madeira lisa”,
madeira que não tem querubim e palmeiras entalhados nela.
Um ponto particularmente importante é que, no edifício, não há pedaços indepen-
dentes. Cada pedaço de material foi edificado. Cada pedaço está relacionado aos outros, e
nenhum pedaço é independente. E você? Você é independente? Você foi edificado no edi-
fício? Você dá forma e estilo adequados ao edifício? Você pode dizer que gosta disso e
não gosta daquilo, todavia a questão não é do que você gosta ou não, mas se você se
adéqua ao edifício ou não, na igreja. Sua maneira se adéqua com a vida da igreja?
Foi dito a Ezequiel que, daquele ponto em diante, a casa de Israel devia se
comportar segundo a casa de Deus. Isso indica que, hoje, devemos nos comportar não

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

segundo alguns ensinamentos, mas segundo a igreja. A igreja tem que ser nosso
regulamento. Precisamos ser regulados pelo modelo da igreja, pelas vindas e idas da
igreja, pelas ordenanças, estatutos e leis da igreja. Isso significa que devemos ser o povo
de Deus não segundo a lei de Moisés, mas segundo a forma do templo em Ezequiel.
Hoje o interesse do Senhor não é com a lei – é com a casa. Seu interesse não é com
espiritualidade – é com a igreja. O Senhor se preocupa com a igreja, isto é, com o lugar do
Seu trono, com o lugar das plantas dos Seus pés, com o lugar onde Ele possa habitar para
descanso e satisfação. Visto que o Senhor cuida muito da igreja, Sua casa, nós também
devemos cuidar da igreja como Sua casa e moldar-nos segundo esta. Se percebermos
isso, não nos preocuparemos meramente com os ensinamentos da Bíblia ou com a vida
interior. Semelhantemente, não nos preocuparemos com falar em línguas ou com uma
maneira especial de orar. No lugar disso, devemos nos preocupar inteiramente com a
igreja e nos moldarmos de acordo com ela que é a casa de Deus.
A vida da igreja ou a vida do Corpo, é o maior teste da verdadeira espiritualidade. Se
não podemos passar no teste da vida da igreja, nossa espiritualidade não é genuína.
Precisamos entender, a partir do livro de Ezequiel, que a exigência do Cristo que
habita não é segundo a lei, mas segundo Sua casa. Todos devem ser medidos e
verificados segundo a medida da casa de Deus. Não estamos sob a dispensação da lei;
estamos sob a dispensação da casa. Esta é a era da igreja, não a era de sermos
meramente espirituais. Agora, é o tempo para a vida da igreja. Se o que somos e o que
fazemos não pode adequar-se à vida da igreja, isso não significa nada à vista de Deus e
pode até mesmo ser uma abominação para Ele, um tipo de prostituição. Portanto,
precisamos moldar-nos segundo a igreja e permitir-lhe medir-nos e verificar-nos em cada
aspecto.

O ALTAR – O LUGAR PARA O POVO DE DEUS SER


REDIMIDO E CONSAGRADO

Depois do templo, chegamos ao altar. Em 43:18-27, temos as ordenanças do altar. O


altar é o lugar para o povo de Deus ser redimido e consagrado. Segundo o registro nos
versículos sobre o altar, leva sete dias para o povo ser purificado. É exigido que eles
ofereçam uma oferta pelo pecado com o sangue redentor, todo dia, por sete dias. Em
seguida, no oitavo dia, o dia da ressurreição, eles têm que se consagrar oferecendo um
holocausto (v. 27). Depois do holocausto, eles desfrutam a oferta pacífica como uma festa
com o Senhor e Seu povo. Isso indica que, depois da purificação, a limpeza do altar por
sete dias, o povo do Senhor é aceito por Ele, torna-se uma satisfação para Ele e tem uma
festa com Ele.
Na vida da igreja hoje, precisamos do altar, tanto para purificação quanto para con-
sagração. Precisamos nos oferecer ao Senhor como um holocausto. Fazer isto significa
que somos absolutos para o Senhor. Primeiramente, precisamos ser limpos, purgados e
purificados, e, em seguida, podemos nos consagrar ao Senhor. A fim de guardar o templo,
precisamos do altar. A fim de preservar a vida da igreja, precisamos de purificação, santifi-
cação e consagração mediante a cruz.
A purificação exige um período de sete dias (v. 26). Isso indica que ela não pode ser
realizada rapidamente. Leva certo tempo para sermos limpos e purificados, um tempo no
qual somos mantidos afastados de todas as coisas negativas. Então, no oitavo dia, em res-
surreição, precisamos nos oferecer ao Senhor como um holocausto inteiramente para Sua
satisfação. Depois disso, do oitavo dia em diante, podemos ter uma festa com o Senhor,
desfrutando as riquezas de Cristo na presença de Deus.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

UM RESUMO DA LEI DA CASA

O versículo 12 diz: “Esta é a lei do templo (casa); sobre o cimo do monte, todo o seu
limite ao redor será santíssimo; eis que esta é a lei do templo (casa)”. Aqui, vemos que a
lei da casa pode ser resumida em dois pontos: A casa deve estar sobre o cimo do monte e
deve ser santíssima. Estar no monte é estar em ressurreição e na posição de ascensão.
Isso indica que a vida da igreja deve ser elevada, no cimo do monte. A igreja também deve
ser santa, separada e santificada de todo mundanismo.
A lei da casa, a lei do templo, está relacionada ao caráter de Deus. Deus é um Deus
de altura (elevado) e é também santo. Por conseguinte, Ele quer que Sua habitação
também seja elevada e santa. Tudo na vida da igreja deve ser elevado e santo, capaz de
se adequar à lei do templo.
Ser elevada e santa – esses são os dois grandes princípios a repeito da igreja.
Elevada é a posição da igreja e santificação é sua natureza. Em posição, a igreja é ele-
vada; em natureza, ela é santa. Não devemos rebaixar a igreja nem torná-la comum.
Antes, devemos sempre respeitar sua altura e considerar sua santidade, sabendo que, em
posição, a igreja está em ressurreição e ascensão e que, em natureza, ela é santíssima.
Sua vida da igreja está no cimo do monte? É santa? Todos nós precisamos nos
medir por esses dois aspectos da lei da casa. Se, em nossa vida da igreja, estamos em
ressurreição e na posição de ascensão, e se somos santíssimos, então, podemos ser a
habitação de Deus.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE E CINCO

OS SACERDOTES E AS OFERTAS

Leitura bíblica: Ez 44:9-30; 45:13-25; 46:1-7, 13-15

Na última mensagem, vimos que Deus se preocupa com Sua casa e que Seu desejo
está voltado para Sua casa. Portanto, nossa obra, comportamento e pessoa devem ser
conforme o formato, o modelo, os estatutos e as leis da casa (43:10-12). Isso significa que
tudo que fazemos precisa ser conforme a igreja, que é a casa de Deus. O padrão da
medida não é bom comportamento nem espiritualidade pessoal. O padrão da medida é a
igreja. Tudo que somos e fazemos deve ser medido, testado, pela casa de Deus, a igreja.
Nesta mensagem, abarcaremos dois pontos principais: primeiro, o tipo de pessoa
que está qualificada para servir na casa do Senhor e como essa pessoa pode servi-Lo;
segundo, as ofertas feitas ao Senhor. Primeiramente, entretanto, precisamos dizer uma
palavra acerca de uma porta particular que devia permanecer fechada.

A PORTA EXTERIOR DO SANTUÁRIO QUE OLHAVA


PARA O ORIENTE PREMANECE FECHADA

Ezequiel 44:1-3 diz: “Então, o homem me fez voltar para o caminho da porta exterior
do santuário, que olha para o oriente, a qual estava fechada. Disse-me o SENHOR: Esta
porta permanecerá fechada, não se abrirá; ninguém entrará por ela, porque o SENHOR,
Deus de Israel, entrou por ela; por isso, permanecerá fechada. Quanto ao príncipe, ele se
assentará ali por ser príncipe, para comer o pão diante do SENHOR; pelo vestíbulo da
porta entrará e por aí mesmo sairá”. A porta oriental era especial, pois Deus havia entrado
no templo por meio dessa porta (43:1, 4). Essa porta devia permanecer fechada, e
somente “o príncipe” podia entrar em e por ela e sentar-se nela para comer pão diante do
Senhor. O príncipe aqui é o rei no reino milenar vindouro, e, seguramente, esse príncipe é
Cristo. Essa palavra acerca da porta oriental indica que Cristo e Deus têm uma posição
igual, pois depois que Deus entrou por essa porta, a única pessoa que pode fazê-lo é
Cristo. Somente Cristo pode entrar e sair pela porta mediante a qual Deus passou. Isso
revela que Deus e Cristo têm uma porção especial e santa entre o povo de Deus.

OS SACERDOTES

São circuncidados

Se desejamos servir ao Senhor em Sua casa, a igreja, precisamos ser circuncidados


(44:9). Pessoas incircuncisas não estão qualificadas para servir na casa de Deus. Circun-
cisão tipifica lidar com a carne, o homem natural, e o velho homem, pela cruz. Para nós
como crentes em Cristo, circuncisão hoje não é algo exterior, mas um tratamento interior
pela cruz com a carne, o homem natural e o velho homem. Se nossa carne, o homem
natural, e o velho homem não forem tratados pela cruz, não estamos qualificados para
servir na vida da igreja. Antes, somos considerados um estrangeiro pelo Senhor. Um
estrangeiro é uma pessoa não circuncidada, alguém cuja carne, o homem natural e o velho
homem não foram tratados pela cruz. Podemos ser crentes verdadeiros, contudo, se não
lidamos com nossa carne, nosso homem natural e nosso velho homem, pela cruz, o

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Senhor nos considera como estrangeiros, aqueles que não estão qualificados para servir
na vida da igreja. Precisamos levar esse assunto ao Senhor e pedir-Lhe acerca da nossa
carne, do homem natural e do velho homem. Essas coisas devem ser tratadas mediante o
operar da cruz. Somente então seremos circuncidados e estaremos qualificados para
servir o Senhor na vida da igreja.

São como os filhos de Zadoque

Quando a maioria das pessoas se desviou, alguns dos que eram circuncidados tam-
bém se desviaram (44:10). Embora esses fossem circuncidados, eles se desviaram de
Deus e se voltaram para os ídolos, pois seguiram aqueles que se desviaram. Visto que
esses que eram circuncidados se desviaram, podemos dizer que eles eram apenas meio
qualificados para servir o Senhor. Por um lado, eles estavam qualificados, pois eram
circuncidados; por outro, eles não estavam qualificados, porquanto haviam se desviado de
Deus e se voltado para os ídolos. Sua circuncisão os qualificava, porém o fato de se
desviarem os desqualificava.
O que o Senhor devia fazer com eles, e qual foi Sua atitude para com eles? O
Senhor disse que essas pessoas poderiam servir na casa, contudo não poderiam se
aproximar do Senhor ou das coisas santas (vv. 11-14). Eles poderiam ministrar no templo
ajudando as pessoas a apresentar suas ofertas, contudo não poderiam se aproximar do
Senhor e servi-Lo. Alguns dos santos na vida da igreja hoje também são meio qualificados.
Em determinado sentido, eles são circuncidados, mas em outro sentido eles têm se des-
viado com a maioria das pessoas. Seguir a maioria é terrível. Considere a situação de
hoje: A maior parte dos cristãos tem se desviado do Senhor e ido para os ídolos, e alguns
dos santos na igreja têm seguido a maioria se afastando do Senhor. Visto que a maioria
dos cristãos tem se desviado, eles têm perdido sua qualificação e posição para servir o
Senhor de um modo direto. Eles ainda podem ter uma parte do serviço da igreja, mas é um
serviço indireto para o Senhor.
Todos nós precisamos ser como os filhos de Zadoque, que eram circuncidados e
inteiramente fiéis ao Senhor. Eles jamais se desviaram seguindo a maior parte das
pessoas. Eles eram circuncidados e foram sempre honestos e fiéis para com o Senhor (vv.
15-16). Portanto, eles podiam servir o Senhor de uma maneira direta. O Senhor disse que
eles poderiam se aproximar Dele e servi-Lo diretamente. Eles não foram limitados a
meramente servir as pessoas. Eles podiam servir o próprio Senhor.
Espero que nenhum de nós seja somente meio qualificado. Espero que todos nós
sejamos plenamente qualificados: circuncidados, honestos, jamais nos desviando e nunca
seguindo a maioria.

Ofertam a gordura e o sangue

Nessa circunstância, precisamos considerar como os que são circuncidados, fiéis e


qualificados servem o Senhor. Primeiramente, eles servem oferecendo a gordura e o
sangue das ofertas (v. 15). A parte mais preciosa das ofertas é a gordura, que tipifica a
pessoa preciosa do Senhor Jesus. Enquanto a gordura tipifica a preciosidade da pessoa
de Cristo, o sangue significa a obra redentora de Cristo. Em resumo, a gordura significa a
pessoa de Cristo e o sangue significa a obra de Cristo. Em nosso serviço para Deus, deve-
mos apresentar-Lhe a pessoa preciosa de Cristo e Sua obra redentora.

Não usam vestes de lã

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Quando os sacerdotes fossem ministrar ao Senhor, não lhes era permitido usar
vestes de lã (v. 17). Ao contrário, enquanto eles estavam na presença do Senhor servindo-
O, tinham que usar vestes de linho. Na Bíblia, linho significa um comportamento, um viver
que é puro, limpo e excelente. Vestes de linho significam um viver e andar diários no
Espírito que dá vida pela vida de Cristo.
Aos sacerdotes, não era permitido usar vestes de lã, pois essas vestes fazem os
sacerdotes suar. Segundo Gênesis 3:19, suor é um sinal de estar sob a maldição de Deus.
Visto que o homem caído está sob essa maldição, ele deve laborar e suar. Sob maldição, o
homem carecendo da bênção de Deus, deve exercitar sua energia e força, que causam
suor. No serviço do Senhor não há necessidade de usar nossa própria força. Quando
usamos nossa própria força para nos esforçarmos e labutarmos, isso prova que estamos
não sob a bênção do Senhor, mas antes sob Sua maldição.
No serviço da igreja na restauração do Senhor, precisamos evitar e até mesmo
escapar de qualquer tipo de energia própria, esforço próprio e labuta própria. Não devemos
empurrar nada. Se determinado assunto é do Senhor, Ele seguramente outorgará Sua
bênção abundante sobre esse e o levará a cabo. Não há necessidade de empurrarmos,
nos esforçarmos, labutarmos e despendermos nossa energia para realizar qualquer coisa.
Não devemos fazer nada que nos leve a “suar”. No serviço da igreja, todos nós precisamos
estar no Espírito que dá vida pela vida de Cristo e não exercitarmos nossa força natural
para empurrar algo. Pelo contrário, muitas vezes, podemos precisar recuar um pouco e
ceder a outros. Fazer isso é ceder ao Senhor e pôr Nele a responsabilidade do assunto
que nos diz respeito. Então, poderemos dizer: “Senhor, se esse encargo é Teu, ficarei na
defensiva e Te pedirei para agir. Eu Te peço, Senhor, para tomar esse encargo. Isso con-
firmará meu encargo, de modo que eu saiba que ele vem verdadeiramente de Ti”. Que
entendamos que não existe necessidade de nos esforçarmos ou contendermos com os
outros em nosso serviço para o Senhor.

Despem as vestes com a qual ministram


e as põem nas câmaras santas

Ezequiel 44:19 diz: “Saindo eles ao átrio exterior, ao povo, despirão as vestes com
que ministraram, pô-las-ão nas santas câmaras e usarão outras vestes”. Aqui, vemos que,
quando os sacerdotes saem ao átrio exterior, ao povo, eles devem despir suas vestes com
que ministraram e pô-las nas câmaras santas e, em seguida, usar outras vestes. Isso
indica que, aos sacerdotes, não é permitido misturar o que é santo com o que é profano,
porém mantêm uma separação entre o santo e profano. Se hoje desejamos permanecer na
posição de sacerdote, devemos manter essa espécie de separação. Deus não permite
mistura; Ele exige que sejamos separados para Ele.

Sua cabeça é tosquiada

Outro assunto a respeito dos sacerdotes que se aproximavam para servir o Senhor é
sua cabeça. “Não raparão a cabeça, nem deixarão crescer o cabelo; antes, como convém,
tosquiarão a cabeça” (v. 20). Esse versículo diz que os sacerdotes não devem raspar sua
cabeça, nem deixar crescer o cabelo. Antes, devem tosquiar sua cabeça, que significa
deixar o cabelo curto.
Primeira aos Coríntios 11:5 indica que raspar a cabeça significa rebelião contra o
encabeçamento do Senhor. Ao servir o Senhor, não devemos ser rebeldes contra Sua
autoridade. Antes, devemos nos submeter ao Seu encabeçamento. Por isso, precisamos
de certa quantidade de cabelo sobre nossa cabeça, que retrata nossa submissão ao

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

encabeçamento do Senhor. Por outro lado, 1 Coríntios 11 nos diz que ter cabelo comprido
indica glória e dignidade em si (v. 15). Podemos até mesmo usar outro termo: desfrute de
si mesmo. Na Bíblia, cabelo longo significa beleza e glória. Se um homem tem cabelo
longo, isso indica que ele sustenta sua própria glória e dignidade e que está satisfazendo
seu próprio prazer e desfrute. Ele simplesmente desfruta seu cabelo longo.
Esses pontos concernentes ao cabelo são aplicáveis à vida da igreja. Suponha que
um irmão tenha a atitude que não há necessidade para ele de estar sob a autoridade de
alguém. Ele é independente e reivindica ser igual a qualquer outro membro no Corpo. Ele
pode até mesmo citar a palavra do Senhor em Mateus 23:8 em defesa de sua atitude. Para
ele, ter essa atitude indica que, falando de modo espiritual, ele raspou sua cabeça e, por
conseguinte, não se submete ao encabeçamento do Senhor. Sim, Mateus 23:8 diz que
todos somos irmãos, mas 1 Pedro 5:5 diz que os mais jovens devem se submeter aos mais
velhos e que todos nós devemos nos submeter um ao outro. Na vida da igreja, precisamos
da submissão adequada. Por isso, não devemos raspar nossa cabeça.
Agora, precisamos ver que, falando de modo espiritual, ter cabelo comprido na vida
da igreja, que significa glória própria, é desejar e buscar ser um líder. Um problema na vida
da igreja é a falta de submissão e outro é o desejo por posição e liderança. Buscar posição
na igreja é buscar glória e dignidade próprias. Alguns estão buscando ser presbítero ou um
líder. Esse tipo de busca não é uma glória; é uma vergonha. É uma vergonha buscar lide-
rança ou qualquer tipo de glória própria. Isso nos mata espiritualmente e nos desqualifica
para servir o Senhor adequadamente. Se desejamos ser qualificados para servir o Senhor,
não devemos raspar nossa cabeça, que significa que devemos ter uma submissão ade-
quada e não devemos deixar nosso cabelo crescer, que significa que não devemos buscar
glória, dignidade, posição e liderança próprias.
Tanto a falta de submissão quanto a busca por posição danificam a igreja. Todo
aquele que está buscando liderança na vida da igreja está desqualificado e terminado para
a vida da igreja. Agradeço ao Senhor que muitos irmãos receberam Sua graça e não têm
desejo de buscar liderança. Entretanto, alguns irmãos desejam não somente ser presbíte-
ros, mas também ser o lídere entre os presbíteros. Isso é deixar crescer seu cabelo, isto é,
buscar a própria glória.
Falando de modo espiritual, precisamos manter um corte moderado do cabelo.
Precisamos tosquiar nossa cabeça, isto é, precisamos ter um corte moderado de cabelo.
Por um lado, nos submetemos à autoridade do Senhor. Por outro, não buscamos ser um
líder. Em vez de buscar ser líder, devemos simplesmente ministrar vida aos outros e apoiar
a vida da igreja por Sua graça. Devemos fazer tudo que podemos para a igreja sem buscar
ter uma posição ou ser um líder. Essa atitude é maravilhosa.

Não bebem vinho

“Nenhum sacerdote beberá vinho quando entrar no átrio interior” (Ez 44:21). Aqui, é-
nos dito que, aos sacerdotes que ministram diretamente ao Senhor no átrio interior, não
era permitido beber vinho. Vinho significa mundanismo, prazer e alegria físicos. Aqueles
que servem ao Senhor de uma maneira direta não devem ter nada a ver com o “vinho” dos
prazeres mundanos.

Não tomam para esposas


Viúva ou repudiada

O versículo 22 diz: “Não se casarão nem com viúva nem com repudiada, mas
tomarão virgens da linhagem da casa de Israel ou viúva que o for de sacerdote”. Isso
significa que, em nosso contato e relacionamentos com outras pessoas, precisamos ser

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

puros e descomplicados. No entanto, se contatarmos os outros de um modo que não seja


puro, seremos corrompidos com um elemento impuro.

Ensinam ao povo de Deus a diferença


entre o santo e o profano

O versículo 23 continua: “A meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano


e o farão discernir entre o imundo e o limpo”. Um sacerdote deve ser capaz de ensinar ao
povo de Deus o que é santo e o que é profano e o que é limpo e o que é imundo. Aquele
que se aproxima de Deus como um sacerdote precisa ser capaz de discernir essas coisas
e também de ensinar os outros a discernir.

Permanecem diante de Deus para julgar as contendas

O versículo 24 diz: “Quando houver contenda, eles assistirão a ela para a julgarem;
pelo meu direito julgarão”. Quando houvesse uma contenda, as partes envolvidas apa-
receriam diante do sacerdote. O sacerdote então pronunciaria um juízo, não segundo sua
própria opinião, mas segundo o direito de Deus. Se, como aqueles que temem a Deus e se
aproximam Dele, é-nos pedido apaziguar uma contenda, precisamos perguntar a Deus o
que Ele diria sobre esse assunto e, então, devemos julgar segundo Sua vontade. Isso
significa que, quando ajudamos a resolver assuntos difíceis, precisamos permanecer
diante do Senhor com um coração temeroso. Em seguida, precisamos tocar o sentimento
do Senhor e julgar concordemente.

Guardar as leis e os estatutos de Deus nas festas de Deus

“As minhas leis e os meus estatutos em todas as festas fixas guardarão” (v. 24b).
Todas as festas ou “assembleias” estão relacionadas à história cheia de graça da salvação
de Deus. Portanto, se desejamos servir a Deus como sacerdotes, precisamos nos lembrar
da história cheia de graça da salvação de Deus incluindo Sua crucificação, ressurreição e
ascensão, e do derramamento do Espírito Santo.

Santificarão os sábados de Deus

“E santificarão os meus sábados” (v. 24c). O sábado indica que Deus fez algo;
portanto, Deus descansa. Guardar ou santificar o sábado significa que aceitamos tudo que
Deus fez e descansamos em tudo que Ele realizou. No lugar de tentar fazer algo em
acréscimo àquilo que Deus fez, devemos simplesmente desfrutar o que Ele fez e tomar o
que Ele realizou como nossa satisfação e descanso. Isso significa que dependemos não
do que fazemos, mas do que Deus fez.

Não são contaminados por pessoas mortas

Um sacerdote que servia o Senhor diretamente em Sua presença não poderia ser
contaminado por qualquer pessoa morta (v. 25). Isso significa que não devemos contatar
aqueles que são mortos espiritualmente. Não devemos tocar qualquer “cadáver”. Falando
espiritualmente, muitos cristãos estão mortos, até o ponto de cheirar mal. Se você os
contatar e os ouvir, eles o levarão a ficar morto, parcialmente, não totalmente. Não tendo
nada positivo para dizer, eles falarão somente coisas negativas para você, talvez criticando
os presbíteros, os cooperadores ou vários santos. Ter contato com pessoas mortas pode

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

nos levar a ficarmos mortos e negativos. Por conseguinte, quando percebemos que esta-
mos na presença desse tipo de pessoa, devemos evitar ter contato com elas. Caso
contrário, seremos contaminados por sua morte.
Ser contaminado pela morte é mais sério que ser contaminado por algo pecaminoso.
Se somos contaminados por algo pecaminoso, podemos confessar, receber a aplicação do
sangue de Cristo e, imediatamente, ser purificados (1 Jo 1:9, 7). No entanto, se somos
contaminados pela morte, levará um tempo antes que sejamos purificados e limpos dessa
contaminação (cf. Nm 19:11).
Alguns de nós tiveram esse tipo de experiência. Depois de passar um pequeno
tempo com um crente que era espiritualmente morto e negativo, descobrimos que não
conseguíamos orar ou funcionar nas reuniões por um período de tempo, talvez vários dias.
Isso deve advertir-nos acerca de gastar tempo com pessoas mortas. Fique longe delas!
Não pense que você pode ajudá-las. Ao invés disso, sua morte chegará até você. Aqueles
que estão mortos espiritualmente podem ser muito vivos com respeito às coisas mundanas
ou negativas, contudo, no que diz respeito à igreja, eles são mortos. No que concerne à
vida da igreja, ele estão mortos. Se desejamos servir o Senhor de uma maneira direta,
devemos nos afastar de pessoas mortas e, por meio disso, manter-nos longe da contami-
nação da morte.

Oferecem oferta pelo pecado

“No dia em que ele entrar no lugar santo, no átrio interior, para ministrar no lugar
santo, apresentará a sua oferta pelo pecado” (Ez 44:27). Sempre que nos aproximamos de
Deus, precisamos oferecer oferta pelo pecado, ainda que não estejamos cônscios de
qualquer impureza. Toda vez que nos aproximamos de Deus, precisamos aplicar a reden-
ção do Senhor e receber a purificação do Seu precioso sangue.

Têm somente Deus como sua possessão

“Eu sou a sua herança. Não lhes dareis possessão em Israel; eu sou a sua posses-
são” (v. 28b). Isso revela que os sacerdotes não têm possessão além de Deus. Sua
possessão é o próprio Deus, e eles O desfrutam como seu suprimento. Todos esses que
servem têm somente o próprio Deus como sua herança, sua possessão. Isso indica que,
como sacerdotes hoje, não esperamos ser ricos em posses físicas e materiais. Ao contrá-
rio, necessitamos entender que nosso Deus, a quem servimos, é nossa possessão, nossa
herança.

Desfrutam as riquezas de Cristo

Finalmente, todos os sacerdotes desfrutavam as riquezas de Cristo. Todas as ofertas


alçadas, todas as primícias e todos os melhores produtos do povo do Senhor pertenciam
àqueles que serviam (vv. 29-30). Isso indica que as riquezas de Cristo eram para seu
desfrute. Eles tinham Deus como sua posse e tinham Cristo em todos os Seus ricos
aspectos como seu desfrute. Que todos nós sirvamos ao Senhor dessa maneira.

AS OFERTAS

Deviam ter riqueza na experiência de Cristo

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

A responsabilidade do sacerdote era apresentar as ofertas a Deus. A respeito disso,


o registro em Ezequiel pode parecer muito peculiar. Moisés disse ao povo do Senhor para
oferecer a Deus um cordeiro dentre dez cabeças do rebanho, mas Ezequiel lhes disse para
oferecer a Deus um cordeiro dentre duzentas cabeças (45:15). Isso indica que, se não
produzimos muito do desfrute de Cristo, não estamos qualificados para oferecer qualquer
coisa. Qualquer coisa menos que duzentos cordeiros não era adequada. Se desejamos ser
qualificados para oferecer um cordeiro, devemos primeiramente criar duzentos cordeiros.
Isso significa que nossa riqueza na experiência de Cristo nos qualifica a oferecer algo.
O princípio é o mesmo com o trigo e a cevada. Ezequiel 45:13 diz: “Esta será a oferta
que haveis de fazer: de trigo, a sexta parte de um efa de cada ômer, e também de cevada,
a sexta parte de um efa de cada ômer”. Um ômer equivale a dez efas, e a oferta deve ser a
sexta parte de um efa. Assim, exigia-se que se oferecesse uma parte de sessenta. Isso é
diferente da exigência de Moisés, que era uma parte de dez. Aqueles que tinham menos
que um ômer de trigo não estavam qualificados a oferecer nada. Se uma pessoa tinha um
ômer de trigo, ela estava qualificada para oferecer um sexto a Deus. A fim de apresentar
uma oferta de trigo, uma pessoa tinha que ser rica em trigo. Em contraste à exigência de
Moisés, a exigência de Ezequiel nos força a sermos ricos.
A oferta de azeite também exigia um suprimento abundante. Ezequiel 45:14 diz: “A
porção determinada de azeite será a décima parte de um bato de cada coro; um coro,
como o ômer, tem dez batos”. Um ômer equivale a dez batos, e foi dito ao povo que ofere-
cesse a décima parte de um bato. Oferecer a décima parte de um bato é oferecer um por
cento. Uma pessoa tem que ser rica no produto de Cristo para oferecer uma oferta de
azeite ao Senhor.
Aqueles que não eram ricos não estavam qualificados para oferecer qualquer coisa.
A oferta do trigo e da cevada devia ser a sexta parte; do azeite, a centésima parte; e dos
cordeiros a ducentésima parte.

Três categorias de ofertas alçadas

Nos escritos de Moisés há muitas espécies de ofertas alçadas, contudo Ezequiel


menciona somente três categorias para a oferta alçada: trigo e cevada, azeite, e cordeiros.
A oferta alçada era elevada ao ar que significa o Cristo ascendido, o Cristo mais elevado.
Em nosso serviço a Deus, precisamos “alçar” Cristo, isto é, oferecer o Cristo ascendido, o
Cristo mais elevado, a Deus.
Em O Cristo Todo-Inclusivo, nós mostramos que o trigo significa Cristo encarnado
para morrer por nós. Em João 12:24, o Senhor Jesus Se assemelhou a um grão de trigo
caindo na terra para morrer. De Sua encarnação à Sua crucificação, Ele foi trigo. Cevada
significa o Cristo em ressurreição, visto que na Palestina a cevada é o primeiro grão a ser
colhido. Portanto, a cevada significa as primícias da ressurreição. É significativo que o
Senhor Jesus alimentou os cinco mil com pães de cevada (Jo 6:9). Trigo e cevada
significam Cristo desde o tempo da Sua encarnação até Sua ressurreição. Conforme sabe-
mos, o cordeiro significa o Cristo redentor, e o azeite significa o Espírito Santo. Esses são
os aspectos principais da oferta alçada que precisamos oferecer em nosso serviço. Todos
esses estão relacionados a Cristo, pois Cristo é o trigo, a cevada, o cordeiro e o azeite.

Época das ofertas

A oferta anual

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Segundo o registro de Ezequiel, havia a oferta anual, a oferta mensal, a oferta


semanal e a oferta diária. A oferta anual era oferecida no primeiro dia do ano, significando
que, em princípio, todo ano devemos ter um novo começo (45:18-19). Todo ano, precisa-
mos de uma limpeza e uma purificação fresca. A oferta anual era oferecida não somente
no primeiro dia do ano, mas também no sétimo (v. 20). Isso indica um período de graça
para o povo. Alguns não estavam preparados no primeiro dia do ano para limpar
plenamente suas situações e serem purificados, portanto o Senhor lhes dava outra oportu-
nidade no sétimo dia. Se eles perdessem o primeiro dia, teriam outra oportunidade no
sétimo dia.
Em princípio, no começo de cada ano, precisamos ter uma renovação em nosso
serviço para o Senhor. No início de cada ano, precisamos de um novo começo em nosso
serviço.

A oferta mensal

Havia também a oferta mensal no tempo da lua nova. Sempre que havia uma lua
nova, uma oferta tinha que ser feita (46:6). A lua nova também indica um novo começo.
Precisamos de um novo começo não somente anual, mas também mensal.

A oferta semanal

Em acréscimo, devia haver uma oferta semanal. Uma oferta devia ser feita toda
semana, no sábado (v. 4). O sábado significa não somente que temos um novo começo,
mas também que estamos desfrutando a obra do Senhor. Guardar o sábado significa que
paramos nossa obra e desfrutamos aquilo que o Senhor tem feito. Guardar o sábado indica
que não confiamos em nossa obra, mas que estamos inteiramente confiando em e
desfrutando a obra do Senhor. Precisamos ser capaz de declarar ao universo: “Nossa obra
cessou e estamos desfrutando a obra do Senhor”. Esse é o princípio do sábado.

A oferta diária

Havia também a oferta diária (v. 13). A oferta diária em Ezequiel é diferente da oferta
diária exigida por Moisés. Moisés disse que o holocausto diário contínuo tinha que ser
tanto pela manhã quanto à tardinha, porém, em Ezequiel, não existe qualquer oferta à
tardinha. Creio que isso indica que, no serviço dos sacerdotes, não há tarde; eles estão
continuamente no frescor da manhã. A situação em Ezequiel melhorou a ponto de não
haver tarde, somente manhã. Não havia pôr do sol, somente nascimento do sol.

As ofertas nas festas fixas

Em adição às ofertas anuais, mensais, semanais e diárias, havia também as ofertas


nas festas fixas – na Festa da Páscoa, na Festa dos Pães Asmos, e na Festa dos
Tabernáculos (45:21, 25). Louvado seja o Senhor pelas ofertas e pelas festas!
Agora, sabemos que tipo de sacerdotes precisamos ser para estarmos preparados
para servir o Senhor e do que precisamos para ao Senhor.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE E SEIS

O RIO QUE FLUI DA CASA

Leitura bíblica: Ez 47:1-12; Sl 36:8; 46:4; Jl 3:18b; Zc 14:8a

O livro de Ezequiel fala de dois rios. O primeiro rio, no capítulo um, é o rio Quebar,
que estava no lugar onde o povo de Deus era mantido em cativeiro. O segundo rio, no
capítulo quarenta e sete, é o rio da vida na terra santa. O primeiro rio é para realizar
julgamento; o segundo é para suprir vida. Estar próximo ao rio Quebar é estar num lugar
de disciplina, contudo estar próximo ao rio da água viva é estar num lugar para receber
vida. Nesta mensagem, consideraremos o rio que flui da casa.

DEUS É ALIMENTO E ÁGUA PARA O HOMEM

Gênesis 2 fala da árvore da vida (v. 9) e do rio que saía do Éden para regar o jardim
(v. 10). Tanto a árvore quanto o rio significam que Deus deseja transmitir-Se ao homem
como vida. A árvore da vida indica que Deus quer que O comamos, e o rio indica que Deus
quer que O bebamos. A árvore e o rio em Gênesis 2 são o início de duas linhas – uma
concernente a Deus como o alimento vivo e a outra concernente a Deus como água viva –
que correm por toda a Bíblia até que se consumam com a árvore da vida e como o rio da
água da vida em Apocalipse 22. A respeito de Deus como alimento do homem, a Bíblia fala
da carne do cordeiro, do pão sem fermento, do maná, das várias ofertas e de todos os
produtos, tanto animal quanto vegetal, da boa terra de Canaã. Em João 6, o Senhor Jesus
falou claramente a respeito disso: “Eu sou o pão da vida” (v. 48); “Eu sou o pão vivo que
desceu do céu” (v. 51); “Minha carne é verdadeira comida, e o Meu sangue é verdadeira
bebida” (v. 55); “quem de Mim se alimenta por Mim viverá” (v. 57). No que concerne a
Deus como água para o homem beber, a Bíblia fala de fontes (Êx 15:27), da água da rocha
(17:6; Nm 20:11; 1 Co 10:4), da água do poço (Nm 21:16-17), e da água da cavidade (Jz
15:19). Salmos 36:8b diz: “E na torrente das tuas delícias lhes dás de beber”. Salmos 46:4
diz: “Há um rio, cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do
Altíssimo”. Joel 3:18 diz: “Sairá uma fonte da Casa do SENHOR”. Zacarias 14:8 diz:
“Naquele dia, também sucederá que correrão de Jerusalém águas vivas”. O Evangelho de
João fala da água viva em 4:14 e 7:37-38. Essas porções da Palavra revelam que Deus
como água viva tem fluído da eternidade para dentro de nós a fim de satisfazer nossa
sede.
A porção da Palavra que descreve o fluir da água viva de Deus em maiores detalhes
é Ezequiel 47. É significativo que o fluir do rio da vida não está no capítulo um. Nesse capí-
tulo, ao invés do rio da vida, havia um fogo consumidor. No capítulo trinta e sete, havia um
vento que se tornou sopro para nós, mas não havia água fluindo. O fluir da água não
começou até o capítulo quarenta e sete. A água não pôde surgir antes do capítulo qua-
renta e sete, pois a casa não tinha sido edificada.

OS FATORES QUE PRODUZIRAM O RIO

Alguns fatores cruciais introduziram o fluir do rio. O primeiro foi a edificação e com-
pletação da casa. Depois disso, o povo começou a ter seu viver conforme a casa, confor-
me seu modelo, leis e estatutos. Sua vida diária e toda a sua conduta começou a ser

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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conforme a forma, modelo, padrão, estatutos e leis da casa (43:10-11). Em seguida, os


servidores, os sacerdotes, estavam servindo o Senhor de maneira adequada. Finalmente,
havia todas as ofertas: um cordeiro dentre duzentos, um sexto do trigo e da cevada, um
centésimo do azeite. Havia ofertas anuais, mensais, diárias e todas as festas solenes.
Precisamos perceber que a experiência de todos esses assuntos introduziu o fluir do rio.
Quando o Senhor viu todas essas coisas, Ele deve ter ficado muito feliz. Ele tinha
uma casa – o lugar do Seu trono, um lugar onde Ele podia habitar para Seu descanso e
satisfação. Ele viu a casa com suas formas e estatutos, e viu os sacerdotes e as ofertas.
Portanto, Ele enviou o fluir do rio, e o rio começou a fluir a partir da casa.
Agora, podemos entender qual a razão pela qual não há menção do fluir do rio antes
do capítulo quarenta e sete. O fluir do rio depende do edifício. Sempre e onde quer que um
grupo de crentes seja edificado em unanimidade como descrito por Ezequiel, haverá o fluir
do rio a partir do edifício. Se existe o edifício em sua localidade, o fluir ocorrerá a partir do
edifício. Suponha que, a respeito da igreja em sua localidade, o Senhor possa dizer: “Este
é o lugar do meu trono, e o lugar das plantas dos meus pés, onde posso habitar, descan-
sar e ficar satisfeito”. Se o Senhor pode dizer isso acerca do seu lugar, o rio certamente
fluirá a partir do edifício.
Hoje, muitos cristãos zelosos prestam atenção à expansão e à obra do evangelho no
campo de missão, contudo sua situação é muito pobre. Eles saem para trabalhar para o
Senhor, mas nenhum fluir os segue, visto que eles negligenciam a fonte – a edificação da
igreja. Não pode haver fluir à parte do edifício genuíno. Se houver uma edificação forte nas
igrejas locais, haverá um rio fluindo do edifício para outros lugares. Haverá o fluir, o trans-
bordar e o impacto.
Como precisamos do edifício! Precisamos que a igreja seja edificada como o templo,
a casa de Deus. Desse edifício, resultará o fluir de Deus. A expansão depende do edifício.
A pregação do evangelho depende do edifício. Essa é a razão por que em João 17:23 o
Senhor Jesus disse que, quando formos aperfeiçoados em um, o mundo saberá que o Pai
enviou o Filho. Isso significa que, quando formos edificados como um, o mundo será
convencido. A situação dividida do cristianismo limita grandemente o impacto do evange-
lho.

A ÁGUA FLUI DO LIMIAR

Ezequiel 47:1 diz: “Depois disto, o homem me fez voltar à entrada do templo, e eis
que saíam águas de debaixo do limiar do templo, para o oriente; porque a face da casa
dava para o oriente, e as águas vinham de baixo, do lado direito da casa, do lado sul do
altar”. Para que a água flua, deve haver um limiar, uma abertura, mediante a qual ela
possa fluir. Isso indica que, se nós, por meio de Cristo, tivermos mais contato com Deus e
nos aproximarmos Dele, haverá uma abertura que permitirá que a água viva de Deus flua
da igreja.

O RIO FLUI PARA O ORIENTE

O rio procede da casa e flui para o oriente (v. 1b). O oriente é a direção da glória do
Senhor (Nm 2:3; Ez 43:2). O fluir para o oriente indica que o rio de Deus sempre fluirá na
direção da glória de Deus. O rio cuida da glória de Deus.
Tudo na vida da igreja deve ser para a glória de Deus. Por exemplo, em nossa
pregação do evangelho, devemos buscar a glória de Deus. Se nossa pregação do
evangelho for para a glória de Deus, haverá um fluir de água viva. No entanto, se não
cuidamos da glória de Deus, o fluir será limitado. Todos na igreja devem buscar e cuidar da
glória de Deus. Então, a água viva fluirá da igreja.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

A ÁGUA FLUI DO
LADO DIREITO DA CASA

Ezequiel 47:1c também nos diz que a água flui do lado direito da casa. Segundo a
Bíblia, o lado direito significa a posição mais elevada. O fluir da água do lado direito indica
que o fluir do Senhor deve ter a preeminência. Precisamos dar ao Senhor a posição mais
elevada, e também precisamos dar ao fluir do Senhor a posição mais elevada. Então, o
fluir será prevalecente e se tornará o fator controlador em nosso viver e obra.

FLUI DO LADO DO ALTAR

O fluir é do lado do altar (v. 1d). Isso indica que o fluir é sempre pela cruz. Se não
tivermos o tratamento da cruz, o fluir será frustrado. Se desejamos ter o fluir, devemos ter
o tratamento da cruz. Precisamos estar dispostos a passar pela cruz de modo que o fluir
possa ocorrer.

O HOMEM COM O CORDEL DE MEDIR

O ponto principal aqui é o homem com o cordel de medir em sua mão (v. 3). Esse
homem, que é o próprio Senhor Jesus, tem a aparência do bronze (40:3). Conforme temos
mostrado, em tipologia, o bronze ou cobre, significa julgamento e teste. O Senhor Jesus foi
testado e julgado como homem, e uma vez que Ele foi testado e julgado, está agora
testando e julgando. Visto que Ele foi testado, está qualificado para teste, e uma vez que
foi julgado, está qualificado para julgar. Ele é Aquele que tem o cordel de medir em Sua
mão, e está qualificado para nos medir.
Mostramos anteriormente que medir significa testar, julgar e possuir. Quando uma
irmã está prestes a comprar alguma roupa, ela primeiramente examina a roupa e, em
seguida, a mede. O que ela mede ela também possui. Isso indica que medir é examinar,
testar, julgar e, por fim, assumir e possuir.

MEDE O FLUXO DO RIO

O homem veio com um cordel de medir em sua mão para medir o fluxo do rio (47:3-
5).

Mede mil côvados

Quando esse homem mediu primeiramente o rio, havia somente uma gota saindo da
casa. Em seguida, ele mediu mil côvados e o fluxo se tornou mais profundo, até os torno-
zelos (v. 3). Novamente ele mediu mil côvados, e o fluxo se tornou mais profundo, até os
joelhos (v. 4). Depois disso, o homem mediu mais mil côvados e o fluxo se tornou ainda
mais profundo, até os lombos (v. 4). Quando ele mediu pela quarta vez mil côvados, o fluxo
se tornou um rio que não se podia passar, e o rio se tornou águas para se nadar.
Na Bíblia, o número mil significa uma unidade completa. Por exemplo, em Salmos
84:10 o salmista diz que um dia nos átrios do Senhor é melhor que mil fora. Visto que mil
significa uma unidade completa, medir mil significa medir uma unidade completa; é um
medir completo.
Se queremos desfrutar o fluxo da casa, precisamos ser medidos completamente. Se
queremos desfrutar um fluxo que é mais profundo, precisamos ser medidos, isto é,
testados, examinados, julgados e conquistados pelo Senhor. Nossos motivos, intenções,

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
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alvos, objetivos e desejos devem ser todos julgados. Tudo que possuímos e tudo com que
estamos envolvidos devem ser julgados. Isso aprofundará o fluxo dentro de nós.
À medida que somos julgados pelo Senhor, precisamos fazer uma cofissão cabal.
Precisamos permitir que o Senhor seja nosso Juiz e deixá-Lo nos levar para dentro de Sua
luz e nos expor. Então, devemos dizer-Lhe: “Senhor, Tudo que julgaste é Teu agora. Eu te
peço, Senhor, conquista-me, toma plena posse de mim”.
O fato de o Senhor nos julgar e nos testar não é de uma vez por todas. Em Ezequiel
47, o homem mediu não uma ou duas vezes ou mesmo três vezes; ele mediu quatro
vezes. Na Bíblia, quatro é o número da criatura. As quatro medições aqui indicam que,
como uma criatura, precisamos ser inteiramente julgados e testados pelo Senhor e, em
seguida, precisamos ser plenamente conquistados por Ele.
Não é fácil experimentar ser conquistados pelo Senhor completamente. Podemos
pensar que temos sido plenamente conquistados pelo Senhor, porém, depois de um
período de tempo, perceberemos que ainda temos alguma reserva. Então, seremos testa-
dos e julgados novamente, e depois disso teremos uma consagração adicional ao Senhor,
dizendo: “Senhor, toma isso e o possui”. Podemos pensar que o Senhor conquistou tudo,
mas Ele sabe que nos ganhou somente até certo ponto. Portanto, algum tempo depois,
podemos entender novamente que temos reservado e preservado muita coisa para nós
mesmos. Uma vez mais, faremos nossa confissão ao Senhor e experimentaremos Seu
testar e julgar. Mesmo depois de vários anos, ainda podemos não ter sido possuídos
plenamente pelo Senhor, e, assim, precisaremos novamente ser medidos, testados,
julgados e possuídos por Ele.

A profundidade do fluxo depende de


quanto temos sido
medidos e conquistados pelo Senhor

Você pode querer saber como podemos determinar quanto temos sido medidos e
possuídos pelo Senhor. Determinamos isso pela profundidade do rio. Se o rio chega
somente aos nossos tornozelos, isso prova que não temos sido completamente medidos
pelo Senhor. A profundidade do rio depende de quanto temos sido medidos pelo Senhor.
Não há necessidade de arrazoar e justificar a nós mesmos. Ao invés, devemos sim-
plesmente considerar a profundidade do nosso fluxo. Quão profundo é seu fluxo? Ele vai
até os tornozelos? Até os joelhos? Até os lombos? Ele se tornou águas para se nadar?
Precisamos considerar nossa situação pessoal dessa maneira
O mesmo princípio se aplica às igrejas locais. Não há necessidade de argumentar
acerca da igreja em sua localidade. Você pode dizer que a igreja na qual você está é a
melhor. Sua igreja pode ser a melhor segundo seu conceito, mas pode não ser a melhor
segundo o fluir. Você pode reivindicar que tem um fluxo, contudo qual a profundidade
desse fluxo? Considere a profundidade do fluxo na igreja onde você está. O fluxo pode ser
somente até os tornozelos ou até os joelhos ou até os lombos. Talvez o fluxo seja um rio
que não pode ser atravessado andando, e, assim, pode ser águas para se nadar. A
profundidade do fluxo em cada igreja local depende do grau da medida e da possessão do
Senhor. A respeito disso, podemos enganar as pessoas, todavia não podemos enganar o
Senhor. Ele conhece a profundidade do fluxo no qual estamos.
Todos nós precisamos ser medidos e conquistados pelo Senhor. Para Sua medição,
o Senhor precisa de nossa cooperação. É difícil para o Senhor nos medir, nos julgar, nos
possuir e nos conquistar sem a cooperação adequada de nossa parte. Que peçamos ao
Senhor misericórdia para que, por meio de Sua medição em todas as igrejas locais, haja
um rio que ninguém pode atravessar andando.

192
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

GRAÇA EM OPOSIÇÃO AO ESFORÇO PRÓPRIO

É fácil andar na terra seca, mas o fluir do rio torna difícil andar nele. Quando as
águas vão até os tornozelos, ainda podemos andar, mas não é muito conveniente. Quando
a água vai até os joelhos, é mais difícil andar. Quando a água vai até os lombos, é muito
difícil andar. Isso indica que, antes que desfrutemos a graça do Senhor como o fluir,
podemos fazer tudo de que gostamos. Quando experimentamos o fluir do Senhor somente
de uma maneira rasa, ainda podemos andar por nosso próprio esforço. Porém, quando o
fluxo se torna mais profundo, indo até os joelhos, andar se torna muito mais difícil. Temos
graça, mas a quantidade de graça que temos não é suficiente, assim continuamos a
exercitar nosso próprio esforço.
À medida que aumenta o fluxo, este nos aborrece, nos restringe, e nos frustra.
Quando o fluxo de graça se torna mais elevado, até os lombos, é o tempo mais difícil de
ser um cristão. Nossa situação se torna totalmente inadequada. Por exemplo, por um lado,
podemos ter graça suficiente que faz com que seja difícil para nós perdermos a calma; por
outro, podemos não ter graça suficiente para vencer nosso temperamento. Temos graça,
mas ainda precisamos exercitar nosso próprio esforço. Isso é um dilema. O rio de graça
está conosco, mas não é profundo o suficiente. Contudo, uma vez que o fluir da graça se
torna mais profundo que não podemos atravessá-lo andando, louvaremos o Senhor e
começaremos a nadar no rio. À medida que nadamos, não tentamos mais permanecer de
pé. No lugar disso, abandonaremos nosso esforço próprio e começaremos a nadar no rio.
Quanto menos graça recebemos do Senhor, mais precisamos usar nossa própria
força. Todavia, quando recebemos a abundância da graça, não precisamos mais usar
nossa própria força. Ao invés, cessamos nosso esforço próprio e permitimos que o fluir do
rio nos carregue junto. À medida que somos carregados dessa maneira, podemos facil-
mente seguir o Senhor e deixá-Lo nos guiar pelo caminho que Ele quer que vamos.
Estou preocupado que muitos dentre nós ainda não desistiram do seu próprio
esforço, antes, ainda estão tentando se pôr de pé por si mesmo. Eles continuam a se
esforçar para permanecer de pé. Isso significa que estão exercitando seu esforço próprio
para ser um vencedor. Aqueles que estão nessa situação precisam perceber que necessi-
tam de mais graça. Precisam de um fluxo mais profundo de maneira que desistam de
tentar ficar em pé e, ao contrário, nadem no rio. A melhor maneira de nadarmos no rio é
colocar nossa confiança no fluir do rio, esquecer nossos esforços próprios, e permitir que o
fluir nos carregue junto. Quando recebemos a abundância da graça, essa é nossa experi-
ência.
Embora a graça seja suficiente, ainda precisamos acompanhar o fluir da graça do
Senhor. Quando estamos sendo carregados pelo rio, não devemos tentar ter nossa própria
direção. Devemos abandoná-la e nos movermos na direção do fluir. Entretanto, o fluir pode
ser em uma direção, porém nossa intenção é nos movermos na direção oposta. Por essa
razão, o Senhor muitas vezes tem problemas conosco.

O RIO DÁ VIDA A TUDO

E tudo viverá por onde quer que passe este rio e será cheio de vida (Ez 47:9). Esse
rio é o rio da vida, e somente a vida faz as coisas viverem. Meros ensinamentos e dons
não são importantes aqui, pois eles não podem transmitir vida. Ezequiel não diz que tudo
saberá ou que tudo exercerá os dons; ele diz que, onde o rio passa, tudo viverá.
Nesse fluir, as árvores vivem e produzem um fruto doce e delicioso todo mês (v. 12).
A água também produz peixe em abundância (v. 9). O gado está implícito pelos nomes das
duas cidades: En-Gedi e En-Eglaim (v. 10). En-Gedi significa “a fonte do Cordeiro”, e En-

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Eglaim significa “a fonte dos dois bezerros”. Essas fontes são para o gado novo, os
cordeiros e os bezerros. De tudo isso, vemos que o fluir do rio produz árvores, peixes e
gados.
Na vida adequada da igreja, há muitas árvores produzindo fruto, e, assim, não existe
carência de fruto. Se a igreja em sua localidade está viva, haverá árvores produzindo fruto.
Árvores produzindo fruto são uma indicação que há um fluir em sua igreja. As árvores
crescem na água viva. Se há um fluir em sua igreja local, haverá seguramente as árvores
produzindo abundância de fruto.
Com o fluxo do rio, existe também pesca (v. 10). Pesca significa aumento em
número. Se o número de pessoas em sua igreja local não cresce ano após ano, isso signi-
fica que não existe pesca, e sem pesca não existe fluir. Se desejamos ter pesca, devemos
ter o fluir. Precisamos de um local para lançar e espalhar nossa rede. Necessitamos
pescar a fim de termos aumento em número.
Na vida da igreja, precisamos também de algumas fontes de cordeiros e de bezerros
para alimentar. Portanto, precisamos de alimento, de aumento em número e de alimentar.
Isso introduzirá remendo, a edificação. Oh, precisamos de árvores, de pesca e de fontes!
Todos esses assuntos dependem de uma coisa: o fluir do rio. Uma vez mais, vemos do
quanto precisamos do fluir do rio de Deus.

O RIO FLUI PARA O MAR ORIENTAL

Ezequiel 47:8 diz que o rio flui para o Mar Oriental. Segundo o mapa, o Mar Oriental
é o Mar Salgado ou Mar Morto. Pelo fluir do rio que sai da casa, as águas salgadas do Mar
Morto ficarão saudáveis. Isso significa que a morte será tragada pela vida. Quando existe
um fluir de vida rico e profundo numa igreja local, toda a morte será tragada pela vida. No
entanto, se não existe fluir numa igreja particular, essa igreja tornar-se-á um “mar morto”
cheio de sal. Contudo, se existe o fluir do rio, a morte é tragada pela vida, e, então, o “mar
morto” se tornará vivo.

O RIO É INCAPAZ DE TORNAR SAUDÁVEIS OS CHARCOS

Embora o Mar Morto e os lugares secos se tornem vivos e a morte seja tragada pela
vida, os charcos não podem serão feitos saudáveis (v. 11). Um charco é um lugar que não
é seco nem tem água fluindo. Consistindo parcialmente de lama e parcialmente de água,
um charco não é úmido nem seco. Um charco significa uma situação que está cheia de
compromisso. Isto significa que onde quer que haja uma situação comprometida, existe um
charco. Jamais devemos ficar envolvidos com qualquer situação que seja um “charco”.
O Senhor Jesus repreendeu a igreja em Laodiceia por ser morna, nem quente nem
fria. Ele disse aos que estavam em Laodiceia que eles deveriam ser quentes ou frios, não
mornos. Ele também disse que, se eles permanecessem mornos, Ele os vomitaria da Sua
boca (Ap 3:15-16). Ser morno é estar em uma situação comprometida, estar num charco.
Nossa posição a respeito da igreja deve ser absoluta. Se você permanece em uma
denominação, deve permanecer de maneira absoluta. Se permanece com um grupo inde-
pendente, deve permanecer com esse grupo de forma absoluta. Se você permanece na
base da igreja, não deve ser morno. Ser morno é estar num charco. Se você abandona as
denominações e os grupos independentes, contudo não é absoluto pela base adequada da
igreja, está em um charco. É possível para alguém estar na vida da igreja sem ser
absoluto. Essa pessoa é um charco.
Nem mesmo o Senhor pode tornar um charco saudável. Um charco é uma posição
neutra, um lugar no meio do caminho, um lugar de compromisso. Alguns santos nem estão

194
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

em Babilônia nem em Jerusalém, mas no meio do caminho, entre Babilônia e Jerusalém.


Isso significa que estão num charco e que são até mesmo um charco.
Precisamos de: ou sermos absolutos no fluir ou permanecermos no terreno seco. Se
permanecemos numa situação charcosa (pantanosa) ou “enlameada”, o Senhor não pode
fazer nada conosco. É muito fácil entrar em um charco, todavia é muito difícil sair dele. A
igreja deve estar num lugar de incondicionalidade. Portanto, precisamos ser absolutos para
a vida da igreja.
A igreja também deve ser um lugar segundo sua espécie. Gênesis 1:11-12 diz que a
relva, as árvores e as ervas produziam segundo a sua própria espécie. Uma maçã não
pode produzir um pêssego-maçã. Produzir um pêssego-maçã, isto é, para algo não ser
segundo sua espécie, é ser um charco. Um homem deve ser um homem e uma mulher
deve ser uma mulher; ninguém pode ser uma mulher-homem. Se você está numa deno-
minação, esteja ali segundo sua espécie. Se você está em um grupo independente, esteja
ali segundo sua espécie. Semelhantemente, se um grupo de santos em determinada
localidade são a igreja naquela localidade, eles devem ser a igreja segundo sua espécie.
Se você está na restauração do Senhor, esteja na restauração irrestritamente, não
de modo incompleto. Volte por todo o caminho de Babilônia a Jerusalém. Se você parar no
meio do caminho, você se tornará um charco e não terá nenhum fluir, nem mesmo uma
gota. Antes, terá água suficiente para torná-lo “enlameado”. Você será um charco, e um
charco não pode ser tornado saudável. Em todos os meus anos na restauração do Senhor,
jamais vi um charco que foi tornado saudável.
Em Apocalipse 22:11, o Senhor Jesus diz: “Continue o injusto a praticar injustiça;
continue o imundo a ser imundo; continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a ser
santo”. Aqui, vemos que o Senhor Jesus deseja e exige incondicionalidade. Devemos
aprender a ser absolutos (incondicionais). Ao sermos absolutos, estaremos no fluir e o fluir
não será uma gota, mas um rio para se nadar. Então, tudo viverá ali por onde o rio passe.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

ESTUDO-VIDA DE EZEQUIEL
MENSAGEM VINTE E SETE

A TERRA SANTA E A CIDADE SANTA

Leitura bíblica: Ez 45:1-8; 47:13-20; 48:8-20, 31-35; Ap 21:12-13

Nesta mensagem, chegamos ao final de Ezequiel, e consideraremos dois assuntos:


a terra santa e a cidade santa.

A TERRA SANTA

O templo é resultado da terra

Precisamos ver algo mais a respeito da terra santa. À parte da terra, não pode haver
templo. Podemos apreciar muito o templo, contudo precisamos perceber que o templo está
na terra e que, sem a terra, não pode haver o templo. O templo, que tipifica a igreja, é
resultado da terra, que tipifica Cristo. Portanto, o templo depende da terra. Se não temos a
experiência de Cristo, é-nos impossível ter a igreja. A igreja é resultado do desfrute das
riquezas de Cristo.

A história da terra

A terra é mencionada primeiramente em Gênesis 1:9. No terceiro dia da restauração


do Senhor de Sua criação, a terra foi restaurada, pois, nesse dia, a terra emergiu das
águas de morte. Antes desse tempo, a terra havia estado sob as águas de morte. Todavia,
no terceiro dia, o Senhor fez a terra emergir das águas de morte. A terra aqui em Gênesis
1 tipifica Cristo, que foi ressuscitado dentre os mortos no terceiro dia como a terra todo-in-
clusiva. Cada espécie de vida: vida vegetal, vida animal e vida humana procederam dessa
terra. Todo tipo de ser vivente procedeu da terra. Visto que a terra significa Cristo, quer
dizer que todas as coisas vivas procederam de Cristo.
Cristo é a boa terra que Deus preparou para o homem. Entretanto, o homem caiu e
se tornou degradado, e isso levou Deus a julgar a terra novamente. Durante o tempo de
Noé, a terra foi inundada e novamente foi coberta pelas águas de morte (7:19). Como
resultado, a raça humana perdeu a terra. Todavia o Senhor trouxe a terra novamente das
águas de morte, e, à família de Noé, foi dado o direito de desfrutar a terra.
A história humana é um registro da queda do homem. No decorrer dessa história, os
descendentes de Noé caíram e, por fim, se reuniram em Babel a fim de edificar uma torre
de rebelião contra Deus (11:1-9). Destarte, “o SENHOR os dispersou dali pela superfície
da terra” (v. 8a). Posteriormente, o Senhor chamou Abraão da terra de Babel e o levou
para Canaã, a boa terra (12:1-8). Finalmente, no entanto, os descendentes de Abraão
caíram da boa terra para o Egito. Toda a casa de Israel desceu para o Egito, e, por isso,
perderam a boa terra.
Quatrocentos anos depois, pela libertação de Deus, o povo de Israel experimentou a
páscoa, partiu do Egito e passou pelo Mar Vermelho (Êx 12–14). Depois de quarenta anos
jornadeando no deserto, eles cruzaram o Jordão para a boa terra. Eles restauraram sua
terra perdida lutando contra os habitantes que estavam nela. Na terra restaurada, eles
edificaram o templo, e a glória de Deus o encheu (2 Cr 5:14). Posteriormente, por causa de

197
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

seu afastamento do Senhor e de sua degradação, eles foram levados da terra e a


perderam uma vez mais.
No meio do cativeiro, Ezequiel foi levado de volta à terra pelo Espírito e a viu. Em
nossa leitura de Ezequiel, precisamos prestar atenção ao fato que, muitas vezes, o Senhor
prometeu levar Seu povo de volta à terra (caps. 11, 33, 34, 36, 37). Ele até mesmo prome-
teu levá-los de volta aos altos montes de Israel (34:14). Isso indica uma restauração da
terra.
É crucial para nós percebermos que, antes que possamos ter a restauração do edi-
fício, precisamos ter a restauração da terra. A restauração da terra significa a restauração
do desfrute de Cristo. O próprio Cristo não pode ser perdido, mas, em nossa experiência,
Ele pode ser perdido. Quando fomos salvos, recebemos Cristo. Entrementes, não muito
depois, nos afastamos e perdemos Cristo em nossa experiência. A restauração da terra é
a restauração das experiências das riquezas de Cristo. Uma vez que a terra tenha sido
restaurada, a casa pode ser edificada na terra.

Uma terra que mana leite e mel

A terra, com todas as suas riquezas, é chamada uma terra “que mana leite e mel”
(20:6). Leite e mel são ambos o produto de duas vidas operando juntas: a vida vegetal e a
vida animal. São necessárias as vidas animal e vegetal para produzir leite e mel. Para a
produção do leite, precisamos do gado, a vida animal, e também do pasto, a vida vegetal.
O leite, portanto, é o produto dessas duas vidas operando juntas. O princípio é o mesmo
com o mel. O mel é produzido pelas abelhas, porém essas necessitam das flores de
muitas espécies diferentes de plantas. Portanto, tanto o leite quanto o mel são o produto
desses dois tipos de vida.
Como nossa boa terra, Cristo tem dois tipos de vida: a vida vegetal e a animal. O
Evangelho de João mostra isso. Por um lado, o Senhor Jesus disse que Ele era um grão
de trigo (12:24); isso é a vida vegetal. Por outro, esse evangelho diz que Cristo é o Cor-
deiro de Deus (1:29); essa é a vida animal. A vida animal é para ser morta a fim de que o
sangue seja derramado para redenção, ao passo que a vida vegetal é para produzir e
gerar vida. Um grão de trigo cai na terra, morre, cresce e se multiplica em muitos grãos.
Portanto, com Cristo, temos a vida animal para redenção e a vida vegetal para germina-
ção. A partir dessas duas vidas mescladas, temos as riquezas de Cristo: o leite e o mel
para nosso desfrute.

Os limites da terra

Ezequiel apresenta os limites da boa terra de uma maneira particular, contudo


maravilhosa. Ele diz que o limite do lado ocidental é o Mar Grande (47:20). Isso indica que
a costa do Mar Mediterrâneo é o limite ocidental. Ezequiel nos diz que existe também um
mar do lado oriental (v. 18). O mar do lado oriental não é o Mar Grande; é o Mar Morto. Na
parte elevada do Mar Morto está o Rio Jordão, que procede do norte de outro mar, o Mar
da Galileia, ou o Mar de Tiberíades. Outro rio, o rio do Egito, é o limite da boa terra no sul
(v. 19).
A posição da boa terra entre as águas do Mar Grande no ocidente e as águas do Mar
Morto no oriente é significativa. O fato de a boa terra ser cercada por água indica que ela é
cercada pela morte. No Mar Morto não há nada a não ser morte, e no Mar Grande existe
água salgada, que significa morte. Portanto, em tipologia, o Rio Jordão significa morte.
Assim, a boa terra é cercada pela morte, mas não é inundada por esta. Isso nos lembra da
terra que emergiu das águas de morte no terceiro dia, significando, assim, o Cristo
ressurreto.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Algumas porções da Palavra mostram que a boa terra de Canaã é uma terra elevada
(Dt 32:13; Ez 20:40-42; 34:13-15; 37:22). A boa terra é uma terra alçada, tipificando Cristo
sendo ressuscitado, elevado, da morte. Por isso, a boa terra não é uma terra baixa, mas
uma terra elevada. Enquanto o Mar Morto fica trinta metros abaixo do nível do mar, o
Monte Sião fica trinta metros acima do nível do mar. Isso significa que a boa terra, como
um tipo do Cristo ressurreto, é uma terra elevada.
No lado norte da boa terra, não existe rio como limite; ao invés, existe o Monte
Hermom. Segundo o Salmo 133, o orvalho desce do Monte Hermom sobre os montes de
Sião. Isso significa que a graça vem dos céus e desce sobre todas as igrejas locais. Essa
terra elevada com o Monte Hermom significa o Cristo ressurreto, que ascendeu aos céus.
Agora, não existe somente a ressurreição, mas também a ascensão, pois Cristo não é
somente o Cristo ressurreto, mas também o Cristo ascendido. Ele está acima das águas
de morte e ascendeu ao monte elevado, o Monte Hermom.

As subdivisões da boa terra

A respeito das subdivisões da terra, sete das tribos de Israel estavam no norte e
cinco, no sul. De todas as doze tribos, Judá e Benjamim eram as mais queridas para o
Senhor. Quando as doze tribos foram divididas, somente Judá e Benjamim permaneceram
com o Senhor e não participaram da divisão. Por essa razão, elas ficavam localizadas
próximas à habitação do Senhor. Por causa da porção pobre de Gade, essa tribo ficava
localizada no extremo sul da terra.
Devemos ter confiança no julgamento e avaliação do Senhor a nosso respeito.
Outros podem estar errados a nosso respeito, contudo o Senhor não pode estar errado.
Ele é justo, e sabe se nos coloca no norte ou no sul. Ele jamais pode estar errado. Com
respeito à vida da igreja, não sabemos onde devemos estar, mas o Senhor sabe onde nos
colocar. Por exemplo, não importa quanta atenção possamos dar ao lugar aonde devamos
ir na migração para a expansão da vida da igreja, por fim, estaremos no melhor lugar sob a
soberania do Senhor. Ele sabe se estamos em Dã ou em Benjamim, Judá ou Gade. Não
devemos culpar os outros, porém devemos reconhecer e nos submeter à soberania do
Senhor.
Dã, no entanto, jamais ficou satisfeito com o lugar onde foi colocado. Em Apocalipse
7, o nome Dã não é mencionado na lista das tribos de Israel, por causa de sua idolatria e
degradação (Jz 18). Temporariamente, o Senhor removeu seu nome da lista das tribos.

A porção do meio

Ezequiel nos diz que toda a terra de Canaã foi dividida em três porções. A porção do
norte foi para sete tribos (48:1-8), a porção do sul foi para cinco tribos (vv. 23-28), e a
porção do meio, a porção santa, foi uma oferta para Deus. Visto que o Senhor deu ao povo
de Israel toda a terra de Canaã como sua possessão, Ele lhes pediu para alçar a porção
do meio de volta para Ele como oferta. Portanto, a porção do meio da terra foi uma oferta
alçada, alçada pelo povo de Deus (vv. 8-12).
Na porção do meio havia um quadrado de vinte e cinco mil côvados de comprimento
e vinte e cinco mil côvados de largura. Os vinte e cinco mil côvados indicam cinco, o núme-
ro de responsabilidade, multiplicado por cinco mil. Isso indica uma grande responsabi-
lidade.
Esse quadrado é chamado a oferta alçada santa e é dividido em três faixas. A faixa
do meio é de vinte e cinco mil côvados de comprimento do oriente ao ocidente e de dez mil
côvados de largura do norte ao sul. Essa era a parte para o templo; era também a parte
dada aos sacerdotes, especialmente aos filhos de Zadoque, por causa de sua fidelidade (v.

199
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

11). Essa parte do meio se tornou sua herança, na qual estava a parte para o templo. Isso
indica que os sacerdotes, os filhos de Zadoque, eram os que estavam mais próximos do
Senhor. O Senhor vivia na herança deles, na sua porção. A herança deles era a habitação
do Senhor.
A segunda parte, no sul, também era de vinte e cinco mil côvados de comprimento e
de dez mil côvados de largura. Essa parte pertencia aos levitas que ministravam na casa e
para o povo, e que ajudavam em todos os negócios do serviço com ofertas. Os levitas
estavam próximos ao Senhor, mas não tão próximos quanto os sacerdotes (v. 13).
A terceira porção, no lado norte, media vinte e cinco mil côvados por cinco mil. Essa
porção era para a cidade (v. 15). A cidade estava na parte do meio dessa porção norte. O
restante dessa porção pertencia aos trabalhadores, os obreiros, na cidade. De tudo isso,
vemos que a terra para a oferta alçada santa era dividida em três partes: uma parte para
os sacerdotes, uma para os levitas e uma parte para a cidade com todos os seus obreiros.
O mapa (não está disponível nesta tradução) mostrando a distribuição da terra santa
indica que, além da terra para a oferta alçada santa, havia ainda um pedaço de terra no
ocidente e no oriente. Esses dois pedaços de terra como um resíduo eram assinalados e
concedidos ao rei (príncipe), à família real (v. 21).

A proximidade de Cristo pelas tribos


não é a mesma

A distribuição da terra e o estabelecimento das tribos em sua porção particular da


terra são muito significantes. Esse quadro nos mostra que, de Dã, no norte, a Gade, no sul,
todos os israelitas desfrutavam Cristo, mas sua proximidade de Cristo não era a mesma.
Os que estavam mais próximos de Cristo eram os sacerdotes, os filhos fiéis de Zadoque.
Próximo a eles, estavam os levitas e aqueles que trabalhavam na cidade. Próximo desses
estava a família real. Portanto, cada tribo desfrutava Cristo, contudo sua distância de Cristo
variava.
A proximidade de Cristo pelas tribos determinava sua importância. As pessoas mais
importantes eram os sacerdotes, que estavam mais próximos de Cristo e que mantinham a
comunhão entre o povo e o Senhor. Os levitas eram os segundos mais próximos do
Senhor e mantinham um serviço para o Senhor. O serviço para o Senhor é bom, contudo
não é tão bom quanto a comunhão. Seu serviço, que era necessário, não era tão querido e
precioso quanto o era a comunhão. Em seguida, os obreiros para a cidade eram os ter-
ceiros mais próximos do Senhor. A cidade é o símbolo do governo divino; assim, havia
uma obra para manter o governo de Deus. Aqui, podemos ver a comunhão, o serviço, e a
obra para manter o governo divino. Em acréscimo, havia a família real com o rei (príncipe)
e o reinado.
O registro de Ezequiel indica que o templo não estava dentro da cidade, antes era
separado desta. Enquanto a cidade significa o governo de Deus, o templo significa a co-
munhão de Deus. O templo é a casa de Deus, a habitação de Deus, para Seu descanso, e
a cidade é o reino de Deus para Sua autoridade.
É crucial para nós percebermos que todas essas coisas: a comunhão dos sacer-
dotes, o serviço dos levitas, a obra para manter o governo de Deus, e o reinado vêm todos
das riquezas da terra. Isso significa que toda a comunhão, serviço, obra, governo, realeza,
senhorio e reinado procedem do desfrute das riquezas de Cristo.
Quanto mais desfrutamos Cristo, mais próximos estamos Dele, e quanto mais próxi-
mos estamos Dele, mais importantes somos em Seu propósito. Podemos estar como Dã
ou Gade, longe de Sua presença, contudo ainda desfrutarmos Suas riquezas. No entanto,
não somos tão importantes para Sua economia, por causa da distância entre nós e Ele. Os
sacerdotes, pelo contrário, são extremamente cruciais. Sua herança, sua porção, é a habi-

200
Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

tação do Senhor. Todos nós devemos aspirar a estar na posição de sacerdotes. Não existe
necessidade de estarmos preocupados acerca de quem estará no lugar de Dã. O Senhor
cuidará disso.
Devemos desejar e exercer não somente sermos sacerdotes, mas também reis.
Apocalipse 1:6 diz que o Senhor nos constituiu reino, sacerdotes para o Seu Deus e Pai.
Como reis e sacerdotes, fomos predestinados para estar muito próximos do Senhor. Por
isso, não devemos ficar contentes por sermos como Dã, estando muito longe, no extremo
norte da terra. Devemos ser sacerdotes, os filhos de Zadoque, e os reis que estão muito
próximos do Senhor. Na eternidade, seremos todos reis e sacerdotes (20:6; 22:3b-5).
Desfrutaremos leite e mel – todas as riquezas de Cristo.
Hoje, precisamos aprender a desfrutar Cristo. Em lugar de nos preocuparmos muito
com ensinamentos e dons, devemos nos preocupar com as riquezas de Cristo. Não fomos
predestinados para ensinamentos e dons; fomos predestinados para o desfrute de Cristo.
Portanto, precisamos aprender a desfrutar as riquezas de Cristo como a boa terra. Dia
após dia, devemos desfrutar Cristo: comendo-O, bebendo-O e respirando-O. Esse é o
caminho para avançarmos.

A CIDADE SANTA

Tanto Ezequiel quanto Apocalipse terminam com uma cidade, Jerusalém. Somente
uma cidade na Bíblia tem doze portas com os doze nomes das doze tribos de Israel, e
essa é a cidade de Jerusalém.
Visto que nos tornaremos por fim a Nova Jerusalém, devemos aplicar a nós mesmos
as coisas mencionadas em Ezequiel. Isso significa que não devemos considerar as
palavras de Ezequiel meramente como profecias. Embora o Livro de Ezequiel contenha
profecias, devemos aplicar esse registro primeiramente a nós mesmos, aplicando os
pontos em Ezequiel não meramente ao futuro, mas também ao presente.

O mesclar de Deus com o homem

Com essa cidade, temos o número doze, que é composto não de seis vezes dois,
mas de três vezes quatro. É três vezes quatro, porque há três portas nos quatro lados,
perfazendo um total de doze portas. Precisamos lembrar que quatro é o número da criatura
e que três é o número do Deus Triúno. Assim, doze significa o mesclar do Deus Triúno
com as criaturas.
Finalmente, essa cidade não é somente um mesclar, mas também um governo
perfeito com uma administração completa. Na Bíblia, o número doze também indica um
governo perfeito e uma administração em completação. Não é somente um mesclar da
divindade com a humanidade; é também um governo perfeito que procede desse mesclar.
Esse mesclar é para a eternidade. Essa cidade, que resulta do mesclar, exercerá plena
autoridade para a administração completa de Deus.
A igreja deve ser assim hoje. Isso significa que a igreja deve ser o mesclar de Deus
com o homem. A partir desse mesclar, haverá o governo da igreja para a administração de
Deus na terra.

Faz com que todos que entram sejam um

O fato que a cidade tem quatro lados com três portas de cada lado indica também
que, não importa de que lado entremos na cidade, estaremos na mesma cidade. Não
importa por que porta entremos, seremos um. Nessa cidade, não podemos ser divididos.

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Estudo-vida de Ezequiel. Tradução não
autorizada

Apocalipse 21:21 nos mostra que, na Nova Jerusalém, existe apenas uma rua. Não
importa de que direção venhamos, e não importa por que porta entremos, estaremos todos
na mesma rua. Nessa rua, existe o único fluir, o único rio, com a única bebida e com a
única árvore da vida (22:1-2). Nessa cidade, todos nós somos um. Temos uma rua, um rio,
um fluir, uma bebida, uma árvore da vida. De toda maneira, somos um.
O Livro de Ezequiel conclui com as palavras: “O nome da cidade desde aquele dia
será: O SENHOR Está Ali” (48:35b). Deus habita no templo, e Ele habita também na
cidade. No templo, Deus tem comunhão com Seu povo, e, na cidade, Ele reina entre Seu
povo. Isso indica que Deus desceu do céu para viver com o homem.
Esperamos que essa seja a situação em todas as igrejas locais. Na igreja como Seu
edifício hoje, Deus tem Seu templo, Sua habitação, e também Sua cidade para Sua admi-
nistração. Dessa maneira, a igreja se torna o centro para a comunhão com Deus e para o
reinar de Deus. Se tivermos o desfrute adequado de Cristo como a boa terra, haverá um
produto: o templo e a cidade. Quando existir o templo e a cidade na boa terra, Deus terá
Sua expressão, desfrutá-Lo-emos, e nós e Deus teremos mútua satisfação.

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