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ADMNISTRATIVO
ATOS ADMINISTRATIVOS
O ato administrativo produz efeitos jurídicos imediatos para os administrados, para
CONCEITO a própria Administração ou para seus servidores, criando, modificando ou
extinguindo direitos e obrigações.
O exercício da função executiva da Administração Pública se expressa por meio
de uma espécie de ato jurídico denominada de ato administrativo. Portanto, o
ato administrativo é uma espécie do gênero ato jurídico.
Fato jurídico em sentido amplo – fato jurídico lato sensu – o elemento que dá
origem aos direitos dos sujeitos, impulsionando a criação da relação jurídica,
concretizada pelas normas jurídicas. Em termos mais simples, é todo
acontecimento que possui algum significado para o direito.
ATRIBUTOS (PATI)
Os atributos, também chamados de características, dos atos administrativos são
as qualidades que os diferem dos atos privados. São, portanto, as características
que permitem afirmar que o ato se submete o ao regime jurídico de direito
público.
• Presunção de legitimidade
• Autoexecutoriedade
• Tipicidade
• Imperatividade
De cara, é importante saber que, segundo a doutrina, os atributos da presunção da
legitimidade e da tipicidade estão presentes em todos os atos administrativos; já a
autoexecutoriedade e a imperatividade não.
Presunção de legitimidade
A presunção de legitimidade diz respeito à conformidade do ato com a lei; por esse atributo,
presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com
observância da lei.
Inerente à presunção de legitimidade, tem-se a presunção de veracidade, que diz respeito aos
fatos; em decorrência desse atributo, presumem-se verdadeiros os fatos alegados pela
Administração para a prática de um ato administrativo, até prova em contrário.
Autoexecutoriedade
A autoexecutoriedade é a prerrogativa de que certos atos administrativos sejam executados
imediata e diretamente pela própria Administração, inclusive mediante o uso da força,
independentemente de ordem ou autorização judicial prévia.
Mesmo se não expressamente prevista, quando tratar-se de medida urgente que, acaso
não adotada de imediato, pode ocasionar prejuízo maior para o interesse público (ex:
demolição de prédio que ameaça ruir; internamento de pessoa contagiosa).
Segundo Maria Sylvia Di Pietro, na exigibilidade (coerção indireta), os meios de coerção vêm
sempre definidos na lei; já na executoriedade (coerção direta), podem ser utilizados
independentemente de previsão legal, para atender situação emergente que ponha em risco a
segurança, a saúde ou outro interesse da coletividade.
Tipicidade
Tipicidade é o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas
previamente pela lei como aptas a produzir determinados resultados.
Esse atributo decorre diretamente do princípio da legalidade, impedindo que a Administração
pratique atos inominados, vale dizer, atos sem previsão legal.
A tipicidade impede, também, a prática de atos totalmente discricionários (que seriam, na
verdade, arbitrários), pois a lei, ao prever o ato, já define os limites em que a discricionariedade
poderá ser exercida.
Imperatividade
Imperatividade é o atributo pelo qual os atos administrativos se impõem a terceiros,
independentemente da sua concordância, criando obrigações ou impondo restrições.
Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, a imperatividade não existe em todos os atos
administrativos, mas apenas naqueles que impõem obrigações ou restrições.
ELEMENTOS (CO FI FO MO OB)
Os elementos do ato administrativo são as partes que o compõem, a sua infraestrutura.
Também são chamados de requisitos ou pressupostos.
Os elementos do ato administrativo podem ser divididos em (i) essenciais e (ii) acidentais ou
acessórios.
Os elementos essenciais são aqueles sem os quais o ato administrativo não existe, ou seja, são
elementos necessários à validade do ato.
Ao lado dos elementos essenciais, os atos podem contar com elementos acidentais, isto é,
componentes que podem ou não estar presentes nos atos administrativos, ampliando ou
restringindo os seus efeitos jurídicos; e só podem existir nos atos discricionários, porque
decorrem da vontade das partes.
Competência
Competência é o poder atribuído ao agente para a prática do ato. Refere-se, portanto, ao sujeito
que, segundo a norma, é o responsável por praticar determinado ato (a doutrina, por vezes,
refere-se ao elemento competência simplesmente como “sujeito” ou “sujeito competente”).
Mas a lei não é fonte exclusiva da competência administrativa. Determinados agentes retiram
sua competência diretamente da Constituição, a exemplo do Presidente da República e dos
Ministros de Estado. A competência pode, ainda, derivar de normas administrativas infralegais
(atos de organização), como Regimentos Internos e Resoluções.
Assim, a competência pode ser:
Competência primária: é aquela prevista diretamente na lei ou na Constituição Federal.
Competência secundária: é aquela emanada de normas infralegais, como, por exemplo,
atos administrativos organizacionais. Deriva da lei, a qual deve autorizar expressamente a
normatização infralegal.
Critérios definidores da competência
A norma define a competência dos agentes públicos segundo alguns critérios de distribuição e
organização:
Características
A doutrina ensina que o elemento competência apresenta as seguintes características:
▪ É de exercício obrigatório: trata-se de um poder-dever do agente público, não
sendo exercido por sua livre conveniência, mas sim para a satisfação do interesse
público.
▪ É irrenunciável: em respeito ao princípio da indisponibilidade do interesse
público, o administrador atua em nome e interesse da coletividade, não
podendo renunciar àquilo que não lhe pertence. Todavia, a irrenunciabilidade
não impede que a Administração Pública transfira a execução de uma tarefa, isto
é, delegue o exercício da competência para fazer algo. A delegação, de toda
sorte, implica transferir apenas o exercício, eis que a titularidade da competência
continua a pertencer a seu ‘proprietário’ (autoridade delegante).
▪ É intransferível ou inderrogável: não se admite transação de competência, ou seja, a
competência não pode ser transmitida por mero acordo entre as partes. Uma vez fixada
em norma expressa, a competência deve ser rigidamente observada por todos. Mesmo
quando se permite a delegação, é preciso um ato formal que registre a prática. Essa
característica também decorre do princípio da indisponibilidade do interesse público.
▪ É imodificável por mera vontade do agente: só quem pode modificar competência
primária é a lei ou a Constituição.
▪ É imprescritível: mesmo quando não utilizada, não importa por quanto tempo, o agente
continuará sendo competente, ou seja, ele não perderá sua competência simplesmente
pelo fato de não utilizá-la.
▪ improrrogável: o fato de um órgão ou agente incompetente praticar um ato não faz
com que ele passe a ser considerado competente. Em outras palavras, o mero decurso
do tempo não muda a incompetência em competência. Para a alteração da
competência, registre-se, é necessária a edição de norma que especifique quem agora
passa a dispor da competência.
▪ Pode ser delegada ou avocada, desde que não haja impedimento legal.
Delegação e Avocação
Delegação consiste na transferência de funções de um agente a outro, normalmente de plano
hierárquico inferior. A regra geral é a possibilidade de delegação, a qual não é admitida somente
se houver impedimento legal.
O art. 13 da Lei 9.784/1999 dispõe que não podem ser objeto de delegação:
Essas funções são indelegáveis e, acaso transferidas, acarretam a invalidade não só do ato de
transferência, como dos praticados em virtude da delegação indevida. A doutrina também
aponta que as competências de ordem política não são passíveis de delegação, salvo se
expressamente autorizada pela Constituição.
Avocação, por sua vez, é o ato pelo qual a autoridade hierarquicamente superior chama para si
o exercício de funções que a norma originariamente atribui a um subordinado.
A doutrina é pacífica no sentido de que não é possível haver avocação sem que exista hierarquia
entre os agentes envolvidos.
A lei informa, ainda, que a avocação é medida de caráter excepcional, devendo ser feita apenas
“temporariamente” e “por motivos relevantes devidamente justificados”.
Vale destacar que a avocação não é possível quando se tratar de competência
exclusiva do subordinado.
Finalidade
Finalidade é o resultado pretendido pela Administração com a prática do ato administrativo.
Como a finalidade do ato é sempre aquela prevista na lei, não há espaço para o administrador
agir diferente, ou seja, a finalidade é sempre um elemento vinculado.
Conforme esclarece Maria Sylvia Di Pietro, a finalidade distingue-se do motivo porque este
antecede a prática do ato, correspondendo aos fatos, às circunstâncias, que levam a
Administração a praticar o ato. Já a finalidade sucede à prática do ato, porque corresponde a
algo que a Administração quer alcançar com a sua edição.
A finalidade também não se confunde com o objeto, pois este é o efeito jurídico
imediato que o ato produz, o seu resultado prático (aquisição, transformação ou
extinção de direitos), enquanto a finalidade é o efeito geral ou mediato (no
futuro) do ato, que é sempre o mesmo, expresso ou implicitamente estabelecido
na lei: a satisfação do interesse público.
Entretanto, existem atos administrativos praticados de forma não escrita, a exemplo de ordens
verbais, gestos, apitos, sinais sonoros ou luminosos (semáforos de trânsito), placas (proibido
fumar, proibido estacionar, etc.).
No Direito Administrativo, o aspecto formal do ato possui grande relevância, pois representa
uma garantia jurídica para o administrado e para a própria Administração. Não obstante, a
doutrina tem evoluído no sentido de se moderar as exigências quanto às formalidades. O
entendimento que se busca é que, para a prática de qualquer ato administrativo, devem ser
exigidas tão somente as formalidades estritamente essenciais, desprezando-se procedimentos
meramente protelatórios. É o chamado formalismo moderado.
Nessa linha, o art. 22 da Lei 9.784/1999 dispõe que “os atos do processo
administrativo não dependem de forma determinada senão quando a lei
expressamente a exigir”.
Não obstante, como regra, a forma ainda é vista pela doutrina como um elemento vinculado
do ato administrativo, visto que ele deve ser exteriorizado na forma que a lei exigir. Por outro
lado, quando a lei não exigir forma determinada para o ato administrativo, a Administração pode
pratica-lo com a forma que lhe parecer mais adequada. Nesse caso, a forma seria um elemento
discricionário do ato. Ressalte-se, porém, que a forma escolhida pela Administração deve
sempre assegurar segurança jurídica e, na hipótese de atos restritivos de direitos e
sancionatórios, possibilitar o exercício do contraditório e da ampla defesa.
Motivo
Motivo é o pressuposto de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo22.
Ou seja, são as razões que justificam a prática do ato.
Por outras palavras, quando a Administração motiva o ato (fosse ou não obrigatória a
motivação), ele só será válido se os motivos forem verdadeiros. Caso seja comprovada a não
ocorrência da situação declarada (pressuposto de fato), ou a inadequação entre a situação
ocorrida e o motivo descrito na lei (pressuposto de direito), o ato será nulo.
O objeto do ato identifica-se com o seu conteúdo. Para encontrar esse elemento, basta verificar
o que o ato enuncia, prescreve, dispõe30, indagando: “para que serve o ato?” Por exemplo, no
ato de demissão de servidor público, o objeto é a própria demissão. Na concessão de alvará de
construção, o objeto é a própria autorização para edificar, e assim por diante.
Vícios de competência
Em relação ao elemento competência, os vícios do ato administrativo podem ser decorrentes
de incompetência ou de incapacidade.
A incompetência fica caracterizada quando o ato não se inclui nas atribuições legais do agente
que o praticou e também quando o sujeito o pratica exorbitando de suas atribuições. Decorre
de:
A usurpação de função pública ocorre quando alguém se apodera das atribuições dos agentes
públicos, sem que, no entanto, tenha sido investido no cargo, emprego ou função.
Na hipótese de usurpação de função, os atos praticados pelo usurpador são
considerados inexistentes, afinal, o sujeito competente simplesmente não
existe.
A usurpação de função é capitulada no Código Penal como crime de particular
contra a Administração.
O excesso de poder ocorre quando o agente público excede os limites de sua competência
estabelecida em lei. Ou seja, o agente é competente até tal ponto, mas pratica atos além desse
limite.
Lembrando que o excesso de poder é uma das modalidades de abuso de poder (a outra
modalidade é o desvio de poder, que corresponde a vício no elemento finalidade).
Ocorre excesso de poder, por exemplo, quando a autoridade competente para aplicar a pena de
suspensão impõe a penalidade de demissão (mais grave), que não é de sua atribuição.
Todavia, o excesso de poder nem sempre acarreta a nulidade do ato: em regra, o vício admite
convalidação, ou seja, a autoridade que detém a competência pode ratificar o ato praticado
pelo agente incompetente, exceto quando se tratar de competência em razão da matéria ou
de competência exclusiva, hipóteses em que o ato deverá ser anulado.
A função de fato ocorre quando a pessoa que pratica o ato está irregularmente investida no
cargo, emprego ou função, mas a sua situação tem toda a aparência de legalidade.
Os atos praticados pelos funcionários de fato, segundo a teoria da aparência,
são considerados válidos e eficazes, perante terceiros de boa-fé, precisamente
pela aparência de legalidade de que se revestem.
Vícios de finalidade
Trata-se do desvio de poder ou desvio de finalidade, que ocorre quando o agente pratica ato
visando a fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na lei.
Vícios de forma
O vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de
formalidades indispensáveis, essenciais à existência ou seriedade do ato.
Em outras palavras, o ato é ilegal, por vício de forma, quando a lei expressamente
estabelece determinada forma como essencial à validade do ato e essa forma não
é observada na prática do ato.
O ato emitido com forma diversa da estabelecida na lei como essencial à validade do ato deve
ser anulado; nas demais hipóteses, em que a forma não é essencial, o vício de forma pode ser
convalidado, isto é, pode ser corrigido sem obrigar a anulação do ato.
Detalhe interessante é que a falta de motivação (declaração escrita dos motivos
que ensejaram a prática do ato), quando obrigatória, representa vício de forma,
acarretando a nulidade do ato.
Vícios de motivo
Por exemplo: se a Administração pune servidor, mas este não praticou qualquer infração, o
motivo é inexistente; por outro lado, se ele praticou infração diversa da apontada, o motivo é
falso; finalmente, se ele realmente praticou a conduta apontada, mas essa conduta não é
definida na lei como infração disciplinar, o motivo é ilegítimo ou juridicamente inadequado.
Em qualquer hipótese, o vício de motivo acarreta a invalidade do ato, sendo
obrigatória a sua anulação.
Vícios de objeto
Como visto, o objeto é o efeito jurídico imediato produzido pelo ato. Ocorrerá vício do objeto
quando este for:
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Um ato administrativo extingue-se por:
Vamos agora destrinchar um pouco mais as duas formas mais conhecidas de extinção dos atos
administrativos: anulação e revogação.