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“ESCALA DE AVALIAÇÃO DE TRAÇOS AUTÍSTICOS

(A.T.A.)”: um estudo de validade 1.

“SCALE FOR THE ASSESSMENT OF AUTISTIC


BEHAVIOUR (ATA)”: a validity study

1
Estudo realizada na AVAPE – Associação de Valorização e Promoção ao Excepcional – de São Bernardo do
Campo em associação com o PDD – Projeto Distúrbios do Desenvolvimento – do Instituto de Psicologia da USP
Resumo
O objetivo desta pesquisa foi realizar um novo estudo de
validade da Escala de Traços Autisticos (ATA). A Escala foi
aplicada em forma de entrevista às mães de crianças com
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e de crianças com
Deficiência Mental, previamente diagnosticadas por equipe
multidisciplinar com base nos dados do DSM IV – R. Foi utilizada
uma escala para avaliar o nível funcional dos sujeitos (Escala de
Comportamento adaptativo Vineland), com o objetivo de
homogeneizar as populações estudadas. Os dados obtidos
foram analisados estatisticamente, através do programa SSPSS,
realizando-se teste t para comparação de médias, analise de
variância de cada um dos itens e curva ROC, visando estabelecer
o melhor ponto de corte para diferenciação das populações. A
Escala de Traços Autísticos (ATA) apresentou grande
sensibilidade 0,82 e especificidade 0,75 para identificar os
Transtornos Invasivos do Desenvolvimento e mostrou-se mais
precisa para rastrear sintomas autísticos, especialmente com
ponto de corte 23, tanto na clínica como em grandes populações.

Palavras Chave: Transtorno Invasivo do


Desenvolvimento, Autismo, ATA, Deficiência Mental,
Diagnóstico Diferencial
SUMMARY

Key Words: Pervasive Developmental Disorders,


Autism, ATA, Mental Retardation, Diagnosis
“ESCALA DE AVALIAÇÃO DE TRAÇOS AUTÍSTICOS
(A.T.A.)”: um estudo de validade

1.INTRODUÇÃO
O autismo é considerado hoje como uma síndrome
comportamental com etiologias múltiplas e distúrbios de
desenvolvimento, caracterizados por déficits na interação
social, observados através da inabilidade em relacionar-
se com o outro, usualmente combinado a déficits na
linguagem e no relacionamento (Gillberg, 2001).
Com as mudanças conceituais que sofre a partir dos
anos 70, altera-se a questão epidemiológica passando de
casos raros, descritos esporadicamente, para
aproximadamente 1 a 5 casos em cada 10000 crianças,
numa proporção de 2 a 3 homens para 1 mulher
(Volkmar, 1996), ou mesmo uma proporção de 2:1000
(Bryson apud Cohen, 1985).
Observa-se ainda uma predominância do sexo
masculino conforme citado por Frith (1989) ou pelo
próprio DSM IV (1995), embora quando analisamos as
etiologias prováveis, não encontremos grande número de
pacientes com patologias vinculadas especificamente ao
cromossoma X, a qual justificaria essa diversidade.
Leboyer (in Lebovici, 1991) é textual quando diz que
“a confrontação das observações clínicas e dos dados
obtidos através da análise dos processos cognitivos e
emocionais permite considerar a descrição de um modelo
cognitivo anormal sustentando a patologia dos autistas”.
Seu diagnóstico pode ser realizado de forma clara,
sugerindo-se que a idade média para sua detecção é ao
redor de 3 anos, embora se sugira que ele já possa ser
bem estabelecido ao redor dos 18 meses de idade
(Baron-Cohen; 1992).
Muitas características do autismo, também são
encontradas em outros transtornos do desenvolvimento,
por isso foi descrito como “continuum” autístico variando
de acordo com o comprometimento cognitivo (Wing,
1988). Há uma grande relação com a deficiência mental e
esta associação chega até 2/3 dos casos (Kaplan,1997).
O conceito de deficiência mental é uma entidade
clínica de difícil precisão, pois varia de acordo com as
influências que sofre do meio no qual foi estruturado
(Assumpção Jr., Kuczynski, 2003), ou seja, está
relacionado ao funcionamento adaptativo, que refere-se
ao modo como o indivíduo enfrenta com eficiência, as
exigências cotidianas, e o grau em que atinge os critérios
de independência pessoal esperados quando comparados
aos demais de sua idade, bagagem sócio cultural e
contexto comunitário (APA, 2002).

Em um primeiro momento diagnóstico, o


rastreamento de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
pode ser realizado através de escalas passíveis de serem
aplicadas por professores especializados ou outros
profissionais, visando uma suspeita que, posteriormente,
pode ser, ou não, confirmada por um especialista.

2. OBJETIVO

Foi nosso objetivo avaliar, com finalidade de


aperfeiçoamento em sua validação, a escala diagnóstica
para autismo (ATA), construída por Domenech e
Ballabriga (1994), considerando-se a necessidade de
diferentes estudos, realizados em diferentes locais, para
que suas características possam ser melhor estabelecidas
para a população brasileira considerando-se a sua
importância na delimitação entre as populações com
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento e Deficientes
Mentais.

3. METODOLOGIA

3.a.POPULAÇÃO
Foram avaliados 93 sujeitos, com idades entre 4 e
12 anos (Média= 7a 3m) sendo 62 do sexo masculino e
31 do sexo feminino. Foram diagnosticados 41 crianças
com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (Grupo
Experimental), e 52 como apresentando unicamente
Deficiência Mental (Grupo Controle). Esses diagnósticos
foram realizados a partir de avaliação multidisciplinar
(médicos, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais) segundo os critérios referidos
pelo DSM IV-TR (2002).

3.b. INSTRUMENTO
A escala ATA é um instrumento de fácil aplicação,
acessível a profissionais que tem contato direto com a
população autista, por exemplo, professores, bem como
pais, informando o estado atual do paciente. Ela pode ser
aplicada por um profissional conhecedor do quadro, não
necessariamente médico, sendo ele o responsável pela
avaliação das respostas dadas, em função de cada item.
Não é, portanto, uma entrevista diagnóstica, mas uma
prova estandardizada que dá o perfil conductual da
criança, embasada nos diferentes aspectos diagnósticos.
Consiste na observação e permite fazer seguimentos
longitudinais da evolução, tendo por base a
sintomatologia autística, auxiliando também a elaboração
de um diagnóstico mais confiável desses quadros
(Assumpção 1999).
Essa escala é composta por 23 sub-escalas, cada
uma das quais dividida em diferentes itens. Sua
construção foi realizada levando-se em conta os critérios
diagnósticos do DSM-III, DSM-III-R (1989), e da CID-10,
e na primeira padronização (Assumpção;1999), foram
utilizadas também as correções de critérios decorrentes
da publicação do DSM-IV (APA, 1995). Assim sendo,
quinze das suas sub-escalas são representativas dos três
critérios básicos e somente as sub-escalas 8, 10 e 15 são
apontadas como itens adicionais nas escalas ERCN
(“Échelle d’évaluation resumée du comportement
autistique”), ERCA-IIIA (“Échelle d’évaluation resumée du
comportement du nourrison”) e a escala de Riviére. As
sub-escalas 1, 16 e 21 são aquelas que se apresentam
com maior freqüência nos instrumentos diagnósticos
revisados pelos autores.
Ela foi pontuada com base nos seguintes critérios:
cada sub-escala da prova tem um valor de 0 a 2;
pontuando-se cada sub item positivo no momento em que
o sujeito apresenta tal sintoma citado; se um item da
escala for positivo a pontuação da escala será 1, se dois
itens ou mais forem positivos a pontuação será 2, se
nenhum dos itens forem positivo a pontuação será 0. A
pontuação global da escala se faz a partir da soma
aritmética de todos os valores das sub-escalas.
Para a avaliação do nível de desenvolvimento, foi
utilizada a escala Vineland (Sparrow, Balla, Cicchetti;
1984) uma vez que ela é, devido à facilidade de sua
aplicação, bastante utilizada tanto para populações com
Deficiência Mental em nível moderado a profundo, bem
como com pessoas com Transtorno Invasivo do
Desenvolvimento que, em geral, não respondem aos
testes psicométricos (Klin;2006). Sua utilização, em nosso
estudo, teve por finalidade homogeneizar ambas as
populações estudadas bem como poder verificar a
importância do prejuízo no desenvolvimento mascarando
os sintomas autísticos.
O Vineland avalia o nível funcional da criança em
quatro áreas, a saber, comunicação, atividades de vida
diária, socialização e habilidades motoras mensurando
um quociente de desenvolvimento.

3.c. PROCEDIMENTOS
A ATA e o Vineland foram administrados após
informação detalhada dos dados clínicos e evolutivos da
criança, tendo requerido tempo pequeno para sua
aplicação, ao redor de 30 minutos para cada instrumento.
Os dados obtidos foram analisados
estatisticamente, através do programa SSPSS,
realizando-se teste t para comparação de médias, análise
da variância de cada um dos itens e curva ROC, esta
visando o estabelecimento do melhor ponto de corte para
diferenciação dessas duas populações objetivando-se
determinar os melhores pontos de sensibilidade e de
especificidade.

4. RESULTADOS
A partir da avaliação realizada, conforme os
procedimentos descritos, obtivemos:
Tab. 1 - Tabela de médias e desvios padrão, e comparação entre os grupos
TID (Transtorno abrangente de desenvolvimento) e RM (Retardo Mental)
através do teste t de Student, p=0,05

Desvio
GRUPO N Média padrão p
A.T.A RM 49 14,92 9,44 <0,01 *
TID 39 30,49 6,84
VINELAND RM 51 36,25 10,89 1,52
TID 40 35,03 10,10
Tab.2 - Tabela de médias e desvios padrão, e comparação entre os grupos
TID (Transtorno abrangente de desenvolvimento) e RM (Retardo Mental),
considerando-se QD<50, através do teste t de Student, p=0,05

Desvio
GRUPO N Média padrão p
A.T.A RM 45 15,11 9,63 0,028 *
TID 34 30,82 6,59
VINELAND RM 46 34,11 9,09 ,45
TID 35 32,29 7,33
Tab. 3 - Tabela de médias e desvios padrão, e comparação entre os grupos
TID (Transtorno abrangente de desenvolvimento) e RM (Retardo Mental),
considerando-se QD>50, através do teste t de Student, p=0,05

Desvio
GRUPO N Média padrão p
A.T.A RM 4 12,75 7,54 0,028 *
TID 5 28,20 8,87
VINELAND RM 5 56,00 3,67 ,45
TID 5 54,20 3,56 1,59
Tab. 4 - Coordenadas da Curva ROC

Test Result Variable(s): A . T . A


Positivo se 1-
maior ou igua Sensibilid especificida
a ade de
1,00 1,000 1,000
3,00 1,000 ,980
4,50 1,000 ,918
5,50 1,000 ,816
6,50 1,000 ,776
7,50 1,000 ,735
8,50 1,000 ,653
9,50 1,000 ,612
10,50 1,000 ,571
11,50 1,000 ,551
12,50 1,000 ,469
14,00 1,000 ,429
15,50 1,000 ,408
16,50 1,000 ,367
17,50 1,000 ,327
18,50 ,974 ,306
19,50 ,949 ,306
20,50 ,846 ,286
21,50 ,821 ,265
23,00 ,821 ,245
24,50 ,769 ,224
25,50 ,718 ,224
26,50 ,667 ,224
27,50 ,667 ,204
28,50 ,615 ,143
29,50 ,590 ,102
31,00 ,564 ,041
32,50 ,487 ,041
33,50 ,410 ,000
34,50 ,333 ,000
35,50 ,282 ,000
36,50 ,231 ,000
37,50 ,179 ,000
38,50 ,128 ,000
39,50 ,051 ,000
41,00 ,000 ,000
5. DISCUSSÃO
A média do total de pontos obtidos através da ATA foi
de 14,92 ( 9,44) para a população com Deficiência
Mental e de 30,49 ( 6,84) para a população com TID.
Assim sendo, ao não encontrarmos diferenças
significativas entre as médias obtidas através do Vineland,
para Deficientes Mentais de 36,25 ( 10,89) e para os
autistas de 35,03 ( 10,10) o que não se mostrou
estatisticamente diferente (Tab 1), podemos dizer que
ambas as populações estudadas, embora iguais no que
se refere ao seu comprometimento intelectual, diferiam
significativamente em relação à sintomatologia autística.
Considerando-se a curva ROC, o melhor ponto de
corte encontrado foi de 23, para p = 0,05 (Tab.4). Como a
validade externa e análise da consistência interna da
escala já haviam sido avaliadas em estudo anterior
(Assumpção, 1999) com populações semelhantes, não o
fizemos neste momento.
Quando comparamos as amostras de pacientes com
TID e de pacientes com Deficiência Mental, encontramos
diferenças não somente entre as médias gerais mas
também, quando subdividimos a população estudada em
duas amostras a partir de seus níveis de desenvolvimento
( Tabs. 2,3 ) não se observando correlação entre as
escalas ATA e Vineland.
A avaliação de comportamentos que permita o
reconhecimento de traços autísticos e, em conseqüência,
possibilite um diagnóstico populacional, é de extrema
importância uma vez que muitos dos casos portadores do
quadro misturam-se com a população com Deficiência
Mental, ficando restrita a esse atendimento e não sendo
passível de identificação.
A proposta deste estudo visou melhorar estudo
anterior (Assumpção, 1999) de validação da escala de
traços autísticos (ATA), desenvolvida em Barcelona
(Domenech e Ballabriga 1994), adaptando-a ao DSM IV e
a realidade brasileira, para que ela avalie, de maneira
confiável, as condutas autísticas na criança. O novo ponto
de corte obtido (23) para um p=0,05, permite-nos
estabelecer uma suspeita diagnóstica bastante precisa do
quadro em questão.
A diferença observada por nós nos escores obtidos
em ambas as populações estudadas, mostra sua
sensibilidade para a detecção de quadros suspeitos.
Assim, embora não dispense o diagnóstico clínico, este
instrumento permite uma primeira triagem desses quadros
e, posteriormente, pode ser utilizado também como guia
da evolução do tratamento, uma vez que engloba as
diferentes áreas comprometidas pela patologia.
Como apresenta grande sensibilidade (0,82) e
especificidade 0,75), em relação aos critérios para os
quais foi adaptada, podemos considerar que, embora não
substitua nem proponha critérios diferentes daqueles
utilizados pelos atuais sistemas classificatórios, uma vez
que é baseada em um deles (DSM IV), acreditamos que
sua utilização mostre-se de grande valia para o estudo do
autismo em nosso meio.
Seis itens (1, 6, 16, 21, 22 e 23) apresentaram
alta correlação com o diagnóstico sendo os melhores
discriminadores entre os quadros de Transtorno
Invasivo de Desenvolvimento e Deficiência Mental.
Esses itens correspondem a algumas características
básicas desses quadros clínicos, a saber, a dificuldade na
interação social (1), a falta de contato visual; olhar
indefinido (6), alterações de linguagem e comunicação
(16), movimentos repetitivos e estereotipados (21), outra
que não pertence à constelação descrita através do DSM-
IV TR embora seja clinicamente importante pois refere-se
a ignorar o perigo (22). Finalmente, a percepção de início
mais precoce, antes dos 36 meses, foi melhor detectada
na população portadora de TID em contraposição a
portadora de Deficiente Mental (23).
Portanto independente do resultado do score total
da ATA é importante verificar a pontuação dessas sub-
escalas, pois elas somadas a observação clínica podem
melhorar a acurácia do diagnóstico diferencial.
Posteriormente a rastreamentos de tipo
populacional, considerando-se um diagnóstico clínico
mais acurado e especializado temos que nos reportar aos
critérios do DSM-IV TR (1996) através do qual é relatado
como um quadro iniciado antes dos três anos de idade,
decorrente de uma vasta gama de condições pré, peri e
pós-natais.

6. BIBLIOGRAFIA
Sparrow,SS; Balla,DA; Cicchetti,DV. Vineland Adaptative
Behaviour Scales. Minnesota; AGS; 1984
1. APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos
mentais - DSM-IV. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
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London: Royal College of Psychiatrists & The National Autistic Society, 1988.         [
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9. Lelord GF. Remarques sur les échelles d'évaluation. Neuropsychiatrie de l'Enfance


1986;34:119-121.         [ Reference links services ]

10. Ballabriga MCJ, Escudé RMC, Llaberia ED. Escala d'avaluació dels trests
autistes (A.T.A.): validez y fiabilidad de una escala para el examen de las conductas
autistas. Rev Psiquiatria Infanto-Juvenil 1994;4:254-263.         [ Reference links
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CID –10 Classificação de transtornos mentais e de comportamento:

Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre, Artes

médicas, 1993.

Gillberg, C. (1990). What is autism? Int. Ver. Psychiat, v.2, p. 61-66.

Wing, L. (1988). The autistic continuum; In: Wing, L. Aspects of

autism: biologial reserch. London, Royal College of Psychiatrists

& The National Autistic, p. 5-8.

ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA (APA) Manual de Diagnóstico e Estatística de Distúrbios


Mentais (DSM IV TR). 4º Edição, Porto Alegre: Artmed, 2002.
ANEXO I

ESCALA DE TRAÇOS AUTÍSTICOS

1. DIFICULDADE NA INTERAÇÃO SOCIAL


O. desvio da sociabilidade pode oscilar entre formas
leves como, por exemplo, um certo negativismo e a não
aceitação do contato ocular, até formas mais graves,
como um intenso isolamento.

1.Não sorri ; 2.Ausência de aproximações espontâneas;


3.Não busca companhia;
4. Busca constantemente seu cantinho (esconderijo);
5.Evita pessoas; 6.É incapaz de manter um intercâmbio
social; 7.Isolamento intenso

II. MANIPULAÇÃO DO AMBIENTE


O problema da manipulação do ambiente pode
apresentar-se a nível mais ou menos grave, como, por
exemplo, não responder às solicitações e manter-se
indiferente ao ambiente. O fato mais comum é a
manifestação brusca de crises de birra passageira, risos
incontroláveis e sem motivo, tudo isso com o fim de
conseguir ser o centro da atenção
1. Não responde às solicitações; 2. Mudança repentina de
humor; 3.Mantém-se indiferente, sem expressão; 4. Risos
compulsivos; 5. Birra e raiva passageira; 6.Excitação
motora ou verbal (ir de um lugar a outro, falar sem parar)

III. UTILIZAÇÃO DAS PESSOAS A SEU REDOR


A relação que mantém com o adulto quase nunca é
interativa, dado que normalmente utiliza-se do adulto
como o meio para conseguir o que deseja.

1. Utiliza-se do adulto como um objeto, levando-o até aquilo


que ele deseja; 2.O adulto lhe serve como apoio para
conseguir o que deseja (p.ex.: utiliza o adulto como apoio
para pegar bolacha); 3.O adulto é o meio para suprir uma
necessidade que não é capaz de realizar só ( p.ex.:
amarrar sapatos); 4. Se o adulto não responde as suas
demandas, atua interferindo na conduta desse adulto.

IV. RESISTÊNCIA À MUDANÇA


A resistência à mudança pode variar da irritabilidade
até a franca recusa.

1. Insistente em manter a rotina; 2.Grande dificuldade em


aceitar fatos que alteram sua rotina, tais como mudanças
de lugar, de vestuário e na alimentação; 3.Apresenta
resistência a mudanças, persistindo na mesma resposta
ou atividade

V. BUSCA DE UMA ORDEM RÍGIDA


Manifesta tendência a ordenar tudo, podendo chegar a
uma conduta de ordem obsessiva, sem a qual não
consegue desenvolver nenhuma atividade.
1. Ordenação dos objetos de acordo com critérios próprios e
pré-estabelecidos; 2.Prende-se a uma ordenação espacial
(Cada coisa sempre em seu lugar); 3.Prende-se a uma
seqüência temporal (Cada coisa em seu tempo);
4.Prende-se a uma correspondência pessoa-lugar (Cada
pessoa sempre no lugar determinado)

VI. FALTA DE CONTATO VISUAL. OLHAR INDEFINIDO


A falta de contato pode variar desde um olhar estranho
até o constante evitar dos estímulos visuais

1. Desvia os olhares diretos, não olhando nos olhos; 2.Volta


a cabeça ou o olhar quando é chamado (olhar para fora);
3.Expressão do olhar vazio e sem vida; 4.Quando segue
os estímulos com os olhos, somente o faz de maneira
intermitente; 5.Fixa os objetos com uma olhada periférica,
não central; 6.Dá a sensação de que não olha

VII. MÍMICA INEXPRESSIVA


A inexpressividade mímica revela a carência da
comunicação não verbal. Pode apresentar desde uma
certa expressividade até uma ausência total de resposta.

1. Se fala, não utiliza a expressão facial, gestual ou vocal


com a freqüência esperada; 2.Não mostra uma reação
antecipatória; 3.Não expressa através da mímica ou olhar
aquilo que quer ou o que sente; 4.Imobilidade facial

VIII. DISTÚRBIOS DE SONO


Quando pequeno dorme muitas horas e, quando
maior, dorme poucas horas, se comparado ao padrão
esperado para a idade. Esta conduta pode ser constante,
ou não.
1. Não quer ir dormir; 2.Se levanta muito cedo; 3.Sono
irregular (em intervalos); 4.Troca ou dia pela noite;
5.Dorme muito poucas horas.

IX. ALTERAÇÃO NA ALIMENTAÇÃO


Pode ser quantitativa e/ou qualitativa. Pode incluir
situações, desde aquela em que a criança deixa de se
alimentar até aquela em que se opõe ativamente.

1. Seletividade alimentar rígida (ex.: come o mesmo tipo de


alimento sempre); 2.Come outras coisas além de
alimentos (papel, insetos); 3.Quando pequeno não
mastigava; 4.Apresenta uma atividade ruminante;
5.Vômitos; 6.Come grosseiramente, esparrama a comida
ou a atira; 7.Rituais ( esfarela alimentos antes da
ingestão); 8.Ausência da paladar (Falta de sensibilidade
gustativa)

X. DIFICULDADE NO CONTROLE DOS ESFÍNCTERES


O controle dos esfíncteres pode existir, porém a sua
utilização pode ser uma forma de manipular ou chamar a
atenção do adulto.

1. Medo de sentar-se no vaso sanitário; 2.Utiliza os


esfíncteres para manipular o adulto; 3.Utiliza os
esfíncteres como estimulação corporal, para obtenção de
prazer; 4.Tem controle diurno, porém o noturno é tardio
ou ausente

XI. EXPLORAÇÃO DOS OBJETOS (APALPAR,


CHUPAR)
Analisa os objetos sensorialmente, requisitando mais
os outros órgãos dos sentidos em detrimento da visão,
porém sem uma finalidade específica

1. Morde e engole objetos não alimentares; 2.Chupa e


coloca as coisas na boca; 3.Cheira tudo; 4.Apalpa tudo.
Examina as superfícies com os dedos de uma maneira
minuciosa

XII. USO INAPROPRIADO DOS OBJETOS


Não utiliza os objetos de modo funcional, mas sim de
uma forma bizarra.

1. Ignora os objetos ou mostra um interesse momentâneo;


2.Pega, golpeia ou simplesmente os atira no chão;
3.Conduta atípica com os objetos (segura
indiferentemente nas mãos ou gira); 4.Carrega
insistentemente consigo determinado objeto; 5.Se
interessa somente por uma parte do objeto ou do
brinquedo; 6.Coleciona objetos estranhos; 7.Utiliza os
objetos de forma particular e inadequada

XIII. FALTA DE ATENÇÃO


Dificuldades na fixação e concentração. Às vezes,
fixa a atenção em suas próprias produções sonoras ou
motoras, dando a sensação de que se encontra ausente.

1. Quando realiza uma atividade, fixa a atenção por curto


espaço de tempo ou é incapaz de fixá-la; 2.Age como se
fosse surdo; 3.Tempo de latência de resposta aumentado;
4.Entende as instruções com dificuldade (quando não lhe
interessa, não as entende); 5.Resposta retardada;
6.Muitas vezes dá a sensação de ausência
XIV. AUSÊNCIA DE INTERESSE PELA APRENDIZAGEM
Não tem nenhum interesse por aprender, buscando
solução nos demais. Aprender representa um esforço de
atenção e de intercâmbio pessoal, é uma ruptura em sua
rotina.

1. Não quer aprender; 2.Se cansa muito depressa, ainda


que em atividade que goste; 3.Esquece rapidamente;
4.Insiste em ser ajudado, ainda que saiba fazer; 5.Insiste
constantemente em mudar de atividade

XV. FALTA DE INICIATIVA


Busca constantemente a comodidade e espera que
lhe dêem tudo pronto. Não realiza nenhuma atividade
funcional por iniciativa própria.

1. É incapaz de ter iniciativa própria; 2.Busca a comodidade;


3.Passividade, falta de interesse; 4.Lentidão; 5.Prefere
que outro faça o trabalho para ele

XVI. ALTERAÇÃO DE LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO


É uma característica fundamental do autismo, que
pode variar desde um atraso de linguagem até formas
mais severas, com uso exclusivo de fala particular e
estranha.

1. Mutismo; 2.Estereotipias vocais; 3.Entonação incorreta;


4.Ecolalia imediata e/ou retardada; 5.Repetição de
palavras ou frases que podem ou não ter valor
comunicativo; 6.Emite sons estereotipados quando está
agitado e em outras ocasiões, sem nenhuma razão
aparente; 7.Não se comunica por gestos; 8.As interações
com adulto não são nunca um diálogo
XVII. NÃO MANIFESTA HABILIDADES E
CONHECIMENTOS
Nunca manifesta tudo aquilo que é capaz de fazer ou
agir, no que faz referência a seus conhecimentos e
habilidades, dificultando a avaliação dos profissionais.

1. Ainda que saiba fazer uma coisa, não a realiza, se não


quiser; 2.Não demonstra o que sabe até que tenha uma
necessidade primária ou um interesse iminentemente
específico; 3.Aprende coisas, porém somente a
demonstra em determinados lugares e com determinadas
pessoas; 4.As vezes surpreende por suas habilidades
inesperadas

XVIII. REAÇÕES INAPROPRIADAS ANTE A


FRUSTRAÇÃO
Manifesta desde o aborrecimento à reação de cólera,
ante a frustração.

1. Reações de desagrado caso seja esquecida alguma


coisa; 2.Reações de desagrado caso seja interrompida
alguma atividade que goste; 3.Desgostoso quando os
desejos e as expectativas não se cumprem; 4.Reações de
birra

XIX NÃO ASSUME RESPONSABILIDADES


Por princípio, é incapaz de fazer-se responsável,
necessitando de ordens sucessivas para realizar algo.

1. Não assume nenhuma responsabilidade, por menor que


seja; 2.Para chegar a fazer alguma coisa, há que se
repetir muitas vezes ou elevar o tom de voz

XX. HIPERATIVIDADE/ HIPOATIVIDADE


A criança pode apresentar desde agitação, excitação
desordenada e incontrolada, até grande passividade, com
ausência total de resposta. Estes comportamentos não
tem nenhuma finalidade.

1. A criança está constantemente em movimento; 2.Mesmo


estimulada, não se move; 3.Barulhento. Dá a sensação de
que é obrigado a fazer ruído/barulho; 4.Vai de um lugar a
outro, sem parar; 5.Fica pulando (saltando) no mesmo
lugar; 6.Não se move nunca do lugar onde está sentado

XXI. MOVIMENTOS ESTEREOTIPADOS E


REPETITIVOS
Ocorrem em situações de repouso ou atividade, com
início repentino.

1. Balanceia-se; 2.Olha e brinca com as mãos e os dedos;


3.Tapa os olhos e as orelhas; 4.Dá pontapés; 5.Faz
caretas e movimentos estranhos com a face; 6.Roda
objetos ou sobre si mesmo; 7.Caminha na ponta dos pés
ou saltando, arrasta os pés, anda fazendo movimentos
estranhos; 8.Torce o corpo, mantém uma postura
desequilibrada, pernas dobradas, cabeça recolhida aos
pés, extensões violentas do corpo

XXII. IGNORA O PERIGO


Expõe-se sem ter consciência do perigo
1.Não se dá conta do perigo; 2.Sobe em todos os
lugares; 3.Parece insensível a dor

XXIII. APARECIMENTO ANTES DOS 36 MESES (DSM-IV)

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