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Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de Gestão e Negócios
MBA em Gestão Estratégica, Resultados e Liderança

Alex da Cruz Santos Silva

Brasília - DF
2018
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Se eu tivesse o anel de Giges, eu prestaria mais atenção naquilo que eu


precisasse aprender. Eu o usaria em situações que favorecessem meu aprendizado
tanto na vida profissional como pessoal. Mas eu não o utilizaria para tirar vantagem
de ninguém, porque isso entraria em contradição com o que eu acredito: eu quero
ser uma pessoa melhor cada vez mais e não gosto de ser enganado. Não faço aos
outros o que eu não gostaria que fizessem comigo.
Ora, o Anel de Giges é uma história pertencente a um texto que aparece nos
Livros II e III da obra A República, de Platão. Se refere a um diálogo entre Glauco e
Sócrates, no qual eles refletem sobre a justiça e a injustiça. Glauco pretende
convencer Sócrates de que a justiça e a injustiça sempre caminham juntas.
Ademais, quer refletir sobre como ambas agem diante dos impulsos causados pela
paixão. Para apresentar esta ideia, utiliza-se de um recurso imaginário, que é a
história de Giges.
Giges usou o anel para seduzir a rainha, para matar o rei e tomar a posse do
reino. Então a moral da história é: o pastor se aproveitou para agir de forma errada,
uma vez que ninguém o estava vendo. Isso nos faz lembrar de uma frase famosa:
"Ética é aquilo que você faz quando todos estão vendo. Caráter é o que você faz
quando não tem ninguém olhando."
Independentemente de nossas capacidades para o agir moral, essa história
mostra a fragilidade de nossa disposição para a moralidade, não de nosso
conhecimento dela, o que nos leva à suposição de que o exercício da virtude,
enquanto comportamento adequado à visibilidade, conviria mais para o “aparentar-
ser” da etiqueta do que para o “dever-ser” da ética.
Essa lenda mostra que qualquer pessoa, justa ou injusta, agirá sempre de
forma a angariar os maiores privilégios e benefícios, seguindo regras morais
somente por obrigação. Depreende-se daí a diferença entre justiça e virtude. Bittar
(2001) afirma que na produção de resultados em meio ao convívio social, justiça e
virtude são iguais. Mas apesar de serem materialmente coincidentes, uma distinção
deve ser feita: “Diz-se que um homem é justo ao agir na legalidade; diz-se que um
homem é virtuoso quando, por disposição de caráter, orienta-se segundo esses
mesmos valores, mesmo sem a necessária presença da lei ou conhecimento da
mesma”. Portanto, o homem virtuoso é aquele que age ininterruptamente de forma
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virtuosa, mesmo que não esteja sendo visto. Como o homem pode tornar inerente, à
sua natureza, a virtude? Aristóteles afirmava que o caminho para a felicidade
(eudaimonía) é a prática ética, adquirida por hábito, com consciência intencional e
de livre escolha.
Em grego, ética (ethos), quer dizer hábito. Isto é, apesar da predisposição
natural do homem para a injustiça, é possível que o homem estabeleça condutas
condizentes com a virtude, por meio da ética.

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