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1 – DA EXPOSIÇÃO FÁTICA
A Autora viveu em união estável, possuindo inegável vínculo de dependência
econômica com _________________________ por mais de 48 anos. O
relacionamento afetivo perpetrado por ambos teve início ainda na longínqua década
de 1960, perdurando até o último dia de vida do Sr. ______________________, que
sucumbiu em ____________, conforme certidão de óbito anexa (ANEXO IV).
Durante quase 50 (cinquenta) anos, a Autora foi companhia fiel em do ex-segurado,
permanecendo ao seu lado, inclusive em seu leito de morte, até seu falecimento. Havia
entre eles plena comunhão de vida.
Em que pese o fato de não residirem juntos, seu relacionamento foi frutífero e
duradouro. Não sendo, pois, casados e por habitarem cidade interiorana de Minas
Gerais, onde o tradicionalismo impera com mais rigidez, optaram por viver cada qual
em sua moradia. Tal fato, porém, em nada prejudicava sua intensa convivência, uma
vez que eram vizinhos.
Autora e ex-segurado conviviam como se casados fossem, apresentado-se perante
suas famílias e círculo social como um casal genuíno. Sempre compareceram a todos
os eventos sociais e familiares como companheiros de vida íntima. A Postulante é
testemunha de casamento de diversos familiares do ex-segurado, sob condição de
esposa/companheira.
Já há alguns meses, ___________________ encontrava-se acometido por grave
moléstia, diagnosticada como câncer de cólon, de sorte que pretendia dispor da
totalidade de seus poucos bens em favor da Autora.
Os únicos bens a serem transmitidos seriam um imóvel residencial, além dos
utensílios domésticos que o compunham.
Contudo, a Requerente optou por não aceitar a redação de testamento em seu favor, a
fim de que o imóvel pertencente a seu amado companheiro de vida fosse transmitido a
seus colaterais, uma vez que ele não deixara descendentes.
Como possui residência própria, a Postulante não necessitaria da casa em que outrora
viveu seu companheiro.
Porém, por serem ambos economicamente interdependentes, o valor percebido
mensalmente a título de aposentadoria pelo ex-segurado era essencial na manutenção
da vida e saúde da Requerente.
Apesar de estar acometido por neoplasia maligna, o de cujus mantinha relativa boa
saúde, até o dia 11.05.2012, quando, em decorrência de infarto do miocárdio, veio a
óbito.
Alguns dias após o nefasto evento, a Autora encaminhou-se a uma das Agências da
Previdência Social visando habilitar-se como única dependente de
____________________ e, nesta condição, requerer a pensão previdenciária
decorrente sua morte.
Todavia, mesmo após a entrega de toda a documentação comprobatória solicitada pelo
INSS, foi-lhe negado o direito ao benefício, ao argumento de que não teria sido
reconhecida sua condição de companheira em relacionamento de união estável com o
ex-segurado.
Mesmo após insistente argumentação, os servidores da Autarquia Ré informaram que
não seria possível a concessão da pensão por morte de ________________.
Diante disso, alternativa não resta à Autora senão recorrer ao Judiciário para fazer
valer seu direito à percepção do benefício então pleiteado.
2 – DO DIREITO À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO
Inicialmente, cumpre destacar a oportuna lição do professor FÁBIO ZAMBITTE
IBRAHIM, sobre o benefício pensão por morte e a quem este se destina:
Desta forma, a Postulante deve ser qualificada como dependente do ex-segurado, uma
vez que é inequívoco o vínculo de união estável que perpetuou com
___________________________, quando em vida deste. Todos os documentos
trazidos aos autos evidenciam a vida conjugal de ambos e sua convivência em comum
perante a sociedade. Insta destacar que toda a extensa documentação anexada é
recente, comprovando que o vínculo entre Autora e ex-segurado perpetuou-se até
o falecimento deste.
Em cotejo com o robusto conjunto probatório acostado a esta exordial e em
consonância com a legislação atinente, inafastável é o dever do Réu em conceder o
benefício pleiteado pela Autora.
Por tudo quanto fora exposto, restou demonstrada a necessidade de antecipação dos
efeitos da tutela jurisdicional, vez tratar-se de direito advindo da lei e que vem sendo
negado peremptoriamente pelo Réu, bem como pela iminência de imensuráveis danos
à Requerente.
ADVOGADO
OAB n° …. – UF