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PROJETO DE ENSINO:
Alunos de Pós-Graduação
Monitores
Objetivos gerais:
Conhecer e aplicar os métodos empregados para teste pré-clínico de medicamentos,
conforme a legislação brasileira e internacional
Conduzir trabalho científico pré-clínico em todas as etapas, desde a execução dos
experimentos, coleta de dados, análise estatística dos dados, elaboração de trabalho escrito,
aplicando conhecimentos básicos de informática
Treinar apresentação de trabalho científico em atividade semelhante à apresentação oral
de evento científico
Objetivos secundários:
Integrar os conhecimentos teóricos apresentados sob a forma de aulas teóricas e
seminários com a observação do efeito dos fármacos em espécies animais (ver Anexo I)
Mensurar o efeito de fármacos administrados aguda ou cronicamente
Durante o primeira série da Disciplina são realizadas, dentre outras atividades, aulas
práticas nas terça-feira das 16 às 18 horas para as Turmas A e B e nas quintas-feiras das
16 às 18 horas para as Turmas C e D. A cada dia da semana são alternadas as turmas.
Nestas aulas os alunos de cada turma são agrupados em grupos de 5 alunos em diferentes
mesas de trabalho prático. Cada mesa é acompanhada por um monitor da Disciplina. A
atividade prática é sempre acompanhada de um professor e um ou dois técnicos de
laboratório.
Anualmente são planejados experimentos de caráter inovador ou original,
envolvendo a mensuração de alterações comportamentais, fisiológicas ou bioquímicas de
ratos ou camundongos administrados com diferentes doses de fármacos. Para constituir
cada experimento, com o número adequado de indivíduos experimentais por grupo, são
feitos procedimentos iguais para cada uma das 4 turmas, ou seja, são realizados
experimentos de um mesmo protocolo nas 3as e 5as feiras de duas semanas consecutivas,
para que todos alunos participem de cada um dos protocolos e para que se possa coletar o
número suficiente de dados de cada protocolo.
Coletados os dados, os alunos se dividem em grupos de até seis alunos para compor
banco de dados em Excel e recebem treinamento em análise estatística (programas Primer
e Sigma Stat), orientação para elaboração de trabalho científico e para apresentação de
trabalhos em congressos científicos. Para cada um dos experimentos há um professor
orientador e um ou dois monitores orientadores. Os monitores orientadores são
previamente treinados pelos professores e são os primeiros contatos de orientação para os
grupos, mantendo reuniões sistemáticas com os professores. Os grupos podem agendar
reuniões com o professor e monitor sempre que desejarem.
No início do semestre subsequente estes trabalhos são apresentados em uma
atividade curricular denominada de “Encontro de Farmacologia Pré-Clínica dos alunos da
Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre”. Esta atividade é
realizada com toda a turma, cada subgrupo apresenta o seu trabalho oralmente em 5
minutos, havendo mais 5 minutos de arguição pela platéia e pela banca de avaliação. Esta
banca é contituida de 2 monitores, 2 alunos de Pós-Graduação em Farmacologia e 2
professores. A banca confere um conceito pelas apresentações que compõe 50 % da nota
da avaliação. O trabalho, em moldes de manuscrito para ser submetido à Revista Pesquisa
Médica, deve ser entregue por escrito, em duas vias. Este trabalho é lido por dois
professores. A nota da avaliação é uma média da nota conferida ao trabalho escrito e da
apresentação oral. Uma via dos trabalhos escritos é devolvida ao alunos e a outra é
disponibilizada na biblioteca do SISP-Farmacologia-FFFCMPA.
Aspectos éticos:
Todas as atividades com os animais de laboratório são feitas em presença de
professores, técnicos de laboratório e monitores com experiência em atividades práticas de
Farmacologia.
Há orientação permanente e/ou mediante escala e agendamento por professores e
por monitores e estagiários durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro para a
realização de trabalho em moldes científicos.
Avaliação:
A participação de cada aluno nas atividades práticas é avaliada pelos monitores
através da Ficha de Avaliação abaixo.
Ao grupo de alunos que apresentar o melhor trabalho de Farmacologia Pré-Clínica
é oferecido um prêmio com Diploma de Menção Honrosa.
Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre
Disciplina de Farmacologia Básica e Clínica –
Ficha de Avaliação de Aulas-Práticas
Monitor Responsável: ..........................Data:............. Turma: ........... Mesa: .........
Nome dos Alunos da Mesa – nº _________
Sim Não
1. O aluno está ciente do protocolo
2. O aluno demonstra ter estudado o assunto do protocolo
(medicamentos, procedimentos, validade do modelo)
3. O aluno demonstra interesse durante todo período da aula-prática
4. O aluno participa de forma efetiva, colaborando com o grupo
5. O aluno demonstra ser organizado durante a execução dos
experimentos
6. O aluno é capaz desenvolver todas as fases do experimento:
a) cálculo de doses
b) preparação das injeções
c) imobilização do animal
d) aplicação do medicamento
e) coleta dos dados
7. O aluno solicita/aceita orientação do monitor e professor
8. O aluno é capaz de discutir os resultados encontrados
9. O aluno está usando avental
MATERIAL E MÉTODOS GERAIS
Animais: São utilizados animais adultos, machos ou fêmeas: ratos da cepa Wistar
ou camundongos das cepas Balb, CF1, C57, C3H criados no Biotério da FFFCMPA.
Drogas: As drogas utilizadas podem ser as mais variadas, dentro dos estudos
citados na lista acima.
Quando utilizada em ratos são preparadas na proporção de DOSE /kg de peso do
animal/ml. Para camundongos, utiliza-se apreparação de DOSEx10/kg de peso do
animal/ml. Com isto se facilita a aplicação dos medicamentos, bastando utilizar as
correlações:
Ratos- peso do animal em kilo volume do fármaco em ml
Camundongos- peso do animal em kilo x 10 volume do fármaco em ml
Toma-se cuidado para não permitir que os alunos manipulem agentes eventualmente
tóxicos por contato. Evita-se permitir que os alunos tenham livre acesso aos
psicofármacos.
Procedimentos:
No início da aula prática o professor descreve os procedimentos a serem executados
no dia, apresentando um protocolo e uma folha de anotações de dados para cada mesa.
Durante a aulas prática, os monitores previamente treinados, demonstram o
procedimento experimental e auxiliam a execução dos experimentos, permitindo que os
alunos desenvolvam as habilidades, sob orientação. O professor deve ser chamado em
todos os momentos de dúvidas.
Os procedimentos experimentais são divididos abaixo como: I- métodos gerais; II-
modelo animal de doença crônica; III-testes experimentais específicos. Em todos os
experimentos teremos a combinação de procedimentos, como, p.ex: o rato (de um modelo
de doença crônica) será contido para administração de um fármaco por gavagem; após x
minutos será observado no teste do labirinto em cruz elevada; e depois será coletado
sangue para dosagens bioquímicas.
I- MÉTODOS GERAIS
RATOS: Ratos devem ser pegos de suas gaiolas pelo seu tronco, colocando-se o
polegar da mão direita no lado esquerdo do pescoço, o indicador no lado direito do
pescoço e o 3º dedo atrás da pata direita. Caso os ratos sejam mais ariscos ou agressivos
pode-se imobilizá-los mais facilmente colocando-se o polegar e o 3º dedo da mão direita
em cada lado do pescoço e pegando o tronco do rato logo em seguida, para levantar o rato.
Em último caso o rato poderá ser pego pela base da cauda (se segurarmos a ponta da cauda
do rato a pele oposta poderá ser desprendida, lesionando o animal) para ser rapidamente
apoiado na bancada.
A contenção do rato é feita segurando a cauda do animal com a mão direita, para
pinçar a pele do pescoço, logo abaixo das orelhas, com o polegar e o indicador da mão
esquerda e logo a seguir, pinçar a pele do dorso com os 3º, 4º e 5º dedos contra a palma da
mão, o rato é imediatamente elevado do apoio, após a contenção, virando-se as patas para
cima.
ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS
Via Oral
Consumo Espontâneo - Substâncias hidrossolúveis que devem ser administradas
continuamente serão diluídas na água de bebedouro na proporção da dose diária
(mg/kg/dia) diluído no volume a ser consumido voluntariamente (± 30ml para ratos de
300g).
Gavagem - Introdução de um tubo metálico ou cânula plástica, de diâmetro de 3 mm,
ligado a uma seringa, através do esôfago do roedor. O animal é elevado da bancada após o
pinçamento na base do pescoço com a mão esquerda, deixando-se o peso do corpo alinhar o
tronco com a força da gravidade. Naturalmente o rato abre a boca e a cânula pode ser
introduzida, ao ser conduzida a partir do lado da boca do animal.
Via intraperitoneal - O animal é contido conforme o procedimento descrito em
CONTENÇÃO DOS ANIMAIS e a agulha é introduzida no quadrante inferior direito ou
esquerdo (evitar linha média) em direção à região cefálica. Aspirar para confirmar que não
perfurou vaso sangüíneo ou alça intestinal
Via Subcutânea - O pescoço do roedor é pinçado como em CONTENÇÃO DOS
ANIMAIS, mas o animal não é suspenso da bancada, ficando então contido entre a palma
da mão e a bancada, para que a agulha perfure a pele em ângulo de 90º. Aspirar.
Via intramuscular - A técnica, para injeção por esta via, consiste na imobilização
do rato em decúbito ventral, com a palma da mão, contra a bancada. É feita a extensão de
um dos membros posteriores e injeção da solução anestésica na região postero-lateral da
coxa do membro estendido, estando o animal com a cabeça em direção ao braço do
pesquisador. O músculo da pata posterior (direita ou esquerda) do roedor é pinçado para a
introdução da agulha a um ângulo de 90 graus. Aspirar.
COLETA DE SANGUE
Poderá ser feita de diferentes maneiras. A coleta sem eutanásia pode ser feita pelo
lancetamento da cauda, para coleta de gotas de sangue. Quando volumes maiores são
necessários será preciso anestesiar levemente o animal com um anestésico volátil e coletar
sangue pela punção do plexo venoso retro ocular. Pode-se, então, imobilizar a cabeça do
animal pinçando o crânio entre o polegar e o indicador da mão esquerda e introduzir cânula
de vidro no canto medial do olho, em um ângulo de 90º de linha média, mantendo a cânula
paralela à bancada. É possível obter volumes de 0,5 a 1 ml de sangue desta forma. Este
volume pode ser reposto sob a forma de salina i.p. Este procedimento deverá ser feito por
pesquisadores treinados.
COLETA DE TECIDOS
A eutanásia por decapitação é a forma mais rápida e mais humana descrita para
roedores. Pode-se, então, coletar o sangue do tronco do corpo do animal e os demais
tecidos (cérebro, músculo, fígado, etc...). Sacrificio por destroncamento cervical pode ser
realizada quando não é necessária a coleta simultânea de sangue.
EUTANÁSIA
Vários métodos de eutanásia são descritos, sendo os mais bem aceitos:
a) eutanásia por decapitação- é o método menos traumático para o animal, não
requerendo anestesia. Requer uma guilhotina específica para pequenos animais. Deve
ser feito com bastante higiene, lavando o material após a morte de cada animal, longe
da presença de outros animais, visto que foi observado que se existem outros animais
na mesma sala da decapitação, nestes há aumento significativo de corticosterona e
prolactina, denotando estresse extremo. Só é aplicável quando o número de animais é
relativamente pequeno.
b) eutanásia por deslocamento cervical- Só é aplicável quando o número de animais é
relativamente pequeno e quando não é preciso coletar tecido cerebral. Melhor aplicável
para camundongos.
c) Eutanásia por asfixia- animais podem ser colocados em câmara de gás, conectada a
uma fonte de CO2. Pode ser aplicada a um grande número de animais.
d) Eutanásia por dose máxima de anestésico- pode ser cara pelo preço do anestésico e
pode não ser aplicável quando os tecidos coletados não podem conter anestésicos.
TÉCNICA ANESTÉSICA
Pelo fato do anestésico volátil éter ser inflamável, aumentando os riscos de acidentes
nos laboratórios, poder volatizar para o ambiente, intoxicando os pesquisadores e irritante
das mucosas, o que estressa os animais, com aumento importante de corticosterona
circulante, este deve ser evitado. Pode ser difícil substituir o éter por outro anestésico
volátil como enflurano, que volatiliza com mais dificuldade e é mais caro.
A “anestesia” com barbitúricos deve ser abolida dos nossos laboratórios, assim como
foi abolida como anestésico em humanos, por não ocasionar analgesia, somente evitando
que os animais reajam à dor, o que traz sofrimento inumano aos indivíduos e podendo
interferir sobre os resultados das atividades experimentais.
Os anestésicos para pequenos animais mais bem aceitos a nível internacional são a
XILAZINA e CETAMINA, utilizadas em associação.
A via de administração, clássica, para o uso da associação de xilazina e cetamina, em
ratos, é a intramuscular. A técnica, para injeção por esta via, consiste na imobilização do
rato em decúbito ventral, a extensão de um dos membros posteriores e injeção da solução
anestésica na região postero-lateral da coxa do membro estendido. Esta via possui uma
absorção bastante errática, podendo ocasionar necrose muscular, devido ao baixo pH da
solução, em procedimentos de sobrevivência. A via intraperitoneal, é menos utilizada,
mas não produz lesão significativa na cavidade peritoneal, quando é usada a técnica
correta, entretanto a punção acidental de grandes vasos pode ocorrer, levando à morte do
animal.
A associação de xilazina/cetamina possui uma ampla faixa de doses utilizadas,
sendo que a determinação da dose depende da via de administração, a espécie animal e o
tempo de anestesia desejado. As vias intramuscular e intraperitoneal possuem tempo de
anestesia semelhante, sendo que esse é menor na via intraperitoneal, contudo, isso pode ser
corrigido pelo aumento da dose uma vez que a duração da anestesia é diretamente
proporcional a dose.
A solução padrão da associação, utilizada na disciplina de farmacologia da
FFFCMPA, é de 50 mg/kg de cetamina e 20 mg/kg de xilazina, cada uma delas em seringa
separada.
II- MODELOS ANIMAIS DE PATOLOGIAS
TESTE DE LOCOMOÇÃO
OBJETIVO: Avaliar a hiperatividade ou a sedação de animais
EQUIPAMENTO: Caixa de locomoção para ratos é de madeira escura, com fundo
gradeado e composta de 3 células fotoelétricas conectadas a um contados digital.
PROCEDIMENTO:As caixas são mantidas em ambiente escuro e o animal é colocado na
caixa pelo tempo necessário de observação. Mede-se o número de vezes que o animal
atravessa as células fotoelétricas em períodos específicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS