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Jornalistas como Caco, que hoje é repórter e diretor do programa Profissão Repórter,
são profissionais dedicados a transmitir e explicar fatos e histórias de interesse público
aos leitores, ouvintes. Para isso, eles contam com técnicas de apuração das
informações, realização de entrevistas com fontes e personagens relevantes para a
notícia e produção e edição da reportagem.
E, já que depende de eventos em sua maioria imprevisíveis, a carreira também exige
paciência para conseguir a informação, flexibilidade para lidar com acontecimentos de
última hora e dinamismo quando é preciso produzir uma reportagem poucos minutos
antes de ela ir ao ar, ou à gráfica.
"Um amigo meu brinca que o jornalista é aquele que fica a vida toda esperando o nada
virar coisa. A gente nunca sabe quando vai acontecer o factual que vai nos fazer
trabalhar de madrugada ou que vai nos obrigar a trabalhar domingo", explica a
jornalista Ana Escalada, editora-chefe do Profissão Repórter.
Ana e Caco concordam que esta é justamente a graça da profissão. "Uma pessoa que
não gosta de problemas não deve ser jornalista, uma pessoa que gosta de rotina não
deve ser jornalista", afirma a editora.
"Tem que ignorar aquilo que em outras profissões é muito importante, como rotina,
jornada de trabalho... Você não sabe quando começa e, principalmente, não sabe
quando termina", disse o repórter ao G1, às 20h da segunda-feira (23). Naquele dia,
ele já tinha passado pelas Clínicas, na Zona Oeste de São Paulo, seguido para
Guarulhos, na Região Metropolitana, e retornado à Avenida Paulista, na região central
da capital, em busca de uma matéria para o programa que foi ao ar na noite de terça-
feira (31), sobre estrangeiros que moram no Brasil (assista ao programa).
"É uma profissão que combina mais com os poetas, por exemplo, com as pessoas que
gostam de outras pessoas. É fundamental ser apaixonado por gente, senão não dá
certo. E o repórter tem que ser apaixonado pelo que faz, achar graça disso, não achar
que isso é sacrifício", afirma.
Para Caco, além de contar histórias, quem vive da reportagem também tem uma
função essencial. "O repórter tem por obrigação fazer o registro dos acontecimentos
de um país. É a partir do trabalho do jornalista que as outras profissões se
movimentam", diz. "A gente que é repórter tem que estar mais informado do que
todos os que estão à nossa volta, inclusive o dono do veículo onde a gente trabalha",
explica ele.
A produção da notícia
Para retratar os pequenos e grandes fatos que, a cada dia, vão construindo a história,
os jornalistas se dividem para cumprir diversas tarefas. Dentro das redações impressas
e de internet, as mais comuns são a do repórter, que busca as histórias e vai a campo
apurar as informações, e a do editor, que decide como todas as reportagens da equipe
serão expostas no veículo. Por exemplo, no jornal impresso, o editor decide qual
reportagem terá mais espaço e em que página cada texto vai entrar.
Na televisão e na rádio existe ainda a função do produtor. "É quem propõe uma pauta
e às vezes a produz, o repórter é quem vai a campo, o pessoal da rádio-escuta liga para
as delegacias, para os bombeiros, para saber se tem alguma coisa que foge da rotina.
Quando a reportagem vem da rua, ela passa pelo editor, e tem também os
apresentadores, que cada vez mais são jornalistas", explica Ana.
Camilla Salmazi, que se formou em 2004 pela PUC de São Paulo, entrou para o curso
de jornalismo pensando em trabalhar em uma rádio, e inclusive fez seu trabalho de
conclusão de curso usando as técnicas específicas para este veículo. Mas, ao terminar
a graduação, ela recebeu uma proposta de emprego em uma agência de comunicação,
que presta serviços de assessoria de imprensa para empresas do setor privado e do
terceiro setor.
Como ela não poderia ser contratada na editora onde fazia estágio na produção de
notícias, Camilla decidiu aceitar a oferta, e não largou mais da área. "Percebi que
gostava muito mais desse tipo de jornalismo", explica. "Você tem mais controle do
tempo, uma carga horária fixa, é difícil ter que fazer plantão de fim de semana, só
quando tem algum evento. E o salário também é melhor, além de você subir na
carreira mais rapidamente."
De acordo com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo,
existem três pisos salariais para a categoria. O valor, referente a veículos da capital
paulista, é de R$ 2.982.89 para os profissionais de rádio e TV e R$ 3.740,53 para
assessores de imprensa. Quem trabalha em jornais e revistas recebe a partir de R$
3.321,60.
Além de atender aos pedidos da imprensa, é função da assessoria sugerir pautas aos
repórteres e aconselhar a direção das instituições sobre estratégias de comunicação e
exposição na mídia, incluindo o 'media training', treinamento para que os porta-vozes
da empresa utilizem as mesmas técnicas dos profissionais de televisão ao dar
entrevistas, como linguagem corporal e uso da voz.
Camilla, que hoje atua no setor de comunicação do movimento Todos Pela Educação,
afirma que, nesta função, continua fazendo tarefas típicas de repórteres, como ir atrás
de pautas e histórias que possam ser contadas pela mídia. "Você tem cabeça de
jornalista, sabe se aquela pauta é interessante", diz.
Talvez o jornalismo não permaneça dessa forma, mas vai se transformar em outra
coisa"
Ana Escalada, editora-chefe
do Profissão Repórter
Desde 2009, o diploma do curso de jornalismo não é mais obrigatório para conseguir o
registro de jornalista profissional. Um projeto de lei para voltar a exigir diploma de
jornalista tramita no Congresso Nacional.
Mesmo sem a obrigação, muitas empresas ainda exigem, em suas ofertas de vagas,
pessoas formadas na faculdade de jornalismo, além de pedirem cada vez mais
habilidades, como conhecimentos de vídeo e fotografia e o domínio de programas de
edição de imagens e processamento de dados. Esses temas, assim como algumas
técnicas de assessoria de imprensa, já começam a ser incluídos nos currículos das
faculdades.
Caco afirma que, desde que começou a trabalhar com televisão, viu como a tecnologia
modificou o modo de fazer jornalismo, com câmeras cada vez mais compactas e de
maior qualidade, por exemplo. Segundo ele, o futuro da profissão é imprevisível. "Mas
com certeza posso garantir que, daqui a cinco anos, histórias maravilhosas estarão
acontecendo no cotidiano de todo mundo, e quem perder a oportunidade de
experimentar essa profissão não sabe o que estará perdendo", diz.
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