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net/publication/275969155

Simulação termomecânica do processo de lingotamento contínuo utilizando o


método de volumes finitos baseado em elementos

Thesis · November 2014


DOI: 10.13140/RG.2.1.2997.3926

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1 author:

Paulo Vicente de Cassia Lima Pimenta


Universidade Federal do Ceará
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E CIÊNCIA DE
MATERIAIS

Paulo Vicente de Cassia Lima Pimenta

Simulação termomecânica do processo de


lingotamento contı́nuo utilizando o método de
volumes finitos baseado em elementos

FORTALEZA - CE
2014
Paulo Vicente de Cassia Lima Pimenta

Simulação termomecânica do processo de


lingotamento contı́nuo utilizando o método de
volumes finitos baseado em elementos

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia e Ciência de Materiais
como parte dos requisitos para obtenção do tı́tulo
de Mestre em Engenharia e Ciência de Materi-
ais. Área de concentração: Propriedades Fı́sicas e
Mecânicas dos Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Marcondes

Co-orientador: Prof. Dr. Péter Zoltan Berke

FORTALEZA - CE
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Pós-Graduação em Engenharia - BPGE

P697s Pimenta, Paulo Vicente de Cassia Lima.


Simulação termomecânica do processo de lingotamento contínuo utilizando o método de volumes
finitos baseado em elementos / Paulo Vicente de Cassia Lima Pimenta. – 2014.
78 f. : il. color. , enc. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de


Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência de
Materiais, Fortaleza, 2014.
Área de Concentração: Propriedades Físicas e Mecânicas dos Materiais.
Orientação: Prof. Dr. Francisco Marcondes.
Coorientação: Prof. Dr. Péter Zoltan Berke.

1. Ciência dos materiais. 2. Acoplamentos. 3. Tensões. 4. Simulação. I. Título.

CDD 620.11
Ao meu avô Vicente de Paulo Pimenta
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus.
Gostaria de agradecer também aos meus orientadores, Prof. Francisco Marcondes
e o Prof. Péter Zoltan Berke, pelo suporte, pela dedicação de tempo e paciência para
comigo durante todo perı́odo do curso de mestrado.

A minha mãe, Claudinete Lima Pimenta, pelo apoio e incentivo.

A minha tia Justina, que nos momentos mais difı́ceis, me ajudou financeiramente.

A minha namorada, Ingred, pela dedicação e paciência durantes os últimos 5 anos.

Aos meus colegas de trabalho do Laboratório de Dinâmica dos Fluidos Computacio-


nal, que são eles: Bruno Ramon, Ivens Costa, Cláudio Oliveira, Alysson Gonçalves, José
Renê, Dênio Silva e Edilson Drumond, pela ajuda na construção do código e pela amizade.

A instituição de fomento CAPES, pelo apoio financeiro.


RESUMO

A técnica de lingotamento contı́nuo, nas últimas quatro décadas, é cada vez mais uti-
lizada na produção de aço semiacabado. A transferência de calor é o principal mecanismo
dominante e ocorre em todas as etapas do processo. A qualidade do aço, no lingotamento,
está diretamente relacionada à forma que ocorrem as trocas de calor, pois as variações
térmicas produzem carregamentos mecânicos, assim como as forças de contato, as quais
são geradas por intermédio dos rolos e da oscilação do molde. Tais fatores podem causar
defeitos, como fraturas ou trincas, no produto final, caso as tensões e deformações resul-
tantes excedam valores crı́ticos. O aprimoramento da técnica tem a finalidade de evitar
o surgimento de defeitos e reduzir o tempo de produção. Para isso é fundamental uma
boa compreensão dos fenômenos fı́sicos envolvidos ao longo do processo de solidificação.
O foco deste trabalho é aplicar a abordagem do EbFVM (Element based Finite-Volume
Method) no estudo dos efeitos das tensões lineares acopladas unidirecionalmente com a
temperatura aplicado ao lingotamento contı́nuo do aço 1013D (0,3% de carbono).
Nas simulações, adotou-se algumas simplificações com o estado plano de tensões e
isotropia do material. Descartando-se as forças de corpo, o contato com os rolos, a
pressão do aço lı́quido nas paredes do lingote (pressão ferrostática) e o efeito convectivo.
Contudo, apesar das simplificações adotadas, este trabalho traz informações quantitativas
quanto a formação do acúmulo das tensões lineares, que apontam para regiões de possı́veis
formações de trincas.
Palavras-chave: Simulação numérica bidimensional, Campo térmico, Tensões
lineares, Acoplamento mecânico unilateral
ABSTRACT

The continuous casting technique, in the last four decades, has been large used for to
production of semi-finished steel. The heat transfer is major mechanism and it occurs in
various steps during the continuous casting. The quality of steel is directly related to the
way the heat transfer occur, because the thermal variations produce mechanical loads, as
well as contact forces, which are generated through the rollers and shake of the mold. Such
factors may cause defects such as fractures or cracks in the final product, if the resulting
stresses and strains exceed critical values. The technique must be improved in order to
reduce the appearance of defects and the production time. For this, a good understanding
of physical phenomena involved during the solidification process is critical. The focus of
this work is to apply the EbFVM (Element based Finite-Volume Method) approach to
study the effects of linear tensions unidirectionally coupled with the temperature applied
to continuous casting of the steel 1013D (0,3% of carbon).
In the simulations, we adopted some simplifications such as the Plane Strain and iso-
tropic material. We also neglected the body forces, contact with the rollers, the liquid
pressure on the walls of the steel ingot (ferrostatic pressure), and the convective effect.
However, despite of the simplifications adopted, this work provides quantitative informa-
tions on the linear tensions accumulation, that point out to areas of possible of cracks
formations.
Keywords: Two dimensional numerical simulation, Thermal field, Linear
stress, Coupling unilateral mechanic
LISTA DE FIGURAS

1.1 Foto da máquina de lingotamento contı́nuo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1


1.2 Representação esquemática do processo de lingotamento contı́nuo . . . . . 3

2.1 Ilustração da máquina de lingotamento real . . . . . . . . . . . . . . . . . 8


2.2 Figura ilustrativa da secção do molde de cobre . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Diagrama de fases Fe-C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4 Diagrama de fases Fe-C (aço 0, 3%) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.5 Estado Plano de Tensão em um domı́nio contı́nuo . . . . . . . . . . . . . . 22
2.6 Estado Plano de Deformação em um domı́nio contı́nuo . . . . . . . . . . . 23
2.7 Gráficos das propriedades mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.8 Representação das condições de contorno do problema mecânico . . . . . . 27

3.1 Esquema de malha não estruturada utilizando a metodologia Cell vertex . 29


3.2 Esquema do elemento triangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.3 Ilustração da área do elemento e da área que corresponde a função de forma
(em branco) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.4 Esquema do elemento triangular com as divisões dos subvolumes de controle 37
3.5 Fluxograma para o problema térmico (Variável desconhecida T ) . . . . . . 39
3.6 Fluxograma esquemático do problema termomecânico . . . . . . . . . . . . 46

4.1 Campo de temperatura dentro e fora do molde . . . . . . . . . . . . . . . . 48


4.2 Perfil da casca sólida formada na saı́da do molde (z = 0, 70m) . . . . . . . 49
4.3 Representação gráfica da formação percentual de sólido . . . . . . . . . . . 50
4.4 Ilustração do campo de temperatura no comprimento metalúrgico e na
região de corte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.5 Representação das componentes do EPT na secção de corte (z = 12, 0m) . 52
4.6 Representação do critério de von Mises na secção de corte (z = 12, 0m) . . 53
4.7 Resultado do campo de tensões dentro do molde (z = 0, 43m) . . . . . . . 54
4.8 Campo de temperatura e o efeito acoplado das deformações térmicas e
mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
4.9 Componentes do estado plano de tensões na região de corte (z = 12, 0 m) . 56

6.1 Diagrama que representa o acoplamento termomecânico forte . . . . . . . . 60


LISTA DE TABELAS

A.1 Parâmetros da equação do coeficiente global de transferência de calor na


interface molde/metal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
A.2 Vazão dos sprays (ls−1 ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
A.3 Coeficientes de transferência de calor nas regiões dos sprays . . . . . . . . . 67
A.4 Propriedades mecânicas para o aço 0,3% carbono . . . . . . . . . . . . . . 67
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 O Problema Industrial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Contribuição da Modelagem Numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.3 Motivação e Originalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Panorama da Dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2. MODELO TERMOMECÂNICO ACOPLADO UNILATERALMENTE . . . . . 7


2.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Aços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Problema Térmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.3.1 Condições de Contorno do Problema Térmico . . . . . . . . . . . . 14
2.4 Tensão e Deformação Linear em um Sólido Isotrópico . . . . . . . . . . . . 16
2.4.1 Estado Plano de Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.4.2 Estado Plano de Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.5 Modelo Termomecânico Aplicado ao Lingotamento Contı́nuo . . . . . . . . 24
2.5.1 Condições de Contorno do Modelo Mecânico . . . . . . . . . . . . . 26

3. MODELO NUMÉRICO DO LINGOTAMENTO CONTÍNUO . . . . . . . . . . 28


3.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3.2 Discretização da Equação da Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2.1 Condições de Contorno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.3 EbFVM Aplicado ao Modelo Termomecânico . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.3.1 Condições de Contorno do Problema Termomecânico . . . . . . . . 43

4. RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.1 Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
4.2 Resultados Térmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.3 Resultados da Simulação Termomecânica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3.1 Resposta Mecânica a Partir do Comprimento Metalúrgico . . . . . 50
4.3.2 Resposta Mecânica Para o Lingotamento Contı́nuo Completo . . . . 52
4.4 Limitações da Modelagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

5. CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

6. TRABALHOS FUTUROS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
A. APÊNDICE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
A.1 Tabelas Utilizadas na Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
1

1. INTRODUÇÃO

1.1 O Problema Industrial

A técnica de lingotamento contı́nuo, nas últimas quatro décadas, tem sido cada vez
mais utilizada na produção de aço semiacabado. Na Fig. 1.1, é possı́vel observar uma das
etapas da fabricação de tarugos e a máquina de lingotamento.

Figura 1.1: Foto da máquina de lingotamento contı́nuo

Fonte: Industrial [2014]


2

Essa técnica recorre basicamente à transferência de calor durante as etapas de solidi-


ficação. O lingotamento começa com a transferência do metal lı́quido da panela para o
distribuidor, no qual o aço é vazado através de um tubo de imersão e alimenta o molde
de cobre. A região do molde é refrigerada à água (resfriamento primário) e também é
responsável pela formação de uma casca sólida cuja espessura mı́nima deve estar entre
9 − 10mm [Anjos 2013] para suportar a pressão ferrostática e a força de corpo devido à
ação da gravidade na saı́da do molde. Subsequentemente, o lingote é submetido a outras
regiões de resfriamento forçado, como é o caso da região dos sprays de ar-comprimido
e água, composta pelas 1a , 2a e 3a zonas (veja Fig. 1.2), que correspondem a diferentes
vazões de água (resfriamento secundário). Por fim, ocorre o resfriamento por radiação
e convecção natural (resfriamento terciário) [Janik e Dyja 2004]. A Fig. 1.2 ilustra a
máquina de lingotamento contı́nuo com o molde e as regiões de resfriamento forçado e
natural (radiação e convecção natural).
A qualidade do aço no lingotamento está diretamente relacionada com o modo que
ocorrem as trocas de calor e aos carregamentos mecânicos produzidos por forças de con-
tato, como os rolos. Observa-se que as altas variações térmicas durante o resfriamento
produzem carregamentos térmicos, que podem causar defeitos (p.e. fraturas/trincas) no
produto final, se as tensões e deformações resultantes excederem valores crı́ticos.
O aprimoramento da técnica está em evitar o surgimento de defeitos e na redução do
tempo de processamento. Para isso, é fundamental uma boa compreensão dos fenômenos
fı́sicos envolvidos ao longo do processo de solidificação, como o efeito da temperatura sobre
o comportamento elastoplástico do material, das tensões produzidas durante o contato
com os rolos extratores, do tempo e a forma do resfriamento [Chen et al. 2009, Huespe
et al. 2000]. A compreensão desses fenômenos requer à utilização de recursos qualitativos,
como medidas experimentais e/ou análise numérica.
É importante enfatizar que o emprego da ferramenta computacional como fonte de
informação em processos industriais, como o lingotamento contı́nuo, é cada vez maior
[Fengming et al. 2014, Vertnik e Šarler 2014]. Isso pode ser visto pelos inúmeros traba-
lhos que utilizam os recursos computacionais para simular os diversos fenômenos fı́sicos
3
Figura 1.2: Representação esquemática do processo de lingotamento contı́nuo

envolvidos nas etapas de fabricação do aço. Como no trabalho de Das [1999], que obteve
o campo de temperatura durante o processo de solidificação na região do molde; Bellet
et al. [2004], Janik et al. [2004] e Chen et al. [2009], que analisaram o efeito das tensões
produzidas pelas variações térmicas, entretanto, também apenas na região do molde; Li
e Thomas [2004], que além dos efeitos elastoplásticos produzidos pelas trocas de calor,
também incluı́ram o feito do superaquecimento em virtude da turbulência do aço lı́quido
e a ação produzida pela coluna desse lı́quido no interior do lingote, bem como a formação
da casca sólida. Entretanto, ainda falta um modelo computacional completo aplicado ao
processo de lingotamento contı́nuo.
4

1.2 Contribuição da Modelagem Numérica

Todo processo eficiente de fabricação em larga escala dispõe de um projeto de en-


genharia que basicamente está fundamentado em observações experimentais obtidas em
laboratório e em informações obtidas por meio de análises computacionais (simulação
numérica).
As observações experimentais têm como principal vantagem o tratamento de problemas
reais em ambiente controlado. Porém, o pesquisador não pode desacoplar os diferentes
efeitos fı́sicos envolvidos sem comprometer a investigação. Outro aspecto relevante, é o
custo de execução elevado.
Uma outra forma de análise dos fenômenos fı́sicos é a solução de modelos matemáticos
através de métodos de solução analı́tica (solução exata). Em contrapartida, a utilização
desse recurso se limita a resolver uma pequena classe de problemas e que, em geral,
estão muito distantes dos processos fı́sicos reais em decorrência do grande número de
simplificações que são adotadas.
A simulação numérica, contudo, é uma ferramenta que é utilizada para resolver mo-
delos matemáticos, de forma aproximada, através de métodos de solução numérica. A
utilização desse mecanismo flexibiliza a análise dos fenômenos, pois é possı́vel escolher
os ingredientes fı́sicos que se pretende trabalhar. Os métodos mais modernos são ca-
pazes de tratar problemas multi-fı́sicos com geometrias complexas e as não linearidades
envolvidas. Essa ferramenta computacional traz aspectos como a possibilidade de con-
firmar ou rejeitar hipóteses, prever o comportamento de sistemas fı́sicos complexos em
um domı́nio arbitrário e apresentar baixo custo de execução. É importante observar que
as soluções analı́ticas são comumente usadas para avaliar o desempenho e a precisão das
soluções numéricas quando é possı́vel simplificar o modelo matemático. E, ainda, quando
acompanhado por medidas experimentais, a modelagem numérica é capaz de identificar
as fontes fı́sicas dominantes do processo. Atenta-se para o fato de que os resultados da
simulação devem sempre ser validados com dados experimentais e ou numéricos/analı́ticos
da literatura.
5

1.3 Motivação e Originalidade

Neste trabalho será empregada a abordagem EbFVM (Element based Finite-Volume


Method) na implementação dos problemas que serão analisados. Esse método numérico
de solução de equações permite o emprego de malhas não estruturadas e, portanto, fle-
xibiliza o tratamento de problemas com geometrias arbitrárias. Uma caracterı́stica fı́sica
importante do EbFVM é a conservação das propriedades em nı́vel discreto [Maliska 2004].
O sucesso do método pode ser constatado pela grande variedade de trabalhos na área
de mecânica dos fluidos, incluindo os multicomposicionais, como nas simulações de re-
servatório de petróleo [Cordazzo et al. 2006, Marcondes e Sepehrnoori 2007; 2010], de
fluidos compressı́veis e incompressı́veis [Frink e Pirzadeh 1998].
O interesse de utilizar métodos cada vez mais robustos toma espaço na análise com-
putacional moderna. Ferramentas numéricas que levam em consideração o balanço de
massa, energia e momento têm despertado a atenção de pesquisadores para as vantagens
do EbFVM no âmbito dos problemas estruturais [Bailey e Cross 1995, Limache e Idel-
sohn 2007], fluido-estruturais [Slone et al. 2003, Wheel 1999] e em abordagens hı́bridas
(FVM-FEM) [Chandio et al. 2004].
Este trabalho se concentra na utilização do EbFVM na solução numérica do mo-
delo bidimensional térmico e mecânico acoplado unilateralmente aos efeitos da variação
de temperatura, aplicado ao processo de lingotamento contı́nuo do aço 0,3% carbono.
Destaca-se que não foram encontrados relatos na literatura da aplicação do EbFVM à
problemas termomecânicos aplicado ao lingotamento contı́nuo.
O tratamento do problema segue os seguintes passos:

• Domı́nio do problema - Adota-se o domı́nio bidimensional, ou seja, uma secção


plana do lingote. Utiliza-se o referencial Lagrangiano afim de se observar as variações
causadas pelas diferentes condições de contorno que pertencem a cada etapa do
resfriamento.

• Campo térmico - Para o campo térmico bidimensional, adota-se a equação funda-


mental da condução de calor em regimente transiente com um fator de geração de
6

calor devido a mudança de fase. Os coeficientes de transferência de calor nas faces


do lingote foram obtidos numérico-experimentalmente1 em todas as etapas de res-
friamento do lingotamento contı́nuo, iniciando-se no menisco e finalizando na região
de corte;

• Estado de Tensão - Para o estudo das tensões lineares provocadas pelas variações
térmicas, adota-se o estado plano de tensões (EPT) - O campo de tensões é analisado
de duas formas: A primeira, com as propriedades mecânicas (E, ν, α) do material
sem a dependência da temperatura, com o estado de referência na região do com-
primento metalúrgico (veja - Fig. 1.2). A segunda, com as propriedades mecânicas
do material variando com a temperatura e utilizando a temperatura solidus como
estado de referência.

1.4 Panorama da Dissertação

O restante desta dissertação está organizada da seguinte forma: O capı́tulo 2 aborda os


modelos matemáticos térmico e mecânico que serão tratados, as considerações adotadas
e as condições de contorno. O capı́tulo 3 apresenta a metodologia EbFVM e mostra
as equações aproximadas para os modelos térmico e mecânico acoplado. No capı́tulo
4, apresentam-se os resultados numéricos. No capı́tulo 5, observam-se as avaliações dos
resultados. No capitulo 6, apresentam-se sugestões para trabalhos futuros.

1
Para maiores detalhes veja em Anjos [2013].
7

2. MODELO TERMOMECÂNICO ACOPLADO

UNILATERALMENTE

Este capı́tulo aborda os modelos matemáticos que serão utilizados na simulação.


Mostra-se ainda as simplificações adotadas e as condições de contorno que serão em-
pregadas.

2.1 Preliminares

Durante as etapas de fabricação do aço no lingotamento contı́nuo estão presentes vários


ingredientes fı́sicos e um modelo fı́sico-matemático completo deve trazer aspectos, como as
não linearidades térmicas e mecânicas assim como o acoplamento entre esses fenômenos,
as forças de contato produzidas pelos rolos, a fricção no molde e rolos e o calor gerado, as
formas de resfriamento, e as variações dos campos térmico e mecânico nas três dimensões
espaciais (Fig. 2.1), deformações elásticas e plásticas. Contudo, o foco deste trabalho é
obter uma primeira análise e para isso, algumas simplificações foram adotadas. O que
se pretende analisar consiste na solução do problema bidimensional termomecânico com
acoplamento unidirecional, assumindo-se que o material utilizado na simulação apresente
comportamento isotrópico e elástico linear.
Representa-se, de forma esquemática a máquina de lingotamento real (Fig. 2.1b) e
a máquina considerada na simulação (Fig. 2.1a). Por comodidade, as zonas de resfria-
mento foram representadas apenas na Fig. 2.1a, porém essas mesmas zonas correspondem
também à Fig. 2.1b.
Para o domı́nio de cálculo bidimensional, considere a Fig. 2.2, na qual observa-se a
ilustração do molde de cobre (vista de cima) e a representação da malha, que corresponde
a metade da secção plana do lingote (Fig. 2.2). Essa escolha é capaz de avaliar as diferentes
8
Figura 2.1: Ilustração da Máquina de lingotamento real, à direita, e a utilizada na simulação,
à esquerda

temperaturas nos raios externo e interno, e em uma das faces laterais. A secção plana é
analisada do ponto do vista do referencial Lagrangiano, isto é, a secção será acompanhada
em cada etapa que corresponde ao lingotamento, de acordo com o esquema representado
na Fig. 2.1a, que tem inı́cio no menisco (0, 110m) e segue até a região de corte (12m),
e se admite existir apenas carregamentos devido a variação de temperatura. Note-se
que as condições de contorno do problema térmico variam, pois dependem dos tipos de
resfriamento que ocorrem durante o processo de solidificação.
9
Figura 2.2: Figura ilustrativa da secção do molde de cobre

2.2 Aços

As ligas de ferro com até 2,1% de carbono são denominadas aços. Observa-se que
2,11% é a separação teórica entre aços e ferros fundidos. Para teores acima desse valor de
referência, apresentam-se os ferros fundidos (Fig. 2.3). Os aços, além do carbono, também
podem conter outros elementos como Cr, Mn, Si, Mo,V, Nb, Ti e Ni, e são utilizados
comumente na fabricação de ferramentas, peças industriais, estruturas de sustentação na
construção civil e outras inúmeras aplicações [Bortoleto 2010].

Figura 2.3: Diagrama de fases Fe-C

Fonte: Adaptado de Bortoleto [2010]


10

Ainda de acordo com a concentração de carbono, os aços podem ser classificados


como eutetóides, hipoeutetóides ou hipereutetóides, se, respectivamente, apresentarem
porcentagem em massa de carbono iguais, inferiores ou superiores a 0,77%. Note-se, que
o ponto eutetóide corresponde a menor temperatura de equilı́brio entre a ferrita, perlita
e austenita, que no diagrama ferro-carbono (Fig. 2.3)1 equivale a 0,77%.
Entretanto, este trabalho utiliza o aço 0, 3% de carbono na simulação e, para ilustrar
as transformações de fases que ocorrem durante o resfriamento, evidencia-se, a partir da
Fig. 2.3, a região na qual essas transformações acontecem (Fig. 2.4).

Figura 2.4: Diagrama de fases Fe-C (aço 0, 3%)

Fonte: Adaptado de Bortoleto [2010]

Pelo diagrama da Fig. 2.4, fica claro que durante a solidificação ocorrem diversas
1
Abcissa – Representa a escala horizontal, com a porcentagem de carbono;
Ordenada – Representa as temperaturas;
A1 – Indica o limite da existência de austenita;
A3 – Indica inı́cio da passagem da estrutura CFC para CCC durante o resfriamento;
Acm – Indica o limite da quantidade de carbono dissolvido na austenita;
F e3 C – É a fórmula do carboneto de ferro, chamado cementita;
γ (gama) – Sı́mbolo de austenita;
α (alfa) – Sı́mbolo de ferrita.
11

transformações de fase e que essas dependem da composição quı́mica do aço. De acordo


com o percentual de carbono, as ligas de aços podem ser classificadas da seguinte maneira
[Anjos 2013]:

1- Aços hipoperitéticos apresentam na sua composição teor de carbono menor ou igual


0,09% e se caracterizam pela formação, na fase sólida, de ferrita delta (δ − δFe);

2- Aços peritéticos apresentam concentração de carbono entre 0,09 e 0,53% e podem ser
caracterizados pela reação da ferrita delta com a fase lı́quida produzindo austenita
(γ − γFe) a uma temperatura de 1493o C;

3- Aços hiperperitéticos apresentam teor de carbono acima de 0,53%. Note-se que


nesta concentração de carbono, não há a presença da fase ferrita delta.

Assim, para o aço 0,3% carbono (ragião dos aços peritéticos), pode-se observar as
transformações de fases que ocorrem no processo de solidificação e compreende a formação
de aço lı́quido, em seguida da fase lı́quida mais a ferrita delta (L + δ), que produz a fase
lı́quida mais a austenita (L + γ) e por fim, a formação de austenita (γ).

2.3 Problema Térmico

A relação fundamental utilizada na modelagem da solidificação é a equação bidimensi-


onal da condução de calor transiente com geração de calor, expressa na forma conservativa
por:
   
∂ ∂ ∂T ∂ ∂T
[ρ (T ) c (T ) T ] = ¯ (T )
κ̄ + ¯ (T )
κ̄ + q̇ (2.1)
∂t ∂x ∂x ∂y ∂y

de modo que ρ é a densidade do aço (kgm−3 ), c é o calor especı́fico Jkg −1 K −1 , T é a




¯ é a condutividade térmica (W m−1 K −1 ) e q̇ é


temperatura (K), t é o tempo fı́sico (s), κ̄
o termo de geração oriundo do calor latente de mudança de fase (W m−3 ).
¯ , na realidade, é um tensor de 2a ordem. Porém, assumindo
A condutividade térmica κ̄
a particularidade do material ser isotrópico, o tensor pode ser expresso como escalar
12

(tensor de ordem zero)  


κ 0 
¯=
κ̄   (2.2)
0 κ

O termo de geração de calor latente que surge devido a mudança de fase (lı́quida -
sólida) pode ser escrito como:
∂fs
q̇ = ρ (T ) L (2.3)
∂t

sendo L o calor latente de fusão Jkg −1 , fs a fração sólida formada. O termo de geração


ainda pode escrito, utilizando a regra da cadeia, na forma:

∂fs ∂T
q̇ = ρ (T ) L (2.4)
∂T ∂t

Substituindo a Eq.(2.4) na Eq.(2.1), obtém-se

   
∂ 0 ∂ ∂T ∂ ∂T
[ρ (T ) c (T ) T ] = κ (T ) + κ (T ) (2.5)
∂t ∂x ∂x ∂y ∂y

uma vez que


∂fs
c0 (T ) = c (T ) − L (2.6)
∂T

sendo c (T ) expresso por



cs , se T 6 1770K (sólido)





c (T ) = fs cs + (1 − fs ) cl (2.7)



c l ,

se T > 1792K (lı́quido)

Nota-se que as variáveis cs e cl representam o calor especı́fico das fases sólida (cs = 800
Jkg −1 K −1 ) e lı́quida (cl = 740 Jkg −1 K −1 ), respectivamente.
Para a liga em estudo, o aço 1013D, o calor especı́fico, c, depende da temperatura,
assim como a massa especı́fica, ρ, e a condutividade térmica, κ. A condutividade é
13

expressa por uma relação similar a do calor especı́fico e é representada por [Anjos 2013]:

κs , se T 6 1770K (sólido)





κ (T ) = fs κs + (1 − fs ) κl (2.8)



κl ,

se T > 1792K (lı́quido)

sendo que as variáveis κs e κl são as condutividades térmicas para as fases sólida (κs = 33, 6
W m−1 K −1 ) e lı́quida (κl = 34, 7 W m−1 K −1 ), respectivamente.
Da mesma forma, a densidade pode ser representada por

ρs , se T 6 1770K (sólido)





ρ (T ) = fs ρs + (1 − fs ) ρl (2.9)



ρl ,

se T > 1792K (lı́quido)

onde as variáveis ρs e ρl representam as massas especı́ficas das fases sólida (ρs = 7301
kgm−3 ) e lı́quida (ρl = 7011 kgm−3 ), respectivamente.
A fração sólida (fs ) depende dos constituintes da liga, bem como das interações en-
tre esses componentes durante a solidificação. Na modelagem computacional, assume-se
também que esse termo depende da temperatura na forma [Anjos 2013]

  
1 Tliq − T
fs = (2.10)
1 − k0 Tf − T

Derivando a Eq.(2.10) em relação a temperatura, tem-se

 " #
∂fs 1 Tliq − T 1
= 2 − (2.11)
∂T 1 − k0 (Tf − T ) Tf − T

onde Tf é a temperatura do solvente (Tf = 1808 K), k0 é o coeficiente de partição do


soluto (k0 = 0, 2) e Tliq é a temperatura liquidus (Tliq = 1792 K).
É importante observar que as constantes termofı́sicas apresentam dependência não
linear com a temperatura. Logo, o problema térmico é naturalmente não linear. Note-se
também que, nas simulações, o efeito advectivo da fase lı́quida não é levada em consi-
14

deração. Mas substitui-se a condutividade térmica do lı́quido por uma condutividade


efetiva, dada por:
κef = Cκl (2.12)

assumindo a constante C = 7 [Anjos 2013].

2.3.1 Condições de Contorno do Problema Térmico

Como considerado anteriormente, na secção 2.1, existem diferenças nos coeficientes de


transferência de calor nos raios externo e interno do lingote. Admite-se que isso ocorra
devido a curvatura da máquina de lingotamento, que promove diferentes trocas de calor.
Porém, as faces laterais apresentam um padrão de simetria e, neste trabalho, considera-se
não haver diferenças nas trocas de calor nessas regiões. Com efeito, adota-se a analise dos
efeitos térmicos e mecânicos em apenas metade do lingote, conforme ilustrado na Fig. 2.2.
Os contornos que não estão sujeitos a condição de simetria, são tratados considerando
o efeito convectivo:
Z Z
qdS = h (Tamb − T ) dS (2.13)
S S

Esta equação representa o fluxo lı́quido de calor entrando através da área S, sendo h o
coeficiente de pelı́cula ou coeficiente convectivo de transferência de calor e Tamb a tempe-
ratura ambiente.
Para a face lateral, raios externo e interno em cada zona de resfriamento do lingote,
utiliza-se coeficientes de transferência de calor obtidos numérico-experimentalmente por
Anjos [2013]. Esses coeficientes são organizados por regiões, como segue:

• Região de resfriamento primário - Molde - A equação do coeficiente global de


transferência de calor na interface molde/metal é representado pela relação:

hg (z) = C + Ae−z(t)/B (2.14)

onde
z(t) = vt (2.15)
15

sendo A, B e C constantes obtidas numérico-experimentalmente por Anjos [2013] e


estão representadas na Tabela A.1 (Apêndice A), z(t) é a posição da secção plana
ao longo do processo de lingotamento (m) (Fig. 2.1) em função do tempo e v é a
velocidade da secção (m/mim) ou velocidade do lingotamento, que este trabalho
assume como sendo v = 3, 2 m/mim.

• Região de resfriamento secundário - Os coeficientes de transferência de calor na


região dos jatos, foram obtidos através de medições da temperatura superficial do
lingote e da correlação dessa com a vazão de água de acordo com expressão sugerida
por Brimacombe et al. [1984]

h = 0, 366V n (2.16)

de modo que V é a vazão de água dos sprays (ls−1 ) e n é um número arbitrário. A


Tabela A.2 apresenta as vazões de água em cada zona de resfriamento forçado.

Afim de arbitrar o valor de n, Anjos [2013] utilizou medidas de temperatura super-


ficial do lingote e um simulador. Ao final do experimento, obteve o valor n = 0, 56
de modo que a Eq.(2.16) pode ser expressa na forma:

h = 0, 366V 0,56 (2.17)

• Região de resfriamento por radiação/convecção natural

Os valores do coeficiente de pelı́cula podem ser encontrados na Tabela A.3.

Utilizando as vazões de água mostradas na Tabela A.2 e a Eq.(2.17), os coeficientes


de transferência de calor podem calculados para cada zona de resfriamento secundário e
esses valores podem ser encontrados na Tabela A.3.
Os coeficientes de convecção/radiação também foram obtidos por Anjos [2013] utili-
zando o recurso teórico experimental que pode ser visto em Anjos [2013]. Tal procedimento
envolveu a medição da temperatura superficial do lingote utilizando um pirômetro ótico
e a calibração do coeficiente de transferência de calor, a partir de um valor arbitrado do
16

coeficiente de pelı́cula, por meio de um algoritmo. Caso o valor da temperatura superfi-


cial simulada fosse diferente daquela medida via pirômetro, o valor do h (coeficiente de
pelı́cula) deveria ser ajustado. O valor dos coeficientes, h, baseado nesse procedimento é
utilizado neste trabalho e podem ser observados no Apêndice (Apêndice A).

2.4 Tensão e Deformação Linear em um Sólido Isotrópico

Para o problema de mecânica do sólido que será tratado, considerou-se algumas sim-
plificações, como isotropia, ausência de interações com as forças de corpo e de contato, e
também sem considerar as deformações plásticas do material. Assim, a partir da equação
da conservação do momento linear [Voller 2009], pode-se escrever

∆σij,j = 0 (2.18)

onde ∆σij é a variação do tensor tensão de Cauchy a partir de um estado de referência


(os detalhes podem ser observados em Crisfield [1997]). A variação do tensor por escrito
em termos das componentes, como:
 
∆σ11 ∆σ21 ∆σ31 
 
∆σij = 
∆σ21 ∆σ22 ∆σ 23

 (2.19)
 
∆σ31 ∆σ32 ∆σ33

De acordo com o princı́pio da conservação do momento linear e angular, uma vez que
o corpo não está sujeito a nenhuma interação com forças externas (equilı́brio de rotação
de translação), o tensor tensão é simétrico, ou seja,

∆σ[ij] = 0 (2.20)

e
∆σij = ∆σji (2.21)
17

podendo ser expresso em termos das variáveis independentes como:


 
∆σ11 ∆σ21 ∆σ31 
 
∆σij = 
 ∆σ22 ∆σ23 
 (2.22)
 
sim. ∆σ33

Observa-se que a notação “sim.”denota as componentes simétricas da matriz.


O tensor tensão de Cauchy é aplicado na análise do estado de tensões de materiais su-
jeitos a pequenas deformações (quando comparado as dimensões do corpo como um todo).
Assim, considerando-se a relação conhecida como Lei de Hooke Generalizada escrita em
termos do tensor tensão de Cauchy e do Tensor Deformação Infinitesimal, tem-se

∆σij = Cijkl ∆εkl . (2.23)

sendo
1
∆εkl = (∆uk,l + ∆ul,k ) (2.24)
2

onde uk é o vetor deslocamento (m). É importante observar também as condições de


simetria para o tensor εkl , isto é
∆εkl = ∆εlk (2.25)

O termo Cijkl é o tensor elástico clássico de 4a ordem e apresenta 81 componentes


independentes sem considerar nenhuma simplificação. Entretanto, esse número cai para
36 componentes independentes quando a condição de simetria é empregada (σij = σji ),
levando-o a Cijkl = Cjikl = Cijlk = Cjilk . Ademais, a relação exigida para um material
elástico linear é C(ij)(kl) = C(lk)(ij) , fazendo com que o número de componentes indepen-
18

dentes se reduza para 21. Assim,


    
σ11  C11 C12 C13 C14 C15 C16 ε11

 
 
 


 
  


 
   

   



 σ22 




 C22 C23 C24 C25 C26 
 ε22 



 
   

 σ33  
C33 C34 C35 C36 ε33
 
   
  
=


 (2.26)



 σ12 




 C44 C45 C46 
 2ε12 




 
   

   


 σ23 



 C55 C56 

 2ε23 



 
   

   
 σ31
 
 sim. C66

 2ε31

O número de componentes também depende dos planos de simetria. Então, para uma
material tridimensional, observa-se:

• Para 1 plano de simetria, o tensor Cijkl possui 13 componentes independentes;

• Para 2 planos de simetria, 9 componentes independentes (material ortotrópico);

• Para 3 planos de simetria, 2 componentes independentes (material isotrópico).

Conforme já mencionado, considerou-se o caso com 3 planos de simetria, isto é, um
material isotrópico e as componentes são representadas por

λ = C12 (2.27)

1
µ = (C11 − C12 ) (2.28)
2

Os parâmetros λ e µ são conhecidas como constantes de Lamé. A parâmetro µ é comu-


mente conhecida como G e é denominado de módulo cisalhante. Portando, reescrevendo
19

o tensor Cijkl em termos das constantes de Lamé, observa-se

 
 λ + 2µ λ λ 0 0 0 
 

 λ + 2µ λ 0 0 0 

 
λ + 2µ 0 0 0 
 

Cijkl =


 (2.29)

 µ 0 0 

 

 µ 0 

 
sim. µ

ou em notação indicial,

Cijkl = λδij δkl + µ(δik δjl + δil δjk ) (2.30)

sendo 
 0, m 6= n

δmn =
 1, m = n

Substituindo a Eq.(2.30) em (2.23), obtém-se

∆σij = [λδij δkl + µ(δik δjl + δil δjk )]∆εkl (2.31)

resultando em
∆σij = λδij ∆εkk + 2µ∆εij (2.32)

Note-se que o ı́ndice mudo kk representa os eixos do sistema de coordenadas (p.e. no


sistema cartesiano kk assume xx, yy e zz).
Usualmente as constantes de Lamé são escritas em termos do Modulo de Young E
(N m−2 ) e do Coeficiente de Poisson ν. As constantes de Lamé em termos desses coefici-
entes são dadas por
E
µ= (2.33)
2(1 + ν)


λ= (2.34)
(1 − 2ν)(1 + ν)
20

A matriz constitutiva do material, agora em termos do módulo de Young e do coefici-


ente de Poisson, é escrita como
 
 1−ν ν ν 0 0 0 
 

 1−ν ν 0 0 0 

 
1−ν 0 0 0
 
E  
Cijkl =   (2.35)
(1 + ν)(1 − 2ν) 
 (1−2ν)
0 0


 2 
 
(1−2ν)

 2
0 

 
(1−2ν)
sim. 2

A Eq.(2.35) é denominada lei constitutiva do material e se admite ter comportamento


elástico linear.
Se o corpo também estiver submetido a uma variação de temperatura, ∆T , deve-se
incluir as deformações térmicas do material na Eq.(2.32). Assim, obtém-se

Eν E
∆σij = δij ∆εkk + ∆εij + β (T − Tref ) δij (2.36)
(1 − 2ν)(1 + ν) (1 + ν)

onde Tref é a temperada de referência, e β é expresso por

E
β=− αi (2.37)
1 − 2ν

de modo que α é o coeficiente linear de expansão térmica (K −1 ). Note-se que T − Tref =


∆T , sendo ∆T a variação de temperatura (K) a partir de uma meidada local (T ) em
relação a temperatura de referência.
Para o tensor εij , tem-se

1
∆εij = (∆ui,j + ∆uj,i ) (2.38)
2

E para o tensor εkk , é possı́vel escrever

∆εkk = ∆uk,k (2.39)


21

A forma expressa na Eq.(2.36), apesar de simplificada, pode ser encontrada em diver-


sas aplicações, como na simulação das tensões produzidas pelo efeito térmico durante a
solidificação no lingotamento contı́nuo [Das 1999, Huespe et al. 2000] e pode descrever o
comportamento de muitos materiais.
Escrevendo a Eq.(2.18) na forma integral, isto é, integrando-se em um volume ar-
bitrário, V , obtém-se
Z
∆σij,j dV = 0 (2.40)
V

E, pelo teorema da divergência, para a uma área arbitrária, S, pode-se escrever:

I
∆σij nj dS = 0 (2.41)
S

Em termos das componentes do tensor tensão em função do campo de deslocamentos,


reescreve-se a Eq.(2.41) como:

I   
Eν E 1
∆uk,k δij + (∆ui,j + ∆uj,i ) nj dS
(1 − 2ν)(1 + ν) (1 + ν) 2
S
I
E
− αi δij (T − Tref )nj dS = 0 (2.42)
1 − 2ν
S

É importante destacar que a Eq.(2.42) representa a forma integral da Eq.(2.18), tri-


dimensional, em função dos deslocamentos. Existem casos, contudo, que podem ser sim-
plificados quando se considera o problema bidimensional. Nessas situações, destacam-se
duas possibilidades: o Estado Plano de Tensão (EPT) e o Estado Plano de Deformação
(EPD). A forma bidimensional da Eq.(2.42) que será adotada no presente trabalho será
a do Estado Plano de Tensões.
22

2.4.1 Estado Plano de Tensão

Um corpo rı́gido é considerado em um Estado Plano de Tensão quando se assume:

∆σ33 = ∆σ23 = ∆σ13 = 0 (2.43)

De acordo com o esquema mostrado na Fig. 2.5 e adotando o sistema de coordenadas


x1 , x2 e x3 , as tensões normais ao plano são desprezadas devido espessura do domı́nio.

Figura 2.5: Estado Plano de Tensão em um domı́nio contı́nuo

Manipulando-se a Eq.(2.36), considerando a simplificação dada acima, tem-se na forma


matricial
      
∆σ 11  1 ν 0 
 ∆ε11 1 

 
  
 
 

 
  
 
 

  E      Eαi ∆T  
∆σ 22 = ν 1 0   ∆ε22
 − 1 (2.44)

 
 1 − ν2 
  
 1−ν   

     
 ∆σ 12 0 0 1−ν  2∆ε12  0 
 
  
  
2

Pode-se também escrever a relação acima (Eq.(2.44)) em função das componentes das
deformações na forma matricial
      
∆ε11  1 −ν 0





  ∆σ 11
 
 
 1 

   
 

 

  1    
∆ε22 =  −ν 1
 0   ∆σ 22
 + αi ∆T 1 (2.45)

 
 E  
 
 

     
 2∆ε12
 
 0 0 2(1 + ν)  ∆σ 12
 
  0 
 
23

Observa-se que no EPT, apesar da componente da tensão, ∆σ33 = 0, o mesmo não


ocorre com a componente da deformação, ∆ε33 . Considerando a Eq.(2.36) escrita em
termos das deformações e aplicando algumas manipulações algébricas se pode obter a
equação para o cálculo de ∆ε33

1
∆ε33 = [∆σ 33 − ν(∆σ 11 + ∆σ 22 )] + α3 ∆T (2.46)
E

e assumindo ∆σ 33 = 0, obtém-se

ν
∆ε33 = − (∆σ 11 + ∆σ 22 ) + α3 ∆T (2.47)
E

Assim, como ∆σ11 6= 0 e ∆σ22 6= 0, logo ∆ε33 6= 0.

2.4.2 Estado Plano de Deformação

O Estado Plano de Deformação apresenta

∆ε33 = ∆ε23 = ∆ε13 = 0 (2.48)

Figura 2.6: Estado Plano de Deformação em um domı́nio contı́nuo


24

Ao contrário do EPT, uma das dimensão é assumidamente maior do que as demais,


ou seja, considerando o sistema de coordenadas x1 , x2 e x3 , de acordo com a Fig. 2.6, e o
plano x1 Ox2 , a deformação da direção x3 é descartada (∆ε33 ≈ 0) (mas as tensões nessa
direção não são nulas).
Retomando a Eq.(2.36) e a simplificação adotada na Eq.(2.48), obtém-se
      
∆σ 11  1−ν ν 0





  ∆ε11
 
 
 1 

   
 
 

  E    Eαi ∆T  
∆σ 22 =  ν 1−ν 0   ∆ε22
 − 1

 
 (1 + ν)(1 − 2ν) 
  
 1 − 2ν 
 

     
 ∆σ 12 1−2ν
0 0  2∆ε12  0 
 
  
  
2
(2.49)
Observa-se que no EPD a tensão σ33 é obtida por meio da manipulação da Eq.(2.36),
ou simplesmente tomando a Eq.(2.46) e aplicando na Eq.(2.48)

1
∆ε33 = [∆σ 33 − ν(∆σ 11 + ∆σ 22 )] + α3 ∆T = 0 (2.50)
E

resultando em,
∆σ 33 = ν(∆σ 11 + ∆σ 22 ) − α3 ∆T (2.51)

Para os objetivos deste trabalho, utiliza-se o Estado Plano de Tensão, pois todas
as observações se concentram em uma secção do lingote, que pode ser visto como uma
placa sujeita a variações não uniformes de temperatura nas fronteiras. Contudo, se pode
transformar, com certa simplicidade, do Estado Plano de Tensão para o Estado Plano de
Deformação ou vice-versa [Voller 2009].

2.5 Modelo Termomecânico Aplicado ao Lingotamento Contı́nuo

Para o estudo do efeito das tensões durante a solidificação, adotou-se o EPT. Nesta
secção, serão abordadas considerações importantes na aplicação do modelo ao problema
industrial em questão. Enfatiza-se, que o modelo mecânico acoplado utilizado para des-
crever o comportamento das tensões, leva em conta apenas os carregamentos devido as
variações de temperatura, ao passo que o lingotamento contı́nuo real apresenta diversos
efeitos fı́sico extremamente complexos que contribuem também na formação das tensões.
25

Apesar disso, pode-se fazer uma avaliação quantitativa dos locais de concentração das
tensões lineares.
Assim, para as componentes da tensão considerando o EPT no plano xOy, tem-se

E
∆σxx = [∆εxx + ν∆εyy − (1 + ν)αx ∆T ] (2.52)
1 − ν2

E
∆σyy = [∆εyy + ν∆εxx − (1 + ν)αy ∆T ] (2.53)
1 − ν2

E
∆σxy = ∆εxy = ∆σyx (2.54)
2 (1 + ν)

ou ainda em termos do campo de deslocamentos


   
 ∆u1
 
  ∆u
 

∆ui = = , (2.55)
 ∆u   ∆v 
2
   

 
E ∂∆u ∂∆v
∆σxx = +ν − (1 + ν)αx ∆T (2.56)
1 − ν 2 ∂x ∂y

 
E ∂∆v ∂∆u
∆σyy = +ν − (1 + ν)αy ∆T (2.57)
1 − ν 2 ∂y ∂x

 
E ∂∆u ∂∆v
∆σxy = + (2.58)
2(1 + ν) ∂y ∂x

O problema foi tratado de duas maneiras, a primeira utilizando-se valores fixos de E


(32378, 0 M P a), ν (0, 33) e αxx = αyy = α (22, 3×10−6 K −1 ). E, a segunda, com os termos
E(T ), ν(T ) e α(T ) variando com a temperatura, de acordo com a Tabela A.4 apresentada
no Apêndice (Apêndice A). A variação dos coeficientes foi implementada interpolando-os
linearmente em cada ponto dado (de acordo com a Tabela A.4), conforme representado
nos gráficos (Fig. 2.7).
26
Figura 2.7: Gráficos das propriedades mecânicas variando com a temperatura

Fonte: Adaptado de Huespe et al. [2000].

2.5.1 Condições de Contorno do Modelo Mecânico

As condições de contorno para o problema mecânico serão abordadas na sequência:

I - Simulação Completa - Utiliza-se o domı́nio de cálculo que foi representado na


Fig. 2.8. Quanto ao estado de referência das tenções (σref = 0), adotou-se a região
do menisco (z = 0, 110 m). Utiliza-se também parâmetros (E, ν, α) variáveis com
a temperatura, como a finalidade de avaliar todas as possı́veis contribuições para a
formação de concentrações das tensões lineares.

II - Simulação Iniciada no Comprimento Metalúrgico - Neste caso, os parâmetros


27
Figura 2.8: Representação das condições de contorno do problema mecânico

que descrevem o comportamento do aço durante o lingotamento são constantes


e a temperatura de referência corresponde ao campo localizado no comprimento
metalúrgico (Veja Fig. 2.1).

• Restrições - Para os casos I e II, as restrições estão localizadas nos pontos de


simetria, como pode ser observado no esquema da malha da Fig. 2.8. Note-se
também, pela figura, que as restrições impõe deslocamento prescrito igual a zero,
conforme ilustrado e são necessários para remover o movimento de corpo rı́gido.
28

3. MODELO NUMÉRICO DO LINGOTAMENTO

CONTÍNUO

Este capı́tulo apresenta as equações aproximadas dos modelos térmico e mecânico


acoplado. Utiliza-se, portanto, a equação da conservação da energia para a avaliação do
campo de temperatura e, para as tensões, a conservação do momento linear, adotando-se
a forma simplificada proposta no capı́tulo anterior: o estado plano de tensões (EPT).
Em ambos os modelos fı́sico-matemáticos, empregam-se a metodologia EbFVM (Element
based Finite-Volume Method) em conjunto com elementos triangulares lineares.

3.1 Preliminares

Será utilizada a abordagem do método dos volumes finitos baseados em elementos -


EbFVM. Nesse método, o domı́nio de cálculo 2D é dividido em elementos triangulares e/ou
quadrangulares (conforme pode ser visto na Fig. 3.1). Posteriormente, esses elementos
são divididos em subelementos (ou subvolumes de controle svc), de acordo com o número
de vértices, e as equações de conservação são integradas para cada subelemento. Após o
processo de integração, obtém-se a equação de conservação de cada volume de controle
visitando-se todos os subelementos que compartilham o mesmo vértice, originando, dessa
forma, uma formulação baseada nos vértices da malha (cell vertex formulation). Essa ideia
foi introduzida por Baliga e Patankar [1983] e Schneider e Zedan [1983] para elementos
triangulares e quadrangulares, respectivamente. Neste trabalho, entretanto, somente os
elementos triangulares (Fig. 3.2) serão utilizados.
É importante ressaltar que para essa técnica, que define o volume de controle em volta
do vértice, encontram-se diversas denominações, tais como:

• Control-Volume-based Finite Element Method (CVFEM) - denominação utilizada


29
Figura 3.1: Esquema de malha não estruturada utilizando a metodologia Cell vertex

por Patankar [1980] e por Ferziger e Perić [2002];

• Element-based Finite Volume Method (EbFVM) - nomenclatura adotada por Ma-


liska [2004], Marcondes e Sepehrnoori [2007; 2010];

• Vertex-based Finite Volume Method (VFVM) - termo adotado por Taylor et al.
[1999];

• Cell-vertex Finite Volume Method (CV-FV) - termo utilizado por Slone et al. [2003].

Neste trabalho também será adotada a nomenclatura EbFVM, pois a mesma se refere
a uma metodologia de volumes finitos que emprega elementos finitos e funções de forma,
mas as equações aproximadas são obtidas obedecendo a conservação fı́sica da propriedade
em cada elemento. No presente caso, conservação de energia e momento linear.
No EbFVM, para avaliar a derivada de uma propriedade numericamente (p.e tempe-
ratura - T ), ou simplesmente o valor dessa propriedade, em qualquer ponto do elemento
(p.e. um ponto arbitrário P (x, y)), utiliza-se o recurso das funções de forma. Desse modo,
30
Figura 3.2: Esquema do elemento triangular com as divisões dos subvolumes de controle (scv),
os pontos nodais e (1, 2 e 3), nas faces de cada subvolume de controle, os pontos de integração
(ip)

considerando φ como sendo uma propriedade que se quer avaliar em qualquer ponto den-
tro do elemento, pode-se escrever φ em termos da aproximação (com interpolação linear):

φ ≈ ax + by + c, (3.1)

Contudo os coeficientes a, b e c devem satisfazer a relação nodal

φi ≈ ai xi + bi yi + ci , i = 1, 2, 3 (3.2)

A Eq.(3.1) poder se convenientemente definida em termos das funções de forma Ni


com i = 1, 2, 3, tal que:

 0,

Todos os pontos de lado oposto ao ponto nodal i
Ni (x, y) = (3.3a)
 1,
 No ponto nodal
3
X
Ni (x, y) = 1 em todos os pontos dentro do elemento (3.3b)
i=1

Sobre todo elemento, o campo contı́nuo de uma propriedade arbitrária φ pode ser re-
presentada como uma combinação linear de valores nodais (i = 1, 2, 3), pela aproximação:

3
X
φ(x, y) ≈ Ni (x, y)φi (3.4)
i=1
31

sendo

N1 = Ap23 /A123 (3.5)

N2 = Ap31 /A123 (3.6)

N3 = Ap21 /A123 (3.7)

onde A123 é área do elemento, p é um ponto arbitrário dentro do elemento, Ap23 , Ap21 e
Ap31 são áreas, tais que
Ap23 + Ap31 + Ap21 = A123 (3.8)

(essas áreas podem ser ilustradas pela região em branco apresentadas nos triângulos da
Fig. 3.3). Observa-se que quando p assume valores que coincidem com o ponto nodal i
(i = 1, 2, 3), implica em Ni = 1 e para valores de p do lado posto ao ponto nodal i, a área
associada é Ni = 0. Como pode se verificado pelas relações

Figura 3.3: Ilustração da área do elemento e da área que corresponde a função de forma (em
branco)
32
 
1 x1 y1 
1 
A123 = 1 x 2 y 2
 (3.9)
2



1 x3 y 3

1
Ap23 = [(x2 y3 − x3 y2 ) − xp (y3 − y2 ) + yp (x3 − x2 )] (3.10)
2
1
Ap31 = [(x3 y1 − x1 y3 ) − xp (y1 − y3 ) + yp (x1 − x3 )] (3.11)
2
1
Ap12 = [(x1 y2 − x2 y1 ) − xp (y2 − y1 ) + yp (x2 − x1 )] (3.12)
2

Retomando a Eq.(3.4), a derivada de um propriedade φ, pode ser escrita em termos


das funções de forma como:

3
∂ X ∂
φ(x, y) ≈ Ni (x, y)φi
∂x i=1
∂x
3
∂ X ∂
φ(x, y) ≈ Ni (x, y)φi (3.13)
∂y i=1
∂y

Portanto, para as propriedades avaliadas nas faces, como, por exemplo, a difusivi-
dade no subvolume de controle svc1, utilizando o ponto médio de cada face (ponto de
integração), obtém-se

3
X 5 5 2
κip1 = Ni κi = κ1 + κ2 + κ3 (3.14)
j=1
12 12 12

3
X 5 2 5
κip2 = Ni κi = κ1 + κ2 + κ3 (3.15)
j=1
12 12 12

Note que i é o ı́ndice do ponto nodal e Ni as funções de forma definidas anteriormente.


Para as derivadas, expressa-se as componentes do operador ∇ (as duas componentes do

operador - , ∂)
∂x ∂y
como
3
∂ X
= Nix (3.16)
∂x i=1
33

3
∂ X
= Niy (3.17)
∂y i=1

∂N1 (y2 − y3 )
N1x = =
∂x 2V ele
∂N1 (x3 − x2 )
N1y = =
∂y 2V ele
∂N2 (y3 − y1 )
N2x = = (3.18)
∂x 2V ele
∂N2 (x1 − x3 )
N2y = =
∂y 2V ele
∂N3 (y1 − y2 )
N3x = =
∂x 2V ele
∂N3 (x2 − x1 )
N3y = =
∂y 2V ele

sendo V ele o volume do elemento assumindo profundidade unitária e pode ser expresso
como:
(x2 y3 − x3 y2 ) + x1 (y2 − y3 ) + y1 (x3 − x2 )
V ele = (3.19)
2

A contribuição, para o volume, do subvolume de controle é

1
Vi = V ele (3.20)
3

Outra definição importante são os vetores unitários localizados nos pontos de inte-
gração (ip), nas faces dos subvolumes de controle (scv). As componentes desses vetores
unitários são expressas como:

∆yf1~
~nxf1 = i
S f1
∆xf1 ~
~nyf1 = (−j) (3.21)
S f1
∆yf2~
~nxf2 = i
S f2
∆xf2 ~
~nyf2 = (−j)
S f2
34

em que

x 3 x2 x1
∆xf1 = − −
3 6 6
y3 y2 y1
∆yf1 = − −
3 6 6
−x2 x3 x1
∆xf2 = + +
3 6 6
−y2 y3 y1
∆yf2 = + +
3 6 6

e as áreas das faces são dadas por (assumindo profundidade unitária):

q q
Sf1 = ∆x2f1 + ∆yf21 , Sf2 = ∆x2f2 + ∆yf22 (3.22)

3.2 Discretização da Equação da Energia

Integrando-se a equação da energia, Eq.(2.5), apresentada no Capı́tulo (Cap. 2), no


volume e no tempo, e aplicando o teorema de Gauss para o termo difusivo, obtém-se a
relação na forma conservativa:

Z Z Z I  
∂ ∂T ∂T
ρ (T ) c0 (T ) T dV dt = κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndSdt (3.23)
∂t ∂x ∂y
t V t S

Para a discretização da Eq.(3.23), considera-se primeiramente o termo condutivo e a


integração no espaço. A tarefa é associar o domı́nio de integração à área do volume de
controle associado a um ponto nodal e avaliar a integral em cada face do subvolume de
controle (nos pontos de integração - ip - Fig. 3.2).

I   Z  
∂T ∂T ∂T ∂T
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS = κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS
∂x ∂y ∂x ∂y
S ip1
Z  
∂T ∂T
+ κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS (3.24)
∂x ∂y
ip2

Então, por exemplo, para um subvolume de controle svc1, da Fig. 3.2, se pode escrever
35

a aproximação, usando a regra do ponto médio,

I    
∂T ∂T ∂T ∂T
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS ≈ κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~nS|ip1
∂x ∂y ∂x ∂y
S
 
∂T ∂T
+ κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~nS|ip1 (3.25)
∂x ∂y

e em termos das funções de forma, Eqs.(3.16) e (3.17), da relação proposta para os vetores
unitários, Eq.(3.21), e Eq.(3.22), para as áreas das faces, têm-se

  3 3
∂T ∂T X X
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~nS|ip1 = κip1 Nix Ti ∆yip1 + κip1 Niy Ti (−∆x)ip1 (3.26)
∂x ∂y i=1 i=1

  3 3
∂T ∂T X X
κ (T ) î + κ (T ) · ~nS|ip2 = κip2 Nix Ti ∆yip2 + κip2 Niy Ti (−∆x)ip2 (3.27)
∂x ∂y i=1 i=1

ou agrupando os termos geométricos de cada face, observa-se

I   3 3
∂T ∂T X X
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndS ≈ (Gi1 + Gi2 ) Ti = Fi Ti (3.28)
∂x ∂y i=1 i=1
S

Voltando a Eq.(3.23), trata-se agora o termo transiente que, para um ponto nodal i,
pode ser expresso como

Z Z

[ρi (T ) c0i (T ) Ti ] dV dt = N eti (3.29)
∂t
t V

integrando no tempo e no volume, vem

N eti 
= ρi (T ) c0i (T ) Ti |t+∆t − ρi (T ) c0i (T ) Ti |t ∆V

(3.30)
∆t

onde t + ∆t indica o passo de tempo atual e t o passo de tempo anterior. Para o termo
36

difusivo, resta

Z I   " 3 3
#
∂T ∂T X
t
X
t+∆t
κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndSdt ≈ ∆t (1 − θ) Fi Ti + θ Fi Ti (3.31)
∂x ∂y i=1 i=1
t S

o parâmetro θ (0 ≤ θ ≤ 1) é usado como fator peso para aproximar o fluxo lı́quido dentro
do volume de controle, que representa o ponto nodal i, durante o intervalo de tempo
[t, t + ∆t], em termos da taxa que flui imediatamente ao entrar e ao sair do volume de
controle ao longo do tempo.
Para os possı́veis valores de θ, as três formas mais conhecidas são:

• Totalmente implı́cito θ = 1

3
X
N eti = ∆t Fi Tit+∆t (3.32)
i=1

• Crank-Nicolson θ = 0, 5
" 3 3
#
∆t 1 X 1 X
N eti = Fi Tit+∆t + Fi Tit (3.33)
2 2 i=1 2 i=1

• Explı́cito θ = 0
3
X
N eti = ∆t Fi Tit (3.34)
i=1

A opção que se faz neste trabalho é θ = 0, ou método Explı́cito. Então, para todos
os pontos nodais i, de cada elemento k, percorrendo primeiramente os correspondentes
subvolumes de controle j da malha (Fig. 3.4), a equação discretizada pode ser escrita na
forma:
nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
N etijk = ∆t Fijk Tit (3.35)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1

Na próxima secção, discute-se a discretização das condições de contorno do problema


térmico.
37
Figura 3.4: Esquema do elemento triangular com as divisões dos subvolumes de controle

3.2.1 Condições de Contorno

Integrando-se a Eq.(2.5) no espaço e no tempo e substituı́do o fluxo de calor pela


condição de contorno dada pela Eq.(2.13), obtém-se

Z Z Z I  
∂ ∂T ∂T
ρ (T ) c0 (T ) T dV dt = κ (T ) î + κ (T ) ĵ · ~ndSdt
∂t ∂x ∂y
t V
Zt Z
S

+ h (Tamb − T ) dSdt (3.36)


t S
38

Logo, integrando-se nas faces que pertencem as fronteiras do domı́nio,

Z Z
h (Tamb − T ) dSdt ≈ −Bci Ti ∆t + Bbi Tamb ∆t (3.37)
t S

de modo que

Bci = hSi (3.38a)

Bbi = hTamb Si (3.38b)

onde o coeficiente de pelı́cula, h, é definido de acordo com as condições de contorno


ilustradas na Fig. 2.2 e podem ser listadas abaixo:

• Fronteira adiabática, h = 0 - É definida pela fronteira de simetria (Fig. 2.2), que,


por essa razão, não apresenta fluxo de calor;

• Demais Fronteiras, h > 0 - Essas contornos representam a face lateral, raios


externo e interno (Fig. 2.2). As equações discretizadas, incluindo os termos de
fronteira, podem ser representadas por:

" 3
#t
X
[Bci ∆t + ∆Vi ρi (T ) c0i (T )] Ti |t+∆t = ∆Vi ρi (T ) c0i (T ) + ∆t Fi Tit + Bbi ∆t
i=1
(3.39)
Note-se que ∆Vi e a soma de todos os volumes que circundam o ponto nodal i (vide
Fig. 3.4).

Na sequência, apresenta-se de forma simplificada, o fluxograma do algoritmo do pro-


blema térmico.

3.3 EbFVM Aplicado ao Modelo Termomecânico

Para análise das tensões no lingotamento contı́nuo, considerou-se apenas uma fatia,
isto é, uma secção fina do lingote. Essa foi acompanhada do menisco à região de corte.
Para a análise das tensões provocadas pelas variações de temperatura, adotou-se o Estado
Plano de Tensões cujas componentes, as Eqs.(2.56), (2.57) e (2.58), podem ser observadas
39
Figura 3.5: Fluxograma para o problema térmico (Variável desconhecida T )

no Capı́tulo (Cap. 2). Para a abordagem do EbFVM, reescreve-se essas componentes em


função da variação dos deslocamentos na forma integral

I      
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
+ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ · n̂dS = 0
1 − ν 2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s
(3.40)

I      
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î · n̂dS = 0
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s
(3.41)
A tarefa neste momento é utilizar os recursos apresentados na secção anterior para
aproximar numericamente as Eqs.(3.40) e (3.41). Então, a integração da Eq.(3.40), em
cada ponto ip, (p.e. do subvolume de controle mostrado na Fig. 3.2) pode ser escrita
como
40

I      
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v x x
2
+ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ ·n̂dS = Iip1 +Iip2
1−ν ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s

onde

Z      
x E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip1 = +ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ · n̂dS
1 − ν 2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip1

Z      
x E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip2 = +ν − (1 + ν) α∆T î + + ĵ · n̂dS
1 − ν 2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip2

E para a Eq.(3.41),

I      
E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v y y
ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î ·n̂dS = Iip1 +Iip2
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
s

onde

Z      
y E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip1 = ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î · n̂dS
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip1

Z      
y E ∂∆u ∂∆v E ∂∆u ∂∆v
Iip2 = ν + − (1 + ν) α∆T ĵ + + î · n̂dS
1 − ν2 ∂x ∂y 2 (1 + ν) ∂y ∂x
ip2
41

Assim, para cada ponto de integração (Eq. 3.40),

" 3 3
#
X X
x
Iip1 ≈ κxxip1 Njx ∆uj + νip1 Njy ∆vj − (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 ∆yip1 +
j=1 j=1
3 3
!
X X
κxy ip1 Njy ∆uj + Njx ∆vj (−∆xip1 )
j=1 j=1 ip1
" 3 3
#
X X
x
Iip2 ≈ κxxip2 Njx ∆uj + νip2 Njy ∆vj − (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 ∆yip2 +
j=1 j=1
3 3
!
X X
κxy ip2 Njy ∆uj + Njx ∆vj (−∆xip2 )
j=1 j=1 ip2

Agora, para cada ponto de integração da Eq.(3.41),

" 3 3
#
y
X X
Iip1 ≈ κyy ip1 νip1 Njx ∆uj + Njy ∆vj − (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 (−∆xip1 )
j=1 j=1
3 3
!
X X
+κyx ip1 Njy ∆uj + Njx ∆vj ∆yip1
j=1 j=1 ip1

" 3 3
#
y
X X
Iip2 ≈ κyy ip2 νip2 Njx ∆uj + Njy ∆vj − (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 (−∆xip2 )
j=1 j=1
3 3
!
X X
+κyx ip2 Njy ∆uj + Njx ∆vj ∆yip2
j=1 j=1 ip2

sendo
E
κxx = κyy = (3.42)
1 − ν2

E
κxy = κyx = (3.43)
2 (1 + ν)

Agrupando os termos geométricos para a discretização da Eq.(3.40), obtém-se

3
X 3
X
x x
Gxx Gxx Gxy xy thx thx
  
Iip1 + Iip2 ≈ j1 + j2 ∆uj + j1 + Gj2 ∆vj − G1 + G2 =0 (3.44)
j=1 j=1
42

onde

Gxx
j1 = κxxip1 Njx ∆yip1 + κxy ip1 Njy (−∆xip1 )

Gxx
j2 = κxxip2 Njx ∆yip2 + κyx ip2 Njy (−∆xip2 )

Gxy
j1 = κxxip1 νip1 Njy ∆yip1 + κxy ip1 Njx (−∆xip1 )

Gxy
j2 = κxxip2 νip1 Njy ∆yip2 + κxy ip2 Njx (−∆xip2 ) (3.45)

Gthx
1 = (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 ∆yip1

Gthx
2 = (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 ∆yip2

e para os termos da Eq.(3.41),

3
X 3
X  
y y
Gyy yy yx yx thy thy
 
Iip1 + Iip2 ≈ j1 + Gj2 ∆u j + Gj1 + Gj2 ∆v j − G1 + G2 =0 (3.46)
j=1 j=1

onde

 
Gyy
j1 = κyy ip1 Njy (−∆xip1 ) + κyx ip1 Njx ∆yip1
 
Gyy
j2 = κyy ip2 Njy (−∆xip2 ) + κyx ip2 Njx ∆yip2
 
Gyx
j1 = κyy ip1 νip1 Njx (−∆xip1 ) + κyx ip1 Njy ∆yip1
 
Gyx
j2 = κyy ip2 νip2 Njx (−∆xip2 ) + κyx ip2 Njy ∆yip2 (3.47)

Gthy
1 = (1 + νip1 ) αip1 ∆Tip1 (−∆xip1 )

Gthy
2 = (1 + νip2 ) αip2 ∆Tip2 (−∆xip2 )

Após o processo de integração, obtém-se a equação de conservação de cada volume


de controle visitando-se todos os subelementos que compartilham o mesmo vértice (nve).
Assim, a forma discretizada da Eq.(3.40), pode ser expressa como:

nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
xx xy
Fijk ∆uj + Fijk ∆vj − Fxth ≈ 0 (3.48)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1
43

Do mesmo modo para a Eq.(3.41)

nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
yy yx
Fijk ∆vj + Fijk ∆uj − Fyth ≈ 0 (3.49)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1

sendo

xx
Fijk = Gxx xx
j1 + Gj2

xy
Fijk = Gxy xy
j1 + Gj2

yy
Fijk = Gyy yy
j1 + Gj2

yx
Fijk = Gyx yx
j1 + Gj2 (3.50)

Fxth = Gthx thx


1 + G2

Fyth = Gthy thy


1 + G2

Observa-se que o termo F corresponde a matriz de rigidez local, que é similar a expressão
obtida pelo FEM (Finite Element Method ) [Filippini 2011].

3.3.1 Condições de Contorno do Problema Termomecânico

Para as condições de contorno, evoca-se as Eqs.(3.48) e (3.49), acrescentando-se as


yy yy
constantes Bbxx xx
j , Bbj , Bcj e Bcj ,

nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
xy
 xx xx
∆vj − Fxth + Bbxx

Bcj + Fijk ∆uj + Fijk j ≈ 0 (3.51)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1

nve X
X scv X
ele nve X
X scv X
ele
 yy yy yx
∆uj − Fyth + Bbyy

Bcj + Fijk ∆vj + Fijk j ≈ 0 (3.52)
i=1 j=1 k=1 i=1 j=1 k=1

que representam as condições de contorno para o problema mecânico.


Observando-se a região de simetria, que está ilustrada na Fig. 2.8, para evitar mo-
vimento de corpo rı́gido, restringe-se os deslocamentos na horizontal representado pela
componente u, aplicando-se a Bcxx xx 6
j um “peso”, isto é, adotando-se Bcj = 10 × Ej (T ).
44

Com esse valor, o deslocamento na direção horizontal (x), na fronteira de simetria, é


aproximadamente nulo (u ≈ 0). E para os deslocamento na direção vertical (y), toma-se
apenas o ponto P (0, 05; 0, 05) e adota-se Bcyy 6
j = 10 × Ej (T ), isto é, fixa-se a compo-

nente do campo de deslocamento vi em P (0, 05; 0, 05) e para os outros pontos do domı́nio
yy
Bcxx
j = 0 e Bcj = 0. Como não há a presença de forças de compressão ou tração produ-
yy
zidas por agentes externos, as constantes Bbxx
j e Bbj recebem zero em todos os outros

elementos.
Na Fig. 3.6, encontra-se o fluxograma para o cálculo das variáveis desconhecidas
∆un+1 e ∆v n+1 . Um vez obtidos esses valores, efetuam-se as operações:

un+1 = ∆un+1 + un (3.53)

e
v n+1 = ∆v n+1 + v n (3.54)

Obtidos os campos de deslocamentos un+1 e v n+1 , reescreve-se as Eqs.(2.56), (2.57) e


(2.58), na forma (detalhes em Voller [2009]):

 
ele ele
P V ele ∂∆un+1
i P V ele ∂∆vin+1
Ei  3 ∂x 3 ∂y 
 i=1 ele i=1 ele
n+1
∆σxx = + νi − (1 + νi )αi ∆Tin+1  (3.55)

i 2
(1 − νi )  Vi Vi

 
ele n+1
ele n+1

V ele ∂∆ui V ele ∂∆vi
P P
Ei  3 ∂x 3 ∂y 
 i=1 ele i=1 ele
n+1
∆σyy = νi + − (1 + νi )αi ∆Tin+1  (3.56)

i
(1 − νi 2 )  Vi Vi 

e  
ele ele
P V ele ∂∆un+1
i P V ele ∂∆vin+1
Ei  3 ∂y 3 ∂x 
n+1 n+1  i=1 ele i=1 ele 
∆σxy = ∆σyx = + (3.57)
i i
2 (1 + νi )  Vi Vi
 

45

Em seguida,
n+1 n n+1
σxx = σxx + ∆σxx , (3.58)

n+1 n n+1
σyy = σyy + ∆σyy (3.59)

e
n+1 n n+1
σxy = σxy + ∆σxy (3.60)

Note-se que n + 1 indica a variação atual e n, a variação anterior.


Agora, é possı́vel calcular as componentes das tensões e deformações. Em seguida,
para observar as regiões que acorrem acúmulo de tensões lineares, efetua-se o cálculo da
tensão equivalente ou critério de von Mises, por meio da relação [Crisfield 1997]:

q
σvM 2 + σ2 − σ σ
= σxx 2
yy xx yy + 3σxy (3.61)

Com a Eq.(3.61), analisa-se as regiões de concentração do estado de tensões lineares


e, assim, verificar se esses valores ultrapassam o limite de escoamento do material, σY
(Tensão de escoamento - Veja Tabela A.4), causado deformações plásticas.
46

Figura 3.6: Fluxograma esquemático do problema termomecânico (Variáveis desconhecidas


∆un+1 , ∆v n+1 )
47

4. RESULTADOS

Neste capı́tulo são apresentados e discutidos os resultados das simulações térmica e


mecânica. Durante a simulação, escolhe-se algumas secções que se julgou mais interessan-
tes e essas são mostradas de acordo com a posição relativa à máquina de lingotamento
z(t).

4.1 Preliminares

Aborda-se, neste texto, os resultados obtidos nas simulações para os seguintes casos:

I- Resultados térmicos - Apresentam-se os campos de temperatura de algumas


secções e o gráfico da formação da casca sólida durante o resfriamento;

II- Simulação iniciada no comprimento metalúrgico (região na qual toda


secção do lingote é sólida) - Na simulação iniciada no comprimento metalúrgico,
foi observado o comportamento das tensões tanto com parâmetros constantes (E, ν, α)
como dependentes da temperatura. Para o primeiro caso (propriedades mecânicas
constantes), adotou-se os parâmetros fı́sicos mostrados na primeira linha da Ta-
bela A.4, enquanto que para o segundo (propriedades mecânicas variáveis), utilizou-
se o ajuste linear que foi mostrado na Fig. 2.7 e o conjunto de dados apresentado
na Tabela A.4;

III- Simulação iniciada no menisco - Na simulação iniciada no menisco, as proprie-


dades mecânicas variam com a temperatura, conforme o gráfico mostrado na Fig. 2.7
e os valores podem ser vistos na Tabela A.4.

Quanto as unidades, a temperatura é apresentada em Kelvin (K) e as tensões em


M P a.
48

4.2 Resultados Térmicos

Com os coeficientes de transferência de calor obtidos por Anjos [2013], foi possı́vel
implementar um algorı́timo e observar o perfil de temperatura durante todo processo de
lingotamento. Representa-se na Fig. 4.1, os campos térmicos dentro, em z = 0, 115 m,
e fora do molde, em z = 2, 0 m. Nota-se a diminuição da região lı́quida e a formação
da casca sólida, que é definida pela região que representa as temperaturas T ≤ 1700 K
(temperatura solidos).

Figura 4.1: Campo de temperatura dentro e fora do molde

Uma importante consideração da técnica de lingotamento contı́nuo, segundo Brima-


combe et al. [1984], está na fato de se obter uma espessura mı́nima de formação da casca
sólida, que deve apresentar uma camada entre 9 − 10 mm, para a prevenção do rompi-
mento do lingote ao sair do molde. A simulação apresentou a formação de 11 mm de
49

camada solidificada (e = 11 mm - Fig. 4.2), que é um valor acima do mı́nimo, e portanto,


considerado um bom resultado.

Figura 4.2: Perfil da casca sólida formada na saı́da do molde (z = 0, 70m)

Apresenta-se graficamente, na Fig. 4.3, a formação percentual da casca sólida em


função da distância (z) ao menisco, com velocidade de lingotamento de v = 3, 2m/mim.
Foram testadas malhas com diferentes números de elementos com o objetivo de verificar
a dependência do resultado com o número de elementos e, como pode ser verificado no
gráfico (Fig. 4.3), a malha mais grosseira (106 elementos) apresenta aproximadamente
o mesmo resultado quando comparado a malha com 5.900 elementos. Contudo, para os
resultados térmicos e mecânico acoplado utilizou-se a malha com 5.900 elementos.
Na Fig. 4.4, apresentam-se os campos de temperatura localizados na região imediata-
mente abaixo do comprimento metalúrgico (z = 7, 466 m) e na região de corte (z = 12, 0
m). Comparando-se o resultados obtidos na Fig. 4.4a e na Fig. 4.1b, observa-se um consi-
50
Figura 4.3: Representação gráfica da formação percentual de sólido

derável reaquecimento na superfı́cie do lingote, que pode ser explicado pela redistribuição
da temperatura, devido a redução da retirada de calor na região de resfriamento terciário.

4.3 Resultados da Simulação Termomecânica

4.3.1 Resposta Mecânica a Partir do Comprimento Metalúrgico

As simulações do problema mecânico acoplado cujos resultados são encontrados nesta


secção, foram obtidos empregando-se parâmetros constantes (E, ν, α) e variáveis com a
temperatura, utilizando-se as simplificações discutidas no Capı́tulo 2.
Na região denominada de comprimento metalúrgico, o aço está totalmente solidificado.
Nos resultados mostrados nas Figs. 4.5 e 4.6, adota-se o comprimento metalúrgico como
sendo a região de referência e isso significa que as tensões são nulas nessa secção do
lingote. Assim, os resultados apresentados nas Figs. 4.5 e 4.6 são as contribuições dos
carregamentos térmicos na seção de corte em relação ao comprimento metalúrgico, não
observando as contribuições das zonas mistas (sólido-lı́quido).
Os campos de deslocamentos (u, v) e as componentes do estado plano de tensões
51
Figura 4.4: Ilustração do campo de temperatura no comprimento metalúrgico e na região de
corte

(σxy , σxx e σyy ) são mostradas na Fig. 4.5. Observa-se, na Fig. 4.5a, os resultados com
parâmetros constantes e, na Fig. 4.5b, com parâmetros variáveis. Como era esperado, uma
vez que para a simulação com parâmetros constantes se utilizou o valor máximo do módulo
de Young (E- vide Tabela A.4), há uma diferença de valores significativa chegando a 40%
quando comparado a simulação com parâmetros variáveis, porém o campos de tensões
apresentam a mesma distribuição em ambas as Figuras. E o mesmo pode ser visto na
Fig. 4.6, que apresenta a resposta da tensão equivalente de von Mises. Ainda na Fig. 4.6,
observa-se a concentração de tensões na região central (eixo de simetria), face lateral
e raios externo (acima) e interno (abaixo - Veja Fig. 2.8). Essas localizações podem
favorecer o aparecimento de trincas longitudinais.
52
Figura 4.5: Representação das componentes do EPT na secção de corte (z = 12, 0m)

4.3.2 Resposta Mecânica Para o Lingotamento Contı́nuo Completo

Os resultados da simulação mecânica acoplada, com estado de referência no menisco


(isto é, campo de tensões zero nessa região), sem o efeito da pressão ferrostática e com as
propriedades mecânicas dependendo da temperatura são analisadas nesta secção.
A Fig. 4.7 apresenta os resultados do campo de deslocamentos e das componentes das
tensões σxx , σyy , σxy e σvM , nas Figs. 4.7a, b, c e d, respectivamente, na qual se observa
locais sujeitos ao efeito de compressão (tensões negativas) e tração (tensões positivas).
Observa-se também áreas cuja tensão é nula (em cinza), que indica a presença de aço
lı́quido. Por meio do resultado do critério de von Mises, Fig. 4.7d, verificam-se locais de
concentração de tensões nas extremidades.
53
Figura 4.6: Representação do critério de von Mises na secção de corte (z = 12, 0m)

Em seguida, na Fig. 4.8, mostra-se o efeito do campo térmico e a deformação em


duas secções do lingote, z = 4, 01 m e z = 4, 31 m, durante o reaquecimento. Nota-
se, nas extremidades, um aumento da temperatura de aproximadamente 100 K e, em
seguida, regiões de alı́vio com deformações apresentado valores menos negativos. Devido
a isotropia do problema, a Fig. 4.8 mostra apenas uma das componente da deformação
térmica, εtérmico . Contudo, também podem ser observadas as deformações mecânicas εxx
e εyy .
54

Figura 4.7: Resultado do campo de tensões dentro do molde (z = 0, 43m)


Figura 4.8: Campo de temperatura e o efeito das deformações térmicas e mecânicas
55
56

Note-se que os valores negativos das componentes da deformação, indicam que o ma-
terial está em compressão durante o resfriamento e logo em seguida, depois de uma nova
distribuição de temperatura, observa-se valores menos negativos, isto é, ocorre um mode-
rado efeito de tração nesse momento.
Finalmente, na Fig. (4.9), mostra-se a secção de corte e as contribuições das compo-
nentes das tensões iniciadas no menisco. Também se observa a tensão equivalente de von
Mises na qual se pode ver regiões de alta concentração nas extremidades, indicando locais
de possı́veis formações de trincas.

Figura 4.9: Componentes do estado plano de tensões na região de corte (z = 12, 0 m)

Os resultados apresentados na Fig. 4.7, em comparação aos mostrados na Fig. 4.9, são
consideravelmente diferentes, pois as contribuições das zonas mistas afetam tanto a distri-
buição quanto a magnitude do campo de tensões e, por isso, não podem ser desprezadas.
57

Como pode ser visto, a concentração das tensões estão presentes na superfı́cie do lingote
conforme indica a Fig. 4.9. Por outro lado, a distribuição apresentada na Fig. 4.7 mostra
acúmulo de tensão na superfı́cie e no centro do lingote. Observa-se ainda na Fig. 4.7
uma modesta diferença na forma do produto final, o tarugo, devido a ação da compressão
causada pela forma que ocorreu o resfriamento. Esse resultado indica a necessidade de
formas de resfriamento mais eficiente de modo a evitar tais imperfeições.

4.4 Limitações da Modelagem

No processo industrial do lingotamento contı́nuo existem importantes aspectos que


não formam considerados na simulação, como a formação de espaços vazios no molde
(“gaps”), do efeito advectivo produzido pelo aço lı́quido e também da ação da pressão
ferrostática (aço lı́quido comprimindo as paredes do lingote). Este trabalho, entretanto,
aborda o efeito térmico na formação do campo de tensões lineares. Observa-se ainda
que a solução do problema térmico e mecânico acoplado unidirecional foi sujeito a outras
simplificações, como a presença da isotropia, ausência das forças de contato (com o molde
e os rolos) e domı́nio bidimensional.
Outro especto importante é que o cálculo das tensões lineares não são suficientes
para se observar a formação de trincas, pois, na realidade, o material possui um limite de
elasticidade no qual, uma vez ultrapassado, as deformações apresentam estado irreversı́vel
e aumento do limite de escoamento (σY ). Assim, faz-se necessário o tratamento mecânico
não linear, do ponto de vista da plasticidade. Para ilustrar, observa-se, na Fig. 4.10, o
campo da função de plasticidade (fpl ) que é definido segundo a relação:


σvM − σY < 0 Regime elástico




fpl = σvM − σY = 0 Limite de escoamento (4.1)



σvM − σY > 0

Regime plástico

onde σY é o limite de escoamento do material e os valores são mostrados na Tabela A.4.


Nota-se, na Fig. 4.10, que as regiões positivas indicam que a tensão equivalente, σvM , é
maior do que o limite de escoamento do material, σY , e o tratamento não linear deve
58
Figura 4.10

ser considerado. Verifica-se ainda, na Fig. 4.10c, a secção do lingote, na região de corte
(z = 12, 0 m) na qual a função, fpl , apresenta valores positivos em quase todo domı́nio
devido ao acúmulo das tensões lineares que tem inı́cio no molde (Fig. 4.10a).
Outro fator importante na investigação de trincas produzidas apenas pelos carrega-
mentos térmicos é a contribuição do efeito viscoplástico que se mostra importante em
problemas nos quais o material é sujeito a altas variações térmicas, como é o caso do
lingotamento contı́nuo [Janik et al. 2004].
59

5. CONCLUSÃO

Este trabalho teve como tarefa principal a avaliação do campo térmico e mecânico aco-
plado unidirecionalmente aplicado ao processo de lingotamento contı́nuo do aço 1013D
(0,3% de carbono), em conjunto com a metodologia EbFVM (Element based Finite-
Volume Method). Assim, utilizou-se a equação da conservação da energia, em meio
isotrópico, para a obtenção do campo térmico e a equação da conservação do momento
linear para a obtenção do campo de deslocamentos e a resposta das componentes das
tensões.
Com a utilização de dados numérico-experimentais para o valor do coeficiente de
pelı́cula, foi possı́vel observar o comportamento bidimensional do campo térmico em di-
ferentes partes do processo de lingotamento contı́nuo. Obtida a temperatura em cada
região, avaliou-se a influência das deformações térmicas, provocadas pelo resfriamento
durante o processo de solidificação, e a contribuição dessas deformações na formação do
estado de tensões. Também se obteve a região de concentração das tensões e, por meio
do critério de von Mises, verificou-se que as tensões atingiram o regime de plasticidade.
No presente caso, esses locais com maior concentração são face lateral e raios externo e
interno. É importante ressaltar que as soluções obtidas para o estado plano de tensões
devem ser tratadas observando o comportamento plástico do material, que não foi consi-
derado neste trabalho. Observou-se ainda a influência quantitativas e qualitativas quanto
a escolha do estado de tensão de referência com a avaliação das propriedades mecânicas
do material constantes e variáveis na solução final do problema.
Apesar das simplificações adotadas, este texto traz informações quantitativas quanto
a formação de acúmulos das tensões, que apontam para regiões de possı́veis formações de
trincas.
60

6. TRABALHOS FUTUROS

Como o leitor pode ter observado, considerações importantes precisam ser acrescen-
tadas na modelagem. Este trabalho utilizou o Método de Volumes Finitos baseado em
Elementos (EbFVM) afim de resolver numericamente a equação energia para obter campo
de temperatura e utilizou a equação da conservação do momento linear para resolver o
campo deslocamentos. Assim, a expectativa para os próximos trabalhos é a utilização do
EbFVM na simulação do processo de lingamento contı́nuo tridimensional, e o tratamento,
com o mesmo método, dos fenômenos fı́sicos acoplados, como forças de contato com os
rolos e o calor gerado no processo de fricção, e o efeito advectivo do aço lı́quido dentro do
molde.
Apresenta-se, abaixo, uma lista de possı́veis trabalhos que podem ser desenvolvidos:

I - Implementação do comportamento Elasto-plástico bidimensional/tridimensional;

II - Estudos direcionados ao comportamento viscoelástico e/ou viscoplástico do mate-


rial;

III - Implementação do acoplamento forte termomecânico em domı́nio bidimensional/tridimensional

Figura 6.1: Diagrama que representa o acoplamento termomecânico forte


61

IV - Efeito advectivo produzido pelo aço lı́quido dentro do tarugo, com efeito fer-
rostático e força de corpo;

V - O efeito das trocas de calor dentro do molde levando em conta a formação de


“gaps” entre as paredes do molde e o lingote.
62

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66

A. APÊNDICE

Este apêndice tem por finalidade expor as tabelas utilizadas na simulação.

A.1 Tabelas Utilizadas na Simulação

Tabela A.1: Parâmetros da equação do coeficiente global de transferência de calor na interface


molde/metal

A B C
Raio Externo 1652,54982 0,076 1012,3554
Raio Interno 1382,75331 0,11003 892,5904
Face Lateral 1323,34964 0,10339 908,72076

Tabela A.2: Vazão dos sprays (ls−1 )

Zonas dos Sprays


a
1 Zona 2a Zona 3a Zona
3, 07 3, 02 2, 67
Fonte: Adaptado de Anjos [2013].
67

Tabela A.3: Coeficientes de transferência de calor nas regiões dos sprays

Zonas dos Sprays Radiação/Convecção natural


a
1 Zona 2a Zona a
3 Zona 154(W m−2 K −1 )
741(W m−2 K −1 ) 734(W m−2 K −1 ) 679(W m−2 K −1 )
Fonte: Adaptado de Anjos [2013].

Tabela A.4: Propriedades mecânicas para o aço 0,3% carbono

T (K) E(GP a) ν α(K −1 ) σY (M P a)


1173 32,378 0,33 25, 0 × 10−6 14,0
1273 20,0 0,33 11,0
1373 14,542 0,33 8,0
1473 12,896 0,33 29, 092 × 10−6 5,5
1573 11,954 0,33 4,0
1673 8,608 0,36 41, 653 × 10−6 3,5
1723 5,062 0,40
1728 65, 649 × 10−6 1,9
1763 0,097 0,41 0 0,5
1770 0,002 0,41 0 0.5
Fonte: Adaptado de Huespe et al. [2000]

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