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Flaviana Demenech1
Jacqueline Salvador Moraes2
Flávia Anastácio Paula3
Introdução:
Esse olhar para a fronteira urge ser redirecionado. Trata-se de focalizá-la com maior
amplitude, pois do ponto de vista social, há propostas que começam a despontar no
campo educacional. Mas, elas são visíveis? Para quem? Focalizamos neste texto em
especial a questão das alfabetizadoras brasileiras que recebem alunos cuja língua
materna não é o português. Em especial discutimos neste texto que a questão do
desenvolvimento da linguagem é essencial para outros desenvolvimentos da criança.
As professoras alfabetizadoras brasileiras na fronteira recebem crianças bilíngües,
monolíngües, semilíngues esta situação não isolada, mas, também não é um percentual
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Graduanda em Pedagogia – PIC-V- Unioeste – campus de Foz do Iguaçu, flavi_sti@hotmail.com
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Graduanda em Pedagogia - Unioeste – Campus de Foz do Iguaçu
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Professora do curso de Pedagogia / Universidade Estadual do Oeste do Paraná, fapaula@brturbo.com.br,
45- 35223056
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grande. Discutimos também que temos que considerar que a política pública em relação
a essa situação é a omissão. Cabe a professora resolver tal diversidade isoladamente na
na sala de aula.
Mas porque estamos de costas para a fronteira? Primeiro, cabe lembrar a aversão à
fronteira que se constitui no imaginário das pessoas, quando tudo que está do outro lado
representa risco, e isso não é particularidade brasileira, haja vista a construção do "muro
físico" que está sendo levantado na fronteira dos Estados Unidos com o México.
Segundo surgem interpretações malvistas e enviesadas da fronteira que confundem
essas áreas como espaços exclusivos de contravenção, narcotráfico, contrabandos e
ilegalidades. Enfim, a noção de fronteira que está sendo veiculada para crianças é
reforçada como lugar de contravenção, paraíso das compras e terra sem lei, ou melhor,
da "lei da esperteza". As conseqüências são funestas, pois o modo como as pessoas
passam a enxergar quem mora na fronteira é afetado, o que gera preconceitos,
estereótipos e estigmas em relação ao que é ou a quem pertence a fronteira.
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O texto está organizado em dois eixos: o primeiro analisamos as relações com a
linguagem do ponto de vista sociolingüístico e no segundo momento analisamos as
relações da linguagem do ponto de vista psicológico tendo em vista o aprendizado.
Objetivos:
Metodologia:
Resultados:
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outros são constituídos pela interação social, construindo os traços e características de
cada sociedade e da situação da fronteira em especial.
Diante deste contexto diferenciado a escola se encontra como gestora e receptora das
diversidade cultural e social, agregando todo tipo de realidade. Aqui proponho por este
Pré-projeto de monografia que parte do anseio e do questionamento que se construiu a
partir da convivência fronteiriça na cidade de Foz do Iguaçu, ocasionando a busca pela
compreensão do desenvolvimento da alfabetização das crianças em especial aquelas que
se fazem bilíngües e aquelas oriundas do Paraguai. Sendo estes alunos paraguaios e
brasiguaios que genericamente significa:
Mediante a esse “dilema” que engloba não só o individuo bilíngüe que muitas vezes não
consegue se encaixar em ambos os meio, mas também o docente que convive com esses
alunos, sem saber muitas vezes definir a real situação do mesmo enquanto falante e
integrante de um contexto lingüístico diferenciado, o que pode gerar um drama, dilemas
e especificidades para o ensino da língua, para a alfabetização.
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A alfabetização desta maneira se torna um processo de aquisição da língua escrita, que
se adquiri durante um período de aprendizado. Isto será base para conhecimentos
posteriores, e o desenvolvimento da língua vai muito além de um tempo determinado é
um processo continuo que se estabelece durante toda a vida, chamado de “letramento”.
Podemos aqui ressaltar que a cultura lingüística não se resume na escrita e na leitura, vai
além desses dois processos, a linguagem se caracteriza por muitos eixos como, artística,
arquitetônica, gestual entre outras, o que demonstra a necessidade de se trabalhar a
alfabetização em muitos outros eixos, valorizando também o conhecimento previamente
adquirido, a alfabetização não começa na escola, esta é uma fase do desenvolvimento
lingüístico, muito importante e que precisa ser valorizado e desenvolvido de forma
plena. Será que as políticas deram conta da importância formar o alfabetizador de
fronteira?
Essas diferenças agregam varias realidades sociais não somente aos alunos com alguma
deficiência física ou mental, que está sendo o cume das metas educacionais e políticas
de inclusão a escola regular no Brasil. Podemos fazer lembrar também as diversidades
cotidianas que não são discutidas ou levadas em consideração para as pesquisas em
educação como, por exemplo, as diversidades culturais, as diferenças na linguagem, as
variações lingüísticas e o bilingüismo que se caracteriza de varias maneiras e ligado a
diferentes realidades.
Neste mesmo ambiente se incorpora uma realidade totalmente fora dos parâmetros e
eixos estabelecidos pelo sistema de ensino, a inserção inevitável e cotidiana do aluno
bilíngüe. O bilingüismo que segundo Hamers e Blanc, (1989), “é o controle de duas
línguas equivalente ao controle do falante nativo destas línguas”. Como as crianças
surdas, os alunos emigrantes de outros países e a própria variação lingüística presente
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em diferentes regiões, que sofrem a influência de outras línguas das varias etnias
presentes no Brasil. Desta maneira se constitui uma classe diferenciada de alunos a
serem atendidos de forma a conseguir ir além do ensino normativo da língua.
A língua para o aluno bilíngüe só vai ser determinante e estabelecerá algum significado
para o uso da mesma, se for realmente necessária para a sua comunicação e relação com
o outro. Caso está necessidade não seja criada ou mesmo reprimida, o aluno corre o
risco de abandonar a língua materna e aprender uma nova, ou seja, a língua portuguesa
aqui enfocada. Podendo em alguns casos, não aprender nem uma nem outra tornando
semilíngue.
As variações pela diferença das línguas, no contexto das escolas na região da fronteira
trinacional entre Brasil/Paraguai/Argentina em específico nas escolas de Foz do Iguaçu
temos as possibilidades: a) as crianças advindas do Paraguai falantes do espanhol e o
guarani b) os alunos brasiguaios que falam o espanhol, o português. c) em alguns casos
pela migração de colônias germânicas para o Paraguai também falam a língua alemã
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Para Bagno (2008), e a educação se adapta a essas normas excluindo as diversas
realidades lingüísticas existentes no cotidiano escolar, e mesma não se dá conta do
preconceito intrínseco e o desconhece. Tal preconceito e ou tal desconhecimento gera a
estagnação das discussões em torno da exclusão do aluno que não se encaixa nos
padrões estabelecidos.
A inserção dos alunos bilíngües nessa educação lingüística exposta acima, arraigada
pelos conceitos conservadores a um mesmo ensino para realidades diferenciadas. Onde
se encaixa a situação desses alunos advindos de outros de outros países com uma
formação lingüística.
Maria Helena Pires Santos (2006) que realiza um estudos sobre brasiguaios argumenta:
a visibilização das identidades “brasiguaias”, ressaltada pela construção de uma
identidade una, se evidencia no contexto escolar principalmente pela linguagem.
A linguagem, conforme afirma Oliveira (1997) pode ser definida como um sistema
arbitrário de símbolos que em conjunto possibilitam a uma criatura humana, com
poderes limitadores de discriminação e memória, transmitir e compreender uma
variedade infinita de mensagens, apesar de ruídos, movimentos expressivos, sons e da
distração. Recordando que esta atividade somente o homem desenvolveu, o macaco tem
uma efusão afetiva do que comunicação, pois, só é considerado linguagem quando tem
trocas de informações especificas e seja compartilhado por vários indivíduos. “A
linguagem é o sistema simbólico básico de todos os grupos humano. A questão do
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desenvolvimento da linguagem e suas relações com o pensamento é um dos temas
centrais das investigações de Vygotsky”. (OLIVEIRA, 1997, p. 34)
A linguagem é todo sistema de signos que serve como meio de interação entre
indivíduos, e pode ser percebido pelos diversos órgãos dos sentidos, produzindo
sentidos. A palavra é um dos elementos constituidores da linguagem, na qual se
materializa signos, símbolos e significados e sentidos. Implica uma relação fatal de
alienação, pois é, o poder, desde toda a eternidade humana. Porém, sabe-se que ela é a
forma de interação própria do ser humano. A relação homem/mundo é uma relação
medida por este sistema simbólico, a fala. Sendo que por meio desta nós, seres
humanos, construímos a leitura do cotidiano e da nossa própria história, ou seja, a vida.
Nesta relação que Souza discerne:
Com a linguagem somos capazes de imprimir sentidos, e registrar aquilo que permanece
no mundo como fato humano. Seja pela sua característica constituidora do sujeito, da
história ou da cultura. Poderíamos almejar que a linguagem deveria ocupar o âmbito das
ciências humanas, assim como o espaço de recuperação do sujeito como o ser histórico
e social ocupa. Desta forma adotamos a idéia de Souza, como vemos a seguir:
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epistemológicas nas ciências humanas, resgatando uma identidade própria para essa
área do saber, a linguagem.
Além destes três importantes aspectos que houve no surgimento da linguagem como foi
apontado, encontram-se duas funções básicas dela, o intercambio social e o pensamento
generalizado. Expõe-se o intercambio social, como sendo para se comunicar com seus
semelhantes, assim, o homem cria e utiliza os sistemas de linguagem, podendo-se
interagir também através de sons, gestos, expressões e silêncios.
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Vigotski (1994) determina sua concepção de linguagem, elaborando uma teoria
sociopsicológica da relação pensamento e palavra como processo dinâmico, e a
compreensão da linguagem como preenchendo funções específicas na constituição das
funções psicológicas superiores e na construção da subjetividade. Esta contribuição de
Vigotski nos recorda da segunda função básica da linguagem, juntamente com a
afirmação de Oliveira: “Surgimento do pensamento verbal e de linguagem como
sistema de signos é um momento crucial no desenvolvimento de espécie humana,
momento em que o biológico transforma-se no sócio-histórico”. (OLIVEIRA, p.45,
1997).
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processo evolutivo, interlocutivo. Conclui-se que, o sentido de uma palavra é como a
soma de todos os eventos psicológicos que tal palavra desperta em nossa consciência.
Neste conceito Souza (2005) acredita que: “Os significados das palavras são formações
dinâmicas que se modificam e evoluem à medida que a criança se desenvolve e de
acordo com as várias formas pelas quais o pensamento funciona”. (SOUZA, 2005,
p.129). Uma palavra ao ser aprendida passa a denominar várias coisas, vários
significados e cria um sentido.
Neste aspecto que Rego (2001) expõe que, a complexidade desse processo está
relacionado à natureza da escrita, sendo um sistema de representação da realidade
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extremamente sofisticado. Amplia-se num conjunto de símbolos de segunda ordem, ou
seja, símbolos escritos que funcionam como designação dos símbolos verbais.
Primeiramente a compreensão da linguagem escrita é pela fala, mas, com o
desenvolvimento acaba se tornando uma intermediaria da outra. Este desenvolvimento
está envolvido com os gestos, o desenho, o brinquedo e a realidade. O trecho de
Vigotski nos afirma o que foi expresso:
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Podemos dizer que o que se deve acontecer, é ensinar às crianças a linguagem escrita, e
não apenas a escrita das letras. Vigotski afirma o segredo deste processo:
Conclusões
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cultural de vários países e etnias que se integram formando um novo e inexistente
contexto social, de onde se originam as variações lingüísticas, uma nova linguagem
totalmente modificada e irreverente constituídas por essas intervenções.
Essa relação exercida pelo bilíngüe entre ambas as línguas, não omite a realidade de que
o mesmo pode desenvolver e desempenhar, de forma diferenciada cada uma das línguas,
em vários aspectos nas relações de comunicação, de interação com o grupo ao qual está
incluso. Maher (2007), também nos coloca uma expressão referente a pesquisas mais
recentes sobre o bilingüismo, um eixo denominado semilinguismo, que é o aluno que
“exibiria uma competência insuficiente em ambas as línguas, quando comparados aos
monolíngües de cada uma delas”.
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Em relação especifica e linguagem a região do oeste do Paraná em recorte a cidade de
Foz do Iguaçu que faz fronteira com Paraguai e Argentina, a relação direta das línguas,
portuguesa, espanhola e o guarani, que em seus usos sociais já apresentam variações
próprias da relação social atribuída no interior de cada país, desta maneira se estabelece
essas intervenções e trocas culturais entre os países.
Referências:
BAGNO, M. Preconceito lingüístico. O que é, como se faz. Edições Loyola, São Paulo,
Brasil,1999.
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SANTOS, M.H.P.. O cenário Multilíngüe/multidialetal/multicultural de fronteira e o
processo identitário “brasiguaios” na escola e no encontro social. Campinas, 2004. Tese
(Doutorado). Universidade Estadual de Campinas.
VIGOTSKI, Lev Seminovich. Formação Social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
1994.
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