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DOUTRINA, PARECERES E ATUALIDADES

A indenização do estabelecimento comercial nas desapropriações1

Aniello dos Reis Parziale


Advogado, Membro do Corpo Jurídico da Editora NDJ e Mestrando em Direito PolíƟco e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

1 Introdução. 2 Da desapropriação. 3 Da indenização. 4 Do estabelecimento empresarial. 5 Da indeniza-


ção do estabelecimento comercial. 6 Os beneÞciários da indenização do estabelecimento empresarial.
6.1 Perda do estabelecimento comercial pleiteada pelo proprietário do bem expropriado. 6.2 Perda do
estabelecimento comercial pleiteada por terceiro. 6.2.1 A questão da indenização do fundo de comér-
cio do locador quando o ajuste locaơcio vigorar por prazo indeterminado. 7 Conclusão. Referências.

1 INTRODUÇÃO1 parƟcular, proprietário ou possuidor do bem desa-


propriado quando é obrigado encerrar totalmente
A realização de uma desapropriação de imóveis,
as aƟvidades comerciais ou reduzir parcialmente sua
com o objeƟvo de permiƟr o atendimento de um
capacidade de atendimento.
interesse coleƟvo por meio da realização de obras de
infraestrutura urbana pelo Poder Público, a exemplo 2 DA DESAPROPRIAÇÃO
da ampliação da malha do metrô ou da construção de
corredores de ônibus, acarretará a perda total ou par- Em sucintas linhas, há casos em que o atendi-
cial da propriedade do bem em prol da coleƟvidade. mento do interesse coleƟvo pelo Poder Público, a
exemplo da busca de melhoria da mobilidade urbana,
Demais disto, observa-se que tal expropriação demanda a necessidade de interferência no direito
pode gerar um dano parcial para o parƟcular que de propriedade, que, no presente estudo, destaca a
exerce uma aƟvidade econômica no bem desapro- desapropriação de bens imóveis.
priado quando a intervenção na propriedade reduzir a
Diante da referida imprescindibilidade, autorizou
capacidade de atendimento de sua clientela, ou ainda
a ConsƟtuição Federal de 1988, em seu art. 5º, inc.
acarretar uma lesão total ao negócio desempenhado,
XXIV, que a lei estabelecerá o procedimento para
quando, para execução da melhoria, for necessário
desapropriação por necessidade ou uƟlidade pública,
intervir no bem como um todo, o que demandará
ou por interesse social, mediante justa e prévia inde-
o seu encerramento. VeriÞca-se, por conseguinte, nização em dinheiro. Ou seja, trata-se de reƟrada da
que muitas vezes os efeitos da intervenção estatal propriedade com a imediata subsƟtuição por valor
na propriedade, total ou parcial, ultrapassam o bem correspondente em pecúnia.
expropriado, afetando a própria existência da aƟvi-
dade econômica desempenhada no imóvel objeto Acerca da jusƟÞcaƟva para promover essa grave
desapropriado. intervenção na propriedade privada, fundada na
supremacia do interesse coleƟvo sobre os interesses
Diante da referida situação e da necessidade de individuais, preleciona o saudoso mestre Diogenes
o Poder Público indenizar os prejuízos causados pelo Gasparini, in verbis:
ato expropriatório, consoante determina o art. 5º,
Essa faculdade consƟtucional para desapropriar
inc. XXIV, e o art. 37, § 6º, ambos da CF/1988, passa-
é necessária, visto que nem sempre o Estado pode
-se a discorrer sobre os contornos da indenização do alcançar os Þns a que se propõe pelos meios que o
Direito Privado oferece e regula. O proprietário do bem
1. Texto apresentado no âmbito da disciplina “Direitos fundamentais sob necessário, úƟl ou de interesse social para o Estado
o pálio da tributação e das Þnanças públicas”, prelecionada pelo Prof. resiste às suas pretensões de compra, por não querer
Dr. Eduardo Marcial Ferreira Jardim, no âmbito do Programa de Pós-
-Graduação em Direito PolíƟco e Econômico da Universidade Presbite- vender ou por não lhe interessar o preço oferecido,
riana Mackenzie. impedindo, com essa resistência, a realização do bem

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comum. Nesses casos, como em outros, só a desapro- 3 DA INDENIZAÇÃO


priação restaura a prevalência do interesse público
sobre o interesse parƟcular, reƟrando do proprietário,
Acerca da recomposição do bem reƟrado do
mediante indenização a sua propriedade. proprietário e incorporado ao patrimônio público
por meio da desapropriação, estabelece o art. 5º, inc.
A desapropriação, como se vê, é o mais eÞcaz e XXIV, da CF/1988, que a indenização deve ser justa,
também o mais grave instrumento de que dispõe o prévia e ocorrer em dinheiro.
Estado para intervir na propriedade privada quando
esta lhe é necessária, úƟl e de interesse social (2009, Conforme ensina José Carlos de Moraes Salles,
p. 831-832). in verbis:
A desapropriação ocorrerá por necessidade públi- Destarte, para que haja justeza e jusƟça na inde-
ca ou uƟlidade pública, cujo regramento encontra-se nização, é preciso que se recomponha o patrimônio
verƟdo no Dec.-Lei nº 3.365/1941, ou ainda por inte- do expropriado com a quanƟa que corresponda, exata-
mente, ao desfalque por ele sofrido em decorrência da
resse social, devendo ser observadas as disposições
expropriação. Não se deverá atribuir ao desapropriado
assentadas na Lei nº 4.132/1962.
nem mais nem menos do que se lhe subtraiu, porque
É de necessidade pública a desapropriação que a expropriação não deve ser instrumento de enrique-
ocorrer com arrimo na necessidade de atendimento cimento nem de empobrecimento do expropriante
de uma situação emergencial ou anormal que, para ou expropriado.
a resolução do problema fáƟco, demande a súbita A indenização deve, portanto, ser exata, no senƟ-
transferência da propriedade de bens de terceiros, do de que o expropriante há de se dar precisamente o
sejam públicos ou privados, para o patrimônio públi- equivalente ao que lhe foi tomado pelo expropriante
co. Por uƟlidade pública, entende-se a expropriação (2009, p. 442).
em que o Estado tem de adquirir a propriedade de Em regra, o pagamento da indenização ao parƟ-
bens de terceiros, para atendimento de uma situação cular expropriado deve ser feito em pecúnia, por meio
normal. Em relação à desapropriação por interesse de sistema de precatório, cujo regramento encontra-
social, tem-se que será decretada para promover a -se conƟdo no art. 100 da CF.
justa distribuição da propriedade ou condicionar o
Para que a recomposição do patrimônio do
seu uso ao bem-estar social, na forma do art. 147 da
expropriado seja integral, deverá a indenização com-
CF, regulada pela Lei nº 4.132, de 10.9.1962.
portar, além do valor efeƟvo de mercado do bem
O procedimento de desapropriação caracteriza-se expropriado, aquilo que se perdeu, ou seja, o dano
como uma sucessão de atos deÞnidos em lei e que emergente, ou ainda o que se deixou de lucrar, vale
culminam na incorporação do bem ao patrimônio dizer, o lucro cessante, bem como os juros moratórios
público (DI PIETRO, 2007, p. 148). Tal procedimento é e compensatórios.
realizado em duas fases, sendo a primeira declaratória
Neste senƟdo, ensina Hely Lopes Meirelles, in
e a derradeira, a execuƟva, composta por uma fase verbis:
administraƟva e outra judicial.
Indenização justa é aquela que cobre não só o
Na fase inicial da desapropriação, a declaratória, valor real e atual dos bens expropriados, à data do
ocorre a declaração de uƟlidade pública ou interesse pagamento, como também, os danos emergentes e
social do bem demandado pelo Poder Público expro- os lucros cessantes do proprietário, decorrentes do
priante, por meio da edição de um decreto pelo Chefe despojamento do seu patrimônio. Se o bem produzia
do Poder ExecuƟvo ou por meio de lei pelo Poder renda, essa renda há de ser computada no preço, por-
LegislaƟvo.2 Na fase executória, já ocorre a adoção de que não será justa a indenização que deixe qualquer
atos concretos pelo Poder Público e seus delegatários, desfalque na economia do expropriado. Tudo que
compunha seu patrimônio e integrava sua receita há
devidamente autorizados por lei ou contrato, com o
de se ser reposto em pecúnia no momento da indeni-
intuito de consumar a reƟrada da propriedade do zação; se não for, admite pedido posterior, por ação
proprietário originário (OLIVEIRA, p. 55). direta, para complementar-se a justa indenização. A
justa indenização inclui, portanto, o valor do bem, suas
2. Arts. 6º e 8º do Dec.-Lei nº 3.365/1941. rendas, danos emergentes e lucros cessantes, além

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dos juros compensatórios e moratórios, despesas judi- Sendo assim, por estabelecimento empresarial
ciais, honorários advocaơcios de advogado e também entende-se o conjunto de coisas corpóreas e incor-
de correção monetária (2006, p. 615). póreas de propriedade do empresário uƟlizado pelo
Detendo a indenização do bem expropriado tal comerciante, prestador de serviço ou industriário para
conÞguração, passa-se a analisar os contornos do exercer aƟvidade econômica lucraƟva, potencialidade
ressarcimento dos prejuízos causados ao estabeleci- de fazer negócios que o bem possui, dado o exercício
mento empresarial que sofreu prejuízo em razão da duradouro da aƟvidade comercial (VELLOSO, 2000,
desapropriação. p. 76).
Na mesma toada, é o entendimento do eg. STJ,
4 DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL que já prolatou, in verbis:
Para se ter uma ideia do alcance da indenização O fundo de comércio é considerado patrimônio
em caso de desapropriação de bens imóveis uƟlizados incorpóreo, sendo composto de bens como nome
para realização de uma aƟvidade econômica, faz-se comercial, ponto comercial e aviamento, entendendo-
necessário estudar o conceito de estabelecimento -se como tal a apƟdão que tem a empresa de produzir
empresarial. lucros.4
Destaque-se, dessa forma, que o estabelecimen- Postos os conceitos teóricos, faz-se necessário
to empresarial, outrora denominado de fundo de visualizar os bens materiais e imateriais que compõem
comércio,3 “modernamente […] apresentou expan- o estabelecimento empresarial. Para tanto, uƟlizamos
são de seu conceito, abrangendo as aƟvidades civis os exemplos concedidos por Waldo Fazzio Júnior, in
ou industriais que objeƟvam lucro” (STJ – Resp. nº verbis:
27.912.8 – Reg. 92.25065 – 3 – Rel. Min. Vicente Leal Imóveis: depósitos, ediİcios, terrenos, armazéns,
– j. em 27.3.1995). etc.;
Tal asserƟva é importante para o presente estu- • Móveis: utensílios, veículos, mobiliário, merca-
do, uma vez que afasta a discussão de que somente dorias, máquinas, etc.
poderiam ser indenizados estabelecimentos que
Bens imateriais compreendem coisas incorpó-
exercem o comércio, afastando as demais aƟvidades reas, a saber:
econômicas, devendo, por conseguinte, ser recom-
posto também o patrimônio desƟnado a viabilizar a • Sinais disƟnƟvos: nome empresarial; ơtulo do
prestação de serviços ou o funcionamento de indús- estabelecimento; as marcas de indústria, de comércio
e de serviço;
trias prejudicadas pela ocorrência da desapropriação.
• Os privilégios industriais, as patentes de inven-
Sobre o tema, já prolatou o eg. TJSP, in verbis:
ção, os modelos e desenhos industriais;
Desapropriação. Imissão provisória na posse.
• As obras literárias, arơsƟcas ou cienơÞcas;
Consultório odontológico explorado por proprietário.
Perícia complementar deferida. Abrangência do “fun- • O ponto e o direito a renovação judicial do
do de comércio”. Cabimento: Não é possível expropriar contrato de locação;
o imóvel sem aƟngir necessariamente o consultório • Os serviços de pessoal; e
odontológico e o “ponto” estabelecido, no caso, direta
e inƟmamente ligado a ele. Possível obstar a imissão • Clientela e sua proteção contra a concorrência
na posse do imóvel enquanto não provisoriamente desleal (2005, p. 98-99).
esƟmado e depositado o equivalente à sua perda com Apenas por meio de uma perícia realizada por
a expropriação. Recurso não provido (TJSP – AgI nº
contador é possível Þxar o valor da indenização de-
9277495500 – Rel. Evaristo dos Santos – Comarca: São
Paulo – Órgão julgador: 6ª Câmara de Direito Público
corrente da diminuição ou cessação das aƟvidades
– j. em 10.8.2009). comerciais desempenhadas no bem parcial ou total-
mente desapropriado.
3. O art. 1.142 do atual Código Civil, ao invés de uƟlizar a expressão con-
sagrada “fundo de comércio”, adotou a palavra “estabelecimento”. 4. REsp. nº 704726/RS, nº 2004/0163648-0.

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5 DA INDENIZAÇÃO DO ESTABELECIMENTO COͳ as verbas para readaptação da aƟvidade industrial


MERCIAL e comercial, ou seja, as despesas de reemprego de
capital desde que inequivocamente comprovadas na
Como restou acima destacado, em razão do man- ação expropriatória (SALLES, 2009, p. 449).
damento consƟtucional Þxado no art. 5º, inc. XXIV,
da CF/1988, é dever do Poder Público expropriante Caso, todavia, reste comprovado que o empre-
recompor na medida exata o patrimônio do parƟcular sário tenha obƟdo, no próximo lugar, nova e melhor
corrompido em razão da desapropriação. localização, deverá ser determinado que apenas sejam
pagas as despesas de mudança e as perdas das anƟgas
Demais disto, além da indenização justa e prévia instalações (SALLES, 2009, p. 448).
ao proprietário do imóvel, em razão da perda do
imóvel expropriado total ou parcialmente, é dever do 6 OS BENEFICIÁRIOS DA INDENIZAÇÃO DO ESTAͳ
Poder Público expropriante, caso seja desempenhada BELECIMENTO EMPRESARIAL
no bem desapropriado uma aƟvidade econômica,
Não se pode esquecer que a aƟvidade econômica
recompor o prejuízo sofrido pelo parƟcular em razão
em determinado estabelecimento comercial pode ser
da redução do negócio instalado ou do encerramento
desempenhada ou exercida pelo próprio proprietário
total da aƟvidade econômica desenvolvida. do imóvel expropriado pelo Poder Público ou por um
Com efeito, terceiro, detentor apenas da posse do bem desapro-
a simples indenização do bem expropriado, desacom-
priado em razão de um contrato, por exemplo, de
panhada das perdas e danos sofridos pelo proprietário locação comercial ou arrendamento.
(incluídos, nestes casos os danos emergentes e lucros Ressalte-se que tanto o proprietário do imóvel
cessantes), tornaria insuÞciente o ressarcimento, re- expropriado como o terceiro, a exemplo de um loca-
presentando tal fato visível descumprimento da norma dor, terão direito à devida indenização pelos prejuízos
consƟtucional que determina que seja justa a indeni- causados no exercício da aƟvidade econômica de-
zação (art. 5º, inc. XXIV, da CF) (SALLES, 2009, p. 452).
sempenhada no imóvel desapropriado. O que difere
Como dano emergente (aquilo que se perdeu) ou da indenização paga pelo Estado ao proprietário ou
lucros cessantes (o que se deixou de ganhar) poderá ao terceiro será o fundamento jurídico do referido
ser observado o prejuízo de um estabelecimento ressarcimento e a forma pela qual o parƟcular buscará
comercial em razão da perda de sua capacidade a recomposição dos recursos perdidos em razão da
de atendimento, a exemplo da diminuição da área expropriação realizada pelo Poder Público.
principal (prédio que funciona a empresa ou uma 6.1 Perda do estabelecimento comercial pleiteada
área secundária, por exemplo, um estacionamento) pelo proprietário do bem expropriado
ou realização de obras para adaptação da aƟvidade
econômica à área não desapropriada. A indenização do proprietário do imóvel desapro-
priado que exerce uma aƟvidade econômica no bem
Da mesma forma, com mais veemência, restará terá como fundamento legal o art. 31 do Dec.-Lei nº
prejudicado o parƟcular que teve sua aƟvidade eco- 3.365/1941, cujo teor estabelece que a recomposição
nômica totalmente prejudicada em razão de a desa- do patrimônio do expropriado deverá ocorrer nos
propriação recair sobre todo o imóvel que servia como próprios autos da ação de desapropriação, em home-
estabelecimento comercial. Da mesma forma, sofrerá nagem ao princípio da economia processual.
prejuízo o parƟcular que, em razão da desapropriação,
instalou-se em outro prédio onde não se observa o Neste senƟdo, já prolatou o eg. STJ, in verbis:
mesmo movimento comercial. [...] 2. O entendimento Þrmado pelo Tribunal
estadual encontra amparo na jurisprudência consoli-
Destaque-se que são devidos pela Administração dada no âmbito da 1ª Seção desta Corte Superior no
Pública expropriante os valores necessários para a senƟdo de que é devida indenização ao expropriado
viabilização da montagem de um novo estabeleci- correspondente aos danos ocasionados aos elementos
mento empresarial. Assim, poderá o Poder Público que compõem o fundo de comércio pela desapropria-
ser condenado a indenizar o detentor da aƟvidade ção do imóvel. Precedentes: REsp. nº 1076124/RJ –
econômica em relação Rel. Min. Eliana Calmon – DJe de 3.9.2009; AgRgREsp.

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nº 647660/SP – Rel. Min. Denise Arruda – DJ de satendidos e desprotegidos, quando o imóvel locado
5.10.2006; REsp. nº 696929/SP – Rel. Min. Castro Mei- vier a ser desapropriado.
ra – DJ de 3.10.2005. 3. Cumpre destacar que, na hi- O princípio da unicidade da indenização, acolhido
pótese em análise, o detentor do fundo do comércio pelo Dec.-lei 3.365/1941, não atende, como vimos, a
é o próprio proprietário do imóvel expropriado. Assim, situação do locatário. Entretanto, nem por isso seria
a idenƟdade de Ɵtularidade torna possível a indeni- admissível deixá-lo a descoberto, negando-se lhe inde-
zação simultânea na desapropriação. Ademais, o pro- nização pelos danos decorrentes de uma expropriação.
cesso ainda se encontra na fase inicial, o que permite
seja apurado o valor de bens intangíveis, representa- Por essa razão, embora seja vedado ao locatário
dos pelo fundo de comércio, na própria perícia a ser propugnar por uma indenização no âmbito da ação
realizada para Þxação do valor do imóvel, dispensan- expropriatória, a jurisprudência lhe tem reconhecido
do posterior liquidação de sentença [...] (AgRgREsp. nº a possibilidade de se socorrer da ação direta para
1199990/SP, AgRgREsp. nº 2010/0118499-2). ressarcimento dos prejuízos que lhe tenham sido cau-
sados pela expropriação do bem locado (RT 565/246)
6.2 Perda do estabelecimento comercial pleiteada (2009, p. 644).
por terceiro Nesse senƟdo, já prolatou o eg. STJ, in verbis:
Diferentemente do que acima se destacou, onde 2. A jurisprudência do STJ também reconhece que
se veriÞca o princípio da unicidade da indenização, a desapropriação de imóvel pode gerar ao locatário
poderá ocorrer que a aƟvidade econômica exercida direito indenizatório aƟnente ao fundo de comércio.
no imóvel expropriado pelo Poder Público é desem- Precedentes: REsp. nº 696929/SP – Rel. Min. Castro
penhada por um terceiro desprovido da propriedade, Meira – 2ª Turma – j. em 16.8.2005 – DJ de 3.10.2005
a exemplo de um locador ou arrendatário. Nesta – p. 208; AgRgAREsp. nº 154.737/SP – Rel. Min. Hum-
berto MarƟns – 2ª Turma – j. em 4.9.2012 – DJe de
situação, inexiste idenƟdade de Ɵtularidade da pro-
14.9.2012; AgRgREsp. nº 1199990/SP – Rel. Min. Mau-
priedade do imóvel expropriado com a do estabele- ro Campbell Marques – 2ª Turma – j. em 19.4.2012
cimento comercial, cuja existência perecerá em razão – DJe de 25.4.2012 [...].
da desapropriação.
3. DisƟnta é a hipótese em que a indenização pela
Quando assim ocorrer, não poderá a reparação perda do fundo de comércio é pleiteada por terceiro,
do prejuízo ao estabelecimento comercial de terceiro locatário do imóvel expropriado, exigindo-se o ajuiza-
ser pleiteada nos autos da ação de desapropriação mento de ação própria desƟnada à busca desse direito.
em que se discute o valor da indenização do imóvel 4. A indenização pela perda do fundo de comér-
expropriado. Neste caso, terá a indenização do es- cio, apesar de devida, deverá ser apurada pela via pró-
tabelecimento comercial arrimo no art. 37, § 6º, da pria, sujeitando-se o pagamento respecƟvo ao regime
CF/1988, devendo ser discuƟda no âmbito de uma consƟtucionalmente imposto às dívidas da Fazenda
ação própria, uma vez que reza o art. 26 do Dec.-Lei Pública (art. 100 da CF/1988), salvo na hipótese em
nº 3.365, de 21.6.1941, que “no valor da indenização, que o ente expropriante não detém tal prerrogaƟva,
inexisƟndo previsão legal para se determinar o depó-
que será contemporâneo da avaliação, não se inclui-
sito de quanƟa provisoriamente apurada em laudo
rão os direitos de terceiros contra o expropriado”. pericial e menos ainda para obstar a imissão na posse
Sobre a questão, citem-se os ensinamentos de [...] (REsp. nº 1395221/SP – Rel. Min. Eliana Calmon –
José Carlos de Moraes Salles, in verbis: Órgão Julgador T2 – 2ª Turma – j. em 5.9.2013).

O locatário não possui direito real sobre coisa [...] 2. Na desapropriação de imóvel locado para
alheia, sendo, simplesmente, Ɵtular de um direito Þns comerciais, é garanƟdo ao locatário o direito a
pessoal ou obrigacional com relação ao locador. indenização por perdas e danos (REsp. nº 696929/SP
2004/0147626-0).
Não se beneficia, portanto, da sub-rogação
prevista no art. 31 do Dec.-lei 3.365/1941, uma vez 6.2.1 A questão da indenização do fundo de comércio
que seu direito não recai sobre o bem locado e ex- do locador quando o ajuste locaơcio vigorar por
propriado. prazo indeterminado
Todavia, se atentarmos para os relevantes inte- Situação não paciÞcada é aquela na qual a desa-
resses que dizem respeito ao locatário, chegaremos à propriação recai sobre imóvel locado cujo contrato
conclusão de que tais interesses não podem Þcar de- locaơcio detém vigência por prazo indeterminado.

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Melhor esclarecendo tal hipótese, ensina o Procura- retomar o imóvel por meio de uma denúncia vazia,
dor do Estado André Luiz Nakamura, in verbis: circunstância que não impunha a necessidade de in-
O contrato por prazo indeterminado, conforme denização ao locador, detendo a perda do ponto em
preceito dos arts. 56 e 57 da Lei fed. nº 8.245/91, não razão da desapropriação o mesmo efeito (BAPTISTA,
tem direito a renovação compulsória, não havendo, as- 2008, 1977).
sim, proteção integral ao fundo de comércio lá existen- Da mesma forma, ensina José Carlos Salles, in
te. Não havendo o direito à renovação, o contrato de verbis:
locação pode ser rescindido (art. 56 da Lei 8.245/91).
O locatário pode ser obrigado a se mudar a qualquer O STF deixou claro que concederia essa indeni-
tempo, sem qualquer indenização, pelo proprietário zação nos casos em que a locação fosse disciplinada
do imóvel, e, consequentemente, não pode requerer por aquela lei ou nas hipóteses em que, mesmo não
indenização pela mudança de ponto em decorrência exisƟndo contrato regulado pelo Dec. 24.150/1934,
da desapropriação do imóvel. O proprietário não seria houvesse, entretanto, prazo contratual em vigor e,
obrigado a indenizar o fundo de comércio para que portanto, não esgotado (RTJ, 79/550 e 86/701). No
fosse desalojado o locatário; o expropriante, do mes- caso especíÞco examinado pelo Pretório Excelso (RTJ
mo modo, não deve ser condenado por isso; decorre 79/550) A locação não era regida pela Lei das Luvas
do princípio da igualdade e da vedação do enrique- e o prazo contratual já havia sido ultrapassado (2009,
cimento sem causa, este não permite que, somente p. 449).
porque é o Estado que está causando a mudança do Não obstante tal entendimento, como bem
requerente, haja o deferimento de um direito que não aponta Débora de Carvalho BapƟsta, as Cortes têm
exisƟa anteriormente (2013, p. 129).
entendido que cabe indenização ao locatário, no que
Nesse senƟdo, como bem lembra Débora de pese ser o contrato esƟpulado por prazo indetermi-
Carvalho BapƟsta, in verbis: nado, apontando o REsp. nº 1000/SP, prolatado pelo
A questão remonta à Lei das Luvas e à garanƟa eg. STJ, cujo teor versa, in verbis:
de renovação do contrato de locação assegurada ao ImperƟnente a asserƟva de que o locador tem
comerciante. Aquele diploma legal garanƟa ao comer- à disposição a denúncia vazia para retomar o imóvel.
ciante que esƟvesse estabelecido há mais de três anos Esse é evidência, é um direito do locador, e não da
no ramo a renovação do contrato de locação por prazo expropriante.
de, no mínimo, cinco anos. Desrespeitado tal direito
[...]
pelo locador, a ação garanƟdora da renovação e a in-
denização eram os remédios escolhidos pelo legislador Como são independentes as relações jurídicas
para reconstruir o direito lesado do locatário. estabelecidas entre o proprietário (locador) e o in-
quilino (locatário), como bens patrimoniais disƟntos,
A jurisprudência abeberou-se fortemente nos
evidencia-se o direito à indenização por perdas e da-
parâmetros da Lei das Luvas para avaliar as indeniza-
nos cau[s]ados por terceiros – aqui, a Administração
ções para o estabelecimento comercial. Nos acórdãos
Pública (REsp. nº 1000/SP – Rel. Min. Milton Pereira
proferidos anteriormente à atual lei das locações (Lei
– j. em 19.5.1993).
fed. n. 8.245 de 18 de outubro de 1991) os pleitos
de indenização não fundados naquele diploma legal Nesse senƟdo, acerca da necessidade de plena
eram rejeitados: recomposição do patrimônio do locatário, indepen-
“Desapropriação de imóvel locado. dentemente da relação jurídica do locatário com o
locador, ensina Simone de Oliveira Lara Marcondes
Não sendo a locação regida pelo Decreto Pereira, in verbis:
24.150/34, não é devida, em decorrência de expro-
priação, indenização da perda de fundo de comércio” Em estando o imóvel expropriado locado para
(STF/RE nº 88.013, rel. min. Moreira Alves, j. em quem exerça nele a aƟvidade empresária, o direito à
30.9.77) (2008, p. 197). indenização do inquilino aƟngido em seu estabeleci-
mento deve ser perseguido em ação própria, pois a
Desta feita, adotava o Judiciário o entendimento expropriação resolve a locação e não goza de direito
de que, nos contratos de locação por prazo indeter- real sobre o imóvel. A jurisprudência tem tendência de
minado não celebrados, observando-se o teor verƟdo determinar o pagamento de indenização ao locatário
na Lei das Luvas, havia a possibilidade de o locador Ɵtular de estabelecimento aƟngido indiretamente

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pela desapropriação, embora apresente variações econômico-Þnanceira que a própria apelante trouxe
a respeito de dever estar o inquilino protegido pelo aos autos, mas, sim, para anular a sentença, a Þm de
direito à renovação compulsória, nos termos dos arƟ- que os autos retomem seu curso natural e seja efeƟva-
gos 51 e 71, Lei nº 8.245/91, ou não, bastando apenas mente realizada perícia contábil, a qual já fora inclusive
existência de prazo contratual a cumprir. A melhor determinada nos autos pelo r. Juízo originário. Laudo
solução é a indenização do Ɵtular do estabelecimento do expert oÞcial que irá apurar o montante indenizável
em todas as situações, independente de estar ou não relaƟvo ao fundo de comércio. Estabelecendo, dessa
protegido pelo direito à renovação, pois a mudança forma e neste parƟcular, o contraditório e a obrigatória
de ponto lhe é imposta por decisão do poder público. e inafastável dialéƟca processual. Recurso parcialmen-
Até ao comodatário do imóvel desƟnado à aƟvidade te provido (Ap. nº 0004846-52.2010.8.26.0053 – Rel.
empresária já se decidiu pela recomposição do esta- Ronaldo Andrade – Comarca: São Paulo – Órgão jul-
belecimento, que deve ser a mais ampla possível. O gador: 3ª Câmara de Direito Público – j. em 27.8.2013
não pagamento dos prejuízos causados ao Ɵtular do – data de registro: 27.8.2013).
estabelecimento, considerados nestes a necessidade
de angariar nova clientela e os custos com mudança, A Þm de proteger os direitos do terceiro exercen-
instalações, novos mecanismos para oƟmização de seu te de aƟvidade econômica no bem desapropriado,
negócio etc., conÞgura-se abuso de direito do poder haja vista a possibilidade de efeƟvo prejuízo trazida
expropriante. A reparação da lesividade por atos pra- pela expropriação, imperioso se mostra o ingresso na
Ɵcados pelo Estado, legíƟmos ou ilegíƟmos (v.g., caso ação de desapropriação como terceira interessada a
de desapropriação indireta), deve ser a mais ampla Þm de parƟcipar na produção de prova pericial para
possível para não afrontar o direito de propriedade acompanhar a avaliação da perda do fundo de comér-
(em senƟdo amplo) e a livre iniciaƟva do empresário
cio da empresa instalada no imóvel.
(2014, p. 180).
Neste senƟdo, o TJSP já teve a oportunidade de
Demais disso, a indenização devida não pode
prolatar, in verbis:
ser obstada em razão de eventual irregularidade do
estabelecimento comercial prejudicado pela desapro- Agravo de instrumento. Desapropriação. Fundo
priação perante a legislação edilícia. Neste senƟdo, já de comércio. Ingresso na lide da agravante como ter-
prolatou o eg. TJSP, in verbis: ceira interessada. Possibilidade. Acompanhamento
da avaliação da perda do fundo de comércio, tendo
Apelação cível. Indenização de fundo de comér- em vista a desapropriação conduzida pela agravada.
cio. Desapropriação. Ampliação da linha 5 do metrô Respeito à justa e prévia indenização, nos termos
paulistano. Ação proposta por locatária de imóvel do art. 5º, inc. XXIV, da CF. Decisão reformada. Agra-
comercial desapropriado, a Þm de ver indenizado seu vo provido (AgI. nº 21348105320158260000/SP
fundo de comércio. Irrelevante, para o deslinde da 2134810-53.2015.8.26.0000 – Rel. Marrey Uint – j.
pretensão nestes autos deduzida, o fato de a empre- em 20.10.2015 – 3ª Câmara de Direito Público – P.
sa autora não ter alvará de funcionamento, pois dos 24.10.2015).
autos se percebe que o fundo de comércio que aponta
é realidade consolidada. Inclusive, a Municipalidade Em caso de sublocação do imóvel, entende o TJSP
cobra desta taxa de Þscalização de estabelecimentos, que o direito de pleitear a indenização pela perda do
o que chancela a legalidade de sua exploração comer- estabelecimento comercial é do sublocatário, e não
cial, a qual, por sinal, se desenvolve em movimentada do locatário que sublocou o imóvel para aquele que se
e valorizada avenida da zona sul da capital. Parte encontra sofrendo o prejuízo da redução ou exƟnção
autora que não pode ser punida em razão da desídia
do seu negócio. Vejamos, in verbis:
e demora da Municipalidade em expedir-lhe o compe-
tente alvará de funcionamento. Prematuro desfecho 1. Esta Corte já paciÞcou o entendimento de que
da causa ante a não apresentação pela parte autora a distribuidora de petróleo, legalmente impedida de
do alvará de funcionamento que não se mantém, comercializar diretamente seus produtos, que sublo-
pois a falta de alvará de funcionamento não obsta a ca totalmente o imóvel ao revendedor varejista, não
pretensão à indenização, sob pena de afronta a todo possui legiƟmidade para propor ação renovatória da
arcabouço desapropriatório em seus aspectos legal, locação, diante do óbice do art. 51, § 1º, da Lei nº
principiológico e jurisprudencial. De se dar provimento 8.245/1991 e da circunstância de que cabe ao sublo-
(parcial) ao recurso, não para deferir a indenização do catário buscar a proteção ao fundo de comércio, por
montante constante do parecer técnico de avaliação estar na posse do bem. 2. Recurso especial improvido

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DOUTRINA, PARECERES E ATUALIDADES

(STJ – REsp. nº 962818/PR – Rel. Min. Maria Thereza Em ambas as situações, deve a indenização paga
de Assis Moura – j. em 12.6.2007). pelo Poder Público expropriante recompor, na inte-
Ação de indenização. Distribuidora de combus- gralidade, os prejuízos experimentados pelo Ɵtular do
ơveis. Desapropriação. Fundo de comércio. Lucros negócio parcial ou totalmente inviabilizado.
cessantes. Inadmissibilidade. Não tem a autora direito Assim ocorrendo, estarão as regras conƟdas no
à indenização pelo fundo de comércio ou por lucros art. 5º, inc. IV, e no art. 37, § 6º, ambos da ConsƟtuição
cessantes, uma vez que a aƟvidade de comercialização
da República de 1988 sendo devidamente respeitadas,
dos produtos distribuídos por ela é feito por empresa
o que é necessário em um Estado DemocráƟco de
sublocatária do imóvel. Precedentes desta eg. Corte e
do eg. STJ. Recurso desprovido (TJSP – AC nº 1022278-
Direito.
28.2014.8.26.0053 – Rel. Renato Delbianco – Comarca:
REFERÊNCIAS
São Paulo – Órgão julgador: 2ª Câmara de Direito Pú-
blico – j. em 28.4.2015 – data de registro: 30.4.2015). BAPTISTA, Débora de Carvalho. Regulação e poder
de polícia: disƟnções juridicamente relevantes. In: PI-
7 CONCLUSÃO RES, Luis Manuel Fonseca; ZOCKUN, Maurício. Inter-
Como restou aduzido, a realização de uma desa- venções do Estado. São Paulo: QuarƟer LaƟn, 2008.
propriação de imóveis com o objeƟvo de viabilizar o BEZNOS, Clovis. Aspectos jurídicos da indenização
atendimento de um interesse público pode acarretar a na desapropriação. Belo Horizonte: Fórum, 2006.
perda da propriedade do bem em prol da coleƟvidade.
FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Manual de Direito Comer-
Demais disto, veriÞcou-se que a desapropriação cial. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
de bens pode gerar também um dano para o parƟ-
GASPARINI, Diogenes. Direito AdministraƟvo. 14.
cular que exerce uma aƟvidade econômica no bem
ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
desapropriado quando a intervenção na propriedade
reduzir a capacidade de atendimento ou demandar MALUF, Carlos Alberto Dabus. Teoria e práƟca da
o encerramento da aƟvidade econômica lá desem- desapropriação. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
penhada. MEIRELLES, Hely Lopes. Direito AdministraƟvo
Quando tal prejuízo vier a se materializar, além brasileiro. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2006.
de o proprietário ser indenizado pela perda da pro- NAKAMURA, André Luiz. A justa e prévia inde-
priedade que incorporou no patrimônio público, nização na desapropriação. Rio de Janeiro: Lumen
deverá tal parƟcular ser recompensado dos prejuízos Juris, 2013.
comprovados na aƟvidade econômica desempenhada
no bem expropriado. PEREIRA, Simone de Oliveira Lara Marcondes. A
proteção consƟtucional do estabelecimento empresa-
Sendo a aƟvidade econômica desempenhada rial. Revista da Faculdade de Direito da Universidade
pelo próprio proprietário do bem expropriado, de- São Judas Tadeu, n. 1, 1º Semestre de 2014.
verão os prejuízos comprovados ser indenizados no
bojo do processo de desapropriação. Por sua vez, SALLES, José Carlos de Moraes. A desapropriação.
veriÞcando-se que a aƟvidade comercial, industrial e 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
de prestação de serviço é explorada por terceiro, de-
verá o referido parƟcular ingressar com uma ação de COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO:
indenização, com o escopo de buscar a reparação de PARZIALE, Aniello dos Reis. A indenização do estabelecimen-
todos os prejuízos experimentados, danos emergentes to comercial nas desapropriações. BDM – BoleƟm de Direito
e lucros cessantes. Municipal, São Paulo, NDJ, ano 32, n. 9, p. 615-622, set. 2016.

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