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Face aos últimos acontecimentos no tocante as orientações governamentais sobre a saúde pública
para controle do vírus COVID-19, foi intensificado o isolamento social da população em suas
residências, incluindo quarentenas residenciais.
Muitas destas residências são em condomínio, gerando assim aos gestores condominiais (síndicos
e administradoras) uma série de preocupações e dúvidas sobre como proceder na prática para
manter, também dentro dos condomínios, um combate efetivo à propagação do vírus COVID-19.
Ao síndico compete as atribuições legais de preservar a coletividade e áreas comuns nos termos
do Art. 1.348 do Código Civil, orientando seus moradores, em consonância com os Art. 1.335 e
1.336 (direitos e deveres dos condôminos) da mesma legislação.
Neste sentido, cabe ainda aos gestores condominiais as preocupações, também no âmbito penal,
dos Arts. 267 a 269 do Código Penal, relativos aos Crimes contra a Saúde Pública - Epidemia,
Infração de medida sanitária preventiva e Omissão de notificação de doença, seguindo, quando
necessário as orientações das Portarias do Ministério da Saúde 204 e 205 de 2016, que
possibilitam a Comunicação de Doença infecciosa à autoridade da saúde por qualquer cidadão.
“[...] Nos meses de outono (20/03-20/06) e inverno (21/06-20/09), há uma circulação importante
dos vírus respiratórios (à exemplo do influenza), esses vírus causam pneumonias, otites, sinusites e
meningites. Apesar de ocorrer em todas as estações do ano, é nesse período que há maior
frequência dessas doenças, quando as pessoas ficam mais concentradas nos espaços e com menor
ventilação. A doença pelo coronavírus não é diferente, ela também é uma doença respiratória e
todos devem se prevenir.” G.n.
A supramencionada Lei, em seu Art. 3º, §4º, traz medidas que podem ser impostas pelo poder
público as quais deverão ser cumpridas sob pena de responsabilização civil e criminal.
Nessa esteira, o Código Penal Brasileiro traz no Art. 268 a tipificação criminal de infringência a
determinação do poder público destinada a impedir propagação de doença.
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A Carta Magna, também rege sobre o tema com propriedade nos Artigos 6º e 196:
CF, Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
CF, Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Para tanto, ainda que sejam integrantes da propriedade imobiliária em condomínios, as áreas
comuns previstas no art. 1331 e constante da convenção condominial, nos termos do art. 1334,
todos do Código Civil, recomendamos e orientamos as seguintes medidas de prevenção:
Evite a utilização de áreas comuns de uso coletivo: Se não houver registro de quarentena, áreas
como academias, piscinas, salões de jogos, brinquedoteca poderão ser liberadas, com orientações
para que cada usuário faça sua higienização, sendo disponibilizado o álcool gel pelo condomínio,
em vários locais. Já se houver registro de quarentena no prédio, é preciso fechar esses ambientes,
além de higienizá-los; É recomendável o fechamento temporário da sauna, uma vez que a limpeza
é de difícil logística após cada uso.
Áreas comuns de uso restrito: São os espaços cuja utilização é feita após reserva de condômino,
como churrasqueira, salões de festas e afins. Da mesma forma, não havendo quarentena, não há
como se controlar. Mas o condomínio pode restringir as churrasqueiras (por exemplo, se há 4
churrasqueiras, se libera 2) e, nos salões de festas, a partir da conscientização das pessoas, propor
um número reduzido de usuários, em ambos os casos para evitar aglomerações.
Elevadores e demais áreas comuns – Deve haver o bom senso no uso. Se possível, utilize as
escadas. E não utilize o elevador quando este estiver com muitas pessoas.
As assembleias devem ser feitas apenas em casos inadiáveis e com a limitação da pauta, sendo
aconselhável uma consulta para verificar se há ou não interesse em se fazer a assembleia.
Aconselha-se ainda que essa consulta seja registrada em ata de Conselho, para que haja um
registro histórico condominial. Sendo inadiáveis, as assembleias devem acontecer em locais
abertos e arejados
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Nesse sentido, os condomínios que tiverem dificuldade para realizar pagamentos pela falta da
retificação dos investimentos através da assembleia, poderão recorrer a instituições financeiras
(quando no prazo de mandato) para obter os esclarecimentos e prorrogações de autorizações
bancárias em face de ser este um caso fortuito, o qual vem impedindo a autorização para a
execução de deveres previstos.
Obras em áreas comuns: Não se tratando de obra urgente ou de obra já iniciada, é recomendável
o adiamento da realização, diminuindo, assim, o fluxo de pessoas nas áreas comuns.
Funcionários: Também buscando reduzir o fluxo de pessoas, se possível, desde que não interfira
no bom funcionamento do Condomínio e observada a legislação trabalhista, busque alterar
jornada de trabalho ou conceder férias a algum funcionário.
Trata-se de medidas excepcionais, visando o cuidado com a saúde e o bem estar de todos, tendo
sempre como objetivo o interesse e bem estar coletivos.
Por fim, é aconselhável que cada gestor busque orientações especificas com seu Jurídico
Condominial, para avaliar demais medidas conforme as particularidades de cada condomínio.